Fáceis de entender - Departamento de Educação Física

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PCN
de 1ª a 4ª série
Parâmetros Curriculares Nacionais
Fáceis de entender
■ Integre as aulas com outras disciplinas
■ Explore os jogos conhecidos pela turma
■ Meninos e meninas devem jogar juntos
Educação Física
Muito mais que corridas,
futebol e abdominais
A Educação Física foi vista
como meio de preparar a juventude para a defesa da nação, fortalecer o trabalhador ou buscar novos
talentos esportivos que representassem a pátria internacionalmente. Hoje, seu reconhecimento
como componente curricular da
Educação Básica na Lei de Diretrizes e Bases de 1996 mostra o
caráter essencial de sua prática,
que é o de integrar-se com outras
disciplinas do ensino básico. A
Educação Física deve propiciar
Alice Hattori
A Educação Física mexe com o corpo, a afetividade, a sociabilidade, a ética e a sexualidade do aluno
uma aprendizagem que mobilize
aspectos afetivos, sociais, éticos e
da sexualidade. A proposta é que
os alunos sejam capazes de participar de atividades corporais,
respeitar o próximo, repudiar a
violência, adotar hábitos saudáveis de higiene e alimentação e
ter espírito crítico em relação à
imposição de padrões de saúde,
beleza e estética.
Corpo em ação: aula
permite ao professor
conhecer o aluno
Exercícios para ser feitos na escola e em casa
Anotam tudo e, na aula
seguinte, apresentam
as descobertas para
a turma. O professor
Pedro Ferreira da Silva
Júnior se vale das
danças e jogos
populares, como o
frevo e a capoeira,
para mostrar que
meninos e meninas
podem brincar juntos.
“A atividade torna-se
mais solidária, pois as
crianças se concentram
nos movimentos uns
dos outros”, diz.
Pesquisas sobre tais
manifestações culturais
são incentivadas.
Os alunos procuram
informações em
casa ou nas
bibliotecas.
Fotos Alexandre Belém
As aulas de Educação
Física dos alunos da
2a série da Escola
Municipal Henfil, em
Recife (PE), não se
limitam às quadras
esportivas. Quando
voltam para a classe,
fazem redações sobre
as situações vividas
nas quadras.
Empolgados, eles
produzem textos mais
vivos e ricos. Em casa,
as tarefas continuam.
As crianças pesquisam
brincadeiras, danças e
jogos que os pais e
avós praticavam
quando pequenos.
Frevo na escola: pesquisas junto à família
sobre as danças mais tradicionais
Capoeira na quadra: meninos e meninas
brincam juntos, aumentando a solidariedade
PCN 1ª a 4ª série -
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As diversas formas
de organização
para as atividades
– formar equipes,
dispor-se em filas
ou rodas – devem
ser objeto de ensino
e aprendizagem.
Ou seja, é preciso
ensinar as normas
para o jogo ou para
a dança. Três
pontos devem ser
observados:
1. conversar antes
com os alunos para
combinar regras de
utilização do
espaço e detalhes
da atividade;
2. não esperar uma
participação
padronizada, pois
alguns alunos ficam
cansados antes dos
colegas, outros
preferem observar
antes de fazer e o
interesse e as
competências entre
eles são diferentes;
3. considerar
que a forma de
organização que o
professor imagina
nem sempre é a
melhor. Por
exemplo, formar
uma fila pode
impedir às crianças
ver o que acontece
à frente.
?
36
- PCN 1ª a 4ª série
Segundo propõem os PCN, os alunos devem
desenvolver as seguintes habilidades ao longo
das oito primeiras séries:
■ Participar de atividades corporais. Ou
seja, os alunos devem manter relações equilibradas e construtivas com os colegas, respeitando as características físicas e o desempenho de
cada um.
■ Manter uma atitude de respeito e repudiar a violência. Situações lúdicas e esportivas
devem desenvolver a solidariedade.
■ Aprender com a pluralidade. Conhecer
diferentes manifestações de cultura corporal é
uma forma de integrar pessoas e grupos sociais.
■ Ser capaz de reconhecer-se como integrante do ambiente. Os alunos devem adotar
hábitos saudáveis de higiene, alimentação e atividades corporais, percebendo seus efeitos sobre as
próprias condições de saúde e sobre a melhoria
da saúde de todos.
■ Praticar atividades de forma equilibrada. A regularidade e a perseverança, regulando e
dosando o esforço de acordo com as possibilidades de cada um, permitem o aperfeiçoamento das
competências corporais.
■ Reconhecer as condições de trabalho
Irmo Celso
O que lecionar
para o aluno do
Ensino Fundamental
que comprometem o
desenvolvimento. Os
estudantes devem identificar as atividades que
põem em risco seu
desenvolvimento físico,
não aceitando para si,
nem para os outros,
condições de vida indignas.
■ Desenvolver espíEquilíbrio: respeito ao rito crítico em relação
desempenho do outro
à imposição de padrões
de saúde, beleza e estética. A sociedade divulga esses padrões, mas as crianças devem conhecer sua diversidade, compreender como estão
inseridas na cultura que produz esses modelos,
evitando o consumismo e o preconceito.
■ Reconhecer o lazer como um direito do
cidadão. Os alunos devem ter autonomia para
interferir no espaço e reivindicar locais adequados para as atividades corporais de lazer.
As melhores
atividades para as
quatro séries iniciais
Quando chegam à escola, as crianças
trazem algum conhecimento sobre o corpo e o
movimento. Se puderam conviver e brincar
Coragem para renovar as idéias
A
disciplina de
Educação Física
da Escola de Educação
Básica, em Uberlândia
(MG), vivia uma crise
em 1993. Cada
professor tocava a vida
sozinho, com métodos
próprios. Era impossível
planejar uma seqüência
de atividades. Com a
ajuda da Universidade
Federal de Uberlândia,
iniciou-se uma profunda
reformulação das
práticas pedagógicas.
Os professores
passaram então a
analisar as soluções
cotidianas e a trocar
experiências. Um torneio
esportivo interno – com
jogos de futebol, peteca,
queimada, atletismo e
basquetebol – foi
organizado. No final, os
alunos avaliaram o
campeonato e
sugeriram modificações
na organização e na
duração das partidas.
“As mudanças
acompanharam o
interesse dos alunos e
nossos conhecimentos”,
explica o professor
Leandro Rezende. As
aulas de handebol, por
exemplo, passaram a
incluir desenhos e
relatos escritos sobre a
atuação dos jogadores.
As equipes têm aulas
sobre os conceitos das
modalidades esportivas.
No futebol, praticado
por meninos e meninas,
os times decidem, no
papel, a tática de jogo a
adotar em campo. Em
conjunto, os professores
fizeram um torneio que
se tornou um modelo de
competição, sem perder
de vista a cooperação e
a solidariedade.
Manoel Serafim
Pluralidade
Língua
Cultural
Portuguesa
Geografia
Meio
Ambiente
Ciências
Naturais
Educação
Física
Saúde
Orientação
Sexual
História
Matemática
Arte
Ética
Os alunos ficam
agitados nas
aulas de
Educação Física.
Empurram-se
nas filas e se
dispersam. Como
organizá-los?
Time misto: meninos e meninas descobrem as
vantagens de trabalhar em equipe
com amigos e irmãos ou explorar diversos
espaços, elas já conhecem muitos jogos e brincadeiras. Mas, mesmo com pouca experiências
desse tipo, elas podem viver, na escola, novas
situações de desafios corporais. Veja o que se
espera do aluno e algumas sugestões para facilitar seu trabalho:
Conhecer seus limites e possibilidades
para controlar atividades corporais com autonomia, entendendo que esta é uma maneira de
manter a saúde.
Dica
■
■ Analisar os padrões de estética, beleza e
saúde como parte da cultura que os produz e
criticar o consumismo.
Todas as crianças aprendem, com a
família, com amigos ou pela televisão,
jogos ou brincadeiras que envolvem
movimentos. Durante as aulas de
Educação Física, crie oportunidades
para que elas possam compartilhar
essas experiências com os colegas.
Dica
Dica
No primeiro ciclo
■ Conhecer seus limites e possibilidades
para estabelecer as próprias metas.
■ Compreender, valorizar e saber usufruir as
diferentes manifestações culturais.
Divida a quadra em partes. Em cada
uma, trabalhe diferentes atividades
com grupos de alunos que tenham
habilidades parecidas. Será mais fácil
para eles perceber suas dificuldades
e superar os desafios.
■ Organizar jogos, brincadeiras e outras
atividades lúdicas.
Debata com os estudantes como os
meios de comunicação apresentam
tais padrões e peça relacionem os
tipos físicos exibidos nas propagandas
com o consumo de produtos.
■ entender as diferentes manifestações da
cultura corporal sem discriminação nem preconceito, valorizando e participando delas.
Dica
No segundo ciclo
■ Nas atividades corporais, respeitar o
desempenho do colega, sem discriminações de
nenhuma natureza.
■ Manter o respeito mútuo, a dignidade e a
solidariedade em situações lúdicas e esportivas,
resolvendo conflitos de forma pacífica.
■ Saber que organizar jogos e brincadeiras é
um modo de usufruir o tempo disponível.
Mostre um vídeo ou leve seus alunos
para assistir a uma apresentação de
dança, de capoeira ou a um jogo de
futebol. Eles poderão observar a
beleza dos movimentos e avaliar as
técnicas empregadas. É importante
que percebam as várias opções de
atividades corporais e a diversidade
de manifestações.
A pedagogia das velhas brincadeiras de rua
uem olha de longe
as aulas de
Educação Física da
Escola Municipal Padre
Leão Vallerié, em
Campinas (SP), acha
que aquelas crianças
correndo e gritando com
cordas e bastões feitos
com cabos de vassoura
pintados estão na hora
do recreio. É que nas
aulas para a 1a e a 2a
série do professor
Alberto Barbosa de
Souza praticam-se as
velhas brincadeiras de
rua. “O lúdico integra as
atividades, mas não se
podem confundir as
aulas com brincadeiras
sem objetivos”, alerta
ele. Um deles é
estimular a sociabilidade
e a afetividade das
crianças. Os alunos
fazem sugestões para
escolher os jogos e
suas regras. As
propostas ficam
subordinadas ao
interesse pedagógico,
como fazer a turma
entender os movimentos
em relação ao corpo.
Jogos como escondeesconde aprimoram as
noções de tempo e
espaço. “O aluno tem de
calcular a distância
entre ele e o pegador e
o tempo que levará para
dar o pique”, explica. Os
bastões ajudam nas
noções de classificação
e seriação. As atividades
mudam com as séries.
Na 1a, a criança é
incentivada a conhecer
o próprio corpo; na
2a, valorizam-se a
construção e o respeito
às regras e a resolução
de problemas.
Sidnei Pitoco
Q
O professor Alberto e sua turma: brincadeiras de
rua com conteúdos pedagógicos
Como integrar
meninos e meninas
numa mesma
atividade se os
meninos só
querem futebol
e as meninas,
queimada e
brincar de corda?
Todos preferem
uma atividade em
que sentem mais
segurança, que
conhecem melhor.
No entanto, é papel
da escola e do
professor promover
atividades
diversificadas e até
inéditas. Crianças
nessa faixa etária
têm a necessidade
de diferenciar
repertório e
referências
culturais dos
universos feminino
e masculino e, na
realidade, meninos
e meninas realizam
a mesma atividade
com “estilo”
diferenciado. A
convivência entre
eles, no entanto,
favorece a
diferenciação,
antes de torná-la
uma separação.
Muitas dessas
diferenças são
determinadas por
fatores sociais e
culturais e
decorrem de
preconceitos que
estão além da
vivência de cada
criança e devem ser
combatidos.
?
PCN 1ª a 4ª série -
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Itaci
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- PCN 1ª a 4ª série
Essas práticas são semelhantes entre si nos
primeiros anos de escola, mas algumas diferenças
devem ser estabelecidas para que o trabalho do
professor seja mais abrangente. Os esportes
apresentam caráter competitivo e envolvem o uso
de equipamentos (campos, piscinas, bicicletas).
Os jogos podem ser mais cooperativos e
recreativos (como os de tabuleiro ou os de rua).
Como conhecer
melhor o corpo
Quando têm aulas de Educação Física, as
crianças percebem que seu corpo se altera
durante e depois dos exercícios. A discussão
dessas mudanças ajuda a conhecer o corpo. Nos
Ritmo e expressão
As danças e as brincadeiras cantadas são
formas divertidas de conhecer o movimento e
as técnicas para executá-lo. Nas aulas de
Educação Física, essas atividades podem ser
enfocadas de modo complementar aos
conteúdos sugeridos no documento da área de
Cabo-de-guerra: uma luta com regulamentos e
ações que combinam ataque e defesa
As lutas simples (cabo-de-guerra, braço-de-ferro)
e as mais complexas (capoeira, judô) têm
regulamentação para as ações que combinam
ataque e defesa. As ginásticas podem usar várias
técnicas para aumentar a percepção do corpo.
esportes, jogos, lutas e danças, elas aprendem
novas habilidades motoras e ampliam seus
conhecimentos sobre diferentes posturas e
atitudes corporais. A observação desses hábitos
pode ser feita nos projetos de História, Geografia
e Pluralidade Cultural. Por exemplo, por que os
orientais se sentam no chão de costas eretas e
muitas pessoas do interior se sentam de cócoras?
Artes, que traz mais subsídios ao professor. A
grande diversidade cultural do país oferece
muitas possibilidades de aprendizado por meio
da dança. Os alunos poderão, por exemplo,
escolher as manifestações mais conhecidas no
local onde a escola se situa, além de realizar
pesquisas sobre as danças e as brincadeiras de
outras regiões.
Aulas de movimento e Arte com
brinquedos feitos pelas crianças
Louise Chin
Pluralidade
Língua
Cultural
Portuguesa
Geografia
Meio
Ambiente
Ciências
Naturais
Educação
Física
Saúde
Os espaços
disponíveis nas
escolas brasileiras
para a
aprendizagem
de jogos, lutas,
danças, ginásticas
e esportes não
têm a adequação
e a qualidade
necessárias.
Alterar esse
quadro implica
uma conjugação
de esforços, da
vontade política da
comunidade e dos
poderes públicos.
Tais mudanças não
ocorrem da noite
para o dia.
Esperar pela
situação ideal
pode significar
uma geração de
alunos sem as
aulas necessárias.
Isso não exclui a
possibilidade de
potencializar e
adaptar os espaços
existentes. Utilize o
pátio, um jardim,
um “campinho”,
um terreno vazio,
ou mesmo uma
praça ou praia.
Pode-se usar mais
de um local ao
mesmo tempo,
dividindo-se a
turma em grupos
e atividades
diversas. Faça,
depois, um rodízio
entre eles.
?
Orientação
Sexual
História
Matemática
Arte
Ética
Aprendendo
esportes, jogos,
ginástica e lutas
Em minha escola
não existe quadra.
Como resolver
essa questão?
A
Educação
Física
muitas vezes
é malvista
pelas crianças,
temerosas
de que lhes
sejam cobrados
resultados. Para
Pé-de-lata e
perna-de-pau:
brinquedos
tradicionais e
feitos à mão em
Educação Física
mostrar aos seus
alunos, na Escola
Autonomia, em
Florianópolis (SC), que
a atividade física na
escola pode ser
prazerosa, a professora
Ester Nunes Belém
propõe à turma construir
brinquedos e a incentiva
a trazer recortes de
jornais ou outro material
de interesse para a
classe. Assim, os alunos
transformam latas e
barbante em um “pé-de-
lata” e saem
caminhando pelo pátio.
Uma caixa de papelão
vira um ônibus,
participante também de
uma brincadeira
movimentada. Na época
de Copa do Mundo, a
turma faz cartazes e
pesquisas na biblioteca.
Foi lá, quando
estudavam a história do
futebol, que as crianças
da 4a série sugeriram
mudar as regras do
jogo, permitindo o uso
das mãos. Em grupo,
na quadra, elas
experimentaram e
aprovaram a novidade.
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