trabalhando a química e a interdisciplinaridade da questão

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TRABALHANDO A QUÍMICA E A INTERDISCIPLINARIDADE DA QUESTÃO AMBIENTAL
NAS ESCOLAS DA REDE PÚBLICA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO1
Iêda Aparecida Pastre FERTONANI
Vera Aparecida de Oliveira TIERA
Lidia Maria de Almeida PLICAS2
Resumo: A necessidade de se trabalhar Educação Ambiental (EA) na escola é reconhecida
não só pelos professores como também é exigida pelos Órgãos Oficiais. No
entanto, para se trabalhar esse tema transversal é necessário trabalhar,
primeiramente, os agentes dispersores, os professores. Cursos de capacitação têm
sido oferecidos aos professores da Rede Pública de Ensino Médio. É chegada a
hora de implementar projetos em EA nas escolas, entretanto as dificuldades
encontradas são muitas e, de maneira geral, a abordagem é apenas teórica, ou
seja, limita-se ao repasse do que trazem os livros textos e a mídia. Na Educação
Ambiental é importante refletir sobre as formas de considerar a ciência, a relação
homem e natureza, a racionalidade ambiental, o progresso e efetivar ações que
motivem nossos jovens à busca de um pensamento crítico e à busca de estratégias
para uma melhor qualidade de vida, contribuindo para a formação de cidadãos
conscientes. Através dos agentes multiplicadores – os alunos – conscientizar a
comunidade quanto à preservação do ambiente, visando mudanças de hábitos e
atitudes ante a problemática ambiental. Este trabalho relata a implantação de um
projeto em EA que incentiva ações didático-pedagógicas e ações educativas de
caráter popular e inclusivas.
Palavras-chave: educação ambiental; resíduos sólidos; lixo; projeto em educação ambiental.
INTRODUÇÃO
A Educação Ambiental é um processo educacional criado ao longo de muitos
anos através de estudos de inúmeros especialistas, que têm uma visão global das
necessidades do homem e da natureza entrelaçadas em um objetivo comum que é a
manutenção da qualidade de vida de todos os seres do planeta.
Portanto, em vista da existência de problemas ambientais em quase todas as
regiões do país, torna-se importantíssimo o desenvolvimento e implantação de projetos
educacionais ambientais, os quais são de suma importância na tentativa de se reverter ou
minimizar os danos ambientais.
Porém, o sucesso destes projetos educacionais somente poderá ocorrer
havendo conscientização de todos os segmentos da sociedade da sua relevância e da
implantação efetiva. A participação de toda a comunidade envolvida no processo é primordial
para a sua efetivação. Somente assim poderemos tentar melhorar a qualidade de vida de todos
e, conseqüentemente, cumprirmos o disposto no art. 225 da Constituição Federal, onde diz, em
1
Projeto financiado pela PROGRAD/Reitoria/Fundunesp.
Docentes do Departamento de Química e Ciências Ambientais (Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas – UNESP –
Campus de São José do Rio Preto).
2
558
outras palavras, que o meio ambiente sadio é um direito de todos.
O surgimento e desenvolvimento da educação ambiental como método de ensino
está diretamente relacionada ao movimento ambientalista, pois é fruto da conscientização da
problemática ambiental. A ecologia como ciência global trouxe a preocupação com os
problemas ambientais, surgindo a necessidade de se educar no sentido de preservar o meio
ambiente.
A expressão “environmental education” foi ouvida pela primeira vez em 1965, na
Grã-Bretanha, por ocasião da Conferência em Educação, realizada em Keele, onde chegou-se
a conclusão de que a Educação Ambiental deveria se tornar parte essencial da educação de
todos os cidadãos. Posteriormente, em 1970, os Estados Unidos aprovaram a primeira lei sobre
a Educação Ambiental.
Mas, foi na Conferência da ONU sobre o Ambiente Humano, realizada de 5 a 16
de junho de 1972, em Estocolmo, Suécia, onde surgiu em âmbito mundial a preocupação com
os problemas ambientais, reconhecendo-se a necessidade do desenvolvimento de uma
educação ambiental, recomendando-se o estabelecimento de programas de Educação
Ambiental. Dessa forma, surgiu a Educação Ambiental como uma nova ciência preocupada
especialmente em apresentar soluções aos problemas ambientais mundiais.
Já a importantíssima Primeira Conferência Intergovernamental sobre Educação
Ambiental realizada em Tbilisi, Rússia, em 1977, pela UNESCO, constituiu-se em marco
histórico de sedimentação dessa ciência, dela tirando-se entre outras recomendações, que a
Educação Ambiental é um método de formação eficaz de integracionistas, isto é, de estudiosos
que têm enfoque pluridisciplinar, os quais com esta formação holística servem como
integradores entre os generalistas e especialistas, formando importante elo de iteração de
várias ciências em prol do desenvolvimento.
Já a Declaração Mundial sobre Educação para Todos: Satisfação das
Necessidades Básicas de Aprendizagem, aprovada na Conferência Mundial sobre Educação
para Todos, realizada na Tailândia, em 1990, reitera, entre seus objetivos, a necessidade de
aprendizagem, respeito e o desenvolvimento da educação de todos na defesa da causa social e
de proteção ao meio ambiente.
Na Conferência sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente, no Rio de Janeiro em
1992, a Rio-92, a Educação Ambiental foi incorporada definitivamente como processo
indispensável no caminho do desenvolvimento sustentável preconizado no encontro através da
Agenda 21, uma agenda de diretrizes para o século 21.
559
Nesta Conferência, foram feitos vários documentos, destacando-se entre eles a
Agenda 21 que consagra no Capítulo 36 “a promoção da educação, da consciência política e do
treinamento”, e apresenta um plano de ação para o desenvolvimento sustentável a ser adotado
pelos países, valendo-se de uma nova perspectiva para a cooperação internacional.
Na Carta Brasileira para a Educação Ambiental emanada no Workshop sobre
Educação
Ambiental
ocorrido
na
Conferência
Mundial
sobre
o
Meio
Ambiente
e
Desenvolvimento, em 1992, no Brasil, estão entre outras recomendações que: haja um
compromisso real do poder público federal, estadual e municipal no cumprimento e
complementação da legislação e das políticas para a Educação Ambiental; haja uma articulação
dos vários programas e iniciativas governamentais em Educação Ambiental, pelo MEC, e que o
MEC em conjunto com as Instituições de Ensino Superior, defina metas para a inserção
articulada da dimensão ambiental nos currículos, a fim de que seja estabelecido o marco
fundamental da implantação da Educação Ambiental no 3º Grau.
No Plano Decenal de Educação para Todos 1993-2003, do Ministério da
Educação e do Desporto, nos objetivos referentes à satisfação das necessidades básicas das
crianças, jovens e adultos e da ampliação dos meios e do alcance da educação básica, a
dimensão ambiental está presente como um de seus componentes.
Com suporte nos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, os
legisladores brasileiros têm tentado colocar a Educação Ambiental como parte dos princípios e
objetivos a serem alcançados, bastando ver o disposto na Lei 6938/81, que instituiu a Política
Nacional de Meio Ambiente.
Em dezembro de 1994 foi aprovada a Exposição de Motivos, encaminhada por
vários Ministérios, que estabelece diretrizes para a implantação do Programa Nacional de
Educação Ambiental – PRONEA (D.O.U. 22/12/94).
O Ministério da Educação e do Desporto na realização da revisão curricular em
1996, incluiu nos Parâmetros Curriculares Nacional o “Convício Social e Ética – Meio
Ambiente”, abordando a dimensão ambiental de modo transversal em todo o primeiro grau.
O desafio que se coloca para a educação ambiental, enquanto prática dialógica,
é o de criar condições para a participação dos diferentes segmentos sociais, tanto na
formulação de políticas para o meio ambiente, quanto na concepção e aplicação de decisões
que afetam a qualidade do meio natural, social e cultural. Neste sentido, para que os diferentes
segmentos sociais tenham condições efetivas de intervirem no processo de gestão ambiental, é
essencial que a prática educativa se fundamente na premissa de que a sociedade não é o lugar
da harmonia, mas sobretudo, o lugar dos conflitos e dos confrontos que ocorrem em suas
560
diferentes esferas (da política, da economia, das relações sociais, dos valores, etc.).
O presente projeto teve por objetivo, entre outros, de promover a aquisição de
conhecimentos, atitudes e competências, com vistas a participação individual e coletiva na
conquista e manutenção do direito ao meio ambiente, enquanto bem de uso comum e essencial
a sadia qualidade de vida da população brasileira.
Da necessidade de se abordar o tema transversal Educação Ambiental na
educação formal e a obrigatoriedade do Poder Público em implementar a EA à população, o
que deve ser feito por meio de programas, gerou-se a necessidade de sistematização de
projetos em Educação Ambiental.
A criação e o desenvolvimento de um projeto de EA pode ser elaborado
utilizando-se várias formas, métodos e organogramas, mas a utilização de uma sistemática bem
elaborada é primordial para o seu sucesso. Deve-se planejá-lo e executá-lo de forma mais
criteriosa e concreta possível, observando-se as seguintes etapas:
1. escolher o local a ser efetivado o projeto;
2. desenvolver pesquisas
específicos da área;
para
identificação
dos
problemas
ambientais
3. estudar e conhecer as necessidades e potenciais da comunidade;
4. planejar o programa direcionando-o à comunidade;
5. aplicar efetivamente o programa educacional;
6. avaliar os resultados para eventuais mudanças ou adaptações.
A Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
Com o grande volume de informações gerado pelo crescente e acelerado
desenvolvimento tecnológico dos últimos 30 anos, e considerando as necessidades atuais do
mundo globalizado, o Ministério da Educação, por intermédio da Secretaria da Educação Média
e Tecnológica, organizou um projeto de reforma do Ensino Médio como parte de uma política
mais geral de desenvolvimento social, que prioriza as ações na área da educação buscando a
implementação da qualidade no ensino público formal. Propõe-se, em nível de Ensino Médio, a
formação geral, o desenvolvimento da capacidade de pesquisar, buscar informações, analisálas e selecioná-las, a capacidade de aprender, criar, formular, ao invés do simples exercício da
memorização. São estes os princípios gerais que orientam a reformulação curricular do Ensino
Médio expressos na nova Lei das Diretrizes e Bases da Educação - Lei 9.394/96.
A LDB, em vigor, explicita, no seu artigo 36, que o Ensino Médio é a etapa final
da educação básica. Passando a ter a característica da terminalidade, assegura a todos os
cidadãos a oportunidade de consolidar e aprofundar os conhecimentos adquiridos no Ensino
561
Fundamental, aprimorando o educando como pessoa humana dentro da ética e do
desenvolvimento do pensamento crítico afinado ao projeto da sociedade em que se situa e
engajado na conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente.
Considerando-se o contexto da globalização e da revolução tecnológica, buscouse construir novas alternativas de organização curricular para o ensino médio, alterando-se,
portanto, os objetivos de formação, priorizando-se a formação ética e o desenvolvimento da
autonomia intelectual e do pensamento crítico.
Dentro das metas da reestruturação curricular, a aprendizagem na área das
ciências busca a compreensão e a utilização dos conhecimentos científicos, para explicar,
planejar, executar e avaliar ações de intervenção na realidade. Para fazer a ponte entre teoria
(fundamentos científicos-tecnológicos) e a prática (processo produtivo), é preciso estabelecer
relações entre o aprendido e o observado, seja no cotidiano ou no contexto específico de um
trabalho laboral.
Contudo, observa-se que a ênfase na memorização, a ausência de
experimentação e a falta de correlação entre o conteúdo químico e a vida diária do aluno têm
sido as principais características do ensino de química no Brasil. Observa-se, ainda, que os
livros didáticos apresentam uma química descritiva, distante do que se entende por educação
ambiental que avalia as causas e os efeitos globais de uma ação. Com isso, observa-se que os
educadores apresentam uma certa dificuldade de material educacional para trabalharem a
transversalidade da Educação Ambiental nos conteúdos de química nas séries do ensino
médio, aliado à falta de conhecimento, em grande parte, por causa da precária formação. Um
processo que vem, lentamente, sendo alterado com cursos de aperfeiçoamento e capacitação
de professores do ensino médio, principalmente com a apresentação de conceitos filosóficos e
teorias da qualidade e suas ferramentas para sistematização de processos na área educacional
ou ambiental. Dessa forma, o ensino em geral, e em particular o ensino de química, contribui de
forma efetiva tanto para o desenvolvimento intelectual dos estudantes, quanto para a formação
de cidadãos mais conscientes.
Com a aprovação da nova Lei que reorienta o ensino em nível nacional, e com a
instituição de uma política nacional de educação ambiental na educação formal, faz-se
necessário a modernização do sistema de ensino, quais sejam: obter resultados avaliáveis,
ajustar o ensino às necessidades do mercado de trabalho, da economia, dos programas de
qualidade de gestão da educação e incorporar o conhecimento e o domínio dos princípios
científicos e tecnológicos. A nova reforma de ensino justifica-se também pela busca de uma
melhor qualidade de ensino, o qual pode ser determinado por: efetividade, eficiência, eficácia,
562
pertinência, suficiência, atualidade e aceitabilidade pelos seus “usuários” internos e externos,
com elevados índices de satisfação para ambos.
É sabido que a qualidade de ensino depende sobretudo de um professorado
motivado e comprometido profissionalmente, com condições de trabalho adequadas que
favoreçam o desenvolvimento contínuo de práticas pedagógicas de ensino e aprendizagem,
com boa fundamentação teórica, e recursos materiais. Porém, tem-se observado que é
praticado, na maioria das Escolas Públicas, o ensino de caráter simplesmente informativo, sem
a devida preocupação pela formação de uma mentalidade científica que tenha aplicação em
qualquer atividade profissional à qual, futuramente, o estudante possa se dedicar, quer seja na
produção de conhecimento (ensino ou pesquisa) ou na produção de bens e serviços.
O ensino de Ciências Naturais, freqüentemente conhecido como “ensino teórico”,
não favorece nem permite uma aprendizagem real. Este ensino teórico inadequado pode
esterilizar e invalidar a mentalidade dos estudantes. Assim, a realização de experiências, como
também o uso de observações cotidianas das transformações que ocorrem no ambiente para
introduzir e ilustrar os diversos itens do programa das disciplinas relacionadas às ciências,
conduz quando bem orientadas, a uma formação de conceitos e estabelecimento de princípios,
levando o aluno a um preparo autêntico.
Durante o percurso através dos diversos níveis ou graus de ensino, é natural que
se alterem as estratégias para acompanhar a crescente capacidade de abstração dos
estudantes. Porém, a minuciosidade na observação e o planejamento cuidadoso das atividades
de experimentação e de estudo devem ser levados em consideração. Em todos eles deverão
estar presentes o espírito de indagação e o esforço para explicar e concluir, embora guardando
as limitações e direcionamentos ditados pelas diferenças nos conhecimentos teóricos e pela
capacidade de abstração do aluno.
Percebe-se na educação, em especial no ensino da química, uma forma própria
de ensinar e conscientizar, motivando os nossos jovens à busca de um pensamento crítico e de
estratégias para uma melhor qualidade de vida.
Este artigo pretende mostrar como é trabalhada a questão de alguns hábitos
cotidianos na escola, como o destino dos resíduos sólidos gerados neste ambiente, com o
intuito de promover o entendimento sobre os riscos e prejuízos ao meio ambiente de atitudes
banais como o descuido com os resíduos – e a não correta condução dos mesmos com sua
influência para o planeta como um todo.
563
Tem-se, como objetivo geral, proporcionar ao aluno uma reflexão, em relação a
seus hábitos diários e as implicações quanto ao tipo de resíduo produzido para a melhoria da
qualidade de vida e preservação do meio ambiente.
Ainda, propõe-se: promover o aprimoramento dos professores, utilizando-se de
temas e ferramentas atuais importantes, que permitam atuarem no ensino de química teórico e
experimental, visando a melhoria do domínio dos conteúdos curriculares, bem como a
conscientização do professor e do aluno para a importância da qualidade do ensino, aliada à
qualidade de vida e à preservação do meio ambiente.
Interagir informações e conceitos teóricos com os conceitos já existentes da
estrutura cognitiva do aluno.
Capacitar os professores para a elaboração de projetos de educação ambiental
na sua escola em consonância com as reais condições do local de trabalho e da clientela e em
concordância com as ferramentas empregadas para a sistematização da abordagem frente a
questão ambiental.
Incentivar a utilização de exemplos de fatos e fenômenos vividos pelos alunos no
dia-a-dia, para explicar o assunto em desenvolvimento na aula, em conformidade com os
avanços produzidos na área de química, interagindo informações e conceitos teóricos com os
fatos e fenômenos ambientais observados na atualidade.
Associar exemplos significativos com os princípios teóricos de maneira lógica e
agradável para o entendimento da química como uma ciência articulada que muito pode
contribuir para melhorar nossa saúde, nossa qualidade de vida e a nós mesmos como seres
humanos.
Elaboração de um projeto de educação ambiental para a escola inserido nos
conceitos reeducar, reutilizar e reciclar, estando motivados a colocá-lo em prática.
Finalizando, pretende-se contribuir para o projeto de formação de cidadãos que
possam atuar de forma consciente na sociedade.
Integrar o aluno à realidade do meio em que vive, avaliando a qualidade de vida
é tarefa que a escola deve primar no que tange ao ensino e à aprendizagem, visto que a
população urbana é a responsável pelo maior consumo de alimentos e outros gêneros
industrializados. Diante da problemática dos resíduos sólidos gerados na escola, o presente
trabalho partiu da observação dos hábitos da comunidade escolar em relação a geração de
resíduos sólidos e sua postura ante a minimização e destinação final dos mesmos, em duas
escolas públicas de ensino médio de São José do Rio Preto e, posteriormente, efetuou-se
564
ações no sentido de conscientizar e buscar a mudança de hábitos da comunidade escolar.
Também foram analisadas as características dos resíduos produzidos.
O artigo relata a experiência de uma prática voltada para o esclarecimento e
conscientização da comunidade escolar que poderá ser mediadora de um projeto participativo
na comunidade em que está inserida. Como conseqüência, poderá se promover a continuidade
do recolhimento e seleção do lixo e a produção de adubo orgânico como prática rotineira das
escolas.
METODOLOGIA
Levando em consideração a problemática delimitada, a justificativa e objetivos
deste trabalho, assim como a fundamentação teórica a qual o sustenta, propõe-se adotar a
metodologia coerente com tais interesses.
Todo o projeto seguiu as ações, integradas entre si, abaixo descritas:
- Encontros entre a equipe executora e professores e direção das escolas para
apresentação do projeto, estabelecer o desenvolvimento do trabalho e expor o planejamento
das atividades.
- Mostra de apresentação de vídeos educacionais aos alunos, seguida de
discussões visando o processo reflexivo dos alunos diante da problemática ambiental e,
estabelecer relações entre o conteúdo da disciplina de química ministrado em sala de aula e a
problemática dos resíduos sólidos frente a preservação do meio ambiente.
- Palestras de profissionais especialistas voltadas para a defesa da qualidade de
vida e preservação do meio ambiente de forma a atuar significativamente para uma mudança
de comportamento, para
amenizar as diferenças e desequilíbrios gerados pela divisão do
conhecimento quando fragmentado em disciplinas isoladas e não interrelacionadas.
- Aplicação de experimentos aos alunos em sala de aula que auxiliam a
compreensão dos aspectos da química do cotidiano e nas questões ambientais. O
desenvolvimento de aulas práticas instiga o aluno às discussões facilitando a compreensão de
novos conceitos, o desenvolvimento do trabalho coletivo e facilitando o diálogo entre professor
e aluno.
- Propostas de uso de laboratórios de química e de informática visando auxiliar a
compreensão dos aspectos da química nas questões ambientais. Como também proporcionar
oportunidade para os alunos desenvolverem suas habilidades em outras ciências e tecnologias
praticando efetivamente a interdisciplinaridade.
565
- Leitura e discussão de material paradidático como livros, artigos científicos e
matérias publicadas sobre agressões ao meio ambiente contribuindo para a ampliação do
conhecimento, propiciando (incentivar) a reflexão e despertando o espírito crítico dos mesmos
alunos.
- Trabalhos em grupo seguido de seminários proferidos pelos alunos
oportunidade para a integração dos alunos que passam de meros espectadores de aulas a
especuladores e formadores de idéias próprias. Quando partilham do trabalho os alunos
compreendem melhor as dificuldades, expõem com mais liberdade seus problemas, criticam
mais livremente o trabalho em andamento. Enfim, as atividades quando aquecidas por
controvérsias ficam menos autoritárias e mais participativa, propiciando melhores condições
para mudanças de postura dos professores e alunos e, consequentemente, maiores chances de
modificação das aulas em todos os níveis.
ESTRATÉGIAS
As estratégias adotadas no desenvolvimento do projeto foram:
1. Abordagem dos conceitos fundamentais pertinentes a cada tópico aplicado.
2. Trabalhar a motivação dos professores no tocante ao desenvolvimento de aulas
experimentais em química, correlacionando-as com a química do meio
ambiente, fazendo a contextualização do ensino da química com fatos do
panorama histórico atual. Este trabalho evidenciará as ligações bastante íntimas
entre ciência, desenvolvimento da sociedade e meio ambiente.
Com este trabalho busca-se um amadurecimento e desenvolvimento das
habilidades dos professores que, em sua maioria, não mostram hábitos nem estratégias de
ensino pertinentes a melhoria da qualidade do ensino da química. A preocupação com o
comprometimento do ensinar com qualidade e a preocupação na sistematização da
contextualização da questão ambiental no ensino da química.
Com as estratégias acima espera-se que o professor assuma novas posturas
como:
1. Mudar sua aula, meramente expositiva, na qual o aluno é o agente passivo,
no contexto da qualidade, para uma aula participativa e cooperativa em que o
aluno atue de forma ativa no processo ensino-aprendizagem.
2. Interessar-se em trabalhar a problemática do meio ambiente.
3. Relacionar a química com os fatos da vida diária.
4. Incentivar o professor a utilizar-se dos diversos recursos disponíveis para
preparação das aulas, tais como revistas, jornais, vídeos, informática, etc.
566
5. Elaboração e implementação de um projeto em Educação Ambiental,
correlacionando os conhecimentos adquiridos com o tema Química e o Meio
Ambiente.
A inovação do presente projeto foi a substituição da organização dos conteúdos,
classicamente estruturados sobre as bases dos comportamentos químicos, por um enfoque
centrado na problemática do meio ambiente.
DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
Para o desenvolvimento do projeto em Educação Ambiental, foram observadas
as seguintes etapas:
1 – escolha do local a ser efetivado o projeto – escola da rede pública;
2 – identificação dos problemas ambientais específicos – resíduos sólidos;
3 – conhecimento das necessidades e potenciais da comunidade – a educação,
em especial o ensino da química, é uma forma própria de ensinar e conscientizar, motivando os
nossos jovens à busca de um pensamento crítico e a busca de estratégias para uma melhor
qualidade de vida;
4 – planejamento do programa direcionando-o à comunidade – por meio de
ferramentas próprias do ensino garantindo a aprendizagem de habilidades e conceitos básicos
para a vida em sociedade;
5 – aplicação efetiva do programa educacional – desenvolvimento das ações
propostas no projeto;
6 – avaliação dos resultados para eventuais mudanças ou adaptações.
O projeto foi desenvolvido no período de maio a outubro de 2003, na Escola
Estadual “Alberto Andaló” da cidade de São José do Rio Preto. O contato inicial com a primeira
escola citada foi intermediado pela Professora Cleufa Cecília Belati a qual já havia freqüentado
cursos de capacitação ministrados por nós anteriormente. A partir deste contato foi agendada
reunião com a Direção da Escola para a apresentação da proposta de projeto a ser
desenvolvido. A proposta foi modificada em vista a atender as reais necessidades das escolas,
embora o tema principal tenha sido preservado, qual seja, a questão ambiental, no tocante à
conscientização da Comunidade Escolar quanto à preservação do meio ambiente. Definidas as
ações, passou-se ao desenvolvimento do projeto o qual está descrito a seguir.
567
DESCRIÇÃO DAS AÇÕES NA E.E. “ALBERTO ANDALÓ”
Esta escola, localizada na região central da cidade atende cerca de 1000 alunos,
com a seguinte distribuição por séries e período: manhã - duas 1ªs. séries, quatro 2ªs. séries e
quatro 3ªs. séries; tarde – seis 1ªs. séries e uma 2ª série e noturno – duas 1ªs. séries, três 2ªs.
séries e cinco 3ªs. séries.
Quanto à infra-estrutura, a escola é constituída por 10 salas de aula, uma
biblioteca adaptada em uma sala de aula, um Laboratório de Ciências, um auditório para cerca
de 250 pessoas, uma sala de informática com dez microcomputadores, uma quadra de esportes
coberta, uma pequena quadra descoberta, um pátio coberto onde se encontra um pequeno
palco, sala de professores, sala da Diretoria, da Coordenação e Secretaria.
A disciplina de Química é ministrada pelos Professores Darci Antônio Dolce e
Cleufa Cecília Belati
Após as primeiras reuniões com o corpo docente e a Diretora da escola, decidiuse que o projeto seria reformulado pelo professores, no sentido de adaptá-lo às reais condições
de trabalho e da escola. Após sua apresentação à nossa equipe o projeto intitulado “Brasil, das
raízes aos frutos” ajustou-se perfeitamente aos objetivos do presente projeto, no tocante a
implementação de um projeto em Educação Ambiental que fosse adotado por toda a
comunidade escolar. Resolveu-se trabalhar a questão do lixo, ou seja, a problemática dos
resíduos sólidos gerados na escola, quanto a conscientização, redução, reutilização, mudança
de atitudes quanto ao destino e sua correta deposição em lixeiras específicas e a sua
destinação final.
A escolha em desenvolver o projeto dentro da Escola foi a mais indicada, com o
propósito de que os resultados fossem mais efetivos e viessem a atender as necessidades
específicas locais, pois mesmo delimitando o estudo a um certo local podemos observar que os
problemas ambientais que o atingem além de serem locais podem ser regionais, nacionais ou
globais, certos de que uma ação local se estenda globalmente.
Para a apresentação do projeto aos alunos, fez-se uma breve exposição sobre a
problemática ambiental com enfoque para os resíduos sólidos. Nesta oportunidade foi possível
fazer uma breve reflexão sobre a relevância da escola em questões sociais e os problemas
presente no meio escolar que dificultam o efetivo desenvolvimento do papel da escola como
agente modificador da sociedade.
Em vista do problema dos resíduos sólidos gerados pela escola e sua
destinação, foram realizadas atividades de identificação e catalogação do lixo escolar. Desta
568
atividade participaram alunos das 1as. séries de todos os períodos e, de maneira que nenhum
aspecto do ambiente foi desconsiderado. No total dos três períodos foram constatadas as
quantias de 3 kg ou cerca de 120 L de papel; 3 kg ou cerca de 120 L de plástico; metal e vidro,
esporadicamente alguns resíduos foram encontrados, tais como embalagem de marmitex, clips,
grampos, tampa metalizada de copo de água descartável, lata de molho de tomate, pote de
vidro de maionese, garrafa de repositor energético. Quanto aos resíduos orgânicos também a
quantidade foi mínima. Entre papel e plástico, em sua maioria foram, respectivamente, folhas de
caderno, papelão de embalagens, embalagens plásticas de alimentos e, copos plásticos para
água, café e refrigerante.
Escolhido o local e identificados os problemas, passamos aos estudos da
necessidade e potencialidade da comunidade, uma vez que um programa de Educação
Ambiental é dirigido às pessoas, daí porque devemos conhecer as necessidades e
potencialidades da comunidade para a implementação e desenvolvimento do programa, sem o
que seria um trabalho sem acolhida pelas pessoas do local. Verificamos a necessidade de
adquirir lixeiras de coleta seletiva para papel e plástico; devido às dimensões da escola foram
adquiridos cinco conjuntos com duas lixeiras seletivas cada. Quanto a potencialidade, a escola
é um lugar, entre outros, onde todos os sujeitos que a formam, sejam professores, alunos ou
funcionários, exercem – ou deveriam exercer – a cidadania. A busca de coerência entre o que
se pretende ensinar aos alunos e o que se faz na escola, ou se oferece a eles, é fundamental. É
evidente que não se poderá ensinar autocuidado e higiene, se por exemplo, o ambiente não
estiver adequado para tanto. Trata-se , portanto, de oferecer aos alunos a perspectiva de que
tais atitudes são importantes e criar condições para que estes tenham possibilidades de
experimentá-las.
Conhecendo-se a necessidade, o potencial da comunidade, identificado o
problema passou-se ao planejamento, cujo êxito está diretamente relacionado com o cuidado
na organização e direcionado aos objetivos, sem se desviar de sua finalidade. Na escola
escolhida para desenvolvimento do projeto, percebe-se a construção do pensar coletivo, tendo
como raiz a campanha de coleta seletiva, o direcionamento conveniente aos resíduos e, a partir
daí, a reeducação para os hábitos cotidianos em relação a todo tipo de higiene sobre a vida
própria de cada um e o ambiente, tal como a educação ambiental alerta e orienta.
Para o planejamento foram observados:
1. Os motivos, métodos e objetivos;
2. A identificação do problema ambiental a ser trabalhado e como será
resolvido;
3. Como será colocado em prática, desenvolvido e divulgado.
569
A aplicação efetiva do programa incluiu:
a. Palestra para a Comunidade Escolar sobre a problemática do lixo, visando
estimular a participação de todos;
b. Contato com o Poder Público e entidades civis para obtenção de material de
divulgação, no caso, foi utilizada a Cartilha SENAC ALERTA “Por uma Cidade
mais Limpa”, distribuída pela ocasião da Semana do Meio Ambiente promovida
pela Prefeitura de Rio Preto.
Diante do exposto, as ações efetivadas foram:
♣
Identificação, catalogação dos resíduos sólidos gerados na escola;
♣
Preparo do texto “Por uma Escola mais Limpa”;
♣
Trabalho com o texto em todas as salas de aula, no mesmo dia, de
maneira que todos os alunos tiveram a oportunidade de tomar
conhecimento do projeto através do texto. Cada professor trabalhou o
texto em consonância com a sua disciplina;
♣
Textos específicos foram trabalhados
abordando o tema Meio ambiente;
♣
Aquisição das lixeiras para coleta seletiva;
♣
Realização da Gincana “Brasil, das raízes aos frutos”, cujo tema central
foi o meio ambiente. Esta gincana foi organizada pelos professores,
com o intuito de arrecadar material reciclado e depois vendê-lo. Com os
recursos obtidos foram adquiridos materiais didáticos para a escola. A
gincana foi realizada durante três dias; os alunos foram divididos em
três equipes; foram realizadas várias provas esportivas, culturais –
encenação de pequenas peças teatrais com o tema Folclore e Meio
Ambiente -, e didáticas – também abordando o tema meio ambiente -;
além da prova de arrecadação de material reciclado: latas, garrafas
PET, jornal e papelão. Foram arrecadados 30,5 kg de latas; 842,1 kg de
papelão e jornal; 209,3 kg (4186 unidades) de garrafas PET.
♣
Manufatura de artesanato com material reciclado. Os alunos foram
incentivados a criar objetos usando material reciclável; os objetos foram
expostos no evento “Feira de Materiais Recicláveis”; foram
apresentados os mais variados objetos, tais como: arranjos florais,
bolsas, cintos, porta-retratos, cinzeiros, brinquedos, abajures, árvores
estilizadas, roupas, objetos de decoração, etc. As fotos registradas ao
longo do projeto também foram apresentadas neste evento.
♣
No decorrer do projeto foram realizadas aulas práticas, na disciplina de
química, abordando os conteúdos de química relacionados com os
problemas ambientais.
nas
diversas
disciplinas
570
Para a avaliação do aproveitamento dos participantes, evidenciando o
comprometimento com o projeto, foram considerados os seguintes itens:
♣ Argüição sobre as ações realizadas;
♣ Relatórios das atividades desenvolvidas;
♣ Teste dos conhecimentos adquiridos e participação nas atividades.
♣ Avaliação da implementação do projeto na comunidade escolar.
Esta avaliação contou com um relato sobre o desenvolvimento do projeto em
todas as sua etapas. Durante o relato do desenvolvimento das ações procurou-se incentivar os
professores a tecer comentários sobre as questões relacionadas aos alunos, como:
receptividade; conhecimento prévio demonstrado sobre o tema; participação geral em sala de
aula; dificuldades demonstradas para a compreensão dos textos trabalhados; compreensão dos
conteúdos desenvolvidos; comportamento dos alunos diante dos procedimentos adotados
dentro e fora da sala de aula.
Os professores também foram solicitados para explicarem
(exporem) suas
percepções sobre o trabalho realizado e as dificuldades sentidas, enfocando questões como:
dificuldades sentidas com relação ao conteúdo desenvolvido e a metodologia adotada para este
projeto; mudanças em sua prática pedagógica cotidiana provocadas pelo desenvolvimento do
planejamento; problemas gerais e sugestões de alterações necessárias; posicionamento dos
colegas de escola ante a abordagem do tema; medida do alcance dos objetivos com relação ao
projeto.
Com
base
nos
relatos,
percebeu-se
alguns
pontos
em
comum
no
desenvolvimento do planejamento, no que diz respeito à reação dos alunos em vista das ações
propostas para o desenvolvimento do projeto e os procedimentos adotados.
Como exemplos de dificuldades comuns encontradas têm-se:
♣ Conhecimento sobre aspectos
demonstrados por alguns alunos;
relacionados
à
poluição
ambiental
♣ Dificuldade na compreensão do texto introdutório ao tema;
♣ Dificuldades para se dispor ao enfrentamento da resolução de questões
ambientais, a partir de uma mudança de hábitos e comportamento no seu
dia-a-dia;
♣ Dificuldades na leitura e interpretação de textos específicos em cada
disciplina sobre o tema em questão.
571
Por outro lado, características comuns positivas também podem ser apontadas, tais
como:
♣ Boa receptividade da maioria dos alunos ao projeto proposto;
♣ Boa receptividade, apesar das resistências iniciais, para com a metodologia
de trabalho proposta;
♣ Os alunos demonstraram boa compreensão dos textos, apesar das
dificuldades iniciais com a leitura dos mesmos;
♣ Bom aproveitamento geral do conteúdo trabalhado.
Uma característica interessante foi que, não obstante a todas as discussões
anteriores referentes à implementação do projeto, alguns professores insistiram em não alterar
seu planejamento didático inicialmente estabelecido. Somente os professores das disciplinas de
Química, Língua Portuguesa, Inglês e Desenho concordaram em trabalhar o tema Lixo em suas
respectivas disciplinas, alterando tanto o conteúdo da disciplina quanto a proposição de novas
atividades, em particular aquelas extra-sala.
De maneira geral, pode-se constatar a necessidade de um trabalho mais
prolongado com os professores, a partir de constantes reformulações nos planejamentos
elaborados e aprofundamento no estudo de conteúdos específicos e também das metodologias
para este fim.
Ao término do projeto pôde-se verificar, por relato espontâneo dos professores,
que projetos intermediados pela Universidade, promovem:
♣ a importância cada vez maior do conhecimento da Ciência e da Tecnologia
atuais para inserção do indivíduo na sociedade;
♣ o estimulo à interação do tema transversal com outras disciplinas.
♣ a relevância das aulas práticas como ferramenta de ensino;
♣ a utilização do conhecimento adquirido, no dia-a-dia, para explicar conceitos
de química em conformidade com os avanços na área, interagindo fatos e
fenômenos ambientais observados na atualidade, facilitando sua
compreensão;
♣ a contribuição para o aprimoramento do conteúdo dos professores ao ensino
de química, tendo em vista as discussões resultantes após cada atividade
desenvolvida;
♣ a capacitação dos professores e alunos na identificação de problemas
ambientais e proposição de ações, utilizando conceitos teóricos e práticos,
como os abordados no presente projeto, para continuidade deste e
implementação de novos projetos inseridos nos conceitos de repensar,
reutilizar e reciclar. Contribuindo para a formação de cidadãos que possam
atuar de forma consciente na sociedade;
♣ a necessidade de desenvolvimento de projetos e outras atividades relevantes
à educação e ao desempenho do educando;
572
♣ motivação da comunidade quanto à implementação de ações para a
minimização de danos e preservação do meio ambiente;
♣ subsídios à comunidade escolar para o destino dos resíduos gerados e a
contribuição para a formação de agentes multiplicadores de ações
ambientalmente corretas.
O projeto promoveu a articulação entre o ensino e a demanda social, por tratarse de uma atividade didática-pedagógica à Comunidade no tocante às ações educativas de
caráter popular e inclusivas ligadas às unidades de ensino médio de âmbito público.
Considerando que as metas foram atingidas fica comprovado ser possível trabalhar a Educação
Ambiental como tema transversal. O projeto teve por objetivos alcançados: a introdução de
novas metodologias de ensino; o estímulo ao desenvolvimento do trabalho coletivo e a
interação entre a química do cotidiano; a educação ambiental e os conteúdos programáticos
clássicos da química, na capacitação dos professores; a contribuição para a formação
continuada dos professores da Rede Pública, e proporcionou ao graduando a ser licenciado
pela UNESP desenvolver sua competência como futuro profissional.
DIFICULDADES ENCONTRADAS
Pode-se citar como dificuldades encontradas as mesmas com que as escolas se
deparam: a falta de interesse dos alunos, principalmente do período noturno, por disciplinas da
área de ciências exatas, quanto à forma como são ministradas, pois não estimulam o aluno; o
êxodo escolar; a pequena carga horária destinada à disciplina de química; a falta de
professores com formação específica; as atividades extracurriculares tanto para os professores
quanto para os alunos, que requerem a dispensa das aulas, muitas vezes comprometendo o
bom andamento do cronograma proposto, levando ao não cumprimento do programa. O
número excessivo de alunos por turma o que desestimula o trabalho do professor quer em
aulas práticas quer em trabalhos coletivos.
Apesar das dificuldades relatadas pôde-se notar o maior interesse demonstrado
por parte dos alunos em participar das discussões em sala de aula, e percebeu-se que os
assuntos abordados foram melhor assimilados. O desenvolvimento de projetos na área
ambiental que mobilize um grande número de alunos, quando não toda a escola, instiga o aluno
às discussões facilitando a compreensão de novos conceitos, o desenvolvimento do trabalho
coletivo e facilitando o diálogo entre professor e aluno.
Observa-se, ainda, que as dificuldades para implementar qualquer mudança na
dinâmica do ensino passam por mais diversos motivos como os apresentados: condições
precárias de segurança, falta de apoio técnico e tempo para o preparo das atividades
573
extracurriculares propostas, número muito grande de alunos por sala, baixa carga horária de
algumas disciplinas, falta de apoio institucional, desmotivação do aluno, e até mesmo falta de
fundamentação teórica para alguns; este, entretanto, um processo que vem lentamente sendo
alterado com cursos de aperfeiçoamento e capacitação de professores do ensino médio,
sobretudo com a apresentação de conceitos filosóficos e teorias da qualidade e suas
ferramentas para a sistematização dos processos, ISO 9.000 e 14.000, na área educacional ou
ambiental.
CONCLUSÕES
A utilização de materiais didáticos diversos como vídeos sobre temas atuais,
matérias publicadas em jornais, revistas e meio eletrônico despertam maior interesse nos
alunos – notando que a fixação de conteúdo é melhorada. Verificou-se que os professores nos
acolhem com o anseio de não somente aprimorarem seus conteúdos mas sobretudo pela
oportunidade de diversificar sua metodologia de ensino e de aproximar os alunos com a
Universidade.
As manifestações, dos professores e alunos, e as limitações na execução de
temas diversos de Educação Ambiental, refletem as dificuldades que grande parte do
professorado possui em contextualizar conteúdos específicos de cada disciplina com os fatos
do cotidiano.
Segundo os aspectos da qualidade, considerando as diferentes etapas procurouse fazer uma avaliação continuada no decorrer do projeto com questões objetivas para
respostas em equipes, procurando avaliar a mudança no comprometimento dos envolvidos com
relação às atividades do curso e do dia a dia. A avaliação geral mostra que o coeficiente
comprometimento/envolvimento foi positivo tendo havido um aumento do número de pessoas
comprometidas ao longo do tempo.
O projeto cumpriu seus objetivos, proporcionando aos professores e alunos
alternativas que permitam aproximar o ensino daquele desejado pela LDB. As discussões foram
sempre muito proveitosas e enriquecedoras no conteúdo interdisciplinar, contribuindo para o
desenvolvimento de suas habilidades e da prática da interdisciplinaridade, melhorando suas
competências nos temas abordados.
Neste sentido, o objetivo do Núcleo de Ensino, “incentivar a produção didáticopedagógica junto às unidades de ensino médio de âmbito público”, tem sido alcançado. Ainda, o
Programa tem mostrado ser de grande importância, pois proporciona a integração dos
professores e alunos em ações educativas de caráter inclusivo, mostrando a eles novos
574
caminhos na busca de uma melhor qualidade de vida associada a ações efetivas na
preservação do ambiente e na formação de cidadãos. Entretanto, como se pode inferir com
base nos relatos dos professores, a dificuldade principal não é tanto a falta de domínio, isso
vem sendo suprido por diversos programas de capacitação, mas sim as condições da prática
docente e o nível de compromisso com “o quê e o como ensinar”. Para a melhoria educacional
é necessário conceder um espaço aos professores do Ensino Médio para tomarem parte das
elaborações de decisões definidoras da melhoria do ensino. Assim a construção de uma
parceria efetiva entre poder público e professores do Ensino Médio e da Universidade, entre
outros, parece ser o grande desafio.
Projetos como esse não irão de imediato mudar hábitos que são impostos por
fatores externos ao longo da vida, na família com seus costumes e condições econômicas.
Atualmente, muito mais do que qualidade de vida, é preocupante a sobrevivência humana. Por
isso, a importância da escola trabalhar as questões políticas, sociais e ambientais, na busca da
formação de cidadãos conscientes que prezem sua qualidade de vida e o meio onde estão
inseridos.
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