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II Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
Realização: Universidade Federal de Lavras e Prefeitura Municipal de Varginha
ADIÇÃO DE TORTA DE ALGODÃO A COMPOSIÇÃO DE DIFERENTES
SUBSTRATOS PARA A PRODUÇÃO DE MAMONEIRA
Rosiane de Lourdes Silva de Lima 1
Liv Soares Severino 2
Robson César de Albuquerque 3
Maria Isabel de Lima Silva 4
Jeane Ferreira Jerônimo 5
Napoleão Esberard de Macedo Beltrão 6
RESUMO
A cultura da mamona vem se expandindo progressivamente no Brasil, principalmente no Estado da
Bahia, sendo considerada atualmente a oleaginosa mais indicada para a produção de biocombustível
para a Região Nordeste. O presente estudo objetivou avaliar os efeitos do uso fertilizante da torta de
algodão em diferentes composições do substrato. Adotou-se o delineamento em blocos casualizados
com 3 repetições e uma planta/parcela. Os tratamentos foram dispostos em esquema fatorial 5 x 2,
constituído por 5 doses (0, 1,5; 3,0; 4,5 e 6 t/ha) de torta de algodão e duas formulações de substrato
(solo + casca de amendoim, e solo + casca de fruto de mamoneira em proporções iguais). Como
planta indicadora utilizou-se a cultivar BRS Nordestina. Os resultados indicaram que a adição de
torta de algodão, a composição do substrato, promoveu acréscimos significativos para o
crescimento em altura, área foliar, massa seca de parte aérea e de raízes. Substratos compostos por
mistura de casca de amendoim e areia na proporção de 25:75 % apresentaram melhor resposta à
incorporação da torta de algodão. A dose de 4,5 t/ha de torta de algodão se mostrou mais adequada
como fertilizante. Doses mais elevadas desta fonte de matéria orgânica podem promover consumo
de luxo pelas plantas e torna-se inviável pelos custos de produção
Palavras-chave: Ricinus communis, substratos orgânicos, adubação orgânica.
_______________________
1 Doutoranda em Produção Vegetal/UNESP, e-mail: [email protected]
2 Pesquisador da Embrapa Algodão, e-mail: [email protected]
3 Biólogo, Mestrando em Eng. Agrícola/UFCG
4 Estudante de Biologia/UEPB, estagiária da Embrapa Algodão
5 Bel. Estatística, Mestranda/UEPB
6 Dr. Em Agronomia, Pesquisador da Embrapa Algodão, e-mail: [email protected].
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II Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel
Realização: Universidade Federal de Lavras e Prefeitura Municipal de Varginha
1 INTRODUÇÃO
A produção de mudas de mamona é uma técnica que vem se expandindo gradativamente
entre os pequenos produtores de mamona. Sua principal vantagem é a eliminação da concorrência
das plântulas com as ervas daninhas e o melhor aproveitamento da umidade do solo, tendo em vista
que o inicio do desenvolvimento da parte aérea da mamoneira é muito lento no primeiro mês após o
plantio e que a estação chuvosa na Região Semi-árida é freqüentemente muito curta e irregular.
A adição de resíduos agrícolas ao solo é uma prática relativamente comum, principalmente
para a adubação de fruteiras (Negreiros et al., 2004), e outras culturas, favorecendo assim a
reciclagem dos nutrientes.
A incorporação de fontes de matéria orgânica ao solo, na forma de estercos animais ou de
restos culturais aumenta a capacidade de troca catiônica (Bataglia & Furlani, 2004), a
disponibilidade de nutrientes (Gomes & Silva 2004) e proporciona melhoria na estrutura física
(Negreiros et al., 2004), do solo, principalmente, pela redução da densidade aparente, aumento do
espaço poroso e da taxa de infiltração de água.
O uso de resíduos agrícolas, principalmente aqueles que apresentam quantidades expressivas
de nitrogênio (Bataglia & Furlani, 2004), como é o caso da torta de algodão, poderá contribuir com
o aumento da produtividade visto que as maiorias dos solos apresentam baixos teores de N total e
de matéria orgânica.
Neste contexto, esta pesquisa objetivou avaliar o crescimento de plantas de mamoneira
cultivadas em vasos em função da aplicação de doses de torta de algodão em duas composições de
substrato.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em casa de vegetação, na Embrapa Algodão, Campina Grande,
PB, no período dezembro a janeiro de 2005. Adotou-se delineamento em blocos ao acaso, com 3
repetições e 8 tratamentos em distribuição fatorial 5 x 2, sendo os fatores 5 doses de torta de
algodão (0; 1,5; 3,0; 4,5; 6,0 t/ha) e duas composições de substratos (areia misturada a casca de
amendoim e areia misturada a casca de fruto de mamoneira na proporção 1:1 v/v). A parcela
experimental foi constituída por um vaso, contendo uma planta cada.
Os substratos foram acondicionados em vasos plásticos com capacidade para 7 L. Foram
utilizadas sementes da cultivar BRS 149 Nordestina, a qual tem porte médio e boa adaptação ao
cultivo na região semi-árida. A semeadura foi realizada diretamente nos vasos. Aos 43 dias após a
emergência (DAE), determinou-se à altura, diâmetro caulinar, área foliar e matéria seca da parte
aérea e radicular.
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Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e análise de regressão para o fator
quantitativo. As médias dos valores qualitativos foram comparadas pelo Teste de Tukey (1%)
segundo Santos et al. (2003).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A aplicação de torta de algodão a composição dos substratos promoveu resposta quadrática
para o crescimento em altura, diâmetro caulinar, área foliar, massa seca de parte aérea e de raiz
(Figura 1).
A aplicação de doses de torta de mamona a composição do substrato promoveu crescimento
em altura da planta (Figura 1) quando comparado aos efeitos expresso na dose 0 para ambos os
substratos. Em ambas as composições do substrato verificaram-se um grande incremento no
crescimento da planta em altura na presença de doses mais baixas, atingindo crescimento máximo
na presença de doses intermediárias e tendência de estabilidade com as doses mais elevadas.
Considerando a aplicação da menor (1,5 t/ha) e da maior (6,0 t/ha) dose de torta de algodão
a composição do substrato foram incorporados cerca de 68 kg de N; 32,55 kg de P; 11,1 kg de K;
8,7 kg de Ca e 5,85 kg de Mg/ha; e de 272,5 kg/ha de N; 130,2 kg de P2O5; 44,4 kg/ha de K2O; 34,8
kg/ha de CaO e de 23,4 kg/ha de MgO respectivamente. Por outro lado se considerarmos que para
produzirmos 2 tonelada de bagas de sementes de mamoneira seriam necessários 80 kg/ha de N, 18
kg/ha de P2O5 e 32 kg/ha de K2O, 13 kg/ha de CaO e 10 kg/ha de MgO (Ferreira et al., 2004)
observa-se que a menor dose de torta utilizada nesta pesquisa (1,5t/ha) forneceria as quantidades
requeridas pela cultura, exceto o N, os quais para fornecê-lo adequadamente seriam necessários 2
t/ha do resíduo.
Em plantas cultivadas em substratos contendo misturas de areia e casca de amendoim bem
como areia e casca de frutos de mamoneira triturados, observou-se que o crescimento em área foliar
da mamoneira (Figura 1) aumentou de forma quadrática com as doses de torta de algodão. A área
foliar média foi cerca de três vezes maior do que a obtida na ausência da torta. Lima et al. (2004)
também verificaram diferenças significativas para crescimento em área foliar de mudas de
mamoneira produzida em substrato composto por 50% de areia e 50% de casca de amendoim. Estes
resultados poderão ser explicados em parte pela riqueza nutricional apresentada pela torta de
algodão, principalmente em relação ao N que é um elemento chave para o crescimento e expansão
dos órgãos, por participar da composição de aminoácidos, proteínas, clorofilas, dentre outras
moléculas.
5
3
30,00
2500,00 S2 = -31,582x 2 + 487,63x - 217,29 R2 = 0,9825
25,00
2000,00
Área foliar (cm2 )
Altura de planta (cm)
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20,00
15,00
10,00
5,00
S1 = -0,1695x 2 + 3,473x + 11,916 R2 = 0,9543
S2 = 0,0568x 2 + 1,3634x + 12,787 R2 = 0,928
1500,00
1000,00
500,00
0,00
0,00
0
1,5
3
4,5
6
S1 = -37,68x 2 + 594,77x - 194,33 R2 = 0,9171
0
7,5
Doses de torta de algodão (t/ha)
S1 = -0,1832x 2 + 4,4607x - 0,0337 R 2 = 0,8673
S2 = -0,1392x 2 + 3,2507x + 0,057 R 2 = 0,9531
Massa seca de raiz (g)
Massa seca de parte
aérea (g)
25,00
20,00
15,00
10,00
5,00
0,00
0
15,00
12,50
10,00
S1 = -0,2532x 2 + 3,4881x - 0,2477 R 2 = 0,8638
S2 = -0,1505x 2 + 2,5262x + 0,383 R 2 = 0,8881
7,50
5,00
2,50
0,00
0
1,5
3
4,5
6
7,5
Doses de torta de algodão (t/ha)
1,5
3
4,5
6
7,5
Doses de torta de algodão (t/ha)
1,5
3
4,5
6
Doses de torta de algodão (t/ha)
7,5
Figura 1. Efeitos da aplicação de matéria orgânica a base de torta de algodão a duas composições de
substrato no crescimento em altura (cm), diâmetro caulinar (mm), área foliar (cm2) e massa seca da
parte aérea e de raiz (g). Campina Grande, PB, 2004
Quanto ao crescimento da planta em massa seca de parte aérea e de raiz (Figura 1d e 1e),
observou-se resposta crescente em função das doses de torta, tanto para o substrato composto por
75% de areia e 25% de casca de amendoim (S1) bem como para o substrato composto por 75% de
areia e 25% se casca de fruto de mamona triturada (S2).
Comparando-se os valores correspondentes a menor e maior dose de torta de algodão
incorporada à composição dos substratos para a produção máxima de massa seca tanto de parte
aérea como de raiz verifica-se que a magnitude de resposta em ambos os substratos foi similar
recomendando-se o uso destas fontes de matéria orgânica para o cultivo de plantas de mamoneira e
composição de substratos. Por outro lado, este resultado pode ser explicado em parte pela
granulometria das partículas tanto da casca do amendoim como da casca de frutos de bagas de
mamona, que, possivelmente promoveram melhoria na estrutura física dos substratos facilitando a
aeração e trocas gasosas, e disponibilidade de nutrientes para o adequado crescimento das plantas
interagindo com as quantidades de torta de algodão aplicadas ao meio de cultivo.
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4 CONCLUSÕES
Na fase de crescimento da mamoneira, a aplicação de 1,5 a 2,0 t/ha de adubação orgânica a
base de torta de algodão, promoveu incremento significativos no crescimento em altura de planta,
diâmetro caulinar, área foliar, massa seca de parte aérea e de raiz.
A adição de casca de amendoim e casca de frutos moídos de mamona provocou aumento
significativo nas variáveis de crescimento da planta quando comparado a testemunha.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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com atividade química. In: BARBOSA, J. G.; MARTINEZ, H. E. P.; PEDROSA, M. W.;
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UFV, 2004.
FERREIRA, G. B.; SANTOS, A. C. M.; XAVIER, R. M.; FERREIRA, M. M. M.; SEVERINO, L.
S.; BELTRÃO, N. E. M.; DANTAS, J. P.; MORAES, C. R. A. Deficiência de fósforo e potássio na
mamona (Ricinnus communis L.); Descrição e efeito sobre o crescimento e a produção na cultura.
In: I CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, Campina Grande, PB, 2004. Anais... Campina
Grande, Embrapa Algodão, 2004. CD ROOM
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BARBOSA, J. G.; MARTINEZ, H. E. P.; PEDROSA, M. W.; SEDIYAMA, M. A. N. (Ed.).
Nutrição e Adubação de Plantas cultivadas em Substrato. Viçosa: UFV, 2004.
LIMA, R. L. S.; SEVERINO, L.S.; SILVA, M. I. L.; JERÔNIMO, J. F.; VALE, L.S.; PAIXÃO, F.
J. R.; BELTRÃO, N. E. M., Substratos para produção de mudas de mamona – 1 esterco bovino
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Campina Grande, PB, 2004. Anais... Campina Grande, Embrapa Algodão, 2004. CD ROOM
NEGREIROS, J.R.S.; ÁLVARES, V.S.; BRAGA, L.R.; BRUCKNER, C.H. Diferentes substratos
na formação de mudas de maracujazeiro-amarelo. Revista Ceres, v.51, n.294, p.243-345, 2004.
SANTOS, J. W.; GHEY, H. R. (Eds). Estatística experimental aplicada. Campina Grande:
Embrapa Algodão/UFPB, 2003. 213p.
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