ARTE EGÍPCIA Uma das principais civilizações da Antigüidade foi a que se desenvolveu no Egito. Era uma civilização já bastante complexa em sua organização social e riquíssima em suas realizações culturais. A religião invadiu toda a vida egípcia, interpretando o universo, justificando sua organização social e política, determinando o papel de cada classe social e, conseqüentemente, orientando toda a produção artística desse povo. Além de crer em deuses que poderiam interferir na história humana, os egípcios acreditavam também numa vida após a morte e achavam que essa vida era mais importante do que a que viviam no presente. O fundamento ideológico da arte egípcia é a glorificação dos deuses e do rei defunto divinizado, para o qual se erguiam templos funerários e túmulos grandiosos. ARQUITETURA As pirâmides do deserto de Gizé são as obras arquitetônicas mais famosas e, foram construídas por importantes reis do Antigo Império: Quéops, Quéfren e Miquerinos. Junto a essas três pirâmides está a esfinge mais conhecida do Egito, que representa o faraó Quéfren, mas a ação erosiva do vento e das areias do deserto deram-lhe, ao longo dos séculos, um aspecto enigmático e misterioso. As características gerais da arquitetura egípcia são: * solidez e durabilidade; * sentimento de eternidade; e * aspecto misterioso e impenetrável. As pirâmides tinham base quandrangular eram feitas com pedras que pesavam cerca de vinte toneladas e mediam dez metros de largura, além de serem admiravelmente lapidadas. A porta da frente da pirâmide voltava-se para a estrela polar, a fim de que seu influxo se concentrasse sobre a múmia. O interior era um verdadeiro labirinto que ia dar na câmara funerária, local onde estava a múmia do faraó e seus pertences. Os templos mais significativos são: Carnac e Luxor, ambos dedicados ao deus Amon. Os monumentos mais expressivos da arte egípcia são os túmulos e os templos. Divididos em três categorias: Pirâmide - túmulo real, destinado ao faraó; Mastaba - túmulo para a nobreza; e Hipogeu - túmulo destinado à gente do povo. Os tipos de colunas dos templos egípcios são divididas conforme seu capitel: Palmiforme - flores de palmeira; Papiriforme - flores de papiro; e Lotiforme - flor de lótus. Para seu conhecimento Esfinge: representa corpo de leão (força) e cabeça humana (sabedoria). Eram colocadas na alameda de entrada do templo para afastar os maus espíritos. Obelisco: eram colocados à frente dos templos para materializar a luz solar. ESCULTURA Os escultores egípcios representavam os faraós e os deuses em posição serena, quase sempre de frente, sem demonstrar nenhuma emoção. Pretendiam com isso traduzir, na pedra, uma ilusão de imortalidade. Com esse objetivo ainda, exageravam freqüentemente as proporções do corpo humano, dando às figuras representadas uma impressão de força e de majestade. Os Usciabtis eram figuras funerárias em miniatura, geralmente esmaltadas de azul e verde, destinadas a substituir o faraó morto nos trabalhos mais ingratos no além, muitas vezes coberto de inscrições. Os baixos-relevos egípcios, que eram quase sempre pintados, foram também expressão da qualidade superior atingida pelos artistas em seu trabalho. Recobriam colunas e paredes, dando um encanto todo especial às construções. Os próprios hieróglifos eram transcritos, muitas vezes, em baixo-relevo. PINTURA A decoração colorida era um poderoso elemento de complementação das atitudes religiosas. Suas características gerais são: * ausência de três dimensões; * ignorância da profundidade; * colorido a tinta lisa, sem claro-escuro e sem indicação do relevo; e * Lei da Frontalidade que determinava que o tronco da pessoa fosse representado sempre de frente, enquanto sua cabeça, suas pernas e seus pés eram vistos de perfil. Quanto a hierarquia na pintura: eram representadas maiores as pessoas com maior importância no reino, ou seja, nesta ordem de grandeza: o rei, a mulher do rei, o sacerdote, os soldados e o povo. As figuras femininas eram pintadas em ocre, enquanto que as masculinas pintadas de vermelho. Os egípcios escreviam usando desenhos, não utilizavam letras como nós. Desenvolveram três formas de escrita: Hieróglifos - considerados a escrita sagrada; Hierática - uma escrita mais simples, utilizada pela nobreza e pelos sacerdotes; e Demótica - a escrita popular. Livro dos Mortos, ou seja um rolo de papiro com rituais funerários que era posto no sarcófago do faraó morto, era ilustrado com cenas muito vivas, que acompanham o texto com singular eficácia. Formado de tramas de fibras do tronco de papiro, as quais eram batidas e prensadas transformando-se em folhas. Para seu conhecimento Hieróglifos: foi decifrada por Champolion, que descobriu o seu significado em 1822, ela se deu na Pedra de Rosetta que foi encontrada na cidade do mesmo nome no Delta do Nilo. Mumificação: a) eram retirados o cérebro, os intestinos e outros órgãos vitais, e colocados num vaso de pedra chamado Canopo. b) nas cavidades do corpo eram colocadas resinas aromáticas e perfumes. c) as incisões eram costuradas e o corpo mergulhado num tanque com Nitrato de Potássio. d) Após 70 dias o corpo era lavado e enrolado numa bandagem de algodão, embebida em betume, que servia como impermeabilização. Quando a Grande Barragem de Assuã foi concluída, em 1970, dezenas de construções antigas do sul do país foram, literalmente, por água abaixo, engolidas pelo Lago Nasser. Entre as raras exceções desse drama do deserto, estão os templos erguidos pelo faraó Ramsés II, em Abu Simbel. Em 1964, uma faraônica operação coordenada pela Unesco com recursos de vários países - um total de 40 milhões de dólares - removeu pedra por pedra e transferiu templos e estátuas para um local 61 metros acima da posição original, longe da margem do lago. O maior deles é o Grande Templo de Ramsés II, encravado na montanha de pedra com suas estátuas do faraó de 20 metros de altura. Além de salvar este valioso patrimônio, a obra prestou uma homenagem ao mais famoso e empreendedor de todos os faraós. Queóps é a maior das três pirâmides, tinha originalmente 146 metros de altura, um prédio de 48 andares. Nove metros já se foram, graças principalmente à ação corrosiva da poluição vinda do Cairo. Para erguê-la, foram precisos cerca de 2 milhões de blocos de pedras e o trabalho de cem mil homens, durante vinte anos. CARNAC A antiga capital egípcia de Tebas, agora chamada Luxor, era lar do maior complexo religioso que o mundo já conheceu. O Templo de Carnac que, na verdade, é uma pequena cidade de templos, foi construída no local onde supostamente o deus egípcio Amon-Rá criou o mundo. Por 2.000 anos, cada novo Faraó aumentava o complexo dos templos dedicados ao seu "pai", pois acreditava-se que todo Faraó era filho de AmonRá. O complexo dos templos tinha nove grandes portões, ou pilonos, levando à câmara de AmonRá. Havia outros templos dentro do complexo dedicados a deuses menores e havia até um lago feito pelo homem, chamado Lago Sagrado, dentro das paredes do templo. Os egípcios comuns eram proibidos de entrar no templo. Em vez disso, um verdadeiro exército de sacerdotes, que respondiam ao Alto Sacerdote de Amon, realizavam rituais para manter o universo em equilíbrio. Havia 80.000 sacerdotes trabalhando em volta do Templo de Carnac para Ramsés III. Na época de Ramsés III, o templo de Carnac tornou-se o coração do principal centro religioso e econômico do país, o domínio de Amon. Dali se administram todos os templos tebanos - inclusive os castelos milenares - e a posse de terras, tebanos e navios em todo o Egito. É também onde são recebidos os tributos de novas cidades da Síria e Núbia (onde se encontram as minas de ouro). Uma grande quantidade de bens convergem em direção à Carnac e servem ao culto dos templos de Tebas. As profissões mais diversas estão representadas no seio do inumerável pessoal existente no domínio. Em sua liderança, o primeiro sacerdote de Amon. O templo de Carnac era ligado a um outro grande complexo, o Templo de Luxor, por uma avenida de esfinges de 2 milhas, chamada Dromos. Do outro lado do Nilo, na Margem Oeste, encontra-se o Vale dos Reis, onde muitos faraós foram enterrados, inclusive o rei Tutancâmon. Arqueologistas continuam a descobrir novas tumbas e ruínas nesta área. Recentemente, em fevereiro de 1995, encontraram um grande sistema de tumbas subterrâneas, pertencentes a 50 filhos do poderoso faraó Ramsés II . O templo de Amon-Ré, em Carnac, é orientado segundo dois eixos. O mais importante dos dois, o do culto divino, conduz da entrada em direção ao santuário, de oeste a leste, atravessando a sala de hispostila, é o eixo "solar". O templo, no entanto, tem a particularidade de possuir um segundo eixo, "real", desde depois da sala de hipostila indo para o sul, em direção do templo de Mut, depois, pra lá do templo de Luxor onde tem lugar a festa de Opet. Este segundo eixo, longo, de aproximadamente 2 Km, é rodeado de esfinges. Em nosso dias, o domínio de Carnac é um vasto campo de ruínas inundado de sol. Lá, onde existem apenas partes de paredes em arenito ou calcário, deve-se imaginar grandes salas, capelas cobertas de telhados, paredes inteiramente pintadas com cores vivas. É possível também sonhar com mastros, cujas auriflamas voam ao vento, e com os quinze obeliscos outrora existentes em vários lugares. O imenso domínio de Carnac não termina, pelo menos durante 2000 anos, de crescer, de se modificar e se adaptar às novas idéias religiosas. Os elementos que se tornam inúteis são cuidadosamente guardados e sempre reutilizados em novas construções. Em nenhum caso joga-se fora o que não se deseja mais: tudo é consagrado ao deus. Dossiê Egito: O Berço dos Faraós O Berço dos Faraós Precedida por uma dinastia que os arqueólogos convencionaram denominar "Zero", a história do Egito faraônico começa por volta de 3150 a.C. com o rei Menés. Redação Hitória Viva Acervo História Viva Período tinita (cerca de 3150 a.C. a 2700 a.C.) - I e II dinastias A história do Egito faraônico começa com o rei Menés, responsável pela unificação entre o Alto e o Baixo Egito e pela fundação de Mênfis, a capital do Império. Interlocutor dos homens com os deuses, Menés ostenta a coroa branca do Alto Egito (hedjet) e a coroa vermelha do Baixo Egito (deshret). Antigo Império (por volta de 2700 a.C. a 2140 a.C. ) - III e IV dinastias Nesta época, o Estado egípcio se desenvolve consideravelmente e a sua administração centraliza-se na figura do faraó, que passa a ser venerado como verdadeiro deus. Djoser inaugura a III dinastia (cerca de 2700 a.C.). Seu conselheiro, o arquiteto Imotep, constrói a pirâmide em degraus de Saqqara, a primeira tumba real com essa forma arquitetônica. A IV dinastia é marcada por reinados nos quais foram construídas as três grandes pirâmides de Gizé - Queóps, Quéfren e Miquerinos. Esses complexos funerários são o símbolo de um Estado forte e de uma civilização avançada. É na V dinastia (aproximadamente 2480 a.C. a 2330 a.C.), originária de Heliópolis, que se verifica o culto ao Sol, o que não significa a rejeição aos outros deuses. O faraó é agora o "filho de Rá", o deus-sol. Pepi I, representante da VI dinastia, reina por mais de 50 anos. Ele é também um grande construtor de pirâmides (Bubastis, Abydos, Dendérah). Pepi II sobe ao trono aos seis anos de idade e nele permanece por 94 anos. Primeiro período intermediário (por volta de 2140 a.C. a 2040 a.C) - VII-X dinastias Uma revolução, seguida pela invasão de povos asiáticos, põe fim à VI dinastia. Porém, nenhum nome dos reis da VII dinastia é conhecido. A VIII dinastia, a menfita, cuja capital era Mênfis, demonstra os sinais da decadência política do Egito. O país é dividido em três: o Delta, o Egito Médio - cujo centro político era Heracléopolis - e o Alto Egito, agrupado em Tebas. Inicia-se um período de anarquia e de recessão econômica (escassez de alimentos, desordem civil e violência). Uma série de conflitos ininterruptos entre as facções do sul (de Tebas) e do norte (Heracléopolis) ocorrem e cessam apenas na XI dinastia. Médio Império (por volta de 2040 a.C. a 1750 a.C.) - XI e XII dinastias Mentuotep II, rei de Tebas, reunifica o Egito (aproximadamente em 2020 a.C.). Mas são os soberanos Amenemés e Sésostris (XII dinastia, por volta de 1900 a.C. a 1790 a.C.) que conduzem o Império ao seu apogeu. A expansão comercial abre-se para o mar Vermelho, mar Egeu, Fenícia, Núbia e Delta, e o país conhece a prosperidade econômica. Dessa época, há vários manuscritos literários, textos de instruções, profecias e contos. Segundo período intermediário (1750 a.C. a 1560 a . C. ) - XIII-XVII dinastias Nas XIII e XIV dinastias, o Império passa por um processo de declínio. Vulnerável e enfraquecido, sucumbe à tomada do poder por invasores estrangeiros. As XV e XVI dinastias são marcadas pelo domínio dos hicsos, chamados de reis pastores ou príncipes do deserto. O domínio estrangeiro trouxe muitas inovações técnicas para o Egito. Os hicsos introduzem a utilização do bronze, da cerâmica e dos teares, diferentes instrumentos de guerra, que incorporam o uso do cavalo e das carruagens, e estilos musicais, assim como novas raças de animais e técnicas de colheita. De certa forma, os hicsos modernizaram o Egito. Na XVII dinastia, a partir de Tebas (sul do Egito), os monarcas empreendem a reconquista do país, definitivamente concluída por Ahmose, que inaugura o Novo Império. Novo Império (por volta de 1560 a. C. a 1070 a . C ) - XVIII-XX dinastias Predomina na XVIII dinastia a intenção de expandir o império rumo à Ásia. O faraó Ahmose (em torno de 1560 a.C. a 1526 a.C.) organiza uma administração hierarquizada, dirigida pelo vizir, segundo homem do Estado. Sob os governos de Thutmose III (cerca de 1490 a.C. a 1436 a.C.) e Hatshepsut (1490 a.C. a 1468 a.C.), o Egito se torna uma temível potência militar. O enriquecimento do país é perceptível em todas as classes da sociedade, que aprende a gostar das artes e a ostentar o luxo. Dentre as construções da época, constam os templos funerários de Deir el-Bahari, de Luxor e de Karnak e o de Amenófis III (aproximadamente 1402 a.C. a 1364 a.C.). O faraó Amenófis IV, ou Akhenaten, (por volta de 1364 a.C. a 1347 a.C.) transfere a capital de Tebas para Amarna. Ele impõe uma nova religião, dedicada ao culto do deus único Aton. O governante que o sucede é Tutankhamon (em torno de 1347 a.C. a 1338 a.C.), que retorna a sede do governo para Tebas, onde reincorpora o culto a Amon-Rá. A XIX dinastia é o período dos constantes conflitos entre egípcios e hititas. Ramsés II (em torno de 1290 a.C. a 1224 a.C.) trava, contra o rei hitita Mouwatalli, a célebre batalha de Kadesh. É a época das grandes construções, o hipostilo de Karnak, o templo de Abu-Simbel e o templo de Medinet Habu. Sob a XX dinastia (cerca de 1185 a.C. a 1070 a.C.), o país se fragmenta. O grande sacerdote de Amon, Herihor, assume o trono. Terceiro período intermediário (aproximadamente de 1070 a.C. a 715 a.C.) - XXIXXIV dinastias Nesta época, o Egito é dividido em dinastias locais cada vez mais independentes. O único fato notável em política exterior é a conquista da Palestina por Chechanq I (945). Período Inferior (715-332) - XXV-XXXI dinastias A conquista do Egito, em torno de 740 a.C., por um rei núbio, cujos sucessores instauram uma dinastia "etíope", chamada de koushita (XXV dinastia, de 715 a.C. a 664 a.C.), revela a decadência do império. Após o recuo dos etíopes para o sul, a XXVI dinastia (ou período saita, de aproximadamente 664 a.C. a 525 a.C.) é marcada pelo reinado de Psammetik I (664-610). Ele expulsa os assírios e, assim, consegue estabilizar o país. Seu sucessor, Necau, exerce a mesma política. A XXVII dinastia (cerca de 525 a.C. a 404 a.C.) marca o início da dinastia persa. Ela começa com a conquista do Egito por Cambises. Com a morte de Dario II, em 405 a.C., os egípcios reconquistam a sua independência. Amirteu, faraó da XXVIII dinastia, expulsa os persas. Mas a XXIX e a XXX dinastias são marcadas por brigas políticas por sucessão. Nectânabe é o último rei nativo. Os persas realizam nova investida ao território egípcio. Tomam a capital Mênfis, após a batalha de Pelusa. É a queda do último faraó egípcio. A segunda dominação persa (por volta de 343 a.C. a 332 a.C.), de Artaxerxes III até Dario III, parece ter sido um período difícil para os egípcios. Assim, Alexandre da Macedônia, ao derrotar Dario, é considerado um libertador do Egito. Alexandre, considerado filho de deus (e faraó), funda Alexandria no delta do Nilo (332 a.C.). Dinastia ptolomaica (305 a.C. a 30 a.C.) Após a morte de Alexandre, o Grande, seus generais dividiram entre si o Império, estabelecendo o sistema de satáprias. Ao Egito coube a influência de um dos melhores generais de Alexandre, Ptolomeu, que governa entre 305 a.C. e 282 a.C. Ele constrói o farol e a biblioteca de Alexandria. A partir de Ptolomeu IV, as intrigas familiares enfraquecem a dinastia. Em 51 a.C., o governo egípcio passa para a filha de Ptolomeu XII, Cleópatra, que é a última rainha do Egito (de 51 a.C. a 30 a. C.) Por interesses políticos, ela se casa com o imperador romano Júlio César, que coloca o Egito sob proteção de Roma. Após o assassinato de César, a rainha se casa com o general romano Marco Antonio, um dos membros do triunvirato que sucede César no poder do Império Romano, o que desperta a ira e a inveja de outras forças de Roma. Em conseqüência, Octávio se autoproclama imperador de Roma e decide invadir o Egito. Em 30 a.C., na batalha do Ácio, os exércitos comandados por Cleópatra e Marco Antonio são derrotados pelas forças romanas. Quando Otávio, vencedor, entra em Alexandria, Cleópatra e Antonio se suicidam. O Egito torna-se província romana. As sete pragas do Egito O Egito fascina. E engana. Desde a Antigüidade, especula-se sobre as origens dessa civilização. Dessa especulação nasceram sete teses equivocadas a respeito do Egito faraônico. 1 - O Egito é a mais antiga civilização conhecida. Falso. Esta idéia, alimentada pelos próprios sacerdotes egípcios, e transmitida aos gregos por Pitágoras e Platão, é baseada em cálculos astronômicos projetados para o passado, aos quais os sacerdotes acrescentaram relatos míticos que remetem ao fim da Era Glacial (9000 a.C.). Entretanto, escavações revelam sítios arqueológicos no Egito menos avançados que os de Dordogne, civilização megalítica do oeste da Europa, que ergueu o santuário de Stonehenge e de Carnac (ambos na atual Inglaterra). Sua origem se dá por volta de 4500 a.C. A civilização sumeriana, originária do sul da Itália, por sua vez, data de 3800 a.C. Ambas são anteriores à egípcia. É provável que as civilizações paleoindianas, de Harappa e Mohenjo-Daro, também sejam anteriores ao Antigo Egito. Apenas a China é mais jovem do que o Egito. 2 - Existe um "milagre egípcio", pois o caráter repentino de sua civilização só pode ser explicado pela chegada de "invasores superiores", os filhos de Hórus, sobreviventes da Atlântida. Falso. As descobertas da arqueologia revelam a existência da dinastia "zero", anterior à formação do Egito faraônico (cujo início se dá por volta de 3150 a.C). Nesse período, formam-se os elementos que iriam estruturar a sociedade egípcia e ocorre a sua unificação política, o que contribui para a produção de um excedente de riquezas e permite sustentar uma casta de sacerdotes, os primeiros intelectuais modernos da humanidade. Nessa época, a escrita hieroglífica se desenvolve, os esboços das comunidades rurais começam a se organizar, e são construídos os primeiros diques do Nilo. 3 - As pirâmides são um gigantesco observatório astronômico que contêm os conhecimentos antediluvianos de uma civilização superior. Falso. Esta teoria, de origem pitagórica, foi elaborada no século 18 pelo astrônomo inglês Piazzi Smyth. De acordo com Flinders Petrie, renomado egiptólogo escocês do início do século 20, ela não tem fundamento, pois os arquitetos das pirâmides obtinham cálculos aproximados, em razão da insuficiência de seus instrumentos de medida. Para o especialista, não há dúvida sobre a perfeição do alinhamento astronômico das pirâmides de Gizé. Mas, segundo ele, isso é o resultado de uma pesquisa arquitetural e matemática iniciada dois séculos antes, em Saqqara, com as pirâmides em degraus construídas por Imotep para o faraó Djoser. O esforço humano é uma realidade mais admirável do que o mito da prisca sapientia, a sabedoria antiga. 4 - As colheitas improdutivas, ocasionadas pelo gigantesco trabalho nas pirâmides, determinaram o fim do Antigo Império. Falso. Em razão da penúria dos recursos, no reinado de Miquerinos, os egípcios são obrigados a construir uma terceira pirâmide, menor. Após a construção, o Antigo Império sobrevive em meio a dificuldades por mais um século e meio. A decadência do período pode ser o resultado de um acidente climático, que teria provocado seca e miséria e influenciado a ruptura da unidade do país, a partir de então dividido entre distritos ricos e pobres. 5 - As pirâmides foram construídas num local onde a esfinge já estava havia vários milênios. Falso. Esta teoria, muito em voga atualmente, baseia-se na deterioração verificada na pedra da esfinge, e atribui sua presença no local desde 6000 a.C., sob a forma de megálito. Essa idéia, sustentada por um geólogo norte-americano, o professor Scheock, não leva em conta nem os efeitos climáticos nem os relatos de Heródoto. Além disso, num recente artigo na revista Nature, a egiptóloga britânica Kate Spence, da Universidade de Cambridge, demonstra o alinhamento das pirâmides em relação a duas estrelas: Kochab, na constelação da Ursa Menor, e Mizar, na Ursa Maior, presentes no céu de Gizé no fim do terceiro milênio, e que possibilitam a orientação do conjunto na ausência de instrumentos precisos. As pirâmides e a esfinge são filhos de sua época: 2200 a.C. 6 - Akhenaton instaurou o monoteísmo. Falso. Os sacerdotes de Thot já praticavam o culto ao disco solar Aton sete ou oito séculos antes do governo do faraó Akhenaton. Para eles, só havia um único deus do qual emana toda a Criação. A descoberta em Saqqara, por Alan Zivie, da existência de um vizir semita chamado Aper-El (em hebreu, Ovedel), que serviu ao pai de Akhenaton, Amenófis III, também colabora para derrubar a tese de que o monoteísmo fora instaurado por Akhenaton. A menção ao deus El, o Elevado, no nome do vizir, indica a existência de fervorosos religiosos monoteístas na Palestina e na Síria, contemporâneos ao faraó. Portanto, não podem ser frutos da revolução religiosa egípcia. 7 - A história de Akhenaton seria o modelo da lenda de Édipo e os gregos teriam confundido as duas Tebas (a do Egito e a da Grécia). Falso. Esta hipótese formulada pelo psicanalista Velikovsky não é sustentável. Ela se baseia na prática do incesto na família real egípcia e no papel da esfinge. Mas quem seria a Antígona e o que seria o castigo de Édipo? Muito mais fecunda é a pesquisa das origens orientais da cidade grega de Tebas, fundada por fenícios egipcianos que difundiram, com Cadenos, a escrita alfabética. Links: http://www.historiadaarte.com.br/ http://www2.uol.com.br/historiaviva/conteudo/materia/materia_2.html http://www.pegue.com/egito/carnac.htm