Material Suporte: Calagem e adubação em pastagens

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6. Estabelecimento, práticas corretivas e adubação de pastagens
6.1 Introdução
O Brasil possui o maior rebanho comercial do mundo distribuído em cerca de 196
milhões de há de pastagens, a qual se constitui na principal fonte de alimentação dos
ruminantes. Contudo, grande parte das pastagens está implantada em solos ácidos, pobres
em matéria orgânica, com baixos níveis fertilidade e com níveis tóxicos de Al e Mn. Isso
implica em baixo potencial produtivo com consequências sobre a produção animal (baixas
taxas de lotação e desempenho). A ausência de práticas agronômicas como calagem e
adubação de manutenção são causas primárias dos baixos índices produtivos dos sistemas
de produção baseados em pastagens.
6.2 Entrada e saída de nutrientes no sistema solo-planta-animal
O solo e a matéria orgânica constituem-se nos principais reservatórios de nutrientes
para as plantas. No sistema solo-planta-animal, ocorre contínua entrada e saída de nutrientes.
As entradas são representadas pelos processos químicos como a mineralização da matéria
orgânica proveniente das partes senescentes e mortas da planta e resíduos decorrentes do
pastejo e das excreções dos animais. As saídas ocorrem por meio da exportação de nutrientes
pela absorção da planta ou corte mecânico, perdas de nutrientes do sistema, como a
volatilização, principalmente do N, lixiviação, principalmente de K e N, erosão, que pode
arrastar grande parte dos nutrientes, particularmente os pouco móveis concentrados na
superfície como o P e Ca, e a retenção de grande parte dos nutrientes no produto animal.
Contudo, parte dos nutrientes assimilados pelas plantas retornam ao solo por meio da
senescência e morte de tecidos foliares e raízes. Da mesma forma, parte dos nutrientes
consumidos pelo animal retorna ao solo por meio de fezes e urina, caracterizando o
ecossistema como altamente dinâmico. Embora haja retorno parcial dos nutrientes, sistemas
que não utilizam práticas de correção e adubação, assim como naqueles mais intensificados
onde a reposição de nutrientes é menor que a quantidade exportada, apresentam, no médio a
longo prazo, queda no vigor de rebrotação da planta, no potencial de produção de forragem
e na capacidade suporte (taxas de lotação), conduzindo invariavelmente ao processo de
degradação. Nesse sentido, a adequada manutenção da fertilidade do solo é essencial para a
sustentabilidade do ecossistema.
6.3 Nutrientes minerais no solo
Os macronutrientes N, P, K, Ca, Mg e S (também chamados de nutrientes principais)
são absorvidos pela planta em maior proporção que os micronutrientes B, Zn, Cu, Fe, Mo,
Cl e Mn (também chamados de elementos traço). Ambos são constituintes dos minerais e da
matéria orgânica do substrato onde a planta cresce e encontram-se também dissolvidos na
solução do solo. Um ou vários nutrientes podem estar quase ausentes no solo ou em uma
forma que as raízes não conseguem absorver. Para torná-los disponíveis, o solo deve ser bem
manejado. Entretanto, quando os nutrientes estão ausentes é preciso repô-los através de
práticas corretivas ou de adubação.
A reposição dos nutrientes é feita com fertilizantes químicos minerais, matéria
orgânica, minerais retirados de jazidas ou do ar (no caso da fixação biológica do nitrogênio).
A matéria orgânica contém praticamente todos os macro e micronutrientes e, além disso,
confere melhor estrutura ao terreno, aumentando sua fertilidade. Os fertilizantes minerais
(ao contrário da matéria orgânica) apresentam nutrientes em alta concentração que são
altamente solúveis, podendo ser absorvidos rapidamente pelas plantas e ou lixiviados com
maior facilidade.
O processo de absorção dos nutrientes na solução do solo pode se dar por:

Interceptação radicular, sendo que quanto maior a relação entre superfície radicular
e superfície das partículas do solo, maior quantidade é interceptada;

Fluxo de massa, a água do solo está constantemente sendo absorvida pela planta e,
nesse processo os nutrientes dissolvidos na solução são absorvidos também;

Difusão, onde o elemento movimenta-se até a raiz percorrendo pequenas distâncias,
de uma região de maior para de menor concentração. Com a absorção cria-se um gradiente
com menor concentração próximo da raiz e maior mais distante, ocasionando esse
movimento.
N= interceptação e principalmente fluxo de massa
P= pode ocorrer pelas três vias mas a principal é a difusão
K= pode ocorrer pelas três vias mas principalmente por fluxo de massa a difusão
Ca= interceptação e fluxo de massa
Mg= interceptação e principalmente fluxo de massa
S= interceptação e principalmente fluxo de massa
6.4 ESTABELECIMENTO DE PASTAGENS
A formação de pastagem requer práticas de manejo que possibilitem o rápido
estabelecimento da forrageira e sua utilização pelos animais. A formação de uma pastagem
pode ser dividida em três fases distintas: a germinação, o estabelecimento e a consolidação.
Para o sucesso na formação do pasto devem ser levados em conta fatores como: utilização
de espécies forrageiras adequadas às condições da região, fertilidade e preparo do solo,
qualidade e preparo das sementes, época e método de plantio e manejo de formação.
1. Escolha da espécie forrageira
Um dos pontos cruciais refere-se a escolha da espécie(s) ou cultivar(es) a ser(em)
implantada(s). Para tanto, se deve ter como base o conhecimento prévio das condições de
clima (temperatura e precipitação), topografia e tipo de solo, histórico da área em relação a
ocorrência de pragas, plantas invasoras, e por meio de análise de solo determinar as
características químicas e físicas do solo, definindo-se a necessidade de preparo, correção e
adubação do mesmo. Além de se levar em conta a produtividade que se deseja, o nível
tecnológico (adubação e manejo da pastagem etc.) e o tipo de produção a serem adotados na
propriedade.
 Forrageiras para solos de baixa fertilidade:
As alternativas para solos de menor fertilidade são a Brachiaria decumbens cv.
Basilisk (braquiarinha) e o Andropogon gayanus cv. Planaltina, ambos rústicos e bem
adaptados aos solos ácidos e pobres. Como vantagens têm o crescimento rápido, o bom
acúmulo de forragem, embora o valor nutritivo não seja elevado.
A B. decumbens compete muito bem com plantas invasoras e cobre bem o solo por
ter crescimento semi-prostrado. A desvantagem é a suscetibilidade às cigarrinhas-dapastagem.
Já o andropógon é resistente a esses insetos, mas sofre ataque de formigas e a
formação e manejo da pastagem é mais difícil por ter sementes leves, entouceirar facilmente
e deixar espaços vazios.
A B. humidicola é também recomendada para solos fracos, mas mais especialmente
para uso em várzeas sujeitas à inundação temporária. São duas as “humidicolas” no mercado:
a comum e a cv. Llanero (erroneamente chamada de dictyoneura). Uma terceira, cv. BRS
Tupi deverá chegar ao mercado nesse ano. O valor nutritivo da B. humidicola é inferior a
braquiarinha e ao andropógon, mas a tolerância a solos úmidos faz dessa espécie a alternativa
mais utilizada pelos fazendeiros. Se plantadas com Arachis (amendoim forrageiro),
leguminosa bem adaptada a áreas úmidas, a qualidade da pastagem é sensivelmente
melhorada e o ganho animal esperado é maior.
Outra opção para áreas úmidas e pouco férteis é o capim Pojuca (Paspalum atratum),
planta cespitosa de folhas macias, mas passa rápido por isso requer pastejo a cada 20-28 dias
para manter a qualidade, e a Setária (Setaria sphacelata).
 Forrageiras para solos de média fertilidade:
Forrageiras para solos de média fertilidade incluem a B. brizantha cvs. Marandu,
Xaraés e BRS Piatã e a B. ruziziensis, essa última largamente utilizada como palhada em
áreas de integração lavoura-pecuária devido a rápida formação e cobertura do solo, qualidade
da matéria orgânica produzida e incorporada ao solo e facilidade de secagem por herbicidas.
Sua suscetibilidade às cigarrinhas, ao frio e a seca a torna menos apta a pastagens
permanentes.
Entre as cultivares de B. brizantha, a cv. Xaraés é a que dá maior capacidade de
suporte, e a cv. BRS Piatã dá o maior ganho individual. Essa é a mais precoce no
florescimento, seguida do Capim-marandu e por fim o Xaraés, permitindo um manejo
estratégico para uso de cada uma no estágio vegetativo de maior qualidade.
 Forrageiras para solos de alta fertilidade:
Forrageiras para solos férteis ou para manejo intensivo incluindo adubações de
manutenção são Panicum maximum, cvs. Tanzânia, Mombaça e Massai, e os capins elefante
com uma miríade de variedades (Napier, Cameroon, Taiwan, etc.). As B. brizantha também
se prestam à intensificação, desde que adubadas, mas com menores ganhos.
Os panicuns e cultivares de capim-elefante são geralmente usados em pastejo
rotacionado. As cvs. Tanzânia e Mombaça praticamente se equivalem em ganho de peso por
área e por animal, mas a primeira é de mais fácil manejo por apresentar mais folhas e menos
colmos. O capim Massai é de porte mais baixo e cobre melhor o solo, mas o ganho por
animal e por área é inferior às outras duas cultivares. É bem consumido por eqüinos e ovinos.
O capim elefante é normalmente plantado por mudas e por isso muito mais utilizado
para gado leiteiro. É o capim de maior produtividade, mas é suscetível às cigarrinhas.
As forrageiras do gênero Cynodon, coastcross e tifton, podem ser consideradas de
dupla aptidão, plantando-se para a produção de feno e para pastejo. São forrageiras já
consagradas pelo rendimento e qualidade, com bons resultados experimentais em
propriedades agrícolas no país.
As leguminosas são mais exigentes em fertilidade do que as gramíneas. De maneira
geral, valores de saturação por bases acima de 50-60% são requeridos. A utilização destas
forrageiras em consórcio não tem tido a eficiência prevista na teoria e a utilização opcional
em monocultivo, na forma de banco de proteína, carece de maiores estudos. No que se refere
ao pastejo, alguns estudos vêm sendo feitos com a cultura de alfafa (Medicago sativa) para
gado de leite e com estilosantes (Stylosanthes guianensis) para gado de corte.
O Arachis pintoi cv. Belmonte tem demonstrado resultados promissores tanto sob
lotação contínua quanto em lotação intermitente. Seu estabelecimento se dá por mudas e o
estabelecimento é lento (cerca de um ano). Contudo, possui elevada persistência após
estabelecido, mesmo sob desfolhações intensas, desde que a fertilidade do solo não seja
limitante.
Plantas de hábito de crescimento cespitoso (formam touceiras) são menos resistentes
à desfolhação do que plantas de crescimento estolonífero (formam gramado), principalmente
em função da facilidade de eliminação do ponto de crescimento por ação do pastejo. Desta
forma, quando se opta pelo estabelecimento de plantas cespitosas de porte alto (Panicuns e
Capim-elefante), a adoção do pastejo rotacionado é mais indicado. Para os demais hábitos
de crescimento, ambos os métodos podem ser utilizados.
Quanto à topografia, áreas declivosas normalmente apresentam de problemas com
baixa fertilidade, a dificuldade de mecanização. O estabelecimento de plantas forrageiras
nessas áreas requer a utilização de práticas de conservação do solo, como curvas de nível, e
a utilização de espécies que cobrem o solo e se estabelecem rapidamente para minimizar os
efeitos negativos da erosão. Não são recomendadas espécies que formam touceiras, pois
deixam grande proporção de solo descoberto. Entre as alternativas para essas áreas estão a
Brachiaria decumbens e a Brachiaria humidicola e as espécies do gênero Cynodon, embora
estas últimas sejam exigentes em fertilidade.
2. Amostragem do solo para determinação da necessidade de calagem e adubação
As análises de solo devem ser realizadas de forma periódica em pastagens já
formadas, para auxiliar na tomada de decisão sobre a necessidade da adubação de
manutenção e produção (pelo menos a cada 2 anos).
A amostra do solo deve ser representativa e, para isso, a área amostrada deve ser a
mais homogênea possível. Dessa forma, a propriedade (fazenda) ou a área a ser amostrada
deverá ser subdividida em glebas ou talhões homogêneos. Nesta subdivisão ou estratificação,
levam-se em conta o tipo de vegetação, a posição geográfica (topo do morro, meia encosta,
baixada, etc.), as características perceptíveis do solo (cor, textura, condição de drenagem,
etc.) e o histórico da área (cultura atual e anterior, produtividade observada, uso de
fertilizantes e corretivos, etc.). Para maior eficiência na amostragem, o tamanho da gleba
não deve ser superior a 10 – 20 ha. Portanto, glebas homogêneas, mas muito grandes, devem
ser subdivididas em subglebas menores.
Para as análises do solo trabalha-se com amostras simples e amostras compostas. A
amostra simples é o volume de solo coletado em um ponto da gleba e a composta é a mistura
homogênea das várias amostras simples coletadas da gleba. As amostras simples são obtidas
através de um caminhamento em zig-zag na gleba em pelo menos 20 pontos e posteriormente
homogeneizada para formar a amostra composta. Para a maioria das gramíneas forrageiras
utilizadas a coleta de amostras simples obtidas nas camadas de 0 a 20 cm é o indicado.
Cuidados com a coleta de amostras de solo devem ser tomados, pois um erro na amostragem
pode comprometer as etapas seguintes para a definição da quantidade de calcário e adubos
a serem utilizados, ou seja, a análise não corrige os erros cometidos no momento da coleta
da amostra. Para isso, não coletar amostras próximo a casas, brejos, voçorocas, caminhos de
pedestres, formigueiros etc., e nunca utilizar recipientes usados ou sujos como sacos de
adubo, cimento e embalagens de defensivos. A partir das 20 amostras simples coletadas uma
amostra composta, de aproximadamente 300 a 500 g, é obtida pela homogeneização das
amostras simples coletadas, que, então, é enviada ao laboratório para análise química.
De posse do resultado da análise química do solo o técnico, bem capacitado, irá
calcular a necessidade de calagem, assim como, os adubos e a estratégia a ser utilizada (e.g.
quantidade e quais nutrientes serão aplicados na semeadura ou plantio e/ou após a formação
da área). De forma geral, antes da semeadura ou plantio é realizada a calagem, para
neutralização da acidez do solo e ao mesmo tempo fornecer cálcio (Ca) e magnésio (Mg), e
fosfatagem, para fornecimento de fósforo (P). A neutralização da acidez se faz necessária
devido à sensibilidade das gramíneas forrageiras à acidez do solo, que reduz a absorção de
nutrientes de interesse e, consequentemente, reduz o crescimento e a produção da pastagem.
O aumento da disponibilidade de Ca e Mg se faz necessário devido as importantes atividades
metabólicas que esses nutrientes participam como, por exemplo, formação da parede celular,
ativação enzimáticas, composição de moléculas importantes (e.g. clorofila), síntese de
proteína, entre outras (VAN RAIJ, 1991; TAIZ e ZEIGER). A fosfatagem, por sua vez,
corrige a baixa disponibilidade de P que a maioria dos solos brasileiros apresentam. Devido
à baixa mobilidade desse nutriente no solo opta-se por realizar durante o processo de preparo
da área para facilitar sua incorporação e melhorar a eficiência de uso. Recomenda-se a
utilização de duas fontes de fósforo, uma com maior e outra com menor solubilidade (e.g.
super fosfato simples e fosfato de rocha, respectivamente). Uma vai fornecer P de imediato
e a outra fornecerá ao longo do tempo, pois ele é lentamente dissolvido com as chuvas. O P
é nutriente importante para os processos de fotossíntese, respiração, armazenamento e
transferência de energia, divisão celular, crescimento das células e raízes, entre outros (VAN
RAIJ, 1991; TAIZ e ZEIGER). Quando a pastagem já está formada a calagem pode ser feita
em cobertura, sendo que a necessidade de incorporação deve ser determinada em função da
quantidade a ser aplicada e da condição do pasto.
Nutrientes como nitrogênio (N), potássio (K) e, em menor escala, o enxofre (S) são,
geralmente, fornecidos após o estabelecimento das pastagens e durantes os ciclos de
crescimento, em adubação de cobertura. Esses nutrientes, da mesma forma que os já citados,
possuem atividades essenciais para a sobrevivência e produção da gramínea forrageira.
Dessa forma, todos os nutrientes são importantes e devem ser monitorados com objetivo de
que as deficiências sejam corrigidas, para que o potencial de crescimento da gramínea
forrageira não seja limitado. Após atender as necessidades essenciais das gramíneas
forrageiras para os principais nutrientes a disponibilidade do N é que irá determinar a
produção de forragem, de forma que as respostas à adubação nitrogenada são expressivas
em termos de produção de forragem. Isso ocorre porque o N é componente da clorofila,
enzima responsável pela fotossíntese (Rubisco), e das proteínas (TAIZ e ZEIGER, 2004),
ou seja, está diretamente relacionado com o processo de produção de energia e fixação de
CO2 pela planta.
3. Preparo do solo
Fonte:
http://www.milkpoint.com.br/radar-tecnico/pastagens/preparo-de-solo-eformacao-de-pastagem-81307n.aspx
Com relação ao preparo do solo, este deve estar limpo, longe de cupins, plantas
invasoras e demais objetos que venham atrapalhar a mecanização do processo. Ainda, todo
um preparo de contenção de água por meio de curva de nível (em áreas cujo terreno não é
plano) é necessário para que não somente sirva para preservar o meio ambiente, mas também
para que não prejudique a uniformização e emergência das plantas em função de enxurradas
na área.
Depois disso, o preparo do solo em si se caracteriza pelas arações e gradagens nas
áreas, quantas vezes forem necessárias. O uso excessivo de arações e/ou gradagens
superficiais e continuamente nas mesmas profundidades no processo de preparo de solo
provoca a desestruturação da camada arável, transformando-a em duas camadas distintas:
uma superficial pulverizada e outra sub-superficial compactada. Essa transformação reduz a
taxa de infiltração de água no solo e, consequentemente, incrementa a enxurrada e eleva os
riscos de erosão hídrica do solo. Outrossim, prejudica o desenvolvimento das raízes de
plantas e afeta o potencial de produtividade do sistema agrícola. O preparo excessivo,
associado à cobertura deficiente do solo, a chuvas intensas e ao uso de áreas inaptas para
culturas anuais, constitui o principal fator desencadeador dos processos de degradação dos
solos. Preparo de solo insuficiente também prejudica a germinação, pois o contato da
semente com o solo é dificultado. A presença de torrões grandes em função da deficiência
de gradagens deixa a semente exposta e pode resultar em alta mortalidade de plântulas que
não conseguem desenvolver adequadamente o sistema radicular.
O preparo do solo deve ser realizado no fim do período da seca, nos meses de agosto
e setembro. É fato que áreas que contenham mais invasoras, ou ainda que possuíam outra
forrageira implantada, possuem grandes quantidades de sementes oriundas das plantas que
as compunham, formando no solo o que chamamos de banco de semente. Considera-se, em
alguns casos, que em algumas áreas são necessárias até maior número de arações e gradagens
para acabar com este banco de semente. No entanto, comumente fazem-se duas arações e
duas gradagens para o plantio. Em muitos casos, recomenda-se uma segunda gradagem (após
20 dias da primeira), para eliminar o restante das ervas daninhas e no máximo três dias antes
do plantio para que o solo esteja pulverizado para receber a semente, se este plantio for feito
a lanço em cobertura. A utilização de herbicidas dessecantes também auxilia na diminuição
de plantas indesejáveis na área.
Para o plantio, as quantidades de adubo já devem estar preparadas para que seja feita
a aplicação e ainda, o calcário (se necessário na área) já deve ter sido aplicado a pelo menos
30 dias antes deste plantio. Além disso, a análise de solo deve ser feita 3 meses antes
(geralmente nos meses de maio - junho) para determinação do processo a ser feito em relação
à correção do solo. No plantio, geralmente somente é colocado o adubo fosfatado (adubo
para crescimento da raiz), deixando o adubo potássico (se necessário) e nitrogênio para
serem aplicados em cobertura nos ciclos de pastejos.
Depois de feito isso, a semente deve ser distribuída na superfície do solo e
compactada e promover maior contato da semente com o solo utilizando-se rolos leves,
feitos de pneu ou tambores. Lembrando que, se necessário, o adubo aplicado no plantio é
somente o adubo fosfatado que pode ser misturado a semente no dia de plantio. É importante
lembrar que o plantio por semente também pode ser feito por semeadoras, que dispensa o
uso de rolos, pois desempenha a incorporação da semente no solo.
Para pastagens implantadas por meio de muda, como o Coast-cross, Tifton, dentre
outros se utiliza um método um pouco diferente. Pode-se utilizar, depois da área preparada
(gradeada), a construção de sulcos a uma profundidade de 15 a 20 cm, com espaçamento por
volta de 50 cm. Em seguida, devem-se distribuir as mudas nos sulcos de maneira uniforme
e cobri-las parcialmente com terra. A cobertura total das mudas deve ser evitada, para que a
rebrota não seja prejudicada. Ainda, pode-se utilizar a distribuição das mudas sobre a
superfície do solo, com imediata incorporação das mudas, por meio de uma leve gradagem.
É um método prático, mas exige maior quantidade de mudas e de cuidados especiais, para
que sejam bem incorporadas ao solo. Um terceiro método, seria fazer covas na área, com
espaçamento de 40 a 50 cm, e levemente cobertas com terra exigindo mais mão-de-obra.
Devemos lembrar que a umidade de solo imediata no plantio por muda é primordial para o
sucesso de todo o processo. O plantio por semente, permite que a chuva demore até 15 dias
em alguns casos para que ocorra e efetue a umidade do solo. No entanto, um solo úmido é
necessário em todo o processo, seja por muda ou semente.
4. Época de semeadura
A maioria das forrageiras é bastante versátil em relação à época de plantio, podendo
ser iniciado com as primeiras chuvas (setembro) e estender-se até meados de março. A
implantação da cultura no início do período chuvoso, frequentemente, leva à possibilidade
de utilização (pastejo e corte) no mesmo ano agrícola. Plantios tardios, salvo em casos do
uso de irrigação e dependendo da espécie, só resultará em produção utilizável no decorrer
do próximo período chuvoso.
A época ideal deve coincidir com o período em que as chuvas já tenham se
estabilizado (outubro/novembro), quando a disponibilidade de água no solo é adequada à
germinação, sem o risco de ocorrência de déficit hídrico, que possa prejudicar o
estabelecimento das plântulas. Para as semeaduras feitas fora das épocas mais favoráveis,
pode-se aumentar a taxa de semeadura, mas isto só é viável para forrageiras cujas sementes
sejam baratas. Para as espécies de sementes de preço muito elevado, como os novos
lançamentos e para espécies de difícil estabelecimento, deve-se procurar semear no período
mais adequado.
A melhor época de semeadura para capins como, B. brizantha (cvs. Marandu, Xaraés
e Piatã), B. decumbens, B. ruziziensis, P. maximum (cvs. Tanzânia, Mombaça e Massai),
Andropogon gayanus (cvs. Planaltina e Baeti) e Paspalum atratum cv. Pojuca, é entre os
meses de novembro e dezembro. Sendo esta época fundamental para o andropógon, que é o
mais exigente. Capins do gênero Brachiaria e Panicum toleram uma faixa de semeadura mais
ampla, de outubro a março, desde que a taxa de semeadura seja ajustada. As forrageiras que
multiplicam-se por mudas levam a um maior para cobrir o solo (capim-elefante, estrela
africana, coastcross, tifton) e isso deve ser levando em consideração na hora do
estabelecimento.
Leguminosas, por terem crescimento inicial lento, não podem ser semeadas
tardiamente, principalmente, as que dependem da produção de sementes para ressemeadura
natural como calopogônio e estilosantes-campo-grande, pois a sua persistência pode ser
comprometida.
5. Profundidade de semeadura
É comum a generalização de que as semeaduras de forrageiras devem ser feitas na
camada superficial. Esta, provavelmente, origina-se do fato de que algumas espécies como,
jaraguá, braquiária, colonião, gordura, etc. estabelecem-se bem em semeaduras superficiais,
desde que as condições climáticas sejam muito favoráveis.
Outros motivos que têm levado a esta preferência pela semeadura superficial, são os
próprios resultados de pesquisa, já que os experimentos de profundidade de semeadura, na
sua maioria, foram realizados em casas de vegetação, com controle de radiação, temperatura
e umidade do ar e do solo. Nestas condições ótimas, as semeaduras superficiais são melhores.
As sementes de tamanho médio, como as de Neonotonia wightii e Galactia striata,
apresentaram germinação semelhante nas semeaduras na superfície, a 2,5 cm ou a 5,0 cm de
profundidade. Já P. maximum e B. decumbens foram favorecidos pela semeadura
superficial. A exceção foi o Macroptilium lablab, com sementes grandes, que germinaram
melhor com semeadura mais profunda.
O que ocorre em campo pode ser bem diferente. A deficiência hídrica do solo, por
exemplo, principalmente nas camadas mais superficiais, que após algumas horas de
insolação já estão ressequidas, impede a fixação das raízes da plântula. A temperatura do
solo que, freqüentemente, ultrapassa os 50°C, é um outro fator negativo. Estas altas
temperaturas, muitas vezes, são fatais para as sementes em início de germinação,
principalmente, se são acompanhadas de deficiência hídrica. Para leguminosas, o problema
de altas temperaturas se acentua, pois as bactérias simbiontes do gênero Rhizobium são mais
sensíveis a altas temperaturas do que a própria semente.
Para leguminosas forrageiras, de modo semelhante às gramíneas, aquelas com
sementes maiores têm maior potencial de emergência a maiores profundidades de semeadura
do que aquelas com sementes pequenas. Calopogonium mucunoides e Centrosema
pubescens emergiram melhor em semeaduras mais profundas e Stylosanthes capitata, em
semeaduras superficiais. Na semeadura de consorciações, é necessário estabelecer a
profundidade adequada para cada uma das espécies envolvidas, seja em semeadura
simultânea como em semeadura seqüencial das espécies.
6. Taxa de Semeadura
Normalmente, o gasto na aquisição de sementes, representa um dos menores
componentes do custo de implantação de uma pastagem. Entretanto, a qualidade destas é um
dos pontos chave no sucesso do estabelecimento. Desta forma, no momento da compra das
sementes, deve-se dar preferência àquelas originárias de fornecedor idôneo e que apresente
laudo de análise que comprove a qualidade do lote de sementes, em consonância às normas
e padrões de comercialização mínimos determinados pelo MAPA, em relação
germinação/viabilidade, pureza física, optando-se por lotes com maior valor cultural (VC),
pois a quantidade de semente a ser utilizada será menor, observando-se a relação
custo/benefício.
Na escolha de uma semente devemos levar em conta o "Poder de Germinação", o
"Grau de Pureza" e o "Valor Cultural (VC)". O Valor Cultural, que determina a qualidade
de uma semente, é em função do poder de germinação e do grau de pureza.
Poder de Germinação
O poder de germinação é o percentual de sementes puras que poderão germinar e dar origem
à plantas normais;
Grau de Pureza
O grau de pureza é o percentual que indica a contaminação do lote de sementes por outras
espécies ou resíduos inertes. Uma semente com 70% de pureza quer dizer que 30% são
materiais inertes, como terra e resíduos e sementes de outras espécies.
Valor Cultural
Valor Cultural (VC) - vem a ser a multiplicação dos valores de % germinação e % de pureza
dividido por 100. O Valor Cultural, que determina a qualidade de uma semente, é em função
do poder de germinação e do grau de pureza. O valor cultural é muito importante quando
temos dois lotes de sementes com o mesmo preço ou preços diferentes, e, também, para
calcular a quantidade de sementes a ser semeada.
Onde:
SPV = sementes puras viáveis (considerando um VC de 100%) em kg/ha recomendada para
a espécie;
VC = valor cultural do lote de sementes;
P = pureza física das sementes;
G = germinação (teste de germinação) ou viabilidade (teste do tetrazólio) das sementes.
Exemplo de cálculo:
Um produtor deseja estabelecer 10 ha uma pastagem. No orçamento realizado ele
verificou que o fornecedor (A) possui sementes a R$ 8,00/kg e um VC de 60%; o fornecedor
(B) a R$ 6,50/kg e um valor cultural de 40%. Considere que a taxa de semeadura necessária
para um bom estabelecimento seja de 3 kg de SPV (sementes puras e viáveis/ha).
a) Quantos kg de sementes comerciais de cada um dos fornecedores seriam necessários
para implantar 1 há de pasto?
b) Qual o custo de implantação dos 10 ha para cada um dos fornecedores?
c) Qual seria a melhor opção para compra das sementes?
Fornecedor A:
DS kg /ha (A)= (SPV x 100)/VC = (3 x 100)/60 = 5 kg/ha
Custo (A) = (5 x 8) x 10 = R$ 400,00 para implantar 10 ha
Fornecedor B:
DS kg /ha (B)= (SPV x 100)/VC = (3 x 100)/40 = 7,5 kg /ha
Custo (B) = (7,5 x 6,5) x 10 = R$ 487,50 para implantar 10 ha
Quando a densidade de semeadura for baixa (menos de 10 kg/ha), é conveniente
proceder a pré-misturas das sementes com calcário, fosfato de rocha, superfosfato simples,
esterco seco e moído, a fim de aumentar o volume, o que facilita a regulagem dos
equipamentos de semeadura e propicia a distribuição uniforme das sementes. A mistura
com fertilizantes acidificantes (sulfato de amônia, cloreto de potássio, uréia) deve ser
evitada, pois provocam a morte das sementes; se vier a ocorrer, a distribuição no solo será
o mais breve possível, se possível no mesmo dia. No estabelecimento de pastagens
consorciadas entre leguminosas e gramíneas, reduzir de 20 a 30% a taxa de semeadura da
gramínea acompanhante, levando em consideração as recomendações para cada espécie.
Quando se utiliza sementes revestidas, obtidas após a peletização, encrustamento ou
nucleação com uma camada de carbonato, fosfato e outros, deve-se considerar que esses
produtos representam cerca de 60% a 70% do peso do lote de sementes, sendo necessário
descontá-lo para calcular a taxa de semeadura.
7. Tratamento para quebra de dormência e inoculação de sementes
Algumas espécies forrageiras podem apresentar sementes com baixa germinação
inicial, em decorrência da dormência das mesmas. No caso das gramíneas, a exemplo das
espécies dos gêneros Brachiaria e Panicum, predomina a dormência do tipo fisiológica
(sementes imaturas). Para superá-la, o tempo de armazenamento (cerca de quatro a seis
meses após a colheita), sob condições adequadas, é capaz de promover a maturação
fisiológica das sementes e melhorar consideravelmente a germinação.
Grande parte das leguminosas possuem sementes duras, pois apresentam uma
cobertura impermeável à penetração da água que impede a germinação. Para romper este
tipo dormência as sementes devem ser previamente submetidas a um tratamento que
promova a ruptura desta camada, e assim, estimule a germinação das mesmas.
Existem diferentes tipos de tratamento (térmicos, mecânicos, químicos e físicos) que
são recomendados em função das características da espécie forrageira, como se observa no
quadro a seguir.
A inoculação das sementes de leguminosas é de fundamental importância,
principalmente onde não existem extirpes de Rhizobium nativas eficientes no solo.
Rhizobium são bactérias de solo que se caracterizam por sua habilidade de infectar os pelos
radiculares das leguminosas e induzir a nodulação, ou seja a formação de nódulos.
Entre as leguminosas e os Rhizobium se estabelece uma simbiose; ou seja uma relação de
benefício mutuo: as bactérias utilizam o nitrogênio do ar e os convertem em compostos
nitrogenados assimiláveis pelas plantas e estas, por conseguinte, transferem às bactérias
carbohidratos, como fonte de energia, processo denominado de Fixação Biológica de
Nitrogênio.
A maioria das leguminosas são hospedeiras específicas, ou seja, somente nodulam
por algumas cepas de Rhizobium. No solo por sua vez, poderão existir cepas de Rhizobium
que produzem nodulação, mas em quantidades pequenas de N fixado, ou seja ineficientes.
Assim, deve-se recorrer a técnica da inoculação das sementes para assegurar que rhizobiuns
específicos estejam presentes em locais e momentos importantes e em quantidades
adequadas. Para uma boa inoculação das leguminosas e o respectivo sucesso na nodulação,
é recomendável que se escolha o inoculante eficiente e de preferência específico para a
espécie que se deseja plantar.
O recobrimento da semente (peletização), consiste em envolver a semente, depois de
inoculada, com uma fina camada de calcário finamente moído, ou fosfato de rocha. Com
isto, tem-se um controle da acidez em torno da semente, além do fornecimento de alguns
nutrientes á planta e da preservação do inoculante, propiciando dessa maneira, maior
flexibilidade quanto ao tempo entre a inoculação e o plantio ou até a germinação. Com a
peletização, o inoculante mantém sua efetividade por até 30 dias, além de conferir uma certa
proteção às sementes ao ataque de pragas. É da máxima segurança para a sobrevivência das
bactérias que os saquinhos com inoculante sejam armazenados em geladeira com
temperaturas em torno de 5ºC. Quando transportado, que seja feito em caixas de isopor ou
em pacotes com bom isolamento. O inoculante e a semente já inoculada nunca devem ser
expostos ao sol, pois perde a sua efetividade.
8. Plantio por mudas
O plantio por mudas, normalmente, é feito após um preparo completo do solo e, em
alguns casos, o plantio é feito em covas ou em sulcos, onde o preparo do solo não é possível
e, também, pode ser feito nas entrelinhas da cultura de milho ou arroz. Outro processo é a
distribuição das mudas sobre o solo, a lanço, com posterior incorporação das mesmas com
uma gradagem leve. Alguns produtores têm adaptado equipamentos de plantio de mandioca
para o plantio de mudas de forrageiras.
Diversas forrageiras são plantadas por meio de estruturas vegetativas, sendo
utilizadas mudas enraizadas, pedaços de colmos ou estolões. No plantio a lanço, são
necessárias de 4 a 5 t/ha de mudas. Para o plantio em sulcos e covas, são necessárias de 2 a
3 t/ha. Estas devem ser colhidas com bom desenvolvimento, com cerca de 100 dias de
crescimento e devem ser plantadas logo em seguida, para se obter um bom pegamento. Em
um hectare podem ser colhidas mudas para o plantio de 10 a 15 ha. As espécies mais
estabelecidas desta forma são: capim-angola (B. mutica), tanner-grass (B. arrecta), capimtangola (B. mutica x B. arrecta), capins do gênero Cynodon (Tifton, Coastcross e Estrela) e
Pennisetum purpureum (capim-elefante).
Para o plantio de capim-elefante devem ser utilizados colmos de plantas em estado
vegetativo, colhidos pouco antes do florescimento. O espaçamento dos sulcos pode ser de
0,5 m a 1,2 m; os plantios mais próximos tendem a produzir mais, mas espaçamentos de 0,8
m a 1,0 m facilitam os tratos culturais e espaçamentos maiores facilitam o aparecimento de
plantas daninhas, pois as plantas demoram a cobrir o solo. O primeiro pastejo deve ser
realizado cerca de 80-90 dias após o plantio, quando as plantas apresentarem boa cobertura
do solo.
9. Manejo inicial
O acompanhamento periódico da pastagem em sua fase de estabelecimento se faz
necessário a fim de identificar possíveis ocorrências de pragas (lagartas, cupins, formigas,
entre outras), plantas invasoras, deficiências na germinação e desenvolvimento das plantas,
e assim, providenciar as medidas de controle.
A densidade de plântulas germinadas pode ser um bom indicativo do
estabelecimento, com valores adequados oscilando entre 10 a 20 plântulas/m2 para as
gramíneas com sementes de tamanho médio (p.e. Brachiaria spp) e de 25 a 50 plântulas/m2
para as sementes pequenas (p.e. Panicum spp).
O manejo de formação de uma pastagem se resume na utilização menos intensiva da
mesma, na sua fase inicial, possibilitando, dessa forma, uma boa formação. Se a semeadura
for bem feita e ocorrer boa emergência de plantas, já aos 60 a 90 dias, para a maioria das
espécies, poderá ser dado um pastejo para rebaixar a pastagem e estimular o perfilhamento
basal, a emissão de novas folhas, perfilhos/estolões e raízes, e assim propiciar uma rápida e
adequada cobertura de solo.
Um erro de manejo muito comum na formação da pastagem é o atraso excessivo para
o primeiro pastejo. O principal motivo para esse atraso é que o produtor espera pela
sementeação do capim. No entanto, o que geralmente ocorre, sobretudo em capins com
hábito de crescimento entouceirado, como o capim-mombaça, é que o pastejo muito tardio
estimula o envaretamento (alongamento excessivo dos colmos) e o acamamento das
touceiras de capim, diminuindo o perfilhamento basal e a eficiência de uso da forragem.
Dá-se preferência por animais jovens (leves), pois causam menor compactação do
solo, mantidos sob alta lotação, em um curto período de ocupação (não superior a 10 dias),
permitindo uma desfolha leniente, sem prejudicar rebrota posterior e o pleno
estabelecimento da pastagem, que passará a ser utilizada normalmente. Também, é
importante que os primeiros pastejos sejam dados em dias secos, pois o solo ainda não está
assentado e a pastagem não está bem formada e isto, também, pode aumentar a compactação.
É recomendável que estes animais, antes de entrarem na pastagem, sejam tratados contra
endo e ectoparasitos, evitando a contaminação da nova pastagem. Nesse primeiro pastejo, é
possível que algumas plantas de capim sejam arrancadas com a raiz, pela boca do boi. No
entanto, não haveria grande prejuízo para a formação da pastagem, pois geralmente essas
plantas não seriam dominantes, isto é, seriam plantas com poucas raízes e com poucas
chances de competir com as plantas mais vigorosas, que se estabeleceram mais cedo.
Quando se tem uma densidade de plantas muito baixa, é desejável deixar as plantas
crescerem livremente para a produção de sementes e, então, dar-se um pastejo para que os
animais auxiliem na queda e distribuição das sementes em toda área, favorecendo, dessa
forma, a ressemeadura natural na estação seguinte. Isto é mais comum com capimandropógon ou em semeaduras em áreas desmatadas.
O manejo de formação tem por objetivos:
a) Evitar o acamamento da forrageira.
b) Diminuir a competição, eliminando o excesso de plantas.
c) Eliminar a maior parte das gemas apicais, estimulando a emissão de novos perfilhos
basais.
d) Antecipar a utilização da forragem, aproveitando o alto valor nutritivo, com boa produção
animal por área.
e) Proporcionar a mais rápida e perfeita cobertura de solo.
6.5 PRÁTICAS CORRETIVAS E ADUBAÇÃO DE PASTAGENS
Devido à característica de elevada acidez da maioria dos solos sob pastagens, uma
sequencia lógica de práticas agronômicas deve ser estabelecida para que tais ações sejam
efetivas. A utilização de adubação em solos ácidos pode levar à indisponibilização dos
nutrientes e baixa eficiência de utilização pelas plantas.
Nesse sentido, as chamadas práticas corretivas como a calagem e, em situações
específicas a gessagem, são o primeiro passo. Adicionalmente, o P consitue-se em outro
grande limitante em solos sob pastagens, dada a natureza oxídica de grande parte dos solos,
com elevada presença de óxidos de Fe e Al, os quais acabam fixando o P e resultam em
níveis baixos de disponibilidade para a planta. O principal limitante da utilização da
potassagem é seu elevado custo. Contudo, o aumento no potencial produtivo da pastagem
pode compensar o investimento. O segundo passo é o fornecimento de N, P, K e S na
implantação e manutenção do pasto. O terceiro passo consiste na adubação com
micronutrientes.
1. Calagem
Objetivos da calagem
Um dos problemas que pode limitar a produtividade de pastagens é a deficiência de
cálcio, associada ou não à toxidez por alumínio. Teores de Ca muito baixos prejudicam o
desenvolvimento do sistema radicular das plantas, reduzindo a absorção de água e nutrientes,
é um nutriente necessário na translocação e armazenamento de carboidratos e proteínas, além
de atuar na formação e na integridade das membranas da parede celular. O magnésio compõe
a molécula de clorofila, que dá a cor verde às plantas. As plantas forrageiras com baixos
teores de magnésio podem promover baixos teores de magnésio sérico nos animais e
consequentemente a tetania. A importância da correção do solo no estabelecimento de
pastagens com presença de leguminosas tem sido amplamente evidenciada.
Gramíneas, na maior parte das situações, são menos sensíveis à presença de Al. Solos
arenosos, com baixos teores em matéria orgânica, lixiviados e erodidos, são potencialmente
pobres em cálcio.
A determinação da NC depende da espécie forrageira e região do Brasil. Diversos
métodos para determinar a NC estão disponíveis, cada uma possui suas particularidades.
Dessa forma, a análise conjunta de atributos químicos do solo associados à calagem
conduzirá ao sucesso da prática. Por exemplo, quando se utiliza o método de elevação do
V%, é prudente verificar os valores de Ca, Mg e Al, uma vez que a relação Ca/Mg não entra
no cálculo do calcário, a ocupação de Ca e Mg na CTC e a m%. Isso possibilita uma visão
conjunta da fertilidade do solo e evita possíveis problemas posteriores.
Outra questão que merece destaque é que as recomendações não fazem distinção entre
as diferentes condições da pastagem e de manejo, como implantação, reforma, manutenção
e recuperação. Sugere-se que quando for reforma, utilizar as recomendações para
implantação. Contudo, em situações de recuperação ou manutenção, a análise de fatores
econômicos, condição do stand, possibilidade de danos às plantas em função da necessidade
de incorporação juntamente com os resultados da análise do solo auxiliam na tomada de
decisão.
a) Método da saturação por bases
Esse método foi adotado pelo IAC (Campinas) a partir de 1983. Ele considera o poder
tampão do solo, que é a resistência do solo em ter seu valor de pH alterado quando tratado
com ácido ou base. Quanto maior for o teor de argila e a porcentagem de MO, maior será o
poder tampão do solo. A fórmula utilizada é:
NC= T (V2 – V1) X F
100
Onde:
T= CTC a pH 7,0 (Ca2+ + Mg2+ + K+ + (H+ + Al3+))
V2 = Saturação por bases desejada para a cultura a ser implantada, obtida através dos
boletins
V1 = Saturação por bases atual do solo, pode ser calculado a partir do resultado da análise
de solo, onde V1= S/T x 100 e S= (Ca2+ + Mg2+ + K+)
F = Fator de correção para o PRNT=100% ou 100/PRNT do calcário a ser utilizado
Se a profundidade de incorporação do calcário for diferente que da camada 0-20 cm, um
fator de correção de profundidade deve ser utilizado. Para incorporação 0-30 multiplicar
por 1,5; para incorporação 0-40 multiplicar por 2,0 e para aplicação superficial dividir
por 2,0.
Definição da CTC
A capacidade de troca de cátions (CTC) de um solo, de uma argila ou do húmus
representa a quantidade total de cátions retidos à superfície desses materiais em condição
permutável (Ca2+ + Mg2+ + K+ + H+ + Al3+). Se a maior parte da CTC do solo está ocupada
por cátions essenciais como Ca2+, Mg2+ e K+, pode-se dizer que esse é um solo bom para
a nutrição das plantas. Por outro lado, se grande parte da CTC está ocupada por cátions
potencialmente tóxicos como H+ e Al3+ este será um solo pobre. Um valor baixo de CTC
indica que o solo tem pequena capacidade para reter cátions em forma trocável; nesse caso,
não se devem fazer as adubações e as calagens em grandes quantidades de uma só vez, mas
sim de forma parcelada para que se evitem maiores perdas por lixiviação.
Solos arenosos normalmente possuem baixa CTC, pois os minerais que compõe o solo
possuem poucas cargas para reter os cátions. Solos argilosos normalmente possuem maior
CTC, pois possuem maior número de sítios de ligação em seus minerais de formação e, por
isso, são capazes de reter maior quantidade de cátions.
Saturação de bases (V%)
Proporção das cargas totais do solo (Somatório de Ca + Mg+ K+ H + Al) ocupadas
por BASES (Ca, Mg e K)
Qualidade do calcário e fontes de Ca
A qualidade do calcário é medida através do PRNT (poder relativo de neutralização
total), que fornece o equivalente CaCO3 (carbonato de Cálcio) correspondente ao índice 100,
ou seja, uma tonelada de calcário com PRNT de 70% tem o mesmo efeito de correção de
700 kg de CaCo3 puro e finamente moído. Calcários com PRNT entre 45 – 60% são
considerados baixos, de 60,1-75% médio; 75,1-90% alto e > 90% muito alto.
Os calcários, utilizados como corretivos de acidez, são fontes de cálcio:
Calcário calcítico:
32-38% Ca++
Calcário magnesiano: 28-30% Ca++
Calcário dolomitico:
Cal extinta:
15-25% Ca++
52-54% Ca++
O gesso agrícola, não possui valor neutralizante pois não libera hidroxilas (OH-), mas
pode ser utilizado como fonte de cálcio. O uso de fertilizantes como superfosfato simples
++
++
++
(18% Ca ), superfosfato triplo (10% Ca ), termofosfato (20% Ca ), fosfatos naturais
++
++
++
(28% Ca ), fosmag (18% Ca ), cloreto de cálcio (25% Ca ) também são fontes de cálcio
para as plantas.
A correção dos níveis de cálcio trocável se faz pela calagem e também pela aplicação
de outras fontes de adubos que possuam cálcio.
A utilização de gesso é recomendada quando camadas entre 20-40 cm estiver com
níveis de ca menores que 4 mmolc/dm3 e Al maior que 5 mmolc/dm3 associado a
concentração de Al (m%) maior que 30%. O gesso e o calcário são complementares quando
as camadas superficiais e sub superficiais são ácidas, sendo que a aplicação de gesso deve
ser feita dois meses depois ou em uma única operação de aplicação do calcário, mas nunca
antes para não haver desequilíbrio na CTC do solo.
Quando os solos possuem deficiência de Mg, solos muito arenosos, que receberam altas
doses de calcário calcitico e adubações pesadas com K, ou solos muito ácidos com menos
de 4 mmolc/dm³ de Mg e menos de 3% de Mg na CTC, o calcário dolomitico é adequado.
Época e forma de aplicação
O calcário exige determinado tempo para reagir no solo. Quanto menor o PRNT do
calcário maior o tempo de reação, mas de forma geral recomenda-se sua aplicação 90 dias
antes do plantio ou semeadura.
Recomenda-se que metade do calcário no plantio seja aplicado antes da aração e outra
metade antes da gradagem na camada 0-20 cm, para melhor distribuição deste no perfil do
solo. Em pastagens já implantadas deve-se proceder o rebaixamento dos pastos no início
das chuvas e aplicar, a seguir fazer uma gradagem...Em sistemas sob plantio direto ou
pastagens com elevado teor de MO, a liberação de NO3- e SO4- a partir da MO pode auxiliar
o deslocamento do Ca e Mg para camadas mais profundas.
É importante que a calagem seja feita com antecedência a aplicação de adubos
nitrogenados, pois o calcário reage com o amônio aplicado, transformando-se em gás
amônia que é perdido por volatilização.
Não é recomendável a aplicação de calcário em doses muito elevadas pois
indisponibiliza micronutrientes e pode causar desequilíbrio. Em solos com V% muito baixa
em um primeiro momento deve-se elevar a 50% e ir aumentando gradativamente até o valor
exigido pela planta.
Quanto mais arenoso o solo e/ou maiores doses de adubos e maior granulometria do
calcário, maior a frequência de calagem. Contudo, pH muito elevado pode prejudicar a
disponibilidade de P e alguns micronutrientes.
2. Gessagem
Fonte: http://rehagro.com.br/plus/modulos/noticias/ler.php?cdnoticia=54
O gesso agrícola é também denominado fosfogesso. As indústrias de fertilizantes,
durante o processo de fabricação de superfosfatos, simples e triplo, e fosfatos de amônio,
MAP e DAP, usam como matéria-prima a rocha fosfática, geralmente a fluorapatita. Esta,
ao ser atacada com ácido sulfúrico, na presença de água, forma como subprodutos sulfato de
cálcio, ácido fosfórico e ácido fluorídrico. Os dados da eficiência industrial indicam que,
para cada tonelada de P2O5 obtida, são produzidas 4,5 toneladas de gesso agrícola. O gesso
é o sulfato de cálcio desidratado, apresentando-se na forma de pó branco-amarelado. Sua
composição média, segundo Vitti e Malavolta (1983), são : Umidade livre 15-17%; CaO 2628%; S 15-16%; P2O5 0,6 - 0,75%, SiO2 insolúveis 1,26%; Fluoretos 0,63% e óxidos de Al
e Fe o,37%.
Seu emprego tem sido justificado principalmente em duas situações; a) quando se
requer fornecimento de cálcio e de enxofre; b) na diminuição de concentrações tóxicas do
alumínio trocável nas camadas subsuperficiais, com conseqüente aumento de cálcio nessas
camadas, visando "melhorar" o ambiente para o crescimento radicular.
A tomada de decisão sobre o uso do gesso agrícola deve sempre ser feita com base
no conhecimento de algumas características químicas e na textura das camadas
subsuperficiais do solo (20 a 40 cm e 30 a 60 cm). Há maior probabilidade de resposta ao
gesso quando a saturação por Al3+ for maior que 30 %, (m>30%) ou o teor de Ca menor
que 0,4 cmolc/dm3 de solo.
Uma vez estabelecidas aquelas características, as quantidades sugeridas são:
3. Adubação
Macronutrientes:
Fósforo (P)
Ao se considerar o estabelecimento de pastagens, independentemente da espécie
forrageira a ser cultivada, a baixa disponibilidade de fósforo nos solos tropicais brasileiros
tem sido a mais relevante limitação. Quando os adubos fosfatados são aplicados ao solo,
depois de sua dissolução, praticamente todo o P é retido na fase sólida, formando compostos
menos solúveis. Todavia, parte do P retido pode ser aproveitado pela planta. A magnitude
dessa recuperação depende da espécie forrageira, textura do solo e tipos de minerais de
argila, acidez. Além disso, a dose, fonte e granulometria e forma de aplicação do fertilizante,
rotação de culturas e sistema de preparo do solo também interferem nesse processo. O
fósforo é importante na formação do ATP (trifosfato de adenosina) que será a principal fonte
energética da planta. Energia utilizada no transporte de assimilados, no armazenamento e
transferência de energia, na divisão celular, no aumento das células e na transferência de
informações genéticas. Em leguminosas o P é essencial ao desenvolvimento do sistema
radicular e nodulação.
A recomendação de adubação deve estar embasada, para todos os principais nutrientes,
na análise de solo e na necessidade da espécie forrageira específica. Durante a formação,
algumas medidas devem ser tomadas, de forma a obter-se melhor aproveitamento do fósforo
para a planta, tais como:
- a fonte de fósforo deve ser aplicado nas proximidades das sementes ou mudas;
- adubação diferenciada entre gramíneas e leguminosas, uma vez que o fósforo pode ser
considerado o nutriente mais limitante para as leguminosas, uma vez que são capazes de
incorporar nitrogênio no solo. Experimentos sugerem, quando em consórcio, que se aplique
2/3 do fósforo para a leguminosa e 1/3 para a gramínea;
A dose recomendada depende dos resultados da análise de solo. De forma geral, as
plantas são divididas em espécies pouco exigentes, exigentes e muito exigentes (método P
resina) e adicionalmente de acordo com o teor de argila no solo (método Mehlich 1). Essas
recomendações têm por base a fase de estabelecimento e existe carência de informações para
manutenção. Nessa condição, a adubação deve considerar o nível desejado de produtividade
esperado, a categoria animal ou tipo de atividade – cria, recria, leite – além de aspectos
relativos ao manejo da pastagem.
De modo geral, sugere-se que o nível crítico de P para a fase de manutenção seria
equivalente a 80% dos valores recomendados como adequados para a fase de
estabelecimento. A adubação de manutenção é recomendada com a finalidade de evitar a
degradação da pastagem e proporcionar níveis de produtividade que garantam a
sustentabilidade da atividade. Em situações onde a dose de P recomendada for inferior a 20
kg/ha de P2O5 é possível realizar aplicações a cada dois anos da soma recomendada para o
período.
Fontes de P:
A fonte natural de fósforo no solo é a matéria orgânica, ou outro resíduo orgânico que
possa ser adicionado ao solo, como estercos e restos de culturas.
Entre os adubos comerciais tem-se:
a) Os fosfatos naturais são fertilizantes que possuem o fósforo na sua quase totalidade em
forma não assimilável pelas plantas, totalmente insolúveis em água.
a.1) Os fosfatos naturais minerais: são a matéria prima para a produção de fosfatos mais
solúveis.
APATITAS possuem 30 - 40% de P2O5 total, não possuem fósforo solúvel em água,
apresentam cerca de 3% de P2O5 solúvel em citrato de amônio, que é o fósforo assimilável.
Exemplos: Apatita de Araxá (35% P2O5), de Jacupiranga (36% P2O5), fosfato de Alvorada
(30% P2O5), de Aruba (25% P2O5).
a.2) As fosforitas possuem cerca de 30% de P2O5 total, com 5 a 12% de P2O5 solúvel em
ácido cítrico a 2%, solubilidade em citrato de amônio de 5% e não apresentam P2O5 solúvel
em água.
a.3) Os fosfatos orgânicos naturais são os ossos moídos, ricos em fosfatos tricálcico ou
carbono apatita.
Exemplos:
- Farinha de ossos curada com 22 a 26% de P2O5 total;
- Farinha de ossos degelatinada com 30 a 33% de P2O5 total;
- Ossos calcinados, pó de cor cinza, moído, com cerca de 35% de P2O5 total.
b) Os superfosfatos simples são basicamente obtidos a partir de matéria prima rica em
fósforo (apatitas e fosforitas), que são tratadas com ácido sulfúrico resultando no
superfosfato simples com 20% de P2O5 total, 18% de P2O5 solúvel em água, com 12% de
enxofre e 20% de cálcio.
c) Os superfosfatos triplo são obtidos de rochas fosfatadas com alto teor de P e baixo de
óxidos de ferro e de alumínio, tratadas com ácido fosfórico, resultam em um adubo com 48%
de P2O5 total e 43% solúvel em água.
o
d) O termofosfatos são adubos obtidos por fusão a 1500 C, resultando em um material
vítreo que moído apresenta 19% de P2O5 total, 30% de óxido de cálcio, 18% de óxido de
magnésio, com traços de fósforo solúvel em água. Exemplo: Yoorin
e) O fosfato monoamônico (MAP) é um adubo semelhante ao DAP, resulta da reação do
amoníaco com o ácido fosfórico, resultando em um adubo misto com 11% de nitrogênio e
50% de P2O5 .
f) O fosfato diamônio (DAP) é um fertilizante misto com N e fósforo, contém 18% de N e
46% de P2O5 total e solúvel em água.
-1
As aplicações e recomendações de fósforo podem variar de 0, 30, 60 e 90 kg ha de P2O5
solúvel em água em função dos teores de fósforo no solo.
Além das fontes solúveis e dos fosfatos naturais, encontram-se no mercado fontes
parcialmente solúveis, cuja origem mineralógica lhes confere melhor reatividade no solo.
Outras alternativas seriam o termofosfato magnesiano e o multifosfato magnesiano, ambas
fontes que dispõem de macro e micronutrientes agregados.
Época e forma de aplicação
Em solos que necessitam elevação dos teores de P, é adequado a realização de fosfatagem
(diminuição do P na fração não-lábil e elevação da fração lábil) na implantação da pastagem,
que além de contribuir para o melhor estabelecimento apresenta custo de operação reduzido
quando combinado com as demais práticas de estabelecimento. Adicionalmente, o P é um
nutriente imóvel no solo não havendo perdas por lixiviação, embora possa ocorrer fixação.
Nessa fase é possível a utilização de fontes mais baratas de P, embora sejam menos solúveis.
Os fosfatos de rocha devem ser incorporados ao solo com antecedência,
preferencialmente antes da calagem, pois solubilizam mais rapidamente quando em
solos ácidos.
A distribuição do fosfato a lanço, seguida de incorporação em solos com baixa
disponibilidade de P cria condições para a absorção pela planta. Na implantação pode-se
substituir parte das tradicionais fontes solúveis, como superfosfato simples, por fosfato de
rocha, desde que se eleve as quantidades a serem aplicadas em no mínimo 1/3 em relação a
fontes prontamente solúveis.
De forma geral, na fase de implantação o P pode ser aplicado:
a) A lanço em área total em pré-plantio com incorporação superficial com grade
niveladora;
b) Misturada a sementes (máximo 24 hs antes), o que pode facilitar a semeadura além
de atuar como escarificador de sementes duras devido a seu efeito ácido;
c) No sulco de plantio similar às culturas anuais.
O superfosfato simples é uma boa alternativa nessa fase quando a gessagem não é
utilizada, pois além do P fornece Ca e S. Quando a aplicação de gesso é realizada pode ser
utilizado os fosfatos reativos.
Em pastagens estabelecidas a incorporação pode levar à redução na produção como
resultado de prejuízos a parte aérea e sistema radicular, particularmente em espécies
cespitosas. É possível obter produções de forragem elevadas com a aplicação em cobertura
na área total sem incorporação, desde que não haja problemas de compactação. Nesse caso,
a utilização de fontes mais solúveis aumenta a eficiência da adubação. A adubação fosfatada
de manutenção deve ser aplicada preferencialmente no início da estação chuvosa, na dose
total.
Uma relação prática que pode ser utilizada para determinar a quantidade de P na
manutenção é de 10 kg de P2O5/ha teria potencial de elevar 1 mg/dm³ na análise de solo,
considerando-se uma fixação de 50%.
Em áreas de produção de feno, silagem ou capineiras a reposição de P deve ser feita
com base na quantidade de matéria seca removida. Assim em cada tonelada de MS serão
exportados cerca de 3,5 kg de P2O5, considerando-se uma concentração de P no tecido
vegetal de 0,15%.
Deve-se salientar que dependendo da disponibilidade dos outros nutrientes, matéria
orgânica do solo e manejo da pastagem, a adubação fosfatada sozinha não permite grandes
melhorias na produção. Dessa forma, melhor eficiência é observada quando acompanhada
pela reposição dos demais nutrientes, particularmente N e K.
Potássio (K)
O K está presente no solo em quatro formas: 1) componente estrutural de minerais
primários (micas e feldspatos potássicos) e somente são disponibilizados quando os minerais
são decompostos; 2) preso temporariamente entre camadas de argila expansíveis (ilita e
montmorilonita); 3) potássio trocável, facilmente extraível por um sal neutro, ácidos diluídos
ou resina trocadora de íons; 4) pequena quantidade de potássio solúvel presente na solução
do solo. Em solos altamente intemperizados onde MO, caulinita, óxidos de Fe e Al são os
materiais responsáveis pela CTC, o K trocável representa o teor do elemento disponível que
é absorvido pelas plantas.
Entre as funções do K na planta estão ativação ou inibição enzimática, envolvido na
síntese de proteínas, fotossíntese, abertura de estômatos, transporte de CHO, extensão celular
e osmorregulação. Os capins deficientes em potássio apresentam colmos finos e menos
resistentes ao tombamento, suas folhas apresentam-se amareladas, com necroses. Os
sintomas aparecem primeiro nas folhas mais velhas, devido a sua mobilidade na planta. Em
leguminosas, há comprometimento do sistema de nódulos, diminuindo a capacidade de
fixação de nitrogênio pelas plantas.
O nível critico desse nutriente no solo é de cerca de 1,4 mmolc/dm³. Na maioria dos
sistemas de produção, a exigência em K pela planta esta diretamente relacionada ao nível de
produção. Dessa forma, elevadas doses de N favorecem o crescimento e como consequência
há maior exportação de K pela planta, e nessa condição maiores doses de K são necessárias.
Nas condições tropicais, o P é o principal limitante da produção e adubações potássicas
em condições de deficiência de P não resultam em maior produção.
O potássio, assim como o nitrogênio, está sujeito à lixiviação, tendo alta mobilidade no
solo. A quantidade de K que permanece na solução do solo depende da CTC e força de
adsorção do solo. As perdas por lixiviação dependem da textura do solo, com maiores perdas
em solos arenosos. Devido ao retorno de parte do K por meio das fezes e urina dos animais,
em sistemas sob pastejo as necessidade de K são menores do que em áreas de feno ou
silagem. Em sistemas que utilizam pastejo rotativo e elevadas taxas de lotação, o retorno
desse elemento pelas excretas pode ser maior pois são distribuídas de forma mais uniforme
na área pastejada, diminuindo dessa forma as doses de reposição via fertilizante.
A demanda por K pela planta aumenta com o número de ciclos de pastejo, em função da
retirada do solo. Nesse sentido, a fase de manutenção parece ser aquela em que há maior
necessidade de adubação. A demanda parece ser maior em leguminosas do que em
gramíneas, pois estas últimas demonstram maior eficiência na absorção de K quando em
níveis baixos no solo. Adicionalmente, as concentrações de K na parte aérea de gramíneas
são maiores que em leguminosas o que sugere maior reciclagem interna no nutriente. Alguns
autores sugerem um nível critico no solo para leguminosas de 2 a 3 mmolc/dm³.
Fontes, época e forma de aplicação:
A recomendação da dose de K a ser aplicada pelo método da suficiência de nutrientes no
solo leva em consideração a concentração do nutriente no solo, o tipo de pastagem (G ou L)
exigências de fertilidade e a forma de exploração (exclusivo, consorciados, feno, capineira,
etc.). De forma geral, com exceção da alfafa em sistema intensivo e capineiras, para valores
entre 0,8 e 3,0 mmolc/dm³ são recomendados de 30 a 40kg de K2O na implantação e entre
20 a 50 na manutenção.
 Não se recomenda misturar o adubo potássico com as sementes;
 Não recomenda-se aplicar doses maiores de 60 kg K2O no sulco de plantio, nesse
caso parcelar e aplicar o restante entre 30 e 40 dias após a emergência;
 Adubações de correção dos teores do solo devem ser realizadas antes do plantio,
distribuídas a lanço e incorporadas na camada arável do solo;
 Em capineiras, espécies para fenação e alfafa adubações com N e K devem ser
realizadas após cada corte.
 Quando a dose de manutenção recomendada é igual ou inferior a 40 kg/há a adubação
deve ser feita em uma única dose a lanço em cobertura no início da estação chuvosa. Doses
superiores devem ser parceladas em pelo menos 3 aplicações em intervalos de 30 dias.
As principais fontes de potássio para adubação mineral na agricultura são: cloreto de
potássio, sulfato de potássio (48 a 50% ou 60 a 62% de K2O) e nitrato de potássio (16% de
N e 46% de K2O), sendo o cloreto de potássio o mais utilizado, com cerca de 90% do volume
aplicado para suprir a necessidade de potássio na agricultura brasileira.
Enxofre (S)
Entre os macronutrientes, o S e o P são aqueles requeridos em menor quantidade pelas
plantas. O enxofre (S) é exigido para a formação de aminoácidos e de proteínas, para a
fotossíntese e para a resistência ao frio. É importante para a nodulação e desenvolvimento
radicular. O enxofre é um elemento essencial para as plantas, pois participa da formação de
substâncias determinantes para o valor nutritivo, desempenha funções vitais no metabolismo
proteico e para as reações enzimáticas e influencia no metabolismo de carboidratos e
gorduras. Além disso, o enxofre é constituinte de aminoácidos essenciais como cistina,
cisteína e metionina. Esse elemento também está ligado às vitaminas biotina e tiamina e é
componente de moléculas envolvidas na fotossíntese, na fixação de N2 atmosférico.
Já no solo, o enxofre está presente nas formas orgânica (mais de 90% do S das camadas
superficiais) e inorgânica. É preferencialmente absorvido pelas raízes na forma oxidada de
sulfato (SO4-2) produto oriundo da mineralização do enxofre orgânico mas pode ser
absorvido por via foliar na forma de gás sulfúrico (SO2). A maior parte do enxofre do solo
está na solução ou adsorvido as partículas, sendo que o que está imobilizado na matéria
orgânica pode ser absorvido após a sua mineralização a sulfato. A principal forma absovida
pela planta é o sulfato da solução do solo.
No solo, o enxofre aumenta a resposta da planta forrageira ao nitrogênio aplicado e pode
melhorar a eficiência do uso do fertilizante nitrogenado. Essa dependência da eficiência de
utilização do nitrogênio com a disponibilidade de enxofre é evidenciada em alguns trabalhos.
O sulfato por ser muito móvel no solo pode ser facilmente lixiviado (20 - 60 Kg ha-1 ano-1)
em períodos de chuvas intensas, podendo ocasionar sintomas típicos de deficiência
temporária em solos arenosos.
Em função da participação dos nutrientes tanto na nutrição da planta em si como nos
processos de fixação biológica do N, a maior demanda por S e micronutrientes ocorre em
leguminosas relativamente às gramíneas.
Na planta o enxofre é pouco móvel e sua deficiência aparece primeiro nas folhas mais
novas da planta (clorose). Contudo, resultados positivos da adubação com S está
condicionada ao fornecimento dos demais macronutrientes. Doses elevadas de N aumentam
a necessidade de S.
Normalmente, baixos teores de S disponível no solo (<0,4 mg/dm³) são indicativos
da necessidade de adubação. As concentrações críticas e S na parte aérea situam-se
entre 0,7 e 1,1 g/kg.
Fontes, época e forma de aplicação:
Pastagens tropicais, normalmente não são adubadas com enxofre, mas sim com outros
nutrientes. Quando se aplica algumas fontes de nitrogênio, como sulfato de amônio, ou
fontes de fósforo como superfosfato simples, geralmente contempla-se a necessidade da
planta pelo enxofre. As recomendações de enxofre variam de 30 a 90 Kg de S/ha, podendo
sendo que doses maiores que 30 devem ser parceladas. Cabe salientar que a adubação com
S deve ser paralela ou posterior ao fornecimento de P e N. Quando da aplicação de enxofre
como adubo, deve ser contabilizada a quantidade fornecida pelo uso de outros adubos como
sulfato de amônio ou superfosfato simples, que possuem enxofre em quantidades
consideráveis na sua constituição.
Caso não seja utilizada nenhuma adubação que forneça enxofre, este elemento deverá
ser aplicado ao solo na forma de gesso agrícola ou de fontes de enxofre naturais. O gesso
agrícola, subproduto da indústria de fertilizantes fosfatados, permite corrigir a deficiência de
cálcio na subsuperfície e reduzir a saturação por alumínio nas camadas mais profundas. A
opção de utilização do gesso como corretivo ou como adubo vai depender se serão utilizadas
outras fontes de adubo que forneceram o enxofre para a pastagem e qual será objetivo do
uso de gesso na pastagem.
Em relação a fontes complementares de enxofre, como sulfato de amônia e superfosfato
simples, a escolha de cada um desses adubos irá depender da necessidade da pastagem na
propriedade. Se a demanda for por aumento de produção ou até mesmo para manutenção, a
escolha do sulfato de amônio é a melhor opção, pois fornece o enxofre e o nitrogênio, este
último de suma importância para o crescimento da pastagem. Mas, ao se pensar em adubação
para o estabelecimento da pastagem o superfosfato simples, é a opção, pois fornece o fósforo
na forma solúvel (prontamente utilizável), indispensável para o crescimento de raízes e, ao
mesmo tempo, fornece o enxofre que, após o estabelecimento da pastagem aumentará a
resposta da planta forrageira ao nitrogênio aplicado.
Chuvas 5 - 30 kg/ha/ano
Matéria orgânica 60 - 90% S
Gesso agrícola 16% S
Sulfato de amônia
23-24% S
Sulfato de potássio 17-18% S
Superfosfato simples 11-12% S
Fosmag 12% S
Nitrogênio (N)
O nitrogênio, dentre os macronutrientes primários, é o que tem efeito mais rápido
sobre o crescimento vegetal. Tem como função básica o crescimento das plantas, é
responsável pela cor verde escura das mesmas e, como promove o desenvolvimento do
sistema radicular, melhora a absorção de outros nutrientes do solo. O nitrogênio faz parte
da composição das proteínas de todas as plantas e animais. O valor nutritivo das forragens
depende muito do seu teor em nitrogênio. Forrageiras com altos teores em nitrogênio são
preferidas para a produção de feno. Seu teor nas gramíneas varia de 10 a 20 g kg-1, podendo
atingir valores bem mais altos em função da adubação, estádio ou parte da planta analisada.
Os fatores climáticos mais importantes para o crescimento da planta são a radiação solar,
temperatura e quantidade e distribuição das chuvas. Incrementos em intensidade luminosa e
temperaturas favorecem a taxa fotossintética e o acumulo de forragem, sendo que para um
dado regime de luz e temperatura a adubação nitrogenada incrementa a taxa fotossintética.
Os sintomas de deficiência de N são caracterizados pelo amarelecimento das folhas mais
velhas, reduzindo a taxa fotossintética, proporcionando o crescimento reduzido das plantas.
A deficiência deste nutriente tem sido apontada como a principal causa para a redução da
produtividade e degradação das pastagens.
O nitrogênio comporta-se como cátion (NH4+) e como ânion (NO3-). A maioria,
mais de 95%, está na forma de NO3- , que é bastante lixiviada para fora da zona de absorção
das raízes. Há uma relação íntima entre a matéria orgânica do solo e o N disponível para as
plantas. Mais de 90% do N do solo está na forma orgânica. Em geral cerca de 20 a 30 Kg de
nitrogênio por hectare são liberados para cada 1% de matéria orgânica mineralizada do solo.
As transformações das formas de NH4+ para NO3- são feitas por bactérias dos gêneros
nitrobacter e nitrossomonas. O nitrogênio disponível para as plantas pode ser adsorvido aos
colóides, lixiviado, perdido na forma gasosa ou absorvido pelas plantas. No processo de
preparo do solo, há formação de melhores condições para infiltração de água, aeração etc...,
o que propicia ambiente adequado para decomposição e mineralização da matéria orgânica
e conseqüente liberação de N. Por isso, a recomendação de adubação nitrogenada, quando
da implantação da pastagem, pode ser questionada, a não ser nos casos de extrema carência
de matéria orgânica ou algum problema quanto aos minerais presentes no solo.
O pastejo pode influenciar os processos de mineralização/imobilização de N, facilitar
a rápida decomposição de substratos, além de aumentar a taxa de reciclagem de N resultante
da deposição de urina e fezes, podendo aumentar a disponibilidade de nutrientes por meio
de manutenção na superfície do solo de uma fração de nutrientes orgânicos facilmente
mineralizáveis, onde são mais acessíveis às plantas e aos microrganismos. O pastejo também
tem efeito marcante na ciclagem de N e aumenta o potencial de perdas do nutriente. Isto se
dá porque os ruminantes excretam 75 a 95% do N por eles absorvidos, criando um
considerável estoque de N na pastagem e a extensão disto dependerá das taxas de adubação
do solo, da ingestão ou não de concentrados, da taxa de lotação da área, do tempo de pastejo
e da composição botânica da pastagem. O maior potencial de perda de nitrogênio contida
nas excreções, está nos locais afetados pela urina. Essas perdas podem variar de cerca de
35%, em locais com cobertura vegetal, a cerca de 80%, em locais sem vegetação (áreas de
descanso do gado, próximas a cochos, bebedouros, etc). Nesta mesma pastagem, as perdas
de nitrogênio, provenientes das fezes, podem chegar a cerca de 10%.
A MOS afeta, indiretamente, as respostas da planta forrageira ao N-fertilizante, em
razão do seu efeito benéfico no sistema, tanto por ser fonte de N, como por alterar em solo
os fatores que afetam a mineralização. Com relação ao efeito na nutrição nitrogenada da
planta forrageira, sabe-se que a quantidade de N disponibilizada nos sistema, por meio da
mineralização da MOS (conversão do nutriente da forma orgânica para a forma mineral),
determina a produção de forragem na ausência de adubação nitrogenada e o potencial de
produção de forragem quando o fertilizante nitrogenado é utilizado. Quanto maior a taxa de
mineralização da MOS (aumento da quantidade de N-mineral no solo), menor a quantidade
necessária de fertilizantes nitrogenados para atingir um determinado nível de produção de
forragem.
Embora parte das exigências da planta por N possa ser suprida pela absorção direta
de formas orgânicas de N, como aminoácidos e moléculas de uréia, a quase totalidade dessas
exigências é atendida pela absorção de formas minerais de N, como o nitrato (NO3-) e
amônio (NH4 -). A absorção de nitrato é maior em pH ácido, enquanto a absorção de amônio
é maior em pH próximo de neutro, decrescendo com o aumento a acidez. Em condições
normais de solo, a forma de nitrato é frequentemente dominante por ser a forma iônica de
maior liberdade para movimentação em direção às raízes das plantas, o que ocorre,
principalmente, por fluxo de massa e difusão. Dessa maneira, as exigências da planta são
contempladas pelo somatório de N mineral proveniente da atmosfera, de fertilizantes e de
resíduos orgânicos adicionados no solo. O N proveniente dos ciclos internos do solo também
é importante no fornecimento de N para planta. No caso de sistemas de produção animal em
pastejo, o N da excreta do animal também contribui para nutrição nitrogenada da planta
forrageira, porém, de maneira localizada, na área de influência da excreta.
Fontes de N:
Em cada hectare pode existir cerca de 90 toneladas de nitrogênio no ar do solo que,
para serem aproveitados pelas plantas, precisam ser transformados de N gasoso para amônio
ou nitrato. A fixação do N pelos relâmpagos enriquecem de N as águas das chuvas. A fixação
pelos organismos do solo e pelos nódulos de bactérias das leguminosas enriquecem o solo
em nitrogênio. A fixação industrial fornece os milhões de toneladas de adubos nitrogenados
utilizados, e os adubos químicos são as fontes mais utilizadas. A escolha de uma fonte de
adubo nitrogenado deve se basear em fatores como preço, disponibilidade, cultura, época,
modo de aplicação e manejo da cultura. Na escolha entre uma fonte orgânica ou mineral,
jamais deve-se esquecer que para a planta um quilo de N é um quilo de N, não importa a
fonte do nutriente, isto é, se orgânica ou mineral.
Adubos:
Uréia 45% de nitrogênio
Sulfato de Amônia 20% de nitrogênio
Nitrato de Cálcio
33% de nitrogênio
Nitrato de Amônia 35,5% (½ NH4+ e ½ NO3-)
A uréia tem como vantagem menor custo por quilograma de nitrogênio, mas
comumente, mostra maior perda de N por volatilização, apresenta alta concentração de N, é
de fácil manipulação e causa menor acidificação no solo, o que a torna potencialmente
superior a outras fontes, do ponto de vista econômico. Contrapõe-se a essa vantagem a
expectativa de elevada perda de N quando aplicado na fonte de uréia em pastagens. Assim,
tem sido proposto o uso de misturas de sais (geralmente sulfato ou cloreto) com uréia, com
o objetivo de reduzir as perdas de amônia por volatilização em comparação com o uso
exclusivo de uréia e de baratear o custo da adubação em comparação com o uso exclusivo
de fontes nítricas e amoniacais.
Por outro lado, o sulfato de amônio apresenta vantagens de menor perda de N e ser
fonte de enxofre (24% S), embora apresente maior custo por quilograma de N. Além disso,
o suprimento adequado de enxofre no solo aumenta a resposta da planta forrageira ao N
aplicado e pode melhorar a eficiência de uso de N-fertilizante. A dependência da eficiência
de utilização do N com a disponibilidade de enxofre no meio reflete a íntima ligação entre
os metabolismos de nitrogênio e de enxofre na planta. Contudo, a desvantagem da utilização
de fonte do sulfato de amônio é a maior acidificação do solo. Para neutralizar a acidificação
gerada no solo, em razão da aplicação de um kg de N-sulfato de amônio, um kg de N-nitrato
e um kg de N-uréia, são necessários 5,4; 1,8 e 1,8 kg de carbonato de cálcio, respectivamente.
Entretanto, a acidez provocada pelo sulfato de amônio no solo pode determinar benefícios
indiretos, como estabelecimento de nichos mais favoráveis à dissolução dos fosfatos reativos
no solo.
Perdas de N:
Existe perda de nitrogênio toda vez que se aplica esse elemento no solo, sendo as
mais comuns por meio de volatilização, desnitrificação e, principalmente, por lixiviação, o
que logicamente resulta em baixa eficiência da utilização do nitrogênio. As adubações
nitrogenadas devem ser parceladas, principalmente quando se usam altas doses de
nitrogênio, para se evitar principalmente as perdas por volatilização e por lixiviação, a fim
de que se obtenha a maior eficiência de utilização desse nutriente pelas plantas forrageiras.
As perdas de N por erosão e por escorrimento superficial em pastagens bem
manejadas são pequenas e freqüentemente não ultrapassam 5 kg/ha de N. As perdas por
lixiviação, conforme indicado pela determinação de N em diferentes profundidades do solo,
também não parecem ser motivos de preocupação em pastagens tropicais bem manejadas.
Esses estudos indicaram que menos de 5% do N aplicado é lixiviado para camadas de solo
inferiores a 30 cm de profundidade. Cabe ressaltar que a possibilidade de haver absorção do
N do fertilizante até 163 cm de profundidade do solo dá suporte a ideia de que a expectativa
de lixiviação de N-NO3- é pequena em pastagens tropicais, uma vez que o N “perdido” da
camada superficial do solo (20 a 30 cm) pode ser absorvido pela planta forrageira em maiores
profundidades. Entretanto, a lixiviação de N-NO3- pode ser problema em regiões que
experimentam elevados índices de chuvas e que apresentam uma associação de solos rasos,
arenosos de baixa capacidade de troca catiônica (CTC) e são mal manejados. Nessas
situações as condições de solo e expectativa de baixa profundidade da planta forrageira e,
portanto, a limitada capacidade de remoção de N-NO3- do solo, estabelecem condições
favoráveis à lixiviação do N do fertilizante. Dessa forma, em pastagens de gramíneas
tropicais, as perdas mais representativas são aquelas que ocorrem por via gasosa, através da
volatilização de N-NH3 ou da desnitrificação. Fatores de clima, como a umidade relativa do
ar, a velocidade do vento e a concentração de amônia na atmosfera podem interferir sobre a
volatilização de NNH3, porém, a temperatura e a precipitação pluviométrica são,
normalmente, os fatores climáticos mais importantes nesse processo de perda. As chuvas
(quantidade e momento em que ocorrem depois da aplicação do fertilizante) são importantes
no processo de perda de N-NH3 por volatilização. Chuvas em quantidades suficientes podem
proporcionar a movimentação do adubo para camadas mais profundas do solo, onde o
processo de volatilização é sensivelmente reduzido. Em solos de baixo poder tampão e CTC,
a taxa de perda de N-NH3 por volatilização pode ser mantida por um maior período de tempo
depois da adubação, enquanto que, em solos de alto poder tampão e CTC, o efeito inverso é
esperado. Adicionalmente, quanto maior a CTC do solo menor será a concentração de NH4
+ na solução do solo e, portanto, menores perdas por volatilização deverão ocorrer. Para
pastagens estabelecidas em solos ácidos, as perdas de N-NH3 decorrentes da aplicação
superficial e a lanço de nitrato de amônia e de sulfato de amônio são geralmente baixas e
inferiores a 5 e 10% do N aplicado, respectivamente. Em relação à uréia, tem-se verificado
que as perdas de N-NH3 por volatilização, como resultado da aplicação superficial e a lanço
do fertilizante em pastagens, situam-se freqüentemente, na faixa de 10 a 25% do N aplicado.
Em condições favoráveis à volatilização, como elevada temperatura, ausência de
precipitação imediatamente depois da adubação e altas taxas de evaporação de água do solo,
as perdas podem atingir até 80% do N-uréia. Além das perdas por volatilização, em
pastagens também podem ocorrer perdas por desnitrificação.
A nitrificação ocorre em meio aeróbico e, nesse caso, as perdas de óxido de N
ocorrem de modo mais lento, porém, de maneira contínua. Na desnitrificação, os
microrganismos do solo obtêm do NO3- e do nitrito (NO2-) a fonte de oxigênio para
respiração, produzindo, nesse processo, os óxidos de N. A desnitrificação ocorre em meio
anaeróbico e as perdas de N na forma de óxidos processam-se de maneira mais intensa e em
curtos períodos de tempo. Os principais fatores controlando a desnitrificação são a
disponibilidade de N (NO3- e NO2-) e de C (fonte de energia para os processos microbianos)
em ambiente anaeróbio o que predispõe as pastagens a elevadas perdas, uma vez que esses
ecossistemas normalmente apresentam essas características. Valores de pH próximos à
neutralidade favorecem os processos de desnitrificação e nitrificação. Condições de
temperaturas elevadas e alto teor de umidade no solo (chuvas ou condições precárias de
drenagem no solo) também atuam positivamente sobre a desnitrificação, sendo esses fatores
as principais explicações para as maiores taxas de emissão de óxidos de N em regiões
tropicais em comparação com as regiões temperadas.
Época e forma de aplicação:
O nitrogênio é um nutriente extremamente dinâmico sendo muito afetado por
condições de clima e de solo. Como a sua maior concentração no solo está na forma de
nitratos, em períodos de chuvas intensas ele é bastante lixiviado, principalmente em solos
arenosos. A aplicação de adubos nitrogenados em cobertura na forma de uréia pode resultar
em perdas consideráveis de nitrogênio como amônia, principalmente se o solo for arenoso.
O ideal é aplicar fertilizante de maneira parcelada, fornecendo o nitrogênio nos períodos
críticos do crescimento vegetal, e se a fonte for uréia, que a mesma seja incorporada ao solo.
A incorporação da uréia pode ser feita por uma chuva de vinte milímetros, ou por uma
irrigação equivalente logo após a sua aplicação, ou cobrindo a mesma com solo.
Vilela et al. (2000) orientam que na fase de estabelecimento de pastagem exclusiva
de gramíneas, em solos com baixo teor de matéria orgânica (< 1,6 g/kg), recomenda-se
aplicar de 40 a 50 kg/ha de N em cobertura, de preferência sob as formas de sulfato de
amônio - que contém enxofre, ou nitrato de amônio, por serem menos suscetíveis às perdas
de nitrogênio por volatilização. Em pastagem estabelecida, em fase de produção, Cantarutti
et al. (1999) elaboraram um guia para a recomendação da adubação nitrogenada levando em
consideração o nível tecnológico adotado no sistema de produção (Tabela 5). Estas
orientações são as que atualmente mais se aproximam do que se espera para recomendação
de adubação de pastagens no futuro, com base em níveis de extração para se alcançar metas
de produtividade.
Uma vez estabelecida, a pastagem deve receber sua primeira adubação nitrogenada aos
30 e 40 dias após a emergência, considerando que a forrageira esteja cobrindo cerca de 60 a
70% da área, visando maior aproveitamento do fertilizante. O adubo nitrogenado deve ser
aplicado na época das águas. A forma de aplicação do nitrogênio para manutenção é a de
cobertura a lanço, quando o solo está retendo níveis de umidade que favorecem a
solubilidade e distribuição do fertilizante contendo nitrogênio, que é um elemento móvel
muito suscetível a grandes perdas no solo. O sulfato de amônio é o mais recomendável para
aplicações em cobertura a lanço. O emprego da uréia é possível, desde que sejam observadas
condições que reduzem as perdas, tais como: aplicação quando o solo possui adequada
umidade e aplicação em dias não muito quentes.
Sabe-se que a forma de incorporação do nitrogênio no solo diminui as perdas desse
nutriente. Contudo, a incorporação de fertilizantes em pastagens estabelecidas,
especialmente naquelas formadas por plantas forrageiras cespitosas, não é recomendada,
porque essa prática geralmente prejudica o sistema radicular da planta e, conseqüentemente,
traz prejuízos à subsequente rebrota da pastagem (Corsi et al., 2001). Então, a forma para se
fazer chegar o N até à planta sem causar danos ao sistema radicular pela incorporação
mecânica, a aplicação do fertilizante deve ser em cobertura, parcelado em número de
aplicações convenientes para se obter melhor eficiência de utilização de nitrogênio aplicado
e atingir a sustentabilidade da exploração pecuária. O número de vezes em que se parcela a
dose anual de fertilizante nitrogenado varia com a dose de N-fertilizante aplicada e com os
objetivos idealizados para o sistema de produção (por exemplo, a expectativa de distribuição
estacional da produção de forragem para equilibrar a demanda de forragem pelos animais).
Em situações de pastejo, quando pequenas quantidades de fertilizante nitrogenado são
utilizadas (< 60 kg N/ha/ano), a aplicação pode ser feita de uma vez só. Assim, seria
interessante que doses entre 80 a 120 kg N/ha/ano sejam parceladas em duas vezes. Com
doses mais elevadas, na faixa de 120 a 180 kg/ha/ano, seria aconselhável dividir essa
quantidade em três ou quatro vezes. Nas situações em que as adubações ultrapassam a 200
kg/ha/ano, o mais indicado seria parcelar a quantidade anual de fertilizante nitrogenado de
acordo com os ciclos de pastejo durante a estação das chuvas. Normalmente, praticam-se
cinco a oito ciclos de pastejo durante o verão. Desse modo, seria possível aplicar cinco a oito
parcelas de 40 a 60 kg N/ha/ano, depois da saída dos animais dos piquetes, totalizando doses
anuais de N de 200 a 480 kg N/ha/ano, conforme o número de ciclos de pastejo e a dose de
N-fertilizante utilizada por ciclo. Note-se que em razão da pequena quantidade de N
utilizada, o risco de perda no N aplicado também é menor, o que de certa forma reduz o risco
de produção associada à adubação nitrogenada.
Micronutrientes:
Os micronutrientes ocorrem no material de origem dos solos sob variadas formas de
minerais. Podem ser liberados pela intemperização e interagir de diversos modos com as
frações do solo. Em geral, essas interações ocorrem com os óxidos e hidróxidos de Fe e Al
e com a matéria orgânica. A disponibilidade deste depende do pH, sendo diminuída para a
maioria deles e aumentada para molibdênio com o aumento do pH. O boro e o cloro são
altamente móveis no solo, podendo ter sua disponibilidade alterada pela precipitação e
textura do solo.
O Cu, Fe, Mn, Ni e Zn são absorvidos na forma catiônica, enquanto o Cl e Mo como
ânions e o boro em sua forma molecular (H3BO3). Uma vez absorvidos, Cu, Fe, Mn e Zn
são imóveis na planta, enquanto Mo e Ni são moveis. O boro pode ter certa mobilidade
dependendo da produção de certos compostos pelas plantas (sorbitol e manitol). As funções
dos micronutrientes estão basicamente envolvidas na ativação enzimática e na participação
em etapas do processo fotossintético, estabilidade de membranas e em determinados passos
do metabolismo.

Os micronutrientes cloro e níquel normalmente têm atendido a demanda das plantas
forrageiras, através da ocorrência natural.

A calagem excessiva pode imobilizar certos micronutrientes (Zn, B, Cu, e até Mn e
Fe), causando deficiência dos mesmos às plantas.
Fontes, época e forma de aplicação:
Pelo fato de apresentarem faixa estreita entre deficiência e toxicidade à planta, a
maior parte dos micronutrientes só deve ser fornecida a partir de indicação de sua demanda.
A adubação deve ser realizada paralela ou após o fornecimento de N e P, preferencialmente
na época das águas. O fornecimento usual de micro é através de sais e óxidos (bórax, ulexita,
sulfato de cobre, sulfato de zinco, molibdato de sódio ou de amônio), que são misturados aos
adubos fornecedores de macronutrientes ou incorporados no superfosfato em formulações
NPK. Formulações do tipo fritas “FTE” embora possuam baixa solubilidade também tem
sido empregada.
As doses usuais quando há recomendação para micro tem variado de 0,5 a 1 kg/há
para boro, 1 a 2 kg/há para cobre, 2 a 4 kg/há para zinco e 0,05 a 0,15 para o molibdênio.
Quando utilizadas formulações FTE Br12 ou Br16 doses de 30 a 50 kg/ha tem sido usuais.
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