Caro Aluno

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Abreviatura, abreviação e sigla / Maria Irma Hadler Coudry
Caro Aluno:
Essa atividade pós-exibição é a quarta, de um conjunto de 7 propostas,
que têm por base o segundo episódio do programa de vídeo Viagem ao
cérebro. As atividades pós-exibição são compostas por textos que
retomam os programas e encaminham sugestões de atividades a serem
realizadas por vocês. Recomendamos que elas sejam feitas após a
exibição em sala de aula desse episódio. No Portal do Professor você
encontrará um jogo interativo correspondente a esse mesmo episódio e
que trata dos mesmos temas das atividades.
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Abreviatura, abreviação e sigla / Maria Irma Hadler. Coudry
Atividade
Abreviatura, abreviação e sigla
Episódio
Disléxico? Eu não!
Programa
Viagem ao cérebro
TV, cine e MP3
O Português do Brasil, como toda língua falada, muda ao longo da história. Do mesmo
modo que algumas palavras acabam não sendo mais utilizadas, como os arcaísmos que
você viu em algumas das situações que Pedro e Carolina viveram, outras vão surgindo. A
língua é viva e se movimenta, mas como isso acontece?
Novos acontecimentos sociais, políticos, esportivos, científicos (descobertas em
diferentes áreas), culturais passam a fazer parte da sociedade e precisam ser referidos
pelos falantes por meio de palavras e expressões. Expressões que pelo uso ingressam na
língua. É o que se deu, por exemplo, com a palavra apagão que entrou para a língua para
nomear a falta de energia frequente ocorrida no Brasil todo, em 2001 e 2002.
Veremos, no Episódio III, Atividade 2, que há também diversos processos de formação de
palavras, como a prefixação e a sufixação, em que se acrescenta um prefixo ou um
sufixo a um radical, respectivamente. Por exemplo, no radical feliz podemos
acrescentar o prefixo –in, formando infeliz ou o sufixo – mente, formando felizmente.
Podemos também acrescentar um sufixo e um prefixo ao mesmo tempo em um único
radical, nesse caso, teríamos a palavra infelizmente. Além desses processos bastante
conhecidos, há outros que, apesar de usarmos com bastante frequência, às vezes nem
conhecemos seus nomes: abreviação, abreviatura e siglonimização.
A abreviação, bastante comum principalmente na fala, é um processo de redução pelo
qual se forma uma nova palavra eliminando uma parte dela: a palavra cinema ou cine
são, na verdade a palavra cinematógrafo reduzida. Algumas dessas palavras são tão
comuns que acabamos nem sabendo que na verdade são reduções de outra palavra. É o
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Abreviatura, abreviação e sigla / Maria Irma Hadler Coudry
caso de pneu, que poucas pessoas sabem que é uma palavra formada por meio da
redução de pneumático.
A abreviatura é a redução de uma palavra a uma letra ou mais que a representam: r.
por rua; av. por avenida; p. por página; TV por televisão; apto. por apartamento; entre
outros.
A siglonimização também é um processo de redução. Neste caso, ao invés de se eliminar
uma parte da palavra, transforma-se uma sequência de palavras em uma sigla. Esse
processo também é bastante comum em nossa língua. As siglas fazem parte de nosso
vocabulário de forma tão natural que muitas vezes nem sabemos o que elas significam.
Entre as siglas comuns temos: CPF (Cadastro de Pessoa Física), IPTU (Imposto Predial e
Territorial Urbano); ONU (Organização das Nações Unidas), etc.
É interessante notar que a partir dessas siglas se originam também outras palavras. Por
exemplo, a palavra petista, da sigla PT (Partido dos Trabalhadores).
Embora nos pareça quase automático, a formação da sigla não se dá de forma aleatória.
Ela segue uma regra de composição que, em geral, determina que seja formada pela
primeira letra de cada palavra do nome a ser siglonimizado, ou seja, reduzido a uma
sigla. Trata-se de uma sintaxe abreviada em que prevalecem os nomes, ficando de fora
de sua formação preposições, conjunções, artigos. Assim, a sigla cumpre sempre uma
função econômica.
Como nasce uma sigla e como ela se cristaliza?
Vimos que é a necessidade de nos referirmos aos acontecimentos da vida pública e
privada que regula o aparecimento da sigla. Só para continuar na esfera político-social e
econômica, as siglas se tornam nomes, alguns jamais esquecidos pelo efeito causado e
pelo tempo de sua permanência na sociedade: o decreto AI-5, em 1968 - Ato
Institucional de número 5 (Para Saber Mais veja o quadro Ditadura, no Tema Relações de
sentido, Episódio 3, onde também fazemos referência ao AI-5); a lei CPMF - Contribuição
Provisória sobre Movimentação Financeira que esteve em vigor de 1997 a 2007.
Chamamos a atenção para o fato de que o falante sabe o gênero (feminino ou masculino)
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Abreviatura, abreviação e sigla / Maria Irma Hadler. Coudry
da sigla em questão; embora não estejam expressas nela, palavras como imposto,
movimento, organização são tomadas como referência pelo falante. Fala-se: o RG
porque se recupera a palavra registro/documento; fala-se a AIDS, porque se tem em
mente a palavra doença; fala-se o MST (Movimento dos Sem Terra), prevalecendo o
gênero masculino da palavra movimento.
Assim como ocorreram cristalizações nas palavras cine e pneu, citadas inicialmente
nesse texto, a cada período de tempo outras siglas sofrem esse efeito e nos tempos
atuais podemos citar: ONG (Organizações Não Governamentais - representativas de
diferentes movimentos sociais da sociedade civil) e AIDS (Acquired Immunodeficiency
Syndrome) sigla composta pelas palavras em inglês que entrou para o léxico da língua
portuguesa, o mesmo se deu com DNA (Deoxyribonucleic Acid).
Porém, o efeito da sigla virar nome não é uma regra geral, algumas permanecem como
uma sequência de nomes de letras. Comumente são aquelas que apresentam sequências
de letras incomuns ao padrão da língua, por exemplo, IPVA (Imposto sobre a Propriedade
de Veículo Automotores); IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial
Urbana); INPS (Instituto Nacional da Previdência Social).
Como o cérebro sabe que está lidando com uma sigla?
Diante de uma sigla que apareça na leitura de um texto ou em placas na rua, o jovem ou adulto
leitor faz o reconhecimento visual das letras maiúsculas considerando tanto a possibilidade da
existência de um padrão diferente da língua (quando permanece como um conjunto de letras);
como da formação de uma palavra (Detran, Embrapa). Isso é possível porque a região
associativa das áreas posteriores do cérebro, a confluência Têmporo-Parieto-Occiptal (TPO) fica
muito mais ativada que outras áreas cerebrais. A decisão de selecionar as palavras-chave da
sigla é realizada na região anterior do cérebro, mais precisamente no córtex órbito-frontal
(COF). Outras informações ajudam na decifração da sigla como o contexto, a observação do
tema em questão, se existe imagem, o que vem depois, ou antes, da sigla. No caso do leitor
reconhecer as palavras, faz a checagem e está resolvido. Mas em caso de texto escrito, se não
conhecer a palavra, recorre à regra de uso da língua escrita que apresenta inicialmente a
palavra estendida sendo depois substituída pela sigla. No caso de uma placa ou de uma
edificação terá que pedir ajuda a alguém. Supondo nessa mesma situação tratar-se de alguém
que não saiba ler, então, as áreas cerebrais mais incitadas serão a do hipocampo porque essa
pessoa terá que evocar memória, lembranças de experiência própria ou partilhada em que esta
sigla esteve presente; bem como o lobo occipital que sintetiza a representação da imagem
visual e a recuperação pela memória da sigla, propriamente dita, será como a de um formato
de um desenho apropriado a um contexto.
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Abreviatura, abreviação e sigla / Maria Irma Hadler Coudry
Córtex Orbitofrontal
Lobo
Occiptal
Para saber mais sobre a confluência
das
regiões
têmporo-
parieto–
occiptais (círculo em vermelho) veja
o Tema Relações Lógico-Gramativcais
Autores:
Maria Irma Hadler Coudry (coordenadora)
Sonia Maria Sellin Bordin
Michelli Alessandra Silva
Giovana Dragone Rosseto Antonio
Ana Laura Gonçalves Nakazoni
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Abreviatura, abreviação e sigla / Maria Irma Hadler. Coudry
Exercício 1
O texto abaixo traz abreviações e siglas. Você já deve ter ouvido falar de várias delas,
mas nem sempre sabemos o que significam. Por isso, faça uma pesquisa e descubra o que
significa cada um dos termos abaixo destacados.
O Brasil não tem o melhor IDH do mundo. Na verdade estamos muito distantes de uma boa
qualidade de vida que atinja a maior parte da população. Mas a questão é: o que é qualidade
de vida? Uma pesquisa do IBOPE demonstrou que o brasileiro se preocupa muito mais com seu
carro ou com sua moto do que com outros gastos. O DETRAN afirma que o número de carros
está se tornando um problema para o país. A PM que geralmente é acionada para ajudar em
dias de congestionamento também concorda que o número de carros no Brasil está se tornando
crítico. Mesmo com gastos fixos e de valor elevado com gasolina, IPVA e manutenção, os
brasileiros dão prioridade para a compra de carro, muito mais do que de casa própria, ou
investimento em cultura ou em capacitação profissional, por exemplo. O MEC que o diga! A
educação sempre foi apontada como uma solução para aumentarmos nosso IDH, mas é difícil
competir com a obsessão dos brasileiros por carros. Hoje há até ONGs que propõem soluções
alternativas como andar de bicicleta ou ser caronista. Em algumas das principais capitais do
país essas ações são válidas, mas os adeptos ainda são muito poucos. O sonho do brasileiro
ainda é ter um carro, mesmo que não haja garagem para guardá-lo.
Exercício 2
Agora veja, abaixo, o anúncio de um imóvel publicado no caderno Classificados do jornal
campineiro Correio Popular (14 de Junho de 2009), e tente substituir as abreviaturas
pelas palavras que representam:
Bq. das Palmeiras
Térrea
3 dorms. (ste.), sala 2 ambs., coz. ampla, quintal gde para fazer
churrasq. e piscina. 490m²a.t.
Exercício 3
No vídeo (primeiro e terceiro episódios) também encontramos um exemplo de sigla. Qual
é, o que significa e qual sua função na história?
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