UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS Núcleo de Engenharia Térmica e Fluidos (SEM0403) Álgumas palavras sobre as Equações de Navier-Stokes As equações de Navier-Stokes foram derivadas inicialmente por M. Navier em 1827 e por S.D. Poisson em 1831, baseando-se num argumento envolvendo considerações de forças intermoleculares. Mais tarde as mesmas equações foram derivadas sem o uso de nenhuma dessas hipóteses por B. de Saint Vernant em 1843 e por G.G. Stokes em 1945. Suas derivações foram baseadas na hipótese de que as tensões normais e cisalhantes são funções lineares da taxa de deformação, em conformidade com a mais antiga lei da viscosidade de Newton. Considerando que a hipótese da linearidade é evidentemente completamente arbitrária (chute mesmo), não é “a priori” certo que as equações de N-S oferecem uma descrição verdadeira do movimento de um fluido. É necessário, conseqüentemente, verificá-las experimentalmente. As enormes dificuldades matemáticas encontradas quando resolvendo as eqs. de N-S tem até o presente nos impedido de obter uma solução analítica única na qual os termos convectivos interagem genericamente com os termos viscosos (The Millennium Problems, prêmio: 1 milhão de dólares, Mathematics Institute of Cambridge, Massachusetts). Entretanto, soluções conhecidas, tais como escoamento laminar através de duto circular, bem como escoamentos de camada limite, concordam tão bem com os experimentos que a validade geral das equações de N-S mal pode ser posta em dúvida UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS Núcleo de Engenharia Térmica e Fluidos (SEM0403) Equação Diferencial da Conservação da Quantidade de Movimento Aplica-se a 2a lei de Newton a uma partícula de fluido infinitesimal de massa dm. Recapitulando: a 2a lei de Newton para um sistema finito é dada por: dP F= dt sistema onde a q.d.m. do sistema é dada por: Psistema = ∫ Vdm massa ( sistema ) Então, para um sistema de massa infinitesimal, dm, a 2a lei de Newton pode ser escrita: dV dF = dm dt sistema Utilizando a derivada substancial, podemos escrever a 2a lei de Newton em um campo de velocidades da seguinte forma: ∂V DV ∂V ∂V ∂V dF = dm = dm u +v +w + (1) Dt ∂y ∂z ∂t ∂x UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS Núcleo de Engenharia Térmica e Fluidos (SEM0403) Forças atuando em uma partícula fluida Tipos de forças: • forcas de campo, FB •forças de superfície, Fs: •Forças normais, σ •Forças Tangenciais, τ Vamos considerar a componente x da força atuando num elemento diferencial de massa, dm, e volume, dxdydz. As tensões no centro do elemento diferencial são tomadas σ τ τ como xx , yx , zx. As tensões agindo na dir. x em cada face do elemento são mostradas na Fig. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS Núcleo de Engenharia Térmica e Fluidos (SEM0403) Tensões na direção x atuando em uma partícula de fluido (quadro negro) UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS Núcleo de Engenharia Térmica e Fluidos (SEM0403) Equação diferencial da quantidade de movimento para qualquer fluido que satisfaça a hipótese do contínuo (2) UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS Núcleo de Engenharia Térmica e Fluidos (SEM0403) Equação da Quantidade de Movimento para Fluidos Newtonianos: Para fluido Newtoniano, a tensão viscosa é proporcional à taxa de deformação angular; para coordenadas retangulares, as equações constitutivas são dadas por: Obs.: para placas planas, paralelas, infinitas, a superior movendo-se com velocidade constante: du τ yx = µ dy Obs.: Num sistema hidrostático, ou seja, o fluido estando em descanso: σ xx = σ yy = σ zz = − p sendo p a pressão termodinâmica As equações acima constituem uma afirmação geral da Lei de Newton da Viscosidade, aplicadas para situações de escoamento complexas com o fluido escoando em todas as direções UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS Núcleo de Engenharia Térmica e Fluidos (SEM0403) Substituindo as expressões para as tensões na equação diferencial da quantidade de movimento (Eq. 2) , temos: Estas são as equações gerais diferenciais da quantidade de movimento para fluido Newtoniano ou equações de NavierStokes para fluido com densidade e viscosidade variáveis. Estas equações, juntamente com a equação da continuidade, a equação de estado, a equação da energia e conhecendo-se a lei empírica da viscosidade e as condições de contorno e condições iniciais, determinam completamente a pressão, densidade, temperatura, viscosidade e componentes da velocidade em um escoamento de um fluido (7 eqs. para 7 incógnitas: u, v, w, p, ρ, T, µ). UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS Núcleo de Engenharia Térmica e Fluidos (SEM0403) Escoamento incompressível e viscosidade dinâmica constante As equações de Navier-Stokes podem ser simplificadas quando ρ = cte. ( ∇ ⋅ V = 0 ) e µ = cte. (variação da viscosidade desprezível). Nestas condições as equações ficam sendo: (Obs.: juntamente com a continuidade são 4 eqs. para 4 incógnitas: u, v, w e p): Em notação vetorial, as equações de Navier-Stokes assumem a seguinte forma: DV ρ Dt massa por unidade de volume vezes aceleração (termos convectivos ou de transporte de q.d.m.) = ρ g , força gravitacional por unidade de volume (força de campo) − ∇ ,p + força de pressão por unidade de volume (força de superfície) µ V ∇ 2 força viscosa por unidade de volume (termo de difusão de q.d.m.) Para escoamentos invíscidos (µ = 0), chega-se à famosa equação de Euler, derivada em 1755: DV = ρg − ∇p ρ Dt E da equação de Euler, chega-se à eq. de Bernoulli. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS Núcleo de Engenharia Térmica e Fluidos (SEM0403) Exemplo 1 Simplifique a equação de Navier-Stokes para a componente x para um escoamento permanente em um canal horizontal e retangular, supondo todas as linhas de corrente paralelas às paredes. considere a direção x como a direção do escoamento (Fig.)