a utilização do tema separação de misturas no ensino médio para a

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A UTILIZAÇÃO DO TEMA SEPARAÇÃO DE MISTURAS NO ENSINO
MÉDIO PARA A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO
LIMA, Maria Celiana Pinheiro1 - IFRJ
PEDRO, Cíntia de Cássia da Silva2 – IFRJ
ARAUJO, Sheila de3 – IFRJ
ALMEIDA, Igor Oliveira4 – IFRJ
PINHO, Gabriela Salomão Alves5 – IFRJ
Didática: Teorias, Metodologias e Práticas
Agência Financiadora: Capes
Resumo
O presente trabalho foi realizado com o intuito de valorizar o conhecimento que o aluno traz
de seu cotidiano para facilitar a construção do conhecimento científico, este foi realizado com
alunos do primeiro ano do Ensino médio de uma Escola Estadual localizada no Município de
Duque de Caxias, no estado do Rio de Janeiro, que é conveniada ao Programa Institucional de
Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID). E foi realizado em quatro etapas, são elas: (a) Para
dar início houve uma breve explicação do que é substância e o que é mistura, em seguida
foram disponibilizados sistemas de misturas diferentes para os alunos. (b) Em seguida foi
proposto aos alunos, divididos em grupos, que desenvolvessem métodos que possibilitassem a
separação de tais misturas, com ajuda de equipamentos disponíveis no laboratório. (c) Após,
foi solicitado que apresentassem suas ideias, os grupos foram à frente e um por vez pôde
explicar como foi feita a separação ou como ela poderia ser feita, no caso de misturas que não
possuíam material necessário para a separação no laboratório.
1
Doutora em Ciência e Tecnologia de Polímeros. Professora de Química no Instituto Federal de Educação
Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro - Campus Duque de Caxias. Professora Colaboradora do Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID). E-mail: [email protected].
2
Graduanda em licenciatura em Química pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e tecnologia do Rio de
Janeiro; Técnica em Química pelo Colégio Casimiro de Abreu; Bolsista no Programa Institucional de Iniciação à
Docência, financiado pela Capes. E-mail: [email protected]
3
Graduanda em licenciatura em Química pelo Instituto Federal de Educação Ciência e tecnologia do Rio de
Janeiro; Técnica em Química pelo Colégio Casimiro de Abreu; Bolsista no Programa Institucional de Iniciação à
Docência, financiado pela Capes. E-mail: [email protected]
4
Graduado em Licenciatura em Química pela Universidade Federal Fluminense, Professor de Química da Rede
Estadual de Ensino do Rio de Janeiro. Supervisor no Programa Institucional de Iniciação a Docência (PIBID). Email: [email protected]
5
Doutora em Psicologia Clínica pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Professora de Psicologia no
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro - Campus Duque de Caxias. Coordenadora
do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID). E-mail: [email protected]
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Neste mesmo momento os grupos disputavam entre si, o grupo que conseguia separar
ganhava uma pontuação e o que não conseguia ganhava outra, de forma que todos os grupos
podiam responder às questões de acordo com o conhecimento adquirido em seu cotidiano. (d)
Por último, juntamente com o grupo de bolsistas estes alunos puderam fazer a construção do
conhecimento científico, ou seja, eles puderam utilizar conhecimentos do seu ambiente para
desenvolver o conteúdo apresentado em sala de aula. A dinâmica teve como objetivo
enriquecer o conhecimento que os alunos já possuíam e mostrar a importância do conteúdo
apresentado em sala de aula, a Química que se ensina deve preparar o cidadão para o trabalho
e para o lazer, como diz Chassot.
Palavras-chave: Separação de Misturas, Ensino de Química, Conhecimento Científico.
Introdução
A disciplina de Química por muitas vezes não é bem compreendida pela grande
maioria dos alunos do ensino médio por ser uma ciência ensinada como algo abstrato, longe
da realidade e inutilizável, fazendo com que o estudo desta seja feito apenas por
memorizações.
Frequentemente os professores são questionados por seus alunos, do por que estudar
esta disciplina se não irão utilizá-la em profissões futuras, para mudar tal pensamento o aluno
precisa perceber a interação entre a química e seu dia-a-dia. Sendo assim, a escola e os
professores necessitam criar novos diálogos, novos materiais que apresentem maior
motivação para seus alunos, fazendo com que estes se interessem por uma matéria que os
ajudem a vinculá-la aos seus conhecimentos e a compreender melhor os conceitos que estão
relacionados ao seu cotidiano.
A utilização de aulas contextualizadas ou outros métodos de ensino (jogos, aulas
passeios, experimentos, etc) podem ser utilizados nas escolas como algumas possíveis
estratégias para melhorar a realização de aulas dialogadas sem serem aulas impostas aos
alunos como costuma ocorrer, assim eles poderão utilizar seus conhecimentos de mundo para
compreender o que está sendo dito em sala de aula.
O baixo nível de contextualização e outros métodos de ensino utilizados nas escolas
podem ser justificados pelo número elevado de aulas que os professores ministram em vários
colégios, ou seja, a falta de tempo que os impossibilita a preparação de materiais didáticos ou
a realização dessas aulas dialogadas, porém esse assunto não será abordado neste trabalho.
A grande questão seria o porquê é importante à utilização de métodos diferentes em
sala de aula, porque dar uma aula de Química diferenciada? Cabe enfatizar o questionamento
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levantado por Chassot (1990): O ensino de Química, como é feito, é útil para quem? As
escolas devem ensinar Química para preparar o cidadão para a vida, o trabalho e o lazer, isto
é, educar por meio da Química. Ainda segundo o autor, a tarefa de selecionar conteúdos que
favoreçam uma melhor leitura da realidade não é fácil porque esses conteúdos não aparecem
de forma estruturada, então é mais cômodo “transferir” o que está nos livros-texto.
Assim, o presente trabalho tem como objetivo mostrar que a aprendizagem pode ser
feita valorizando o conhecimento que os alunos trazem de suas culturas, mostrando que existe
uma forma de unir o conhecimento de mundo que eles já possuem com o que irá ser
apresentado em sala de aula.
Para Driver (1999, p. 31-40),
pode-se entender como conhecimento cientifico aquele que é construído e
comunicado através da cultura e das instituições sociais, pois este dificilmente será
construído através da observação própria de um individuo. Assim o papel do
professor é servir como mediador para que os alunos consigam organizar o
significado do mundo natural com o conhecimento cientifico.
Para Freire (2005, p. 81), a “leitura do mundo” precede a “leitura da palavra”, deste
modo, esse atenta para o respeito do “saber de experiência feito” do educando. Para que o
aluno possa entender o conteúdo ensinado em sala de aula, ele precisa saber o porquê de
aprender aquilo e qual será a ligação deste com o seu cotidiano.
Assim a apropriação do conhecimento deve ser feita através da construção de
conceitos, que possibilitem a leitura crítica de informações este é um processo necessário para
a absorção da liberdade e da autonomia mental.
Desenvolvimento
Este trabalho foi realizado com alunos de três turmas do primeiro ano do Ensino
Médio de uma Escola Estadual localizada no Município de Duque de Caxias, no estado do
Rio de Janeiro, que é conveniada ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência
(PIBID).
O tema foi escolhido, pois faz parte dos conteúdos que de acordo com o currículo
mínimo de 2012 devem ser trabalhado no 1° bimestre com alunos do 1° ano do ensino médio.
Esse conteúdo deve fazer com que o aluno seja capaz de compreender a importância de
conhecer os componentes que formam as formam, para então saber qual serão os processos
utilizados para separação de misturas.
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A aula proposta tinha por objetivo desenvolver no aluno a vontade de aprender e
auxiliar na construção do conhecimento científico, levando-os a proporem e pensar em formas
de separação através do conhecimento prévio, o conhecimento de mundo que eles possuíam.
A atividade foi baseada na experimentação investigativa que segundo Wilmo (2008, p.34 41),
é empregada antes da discussão dos conceitos visando obter informações que
subsidiem a discussão, a reflexão, as ponderações e as explicações, de forma que o
aluno compreenda não só os conceitos, mas a diferente forma de pensar e falar sobre
o mundo por meio da ciência.
As turmas foram encaminhadas para o laboratório do colégio, onde cada uma no seu
horário de aula, que é composto por dois tempos de cinquenta minutos cada um, foi divida em
dois grupos, para que assim pudessem participar da aula. Após a separação dos grupos houve
uma breve explicação do que é substância e mistura, mostrando aos alunos onde estas podem
estar presentes no seu cotidiano. Esta explicação foi dada em conjunto com as respostas dos
alunos para as perguntas feitas pelos bolsistas: ”O que é substância? O que pode ser
considerado mistura?”.
Iniciou-se a aula com a distribuição de recipicientes com vários tipos de misturas
feitas com substâncias que os alunos conheciam bem, conforme é observado na Figura 1,
pedimos em seguida, para que os dois grupos pudessem criar e pensar formas de separar tais
misturas usando o conhecimento prévio que possuíam. Alguns materiais e vidrarias
rotineiramente utilizados em laboratórios e nas próprias casas dos alunos foram oferecidos em
uma mesa separada, para que os alunos pudessem utilizar no momento das separações,
conforme é observado na Figura 2.
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Figura 1. - Misturas entregues aos alunos.
Fonte: Bolsistas PIBID.
Figura 2. – Materiais e vidrarias oferecidos.
Fonte: Bolsistas PIBID.
Os grupos foram à frente do laboratório e um por vez explicou como seu grupo
realizou a separação ou como ela poderia ser feita, no caso de misturas que não possuíam
materiais necessários para a separação no laboratório, como foi o caso dos dois diferentes
tipos de destilação, a partir da explicação dos alunos pôde-se apresentar o nome de alguns
métodos de separação que a literatura menciona, explicando para quê cada um é utilizado.
Nos dois tempos de aula utilizados, os alunos mostraram ter conseguido entender cada
método de separação, alguns mostraram mais de uma forma de separar uma mistura, nós
acolhíamos essa idéia e explicávamos que realmente é possível ser utilizado mais de uma
forma de separação para um determinado sistema, mas mostrando sempre para o aluno que a
forma apresentada por ele também estava correta. A ideia da aula era que os alunos
conseguissem separar as misturas de alguma forma, mostrando que já trazem consigo algum
conhecimento prévio que pode ser aplicado nas aulas de química, para que em seguida fosse
trabalhado o nome que é utilizado na literatura em conjunto com as ideias de nomes que os
alunos já apresentavam, assim mostrando para eles que a química não está desvinculada do
seu cotidiano. Os sistemas utilizados na aula são mostrados conforme a Tabela 1.
Tabela 1 – Apresenta os diferentes sistemas e os métodos de separação utilizados em sala de aula.
Sistemas
Método de separação
Água + álcool
Destilação fracionada
Farinha + milho
Peneiração
Pedra + milho + esponja de aço
Separação magnética + peneiração
Arroz + feijão
Catação
Água + óleo
Destilação fracionada
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Água + café
Água + sal
Água + terra adubada
Água + areia
Filtração
Destilação simples
Decantação
Decantação
Fonte: Bolsistas PIBID.
Todos os grupos, das três turmas ficaram bem animados, participaram bastante
conforme é apresentado na Figura 3, muitos conseguiram realizar a separação dos sistemas
com bastante facilidade, como por exemplo, no sistema que apresentava água e café, os
alunos conseguiam separar e diziam o nome exato dado na literatura. Quando perguntados
como sabiam o nome, a resposta era claramente o queremos expor neste trabalho, diziam:
“fazemos café em casa”, “tomamos café todos os dias”, “eu sei fazer café”, apartir dessas
respostas conseguimos mostrar que o que é passado em sala de aula também pode ser
observado em casa e vice-versa.
No caso das misturas que não tinham material de separação no laboratório, os alunos
conseguiram propor métodos de separação coerentes com métodos que poderiam ser
utilizados e são descritos na literatura, como é o caso da água com sal, onde os alunos não
conheciam o nome do método a ser utilizado, mas todas as turmas deram a ideia de evaporar a
água, para que fosse realizada a separação das duas substâncias. A água com álcool foi outro
sistema que marcou a aula, as turmas a princípio ficaram espantadas com a ideia desta
separação, julgavam não poder acontecer por conta de as substâncias estarem tão unidas.
A atividade possibilitou que os alunos discutissem com os colegas, refletissem,
levantassem hipóteses e explicações para que em conjunto pudessem chegar a uma resposta
em comum.
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Figura 3. – Alunos separando os componentes das misturas.
Fonte: Bolsistas PIBID.
Considerações Finais
O alto número de experiências que tanto os alunos como os professores possuem pode
contribuir no processo de aprendizagem em sala de aula, em especial na Química, auxiliando
na maior interação dos alunos nas discussões de problemas tanto da ciência em si, como no
cotidiano deste.
Logo, com esta atividade foi possível perceber o quanto ela foi importante tanto para
os alunos quanto para os bolsistas do PIBID, pois foi compreendido que é possível inserir
conhecimentos científicos, no caso a separação de misturas, e conceitos mesmo sem o assunto
ter sido trabalhado previamente, favorecendo assim o desenvolvimento do aluno não só em
sala de aula, mas também em seu cotidiano, formando assim um aluno crítico e formador de
seu conhecimento.
Através de atividades prática os estudantes podem manusear as substâncias, realizar as
atividades e comprovar que os conhecimentos vistos em sala de aula são importantes, pois
tornam a aprendizagem mais fácil, atraente e interessante. Também é possível notar que as
atividades práticas favorecem a curiosidade para a realização e participação nas atividades
fazendo com que haja troca de informações entre os alunos ali envolvidos.
REFERÊNCIAS
CHASSOT, A.I. A educação no ensino da química. Ijuí: Unijuí, 1990
DRIVER, R. et al. Construindo conhecimento científico em sala de aula. Trad.Eduardo
Mortimer. Química Nova na Escola, São Paulo, n. 9, p. 31-40, 1999.
FREIRE, Paulo. (2005): Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. 31. Ed. São Paulo: Paz e Terra.
WILMO E.Francisco Jr. ET AL. Experimentação problematizadora: Fundamentos teóricos
e práticos para a Aplicação em Salas de Aula de Ciências. Química Nova na Escola, São
Paulo, n. 30, p. 34-41, 2008.
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