Tratores New Holland semeadura As vantagens econômicas do Plantio Direto são amplamente difundidas; mas você sabe exatamente quanto poupa ou custa esse sistema? Consumo no plantio A s técnicas de semeadura direta são complementos das atuais técnicas de conservação de solo, que envolvem menor mobilização e remoção da terra e maior quantidade de restos vegetais na superfície do solo, tendo como vantagem a redução dos custos operacionais de mecanização, além dos aspectos conservacionistas e de recuperação das características físicas, químicas e biológicas do solo. A cultura da aveia preta (Avena strigosa) pode ser implantada de várias formas, entretanto, se realizada em linhas, com a mesma semeadora-adubadora de plantio direto utilizada 24 Máquinas para a implantação de outros cereais de inverno, terá como vantagens a distribuição e a profundidade mais uniforme das sementes, bem como melhor cobertura e maior eficiência na utilização dos fertilizantes. Até o momento, os espaçamentos entre linhas de 17 a 20 cm e profundidades de 2 a 4 cm são os mais indicados para a produção de grãos, forragem e adubação verde ou cobertura vegetal. A cultura da aveia é responsável por grande parte dos programas alimentares de outono/inverno para bovinos em regime de pastejo na região Sul do Brasil. As gramíne- www.cultivar.inf.br as de inverno (hibernais) constituem a base da alimentação de 80% dos animais comercializados para abate no período de inverno, o que demonstra a influência das pastagens de aveia e azevém na recria e terminação de bovinos de corte. A utilização correta de máquinas e equipamentos agrícolas tem como vantagens melhorar a capacidade operacional, facilitar o trabalho do homem do campo e possibilitar melhores produtividades sem aumentar as áreas produtivas. No entanto, todas essas vantagens poderão ser anuladas em função da má utilização do equipamento Março / Abril 2003 pelo agricultor ou em função do desempenho operacional. As semeadoras-adubadoras têm um papel muito importante no processo de produção, pois, naquele momento, todo esforço de melhoria de produtividade (novas cultivares, preparo do solo, alternativas de correção e adubação etc) pode ser prejudicado por uma deficiência de regulagem ou pela qualidade do equipamento. A prática de semeadura direta na implantação de pastagens anuais de inverno não é tão difundida quanto para o milho, soja ou cereais de inverno, sendo utilizada principalmente a semeadura à lanço com uma leve incorporação. Tendo em vista a necessidade de avaliar as características operacionais da semeadura em diferentes manejos do solo para pastagens de inverno, diversas entidades de ensino e pesquisa do país, entre elas a Universidade do Estado de Santa Catarina (CAV-UDESC), localizada em Lages (SC), estão realizando pesquisas com estas culturas para atender às necessidades dos agricultores e dos criadores de gados para auxiliar na escolha adequada de máquinas agrícolas. Uma das últimas pesquisas realizadas pelo Departamento de Engenharia Rural do Centro de Ciências Agroveterinárias da UDESC teve como objetivo avaliar o consumo horário de combustível, o consumo específico de combustível e o desempenho operacional de todos os conjuntos motomecanizados utilizados para semeadura de aveia preta em três manejos de solo: plantio convencional, plantio com escarificação e semeadura direta. Avaliou-se, também, o consumo horário de combustível, a capacidade operacional de campo e a patinagem de um conjunto trator-semeadora sobre os sistemas de manejo de solo. Os fatores que afetam a semeadura podem ser: sementes, solos, teor de água e cobertura do solo, máquina, clima, época de plantio, habilidade do operador e velocidade de semeadura. A velocidade de semeadura tem influência direta sobre a queda e cobertura das sementes, independente do tipo e marca da semeadora. A maioria das pesquisas aponta velocidades de 5 a 7 km/h como ideal, considerando as condições da propriedade e da semeadora em uso. Em maior velocidade as semeadoras de plantio direto poderão abrir sulcos maiores, revolvendo uma faixa mais larga e a roda compactadora não pressionará suficientemente. Em relação às técnicas convencionais de preparo e cultivo do solo, o sistema de plantio direto diminui a erosão; melhorou os níveis de fertilidade do solo, principalmente de fósforo; manteve ou aumentou a matéria orgânica; proporcionou redução dos custos de produção (menor desgaste de tratoMarço / Abril 2003 Fotos Alberto Nagaoka “A velocidade de semeadura tem influência direta sobre a queda e cobertura das sementes, independente do tipo e marca da semeadora” O plantio convencional foi o que apresentou maior índice de patinação e o que mais consumiu combustível O plantio com escarificação teve o maior índice de consumo específico operacional (Kg/ha) O sistema de semeadura direta apresentou maiores vantagens do que outros sistemas de manejo www.cultivar.inf.br Máquinas 25 “Como o sistema de semeadura direta ofereceu valores de patinagens abaixo de 6%, isso indica que este trator poderia ter trabalhado com velocidade ou largura de trabalho maior” ... res e maior economia de combustível, em razão da ausência das operações de preparo); permitiu a melhor racionalização no uso de máquinas, implementos e equipamentos, possibilitando que as diferentes culturas sejam implantadas nas épocas recomendadas e, finalmente, proporcionou estabilidade na produção e melhoria de vida do produtor rural e da sociedade. Foi a partir dessas vantagens que se resolveu avaliar o desempenho operacional dos conjuntos motomecanizados utilizados para Fig. 01 diferentes manejos do solo na semeadura da aveia preta. A operação de semeadura foi realizada na profundidade média de 3 cm; veloFig. 02 cidade média de 5 km/h e espaçamento entre linhas de 20 cm. Durante o ensaio obteve-se os valores de tempo, volume de combustível consumido, largura de trabalho e número de voltas do pneu. Realizou-se a semeadura com uma semeadora marca Imasa, modelo MPS - 63, com cinco linhas, regulada para semear 120 kg/ ha de semente e 200 kg/ha de adubo . Para tracionar a semeadora, o arado, a 26 Máquinas grade leve e o escarificador, utilizou-se um trator marca New Holland, modelo TL70 com 47,8 kW de potência no motor. E, para obter a velocidade de deslocamento, utilizou-se o método indireto de cálculo, através da cronometragem do tempo durante a passagem do conjunto sobre cada parcela e medição da distância, através de trena. O consumo de combustível foi obtido utilizando-se um medidor de consumo composto por um reservatório e um tubo transparente com uma escala graduada com uma precisão de 0,5 ml e um registro de duas entradas com o objetivo de direcionar a origem do combustível para o motor do trator e/ou encher o tubo graduado. Corrigiuse o consumo utilizando a densidade e a temperatura do combustível, obtendo a massa de combustível consumida durante as operações realizadas sobre as parcelas. A Figura 01 apresenta os resultados obtidos de todas as operações realizadas em cada manejo do solo. O consumo horário de combustível (4,61 kg/ h) e o consumo específico operacional (19,69 kg/ ha) foram menores na semeadura direta, mostrando vantagem em relação aos demais tratamentos, principalmente pelo menor número de operações realizadas no sistema de plantio direto, enquanto que o sistema de manejo com escarificação apresentou vantagens em relação ao plantio convencional. Estes dados, ainda, não servem de comparação entre os tratamentos e, principalmente, entre as operações no campo, pois não levam em consideração a capacidade operacional do conjunto moto-mecanizado. Com relação ao desempenho operaci- www.cultivar.inf.br onal dos tratamentos (número de horasmáquina/ha), a semeadura direta (0,742 h/ha), novamente, ofereceu o melhor desempenho operacional, seguido do plantio com escarificação (1,012 h/ha) e do plantio convencional (1,804 h/ha). No sistema de plantio direto a semente é colocada diretamente no solo não revolvido, utilizando-se máquinas especiais. Somente é aberto um pequeno sulco (ou cova) de profundidade e largura suficiente para garantir uma boa cobertura e contato da semente com o solo e não mais de 25 a 30% da superfície do solo é preparada, reduzindo o número de operações. O extermínio de ervas daninhas antes e depois do plantio é, geralmente, feito com herbicidas. A Figura 2 apresenta os resultados da comparação apenas do conjunto tratorsemeadora sobre os diferentes sistemas de manejo de solo. O consumo horário de combustível do conjunto trator-semeadora foi menor para o sistema de semeadura direta (2,69 kg/h) em relação aos outros sistemas de manejo de solo, devido às condições de superfície homogênea que o sistema de semeadura direta ofereceu no momento da operação da semeadura. Ofereceu também menor resistência ao rolamento e menor recalque do solo. Quanto à capacidade operacional, verificou-se que o sistema de semeadura direta (1,62 ha/h) ofereceu vantagens em relação aos outros sistemas de manejo do solo, pois foi observado, durante a implantação do experimento, que este sistema ofereceu também uma maior velocidade de trabalho e, conseqüentemente, maior capacidade de trabalho, o que não foi observado nos outros tratamentos. Como o sistema de semeadura direta ofereceu valores de patinagens abaixo de 6% (valores considerados ideais: 8 a 10% em solos não mobilizados, CORRÊA et. al., 1999), isso indica que este trator poderia ter trabalhado com uma velocidade ou uma largura de trabalho maior. Entre os sistemas de manejo do solo avaliados constatou-se que o sistema de semeadura direta ofereceu melhor desempenho operacional, mostrando a possibilidade de aumentar, ainda mais, a sua capacidade de trabalho para a operação de semeadura na cultura da aveia. No entanto, é importante fazer uma análise econômica para verificar qual o sistema M de manejo é mais viável. Alberto Kazushi Nagaoka e Rodrigo Haruo Corrêa Nomura CAV/UDESC - Lages Março / Abril 2003