Capitulo 3: Contextualização do Brasil no comércio internacional A pauta brasileira, hoje, é considerada moderna e diversificada, pois está entre os 20 maiores exportadores mundiais, com aproximadamente US$ 120 bilhões (em 2005) vendidos a outros países, entre produtos e serviços. Atualmente, o Brasil ocupa a 12ª colocação no ranking das maiores economias do mundo sob os critérios de Produto Interno Bruto (PIB) convertido a dólares estadunidenses; está entre as 15 maiores economias do mundo, segundo os critérios de "purchasing power parity", sendo a maior da América do Sul; além de ocupar o 63° lugar no ranking do IDH (Índice de desenvolvimento humano). Mas, a baixa taxa de crescimento ao ano, ainda torna o país muito lento. Enquanto os economistas brasileiros comemoram uma taxa de crescimento da ordem de 3 a 4% ao ano, a China vê sua economia crescer cerca de 10%, e esta é uma taxa que vem se mantendo ao longo dos últimos vinte e cinco anos. A Índia vem em seguida com uma taxa de crescimento de 7,3% ao ano. E a Rússia, protagonista de uma séria crise financeira no ano de 1998, apresenta uma recuperação invejável: o país cresce 7% ao ano. Além de alguns países, como Taiwan, Malásia, Coréia, Cingapura, Tailândia, Vietnã, Irlanda, Indonésia, Chile e Turquia que compõem uma extensa lista de nações que têm evoluído acima da média global – inclusive à frente do Brasil. De acordo com o economista Dominic Wilson, do banco americano Goldman Sachs e autor de um trabalho sobre o BRIC: “o mundo ainda espera ver o Brasil decolar”. Mas há alguns obstáculos que o impedem de crescer mais que a média global, como: altos impostos, dinheiro caro, infra-estrutura precária, excesso de burocracia e leis trabalhistas defazadas. Em 2004 o Brasil começou a acompanhar o crescimento da economia mundial. O governo alega que foi fruto da política adotada, apesar de grande parte da imprensa e do empresariado haverem reclamado das altas taxas de juros adotadas pelo Banco Central. Ao final de 2004 o PIB atingiu o patamar de 4,9%, a indústria cresceu cerca de 8% e as exportações superaram as expectativas. Portanto, o Brasil é considerado pelo mundo como um país com grande potencial de crescimento, assim como a Índia, a Rússia e a China. Em uma pesquisa divulgada pela revista Veja em agosto de 2006, onde são projetados os respectivos crescimentos dos quatro componentes do BRIC para 2025 e 2050, tem-se que: Produto Interno Bruto em 2005 (em trilhões de dólares) Produto Interno Bruto em 2025 (em trilhões de dólares) Produto Interno Bruto em 2050 (em trilhões de dólares) 1º Estados Unidos 12,8 1º Estados Unidos 20 1º CHINA 2º Japão 5 2º CHINA 11,7 2º Estados Unidos 3º Alemanha 2,6 3º Japão 6,7 3º ÍNDIA 4º Reino Unido 2,3 4º Alemanha 3,9 4º Japão 5º CHINA 2,3 5º ÍNDIA 3,6 5º BRASIL 6º França 2,2 6º Reino Unido 3,3 6º México 7º Itália 1,8 7º França 3,2 7º RÚSSIA 8º Canadá 1 8º RÚSSIA 2,9 8º Alemanha 9º Espanha 1 9º Coréia 2,6 9º Reino Unido 10º Coréia 0,8 10º Itália 2,5 10º França 11º BRASIL 0,8 11º México 2,4 11º Indonésia 12º México 0,8 12º BRASIL 2,3 12º Nigéria 49 38 27 8 8 7,8 6,2 5,4 5,1 4,9 3,9 3,7 Mesmo sendo cedo para alguns especialistas para traçar projeções sobre o BRIC, um fato pode ser constatado hoje: três dos quatro países citados não estão apenas correspondendo às expectativas, mas também estão bem à frente delas, com exceção do Brasil. No seu conjunto o BRIC contribuiu nos últimos cinco anos com mais de 50% do crescimento do produto global. No comércio mundial, a participação do grupo avança de forma veloz, comparado a 2001, cerca de 14% a mais do que o registrado naquele ano. A inclusão de quase 1 bilhão de novos consumidores no mercado mundial até 2025, deverá impactar de forma explosiva sobre a demanda de um vasto número de bens de consumo. “Muitas pessoas que hoje não ganham o suficiente para comprar um par de sapatos vão começar a consumir”, segundo Joydeep Mukherji, diretor do grupo de análise internacional da agência de classificação de riscos americana Standart and Poor’s. “Elas não poderão comprar carros Mercedes-Benz, mas começarão a adquirir bicicletas, TV’s e aparelhos de som”. É essa possibilidade de expansão de vendas que tem conquistado muitos investidores para injetarem capital nos componentes do BRIC. Mas, todo mercado emergente é instável por natureza, e os países componentes do BRIC não fogem à regra. Ninguém pode afirmar que o fantástico crescimento que se percebe hoje nesses países será sustentado pelos próximos anos porque o que não faltam são problemas para serem solucionados, como: danos causados ao meio-ambiente, conflitos religiosos, infra-estrutura precária, altos índices de corrupção e criminalidade, população com tendência a envelhecimento rápido, pesada carga tributária, baixo índice de natalidade, excesso de burocracia, etc. Imprevisibilidade à parte, o fato é que Brasil, Rússia, Índia e China têm um grande potencial para dar novos rumos à economia mundial, o que poucas vezes se viu na história do capitalismo. São países que não podem ser ignorados, mas que se deve ter cuidado com projeções excessivamente otimistas.