SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA – SOBRATI

Propaganda
SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA – SOBRATI
ARIONE ALVES DOS REIS
ROCIÁRIA MARIA AIRES BARREIRA
UM OLHAR DIFERENCIADO DO ENFERMEIRO A RESPEITO DO CUIDADO
AO PACIENTE GRAVE NA UTI E DOMICILIAR
Brasília – DF
2011
ARIONE ALVES DOS REIS
ROCIARIA MARIA AIRES BARREIRA
UM OLHAR DIFERENCIADO DO ENFERMEIRO A RESPEITO DO CUIDADO
AO PACIENTE GRAVE NA UTI E DOMICILIAR
Dissertação apresentada como requisito parcial para a
conclusão do Curso de Terapia Intensiva e obtenção do
título de Mestre em UTI pela Sociedade Brasileira de
Terapia Intensiva.
Orientador: Prof. Dr. Douglas Ferrari.
Brasília – DF
2011
FICHA CATALOGRÁFICA
BARREIRA, Rociária Maria Aires; REIS, Arione Alves dos. Um olhar
diferenciado do enfermeiro a respeito do cuidado ao paciente grave na UTI e
domiciliar. (Dissertação). Curso de Terapia Intensiva, pela Sociedade Brasileira
de Terapia Intensiva (SOBRATI). Brasília, 2011.
36 páginas
Inclui Referências
Orientador: Prof. Dr. Douglas Ferrari
Especialista em Medicina Intensiva, Presidente da Sociedade Brasileira de
Terapia Intensiva (SOBRATI).
1. Unidade de Terapia Intensiva. 2. Cuidar. 3. Humanização. 4. Enfermeiro. 5.
Acolhimento.
ARIONE ALVES DOS REIS
ROCIÁRIA MARIA AIRES BARREIRA
UM OLHAR DIFERENCIADO DO ENFERMEIRO A RESPEITO DO CUIDADO
AO PACIENTE GRAVE NA UTI E DOMICILIAR
Dissertação apresentada como requisito parcial para a conclusão do Curso de
Terapia Intensiva e obtenção do título de Mestre em UTI pela Sociedade
Brasileira de Terapia Intensiva. Orientador: Prof. Dr. Douglas Ferrari.
Banca Examinadora:
_____________________________________________
Prof.Dr. Douglas Ferrari.
Presidente da Banca – Orientador
Presidente da Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva.
______________________________________________
Prof.........
Avaliador
______________________________________________
Prof.........
Avaliador
Aprovada em: ____/____/2011
AGRADECIMENTOS
A profissão da enfermagem, às vezes, é árdua e angustiante, porém,
deslumbrante, requer muita atenção e, principalmente, dedicação na arte de
cuidar, de forma diferenciada.
Aconteceram momentos marcantes no decorrer destes anos. Encontramos
pessoas importantes que nos instruíram e orientaram para que este trabalho
fosse realizado; pessoas que nos aconselharam diante das nossas incertezas,
não desistindo de nos incentivar e nos fazer acreditar que tudo daria certo.
Nesse sentido, agradecemos, acima de tudo, a Deus, pela força, coragem e
determinação.
Às nossas famílias, que não mediram esforços para nos incentivar diante das
dificuldades.
Ao nosso orientador, Prof. Dr. Douglas Ferrari, que acompanhou
incessantemente, e que contribuiu significativamente com a realização e a
concretização deste trabalho. Ainda, por seu compromisso e profissionalismo
que aguçou o nosso lado profissional.
Concordando com Einstein, uma mente que se abre para uma idéia, jamais
volta a ter o mesmo tamanho. Obrigada a todos que nos proporcionaram
conhecimentos. Os nossos sinceros agradecimentos.
Pela importância deste trabalho para a nossa
vida profissional, dedicamos a todos aqueles
que partilharam desta vivência, em especial,
família, amigos e professores.
RESUMO
Com o tema do cuidar em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e em domicílio,
este trabalho discute a atuação do enfermeiro diante das internações de
pacientes graves em UTI, bem como em domicílio, sendo movido pelas
questões: Como tem sido o cuidar com pacientes internados em UTI e em
domicílio? Na enfermagem, em especial, esse cuidado tem resgatando a
valorização de um trabalho não tecnicista, nem mecanizado e desenvolvido
ações diferenciadas, humanizadas? Esse cuidado tem valorizado o ser humano
em sua integralidade? Assim, seu objetivo é refletir a respeito da necessidade
de um olhar diferenciado do enfermeiro quanto ao cuidado nas situações de
internação em UTI e em domicílios, com vistas à recuperação do paciente.
Para tanto, seu percurso metodológico envolveu a pesquisa de natureza
acadêmica, descritiva, qualitativa, a revisão bibliográfica, como a principal fonte
de informações, e a apresentação de um exemplo de paciente grave com
internações em UTI e atendimento domiciliar, com a intenção de compreender
melhor a importância do cuidar na UTI e em domicílio e para exemplificar e
complementar o estudo em questão. Como resultados, apresenta a importância
do cuidar diferenciado, que envolve, ao mesmo tempo, ações da enfermagem,
da família, de amigos, não com uma perspectiva de cuidar tecnicista,
mecanizado, mas sim com modos especiais de agir, dando importância ao
outro, tendo empatia e se importando com o outro ser humano que,
necessariamente, está precisando muitas vezes de um toque, de ser ouvido, de
ser valorizado. E quem sabe fazer e conduzir estas ações são os próprios
seres humanos. Condutas estas que influenciam diretamente no processo de
recuperação do pacientes graves. Por fim, permite dizer que há pacientes em
coma com sensibilidade e consciência as vezes do seu estado e, por isso, forja
a necessidade do enfrentamento da questão do olhar diferenciado a respeito
do cuidar em UTI e domiciliar.
Palavras chave: Unidade de Terapia Intensiva.
Humanização. Enfermeiro. Acolhimento.
Cuidar diferenciado.
ABSTRACT
With the theme of caring in the Intensive Care Unit (ICU) and at home, this
paper discusses the role of a nurse in front of admissions of severely ill patients
in ICU and at home, being moved by the questions: How has the care with
patients ICU and at home? In nursing, especially care that has redeeming value
of a technicality does not work, nor mechanized and developed distinct actions,
humanized? This care is valued human beings in their entirety? So your goal is
to reflect the need for a different look on the nurse's care in situations in the ICU
and in households with a view to patient recovery. For this, his methodological
approach involved research of an academic nature, exploratory, qualitative, the
literature review, as the main source of information, and present an example of
critically ill patients with ICU admissions and home care, with the intention of
better understanding the importance of caring in the ICU and at home and to
illustrate and complement the study in question. As a result, shows the
importance of differentiated care, which involves at the same time, nursing
actions, family, friends, not with a view to technical care, mechanized, but with
special ways to work, giving importance to the other, having empathy and
caring with another human being, which necessarily are often in need of a
touch, to be heard to be appreciated. And who knows how to lead and these
actions are human beings themselves. These conduits that directly influence
the recovery process of critically ill patients. Finally, lets say that there is
comatose patients with sensitivity and awareness of your times the state and
therefore the need to forge confronting the issue of different look about ICU
care and home care.
Keywords: Intensive Care Unit. Caring differentiated. Humanization. Nurse.
Host.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.....................................................................................................9
1 A IMPORTÂNCIA DO CUIDAR DIFERENCIADO DA ENFERMAGEM COM
PACIENTES EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA E EM
DOMICÍLIO........................................................................................................13
2 O PAPEL DO ENFERMEIRO EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA......17
2.1 A atuação holística na enfermagem.........................................................19
3 HUMANIZAÇÃO EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA..........................20
3.1 A influência do ambiente..........................................................................24
4 EXEMPLO DE PACIENTE GRAVE ..............................................................25
4.1 Prognóstico e tratamento.........................................................................27
4.2 A Proposta do cuidar diferenciado..........................................................28
4.2.1 A importância da equipe multiprofissional................................................28
4.2.2 A importância da família e dos amigos....................................................29
4.2.3 A religião diante da situação....................................................................30
CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................32
REFERÊNCIAS.................................................................................................34
SITES CONSULTADOS....................................................................................36
9
INTRODUÇÃO
Abordando o tema cuidar em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e em
domicílio, este trabalho discute a atuação do enfermeiro diante das internações
de pacientes graves em UTI, bem como em domicílio, movido pelas questões:
Como tem sido o cuidar com pacientes internados em UTI e em domicílio? Na
enfermagem, em especial, esse cuidado tem resgatando a valorização de um
trabalho não tecnicista, nem mecanizado e desenvolvido ações diferenciadas,
humanizadas? Esse cuidado tem valorizado o ser humano em sua
integralidade? Em outros termos, aborda a importância do cuidado diferenciado
em UTI e em domicílio resgatando a valorização de um trabalho não tecnicista,
nem mecanizado, mas sim que a enfermagem possa desenvolver esse cuidar
diferenciado, ou seja, de valorização do ser humano em sua integralidade.
Assim, seu objetivo é refletir a respeito da necessidade de um olhar
diferenciado do enfermeiro quanto ao cuidado nas situações de internação em
UTI e em domicílios, com vistas à recuperação do paciente.
A enfermagem participa de todo ciclo vital do ser humano, cuidando e
promovendo, por meio de conhecimentos e habilidades, assistência integrada
para
seus
pacientes,
do
nascer
ao
morrer.
Essa
situação
exige
aperfeiçoamento, aprimoramento, atualização e capacitação, a fim de propor
uma assistência de qualidade.
A história registra que a inserção dos profissionais de enfermagem
nestes setores começou na metade do século XIX, com a liderança de
Florence Nightingale, que desde a guerra da Criméia adotara um método para
observação continua de muitos clientes. Identificou os feridos graves,
prestando cuidados mais intensivos a eles. A partir daí, os pacientes mais
graves foram organizados em locais mais próximos do posto de enfermagem,
mesmo dispondo de poucas enfermarias (GEORGE, 1993, p.38; GOMES,1988,
p.3-4).
De 1947 a 1952, surgiram na Dinamarca, Suíça e França, as UTIs
devido a uma epidemia de poliomielite. Já na década de 50, as enfermeiras
passaram a atuar em áreas mais específicas.
10
Assim, a UTI nasceu da necessidade de oferecer suporte e tratamento
a pacientes potencialmente graves que porventura possuam chances de
sobreviver. Destina-se a internação de pacientes com instabilidade clínica e
com potencial de gravidade. É um ambiente de alta complexidade, reservado,
já que se propõe estabelecer monitorização e vigilância contínua, com a grande
preocupação em fornecer conforto e ausência de dor a todos os pacientes.
No Brasil, as primeiras UTIs foram instaladas na década de 70, com o
objetivo de centralizar os pacientes de alto grau de complexidade numa área
hospitalar adequada, realizada por meio de uma assistência continua. Os
serviços de terapia intensiva ocupam áreas hospitalares destinadas ao
atendimento de pacientes críticos que necessitem de cuidados complexos e
especializados. É nesta assistência que enfocamos a necessidade do
enfermeiro prestar um cuidado diferenciado ao paciente.
O ambiente da UTI pode ser considerado fonte de estresse, que
envolve tanto paciente quanto a equipe de saúde, gerando às vezes distúrbios
psíquicos e fisiológicos importantes. Para Lopes e Laufert (2001), o ambiente
da UTI é caracterizado por um trabalho que envolve uma forte carga
emocional, no qual vida e morte se misturam, compondo um cenário
desgastante e, muitas vezes, frustrante.
Assim, este trabalho se justifica por discutir a importância do cuidar
diferenciado, que envolve, ao mesmo tempo, ações da enfermagem, da família,
de amigos, não com uma perspectiva de cuidar tecnicista, mecanizado, mas
sim com modos especiais de agir, dando importância ao outro, tendo empatia e
se importando com o outro ser humano que, necessariamente, está precisando
muitas vezes de um toque, de ser ouvido, de ser valorizado. E quem sabe fazer
e conduzir estas ações são os próprios seres humanos. Condutas estas que
influenciam diretamente no processo de recuperação do pacientes graves.
Nesse sentido, também, visa contribuir para a melhoria da assistência
ao paciente internado e em domicílio, uma vez que defende a ideia de um
trabalho diferenciado e não tendo uma visão de um trabalho robótico, mas
valorizando o humano como ser humano, porque o toque, o acolher e o ouvir
são diferenciais muito importantes no processo do cuidar.
Para tanto, seu percurso metodológico envolveu a pesquisa de
natureza acadêmica, descritiva, qualitativa, a revisão bibliográfica, como a
11
principal fonte de informações, e a apresentação de um exemplo de paciente
grave com internações em UTI e atendimento domiciliar.
Na revisão bibliográfica, realizada no período de maio de 2010 a abril
de 2011, tomamos como base livros, periódicos, textos e pesquisa na web,
sempre enfocando estudos relacionados ao objeto deste trabalho.
Em todo o trabalho, defendemos que o enfermeiro tem como objetivo a
valorização dos diferentes sujeitos que estão inseridos no processo de
produção de saúde, pois quando o paciente é internado não é desligado de sua
família, ou seja, ele não interna sozinho.
O enfermeiro trás em sua essência o contanto com o outro, seja no
exercício da arte de cuidar, como também se preocupando com quem cuida,
uma vez que resolve conflitos, orienta novas condutas, buscando a
participação dos membros de sua equipe na realização plena da satisfação
profissional.
Sabemos que cada indivíduo é único e tem necessidades e valores
próprios e são os profissionais da enfermagem que diferenciam este cuidar.
É importante conhecer os usuários e o atendimento, para que a
enfermagem repense as práticas profissionais para intervir na forma de
organização dos serviços, visando seu aperfeiçoamento, ou seja, um cuidar
diferenciado. Esta visão diferenciada vem contribuir na recuperação e
satisfação do paciente tanto psicológico quanto Biológico.
Assim, ao perceber a importância dessas práticas, compilamos aqui
estudos e análises da postura profissional de enfermagem, a partir do cuidar
como foco de nossas análises.
Com a intenção de compreender melhor a importância do cuidar na UTI
e em domicílio e para exemplificar e complementar o estudo em questão,
abordamos, também, uma situação de paciente grave com internações em UTI
e
atendimento
domiciliar,
cujos
cuidados
foram
na
perspectiva
da
humanização, com ações diferenciadas, contribuindo para a recuperação. Em
outros termos, uma situação vivenciada por familiares, amigos e equipe
multidisciplinar de um paciente que ficou em estado grave e em coma por
aproximadamente nove meses, que por várias vezes foi internado em hospitais
do Estado do Tocantins e transferido para o Estado de Goiás, demonstrando
assim como o cuidar diferenciado influencia no processo de recuperação.
12
O cuidar diferenciado é entendido como reformulador do processo de
trabalho, pontuando alguns processos e oferecendo soluções e respostas pela
identificação das demandas dos usuários, rearticulando os serviços oferecidos
as eles. No entanto, para que isto ocorra, os profissionais de enfermagem
necessitam conhecer a filosofia transformadora das suas práticas cotidianas,
para perceberem a dinamicidade das interações entre individual e coletivo,
diante do paciente.
13
1 A IMPORTÂNCIA DO CUIDAR DIFERENCIADO DA ENFERMAGEM COM
PACIENTES EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA E EM DOMICÍLIO
Para Merhy (1999), cuidar consiste também em um processo de
acolhimento e este, por sua vez, constitui-se em tecnologia para a
reorganização dos serviços com vistas às garantias de acesso universal,
Assim, a relação humanizada depende do respeito, da consideração e da
atenção dispensada ao usuário/paciente. Nesse sentido, o desempenho
profissional é expresso pelo interesse do enfermeiro demonstrado em exames
físicos, em perguntas feitas e orientações dadas, na resolutividade das
condutas adotadas. Em síntese, essa conduta demonstra o interesse do
profissional pelo paciente, o que significa maior precisão no diagnóstico e
tratamento.
Assim posto, o que torna a enfermagem uma profissão diferenciada é
exatamente
tornar o
cotidiano
especial ao
cuidar de
pessoas que
necessariamente não se repetem, mesmo que tenham a mesma patologia. É
se descobrir repetindo coisas simples de maneira diferente a cada dia, ou seja,
sentido antes de agir. É um relacionamento entre as pessoas. E relacionar só é
possível quando há atitude de alguém se importando com o que acontece com
o outro.
Neste aspecto, existem várias formas do cuidar diferenciado em
paciente em UTI, podendo ser destacados os que seguem:
 Proporcionando ambiente acolhedor
 Criando espaços para ouvir e ser ouvido
 Estando sensível à situação do outro
 Fazendo com que o paciente sinta mais segurança, por exemplo,
diante de suas angústias, anseios e incertezas
 Estando próximo, com ações de doações
 Compartilhando sentimentos; transmitindo confiança, encorajando
quando necessário
 Proporcionando momentos de relaxamento, para a melhora ou
amenização da dor, resgatando o corpo e a mente
 Utilizando estratégias, como a musicoterapia, massagem
14
 Permitindo que pacientes conscientes tenham consigo objetos
familiares
 Propiciando a valorização de si próprio
 Permitindo visitas de membros de religiões distintas
 Colhendo informações de familiares dos pacientes inconscientes
 Melhorando a aparência em geral do paciente (boca, cabelos,
vestes, unhas).
O cuidar do outro implica dedicação, atenção, reflexão, além da prática
efetiva, o que promove estreitamento dos vínculos interpessoais para minimizar
as condições de sofrimento físico-mental.
Para que todos possam trabalhar de forma organizada, o enfermeiro
deve trabalhar de forma sistematizada, orientado, avaliando e desenvolvendo
constantemente ações sobre o cuidar e, também, prestar um cuidado de forma
que não seja tecnicista e nem mecanizado. Implica ter responsabilidade com o
outro e, para isto, é importante conhecer a si mesmo e ao outro, ou seja,
aprender a individualidade do outro.
A hospitalização é uma situação delicada porque implica em mudanças
na vida do doente e de seus familiares, gerando ansiedades pela exposição de
um ambiente estressante, necessitando de apoio dos profissionais que
compõem o serviço da saúde.
Nessa situação, o cuidar é uma atitude técnico-assistencial que
pressupõe a mudança da relação entre o profissional e o usuário e sua rede
social por meio de parâmetros técnicos, éticos, humanitários e de
solidariedade, no qual o enfermeiro deve reconhecer o usuário como sujeito e
participante ativo no processo de produção de saúde. Implica, então, em
prestar um atendimento com resolutividade e responsabilização, orientando,
quando for o caso, o paciente e a família em relação a outros serviços de
saúde para a continuidade da assistência e estabelecendo articulações com
esses serviços para garantir a eficácia desses encaminhamentos;
Com isso, pode-se dizer que para cuidar, o simples é imprescindível.
Necessita de atributos inerentes à pessoa humana e que se tornam
diferenciados no profissional, ou seja, a sensibilidade, o compromisso, a
responsabilização pela conseqüência dos atos, o conhecimento, competência,
15
a disponibilidade para cuidar e acolher. No entanto, nada disso é garantido com
a mais alta tecnologia, com o mais alto salário ou a mais completa infraestrutura institucional. Isto é, o próprio ser humano é quem determinará como
cuidar e acolher o outro, portanto, nenhuma tecnologia será capaz de produzir
uma máquina que tenha sentimento, emoções e realizações próprias do ser
humano.
Com esta perspectiva, a enfermagem deve atuar visando sempre o
bem estar dos pacientes, dando assistência ao ser humano de forma total e
desfragmentada. No entanto, o paciente não pode ser visto em partes, mas
como ser singular, indivisível, insubstituível, pleno na concepção de interagir
com o mundo.
A UTI é um ambiente às vezes de dor e sofrimento humano, os quais
exigem atenção integral e integralizada. Porém, o sistema de saúde brasileiro
ainda está em faze rudimentar, visto que há muito que se fazer em termos de
operacionalização de políticas públicas relacionadas a questões inerentes a
este tipo de internação, investindo na formação de profissionais para criar nova
cultura, resgatando a visão antropológica e holística, que cuide da dor e
sofrimento humano nas suas várias dimensões, ou seja, física, social, psíquica
emocional e espiritual.
A noção de hospitalidade carrega sentidos diversos como o ato de
acolher, hospedar, recepção, boa acolhida, amabilidade, gentileza, cortesia,
tratamento afável. Enfim, envolve uma complexidade em que se misturam
contextos, qualidades, comportamentos, atos, atitudes e valores.
Do ponto de vista da saúde, entende-se hospitalidade como ato
humano,
exercido
no
contexto
assistencial,
de
recepcionar
pessoas
temporariamente deslocadas de seu habitat. Portanto, é processo de
agregação do outro à comunidade da saúde. No entanto, humanizar/acolher é
adotar prática em que os profissionais e os usuários considerem o conjunto de
aspectos subjetivos e sociais que compõem o atendimento a saúde. Também
refere a possibilidade de assumir a postura ética de respeito ao outro, de
acolhimento daquele desconhecido e reconhecimento dos limites.
Cabe ao enfermeiro incorporar o acolhimento, por meio de vínculos
entre pacientes e profissionais, contribuindo para a humanização do
atendimento, que sofre ações negativas com o aumento da tecnologia.
16
Acolhimento pressupõe, ainda, nova atitude por parte das equipes de
enfermagem escutando seus pacientes de forma humanizada, suas queixas e
solidarizando-se com seu sofrimento, construindo relações de confiança e de
apoio por meio da identificação de seus problemas e realizando intervenções
resolutivas na assistência de enfermagem prestada.
É de responsabilidade do enfermeiro o planejamento da assistência,
ampliando o diálogo entre os atores, viabilizando a participação de todos para a
construção coletiva de estratégias promotoras de mudanças na prática de
cuidar.
Em se tratando do cuidado na UTI, este é baseado muitas vezes em
práticas tecnicistas, mecânicas, com casos da necessidade de utilizar
máquinas cada vez mais modernas e, em muitos casos, elas parecem se tornar
mais importantes do que a essência humana. Porém, a enfermagem não deve
se esquecer dos sentimentos, das vontades humanas, das opiniões dos
pacientes, da família e, até mesmo, dos seus próprios sentimentos enquanto
profissionais que lidam diariamente com o estresse. Nesse sentido, é
importante frisar a necessidade da humanização para tornar o ambiente menos
frio, tenso, agressivo.
O paciente internado encontra-se em uma situação de isolamento e
quanto mais intensivo for o tratamento, menos efetivo parece ser o contato e a
assistência da equipe, pois muitas vezes a enfermagem pouco toca, conversa
e ouve o ser humano que está à sua frente (BARLEM; ROSENHEIN;
LUNARDI; LUNARDI FILHO; 2008).
O termo cuidado deriva-se do antigo inglês “carion” e das palavras
góticas “kara” ou “karon”. Como substantivo, cuidado deriva-se de kara, que
significa aflição, pesar ou tristeza. Como verbo “cuidar” (de carion) significa “ter
preocupação por”, ou “sentir uma inclinação ou preferência” ou, ainda,
“respeitar/considerar”, no sentido de ligação, de afeto, amor, carinho e
simpatia. (WALDOW, 1988).
Para Boff (2004), cuidar é mais que um ato, é uma atitude. Do ponto de
vista existencial, o cuidado deve acontecer antes de toda atitude e situação do
ser humano, o que sempre significa dizer que se acha em toda atitude e
situação de fato.
17
A comunicação representa um dos instrumentos básicos na atitude do
cuidar, a qual poderá ajudar as pessoas envolvidas – paciente/família – a
relatar seus problemas e procurar caminhos para enfrentá-los. Este é um dos
meios pelo qual os profissionais expressam o seu cuidado, visando à
recuperação e, em conseqüência, a satisfação de todos.
No entanto, se cada um de nós entendermos e aceitarmos quem
somos o que estamos fazendo, seremos capazes de lutar e agir para que essa
mudança aconteça. Isto, mesmo tendo como hipótese que será preciso muito
tempo para esta mudança acontecer.
A humanização depende de nossa capacidade de falar e ouvir, do
diálogo com nossos semelhantes. Por isso, é tão importante, aprender a
respeitar a individualidade, saber reconhecer-se na situação do outro. O cuidar
do outro implica dedicação, atenção, reflexão, além da prática efetiva. E este
saber cuidar promove estreitamento dos vínculos interpessoais para minimizar
as condições de sofrimento físico-mental.
Nesse processo, é importante que haja qualidade envolvendo os
profissionais de saúde que cuidam e o paciente que está sendo cuidado. Em
outros termos, o cuidado diferenciado é baseado em uma visão singular,
solidária e integradora entre o trabalho, o paciente e a enfermagem.
Reforçando, é preciso que a equipe esteja preparada, disposta para fazer seu
diferencial na atitude do cuidado.
2 O PAPEL DO ENFERMEIRO EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
O enfermeiro é aquele cuja essência profissional está em cuidar. A
versatilidade de atribuições e funções deste profissional supera em muito a
noção de que esses cuidados estão restritos ao paciente no leito. Isto é, o
papel do enfermeiro se estende também a:
 Ouvir e perceber como estão os membros de sua equipe
 Buscar desenvolver um trabalho em equipe
 Colocar o cuidado humano em primeiro lugar
 Usar a tecnologia como sua aliada
18
Ainda, obter a história do paciente, fazer exames físicos, executar
tratamento, aconselhando e ensinando a manutenção da saúde e orientando
os enfermos para uma continuidade do tratamento e outras medidas
necessárias, devendo cuidar do indivíduo nas diferentes situações críticas
dentro da UTI, de forma integrada e contínua com os membros da equipe de
saúde.
O enfermeiro de UTI precisa pensar criticamente analisando os
problemas e encontrando soluções para os mesmos, assegurando sempre sua
prática dentro dos princípios éticos e bioéticos da profissão.
Com o paciente em UTI, deve avaliar, de forma integrada, as maneiras
do cuidar diferenciado, sistematizar e decidir quanto ao uso apropriado de
recursos humanos, físicos, materiais e de informação no cuidado intensivo,
visando o trabalho em equipe, a eficácia e o custo-efetividade.
O enfermeiro de terapia intensiva deve ter um compromisso contínuo
com seu próprio desenvolvimento profissional, sendo capaz de atuar nos
processos educativos dos profissionais da equipe de saúde, em situações de
trabalho, proporcionando condições para que haja benefício mútuo entre os
profissionais.
Ainda, precisa estar capacitado a exercer atividades de maior
complexidade, para as quais é necessária a autoconfiança respaldada no
conhecimento científico, de forma a conduzir o cuidar com segurança.
O aspecto humano do cuidado de enfermagem, com certeza, é um dos
mais difíceis de ser implementado. A rotina diária e complexa que envolve o
ambiente da UTI faz com que os membros da equipe de enfermagem, na
maioria das vezes, esqueçam de tocar, conversar e ouvir o ser humano que
está a sua frente.
Apesar do grande esforço que os enfermeiros possam estar realizando
no sentido de humanizar o cuidado em UTI, esta é uma tarefa difícil, pois
demanda atitudes às vezes individuais contra todo um sistema tecnológico
dominante.
A própria dinâmica de uma UTI dificulta momentos de reflexão para que
seu pessoal possa se orientar melhor. No entanto, compete a este profissional
lançar mão de estratégias que viabilizem a humanização em detrimento a visão
19
mecânica e biologicista que prevalece nos centros de alta tecnologia, como no
caso das UTIs.
O
enfermeiro
de
UTI
trabalha
em
um
ambiente
onde
as
forças de vida e morte humanas e tecnológicas encontram-se em luta
constante.
Apesar de existirem vários profissionais que atuam na UTI, o enfermeiro
é o responsável pelo acompanhamento constante e, conseqüentemente,
possui o compromisso, dentre outros, de manter a homeostasia do paciente e o
bom funcionamento da unidade.
Reiteramos a necessidade dos enfermeiros repensarem a sua prática
profissional, pois de acordo com Chaves (1993), quando o enfermeiro assume
sua função primordial de coordenador da assistência de enfermagem,
planejando e implementando-a, está garantido o desenvolvimento de suas
atividades básicas, sendo administrativas, de assistência e de ensino, e
promovendo, conseqüentemente, a melhor organização do trabalho da equipe,
que passa a direcionar seus esforços em busca de um objetivo comum, ou
seja, o de prestar assistência de qualidade, atendendo às reais necessidades
apresentadas pelos pacientes sob seus cuidados.
2.1 A atuação holística na enfermagem
A equipe de enfermagem deve buscar compreender o paciente grave
como pessoa única, inserida em um contexto familiar e social com o qual
interage continuamente. Além disso, deve-se avaliar a demanda de cuidados
requerida pelo paciente, identificada a partir da sua avaliação global, com
enfoque nos aspectos bifuncionais, psicológicos, sociais, ambientais e
espirituais, respeitando sua individualidade, sua história de vida e seus
conhecimentos (DIOGO e DUARTE, 2000).
Para Duarte (2000), o diagnóstico preciso da multiplicidade de
problemas que o paciente pode vir a apresentar só pode ser considerado
próximo do correto após o conhecimento pelos profissionais envolvidos no seu
cuidado, principalmente, da equipe de enfermagem, uma vez que esta atua
vinte e quatro horas com o paciente, transmitindo ou cuidando de forma
integral. Assim, nesse processo de acolhimento, a equipe de enfermagem deve
20
estar atenta quanto a sua afetividade, como por exemplo, estados de saudade,
permitindo assim, a percepção mais holística da demanda de cuidado.
Esse processo de cuidar e acolher acontece em ações consecutivas,
de modo interativo, dialogal, interdependente, entre quem provê o cuidado e
quem o recebe, ou seja, em uma dinâmica terapêutica afetiva e peculiar. Nesse
sentido, o alcance desta meta requer da equipe de enfermagem algumas
competências, habilidades e comportamentos específicos, destacando-se a
ética, o respeito, a confiança, o espírito de acolhimento, o bom senso e a
comunicação efetiva.
3 HUMANIZAÇÃO EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
Em março de 2003, o Ministério da Saúde lançou a Política Nacional de
Humanização (PNH) ou Humanizas US, durante o XX Seminário Nacional dos
Secretários Municipais de Saúde e I Congresso Brasileiro de Saúde e Cultura
de Paz e Não Violência, realizado em Natal – Rio Grande do Norte, nos dias
dezessete a vinte (Disponível em www.saude.gov.br, acesso em agosto de
2010).
No interior do Ministério da Saúde, esta política foi divulgada por meio da
Oficina Nacional “Humanizas SUS: Construindo a Política Nacional de
Humanização”, na Semana de Humanização, nos dias dezenove e vinte de
novembro de 2003. E, para o Sistema Único de Saúde (SUS), na 12ª
Conferência Nacional de Saúde, evento que ocorreu também em novembro
deste mesmo ano (Disponível em www.saude.gov.br, acesso em agosto de
2010).
A PNH caminha no sentido da inclusão dos diferentes agentes
implicados nos processos de produção de saúde. E, também, uma inclusão dos
diferentes sujeitos, ou seja, gestores, trabalhadores e usuários, com vistas a
produção de bens nos processos de trabalho, englobado e desestabilizando os
modelos tradicionais de atenção e de gestão, acolhendo e potencializando os
processos de mudança. Propõem, ainda, uma ação, um projeto, uma
tecnologia a ser implementada, algo que dispare um movimento de mudança
para transformar as práticas vigentes.
21
A UTI é um local culturalmente desconhecido, incerto e temível aos
pacientes e seus familiares.
A hospitalização na UTI requer cuidados redobrados por ser uma área
onde se encontram pacientes críticos. Entretanto, a realidade nos mostra um
ambiente hostil, frio, cheio de procedimentos e sem a devida atenção, pois a
equipe multiprofissional que trabalha neste setor, em muitos casos, age
mecanicamente, esquecendo muitas vezes que ali estão seres humanos,
pacientes com necessidade de serem tocados, de conversar, de atenção
porque estão totalmente isolados da família, da casa, do trabalho.
É importante abordar a necessidade da humanização em UTI, pois esta
não envolve somente o cuidado ao paciente, estendendo-se a todos que estão
envolvidos no processo saúde-doença, englobando assim a família, amigos,
equipe multiprofissional e o ambiente.
Com base nesta política, o trabalho não é apenas o que está definido
previamente para ser executado, mas também o que de fato se realiza nas
situações concretas. Inclui, portanto, o esforço que se dispende no cotidiano
profissional, os acordos e pactos realizados e até mesmo o que se pensou em
fazer, mas não foi possível realizar.
Em se tratando da UTI, no âmbito hospitalar é vista como um dos locais
mais tensos e traumatizantes, concentrando pacientes em estado crítico, com
necessidade de observação constante e cuidados especiais. Embora possua
mecanismos tecnológicos cada vez mais avançados, somente este aparato não
contribui para melhorar a eficácia do tratamento e uma assistência de
qualidade e humanizada (CAETANO, ANDRADE, SOARES, PONTE, 2007;
VILA, ROSSI, 2002; SALÍCIO, GAIVA, 2006).
Durante o período de hospitalização, o enfermeiro deve estar atento ao
processo de recuperação do paciente, proporcionado de forma continua o
cuidado (DIAS, 2006), uma vez que o paciente em UTI requer uma atenção
especial, exigindo
um
cuidado diferenciado com maior sensibilidade,
considerando suas peculiaridades, suas alterações orgânicas normais,
psicológicas e sociais.
Significa que o papel do enfermeiro não se resume ao cuidar dos
problemas fisiopatológicos do paciente, estendendo-se a compreensão e a
assistência em sua totalidade, bem como às questões psicossociais,
22
ambientais e familiares, suprindo na medida do possível suas necessidades,
com vistas a eficácia de sua recuperação. Ainda, o cuidar em UTI requer
conhecimentos específicos da área, para saber agir diante das situações
diferentes e inesperadas.
Falar em humanização na UTI pressupõe que, além de um atendimento
digno, acolhedor e solidário pela equipe multidisciplinar para com o paciente é
preciso adotar uma postura ética que permeie todas as atividades profissionais
(BACKES, LUNARDI FILHO, LUNARDI, 2005).
A humanização no atendimento exige dos profissionais de saúde,
essencialmente, compartilhar com o seu paciente experiências e vivências que
resultem na ampliação do foco de suas ações, quase sempre restritas ao
cuidar como sinônimo de ajuda às possibilidades da sobrevivência. Dessa
forma, cada encontro entre o profissional e o paciente reveste-se de uma
tomada de consciência quanto aos valores e princípios norteadores de suas
ações, num contexto relacional (PESSINI, BERTACHINI, 2004). A capacidade
e o interesse na comunicação entre equipe e família são considerados
essenciais no cuidado humanizado.
Estas idéias indicam que devemos cuidar do paciente de maneira
agradável, transmitindo a sensação de segurança e a percepção de que ele é
bem vindo. Desta forma, os profissionais do hospital contribuem para a sua
recuperação.
Humanizar em UTI é promover a autonomia dos pacientes fazendo com
que eles aos poucos reconquistem sua capacidade de resolução independente.
Assim, o paciente passa a ser tratado como pessoa que é, com todos os tipos
de sentimentos que a interação pode suscitar, e não apenas como um doente.
A humanização deve fazer parte da filosofia da enfermagem, cuja
essência, em se tratando de cuidados intensivos, não está apenas nos
ambientes ou nos equipamentos especiais, mas também no processo de
tomada de decisões, baseado na sólida compreensão das condições
fisiológicas e patológicas do paciente.
O cuidado humanizado não é uma técnica ou artifício, mas uma vivência
a perpassa toda a atividade dos profissionais com propósitos de oferecer e
realizar o melhor tratamento ao ser humano. Consiste na compreensão e na
valorização da pessoa, considerando acima de tudo que haja sensibilização por
23
parte da equipe com relação a problematizarão da realidade (BACKES,
LUNARDI FILHO, LUNARDI, 2005).
Assim posto, é necessário o preparo técnico e o acolhimento
humanizado para a efetivação do cuidado integral, não esquecendo que deve
haver cumplicidade entre os envolvidos para uma melhor qualidade na
assistência.
Nesse sentido, resgatar aspectos da importância do cuidar é refletir mais
conscientemente a respeito de quem é o ser humano, respeitando suas
necessidades, seus valores, suas crenças e de seus familiares, tendo sua
privacidade preservada sempre que possível, proporcionando condições e
ambientes favoráveis, com tratamento digno, solidário e acolhedor ao seu
restabelecimento e, em última instância, a morte digna (CAETANO, ANDRADE,
SOARES, PONTE, 2007; BOFF, 2004).
Humanizar o cuidar é garantir qualidade à relação profissional da saúde
com o paciente. É acolher as angústias do ser humano diante da fragilidade do
corpo, da mente e do espírito. É ser sensível à situação do outro, criando um
vínculo, graças a uma relação dialogal, para perceber o querer ser atendido
com respeito, numa relação de diálogo e de necessidades compartilhadas.
Diante do cotidiano desafiador pela indiferença crescente, a solidariedade e o
atendimento digno com calor humano são imprescindíveis.
A categoria acolhimento esta interagida no como cuidar e foi escolhida
recentemente pelos órgãos governamentais para definir a política publica de
humanização dos serviços de saúde para que possibilitem a execução das
ações prevista para o setor saúde, de modo que os princípios norteadores,
promulgados nos artigos referentes a saúde da constituição de 1988, tenham
uma dimensão ético-social na busca conjunta entre gestores, trabalhadores de
saúde e usuário na resolutividade do atendimento e da prevenção de doenças
no cuidado com a vida (AGUIAR, 2002, p. 44).
Segundo Ferreira (1975, p.53), acolher é dar acolhida, admitir, aceitar,
dar ouvidos, dar crédito a, agasalhar, receber, atender, admitir.
Logo, acolhimento significa humanização de atendimento, o que
pressupõe a garantia de acesso a todas as pessoas aos sistemas de saúde, e
deve garantir a resolutividade dos problemas dos usuários.
24
Quando estamos cuidando de maneira diferenciada estamos nos
referindo ao compromisso com o reconhecimento do outro na atitude de
acolhê-lo em suas diferenças, dores, alegrias, modos de viver, sentir e estar na
vida.
Nesse sentido, todos têm de ser servidos e, na medida do possível, ter
seus problemas de saúde atendidos. Contudo, o profissional de saúde deve ter
a sensibilidade de saber discernir quais situações devem ser antecipadamente
solucionadas, não se trata de intervir em procedimentos formais, mas, de saber
quando, onde e porque o usuário realmente necessita de cuidados não
necessariamente especiais, mas, mais específicos.
O acolhimento visa a identificação das necessidades do paciente e/ou
da família, a valorização das suas queixas, o respeito às diferenças, tornandose assim imprescindível no cuidado em saúde e objeto da prática de toda a sua
equipe (FERREIRA, 2008).
Nesse processo, a equipe de saúde precisa identificar as ansiedades,
angústias e medos, a fim de traçar estratégias adequadas a essas situações
O atendimento diferenciado por parte da enfermagem tem o intuito de
promover um restabelecimento mais digno, em conseqüência do adoecimento,
provocada pela patologia. No entanto, é um processo de mudança no
atendimento, fazendo com que o foco de trabalho da equipe multiprofissional
seja o doente, e não só a doença.
3.1 A influência do ambiente
Para que se estabeleça o acolhimento em pacientes na UTI, é
necessário um ambiente de fato acolhedor, com uma postura responsável e
confiável de toda a equipe. Para que aconteça a valorização do outro, é
necessária a presença, a escuta, permitindo desta forma, um atendimento com
maior resolutividade e responsabilização. Para acolher é necessário ser
acolhido, reorganizando o próprio processo de trabalho, buscando alterar as
relações entre equipes e pacientes e das equipes entre si, visando garantir o
atendimento humanizado.
Em 30 de março de 2006, o Ministério da Saúde publicou a 1ª Carta dos
Direitos dos Usuários da Saúde, por meio da Portaria GM/MS nº 675 (BRASIL,
25
2006), que foi amplamente divulgada em dois formatos, sendo em texto, para
gestores e trabalhadores da área, e ilustrada, para usuários.
A Carta, no Artigo 4º, dispõe que “Toda pessoa tem direito ao
atendimento humanizado e acolhedor, realizado por profissionais qualificados,
em ambiente limpo, confortável e acessível a todos”.
Ainda, traz diretrizes da PNH para o Acolhimento Ambiência. Para a
PNH, ambiência na saúde refere-se ao tratamento dado ao espaço físico
entendido como espaço social, profissional e de relações interpessoais, a qual
deve proporcionar atenção acolhedora, resolutiva e humana. Vai além da
composição técnica, simples e formal dos ambientes, passando a considerar as
situações que são construídas, em determinados espaços e em um
determinado tempo, e vivenciadas por um grupo de pessoas com seus valores
culturais e relações sociais.
Se a ambiência for discutida isoladamente não muda o processo de
trabalho, mas pode ser usada como uma das ferramentas facilitadoras desse
processo de mudança. Pode ser um instrumento de construção coletiva do
espaço ao qual aspiram os trabalhadores de saúde e seus usuários.
4 EXEMPLO DE PACIENTE GRAVE
H.A.R., até o dia 20 de novembro de 2003, com 31 anos de idade,
solteira, trabalhadora, sedentária deu entrada na unidade de emergência do
Hospital Comunitário de Palmas, Estado do Tocantins, com queixa de cefaléia
intensa, náuseas e vertigens. No atendimento realizado por um neurologista,
foram solicitados tomografia computadorizada, raio X de crânio e hemograma
completo, os quais levaram ao diagnóstico de neurocisticercose, resultando em
hidrocefalia, sendo imediatamente referenciada a uma unidade hospitalar de
maior complexidade em outro Estado, na cidade de Goiânia – Goiás.
Em Goiânia – Goiás, após avaliações com neurologistas foi sugerido
procedimento cirúrgico, para implante de válvula para dreno de líquido com
grumos. Posteriormente ao implante, já internada na UTI, apresentou
complicações por entupimento desta válvula e, em conseqüência, meningite e
26
sépses,
que
a
levou
ao
coma,
permanecendo
nesta
unidade
por
aproximadamente quatro meses.
Após reavaliação por equipe multidisciplinar e com parecer final de
neurologistas, a decisão foi comunicar a família da paciente pela alta hospitalar
e que os cuidados médicos ao alcance haviam se esgotado. Isto é, caberia a
família em nível domiciliar prestar os cuidados “terminais” a paciente, o que no
jargão do senso comum equivale a dizer que o paciente está desenganado.
Assim a família procedeu, retornando à cidade de origem, Porto
Nacional – Tocantins, sem evolução do seu quadro clínico, ou seja,
permanecendo no estado de coma, mantendo o implante da válvula craniana e
sonda pezzer para dieta (gastrostomia).
Durante nove meses, a família, amigos e equipe multidisciplinar
complementaram
rigorosamente,
os
dieta
cuidados,
prescrita
realizando
por
mudanças
nutricionista,
de
decúbitos
higienização
plena,
acompanhada de diálogos e musicoterapia, com estímulos neurovegetativos
com audiovisuais, via TV, em ambiente climatizado e ventilado, com freqüentes
e liberadas visitas para amigos e familiares, com conforto espiritual e cuidados
da medicina popular, com remédios caseiros.
No período entre o retorno a seu domicílio, em sua cidade, e sua total
recuperação, transcorreu aproximadamente nove meses, com a seguinte
evolução no tempo:
1º mês: mantido o coma e apresentado pneumonia aspirativa, com
retorno à internação hospitalar por quinze dias, na cidade de origem, Porto
Nacional.
2º mês: remissão da pneumonia e retorno aos cuidados domiciliares até
o sexto mês, com apresentação de pequenos reflexos plantares e controle dos
esfíncteres.
7º mês: a partir deste período, iniciou a fase de tentativa de
comunicação
verbal,
por
meio
de
gemidos
ou
meias
palavras,
incompreensíveis, e abertura ocular.
8º mês: teve início a reeducação alimentar, com dieta líquida paralela à
dieta por gastrostomia; a partir deste período, houve uma evolução rápida do
quadro neurológico e intensificação da fisioterapia.
27
9º mês: houve um rápido e pleno despertar do quadro comatoso, com
raciocínio e memórias preservados, inclusive com citações de lembranças
remotas ao estado inicial de seu adoecer.
Desta forma, observamos que com todo o aparato tecnológico,
inicialmente disponibilizado em um grande centro, não foi possível proporcionar
o verdadeiro cuidar, na sua forma mais ampla, ou holística, como um grupo de
pessoas comprometidas com o resultado.
Para Merthy (1999), o cuidar do outro implica dedicação, atenção,
reflexão, além da prática efetiva, o que promove estreitamento dos vínculos
interpessoais para minimizar as condições de sofrimento físico e mental.
E foi exatamente isto que aconteceu no exemplo de H.A.R..
4.1 Prognóstico e tratamento
A partir do dia 30 de abril de 2004, com base em um diagnóstico bem
estabelecido e terapêutico-hospitalar prolongados e a equipe se posicionando
pela liberação do paciente para o convívio familiar, domiciliar/residencial, para
internação
terminal
familiar,
estabeleceu-se
um
plano
terapêutico
multidisciplinar, implementado na residência, sobretudo de cuidados de
enfermagem, em que a família e os amigos estavam sempre presentes
interagindo e estimulando a senso-persepção, levando a uma melhora da autoestima e por extensão, a produção de substâncias químicas de repercussão
imunitária, em conseqüência dos cuidados diferenciados e direcionados. Nesse
processo, para a recuperação, foi importante também toda a repercussão extra
hospitalar, como privacidade, luminosidade, produção de sons próprios de um
hospital, dieta, “caseira”, higiene, ventilação espontânea e livre de germes e
bactérias circulantes, entre outros.
Com relação ao tratamento propriamente dito, as drogas empregadas,
foram as mesmas utilizadas intra-hospitalar, com o acompanhamento dos
mesmos profissionais médicos da estrutura anterior.
Neste contexto de tratamento domiciliar, o prognóstico desde o início
demonstrou ser bastante promissor, pois tem-se que o convívio com seus
entes, associados ao ambiente de acolhimento e solidariedade, é de
fundamental para o restabelecimento do processo de morbidade.
28
4.2 A Proposta do cuidar diferenciado
Como exposto na revisão bibliográfica, a proposta do cuidar
diferenciado defendida neste trabalho, envolvendo, ao mesmo tempo, ações da
enfermagem, da família e de amigos, em uma perspectiva “especial”, dando
importância ao outro, pôde ser vivenciada na situação exemplificada.
4.2.1 A importância da equipe multiprofissional
Em um primeiro momento, a família deparou-se com uma situação
frustrante e angustiante, pois, segundo a equipe multiprofissional que
proporcionava assistência mesmo sem a intenção de desanimar os familiares,
relatava que haveria pouco a ser feito quanto a recuperação da paciente.
Profissionais da fisioterapia realizaram exames físicos e relataram que
diante do quadro que se apresentava não havia nenhuma resposta satisfatória
por parte da paciente. Isto é, a jovem não contava mais com a possibilidade de
andar. Assim, prescreviam que era uma paciente sem movimentos voluntários,
que não falava e sem compreensão, assim, um paciente totalmente
dependente no leito.
Mesmo assim, os familiares, não desistiram e agendaram tratamento
em um Serviço de Reabilitação com duas seções semanais.
Nesse processo de recuperação, a equipe multiprofissional foi de suma
importância na recuperação da paciente, bem como nos esclarecimentos à
família e no processo pedagógico de ensinar a cuidar e a olhar a situação de
maneiras diferentes. Assim, a cada dia eram descobertas novas e
diferenciadas maneiras de cuidar e enfrentar as situações ainda não
vivenciadas. A equipe também encorajou e garantiu habilidades para o melhor
cuidado da paciente e, acima de tudo, agindo com profissionalismo. Em
síntese, o empenho, o compromisso, a responsabilidade, o profissionalismo, o
interesse da equipe pela recuperação da jovem teve forte influência neste
processo de recuperação.
29
4.2.2 A importância da família e dos amigos
Tanto para a família quanto para os amigos, foram inúmeras e enormes
as dificuldades, no primeiro momento, em lidar com a nova situação que se
apresentava. Antes, uma jovem que vivia dentro da “normalidade” e, em
seguida e muito rápido, fica totalmente dependente do cuidar de outros.
Entrou em cena, então, o cuidar diferenciado por parte da família e dos
amigos, que por vezes foi uma forma de unir, valorizar, integrar os que estavam
naquele processo. Naquele momento, o trabalho em equipe fortaleceu para
que todos estivessem dispostos a ajudar independentemente da hora e local,
visando o mesmo objetivo e expectativa, a de melhora da paciente.
Não foi um processo fácil, pois havia que se abrir mão de muitos
afazeres da vida cotidiana em função do amor ao nosso “irmão”, do cuidar
diferenciado e, principalmente, da valorização do ser humano. Fazer o máximo
para que as pessoas que se aproximassem não a olhassem como uma
“coitada” ou uma pessoa que não tinha mais perspectiva de vida, em função da
patologia que se encontrava.
È importante salientar que a angústia, o estresse, a desilusão, o cansaço
e, até mesmo, poucas expectativas fazem parte de processos como esse.
Entretanto, quando um familiar ou amigo percebia situações do gênero entrava
em ação no sentido de descontrair, encorajar, transmitir confiança e melhorar a
autoconfiança, a fé e, principalmente, a importância e o desejo de cuidar. Cabe
enfatizar que a família é essencial na recuperação de um ser humano e os
amigos são essenciais neste cuidar e neste apoio familiar.
Diante da experiência deste período de tratamento, afirmamos que é
compensador o cuidar, o agir, o trabalho em equipe multiprofissional, a família.
Foi uma vivencia de “um puxar o outro”, de valorização do outro.
Reconhecendo que existem irmãos/familiares que têm mais “coragem que
outros”, ou seja, de ver, pegar, cuidar, enfim, de realizar os cuidados como dar
banho, vestir, observar a possíveis reações, como tosse. Isto é, de cuidar não
só da patologia mais sim da pessoa humana, que era o que fazíamos
constantemente.
Assim, tivemos que ensinar a paciente a fazer praticamente tudo, como
por exemplo, a falar e a andar. Um processo lento foi na adaptação da
30
alimentação, pois utilizada sonda de gastrostomia e às vezes tinha dificuldade
para deglutir, com a possibilidade de asfixia por rolha era muito grande. Desta
forma, a alimentação foi reintroduzida aos poucos. Também, foi sendo
ensinada a mastigar, engolir, sempre sob a observação da família e de
enfermeira. Mesmo em coma, enquanto família estimulávamos sempre
algumas atividades cerebrais, como ouvir músicas e casos engraçados que
sabíamos que ela gostava, contados por familiares e amigos.
Esta vivência possibilitou não só a recuperação da paciente, como serviu
para unir ainda mais a família e para a reflexão das nossas ações e atos e para
mostrar que devemos fazer o melhor pelo paciente independentemente de
quem ele seja, pois a cada dia o mesmo apresenta uma necessidade do cuidar
diferente, fazendo com que a pessoa que cuida perceba essas necessidades.
4.2.3 A religião diante da situação
A persistência familiar, o acreditar em Deus, o não desistir fizeram e
deram força para que acreditássemos na recuperação e reabilitação da
paciente. Pode-se dizer que foi por meio da família que conseguimos e
alcançamos o que desejamos com muita força de vontade, humildade,
compreensão e confiança no Senhor.
Sem o objetivo de adentrar na discussão que envolve as questões dos
distintos conhecimentos, em especial, o científico e o religioso, cabe citarmos
que no processo de recuperação da paciente em questão além do cuidado da
equipe multiprofissional, da família e dos amigos, a esperança, a fé e o
acreditar são considerados, pela família e pelos amigos, elementos fundantes.
Esperança, então, é acreditarmos plenamente na existência do Senhor
em tudo o que fizermos, realizarmos em nossas vidas, na nossa família. Isto
nos proporcionou algo inexplicável, nos retirou da angústia e da batalha
permitindo que aos poucos a jovem paciente voltasse ao normal, como antes.
Tanto nós, família, quanto amigos e conhecidos tínhamos a expectativa muito
grande no sentido de que em algum momento a paciente falaria. E, com estes
pensamentos, ou seja, com esta esperança, sentíamos a presença do Senhor.
Assim, acreditar em uma recuperação é fundamental em todos os aspectos. O
que significa nunca perder a esperança.
31
Além da esperança, foi marcante no contexto apresentado, a fé, ou seja,
a crença religiosa, que significa um conjunto de dogmas e doutrinas que
constituem um culto (HOLANDA, 2011).
O ditado popular de que a fé move montanhas está diretamente
relacionado com o contexto do exemplo em questão. Isto é, foi o que
aconteceu, além dos tratamentos adequados, de tanto acreditarmos no Senhor,
de suplicarmos sempre em oração, independentemente do horário, de sempre
agradecermos, pedimos insistentemente ao Senhor que realizasse a sua
vontade e não o nosso desejo. Mesmo sabendo da importância do pensamento
positivo e ser firme no Senhor, houve momentos que nos sentíamos fracos,
perdendo um pouco a nossa fé. No entanto, vencíamos esta condição e
retomávamos nossa fé, em especial, a cada situação de melhora.
Acreditar foi outro elemento importante no processo em questão. Isto é,
acima de tudo acreditávamos no Senhor e que as nossas vidas dependem da
vontade dele e que tudo só acontece com sua permissão. Tínhamos o desejo
de vencer os obstáculos, e, para tanto, acreditávamos que tudo era possível,
em especial, a recuperação da paciente.
Por fim, de um conjunto de ações e reações a paciente recuperou-se e
retomou sua vida normal, inclusive, hoje sendo até mãe de uma menina.
32
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho defendemos a idéia de um olhar diferenciado do
enfermeiro a respeito da importância do cuidar em UTI e em domicílio. Em
outros termos, acreditamos na necessidade que o profissional de saúde, não
só o enfermeiro, adote uma postura empática diante do cuidado oferecido ao
paciente grave na UTI e domiciliar.
A UTI, uma unidade do hospital, é um ambiente que muitas vezes
desencadeia sentimentos de insegurança e sofrimento tanto para o paciente e
seus familiares quanto para os próprios profissionais que ali atuam.
Mesmo com todos os recursos tecnológicos existentes, os profissionais
não devem esquecer que jamais a máquina substituirá o trabalho humano,
especialmente, nos momentos de fragilidade e que a vida é o bem maior,
devendo, portanto, ser sempre o principal foco da atenção. Assim, não cabem
atitudes tecnicistas.
Para tanto, é necessário que nós enfermeiros avaliemos as situações
vivenciadas no seu dia a dia, com a necessidade de observar e realizar ações
de diferença, melhorando a qualidade na assistência no que direcione ao
cuidar, bem como criando condições que facilitem as ações de cuidado.
Nesse caso, defendemos o cuidado humanizado, sendo preciso que
todos os profissionais se envolvam e acreditem que suas presenças são tão
importantes quanto a realização dos procedimentos técnicos. O enfermeiro
deve cuidar do paciente, transmitindo segurança, respeito e carinho, ouvindo e
tocando o paciente.
O enfermeiro tem uma grande importância nesse processo de cuidar
diferenciado, ao proporcionar o bem estar físico, emocional e psicológico do
paciente em UTI.
Enfim, acreditamos que o paradigma da simultaneidade, como forma de
perceber o ser humano hospitalizado em UTI, possibilita um cuidado que
rompe com o modelo assistencial predominante, com o objetivo maior da cura
e não o cuidado do ser. E, nesse processo, precisamos romper o estereótipo
33
concentrado no técnico em assistência intensiva e voltar a atenção,
principalmente, para a pessoa do doente e seus familiares.
O cientista Owen, em matéria na Revista Veja, no mês de março de
2010, questionou se os pacientes em coma têm consciência de seu estado,
bem como se ouvem e entendem tudo ou pelo menos parte do que acontece
ao seu redor, e, em seguida, relatou que, em sua concepção, por meio da
pesquisa é muito cedo para dizer que existe vida consciente no estado
vegetativo.
No entanto, o paciente exemplificado neste estudo, vivenciado por nós,
familiares, e amigos e equipe multiprofissional, permite dizer que há pacientes
em coma com sensibilidade e consciência as vezes do seu estado. E, por isso,
forjando a necessidade do enfrentamento da questão do olhar diferenciado a
respeito do cuidar em UTI e domiciliar.
34
REFERÊNCIAS
AGUIAR, M. G. G. A produção científica do (a) aluno (a) de graduação em
Enfermagem da Universidade Estadual de Feira de Santana no período de
1996 a 2001. Feira de Santana, 2002.53f. Monografia (Progressão de Carreira)
Departamento de Saúde. Universidade Estadual de Feira de Santana.
BACKES, D. S.; LUNARDI FILHO, W. D.; LUNARDI, V. L. A construção de um
processo interdisciplinar de humanização à luz de Freire. Texto Contexto
Enfermagem, v.3, 2005. Disponível em: www.scielo.br Acesso em: 11
ago.2009.
BARLEM, B. L. D.; ROSENHEIN, D.P.N.; LUNARDI, V.L.; LUNARDI FILHO,
W.D. Comunicação como instrumento de humanização do cuidado de
enfermagem: experiências em unidade de terapia intensiva. Rev Eletr. Enf.,
2008. Disponível em: www.fen.ufg.br/revista/v10/n4 Acesso em: 06 set.2009.
BOFF, L. Saber Cuidar: ética do humano – compaixão pela terra. In: BOFF, L.
Cuidado: o ethos do humano. Rio de Janeiro, ed.11: Vozes, 2004. p.33-39.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº 675, de 30 de março de
2006. Aprova Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde, que consolida os
direitos e deveres do exercício da cidadania na saúde em todo o País. Brasília,
2006.
CAETANO, J.; ANDRADE, L.; SOARES, E.; PONTE, R. Cuidado humanizado
em terapia intensiva: um estudo reflexivo. Esc Anna Nery. Revista de
Enfermagem, 2007. Disponível em: www.bases.bireme.br Acesso em: 13
mai.2009.
CHAVES, E. H. B. Aspectos da liderança no trabalho do enfermeiro. Rev.
Gaúcha Enfermagem; 14(1): 53-8. 1993. Disponível em
http://seer.ufrgs.br/RevistaGauchadeEnfermagem. Acesso em 24 de maio de
2010.
DIAS, M. A. A. Humanização do espaço hospitalar: uma responsabilidade
compartilhada. Revista O Mundo da Saúde, ano 30, v.30, n.2, 2006.
Disponível em: www.scamilo.edu.br
35
DIOGO, M. J. E; DUARTE, Y. D. Atendimento Domiciliar: um enfoque
gerontológico. São Paulo: Atheneu; 2000.
DUARTE, Y. A. O.; DIOGO, M. J. E. Atendimento domiciliar: um enfoque
gerontológico. In: DUARTE, Y. A. O.; DIOGO, M. J. E. Atendimento
domiciliar: um enfoque gerontológico. São Paulo: Atheneu, 2000. Cap. 1, p.317.
Giovanna Martins, FERREIRA. Acolhimento: um processo em construção.
Corinto, Minas Gerais, 2009. Disponível em
www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/2258.pdf
FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário Aurélio. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1975. p. 27.
GEORGE, J. B. Teorias de enfermagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.
GOMES, A . M. Enfermagem na unidade de terapia intensiva, 2. ed., São
Paulo, EDU, 1988. P 3-5; 17-31.
HOLANDA, A. B. H. Dicionário aurélio online. Disponível em
dicionario.alot.com. 2011. Acesso em janeiro de 2011.
LOPES, M.J.M.; LAUTERT, L. A saúde das trabalhadoras da saúde: algumas
questões. In:.HHAAG,G.S.;LOPES, M. J.; SCHUCK, J.S.(org). A enfermagem
e a saúde dos trabalhadores. Goiânia: AB, 2001. p.109-40.
MERHY, E. E., O ato de cuidar como um dos nós críticos “chaves” dos
serviços de saúde. Campinas, 1999. Disponível em
http://www.uff.br/saudecoletiva/professores/merhy/artigos-04.pdf. Acesso em
25 de setembro de 2010.
PESSINI, L.; BERTACHINI, L. Humanização e cuidados paliativos. In:
Introdução. São Paulo: Loyola, 2004. p.1-7.
PONTES, A.C.; LEITÃO, I.M.T.A.; RAMOS, I.C. Comunicação terapêutica em
SALICIO, D. M. B., GAIVA, M. A. M. O significado de humanização da
assistência para enfermeiros que atuam em UTI. 2006. Disponível em
http://www.fen.ufg.br/revista/revista8_3/v8n3a08.htm. Acesso em agosto de
2010.
36
VILA, V.S.C.; ROSSI, L.A. O significado cultural do cuidado humanizado
em Unidade de Terapia Intensiva: “Muito falado e pouco vivido.” Revista
Latino-americana de enfermagem. Ribeirão Preto, v.10, n.2, mar 2002.
Disponível em: www.scielo.org Acesso em: 15 mai.2009.
WALDOW, V. R. Processo de Enfermagem: teoria e prática. Revista Gaúcha
de Enfermagem, Porto Alegre, v.9, n.1, p.14-22, jan. 1988.
SITES CONSULTADOS
www.saude.gov.br
www.scielo.org
www.saude.rr.gov
www.scamilo.edu.br
redehumanizasus.net
Download