Avaliação do conhecimento sobre urgências oftalmológicas em

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Avaliação do conhecimento sobre urgências oftalmológicas em estudantes de
Medicina e Enfermagem e residentes e plantonistas
Autores:
alunos.............1, Profa. Dra. Mônica Alves de Paula2
1Acadêmicos
da faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de Campinas
e membros da Liga de Oftalmologia.
2Docente
da disciplina de Oftalmologia da faculdade de Medicina da Pontifícia
Universidade Católica de Campinas e médica assistente do serviço de Oftalmologia do
Hospital e Maternidade Celso Pierro.
Pontifícia Universidade Católica de Campinas
RESUMO
Objetivo: Avaliar o conhecimento sobre urgências oftalmológicas (UO) dos médicos
residentes do Hospital e Maternidade Celso Pierro (HMCP) da Faculdade de Medicina da
Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCAMP).
Material e métodos: Estudo de delineamento transversal entre os médicos residentes do
Hospital e Maternidade Celso Pierro (HMCP) da Faculdade de Medicina da Pontifícia
Universidade Católica de Campinas (PUCCAMP). A pesquisa foi baseada na coleta de
dados de questionários padronizados. A primeira parte consistia de auto-avaliação onde o
participante respondia sobre experiência, conhecimento e segurança no atendimento de
UO e, a segunda parte composta por 10 questões com exposição de situações clínicas
para avaliação desse conhecimento, diagnóstico e estratégia terapêutica.
Resultados: Participaram do estudo 56 residentes, 57,14% relatavam já ter atendido
algum tipo de UO e
76,36% não se sentiam seguros ao fazer atendimentos
oftalmológicos. Os principais fatores reportados como razão da insegurança foram:
86,14% pouca prática, 41,07% pouco conhecimento teórico, 30,35% pouca informação
sobre oftalmologia na graduação, 16,07% consideram-se desinteressados pelo assunto e
1,66% diziam-se inseguros devido aos riscos potenciais que poderiam trazer ao paciente.
Na auto-avaliação referente a queimadura química, 62,5% julgaram seu conhecimento
regular, 21,42% bom e 16,07% insuficiente, com relação a trauma ocular 57,14% julgaram
regular,
25% insuficiente e 17,85% bom, perfuração ocular 51,85% regular, 29,62%
insuficiente e 18,51 bom; fratura de órbita 53,57% insuficiente, 30,35% regular e 16,07%
bom, enquanto que sobre glaucoma agudo 51,78% julgam insuficiente, 44,64% regular e
3,57% bom
e relacionado a infecções orbitárias e/ou oculares 55,35% regular, 25%
insuficiente e 19,64% bom. A média de acertos nas questões da segunda parte da foi de
6,68.
Conclusões: Os dados apresentados refletem pontos críticos no conhecimento sobre UO
em médicos recém formados. A insegurança no atendimento é reflexo de pouca prática e
conhecimento teórico insuficiente. O desenvolvimento deste projeto constituiu parte das
atividades realizadas pelos alunos participantes da Liga de Oftalmologia. Os resultados
obtidos serão utilizados para traçar estratégias na organização e realização de cursos
teóricos e simulações práticas sobre UO na PUC-Campinas voltadas aos médicos
generalistas e assistentes de serviços de urgências.
Introdução
As urgências em oftalmologia compreendem diversas condições como o trauma
ocular, glaucoma agudo, infecções oculares e orbitárias, além de lesões relacionadas a
trauma ocular contuso ou perfurante
1-4.
O trauma ocular representa uma causa freqüente de atendimento em setores de
urgência
5-6
. Lesões traumáticas oculares constituem a principal causa de perda visual
em crianças e adultos jovens e apresentam uma ampla variedade de mecanismos,
complicações relacionadas e seqüelas.
Apesar de não haverem dados epidemiológicos consistentes estima-se que cerca
de 7% dos atendimentos em serviços de pronto atendimento geral sejam relacionados a
afecções oculares
1-2.
Tais condições devem ser diagnosticadas e tratadas o mais
rapidamente possível, pois apresentam potencial de acometimento da acuidade visual de
forma severa e irreversível.
Embora encontremos este significante número de pacientes, a literatura
nacional é carente de informações sobre as características da qualidade do atendimento
em casos de urgências. O primeiro atendimento de urgências oculares é realizado na
maioria das vezes em atendimentos de urgências de Pronto Socorros ou hospitais gerais
por médicos não especialistas, responsáveis pela avaliação, diagnóstico e condutas
iniciais.
As complicações relacionadas às urgências oftalmológicas podem acarretar danos
oculares e repercussões visuais importantes e é imprescindível a correta avaliação e o
tratamento adequado. Para isto é fundamental que o atendimento inicial a estas situações
seja contemplado durante a formação regular do médico geral 8.
Este estudo teve como objetivo avaliar o conhecimento de plantonistas e médicos
residentes do Hospital e Maternidade Celso Pierro sobre urgências oftalmológicas. Com
base nos dados objetivos criar estratégias de ensino durante a graduação em Medicina,
bem como atualizações e cursos que contemplem temas relacionados a urgências
oftalmológicas voltados a médicos generalistas e assistentes em Pronto Socorros . O
desenvolvimento desse projeto foi realizado como parte das atividades dos alunos
participantes da Liga de Oftalmologia da PUCCAMP.
Métodos
Trata-se de um estudo de delineamento transversal entre os médicos residentes do
Hospital e Maternidade Celso Pierro da Pontifícia Universidade Católica de Campinas.
Participaram da pesquisa 56 médicos residentes, que foram convidados a participar da
pesquisa, concordando com o preenchimento do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido integrado ao questionário, reproduzido no Anexo I.
A pesquisa foi baseada na coleta de dados de questionários padronizados
contendo informações sobre o participante, uma auto- avaliação sobre seu conhecimento
em urgências oftalmológicas e exposição de situações em descrições clínicas para
avaliação desse conhecimento, diagnóstico e estratégia terapêutica, atribuindo uma nota
(escala de 0 a 10) com base no total de questões respondidas corretamente.
Os dados coletados foram tabulados no Microsoft Excel® e analisados, obtendo-se
os percentuais de acertos em cada questão de múltipla escolha e média das notas, do
percentual de acerto das questões.
Resultados
Participaram do estudo 56 residentes, 57,14% relatavam já ter atendido algum tipo
de UO e
76,36% não se sentiam seguros ao fazer atendimentos oftalmológicos. Os
principais fatores reportados como razão da insegurança foram: 86,14% pouca prática,
41,07% pouco conhecimento teórico, 30,35% pouca informação sobre oftalmologia na
graduação, 16,07% consideram-se desinteressados pelo assunto e 1,66% diziam-se
inseguros devido aos riscos que poderiam trazer ao paciente.
grafico tipo pizza: 1 percentual de medicos que ja atendeu UO, 2 - percentual
medicos seguros para UO. 3- grafico de barras para as razoes de insegurança.
Na auto-avaliação referente a queimadura química, 62,5% julgam seu conhecimento
regular, 21,42% bom e 16,07% insuficiente, com relação a trauma ocular 57,14% julgam
regular,
25% insuficiente e 17,85% bom, perfuração ocular 51,85% regular, 29,62%
insuficiente e 18,51 bom; fratura de órbita 53,57% insuficiente, 30,35% regular e 16,07%
bom, enquanto que sobre glaucoma agudo 51,78% julgam insuficiente, 44,64% regular e
3,57% bom
e relacionado a infecções orbitárias e/ou oculares 55,35% regular, 25%
insuficiente e 19,64% bom.
grafico de barras para os dados acima
A média de acertos nas questões da segunda parte da foi de 6,68.Discussão
As urgências oftalmológicas compreendem uma parcela considerável em hospitais
gerais demandando dessa forma conhecimento adequado do médico especialista.
Confirmando esta prerrogativa, no grupo estudado, 57,14% relatavam já ter atendido
algum tipo de UO entretanto a grande maioria (76,36%) não se sentiam seguros ao fazer
atendimentos oftalmológicos.
Os dados apresentados refletem ainda pontos críticos no conhecimento sobre UO
em médicos recém formados. Na auto avaliação sobre o conhecimento em diferentes
tipos de UO a maioria considerou como regular e insuficiente. A insegurança no
atendimento é reflexo de pouca prática e conhecimento teórico insuficiente.
Diante dos resultados, a pesquisa trará potenciais benefícios como a elaboração
de estratégias de ensino mais efetivas durante e graduação em Medicina, a organização
e realização de atividades extracurriculares tais como, aulas, cursos teóricos e simulações
práticas sobre urgências oftalmológicas além de cursos de atualização e aprimoramento a
médicos plantonistas e residentes do Hospital e Maternidade Celso Pierro. O
desenvolvimento deste projeto constituiu parte das atividades realizadas pelos alunos
participantes da Liga de Oftalmologia.
Referências Bibliográficas
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oftalmologia em uma unidade de emergência. Rev Bras Oftalmol. 1992;51(3):171-3.
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9. Romão E. Traumatologia ocular. Medicina (Ribeirão Preto). 1997;30(1):76-8.
10. Kara-José N, Sampaio MW, Alves MR. Diagnóstico e conduta nos ferimentos
perfurantes do globo ocular. An Oftalmol. 1982;1(1):38-40.
Questionário 1: aos residentes do Hospital e Maternidade Celso Pierro
Prezado médico, desde já agradecemos pela sua colaboração com este estudo intitulado
“Avaliação do conhecimento sobre urgências oftalmológicas em residentes do
Hospital e Maternidade Celso Pierro de Campinas”. Esta pesquisa tem a finalidade de
avaliar o conhecimento sobre urgência em oftalmologia em médicos não especialistas do
HMCP e posteriormente traçar estratégias de aprimoramento e atualização nesta área. Os
resultados serão publicados posteriormente sendo resguardada a sua identidade.
Identificação:
Nome:______________________________________Sexo:_______________
Idade:_________Especialidade:____________Ano de graduação___________
( ) residente
( ) plantonista
Parte 1:
Você já atendeu uma emergência oftalmológica?
( ) Sim ( ) Não
Você sente-se seguro ao atender uma urgência oftalmológica?
( ) Sim ( ) Não
Qual o(s) fator(es) que contribuem para sua insegurança no atendimento de urgências
oftalmológicas?
( ) Pouca prática em urgências oftalmológicas
( ) Pouco conhecimento teórico em urgências oftalmológicas
( ) Pouca informação sobre oftalmologia durante a graduação
( ) Desinteresse pelo assunto
( ) Outros Qual(is)? ______________________________________________
Como você avalia seus conhecimentos nas seguintes situações de emergências
oftalmológicas:
1. Queimaduras químicas: ( ) bom
2. Trauma ocular: ( ) bom
( ) regular ( ) insuficiente
( ) regular ( ) insuficiente
3. Perfurações oculares: ( ) bom
( ) regular ( ) insuficiente
4. Fraturas de órbita: ( ) bom
( ) regular ( ) insuficiente
5. Glaucoma agudo: ( ) bom
( ) regular ( ) insuficiente
6. Infecções oculares e/ou orbitárias: ( ) bom
( ) regular ( ) insuficiente
Parte 2:
1. Paciente do sexo feminino, 27 anos da entrada ao pronto-socorro relatando
queimadura ocular com agente químico (ácido muriático) em ambos os olhos há
aproximadamente 1 hora. Qual a sua conduta?
( ) Neutralizar a solução com substância básica, fazer curativo oclusivo e administrar
analgésicos
( ) Lavagem exaustiva dos olhos com solução fisiológica
( ) Não há nada a fazer, já ocorreu lesão profunda do olho após 30 minutos, encaminhar
ao oftalmologista para avaliação de complicações
( ) Proteger imediatamente os olhos com protetor (tipo copinho de café) e encaminhar ao
oftalmologista
2. Paciente do sexo masculino, 18 anos da entrada ao pronto socorro com estória de
trauma contuso (bolada) em olho direito em partida de futebol queixa-se de visão de
flashes luminosos, moscas volantes, diminuição da visão e dor ocular leve. Qual o
diagnóstico?
( ) Descolamento de retina
( ) Fratura do assoalho da órbita
( ) Glaucoma agudo
( ) Luxação de cristalino
3. Paciente do sexo masculino 34 anos, vítima de acidente automobilístico, não usava
cinto de segurança. Queixa-se de diminuição da visão e dor leve. Ao exame clínico
observa-se desvio da pupila e material de coloração escura sobre a córnea. Qual o
seu diagnóstico?
( ) Corpo estranho de córnea
( ) Fratura de assoalho da órbita
( ) Perfuração ocular
( ) Descolamento de retina
4. Paciente do sexo masculino, 22 anos, vítima de agressão, da entrada ao prontosocorro com quadro de diplopia, equimose bipalpepral e enoftalmia em olho esquerdo.
Qual o diagnóstico?
( ) Glaucoma agudo
( ) Luxação de cristalino
( ) Descolamento de retina
( ) Fratura do assoalho da órbita
5. Características relacionadas ao quadro de glaucoma agudo:
( ) Dor ocular intensa, miose, diminuição da visão, náuseas e vômitos
( ) Dor ocular intensa, midríase, , diminuição da visão e secreção
( ) Olho vermelho, miose, secreção ocular e dor ocular intensa
( ) Olho vermelho, midríase, diminuição da visão e náuseas e vômitos
6. Paciente dá entrada Pronto Socorro com quadro de glaucoma agudo. Qual a sua
conduta inicial:
( ) Administração de colírio anestésico e alta com orientações rígidas de controle
pressórico e acompanhamento com oftalmologista
( ) Proteger imediatamente o olho com curativo oclusivo não compressivo e encaminhar
ao oftalmologista
( ) Administração de manitol endovenoso, medicamentos sintomáticos e encaminhar ao
oftalmologista
( ) Baixar imediatamente sua pressão arterial e encaminhar ao oftalmologista
7. Características do diagnóstico diferencial de olho vermelho:
( ) úlcera de córnea: dor ocular, fotofobia e córnea transparente
( ) conjuntivite: secreção, pupilas hiporeagentes e diminuição da acuidade visual
( ) glaucoma agudo: pupilas em miose, ausência de secreção e pressão intra-ocular
aumentada
( ) uveíte: miose, ausência de secreção e dor ocular
8. Na suspeita de perfuração ocular após traumatismo. Qual a sua conduta:
( ) Encaminhar o paciente imediatamente ao oftalmologista
( ) Utilizar colírios com antibióticos e analgésicos
( ) Lavagem exaustiva do olho com solução fisiológica
( ) Curativo oclusivo não compressivo (tipo copinho de café) e encaminhar ao
oftalmologista
9. Na suspeita de queimadura química. Qual a sua conduta:
( ) Encaminhar o paciente imediatamente ao oftalmologista
( ) Utilizar colírios com antibióticos e analgésicos
( ) Lavagem exaustiva do olho com solução fisiológica
( ) Curativo oclusivo não compressivo e encaminhar ao oftalmologista
10. Nas infecções oculares, devemos observar:
( ) Hordéolo: tumoração palpebral com sinais flogísticos, motilidade ocular diminuída e
reflexos pupilares normais
( ) Uveíte: pupilas em midríase, dor e motilidade ocular diminuída
( ) Conjuntivite: secreção, fotofobia, dor ocular e pupilas hiporeagentes
( ) Celulite orbitária: dor a movimentação ocular, motilidade ocular diminuída e reflexos
pupilares diminuídos
( ) Úlcera de córnea: opacidade corneana, dor ocular e motilidade ocular diminuída
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