UNIVERSIDADE DO PORTO FACULDADE DE LETRAS Mito, Religião, Filosofia e Ciência: Da síncrese inicial ao desenvolvimento da Razão Filipa Rente Ramalho Trabalho para a Disciplina de Metodologia da Investigação do Professor Armando Malheiro Porto 2006 Sumário INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................3 CAPÍTULO I PRÉ-HISTÓRIA E CIVILIZAÇÕES ORIENTAIS – PASSAGEM DO CAOS À ORDEM MÍTICA ............................................................................................................................................................4 1.1. O PENSAMENTO MÍTICO .............................................................................................................4 1.2. O PENSAMENTO RELIGIOSO .......................................................................................................5 1.3. O PENSAMENTO MÍTICO-RELIGIOSO ...........................................................................................5 CAPITULO II GRÉCIA ANTIGA – O NASCIMENTO DO “LOGOS” (SÉCULO VI A.C.), PASSAGEM DO CAOS À ORDEM RACIONAL......................................................................................................................7 2.1. PENSAMENTO RACIONAL ...........................................................................................................7 2.2. REFLEXÕES FILOSÓFICAS DOS PRÉ-SOCRÁTICOS .......................................................................8 CAPITULO III A REVOLUÇÃO CIENTIFICA MODERNA ...............................................................................11 3.1. A CIÊNCIA AUTONOMIZA-SE FACE À RELIGIÃO E À FILOSOFIA..................................................11 3.2. PRINCIPAIS CIENTISTAS NA REVOLUÇÃO CIENTIFICA MODERNA .............................................12 CONCLUSÃO ..................................................................................................................................14 BIBLIOGRAFIA..............................................................................................................................15 3 Introdução Este trabalho foi realizado no âmbito da cadeira de Metodologia da Investigação com o objectivo de desenvolver o tema “Mito, Religião, Filosofia e Ciência – da síncrese inicial ao desenvolvimento da Razão”. Este tema foi escolhido por mim entre os outros quatro temas apresentados devido à sua abrangência e ao meu interesse em compreender melhor qual a interligação entre o Mito, a Religião, a Filosofia e a Ciência e, como é claro a sua relação com o desenvolvimento da Razão. Assim sendo, outro dos objectivos deste trabalho foi conseguir dividi-lo em partes distintas, mas que se relacionassem entre si para que o objectivo principal fosse alcançado com mais clareza consequentemente uma melhor apresentação e compreensão do tema. Desta maneira dividi o trabalho em três partes, três capítulos: o primeiro capítulo fala da visão mítico-religiosa do mundo como tentativa de domínio da Natureza, no tempo da Pré-História e das Civilizações Orientais; o segundo capítulo explica o nascimento do “logos” e da ordem racional, na Grécia Antiga; e por último, o terceiro capítulo remete para a Revolução Cientifica Moderna em que a Ciência se autonomiza face à Religião e à Filosofia. 4 Capítulo I Pré-História e Civilizações Orientais – Passagem do caos à ordem mítica 1.1. O pensamento mítico É importante começar por dizer que é com o nascimento da palavra, da linguagem que o homem primitivo vai começar a desenvolver e a sintetizar toda a sua capacidade de apreensão dos conhecimentos da realidade que o cerca. Desta maneira sabemos que o depósito de descrições, longas ou breves, que as sociedades primitivas ou antigas nos deixaram são constituídos pelo “Mito Clássico”. Este mito é constituído pelas suas experiências de vida, pelo modo como encaravam a vida e a morte, os ciclos de renascimento da natureza; pelo modo como analisavam e escolhiam a flora e a fauna da sua região; pela maneira como viam e interpretavam os astros no céu; pelo modo como explicavam o processo cíclico do dia e da noite, os actos de nascimento, de reprodução e de casamento, assim como tudo o que estava ligado à sua vida quotidiana e às regras porque se relacionavam entre si. Assim, é necessário dizer que o pensamento mítico é a forma especifica de conhecimento pela qual o homem primitivo conhece, domina e transforma a realidade que o envolve e ameaça. No pensamento mítico não existem barreiras insuperáveis entre o mundo dos homens e o dos deuses e dos espíritos, e estes não se podem encontrar em toda a parte. Os deuses ou forças espirituais narradas no mito são imanentes `a natureza e, deste modo, o milagre não pode existir porque não seria algo de extraordinário, mas algo comum. No mito, o sagrado é intrínseco aos homens, às coisas, à natureza, e tudo pode ser atravessado por espíritos bons ou maus que se podem dispor contra ou a favor do homem. Assim sendo, o mito é uma visão primitiva do homem que absorve e organiza tanto as actividades praticas humanas, esclarecendo-as e indicando os modos devidos de se realizarem, como também aos princípios morais a que o homem deve obedecer segundo o 5 ditame dos deuses ou dos espíritos no momento originário de formação do mundo e do homem. 1.2. O pensamento religioso Inerente ao mito está a religião dado que é a sua continuação e surge quando os homens passam a acreditar que deus ou os deuses se separam da humanidade, atribuindolhes um destino ou deixando-os no seu livre curso. A religião supõe que o homem pode ser senhor de si, que o seu futuro pode ser estabelecido pelo seu trabalho no presente e também que, caso ele respeite e cumpra as suas obrigações religiosas e morais, Deus ou os deuses não lhe farão mal. A religião já admite o milagre, sendo este a interferência directa e extraordinária de deus ou dos deuses no curso regular da natureza ou da humanidade. Também na religião sabemos que a imanência divina é particular a alguns objectos, ditos sagrados, como, por exemplo, a água benzida do baptismo, a hóstia consagrada, a cruz, entre outros exemplos. Através destes objectos comunga-se ou convive-se com o próprio sagrado, sem dele porém arrancar previsíveis benefícios utilitários. Por tudo isto, a religião é uma visão do mundo eminentemente moral, indicando preconceitos ou regras absolutas sobre as relações entre os homens para que estes sejam bons e se afastem do mal, dando a estas regras um cunho sagrado, mas não pretendendo clarificar e guiar os homens nas suas actividades técnicas e profissionais do dia-a-dia. 1.3. O pensamento mítico-religioso Depois de falar do mito e consequentemente da religião é imprescindível dizer que os dois formam o pensamento mítico-religioso que vigora depois da passagem do caos à ordem mítica no período da Pré-História e Civilizações Orientais. O mito e a religião concernem ao domínio da consciência humana que toma o maravilhoso, o sobrenatural, o fantástico, como tendo existência real, nele acreditando, dele seguindo as regras prescritas, aceitando-as completamente e sem delas duvidar. Estes 6 baseiam-se em dogmas, isto é, verdades divinamente reveladas, de carácter misterioso, nas quais apenas se pode acreditar ou não acreditar, não havendo lugar para análise inquiridora sem que não se perca, como consequência, a fé. No interior do pensamento mítico-religioso não há lugar para a dúvida, não se a incita; ao contrário, a sua atitude primordial é a da crença absoluta ou a da fé na existência do elemento sagrado que as suas narrativas ou livros descrevem. A atitude do homem mítico-religioso é, desta maneira, uma atitude de adesão absoluta ou de uma crença inquestionável no conteúdo das narrativas da sua comunidade. São elas que o norteiam nas actividades práticas, que lhe regulam o comportamento moral e que lhe explicam por que as coisas existem. Assim sendo o pensamento mítico-religioso tenta explicar o que os olhos vêem e o que os ouvidos ouvem, em suma o que a sensibilidade humana sente sem desta duvidar, aceitando o que vêem como verdadeiro, nada existindo para além dela que não seja o sobrenatural. Podemos dizer, para concluir este capitulo, que ao questionar o mito ou a religião é estar fora das suas formas de pensamento, é vê-las sob o crivo da dúvida em ordem a compreender as suas significações ocultas, ou seja, é não ter já uma atitude míticoreligiosa, mas sim uma atitude filosófica de que se fala no segundo capítulo. 7 Capitulo II Grécia Antiga – o nascimento do “Logos” (século VI a.C.), passagem do caos à ordem racional 2.1. Pensamento racional No primeiro capítulo falamos do pensamento mítico-religioso e a partir do século VI a.C. dá-se a passagem desse pensamento para o pensamento racional. É indispensável dizer que a passagem da consciência mítica e religiosa para a consciência racional e filosófica não foi feita de maneira rápida e brutal dado que estes dois tipos de consciência ou pensamento coexistiram na sociedade grega. É, por isso, na Grécia Antiga que nasce a filosofia e onde se dá esta transformação do pensamento. De acordo com a tradição histórica, a fase inaugural da filosofia grega é conhecida como período pré-socrático. Este período abrange o conjunto de reflexões filosóficas desenvolvidas desde Tales de Mileto (623-546 a.C.) até Sócrates (468-399 a.C.). Os primeiros filósofos procuram a “arkhé”, o princípio absoluto (primeiro e último) de tudo o que existe. A “arkhé” é o que vem e está antes de tudo, no começo e no fim de tudo, o fundamento, o fundo imortal e imutável, incorruptível de todas as coisas, que as faz surgir e as governa. É a origem, mas não como algo que continuou no passado e sim como aquilo que, aqui e agora, dá origem a tudo, permanentemente. No vasto mundo Grego, a filosofia teve como origem a cidade de Mileto, situada na Jônia, litoral ocidental da Ásia Menor. Caracterizada por múltiplas influências culturais e por um rico comércio, a cidade de Mileto abrigou os três primeiros pensadores da história ocidental a quem atribuímos a denominação de filósofos. São eles: Tales, Anaximandro e Anaxímenes. O objectivo dos primeiros filósofos era edificar uma cosmologia (explicação racional e sistemática das características do universo) que substituísse a antiga cosmogonia (explicação sobre a origem do universo baseada nos mitos e na religião falada no primeiro capitulo). 8 Em outras palavras, os primeiros filósofos queriam encontrar, com base na razão e não na mitologia, o princípio substancial (a “arché”) existente em todos os seres materiais. Os pré-socráticos ocuparam-se em explicar o universo e examinavam a procedência e o retorno das coisas. Os primeiros filósofos gregos tentaram responder à pergunta: Como é possível que todas as coisas mudem e desapareçam e a Natureza, apesar disto, continua sempre a mesma? Para tanto, desejaram um princípio a partir do qual se pudesse extrair explicações para os fenómenos da natureza. Um princípio único e fundamental que permanecesse estável junto ao sucessivo vir-a-ser. Tales vai dizer que o princípio de tudo é a água; Anaximandro, o infinito indeterminado, Anaxímenes, o ar; Heráclito, o fogo; Pitágoras, o número; Empédocles, os quatro elementos: terra, água, ar, fogo, em vez de uma substância única. 2.2. Reflexões filosóficas dos Pré-socráticos Podemos falar sucintamente das reflexões filosóficas dos principais filósofos présocráticos que inauguraram o pensamento racional, assim como, o nascimento do “logos”. Anaximandro de Mileto viveu entre 610-546 a.C. e recusa-se a ver a origem do real num elemento particular; todas as coisas são limitadas, e o limitado não pode ser, sem injustiça, a origem das coisas. Do ilimitado surgem inúmeros mundos, e estabelece-se a multiplicidade; a génese das coisas a partir do ilimitado é explicada através da separação dos contrários em consequência do movimento eterno. Para Anaximandro o princípio das coisas – o “arqué” – não era algo visível; era uma substância etérea, infinita. Denominou a essa substância de “apeíron” (indeterminado, infinito). O “apeíron” seria uma “massa geradora” dos seres, contendo em si todos os elementos contrários. Anaximandro tinha um argumento contra Tales: o ar é frio, a água é húmida, e o fogo é quente, e essas coisas são antagónicas entre si, logo um elemento primordial não poderia ser um dos elementos visíveis, teria que ser um elemento neutro, que está presente em tudo, mas está invisível. Este filósofo foi o fundador da astronomia grega. Foi o primeiro a formular o conceito de uma lei universal presidindo totalmente o processo cósmico. 9 De acordo com ele para que o vir-a-ser não cesse, o ser originário tem de ser incerto. Estando, assim, acima do vir-a-ser e garantindo, por isso, a eternidade e o curso do vir-a-ser. Anaxímenes de Mileto viveu entre 588 e 525 a.C. e diz que o princípio de tudo, o “arqué”, seria o ar e as coisas da natureza seriam o ar condensado em vários graus. A rarefacção e condensação do ar formam o mundo. A alma é ar, o fogo é ar rarefeito; quando acontece uma condensação, o ar transforma-se em água, condensa-se ainda mais e transforma-se em terra, e por fim em pedra. Foi o primeiro a afirmar que a Lua recebe a sua luz do Sol. Para este filósofo o ar apresenta um elemento invisível e imponderável, quase inobservável e, no entanto, observável: o ar é a própria vida, a força vital, a divindade que “anima” o mundo. Heráclito de Éfeso viveu entre 540 e 476 a.C. e afirmava que todas as coisas estão em movimento como um fluxo perpétuo. O escoamento contínuo dos seres em mudança perpétua, e que esse processa-se através de contrários. A lei fundamental do Universo é o devir, que significa contínuas alterações. Tudo flúi e nada fica como é. Nada é estável. Tudo segue o seu curso. Para Heráclito o princípio das coisas é o fogo. O fogo transforma-se em água, sendo que uma metade retorna ao céu como vapor e a outra metade transforma-se em terra. Sucessivamente, a terra transforma-se em água e a água, em fogo. Todas as coisas mudam sem cessar, e o que temos diante de nós em dado momento é diferente do que foi há pouco e do que será depois. Grande representante do pensamento dialéctico. Gerava a realidade do mundo como algo dinâmico, em permanente transformação. Daí sua escola filosófica ser chamada de mobilista (=movimento). Para ele, a vida era um fluxo constante, impulsionado pela luta de forças contrárias. É pela luta das forças opostas que o mundo se modifica e evolui. Ele cria a existência de uma lei universal e fixa (o “logos”), regedora de todos os acontecimentos particulares e fundamentalmente da harmonia universal, harmonia feita de tensões. Quanto a Pitágoras de Samos é dele a ideia de que o número é o princípio ordenador de todas as coisas, os quais caracterizam a ordem e a harmonia. Assim, a essência dos seres, teria uma estrutura matemática. Para Pitágoras, aquele que compreende todas as relações numéricas chega à essência das coisas. Portanto, a substância das coisas é 10 o número. Pitágoras interpretou a forma dualista da teoria dos opostos e a descoberta de ordem matemática, sobretudo do famoso teorema que lhe é atribuído. Empédocles de Agrigento vive entre 490 e 435 a.C. e afirma que o princípio gerador de todas as coisas não seria um único elemento, mas quatro elementos: terra, ar, água e fogo, que se misturam em diferentes proporções e formam as várias substâncias que encontramos no mundo. O que unia e desunia os quatro elementos eram dois princípios: o amor e a luta. Os quatro elementos e os dois princípios seriam eternos, mas as substâncias formadas por eles seriam pouco duradouras. Assim sendo e para finalizar este capítulo é importante dizer que o nascimento da filosofia e do pensamento racional que se fala aqui é simultaneamente o nascimento da Ciência. A Filosofia e a Ciência caminharão juntas até aos séculos XVI/XVII a.C. com Copérnico e Galileu Posso aqui fazer uma referência aos 1000 anos da Idade Média em que todo o saber volta a estar submetido ao crivo do dogma religioso. 11 Capitulo III A revolução cientifica Moderna 3.1. A ciência autonomiza-se face à religião e à filosofia Dando continuidade ao segundo capítulo este remete para o nascimento da primeira Ciência no sentido moderno do termo, com Galileu, pois este afirma o objecto da física, apresentando um método que é o método experimental. Assim sendo Galileu viveu entre 1564 e 1642 e é em geral considerado o fundador da Ciência Moderna. Pelo menos, é indiscutivelmente o seu símbolo. Tendo vivido em pleno Renascimento, Galileu vai revelar-se contra o aristotelismo escolástico. A importância dada por Galileu à Matemática provém de uma forte influência platónica, que se tinha já feito sentir na Antiguidade em Arquimedes. Contestando os dogmas da Igreja há cerca da filosofia natural, fundamentalmente assentes na autoridade indiscutível de Aristóteles, Galileu pretendia investigar a Natureza directamente, com base nos dados fornecidos pelos sentidos, isto é, na observação e na experiência empírica. Por outro lado, considerava que, para observar a Natureza era necessário conhecer a língua em que estava escrito o "Grande Livro do Mundo": a Matemática. É justamente a junção destes dois factores, ou seja, a valorização da experiência e da matemática, que faz de Galileu o fundador do método experimental e, portanto, de uma nova atitude em relação à ciência. Na verdade, Galileu considerava a matemática como um instrumento de obtenção de certeza superior à própria lógica. Assim sendo, protegia que se deve medir tudo o que pode ser medido e tornar mensurável o que não pode ser medido. Quando uma relação matemática podia ser encontrada na Natureza, aceitava-a como correcta e tratava de desmentir todas as afirmações que com ela conflituassem. As discrepâncias entre as relações matemáticas e os eventos físicos eram sempre atribuídas a causas subjectivas, decorrentes de erros praticados pelos investigadores. Em momento algum Galileu aceitava que o equilíbrio entre a Natureza e a matemática pudesse ser posto em causa. O que significa que Galileu não adoptou a perspectiva platónica segundo a qual o nosso mundo é uma cópia distorcida do mundo "ideal". Pelo contrário, a matemática era a expressão correcta da Natureza. O trabalho de matematização do real podia começar. 12 3.2. Principais cientistas na revolução Cientifica Moderna É importante falar aqui de outros cientistas importantes nesta revolução científica moderna que são Kepler, Descartes, Locke e o português Ribeiro Sanches. Johannes Kepler foi um Matemático e astrólogo alemão. Aos vinte e dois anos é nomeado professor de Matemática em Gratz. Em 1599, as perseguições religiosas obrigam-no a deixar Gratz. Tycho Brahe chama-o para Praga, onde o ajuda na elaboração das Tábuas Rodolfinas. Em 1601, após a morte de Brahe, sucede-lhe como astrónomo do imperador Rodolfo II. A vida privada de Kepler é uma série de infortúnios e misérias: a sua primeira mulher enlouquece, a segunda carrega-o de filhos, tem de salvar da fogueira a mãe, acusada de bruxaria... Apesar da sua pobreza sempre consegue que algum príncipe lhe conceda uma pensão para prosseguir os estudos. A sua primeira obra, o Prodromus dissertationum cosmographicarum, trata de cálculos astronómicos em apoio a Copérnico e de diversas divagações astronómicas e musicais. Em Ad vitellionem paralipomena, Kepler oferece uma excelente tábua de reflexões. Mas a obra que lhe dá uma fama imortal é de 1609, e aparece com o título de Astronomia Nova. Nela enuncia as três leis que têm o seu nome e que regem o movimento dos planetas. René Descartes foi um Filósofo francês. O objectivo final do pensamento cartesiano ao afirmar que alma e corpo, pensamento e extensão, são substâncias distintas, é salvaguardar a autonomia da alma em relação à matéria. A ciência clássica, aceite por Descartes, impunha uma concepção mecanicista e determinista do mundo material, na qual não fica resquício algum para a liberdade. A liberdade, assim como o conjunto de valores espirituais defendidos por Descartes, apenas se pode salvaguardar subtraindo a alma do mundo da necessidade mecanicista, o que por sua vez supunha concebê-la como uma esfera da realidade autónoma e independente da matéria. Esta independência da alma e corpo é a ideia central que proporciona o conceito cartesiano de substância. John Locke passa Sobre a linha do desenvolvimento do empirismo representando um progresso em confronto com os precedentes: no sentido de que a sua fenomenologia fenomenista-empirista não é dogmaticamente acompanhada de uma metafísica mais ou menos materialista. Limita-se a nos oferecer, filosoficamente, uma teoria do conhecimento, 13 mesmo aceitando a metafísica tradicional, e do senso comum pelo que concerne a Deus, à alma, à moral e à religião. Com relação à religião natural, não muito diferente do deísmo abstracto da época; o poder político tem o direito de impor essa religião, porquanto é baseada na razão. Locke professa a tolerância e o respeito às religiões particulares, históricas, positivas. Locke viajou fora da Inglaterra, especialmente em França, onde ampliou o seu horizonte cultural, entrou em contacto com movimentos filosóficos diversos, em especial com o racionalismo. Tornou-se mais consciente do seu empirismo, que procurou completar com elementos racionalistas. Ribeiro Sanches viveu entre 1699 e 1783), nasceu em Panamacor. Formou-se em Filosofia e Medicina em Salamanca. Viajou pela Inglaterra, França e Holanda, vindo a fixar-se na Rússia, onde se tornou médico do exército, e depois do Corpo Imperial dos Cadetes de São Petersburgo (colégio reservado à mais alta aristocracia russa), tendo por último sido nomeado médico da czarina Ana Ivanovna. A longa permanência na Russia e o contacto com os seus diferentes povos e raças permitiu-lhe fazer importantes observações etnológicas que comunicou a Buffon, que a refere no 3º. Volume da sua História Natural. Em 1747, de regresso a Paris, onde é recebido por Frederico o Grande da Prússia. É-lhe pouco depois atribuída uma tença por D. João V e por Catarina II da Rússia. Morreu em França. A obra de Ribeiro Sanches é enorme, repartindo-se por diversos domínios, como a etnologia, a medicina, a educação, a arte ou a ética. Na medicina, onde se distinguiu internacionalmente na venereologia, escreveu a pedido de D`Alembert e Diderot para a Enciclopédia. Manteve relações científicas e de amizade com os grande vultos da ciência do tempo. Publicou, neste domínio, obras, como o Tratado da Conservação da Saúde dos Povos (1756), o Método para Aprender a Estudar Medicina (1763), Observações sobre as Doenças Venéreas (1785), etc. Sobre a educação, ética, política, ou mesmo na filosofia, a sua obra é imensa, revelando um convicto defensor do ideário iluminista: Cartas sobre a Educação da Mocidade (1760), Missionários aos Países Alheios (1760), Tratado das Paixões da Alma, Carta Pública, Do Casamento dos Padres, entre outros. 14 Conclusão Após ter realizado este trabalho posso concluir que este tema é realmente abrangente. Ao falar do nascimento da Razão e do pensamento racional temos inevitavelmente que falar de todas as formas de pensamento que o homem teve anteriormente. Assim sendo concluímos que, numa primeira fase o Homem tem uma visão mítico-religiosa da Natureza em que todo o conhecimento técnico-científico está subalternizado ao poder religioso que constitui um poder de uma classe sacerdotal que detém e guarda o saber. Numa segunda fase o homem desenvolve o pensamento filosófico e o nascimento da ciência e, aqui, nascem as filosofias cosmológicas dos pré-socráticos o que dá origem à passagem de um pensamento mítico-religoso para um pensamento racional em que a razão, a “logos”, explica tudo. Por fim, numa última fase assistimos a uma autêntica revolução científica Moderna em que a ciência se autonomiza face à religião e à filosofia. Assim as diversas formas de explicação de conhecimento coexistem e tornam-se fundamentais para a evolução de cada uma delas. Tanto a religião como o mito revelam a relevância da compreensão do espaço envolvente, e mesmo que as respostas fornecidas não estejam de ajuste com a realidade, é impensável desvalorizar o papel que estas duas formas de pensamento têm para o homem. A religião e o mito apesar de serem encarados por muitos como explicações menores originam perguntas que a ciência e a filosofia tentaram responder racionalmente. Não podemos desmentir o facto de ter sido o mito, o primeiro a tentar declarar como se criara o universo. Assim como, a ciência suscita novas questões no sector da religião como é o exemplo da clonagem. No caso da filosofia, considero incontestável o facto de este se ter extinguido. Na realidade o homem nunca poderá descobrir todas as repostas para os seus problemas na ciência, caso isso acontecesse estaríamos dissimulados em ser insensíveis e destituídos de subjectividade. Desta forma torna-se fundamental, que continuem a coexistir as diversas formas de alcançar o conhecimento, pois cada uma delas cumpre uma função essencial na edificação do saber. 15 Bibliografia AZEVEDO, Carlos A. Moreira, e outro – Metodologia Científica: Contributos práticos para a elaboração de trabalhos académicos. Porto: C. Azevedo, 1994. BORNHEIM, G. – Os Filósofos Pré-socráticos. São Paulo: Cultrix, 1999. FACHIN, Odília – Fundamentos de Metodologia. São Paulo: Editora Atlas S.A, 1993 GODINHO, Vitorino Magalhães – Em torno de O que é a ciência. In Ensaios: IV Humanisno científico e reflexão filosófica. Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora, 1971, p. 177-219. LOGOS: Enciclopédia Luso-Brasileira de Filosofia. Lisboa; S.Paulo : Verbo, 19891992. vol.1, 2, 3. ROUSSEAU, Pierre – História da Ciência. Lisboa: Editorial Aster, Lda., 1945. RUSSELL, B. – História da Filosofia Ocidental, Rio de Janeiro: Cia. Editora Nacional, 1977. SOUSA, Gonçalo de Vasconcelos e – Metodologia da Investigação, Redacção e Apresentação de Trabalhos Científicos. Porto: Livraria Civilização Editora, 1998. ISBN: 972-26-1559-9. Internet http://www.mundociencia.com.br/ Último acesso em 15 de Dezembro de 2005. http://users.hotlink.com.br/fico/refl0035.htm Último acesso em 16 de Dezembro de 2005. http://geocities.yahoo.com.br/mcrost02/convite_a_filosofia_37.htm Último acesso em 16 de Dezembro de 2005.