Psicodiagnóstico Infantil

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Psicodiagnóstico Infantil
Profª Dra. Rute Grossi Milani
Diagnóstico
Significa faculdade de conhecer,
discernimento.
O uso do termo varia:
Diagnóstico psicológico, psicodiagnóstico,
diagnóstico da personalidade, avaliação
psicológica...
Diagnóstico Compreensivo
Visa uma apreensão globalizante do ser
humano, entendido enquanto sujeito que
possui uma mente, uma realidade psíquica,
ao mesmo tempo em que se encontra
inserido numa rede de relações sociais.
Diagnóstico Psicológico
Visa compreender e dar continência ao
que se passa com o paciente (incluindo sua
família e às vezes outros contextos aos quais
pertence) a fim de proporcionar-lhe(s) o
encaminhamento que melhor atenda às suas
necessidades.
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Psicodiagnóstico Infantil
Tarefa complexa
Requer um modelo específico de
trabalho
Quem é o cliente do psicólogo no
processo de psicodiagnóstico
infantil?
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Atitude clínica
Permite estabelecer uma relação de
respeito e empatia com o cliente e
limita ou impede as transgressões
éticas, enquanto o psicólogo clínico
busca uma compreensão sobre o que
se passa com o cliente.
Condições Necessárias ao
Psicodiagnóstico:
Sua própria psicoterapia, seu conhecimento
teórico e sua prática clínica supervisionada
(TSU, 1983).
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Conhecimentos sobre Psicologia do
Desenvolvimento
Idade Escolar
Tarefas Evolutivas
- desempenho acadêmico
- ajustamento ao ambiente escolar
- capacidade de estabelecer relações sociais gratificantes
(ERIKSON, 1976)
Conhecimentos sobre Psicopatologia
Transtornos do sono: terrores noturnos,
sonambulismo, insônia
Transtornos da alimentação: inapetência,
anorexia, obesidade
Depressão
Tentativa de suicídio
Psicose
Neurose
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Conhecimento sobre Técnicas de
Avaliação Psicológica
Técnicas Projetivas
Testes Psicométricos
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Psicodiagnóstico Infantil
Sofrimento Psíquico Infantil
Difícil aceitação
Mito da infância feliz
Gera culpa nos pais
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Psicodiagnóstico Infantil
A criança se apresenta como emergente de
problemática relacional.
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O significado do sintoma
Sintomas são também mensagens a se
decodificar, são expressões distorcidas da
verdade de uma história.
Aquilo que não se diz, de alguma maneira se
manifesta.
“Aqueles cujos lábios se calam, falam com as
pontas dos dedos, traem-se por todos os poros”.
(Freud, 1905)
Passos do psicodiagnóstico
1. Contato inicial e primeiras entrevistas, visam
identificar o motivo da consulta (queixa), bem como
ansiedades, defesas, expectativas...
2. Levantamento das hipóteses iniciais
3. Planejamento da avaliação, seleção dos instrumentos
diagnósticos e aplicação.
4. Análise e integração dos dados levantados
5. Comunicação de resultados, orientação sobre o caso
e encerramento do processo.
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Passos do processo psicodiagnóstico
Formulação das perguntas básicas ou hipóteses:
Psicodiagnóstico parte de perguntas específicas
onde as respostas prováveis
HIPÓTESES
que serão confirmadas ou não
Perguntas:
Encaminhamento LEIGO:
Será que A não aprende por um problema psicológico?
Psicólogo:
Será que A apresenta uma limitação intelectual?
Será que A não aprende por interferência de problemas emocionais?
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Hipóteses:
Alternativas de explicação:
A tem um nível de inteligência fronteiriço
A tem um nível de inteligência normal, mas seu desempenho intelectual
atual está limitado, pois sofreu um trauma emocional recente
As HIPÓTESES serão testadas através do
psicodiagnóstico
Tarefa do psicológo: esclarecimento e organização
das questões do encaminhamento, embasamento
adequado a um exame, permitindo que o laudo sirva de
fundamento para decisões que devem ser tomadas.
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Perguntas iniciais
X
Há fatores psicológicos
associados à condição
médica?; Há algum
transtorno mental
associado?
Como a paciente reagiria à
situação cirúrgica?; A
paciente tem conflitos
relacionados com
dependênciaindependência?
Qual o prognóstico do
caso?; A paciente obtém
ganhos secundários a partir
de seus sintomas?
Objetivos do
psicodiagnóstico
Classificação nosológica
Entendimento dinâmico
Prognóstico e prevenção
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Estabelecimento de um plano de avaliação
Busca instrumentos adequados para fornecer
subsídios às respostas às perguntas iniciais.
Plano de avaliação: só é estabelecido após a
primeira entrevista, podendo também contar
com a exploração de outras fontes como:
resultados de exames médicos, fotografias,
diários, desenhos...
A testagem de uma hipótese pode ser realizada
com diferentes instrumentos
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Enquadramento
Define papéis, obrigações, direitos e
responsabilidades mútuas
Contrato de trabalho: comprometimento
de ambas as partes de cumprir certas
obrigações formais.
Permite perceber aspectos latentes da
conduta do entrevistado, dificuldades de
compreender e / ou respeitar o
enquadramento.
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Técnicas:
Entrevista clínica: principal recurso do
psicólogo
Observação clínica
Investigação clínica da personalidade
- Observação lúdica ou hora de jogo
- Procedimento de desenhos-estórias
Testes psicológicos
Entrevista
A conduta total se manifesta na entrevista, é
um fenômeno que se atualiza entre pessoas.
Observação apurada de tudo que emerge no
campo relacional
A Entrevista Inicial com os Pais
Motivo da Consulta
Anamnese (História da Criança)
Ferramenta básica de trabalho:
Uso instrumental da relação psicólogo-cliente
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Nosso interesse não está em captar a
“agressividade em si mesma” de uma
criança, entendida como uma qualidade
interior que aflora em alguns momentos, mas
em investigar esse fenômeno nas condições
relacionais em que ocorre.
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Relação Psicólogo-Cliente
Dissociação Instrumental:
Em parte, permanece mergulhada na relação
como uma identificação projetiva com o
entrevistado.
Em parte, permanece fora desta identificação,
observando e controlando o que ocorre para
graduar o impacto emocional e compreender o
que está ocorrendo na relação.
Seleção de Provas Psicológicas
A Hora de Jogo
Procedimento de Desenhos Estorias ( Trinca,
1991);
C.A.T. – Teste de Apercepção Temática
Infantil- Figura de Animais ( Bellak & Bellak,
1971)
Exames Clínicos, se necessários
Trinca (2013) – Vetor Editora
Foi submetido à apreciação
dos órgãos competentes do
Conselho Federal de
Psicologia (CFP), não tendo
sido considerado teste
psicológico.
Desse modo, fica mantido
para o Procedimento um
lugar reconhecido na
psicologia brasileira.
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PROCEDIMENTO DE DESENHOSESTÓRIAS (D-E)
O Procedimento de Desenhos-Estórias foi introduzido por Walter
Trinca, em_1972.
É um instrumento de investigação clínica da personalidade.
Não é um teste psicológico, mas um meio auxiliar de conduzir o
exame psicológico.
No diagnóstico psicológico, ele ocupa uma posição intermediária
entre os testes projetivos gráficos e temáticos e as entrevistas
semi e não- estruturadas.
Constitui-se na reunião de processos expressivos-motores
(desenho livre) e processos aperceptivos-dinâmicos
(verbalizações temáticas). Inclui, ainda, associações dirigidas do
tipo "inquérito".
Oferece maior amplitude de informações com menor segurança
estatística, diferenciando-se, pois, dos chamados testes
objetivos.
PROCEDIMENTO DE DESENHOSESTÓRIAS (D-E) - APLICAÇÃO
A técnica de aplicação é bastante simples.
Solicita-se que ele realize seguidamente uma série de cinco
desenhos livres (cromáticos ou acromáticos), cada qual sendo
estímulo para que conte uma estória, associada livremente logo
após a realização de cada desenho.
Tendo concluído cada par desenho-estória, o examinando segue
fornecendo esclarecimentos (fase de "inquérito") e o título.
Destina-se a sujeitos de ambos os sexos, que podem pertencer
a quaisquer níveis mental, sócio-econômico e cultural. A faixa
etária poderia ser estendida a crianças de três e quatro anos,
bem como a adultos de todas as idades.
PROCEDIMENTO DE DESENHOSESTÓRIAS (D-E) – APLICAÇÃO (2)
Para a aplicação, coloca-se uma folha de papel na posição
horizontal, com o lado maior próximo do sujeito.
Solicita-se ao examinando que faça um desenho livre: "Você tem
essa folha em branco e pode fazer o desenho que quiser".
Quando estiver concluído, não é retirado da frente do sujeito. O
examinador solicita, então, que conte uma estória associada ao
desenho: "Você, agora, olhando o desenho, pode inventar uma
estória, dizendo o que acontece".
Na eventualidade de o examinando demonstrar dificuldades de
associação e de elaboração da estória, pode-se introduzir
recursos auxiliares, dizendo-lhe, por exemplo: "Você pode
começar falando a respeito do desenho que fez".
PROCEDIMENTO DE DESENHOSESTÓRIAS (D-E) – APLICAÇÃO (3)
Concluída, no primeiro desenho, a fase de contar estórias,
passa-se ao "inquérito".
Ainda com o desenho diante do examinando, pede-se o título da
estória.
Nesse ponto, retira-se o desenho da vista do examinando. Com
isso, temos concluída a primeira unidade de produção.
Pretende-se conseguir uma série de cinco unidades de
produção. Assim, concluída a primeira unidade, repetem-se os
mesmos procedimentos para as demais unidades.
Na eventualidade de não se obterem cinco unidades em uma
única sessão de 60 minutos, é recomendável combinar o retorno
do examinando a uma nova sessão de aplicação.
Pressupostos Teóricos
Fundamentação em teorias e práticas da Psicanálise, das técnicas
projetivas e da entrevista clínica.
a) Quando a pessoa é colocada em condições de associar livremente,
essas associações tendem a se dirigir para setores nos quais a
personalidade é emocionalmente mais sensível.
b) A pessoa pode revelar seus esforços, disposições, conflitos e
perturbações emocionais ao completar ou estruturar uma situação
incompleta ou sem estruturação.
c) Diante de estímulos incompletos ou pouco estruturados, há uma
tendência natural de o sujeito realizar uma organização pessoal das
respostas, desde que para isso tenha liberdade de composição.
Pressupostos Teóricos
d) Quanto menos diretivo e estruturado for o estímulo, maior
será a probabilidade do aparecimento de material pessoal
significativo.
e) Havendo setting adequado, o cliente pode, nos contatos
iniciais, comunicar os principais problemas, conflitos e distúrbios
psíquicos que o levaram a procurar ajuda.
f) No atendimento psicológico, os desenhos e as fantasias
aperceptivas são modos preferenciais de comunicação da
criança e do adolescente do que a comunicação verbal direta.
g) Quando o sujeito realiza determinada seqüência, em
repetição, de provas gráficas ou temáticas, ocorre um fator de
ativação dos mecanismos e dinamismos da personalidade,
alcançando-se maior profundidade e clareza.
Processo diagnóstico de
TIPO COMPREENSIVO
Visa: “encontrar um sentido para o conjunto das
informações disponíveis, tomar o que é relevante e
significativo na personalidade, entrar empaticamente em
contato emocional e, também, conhecer os motivos
profundos da vida emocional de alguém.” (TRINCA,
1984, p.15)
Visão integradora da mente
NOTÍCIA HISTÓRICA
Influência da psicanálise – visão da pessoa como
totalidade indivisível
Surgimento dos testes projetivos
Necessidade de flexibilizar o processo diagnóstico:
TAT, CAT, inquéritos nos testes gráficos
O Procedimento de Desenhos-Estórias surge nesse
contexto, juntamente com a hora de Jogo
Diagnóstica e o Jogo de Rabiscos
Impõe-se o uso do processo diagnóstico de tipo
compreensivo.
Vantagens do Procedimento D-E
Economia de materiais
Facilidade e rapidez de aplicação,
Adaptabilidade às necessidades de comunicação
do examinando,
Intervenção urgente como medida preventiva,
Abrangência de utilização clínica
Permite uma reinscrição de angústias pregressas,
que são indicadas por focos profundos
fomentadores de perturbações
Procedimento de Desenhos de família
com Estórias DF-E
Walter Trinca, 1978.
O examinando realiza uma série de quatro desenhos de família
(cromáticos ou acromáticos), cada qual sendo estímulo para que
conte uma estória associada livremente logo após a realização
de cada desenho.
Tendo concluído o desenho e a respectiva estória, o sujeito
segue fornecendo esclarecimentos (fase de "inquérito") e o
título.
Instrução e ordem no processo de aplicação:
a) "Desenhe uma família qualquer";
b) "Desenhe uma família que você gostaria de ter";
c) "Desenhe uma família em que alguém não está bem";
d) "Desenhe a sua família".
Procedimento de Desenhos de família
com Estórias DF-E
Têm como fator nuclear as perturbações e os conflitos
emocionais relacionados à dinâmica da família.
O DF-E tem por finalidade a detecção de processos e conteúdos
psíquicos de natureza consciente e inconsciente, relacionados
aos objetos internos e externos que dizem respeito à dinâmica
da família.
Espera-se que sejam postos em evidência, os conflitos
psíquicos, as fantasias inconscientes, as angústias atuais e
pregressas, as defesas e outros componentes das forças
emocionais, relacionados às relações familiares.
Aplicação é recomendada quando o profissional percebe que as
dificuldades emocionais têm relação com os conflitos e os
fatores familiares presentes no mundo interno e/ou no mundo
externo do examinando.
Materiais...
Materiais
empregados:mesa
baixa
–
brinquedos
de
madeira
–
bonecos
representando adultos e crianças – caminhões –
carros – charretes – trens – animais –cubos e
casas – papel – lápis – tesoura.
Material de uso simbólico: pia com água
corrente – esponjas – copo de vidro – pratinhoscolheres – papel - lápis de cor – giz de cera –
cola – massa de modelar, argila, porcelana fria.
A Técnica...
Jogos – discutir as regras externas e incluir as
definidas pelo terapeuta e cliente (para não
limitar a criatividade);
Salas:- sem tapetes ou que sejam fáceis de
lavar – mesa (fórmica) e cadeiras - janelas com
proteção.
Brinquedos:- guardados (no armário), em caixa
individuais para cada criança. Reaberto na
presença da criança (confiança, sigilo).
Sobre os Brinquedos...
A criança de 5 a 10 anos prefere brincar de
representar papéis: de professor e aluno;
médico e paciente; balconista, diretor,etc..
Os brinquedos são monótonos e podem se
repetir por semanas, mas é preciso aprofundar
os detalhes de um brinquedo e os motivos que
levam a criança a mudá-lo para alcançar as
motivações inconscientes.
Relação do Psicólogo com os Pais
É indispensável certa confiança entre psicólogo
e pais devido à dependência da criança;
A neurose da criança traz culpa aos pais e a
busca pela análise prova sua responsabilidade
na etiologia da doença;
É-lhes penoso abordar sobre a intimidade da
família a um estranho.
Formulação Diagnóstica
Apresenta sintomatologia sugestiva de psicopatologia?
Explicar a dinâmica individual: a incidência da história de
vida no estado atual do paciente, principais conflitos.
Analisar a incidência do grupo familiar sobre a
problemática atual
Avaliação das condições egóicas
Relações interpessoais
Mecanismos defensivos
Controle dos impulsos
Regulação da auto-estima
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Avaliação Prognóstica
Elementos para um prognóstico favorável:
Início recente e agudo do sofrimento
Leveza e limitação da patologia
Condições favoráveis do meio familiar e social
Ego com funções básicas em bom estado,
capacidade de estabelecer boas relações objetais
Alto grau de motivação para o tratamento
Capacidade de insight
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Classificação diagnóstica - LAUDOS
CID-10 e DSM-IV
DSM-IV
Eixo I: inclui todos os transtornos mentais
Eixo II: Transtornos de Personalidade e
Retardamento Mental
Eixo III: condições médicas gerais, que podem
estar relacionadas
Eixo IV: problemas psicossociais
Eixo V: nível de funcionamento
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Comunicação dos resultados
É definida pelos objetivos do exame
Seguida apenas pelas indicações terapêuticas e
recomendações
O conteúdo das comunicações pode variar em
especifidade, profundidade e extensão, dependendo do
receptor
Com os pais, deve-se criar um compromisso com o
desenvolvimento do pequeno paciente.
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Concluindo
Aprender o psicodiagnóstico é...
“a aprendizagem da sintonia, da capacidade de
ver e de ouvir os outros e a si;
às vezes, é simples
às vezes, muito complicado.
É pensar e sentir, sentir e pensar, chegar e
aproximar-se mais dos outros e de si.”
Referências
Arzeno, M. E. G. (1995). Psicodiagnóstico clínico: Novas contribuições. Porto Alegre,
RS: Artes Médicas.
Bleger, J. (1974). Temas de psicologia. Buenos Aires, Argentina: Nueva Visión.
Ocampo, M. L. S., et al. (1981). O processo psicodiagnóstico e as técnicas
projetivas. São Paulo: Martins Fontes.
Trinca, W. (1983). O pensamento clínico em diagnóstico da personalidade.
Petrópolis, RJ: Vozes.
Trinca, W. (Org.). (1984). Diagnóstico psicológico: A prática clínica. São Paulo:
EPU.
Tsu, T. M. J. A. (1984). A relação psicólogo-cliente no psicodiagnóstico infantil. In: W.
Trinca, Diagnóstico psicológico: A prática clínica. São Paulo: EPU. Cap. 4, p. 3450.
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