INFLUÊNCIA DO MANEJO DO SOLO NO DESENVOLVIMENTO E

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INFLUÊNCIA DO MANEJO DO SOLO NO DESENVOLVIMENTO E
PRODUTIVIDADE DA SOJA EM AMBIENTES DE VÁRZEA
Miguel Chaiben Neto(1), Estevan Butzke Pydd(2), Juliane Silveira Fonseca(2), Paula de
Souza Cardoso(2), Rafael Ziani Goulart(3)
(1)
Estudante do curso de Engenharia Agrícola, bolsista pelo programa PAIC-ES; Universidade federal do Pampa/ Instituto
Federal Farroupilha; Alegrete, RS; ([email protected]);
(2)
Estudante do curso de Engenharia Agrícola; Universidade federal do Pampa/Instituto Federal Farroupilha; Alegrete, RS;
(3)
Orientador; Instituto Federal Farroupilha, campus Alegrete;
RESUMO: O Rio Grande do Sul possui aproximadamente 2 milhões de hectares destinados a cultura do arroz irrigado,
que não são cultivados anualmente. O aumento da infestação de plantas daninhas e a necessidade de produção, tem
incentivado o uso de rotação de culturas nessas áreas, em especial o uso da cultura da soja, por ser uma cultura de
fácil comercialização. No entanto, o ambiente hidromórficodas das várzeas pode ser prejudicial ao desenvolvimento da
soja, a utilização de manejos que possam propiciar uma melhor condição de solo, proporcionará um desenvolvimento
adequado da cultura da soja. O teor de clorofila encontrado na planta é um indicativo de como esta o ambiente para o
desenvolvimento da raiz, sendo que o teor de clorofila esta relacionado com a taxa fotossintética da planta. Este
trabalho tem o objetivo de avaliar os teores de clorofila encontrados nas plantas sob diferentes manejos de solo e
relacioná-los com a produtividade de grãos. O delineamento utilizado foi o de blocos ao acaso com três tratamentos e
quatro repetições, os tratamentos utilizados foram: T1-convencional, T2-camalhão e T3-escarificado. O tratamento T3
foi o único que diferiu significativamente e positivamente dos demais, tanto em teor de clorofila na folha, quanto em
produtividade.
Palavras-Chave: teor de clorofila, fotossíntese, alagamento, rotação de culturas.
INTRODUÇÃO
O estado do Rio Grande do Sul possui aproximadamente 3 milhões de áreas de várzea destinadas a
cultura do arroz irrigado, sendo cultivados anualmente cerca de 1 milhão de ha com arroz irrigado e o
restante dessas áreas são subutilizadas (VERNETTI et al., 2009). A rotação de culturas pode ser uma
alternativa para as mesmas, e o uso de culturas como a soja, que além de ser uma commodity de fácil
comercialização, na rotação com o arroz irrigado auxilia na redução da infestação por plantas daninhas
dessas áreas. No entanto, o ambiente hidromórfico das áreas é prejudicial ao desenvolvimento de culturas
típicas de sequeiro.
O uso de manejos de solo diferenciados ao convencional onde a área é apenas sistematizada com o
uso de uma remaplan, como uma escarificação prévia, ou a semeadura em camalhões, pode melhorar o
ambiente para o desenvolvimento das raízes, promovendo uma melhor aeração (MARCHESAN et al.,2013).
Uma característica das áreas cultivadas com arroz irrigado é a presença de uma camada compactada
em subsuperfície, fator este que pode ocasionar a falta de oxigênio na zona radicular, impedimento físico ao
desenvolvimento das raízes, além da redução da condutividade hidráulica nessa camada e aumento do
período de encharcamento solo (GOMES et al., 2001). O índice de clorofila foliar reflete o ambiente sob o
qual a raíz da planta está submetida, e se a mesma encontra algum fator limitante para seu
desenvolvimento (AMARANTE et al.,2007), o teor de clorofila esta diretamente relacionado a disponibilidade
de Nitrogênio, para a soja o N é disponibilizado através da fixação biológica pelos Rizobios, em ambientes
alagados essa fixação pode ser reduzida prejudicando o desenvolvimento da cultura (JUNIOR, 2013).
Diante desse parâmetro o presente trabalho tem o objetivo de avaliar os teores de clorofila
encontrados nas plantas de soja sob as condições de solo geradas a partir dos diferentes manejos
empregados e sua resposta em produtividade de grãos.
METODOLOGIA
O experimento foi conduzido no município de Alegrete, região fisiográfica da Fronteira Oeste do
estado do Rio Grande do Sul (RS). A área experimental localiza-se na Agropecuária Nemitz, a uma altitude
de 79 metros, latitude 29°39’19.87”S e longitude 55°25’55.44”O. O clima da região, segundo a classificação
de KÖEPPEN (MORENO, 1961) é do tipo cfa-subtropical úmido, sem estação seca e com temperaturas
médias em 14,3°C no período do inverno e 26,3°C no período do verão, com uma precipitação anual média
de 1400 mm. O solo da área experimental é classificado como Gleissolo Melânico, segundo o Sistema
Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 2006).
A área experimental foi disposta sob o delineamento experimental de blocos ao acaso com três
tratamentos e quatro repetições, os manejos de solo utilizados foram: T1 - Convencional, onde a área foi
sistematizada com uma remaplam, e após realizada a semeadura; T2 - Camalhão, após a sistematização
Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa
da área a semeadura foi realizada com uma semeadora camalhoneira; T3 – Escarificado, com a área
sistematizada, o solo foi escarificado e logo após foi realizado a semeadura.
Em cada parcela do experimento foi coletado o teor de clorofila das plantas de soja, sendo coletado
aleatoriamente de dez plantas em cada parcela. As plantas estavam no estágio vegetativo V6 e as folhas
utilizadas foram do terço superior da planta. Os teores de clorofila foram obtidos com o uso de um
clorofilomentro que utiliza um método não destrutivo para medir o teor de clorofila. Para a produtividade de
grão foram coletados dez metros lineares em cada parcela, os grãos coletados foram pesados e a partir
desse peso, foi calculada a produtividade para (sc/ha). Os dados obtidos foram analisados no software
estatístico SASM.Agri, e foram submetidos ao teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A tabela 2, mostra os resultados obtidos com o teor de clorofila encontrado nas folhas e sua resposta
na produtividade da cultura da soja.
Tabela 2: Teor de clorofila na folha e produtividade de grãos da cultura da soja submetida a diferentes
manejos de solo. Alegrete-RS, 2015.
Manejos de solo Teor de Clorofila Produtividade (kg/há)
T1
36,4 b
44,45 b
T2
37,0 b
44,56 b
T3
39,4 a
54,83 a
CV(%)
2,62
8,86
Fonte: Elaborado pelo autor
Médias seguidas das mesmas letras não diferiram significativamente entre-si para o teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.
Para os teores de clorofila os tratamentos T1 e T2 não diferiram entre-si, e produziram
aproximadamente 44 (sc/há), os menores valores de teores de clorofila indicam uma menor taxa
fotossintética e uma possível dificuldade de nodulação devido ao ambiente hidromórfico. O tratamento T3
produziu 10 (sc/há) a mais e obteve um maior índice de clorofila, diferindo significativamente dos demais.
Essa diferença de produtividade se deve a intervenção do manejo de solo, que proporcionou um
ambiente favorável na zona radicular das plantas devido a remoção da camada compactada, propiciando
uma melhor aeração e um menor tempo com o solo na condição de saturação, facilitando a nodulação e
absorção dos nutrientes, favorecendo o desenvolvimento da cultura.
CONCLUSÕES
O teor de clorofila encontrado nas folhas é um ótimo indicador de seu desenvolvimento, pois está
diretamente relacionado à absorção de nitrogênio pela planta, que no caso da soja é fixado pelo rizóbio, em
ambientes com umidade elevada a fixação biológica é reduzida. Para um melhor desenvolvimento da
cultura da soja em solos de várzea a remoção da camada compactada se mostrou eficiente e proporcionou
um ambiente favorável ao desenvolvimento da cultura da soja. Fator este que justifica a maior produtividade
para o tratamento escarificado.
REFERÊNCIAS
a. Periódicos:
AMARANTE et al. Teores de Clorofilas em Soja Associada Simbioticamente com Diferentes Estirpes de
Bradyrhizobium sob Alagamento. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 2, p. 906-908, jul. 2007
GOMES, et al. Influência da Descompactação do Solo em Subsuperfície e do Espaçamento Entre Linhas Sobre o
Desempenho da Soja em Área de Várzea, 2001
JUNIOR, J. A. L. Avaliação de Cultivares de Soja Semeadas em Solos de Várzea com e sem Sistema de
Camalhões, Universidade Federal da Grande Dourados, 2013.
VERNETTI, F. J. J.; GOMES, A. S.; SCHUCH, L. O. B. Sucessão de culturas em solos de várzea implantadas nos
sistemas plantio direto e convencional. Revista Brasileira de Agrociência, Pelotas, v.15, n.1-4, p.37-42, jan-dez, 2009
b. Livro:
MORENO, José Alberto. 1961.Clima do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Secretaria da Agricultura, 42p. 1961
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos.
Sistemabrasileiro de classificação de solos. 2.ed. Rio de Janeiro, 2006. 306p
c. TrabalhoemAnais:
MARCHESAN, et al. Resposta de sistemas de implantação na resistência mecânica do solo a penetração e na
produtividade de soja em área de várzea. Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado, VIII, Santa Maria, RS, 2013.
Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa
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