7025 - UFRB

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Dermatite por poxvírus em jacarés-do-pantanal, Mato Grosso.
Cardoso, K.G.M., Moraes, L.G., Dias, G.B.G., Lima, S.R., Silva, L.A., Ducatti, K.R., Colodel, E.M., Pescador, C.A.
Autor correspondente: [email protected] (Pescador, C.A.). Laboratório de Patologia Veterinária, HOVETUFMT, Av Fernando Correa da Costa sn, CEP78060-900, Cuiabá, MT.
PALAVRAS-CHAVE: Caiman, lesões de pele, Mato Grosso.
INTRODUÇÃO: Dermatopatias infecciosas podem ser fatores limitantes da produção de pele de crocodilianos,
uma vez que causam escoriações irreversíveis, depreciam o produto e diminuem seu valor comercial [2]. Caiman
poxvirus e Crocodilo pox vírus são patógenos que infectam crocodilianos jovens, produzindo ulcerações cinza ou
cinza-esbranquiçadas localizadas na boca e na pele [5]. Surtos desta doença foram relatados nos Estados Unidos
[4], Brasil [8] e Africa do Sul [6]. Durante um surto, uma grande parte de animais em uma unidade de criação
pode ser afetada. Em boas condições de criação a recuperação é espontânea, mas pode durar seis semanas ou
mais. Não há tratamento específico disponível. A prevenção se baseia na higiene rigorosa e criação em ambiente
livre de estresse [6]. Neste trabalho relatamos a ocorrência de um surto de dermatopatia infecciosa em jacarésdo-pantanal (Caiman yacare), em Mato Grosso.
MATERIAL E MÉTODOS: O surto foi observado em setembro de 2013, em jacarés com até seis meses de idade
em um criatório localizado na microrregião do Alto Pantanal. Os jacarés eram alimentados com uma mistura
triturada de pulmão e baço de bovinos. Foram necropsiados quatro jacarés de três meses de idade. Fragmentos
de diversos órgãos foram coletados e fixados em formalina a 10% para exame histopatológico. Fragmentos de
pele também foram fixados em glutaraldeído 2,5% e posteriormente enviados ao Laboratório Regional de
Diagnóstico da Universidade Federal de Pelotas para microscopia eletrônica de transmissão.
RESULTADOS: Os jacarés necropsiados apresentavam baixo escore corporal. Na pele foram observadas
ulcerações branco-acinzentadas, de 1 a 5 mm de diâmetro, por vezes coalescentes, ao longo do corpo. Ao exame
histopatológico observou-se hiperplasia de queratinócitos, alguns com degeneração hidrópica com aspecto
baloniforme e corpúsculos de inclusão intracitoplasmáticos eosinofílicos. Não foram observadas alterações nos
demais órgãos. Na microscopia eletrônica foram observadas formações globosas intra-citoplasmáticas de vários
tamanhos, nos queratinócitos, contendo grande quantidade de partículas virais constituídas por porção
nucleóide mais eletrodensa envolvida por duas membranas.
DISCUSSÃO E CONCLUSÃO: Os achados macroscópicos e histopatológicos são compatíveis com os descritos na
literatura [1,7]. A microscopia eletrônica confirmou a presença de partículas virais com morfologia típica de
poxvírus nas inclusões intracitoplasmáticas. A fonte de infecção neste surto não foi determinada, mas a ausência
de doença aparente nos animais mais velhos pode indicar que era endêmica no criatório, sendo mantido como
infecção persistente em portadores. A multiplicação e derramamento do vírus em tais animais podem ocorrer em
condições de stress [8]. Surtos de infecção por poxvírus são susceptíveis de afetar negativamente a produção de
carne e qualidade das peles [3]. A produção de jacarés está desenvolvendo-se como uma atividade econômica
promissora no centro-oeste do Brasil, por isso, é importante que os produtores e veterinários se familiarizem
com a doença e as medidas necessárias para o seu controle.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1. Ariel, H. 2011. Viruses in reptiles. Vet. Res. 42:100.
2. Buenviaje, G.N., et al. 1998. Pathology of skin diseases in crocodiles. Aust. Vet. J. 76(5):357-363.
3. Fernandes, V.R.T. Caracterização e processamento da carne de jacaré-do-pantanal (Caiman yacare):
composição físico-química e rendimento. Maringá, 2011. 129p. [Dissertação, programa de pósgraduação em zootecnia da Universidade Estadual de Maringá – UEM].
4. Jacobson, E.R., et al. 1979. Poxlike skin lesions on captive caimans. J. Am. Vet. Med. Assoc. 175(9):937940.
5. Huchzermeyer, F.W. 2002. Diseases of farmed crocodiles and ostriches. Rev. sci. tech. Off. int. Epiz
21(2):265-276.
6. Huchzermeyer, F.W. et al Observations on a field outbreak of pox virus infection in young nile crocodiles
(Crocodylus niloticus). J. S. Afr. Vet. Assoc. 62(1):27-29, 1991.
7. Matushima, E.R., Ramos, M.C.C. Algumas patologias na criação de jacarés no Brasil. In: Larriera, A. y
Verdade, L. M. La conservación y el manejo de caimanes y crocodilos de América Latina. 1.ed. v.1. Santa
Fé: Fundación Banco Bica, 1995. p.171-187.
8. Ramos, M.C.C., et al. 2002. Poxvirus dermatitis outbreak in farmed Brazilian caimans (Caiman crocodilus
yacare). Aust. Vet. J. 80(6):371-372.
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