M quinas_18 - Grupo Cultivar

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Tratores
New Holland
semeadura
As vantagens econômicas do Plantio Direto são
amplamente difundidas; mas você sabe exatamente
quanto poupa ou custa esse sistema?
Consumo no plantio
A
s técnicas de semeadura direta
são complementos das atuais técnicas de conservação de solo, que
envolvem menor mobilização e remoção da
terra e maior quantidade de restos vegetais
na superfície do solo, tendo como vantagem
a redução dos custos operacionais de mecanização, além dos aspectos conservacionistas e de recuperação das características físicas, químicas e biológicas do solo. A cultura da aveia preta (Avena strigosa) pode ser
implantada de várias formas, entretanto, se
realizada em linhas, com a mesma semeadora-adubadora de plantio direto utilizada
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Máquinas
para a implantação de outros cereais de inverno, terá como vantagens a distribuição e
a profundidade mais uniforme das sementes, bem como melhor cobertura e maior
eficiência na utilização dos fertilizantes. Até
o momento, os espaçamentos entre linhas
de 17 a 20 cm e profundidades de 2 a 4 cm
são os mais indicados para a produção de
grãos, forragem e adubação verde ou cobertura vegetal.
A cultura da aveia é responsável por
grande parte dos programas alimentares de
outono/inverno para bovinos em regime de
pastejo na região Sul do Brasil. As gramíne-
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as de inverno (hibernais) constituem a base
da alimentação de 80% dos animais comercializados para abate no período de inverno, o que demonstra a influência das pastagens de aveia e azevém na recria e terminação de bovinos de corte.
A utilização correta de máquinas e equipamentos agrícolas tem como vantagens
melhorar a capacidade operacional, facilitar o trabalho do homem do campo e possibilitar melhores produtividades sem aumentar as áreas produtivas. No entanto, todas
essas vantagens poderão ser anuladas em
função da má utilização do equipamento
Março / Abril 2003
pelo agricultor ou em função do desempenho operacional. As semeadoras-adubadoras têm um papel muito importante no processo de produção, pois, naquele momento,
todo esforço de melhoria de produtividade
(novas cultivares, preparo do solo, alternativas de correção e adubação etc) pode ser
prejudicado por uma deficiência de regulagem ou pela qualidade do equipamento.
A prática de semeadura direta na implantação de pastagens anuais de inverno
não é tão difundida quanto para o milho,
soja ou cereais de inverno, sendo utilizada
principalmente a semeadura à lanço com
uma leve incorporação. Tendo em vista a
necessidade de avaliar as características operacionais da semeadura em diferentes manejos do solo para pastagens de inverno,
diversas entidades de ensino e pesquisa do
país, entre elas a Universidade do Estado
de Santa Catarina (CAV-UDESC), localizada em Lages (SC), estão realizando pesquisas com estas culturas para atender às
necessidades dos agricultores e dos criadores de gados para auxiliar na escolha adequada de máquinas agrícolas.
Uma das últimas pesquisas realizadas
pelo Departamento de Engenharia Rural do
Centro de Ciências Agroveterinárias da
UDESC teve como objetivo avaliar o consumo horário de combustível, o consumo
específico de combustível e o desempenho
operacional de todos os conjuntos motomecanizados utilizados para semeadura de
aveia preta em três manejos de solo: plantio
convencional, plantio com escarificação e
semeadura direta. Avaliou-se, também, o
consumo horário de combustível, a capacidade operacional de campo e a patinagem
de um conjunto trator-semeadora sobre os
sistemas de manejo de solo.
Os fatores que afetam a semeadura podem ser: sementes, solos, teor de água e
cobertura do solo, máquina, clima, época
de plantio, habilidade do operador e velocidade de semeadura. A velocidade de semeadura tem influência direta sobre a
queda e cobertura das sementes, independente do tipo e marca da semeadora. A
maioria das pesquisas aponta velocidades
de 5 a 7 km/h como ideal, considerando
as condições da propriedade e da semeadora em uso. Em maior velocidade as semeadoras de plantio direto poderão abrir
sulcos maiores, revolvendo uma faixa mais
larga e a roda compactadora não pressionará suficientemente.
Em relação às técnicas convencionais de
preparo e cultivo do solo, o sistema de plantio direto diminui a erosão; melhorou os níveis de fertilidade do solo, principalmente
de fósforo; manteve ou aumentou a matéria orgânica; proporcionou redução dos custos de produção (menor desgaste de tratoMarço / Abril 2003
Fotos Alberto Nagaoka
“A velocidade de semeadura tem influência direta sobre a queda e
cobertura das sementes, independente do tipo e marca da semeadora”
O plantio convencional foi o que apresentou maior índice
de patinação e o que mais consumiu combustível
O plantio com escarificação teve o maior índice
de consumo específico operacional (Kg/ha)
O sistema de semeadura direta apresentou maiores
vantagens do que outros sistemas de manejo
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Máquinas
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“Como o sistema de semeadura direta ofereceu valores de patinagens abaixo de 6%, isso
indica que este trator poderia ter trabalhado com velocidade ou largura de trabalho maior”
... res e maior economia de combustível, em
razão da ausência das operações de preparo); permitiu a melhor racionalização no uso
de máquinas, implementos e equipamentos,
possibilitando que as diferentes culturas
sejam implantadas nas épocas recomendadas e, finalmente, proporcionou estabilidade na produção e melhoria de vida do produtor rural e da sociedade.
Foi a partir dessas vantagens que se resolveu avaliar o desempenho operacional dos
conjuntos motomecanizados utilizados para
Fig. 01
diferentes manejos do solo na semeadura da
aveia preta.
A operação de semeadura foi realizada na profundidade média de 3 cm; veloFig. 02
cidade média de 5 km/h e espaçamento
entre linhas de 20 cm. Durante o ensaio
obteve-se os valores de tempo, volume de
combustível consumido, largura de trabalho e número de voltas do pneu. Realizou-se a semeadura com uma semeadora
marca Imasa, modelo MPS - 63, com cinco linhas, regulada para semear 120 kg/
ha de semente e 200 kg/ha de adubo .
Para tracionar a semeadora, o arado, a
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Máquinas
grade leve e o escarificador, utilizou-se um
trator marca New Holland, modelo TL70
com 47,8 kW de potência no motor. E,
para obter a velocidade de deslocamento,
utilizou-se o método indireto de cálculo,
através da cronometragem do tempo durante a passagem do conjunto sobre cada
parcela e medição da distância, através de
trena.
O consumo de combustível foi obtido
utilizando-se um medidor de consumo
composto por um reservatório e um tubo
transparente com
uma escala graduada com uma
precisão de 0,5 ml
e um registro de
duas entradas
com o objetivo de
direcionar a origem do combustível para o motor
do trator e/ou encher o tubo graduado. Corrigiuse o consumo utilizando a densidade e a temperatura do combustível, obtendo a
massa de combustível consumida durante as operações realizadas sobre
as parcelas.
A Figura 01 apresenta os resultados
obtidos de todas as operações realizadas
em cada manejo
do solo.
O consumo
horário de combustível (4,61 kg/
h) e o consumo
específico operacional (19,69 kg/
ha) foram menores na semeadura
direta, mostrando
vantagem em relação aos demais
tratamentos,
principalmente
pelo menor número de operações realizadas no
sistema de plantio direto, enquanto que o
sistema de manejo com escarificação apresentou vantagens em relação ao plantio
convencional. Estes dados, ainda, não servem de comparação entre os tratamentos
e, principalmente, entre as operações no
campo, pois não levam em consideração a
capacidade operacional do conjunto
moto-mecanizado.
Com relação ao desempenho operaci-
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onal dos tratamentos (número de horasmáquina/ha), a semeadura direta (0,742
h/ha), novamente, ofereceu o melhor desempenho operacional, seguido do plantio com escarificação (1,012 h/ha) e do
plantio convencional (1,804 h/ha).
No sistema de plantio direto a semente é colocada diretamente no solo não revolvido, utilizando-se máquinas especiais.
Somente é aberto um pequeno sulco (ou
cova) de profundidade e largura suficiente para garantir uma boa cobertura e contato da semente com o solo e não mais de
25 a 30% da superfície do solo é preparada, reduzindo o número de operações. O
extermínio de ervas daninhas antes e depois do plantio é, geralmente, feito com
herbicidas.
A Figura 2 apresenta os resultados da
comparação apenas do conjunto tratorsemeadora sobre os diferentes sistemas
de manejo de solo.
O consumo horário de combustível
do conjunto trator-semeadora foi menor
para o sistema de semeadura direta (2,69
kg/h) em relação aos outros sistemas de
manejo de solo, devido às condições de
superfície homogênea que o sistema de
semeadura direta ofereceu no momento
da operação da semeadura. Ofereceu
também menor resistência ao rolamento
e menor recalque do solo.
Quanto à capacidade operacional, verificou-se que o sistema de semeadura direta (1,62 ha/h) ofereceu vantagens em
relação aos outros sistemas de manejo do
solo, pois foi observado, durante a implantação do experimento, que este sistema ofereceu também uma maior velocidade de trabalho e, conseqüentemente, maior capacidade de trabalho, o que
não foi observado nos outros tratamentos.
Como o sistema de semeadura direta
ofereceu valores de patinagens abaixo de
6% (valores considerados ideais: 8 a 10%
em solos não mobilizados, CORRÊA et.
al., 1999), isso indica que este trator poderia ter trabalhado com uma velocidade ou uma largura de trabalho maior.
Entre os sistemas de manejo do solo
avaliados constatou-se que o sistema de
semeadura direta ofereceu melhor desempenho operacional, mostrando a possibilidade de aumentar, ainda mais, a sua
capacidade de trabalho para a operação
de semeadura na cultura da aveia. No entanto, é importante fazer uma análise
econômica para verificar qual o sistema
M
de manejo é mais viável.
Alberto Kazushi Nagaoka e
Rodrigo Haruo Corrêa Nomura
CAV/UDESC - Lages
Março / Abril 2003
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