UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL GUILHERME DETANICO BONATTO PROCESSO DE DECISÃO DE COMPRA ONLINE: UM ESTUDO DO E-COMMERCE DEITA E DORME COMÉRCIO ONLINE DE ROUPA DE CAMA Caxias do Sul 2014 2 GUILHERME DETANICO BONATTO PROCESSO DE DECISÃO DE COMPRA ONLINE: UM ESTUDO DO E-COMMERCE DEITA E DORME COMÉRCIO ONLINE DE ROUPA DE CAMA Trabalho de conclusão de curso de graduação apresentado ao Centro de Ciências de Caxias do Sul, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social - Habilitação em Publicidade e Propaganda. Orientador Monografia II : Prof. Eduardo Luiz Cardoso Orientador Monografia I : Prof. Eduardo Luiz Cardoso Caxias do Sul 2014 3 GUILHERME DETANICO BONATTO PROCESSO DE DECISÃO DE COMPRA ONLINE: UM ESTUDO DO E-COMMERCE DEITA E DORME COMÉRCIO ONLINE DE ROUPA DE CAMA Trabalho de conclusão de curso de graduação apresentado ao Centro de Ciências de Caxias do Sul, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social - Habilitação em Publicidade e Propaganda. Orientador Monografia II : Prof. Eduardo Luiz Cardoso Orientador Monografia I : Prof. Eduardo Luiz Cardoso Aprovado (a) em:____/ ____/____ Nota Final:__________________ Banca Examinadora __________________________________________________ Prof. Eduardo Luiz Cardoso Universidade de Caxias do Sul - UCS __________________________________________________ Prof. Ronei Teodoro da Silva Universidade de Caxias do Sul - UCS __________________________________________________ Prof. Alessandra Pinto Nora Universidade de Caxias do Sul - UCS Ponderações da banca examinadora: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 4 Dedico este trabalho aos meus pais, Marlise e Gilberto, a minha namorada, Marjorie Eberle Costela e a meu irmão Otávio Detanico Bonatto por terem me acompanhado nos estudos e por me ajudarem nos momentos mais difíceis. 5 "Somos todos geniais. Mas se você julgar um peixe por sua capacidade de subir em árvores ele passará sua vida inteira acreditando ser estúpido". Albert Einstein 6 Resumo O presente estudo tem o objetivo de definir qual é o processo de decisão de compra online dos consumidores de roupa de cama do e-commerce Deita e Dorme. Analisando o mercado de venda online, identificando o comportamento do consumidor e os estágios do processo de decisão de compra, possibilitando o desenvolvimento de uma pesquisa para identificar os padrões de comportamento do consumidor da Deita e Dorme, o que trará uma definição da realidade deste mercado, de seu comportamento e das etapas do processo de decisão de compra a qual se insere. Palavras-chaves: E-commerce. Comportamento do Consumidor. Decisão de Compra. Roupa de Cama. 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Evolução do varejo......................................................................................... 23 Figura 2 - Varejo 0.0 a 2.0 .............................................................................................. 24 Figura 3 - Idade do internauta brasileiro ......................................................................... 30 Figura 4 - Idade dos novos e-consumidores brasileiros ................................................. 30 Figura 5 - Evolução dos novos e-consumidores brasileiros ........................................... 31 Figura 6 - Gêneros novos e-consumidores brasileiros ................................................... 31 Figura 7 - Renda familiar dos novos e-consumidores brasileiros ................................... 32 Figura 8 - Crescimento do e-commerce brasileiro.......................................................... 33 Figura 9 - Top 10 categorias mais vendidos no Brasil em 2013 ..................................... 34 Figura 10 - Evolução do número de e-consumidores brasileiros.................................... 35 Figura 11 - Share do m-commerce no Brasil .................................................................. 36 Figura 12 - Evolução do NPS no e-commerce brasileiro ................................................ 36 Figura 13 - NPS geral e a frequência de compra na web............................................... 38 Figura 14 - Escala de lealdade do consumidor online por categoria (Brasil) .................. 39 Figura 15 - Prazos de entrega e o nível de lealdade (Brasil) ......................................... 39 Figura 16 - Valor de um cliente promotor (Brasil) ........................................................... 40 Figura 17 - Previsão do comércio eletrônico brasileiro para 2014.................................. 41 Figura 18 - Intenção de troca e devolução pós compra (Brasil) ..................................... 42 Figura 19 - Intenção de troca e devolução categorias de produto (Brasil) ..................... 43 Figura 20 - Devolução ou troca (Brasil) .......................................................................... 44 Figura 21 - Motivos para não ter realizado a intenção de troca/devolução (Brasil) ........ 45 Figura 22 - Impacto da dificuldade de devolução/troca na compra online (Brasil) ......... 46 Figura 23 - Transparência no processo de troca e devolução (Brasil) ........................... 46 Figura 24 - Lojas online estão preparadas para fazer troca/devoluções (Brasil) ............ 47 Figura 25 - Trocas comércio online x tradicional - omnichannel (Brasil) ........................ 47 Figura 26 - Hierarquia das necessidades ....................................................................... 53 Figura 27 - Os Diferentes papéis do consumidor ........................................................... 56 Figura 28 - Estágios do processo de decisão de compra ............................................... 62 Figura 29 - O Processo de decisão de compra .............................................................. 64 8 Figura 30 - Conjuntos envolvidos na decisão do consumidor ........................................ 67 Figura 31 - Critérios de avaliação das alternativas de produto ...................................... 72 Figura 32 - O ato da compra e suas etapas ................................................................... 74 Figura 33 - Idade ............................................................................................................ 80 Figura 34 - Estado civil ................................................................................................... 81 Figura 35 - Quantidade de filhos .................................................................................... 81 Figura 36 - Uso próprio ou para presente ...................................................................... 82 Figura 37 - Equipamento eletrônico utilizado para realização da compra ...................... 82 Figura 38 - Necessidade advinda dos produtos adquiridos ............................................ 83 Figura 39 - Como descobriu a Deita e Dorme ................................................................ 84 Figura 40 - Motivo gerador da compra ........................................................................... 85 Figura 41 - Quantidade de pesquisa realizada antes da compra ................................... 88 Figura 42 - Locais de busca por informações................................................................. 89 Figura 43 - Fontes de informação para realizar a compra .............................................. 90 Figura 44 - Avaliação das alternativas de compra na internet ........................................ 92 Figura 45 - Motivos de definição de compra .................................................................. 96 Figura 46 - Nível de satisfação - Recomendação da loja online Deita e Dorme............. 99 Figura 47 - Nível de satisfação - Recomendação do produto Deita e Dorme .............. 100 Figura 48 - Pós compra - Devolução ou troca .............................................................. 100 9 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Quadro comparativo da evolução do Varejo 0.0 a 2.0 ................................. 25 Quadro 2 - Influências no caminho de compra do consumidor no Varejo 2.0 ................ 29 Quadro 3 - Comportamento de compra - Envolvimento x Diferença entre marcas ........ 57 Quadro 4 - Tipos de comportamento de compra ............................................................ 58 Quadro 5 - Necessidade advinda dos produtos adquiridos ............................................ 84 Quadro 6 - Motivo gerador de compra - Dormir melhor ................................................. 86 Quadro 7 - Motivo gerador de compra - Mudar a decoração ........................................ 86 Quadro 8 - Motivo gerador de compra - Trocar as roupas de cama antigas ................. 87 Quadro 9 - Motivo gerador de compra - Chegada do frio .............................................. 87 Quadro 10 - Motivo gerador de compra - Primeiro enxoval ........................................... 87 Quadro 11 - Motivo gerador de compra - Outro ............................................................ 88 Quadro 12 - Quantidade de pesquisa realizada ............................................................. 89 Quadro 13 - Alternativa de compra na internet - Praticidade ......................................... 93 Quadro 14 - Alternativa de compra na internet - Comodidade ....................................... 93 Quadro 15 - Alternativa de compra na internet - Melhores preços ................................. 93 Quadro 16 - Alternativa de compra na internet - Não encontrou na loja física ............... 94 Quadro 17 - Alternativa de compra na internet - Informações ........................................ 94 Quadro 18 - Alternativa de compra na internet - Parcelamento estendido ..................... 94 Quadro 19 - Alternativa de compra na internet - Segurança .......................................... 95 Quadro 20 - Alternativa de compra na internet - Outro .................................................. 95 Quadro 21 - Definição de compra - Produto diferenciado .............................................. 97 Quadro 22 - Definição de compra - Qualidade dos produtos ......................................... 97 Quadro 23 - Definição de compra - Preço ...................................................................... 97 Quadro 24 - Definição de compra - Entrega ................................................................... 98 Quadro 25 - Definição de compra - Segurança na compra ............................................ 98 Quadro 26 - Definição de compra - Parcelamento ......................................................... 98 Quadro 27 - Definição de compra - Outro ...................................................................... 99 10 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS SAC Serviço de Atendimento ao Consumidor IBOPE Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística PIB Produto Interno Bruto IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística sem Semestre p. Página Ex. Exemplo E- Eletronic B2C Business to Consumer B2B Business to Business B2G Business to Govern B2I Business to Institucions B2E Business to Employee CtoC Consumer to Consumer NPS Net Promoter Score PDV Ponto de Venda 11 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 13 2 E-COMMERCE .................................................................................................. 16 2.1 CONCEITOS ..................................................................................................... 17 2.2 O VAREJO NA WEB ......................................................................................... 21 2.2.1 WEB 1.0 a 3.0 ................................................................................................... 21 2.2.2 Varejo 0.0 a 2.0 ................................................................................................. 23 2.2.2.1 Varejo 0.0 .......................................................................................................... 27 2.2.2.2 Varejo 1.0 .......................................................................................................... 27 2.2.2.3 Varejo 2.0 .......................................................................................................... 28 2.3 MERCADO E CONSUMIDORES ...................................................................... 30 3 PROCESSO DE DECISÃO DE COMPRA ........................................................ 49 3.1 INTRODUÇÃO AO PROCESSO DE DECISÃO DE COMPRA ......................... 49 3.1.1 Comportamento do Consumidor.................................................................... 49 3.1.1.1 Fatores culturais .............................................................................................. 49 3.1.1.2 Fatores Sociais ................................................................................................ 50 3.1.1.3 Fatores Pessoais ............................................................................................. 51 3.1.1.4 Fatores Psicológicos....................................................................................... 52 3.2 PAPÉIS DO COMPRADOR ............................................................................... 55 3.3 COMPORTAMENTO DE COMPRA .................................................................. 56 3.3.1 Comportamento de Compra Complexo ......................................................... 59 3.3.2 Comportamento de Compra Com Dissonância Cognitiva Reduzida .......... 60 3.3.3 Comportamento de Compra Habitual ............................................................ 60 3.3.4 Comportamento de Compra em Busca de Variedade .................................. 61 3.4 ESTÁGIOS DO PROCESSO DE DECISÃO DE COMPRA ............................... 62 3.4.1 Reconhecimento do Problema ....................................................................... 64 3.4.2 Busca de Informações .................................................................................... 66 3.4.3 Avaliação de alternativas ................................................................................ 69 3.4.3.1 Avaliação das alternativas de produto ............................................................... 71 12 3.4.3.2 Avaliação das alternativas de compra ............................................................... 72 3.4.4 Decisão de compra .......................................................................................... 73 3.4.5 Comportamento pós-compra.......................................................................... 75 3.4.5.1 Satisfação pós-compra ...................................................................................... 75 3.4.5.2 Ações pós-compra ............................................................................................. 76 3.4.5.3 Utilização pós-compra ....................................................................................... 77 4 ANÁLISE DO CONSUMIDOR DEITA E DORME ............................................. 78 4.1 DEITA E DORME COMÉRCIO ONLINE LTDA ................................................. 79 4.1.1 Resultado da Pesquisa ................................................................................... 80 4.1.1.1 Dados Demográficos ......................................................................................... 80 4.1.1.2 Dados de Identificação do Nível de Envolvimento ............................................. 83 4.1.1.3 Dados de Identificação do Reconhecimento das Necessidades ....................... 84 4.1.1.4 Dados de Identificação da Busca de Informações ............................................. 88 4.1.1.5 Dados de Identificação das Alternativas de Produto ......................................... 90 4.1.1.6 Dados de Identificação das Alternativas de Compra ......................................... 92 4.1.1.7 Dados de Identificação da Decisão de Compra ................................................. 96 4.1.1.8 Dados de Identificação do Comportamento Pós Compra .................................. 99 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 102 REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 104 APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO UTILIZADO NA PESQUISA ................................... 106 ANEXO A - PÁGINA INICIAL DEITA E DORME ......................................................... 110 13 1 INTRODUÇÃO A empresa Deita e Dorme faz parte de meu plano de negócio que vem sendo construído ao longo dos últimos três anos. Tem como um de seus objetivos unir um forte sentimento de empreendedorismo com todo aprendizado obtido na graduação em Publicidade e Propaganda, vindo a culminar nesta monografia aplicada que possibilitará traçar o perfil do consumidor online e a forma com que o mesmo consome, facilitando a busca pelo posicionamento da empresa, o amadurecimento da mesma e um novo leque de oportunidades para o seu crescimento. Percebendo o mercado online e o contexto que a Deita e Dorme se insere, o objetivo geral deste estudo será definir qual é o processo de decisão de compra online dos consumidores de roupa de cama do e-commerce Deita e Dorme. Também terá como objetivos específicos estudar o mercado de venda online, definindo o conceito de e-commerce, além de identificar os conceitos definidos sobre o processo decisório de compra e das etapas do processo de decisão de compra, percebendo a teoria construída em torno deste assunto para poder aplicá-la no embasamento do trabalho, de modo a atingir uma conclusão verídica e legítima. Assim sendo, a questão norteadora da monografia é: como funciona o processo de decisão de compra online no segmento roupa de cama do e-commerce Deita e Dorme? Para responder a esta pergunta desenvolvi um método peculiar de estudos separando cada assunto em etapas distintas que foram se encaixando na medida que a análise foi construída, criando uma verdadeira pirâmide de conhecimento para atingir um pico conclusivo. Esta pirâmide que teve como base o estudo do mercado de venda online, os conceitos que cercam o e-commerce e a identificação deste ambiente de varejo peculiar em franco crescimento, onde a evolução e a mutação são constantes necessárias. Assim, as teorias voltadas para o consumo online quanto ao Varejo 2.0 e a Web 2.0 são essenciais para definir um marco que indica onde estamos e onde podemos chegar quanto ao mercado e ao consumo online. 14 O próximo passo, sendo a segunda etapa da pirâmide, foi voltado para identificação do processo de decisão de compra em geral, como se comportam os consumidores, comparando então conceitos de renomados autores neste assunto, percebendo os fatores que influenciam o processo, as etapas que o constituem e os padrões existentes na complexidade do consumo. Frente a estas duas etapas concluídas, a pesquisa com o cliente Deita e Dorme se tornou necessária para situar onde o consumidor da empresa se encaixa dentro deste ambiente online. Foi então desenvolvido um questionário com um série de questões embasadas nos estudos até então já realizados, voltado a responder a questão norteadora e os objetivos traçados. A aplicação da pesquisa para os consumidores da Deita e Dorme foi efetuada com sucesso e obteve retornos capazes de definir padrões de consumo e identificar as etapas do processo de decisão de compra online dos clientes estudados. Construindo mais uma etapa da pirâmide de conhecimento, a última antes da conclusão quanto a quem é este consumidor. Assim sendo, foi identificado que o mercado de consumo está se desenhando de tal forma a possibilitar voz plena e ativa a seu consumidor, as empresas estão estreitando cada vez mais sua relação com o cliente final. Neste contexto, escutar e compreender, debater e sentir as reais necessidades dos clientes trará a fórmula para a estratégia ideal de posicionamento da marca e em consequência para o alcance de seus objetivos. Entregar aquilo que o cliente realmente quer, superando suas expectativas, disseminará pontos positivos para a marca, trazendo novos clientes e novas possibilidades de se atingir satisfação. Desta forma, atuar na busca de soluções para o mercado deverá ser a métrica a ser seguida daqui para frente. Estar presente e acompanhar de perto a forma com que o consumidor se comporta, será a chave para o posicionamento ideal das empresas, de seus produtos e de sua marca, possibilitando o entendimento rápido de qualquer necessidade por mudança. Neste contexto, o estudo que segue foi pensado no consumidor online da Deita e Dorme, seus anseios e necessidades, o que lhe atrai e impacta, como realiza suas escolhas e como reage a cada etapa do processo de compra, tornando possível o 15 posicionamento ideal da empresa de venda online perante esse novo modelo de consumo imposto pelo varejo e pela web. 16 2 E-COMMERCE Para Terra e Almeida (2011), a internet nasce da soma de pequenas conquistas tecnológicas feitas por cientistas que gostariam de agilizar e facilitar sua comunicação, de modo que as máquinas se conectassem em rede, permitindo que um único computador dividisse sua atenção com vários usuários no mesmo instante, num processo conhecido como tempo compartilhado. Quando essa tecnologia tornou-se acessível aos cidadãos, alguns poucos produziam enormes quantidades de conteúdo, momento intitulado Web 1.0, contudo com o amadurecimento da Web, com mais usuários engajados na produção de conteúdo, foi que surgiu o efeito network. Neste momento a evolução da informação tomou o rumo de crescimento exponencial, com pessoas interagindo com o conteúdo do outro, num movimento natural, que em conjunto com a ferramenta de pesquisa Google construíram uma nova fase para a Web, indicado pelos autores como Web 2.0, um período de colaboração online. Com o advento da internet, o ambiente digital se tornou interessante para o setor corporativo. Segundo Turchi (2012), visando maior agilidade nos negócios, na década de 1980 grandes empresas, principalmente dos setores industriais e varejistas, começaram utilizar a via eletrônica para realizar transações comerciais, através de ferramentas específicas que buscavam agilidade nas operações logísticas. A partir do final dos anos 1990 e início dos de 2000, com a evolução da Internet e dos mecanismos de segurança, essas operações de venda começaram a ser feitas também pela web. Mas o potencial oferecido pela internet levou as empresas a pensar de forma mais ampla e a incluir em seus planejamentos de marketing as estratégias de e-bussiness - um conceito abrangente que se refere a uma fusão complexa dos processos internos, aplicações empresariais e estrutura organizacional, com uso de tecnologia (hardwares e softwares), de modo a criar um modelo de negócios de alto desempenho (TURCHI, 2012, p. 16). Assim estava lançada as bases para o e-commerce e para suas variações, tal como: m-commerce, t-commerce, social commerce e f-commerce. O e-commerce propriamente dito entrou em destaque no Estados Unidos por volta de 1995 com o surgimento da Amazon.com e outras empresas pioneiras que resolveram apostar neste novo modo de fazer negócio. Efetivando o processo de venda através de lojas online que realizavam toda a operação de venda direta ao consumidor, 17 administrando o fluxo da venda, com operações financeiras, controles de estoque e de envio. Hoje estes processos evoluíram com grande rapidez, forçando o surgimento de conceitos e métricas que não existiam no comércio tradicional, a evolução da tecnologia, a larga aceitação da sociedade pela Web e o interesse dos governos pela proliferação da acessibilidade, disseminaram a venda online e possibilitaram o seu desenvolvimento em larga escala. 2.1 CONCEITOS Também chamado de comércio eletrônico, comércio online, varejo online, varejo virtual, o e-commerce trabalha com um modelo diferenciado do tradicional varejo com loja física, traz um conceito de compra que provoca um novo parâmetro de comportamento para o consumidor, dentro de uma plataforma com muitos paradigmas a serem quebrados. O termo comércio eletrônico embora ainda muito utilizado, é comum ser encontrado nos livros mais antigos, as literaturas atuais se utilizam largamente do conceito e-commerce, que traz a mesma visão, mas com uma denominação atualizada focada para a Web. Para Albertin (2010, p. 95), "comércio eletrônico é a realização de toda a cadeia de valor dos processos de negócio num ambiente eletrônico, por meio da aplicação intensa das tecnologias de comunicação e de informação, atendendo aos objetivos de negócio". Ele indica que os processos de venda online podem ser realizados de forma completa ou parcial, nas modalidades de transação negócio-a-negócio, negócio-aconsumidor, e intra-organizacional, numa infraestrutura predominantemente pública de fácil e livre acesso e de baixo custo. Segundo Turchi (2012), comércio eletrônico compreende mais algumas modalidades: a) B2C - Business to Consumer: segmento dentro do comércio eletrônico que abrange qualquer transação em que uma companhia ou organização vende seus produtos ou serviços para consumidores que navegam na Internet; 18 b) B2B - Business to Business: abrange transações comercias - compra e venda de produtos e serviços entre empresas ou entidades; c) B2G - Business to Govern: define atividades comercias pela internet entre empresas privadas e governamentais; d) B2I - Business to Institucions: atividades comercias pela via eletrônica entre empresas e instituições (educacionais, associações, etc); e) B2E - Business to Employee: modelo de comércio eletrônico em que empresas vendem produtos ou serviços aos seus funcionários; f) E-Procurement: modalidade do comércio eletrônico utilizado pelas empresas para compra de suprimentos (material para escritório, higiene, limpeza, etc); g) CtoC - Consumer to Consumer: comércio entre consumidores, feito de forma direta, por meio de sites apropriados. As pessoas anunciam para vender a outras pessoas (Mercadolivre, Webmotors, etc). Para Sandra Turchi (2012, p 16) "e-commerce - eletronic commerce - são operações de compra e venda de produtos e serviços pela Internet". Conforme Turchi (2012) existem uma série de variações desenvolvidas a partir do e-commerce, que consideram o seu conceito fundamental de venda de produtos e serviços na internet. São elas: a) M-commerce - mobile commerce: comércio por meio de dispositivos móveis; b) T-commerce - television commerce: comércio por meio da televisão; c) S-commerce - social commerce: comércio via redes sociais; 19 d) F-commerce - facebook commerce:- comércio via Facebook. Loja online, loja virtual, ou mesmo site de venda online são terminologias dadas para os sites que realizam vendas diretas, utilizando do conceito de e-commerce, vendas efetivadas via internet. O processo de venda online ocorre através de uma plataforma e-commerce, um software que se apresenta ao consumidor através de um site de venda online, um aplicativo de celular, na televisão no Facebook ou mesmo em outros formatos de venda via internet, mas é administrado por uma plataforma de controle que regula e opera as ações de venda a serem desenvolvidas, gerenciando estoques, clientes, vendas realizadas, gerando relatórios, controlando entregas e contabilizando resultados, de modo a organizar o site e administrar as relações consumidor e loja. Hoje o termo webshoppers vem sendo muito utilizado para classificar os consumidores online, facilitando o entendimento e a relação entre este modelo de compra e o seu usuário. Existem duas modalidades de produtos vendidos na internet, os produtos físicos e os produtos virtuais: Produtos físicos: são aqueles que precisam ser enviados ao consumidor final (eletrodomésticos, roupas, móveis, etc). Produtos virtuais: são aqueles que podem ser enviados diretamente ao consumidor final via internet (softwares, vídeos, músicas, etc). "As lojas virtuais se dividem em três tipos básicos, shoppings virtuais, lojas customizadas, e sites de compra coletiva e clubes de compra." (Sandra R. Turchi, 2012 p. 33). Os shoppings virtuais são sites onde um varejista insere seus produtos em conjunto com os de outras empresas, sendo que deverá se enquadrar as regras e padrões impostos pelo mecanismo de venda já existente. As vantagens se dão pelo 20 fato de ser um processo rápido e barato para o lojista, havendo divulgação conjunta e a possibilidade de aprendizado. Este modelo é ideal para lojas pequenas e sem experiência com venda online, uma vez que haverá dificuldades na gestão de seus produtos, poucas possibilidades de customização e a inexistência de uma identidade própria. Já as lojas customizadas oferecem a possibilidade de desenvolvimento customizado de acordo com as necessidades da empresa e de sua clientela. Apresenta a necessidade de um investimento maior, mas possibilitará maior liberdade na gestão do negócio como um todo, de modo a escolher e trabalhar com as formas de pagamento ideais para o negócio, controlando estoques, categorias de produtos, produtos cadastrados, canais de atendimento, ações de marketing, entre outras particularidades. Os sites de compras coletivas e clubes de compras possuem caráter promocional, que podem destacar tanto uma empresa fora da web quanto uma que já está na web. Nos sites de compra coletiva o varejista tem a possibilidade de se cadastrar e ofertar o seu produto de forma simples e direta, apenas tendo que respeitar regras impostas pelo site. É muito utilizado para prestações de serviço que não envolvem processos logísticos. Já os clubes de compra possuem uma característica peculiar, tendo em vista que para fazer parte deste clube e receber promoções especiais o consumidor deve ser convidado por outro e realizar um cadastro no site. O varejista então trabalhará no mesmo formato promocional, cadastrando seus produtos e regulando suas vendas, mas com um público específico, mais seleto. Os processos de venda online evoluíram tão rapidamente e foram tão aceitos pela sociedade que criaram uma nova classificação de consumidor, o consumidor omnichannel, terminologia dada a aquele que utiliza de todos os canais de compras disponíveis, alguns ao mesmo tempo, sejam eles: tablets, smatphones, computadores, televisão, rádio, mala direta, televendas e catálogo. O surgimento deste conceito mostra o quanto a venda online é necessária para as lojas varejistas tradicionais, uma vez que este consumidor estará presente em todos os meios, buscando se beneficiar desta grande quantidade de oferta para realizar sua compra da maneira que melhor o convir. 21 Atingir este consumidor de forma eficiente significa estar presente e competitivo em todos os formatos de venda possíveis. 2.2 O VAREJO NA WEB O comércio evoluiu a ponto de facilitar o acesso de seus consumidores encontrando um modo de se adaptar as novas tecnologias. Neste sentido dois conceitos foram desenvolvidos, a Web 2.0 e o Varejo 2.0. Estes que definem a evolução do comércio na web e que ilustram um novo modelo de comportamento da sociedade. 2.2.1 WEB 1.0 a 3.0 Segundo Terra e Almeida (2011), a Web 1.0 surgiu por volta de 1995 quando alguns poucos começaram a produzir enormes quantidades de conteúdo online. Nesta época a comunicação ocorria apenas em um sentido, assim como nos veículos tradicionais (jornais, revistas, televisão), da empresa para seus consumidores, sem interatividade na troca de informações. Foi então dado início ao grande movimento social causado pelo advento da internet. Já a Web 2.0 surgiu na sequência, por volta de 2005, com o amadurecimento da internet, quando surgiram mais usuários engajados na produção de conteúdo interagindo entre si, trocando informações e conteúdos, o Google com a busca por relevância contribuiu muito para o surgimento desta nova fase. "A Web 2.0 é uma nova etapa caracterizada pela agilidade e redução das fronteiras" (TERRA; ALMEIDA, 2011, p. 3). Terra e Almeida (2011), indicam ainda que na Web 2.0 o cidadão mudou, está presente na internet falando sobre produtos, pesquisando e opinando. O consumidor ganhou voz ativa pautada na colaboração e criação individual de conteúdo, criticando, agradando, apoiando e até mesmo divulgando empresas que souberem conquistá-lo. Neste momento, ocorre então uma verdadeira revolução social, na maneira com que as pessoas se conectam, aprendem, tomam decisões e até mesmo se engajam em causa sociais. 22 Neste cenário, a presença do varejo na internet, que é tão jovem, já passa por constantes e abruptas mudanças. O comportamento de seus diversos consumidores não é o mesmo; além de interativo, agora esse cliente é coautor, é participativo. Apesar da mudança de comportamento da sociedade, a máxima do varejo certamente continua a mesma: a "satisfação do cliente" como prioridade. O que é ótimo, mas será que o varejo de hoje está atento aos novos hábitos e atitudes do seu público? De forma geral, sabemos que a Web já é um fator central, seja como mecanismo transacional direto (e-commerce ou leilões) ou como uma das grandes fontes de informação e influência para compra de vários tipos de produtos. Porém, mais do que isso, estamos em meio a uma mudança social brutal. Redes sociais, assim como o varejo, têm a ver com gente, muita gente. Nelas, o que vale é a sua habilidade de engajar esse consumidor conectado. Além de engajar, ao falarmos de negócio, vale a habilidade de lavar esse engajamento a provocar mais vendas. (TERRA; ALMEIDA, 2011, p. 5). "A Web 2.0 está transformando a maneira como vivemos e como fazemos negócio, o mundo está mais pessoal e personalizável do que nunca. Jamais foi tão pessoal e virtual." (TERRA; ALMEIDA, 2011, p. 6). Para Turchi (2012) a era Web 2.0 é marcada pela interação e pela participação, tem impacto direto nas empresas e no modelo de consumo uma vez que o internauta tem o poder de influenciar a formação de novos produtos e novos negócios, como também pode determinar a ruína de uma marca. Estes conceitos de Web evoluem de tal maneira que hoje alguns autores já falam no termo Web 3.0, que indica a próxima fase do comportamento online. O que se pretende dizer com o termo Web 3.0 é que caminhamos para a organização e o uso, de maneira mais inteligente e eficiente, de todo o conhecimento já disponível na internet. Isso se daria pelo uso da semântica, em vez de palavras-chave, dando mais precisão e agilidade à busca de conteúdo. O usuário poderia fazer perguntas em sua ferramenta de busca, e esta seria capaz de ajudá-lo de forma mais eficiente, entendendo sua real necessidade, pela análise semântica da pergunta e de seu contexto. (TORRES, 2013, p. 351). Turchi (2012) coloca a Web 3.0, também chamada de Web Semântica, como uma internet caracterizada pela inteligência, que transforma o conteúdo desorganizado da web em informações relevantes para a tomada de decisão, através do cruzamento de dados. Evitando que cada pessoa receba uma enorme quantidade de páginas inúteis a cada busca realizada. Ao mesmo tempo, haverá cada vez maior sintonia entre 23 o perfil de quem realiza uma busca de algum tipo de informação e os resultados a ele apresentado. "Quando falamos de Web 2.0 estamos nos referindo a um fenômeno comportamental da internet, e não de uma tecnologia." (TORRES, 2013, p. 350). De modo que as terminologias 1.0, 2.0 e 3.0 marcam uma mudança de comportamento do consumidor, e no modo que o mesmo percebe e age frente à comunicação na internet. 2.2.2 Varejo 0.0 a 2.0 Percebendo a evolução da Web como mudança do comportamento social, devese considerar que o varejo também cresceu e se desenvolveu. No Brasil, nos últimos 200 anos a partir do comércio do pau-brasil até o e-commerce, muitas mudanças ocorreram. Conforme Figura 1, há 200 anos falávamos da disponibilidade de produtos, há 61 anos os produtos ao alcance das mãos era a revolução (primeiro supermercado a trazer gôndolas foi o Sirva-se em São Paulo 1953, com um novo modelo de negócio), há 19 anos surgia à internet como novo canal de compra e nos últimos 9 anos surgem o pagamento via celular, a compra por meio de videogames, sites de compra coletiva e compras no Facebook. Figura 1 - Evolução do varejo Adaptado de: JOSÉ CLÁUDIO C. TERRA e RENÉE ALMEIDA - Varejo 2.0 (2011). Referência: 2014. 24 Percebendo esta evolução podemos identificar mudanças vertiginosas que ocorreram nos últimos anos no varejo brasileiro, nascendo e sendo reinventado. Assim o comércio online passa a ser considerado em 1995 (revolução dos serviços), momento em que surge como importante ferramenta de vendas. Seguindo esta análise temporal identificamos três fases do varejo online, definidos pelos seguintes estágios de evolução do varejo destacados na Figura 2 (José Terra e Renée Almeida, 2011, p. 13): Figura 2 - Varejo 0.0 a 2.0 Adaptado de: JOSÉ CLÁUDIO C. TERRA e RENÉE ALMEIDA - Varejo 2.0 (2011). a) Varejo 0.0: estágio mais amplo de todos, é aquele que precede o varejo na internet (período anterior a 1995 até agora); b) Varejo 1.0: é o que se origina na internet com o desenvolvimento do ecommerce (1995 até agora); c) Varejo 2.0: estágio mais recente, é aquele que mistura redes sociais, internet, e-commerce e varejo tradicional (2005 até agora). O Quadro 1 destaca uma série de facetas que caracterizam estas três fases do varejo, comparando a forma com que o consumidor se comporta em cada uma delas, como é afetado pela fase que se encontra e a maneira que faz sua escolha em cada momento. 25 Quadro 1 - Quadro comparativo da evolução do Varejo 0.0 a 2.0 (continua) Varejo 0.0 Período: anterior a 1995 até agora Varejo 1.0 Período: de 1995 até agora Varejo 2.0 Período: de 2005 até agora Consumidor Espectador Conectado Autor Conteúdo Publicado Gerenciado Colaborativo Prioridade Preço Conveniência Compartilhamento Canais de venda Canal único; nos casos mais moderados inclui delivery Canal físico e virtual Multicanais convergentes Influenciado por família, amigos e opinion-makers quando envolvidos Influenciado por família e amigos (quando envolvidos) e avaliações/comentários on-line em poucos casos Influenciada por amigos e família (quando envolvidos), por avaliações, comentários, sites de reclamação e principalmente pelos participantes das redes sociais Abrangência O espaço é restrito Um pouco maior; advento dos sites disponibilizando espaço para comentários e avaliações, popularização dos chats e consolidação do e-mail Global. O mundo está conectado de forma mais intensa com o avanço das rede sociais Soluções Web n/a Abertas, mas centralizadas Cocriação Decisão de compra Acessibilidade Física apenas. Ter atendimento por telefone é um diferencial Tecnologia Limitada e cara, ter um computador é um luxo É obrigado, é mandatório, atinge todas as classes sociais geração que dorme com o celular na cabeceira da cama e compra Ter um computador é condição notebooks em diversas mínima, o acesso à internet de prestações), a informação boa qualidade é o novo luxo está disponível em excesso e o desafio é selecionar o que é relevante. Um bom pacote de dados para dispositivos móveis com velocidade é um luxo Mais acessível, porém aparelhos celulares vivem momento de entrada e penetração no mercado Cada vez mais veloz, ditando o comportamento. A mobilidade é uma realidade, via smartphones, notebooks e tablets 26 (conclusão) Cultura Comportamento Relação com o tempo Varejo 0.0 Período: anterior a 1995 até agora Varejo 1.0 Período: de 1995 até agora Varejo 2.0 Período: de 2005 até agora Valorização dos bens materiais Valorização da personalização e customização Valorização da tribo, da comunidade, de interesses comuns Ditado pela mídia Ditado pela mídia e aprovado pela tribo Ditado pela mídia e por protagonistas da rede De longo prazo De médio e curto prazos, a velocidade do consumo e a tecnologia começam a mudar a relação do consumidor com o tempo De curto prazo, ansiedade é um mal atual Fonte: JOSÉ CLÁUDIO C. TERRA e RENÉE ALMEIDA - Varejo 2.0 (2011). O Quadro 1 nos apresenta peculiaridades de cada fase do varejo, o modo que o consumidor se relaciona com a compra, de que modo é influenciado pela tecnologia e desenvolve seu comportamento a partir dela. A democratização da Web, o avanço da tecnologia e a mobilidade claramente mudaram o comportamento do comprador de um período para o outro. Além disso, trouxeram benefícios ao varejo, como reduções de custos e aquecimento do consumo, que para o consumidor significam preços mais baixos. Também, por outro lado, vemos a redução de barreiras e a aproximação do que o consumidor quer com o ator que o vende. Neste contexto o comportamento do consumidor passou por mudanças significativas nos últimos 15 anos, principalmente no Brasil, que simultaneamente passava por um avanço econômico e social relevante para a transformação digital do país. (TERRA; ALMEIDA, 2011, p. 15). Os três estágios do varejo, portanto apresentam consumidores com perfis diferenciados, que se comportam de maneiras distintas quanto a seu contato com a Web. Cada momento apresenta um modelo de consumidor, distinto pelo contexto que se insere e pela forma que o mesmo realiza suas compras. Nota-se então um consumidor que quer cada vez estar mais próximo, buscando informações e sendo mais participativo nas suas compras. Cada uma destas etapas marca um momento do varejo e uma forma de se comprar, sendo o Varejo 2.0 a grande questão, o memento em que o varejo se encontra e por onde irá se desenvolver, revolucionando os processos de venda e modificando padrões de comportamento da sociedade como um todo. 27 2.2.2.1 Varejo 0.0 No Varejo 0.0 a compra é influenciada pela moda, pela construção da mídia, características voltadas para comodidade. Conforme indicado na Figura 2, precede o ano de 1995 e ocorre até hoje. O consumidor tem papel passivo, seguindo tendências de forma geral. São então telespectadores, conquistados pela publicidade e pela promoção, momento em que ocorre o boom da mídia, do comercial e do anúncio. O varejo fala com o consumidor de cima para baixo e detém o poder da informação e da negociação. 2.2.2.2 Varejo 1.0 Para Terra e Almeida (2011) o Varejo 1.0, momento pós 1995, ocorre com o surgimento do e-commerce de modo a gerar uma grande revolução no modelo de varejo até então existente. A Web é partilhada, surgem novas oportunidades de negócio com esta plataforma disseminada. Características como interatividade, comunicação on-demand, realtime, meios de pagamento digitais, processos logísticos integrados, foram possíveis ou otimizados nesta nova fase do varejo na Web e, do ponto de vista do usuário, soluções de acesso livre, e-mail grátis, buscadores, caracterizam a internet como o meio mais democrático. O usuário agora pode interagir com as plataformas, deixando avaliações, comentários, opinando em enquetes e postando em fóruns. A comunicação continua entre empresa e consumidor de maneira vertical, o consumidor é atingido por informações que não solicitou (pop-ups, spans), o mercado ainda está aprendendo como se portar quanto à comunicação neste novo veículo. Para o varejo a estratégia ainda é falar, conquistar e seduzir. 28 2.2.2.3 Varejo 2.0 No varejo 2.0 o consumidor é o protagonista das experiências, já está habituado com esta nova era da internet, as possibilidades de contato e busca de informação são inúmeras. Para Terra e Almeida (2011), neste momento o consumidor não só recebe a mensagem, ele emite a mensagem, ele a edita, ele quer se relacionar. No passado o consumidor também queria se expressar, mas era mais fácil para as empresas não o considerar. Os consumidores eram telespectadores, a audiência. Hoje o consumidor tem voz ativa e pode destruir a reputação de uma marca com seu poder de comunicação online. Por isso, transparência e verdade é o que as empresas devem apresentar a seus consumidores, uma vez que não sendo verdadeira a empresa arcará com o preço de um consumidor insatisfeito e munido do poder da disseminação da informação. Um exemplo citado pelos autores Terra e Almeida (2011) relata as características desta nova fase. Donas de casa japonesas se uniram para garantir que as famílias de sua cidade tivessem a informação dos menores preços dos supermercados, criaram então um aplicativo divulgando e comparando os preços dos mercados. Hoje, mudaram a dinâmica do varejo japonês, criando uma solução para sua necessidade de busca por preço. Este é o poder dos novos compradores (webshoppers), sem limites para a interação com a compra. Percebemos no Brasil a constante evolução do site Buscapé, que compara preços na internet, que se tornou uma ferramenta regulatória de preços e necessária para o consumidor na busca por um compra que lhe agrade. Contudo o próprio consumidor pode fazer sua busca por comparação de preços de forma rápida e eficaz, vasculhando sites e obtendo resultados sobre o melhor preço, prazo, características, visualizando comentários e opiniões, encontrando informações que definam sua compra. No varejo 2.0 os processos de decisão de compra são afetados por outras influências que antes não eram percebidas. O Quadro 2 compara estas influências nas etapas do processo de decisão de compra, identificando as diferenças existentes entre o processo tradicional e o Varejo 2.0. 29 Quadro 2 - Influências no caminho de compra do consumidor no Varejo 2.0 Estágios do Processo de Decisão de Compra (modelo Kotler, 2000) Reconhecimento do Problema Principais Influências no Processo Tradicional Algumas influências adicionais ou que se destacam na era do varejo 2.0 Cultura Boca a boca Classe Social Rede de contatos Família Comunidade Propaganda Compartilhamento de interesses Boca a boca Processos de marketing promoção de produto Influência de parentes próximos família e amigos Busca de Informação Ferramentas de marketing tradicional Buscadores Avaliações Reclamações Experimentação Presença em redes sociais Marketing de guerrilha Eventos presenciais e virtuais Avaliação de Alternativas Decisão de Compra Percepção Experiência Motivação Valor agregado Aprendizado Inovação Desejo Transparência Atitudes Reputação Tempo Experiência Propósito Compras coletivas Estado de espírito Personalização Ofertas real time Flashmobs Ganha-ganha Comportamento Pós-compra Satisfação Experiência de Compra Qualidade Agilidade e transparência SAC Influência e divulgação Adaptado de: JOSÉ CLÁUDIO C. TERRA e RENÉE ALMEIDA - Varejo 2.0 (2011). O varejo cresceu em soluções de atendimento, agilidade, localização, pontos de contato. Evoluiu em tecnologia e experiência de compra, além de hoje ofertar uma gama enorme de produtos disponíveis para o consumidor. Acompanhando e desenvolvendo por consequência soluções que atendam aos consumidores 2.0. Entender essa nova faze é primordial para os varejistas, identificar onde está o seu consumidor, de que forma ele é afetado, o que o influencia, e como se comporta no momento da compra irá diferencial uma empresa de vendas online do meio comum. 30 2.3 MERCADO E CONSUMIDORES De acordo com o IBOPE a internet está disseminada em todas as idades, dos mais velhos aos mais jovens as fatias de participação neste meio são representativas em todas as faixas etárias, conforme indica a Figura 3. Figura 3 - Idade do internauta brasileiro Fonte: Nielson IBOPE - Outubro 2013 Figura 4 - Idade dos novos e-consumidores brasileiros Fonte: E-bit Informação - Relatório WebShoppers 2013 - 28ª edição Analisando a Figura 3 que apresenta os dados do IBOPE quanto aos usuários da internet contra a Figura 4 com dados dos novos e-consumidores que realizam compras na internet no primeiro semestre de 2013, percebemos algumas divergências com relação às porcentagens. Somando as fatias de participação dos menores de 24 anos que acessam a internet (Figura 3), temos o resultado de 32,8%, comparando a mesma faixa etária com os que compram na internet 9% (Figura 4), percebemos um comportamento diferente deste público mais jovem, que está na internet, mas não 31 compra tanto quanto as demais faixas etárias. Percebe-se também que aqueles entre 25 e 49 anos são a maioria dos que acessam a internet (51,6%) e dos que compram na internet (67%). Aqueles com mais de 50 anos representam 24% das compras na internet dos novos e-consumidores no primeiro semestre de 2013 e também dos que acessaram a internet, 15,5%. Importante ressaltar que os novos e-consumidores considerados aqui pela e-bit são aqueles que realizaram sua primeira compra online no primeiro semestre de 2013, aproximadamente 4 milhões de pessoas (Figura 5). Figura 5 - Evolução dos novos e-consumidores brasileiros Fonte: E-bit Informação - Relatório WebShoppers 2013 - 28ª edição Figura 6 - Gêneros novos e-consumidores brasileiros Fonte: E-bit Informação - Relatório WebShoppers 2013 - 28ª edição Segundo o IBOPE a distribuição de gêneros quanto ao acesso a internet em 2013 era de 53% homens contra 47% mulheres, contudo comparando esta informação 32 com o estudo da E-bit (Figura 6) identifica-se que as mulheres mesmo estando em minoria quanto ao número de acessos, consomem mais que os homens no meio digital, 55% das compras dos novos e-consumidores no primeiro trimestre de 2013. Figura 7 - Renda familiar dos novos e-consumidores brasileiros Fonte: E-bit Informação - Relatório WebShoppers 2013 - 28ª edição A grande parcela dos novos e-consumidores são da classe C com 58,62%, com renda familiar abaixo de 3 mil reais ao mês, seguido da classe B com 24,5% das compras online e da classe A 5,36%. Dados apresentados pela E-bit (Figura 7) quanto ao consumo online dos primeiros semestres de cada ano. O mercado de venda online vem registrando nos últimos anos crescimentos exponenciais significativos, muito acima do PIB nacional. Superando as expectativas ano a ano, mostrando ser um meio que funciona e que já está consolidado no comportamento do consumidor. A E-bit respeitada empresa de pesquisas do meio digital, que coleta e avalia dados de empresas de venda online há 14 anos. Possui um método de pesquisa diferenciado, uma vez que trabalha em conjunto com os e-commerce, coletando dados 33 das vendas no momento em que são realizadas, ao mesmo tempo que aplica pesquisas qualitativas para com o consumidor online. A Figura 8 apresenta o principal indicador divulgado pela E-bit, que mostra o crescimento do faturamento dos e-commerce brasileiros. Figura 8 - Crescimento do e-commerce brasileiro Fonte: E-bit Informação - Relatório WebShoppers 2014 - 29ª edição De 2012 para 2013 em volume de pedidos aumentou 32%, já o faturamento geral cresceu um pouco abaixo 28%, haja vista que o tíquete médio baixou 4,4%, refletindo o cenário econômico, com inflação elevada e baixo estímulo, deixando o consumidor com a sensação de insegurança, assim os novos entrantes elevam os valores gerais do meio, mas acabam buscando compras menos arriscadas, de menor valor. Comparando esta evolução da compra online ao PIB nacional que 2013, que fechou o ano com crescimento de 2,3%, é possível identificar um mercado em franca expansão com números impressionantes que tendem a crescer ainda mais com a inclusão digital ocorrendo de forma massiva, fazendo com que a população se adapte ainda mais as novas possibilidades do varejo 2.0. 34 Avaliando este mercado por segmento (Figura 9), é possível identificar qual é a divisão deste universo de venda, em qual setor cada negócio está inserido e quais as possibilidades de cada mercado. Figura 9 - Top 10 categorias mais vendidos no Brasil em 2013 Fonte: E-bit Informação - Relatório WebShoppers 2014 - 29ª edição Em volume de pedidos. O segmento de Moda e Acessórios foi líder de vendas em 2013, com 19% do mercado, mostrando que esta linha se desenvolve mesmo sem a experimentação física do produto. Seguido por cosméticos e perfumaria com 18% e eletrodomésticos com 10%. Analistas da E-bit destacam que a venda de smatphones e televisores teve forte aumento no ano devido à aproximação dos jogos da copa e a inserção as novas tecnologias. Casa e decoração, onde se enquadram as ações da Deita e Dorme, representou 6% das vendas online em 2013, sendo o sétimo segmento mais representativo. 35 Figura 10 - Evolução do número de e-consumidores brasileiros Fonte: E-bit Informação - Relatório WebShoppers 2014 - 29ª edição Aqueles que fizeram ao menos um compra online. Em milhões. A Figura 10 mostra um número espantoso de uma realidade inerente quanto às vendas online, onde em 2013 9,1 milhões de brasileiros fizeram a sua primeira compra online, um crescimento de 21,6% no número de participantes deste mercado, totalizando 51,3 milhões de brasileiros que já realizaram ao menos uma compra online. Dados recentes do IBGE (2013) relatam que o Brasil tem cerca de 200 milhões de habitantes. Podemos então concluir que um quarto da população já realizou ao menos uma compra online, sem discriminarmos aqui crianças e idosos que poderiam distorcer a análise, e que potencializariam os resultados a favor do comércio online. Contudo a E-bit destaca que destes 51,3 milhões, 8 milhões não utilizaram o comércio eletrônico em 2013, assim os consumidores ativos foram 43,3 milhões em 2013 e realizaram em média 2 compras. 36 Figura 11 - Share do m-commerce no Brasil Fonte: E-bit Informação - Relatório WebShoppers 2014 - 29ª edição A Figura 11 traz a realidade deste novo consumidor apresentado pelo conceito varejo 2.0, uma vez que o mobile commerce está mostrando números de participação crescentes sobre as vendas realizadas na internet, chegando ao fim de 2013 com 4,8% das vendas ocorridas no Brasil. Os próximos anos serão de expansão neste segmento, e as lojas devem preparar suas plataformas para esta nova realidade. Hoje poucos sites de venda estão preparados especificamente para venda via mobile. Figura 12 - Evolução do NPS no e-commerce brasileiro Fonte: E-bit Informação - Relatório WebShoppers 2014 - 29ª edição 37 O NPS (Net Promoter Score) é o índice que avalia a satisfação dos clientes que realizam compras online, a Figura 12 apresenta números crescentes comparando o fechamento de 2012 (46%) com 2013 (47%), sinal que os lojistas estão investindo e se preparando melhor para as vendas de final de ano. Contudo poderia estar melhor uma vez que os números vinham crescendo de forma gradativa, chegando a 59% em outubro de 2013, mas por conta das vendas acima do esperado no período de Black Friday praticada por grande parte dos sites de venda online brasileiros, ocorreram muitos atrasos nas entregas, que acabaram baixando o índice de satisfação no ano de 2013. Em geral os consumidores estão acreditando cada vez mais na internet, e se sentindo satisfeitos com suas compras. A E-bit realiza uma pesquisa mais aprofundada para avaliar este índice de NPS, com uma pergunta simples e prática feita para os consumidores online: "Numa escala de 0-10, qual a probabilidade de você recomendar nossa empresa (ou este produto, serviço, marca) para um amigo ou colega?". Eles também questionam o consumidor sobre qual foi o motivo da nota preenchida. Com estas perguntas conseguem qualificar o consumidor pelo nível de envolvimento e lealdade gerada no processo de compra, quantificando esta relação por categoria de produto. A pesquisa foi realizada entre 15 de novembro e 30 de dezembro de 2013, obteve 90 mil respostas, possibilitando classificar o consumidor online em três tipos distintos: a) Promotores: Pessoas que dão notas de 9 a 10, que são os entusiastas leais que continuam comprando de uma empresa. b) Passivos: Pessoas que dão notas de 7 a 8, que são clientes passivelmente satisfeitos. c) Detratores: Pessoas que dão notas 6 ou inferior, que são clientes insatisfeitos, decepcionados e que criticam a empresa a amigos e colegas. 38 Figura 13 - NPS geral e a frequência de compra na web Fonte: E-bit Informação - Relatório WebShoppers 2014 - 29ª edição Concluíram com esta pesquisa que 67% dos e-consumidores são promotores, 17% são detratores e 16% são passivos (Figura 13), o que gera um NPS de 50%, tendo em vista que o cálculo para definir o NPS é subtrair o percentual de detratores do percentual de promotores. Identificaram também que a primeira compra online acaba gerando maiores índices de detratores e menores de promotores, muitas vezes por uma expectativa frustrada ocasionada pela falta de conhecimento do processo de compra online. Concluíram também que quanto mais experiente for a amostra de consumidores online analisada, maior será o índice de promotores e menor o de detratores. Ou seja, os consumidores fiéis são mais assíduos. 39 Figura 14 - Escala de lealdade do consumidor online por categoria (Brasil) Fonte: E-bit Informação - Relatório WebShoppers 2014 - 29ª edição A Figura 14 destaca o índice NPS, os promotores e os detratores por segmento, sendo que Cosméticos e Saúde apresentou 72% de promotores e apenas 12% de detratores, possuindo o segundo maior volume de transações, já os segmentos de Moda e Decoração apresentaram os maiores percentuais de detratores além de baixos níveis de NPS, um dos motivos se deve a falta de padronização dos produtos inseridos nesta categoria e a dificuldade de mensurar estes produtos que variam em extremos muito distantes. Figura 15 - Prazos de entrega e o nível de lealdade (Brasil) Fonte: E-bit Informação - Relatório WebShoppers 2014 - 29ª edição 40 O fator que mais influencia na lealdade de um cliente é a entrega no prazo e o tempo de entrega prometido do produto (Figura 15), quanto maior o prazo menor o nível de lealdade do cliente. Para entregas pontuais a lealdade é de 71% com menos de 6% de detratores, quando o prazo não é cumprido o índice de detratores chega a 69%, com NPS negativo de -52%. Nota-se que a medida em que o prazo de entrega prometido pela loja for estendido maior será a queda do NPS, mas mesmo assim o cliente continuará acreditando na promessa da loja online, contudo quanto à promessa é descumprida o cliente fica totalmente insatisfeito. Estes índices refletem o comprometimento que os e-commerce devem ter para com seus consumidores, ajustando suas operações logísticas para entregar na data prometida, caso contrário arcarão com consumidores detratores que repudiarão a loja e dificilmente voltarão a comprar. Figura 16 - Valor de um cliente promotor (Brasil) Fonte: E-bit Informação - Relatório WebShoppers 2014 - 29ª edição Os clientes promotores consomem mais na internet, são mais assíduos, gastam mais a cada compra, tem maior probabilidade de recompra e ainda geram divulgação para outros consumidores, indicado pela Figura 16. Um dado que comprova a 41 importância de um cliente promotor é que 96% deles indicam que realizariam recompra na loja online. O estudo aprofundado da E-bit indica que um consumidor promotor gera 4x mais receita que um detrator, sem contabilizar suas recomendações, que podem ser potencializadas pelas diversas redes sociais. Ou seja, saber manter um consumidor promotor, satisfazendo suas necessidades, cumprido o acordado e o surpreendendo, irá resultar em geração de valor extremamente positiva para a loja online, ao mesmo tempo em que não manter os compromissos irá ocasionar em consumidores detratores que trarão os números do ecommerce para baixo. Figura 17 - Previsão do comércio eletrônico brasileiro para 2014 Fonte: E-bit Informação - Relatório WebShoppers 2014 - 29ª edição Faturamento de bens de consumo. Em bilhões de reais. E-estimativa Os analistas da E-bit estimam crescimento de 20% sobre o faturamento total do e-commerce para 2014, chegando a 34,6 bilhões de reais (Figura 17). São cinco os principais fatores que levam a esta expectativa de crescimento para 2014, são eles: taxa de desemprego em baixa, a copa do mundo, que aumentará as vendas de televisores e artigos esportivos, o aumento de pessoas que comprarão pela primeira 42 vez na internet (cerca de 9 milhões), e a mobilidade, que é uma das tendências mais fortes para 2014, colaborando não só para o m-commerce, mas para o crescimento de um fenômeno chamado showrooming, onde mesmo estando dentro de uma loja física, o consumidor tem a possibilidade de pesquisar preços e informações em outros estabelecimentos, através do dispositivo móvel, com isso, a decisão de compra fica por conta do fator conveniência, a loja em si acaba funcionando como um showroom, em que o cliente pode ter contato com o produto antes da aquisição online. A E-bit então voltou seus esforços para medir o processo de pós compra das aquisições realizadas no meio online. Deste modo com o objetivo de medir o índice de trocas e devoluções de produtos adquiridos na internet, entrevistou 2501 pessoas que fizeram compras online em 2013, destes entrevistados a grande maioria respondeu que não teve a intenção de trocar ou devolução dos produtos que compraram na internet. A pesquisa apresenta dados de quais setores mais tiveram a intenção de troca ou devolução, listando moda e acessórios como a categoria de produtos com maior intenção de troca pós compra em 2013, conforme segue nas Figuras 18 e 19. Figura 18 - Intenção de troca e devolução pós compra (Brasil) Fonte: E-bit Informação - Relatório WebShoppers 2014 - 29ª edição A intenção de devolução e de troca das compras realizadas na internet foi compilada em 36% e 40% respectivamente, ou seja, grande parte das compras online 43 após ser realizada é desaprovada pelo consumidor, e o mesmo passa por um processo de arrependimento e reprovação de seu ato de compra, de modo a levá-lo a pensar em realizar uma devolução ou troca do produto. Este ato que é muito negativo para as empresas pelo fato de gerar uma série de despesas extras, não esperadas, tornando muitas vezes uma venda não rentável para o e-commerce, além de desagradar o cliente, invertendo o sentimento de satisfação tão desejado pelas lojas online e necessário nas operações de venda. Figura 19 - Intenção de troca e devolução categorias de produto (Brasil) Fonte: E-bit Informação - Relatório WebShoppers 2014 - 29ª edição Moda e Acessórios se destaca neste sentimento de devolução e troca dos consumidores online, muito se deve a inexistência da experimentação do produto, que leva a necessidade de devolução ou troca do mesmo, muitas vezes por troca de tamanho do produto ou pelo fato do produto não ser agradável quando visto fisicamente. As demais categorias ressaltadas estão ligadas a tecnologia, e quando avaliamos este mercado percebemos o quanto ele pode confundir o consumidor, que muitas vezes compra um produto similar ao original pelo fato de possuir um preço mais 44 acessível e acaba sendo iludido. Também ocorre neste segmento, que o consumidor possua muita expectativa com a compra realizada e aquele aparelho entregue não alcance o que era esperado, causando um sentimento de reprovação, além de frequentemente ocorrer troca de produtos entregues com defeito ou fora das especificações indicadas. O que leva a desaprovação pós compra, e a necessidade de devolução ou troca. Figura 20 - Devolução ou troca (Brasil) Fonte: E-bit Informação - Relatório WebShoppers 2014 - 29ª edição A Figura 20 apresenta o nível de dificuldade encontrada pelo consumidor para realizar uma troca ou devolução de um produto adquirido na internet, indicando que metade das pessoas que tentaram trocar seus produtos comprados na internet conseguiram, 17% trocaram com dificuldade e 34% sem dificuldade. Alguns consumidores acabam ficando com o produto pelas dificuldades impostas pelas lojas, ou pelo comodismo de não tentar resolver o problema, a Figura 21 apresenta os motivos pelo qual o cliente não tentou realizar a troca ou devolução do produto mesmo tendo a intenção. Interessante analisar na Figura 20 que a troca ocorreu com mais facilidade que a devolução, onde apenas 23% conseguiu devolver sem dificuldade e 34% trocou sem dificuldade, ou seja, quando o assunto é devolver o produto, onde o e-commerce acaba perdendo a venda imediata, as lojas impõem mais dificuldades que na troca. Muitas vezes atender e facilitar uma devolução pode garantir um cliente satisfeito que 45 considerará aquele e-commerce para suas compras futuras, de modo que percebendo barreiras no processo de devolução o cliente pode nunca mais tornar a comprar naquela loja online. Figura 21 - Motivos para não ter realizado a intenção de troca/devolução (Brasil) Fonte: E-bit Informação - Relatório WebShoppers 2014 - 29ª edição Tanto na troca quanto na devolução o principal motivo pelo qual o consumidor não tentou concretizar o seu desejo foram às dificuldades impostas pelas lojas através de burocracias que travam o processo. Muitas vezes ainda o cliente se acostuma com aquele produto que não queria e deixa de trocar ou devolver, e alguns deles prefere se desfazer do produto, doando ou revendendo para não ter que iniciar o processo de troca ou devolução, o que mais uma vez afirma esta dificuldade existente no comércio eletrônico brasileiro. 46 Figura 22 - Impacto da dificuldade de devolução/troca na compra online (Brasil) Fonte: E-bit Informação - Relatório WebShoppers 2014 - 29ª edição Percebemos na Figura 22 que a possibilidade de fácil troca ou devolução é um fator de importância para as vendas a serem realizadas no meio online, reforçando ainda mais a importância da última etapa do processo de decisão de compra, pós compra. Figura 23 - Transparência no processo de troca e devolução (Brasil) Fonte: E-bit Informação - Relatório WebShoppers 2014 - 29ª edição 47 Figura 24 - Lojas online estão preparadas para fazer troca/devoluções (Brasil) Fonte: E-bit Informação - Relatório WebShoppers 2014 - 29ª edição As Figuras 23 e 24 mostram o despreparo das lojas em manter um serviço fácil, claro e eficiente quanto o processo de pós compra, que é um fator determinante, mas ao mesmo tempo pode se tornar muito caro para uma loja que não se preparar de forma a atender bem seus clientes com informações necessárias, produtos de qualidade e prazos de entrega corretos, minimizando o processo de devolução ou troca. O consumidor precisa da informação para tomar sua decisão, saber o que fazer caso precise devolver, muitas vezes é um fator determinante para a compra. Figura 25 - Trocas comércio online x tradicional - omnichannel (Brasil) Fonte: E-bit Informação - Relatório WebShoppers 2014 - 29ª edição 48 A Figura 25 relata um dos paradigmas ainda não desmistificados da internet, que é um dos principais entraves para a venda online, a relação de diferenças entre a loja física e virtual. Muitos clientes só realizam compras na internet percebendo a segurança passada pela existência de uma loja física apoiando a venda realizada na internet. Portanto entendem que a troca ou devolução de um produto adquirido em uma loja online deveria poder ser realizada na loja física da marca. Também afirmam que existe mais dificuldade imposta pelas lojas online no processo de troca ou devolução do que nas lojas físicas. Sabemos que este paradigma vem sendo rompido aos poucos, com o avanço das vendas online, mas a pesquisa mostra que esta questão física ainda está muito intrínseca no processo de decisão de compra como um todo, quando identificado pelo consumidor como sendo mais fácil devolver um produto na loja física do que na virtual, e que ele acredita ser necessário poder trocar o produto comprado na internet em um varejo físico. Contudo com o surgimento do consumidor omnichannel e o aumento constante do consumo online mostra a evolução deste meio, o crescimento das lojas online e o entendimento e aceitação social para este modelo de compra. 49 3 PROCESSO DE DECISÃO DE COMPRA O processo de decisão de compra definido por Kotler (2000) tem início a partir da análise dos papéis do comprador e do comportamento de compra, além de se basear no comportamento do consumidor para estruturar os estágios do processo de decisão de compra. Assim a análise destes fatores irá definir diretrizes para os estudos que seguirão, sendo o estudo do comportamento do consumidor a introdução ao processo de decisão de compra, e os papéis do comprador e o comportamento de compra fundamentos para a construção dos estágios do processo de decisão de compra. Importante ressaltar que neste estudo analisaremos o processo de decisão de compra do consumidor, diferente do processo de decisão de compra organizacional, que possui características diferenciadas destacadas por Kotler. 3.1 INTRODUÇÃO AO PROCESSO DE DECISÃO DE COMPRA 3.1.1 Comportamento do Consumidor Para entender e mapear o Processo de Decisão de Compra é preciso analisar a forma com que o consumidor age e de que maneira é influenciado e estimulado. Kotler (2000) cita quatro fatores como de maior influência no comportamento do consumidor, são eles os fatores culturais, fatores sociais, fatores pessoais e fatores psicológicos, cada um destes apresenta uma forma com que o indivíduo se comporta perante a sociedade e a maneira que é influenciado por ela, sendo por meios que fogem do seu controle ou por meios possíveis de serem controlados. 3.1.1.1 Fatores culturais Os fatores culturais se dividem em três, cultura, subcultura e classe social. O autor destaca a cultura como principal determinante no comportamento e nos desejos das pessoas, uma vez que ela cresce, se desenvolve e é firmada no caminhar 50 de uma vida em particular, sendo influenciada por sua família e instituições de modo a adquirir valores, percepções, preferências e modelos de comportamento. A subcultura é um segmento formado a partir da cultura, grupos com regras e especificações diferenciadas, que podem ser classificados a partir da nacionalidade, religião, grupos raciais e regiões geográficas. As classes sociais, segundo Kotler (2000), não refletem apenas a renda, mas também indicadores como ocupação, grau de instrução e área de residência, elas refletem entre si em vestuário, padrões de linguagem, preferências de atividades e lazer e em muitas outras características. O fator classe social pode variar ao longo da vida, de modo que o indivíduo tenha que se adaptar a novas realidades. 3.1.1.2 Fatores Sociais Caracterizam-se por três modelos de influência, os grupos de referência, família e papéis e status. Os grupos de referência são pessoas que exercem influência direta ou indireta no comportamento do indivíduo fazendo com que se posicione de tal maneira a mudar seu comportamento, influenciando seu modo de agir e pensar por meio da afinidade estabelecida. São constituídos por grupos primários de afinidade, família, amigos, vizinhos, colegas de trabalho, aqueles que o indivíduo interage contínua e informalmente. Nestes grupos de afinidade é que encontramos os líderes de opinião, capazes de mudar o posicionamento de uma série de pessoas. As pessoas também podem ser influenciadas por grupos dos quais não pertencem, como os grupos de aspiração aqueles que ela quer pertencer, ou mesmo por grupos de dissociação aqueles cujos valores a pessoa rejeita. A família é a principal influenciador no comportamento do consumidor, Kotler afirma que: A família é a mais importante organização de compra de produtos de consumo na sociedade e tem sido exaustivamente estudada. Os membros da família constituem o grupo de referência primário mais influente. Podemos distinguir duas famílias na vida do comprador. A família de orientação, que consiste nos 51 pais e irmãos de uma pessoa. Dos pais, a pessoa adquire uma orientação em relação à religião, à política e à economia e uma noção de ambição pessoal, valor pessoal e amor. Mesmo que o comprador não esteja mais interagindo com seus pais, sua influência no comportamento de compra pode ser significativa. Pais que moram com filhos adultos podem ter uma influência substancial. Uma influência mais direta no comportamento de compra diário é chamada família de procriação. (KOTLER, 2000, p. 187). Com relação a papéis e status, consiste no papel que a pessoa desempenha dentro de um determinado grupo, ao exemplo de um gerente de uma empresa que se comporta de maneira diferenciada do mecânico desta mesma empresa, consumindo e se portando de forma distinta em diversas situações. 3.1.1.3 Fatores Pessoais Idade e estágio no ciclo de vida, ocupação e circunstâncias econômicas, estilo de vida e, personalidade e autoimagem, são considerados fatores pessoais nas decisões de compra. O autor indica nove idades e estágios no ciclo de vida da família como fatores que determinam padrões de compra, sendo que em cada um posiciona modelos diferenciados no consumo, são eles: solteiro, (jovem que não mora com a família), recém casados (jovens sem filhos), ninho cheio I (filhos com menos de 6 anos), ninho cheio II (filho caçula com 6 anos ou mais), ninho cheio III (casais mais velhos com filhos dependentes), ninho vazio I (casais mais velhos, sem filhos morando com eles, chefe de família em atividade profissional), ninho vazio II (casais ainda mais velhos. Sem filhos em casa, chefe de família aposentado), sobrevivente solitário em atividade profissional e sobrevivente solitário aposentado. É claro que existem outros modelos de família, e situações de famílias que passam por situações diferenciadas de transformação que acabam afetando o padrão de seu comportamento. A ocupação e as circunstâncias econômicas refletem diretamente no comportamento de consumo, a ocupação do consumidor influencia fortemente nos padrões de compra, um operário comprará roupas para o seu trabalho de forma diferenciada de um executivo, assim como aquele indivíduo que não possuir recursos 52 disponíveis não poderá realizar compras em excesso, primando pelo básico, diferentemente de alguém que possui vastos recursos de acordo com seu ganho salarial. O estilo de vida é definido pelo padrão de vida escolhido pelo indivíduo, definido pelas atividades, interesses e opiniões exercidas pelo mesmo. Neste contexto percebemos esta situação como peculiar e restrita a cada um, sendo que pessoas da mesma classe social podem se comportar de maneira completamente contraditória neste quesito. Quando falamos na questão personalidade e autoimagem estamos analisando características psicológicas que levam o consumidor a obter padrões de comportamento, estes possíveis de serem mensurados e analisados. Para o Philip Kotler: A personalidade é normalmente descrita em termos de características como autoconfiança, domínio, autonomia, submissão, sociabilidade, resistência e adaptabilidade. A personalidade pode ser uma variável útil para analisar o comportamento do consumidor, uma vez que os tipos de personalidade podem ser classificados com precisão e que existem fortes correlações entre certos tipos de personalidade e as escolhas de produtos e marcas. Por exemplo, uma empresa de computadores pode descobrir que muitos clientes potenciais demonstram grande autoconfiança, domínio e autonomia. Isso sugere criar anúncios de computadores que apelem para estas características. (KOTLER, 2000, p. 193). 3.1.1.4 Fatores Psicológicos Os fatores psicológicos são: motivação, percepção, aprendizagem e, crenças e atitudes. A motivação pode ser entendida por necessidade, a pessoa deve estar precisando de algo a ponto de se movimentar em prol daquilo. "Um motivo é uma necessidade que é suficientemente importante para levar a pessoa a agir." (Kotler, 2000, p. 194). Neste ponto Kotler (2000) levanta três teorias das mais utilizadas pelos psicólogos para entender a motivação humana, estas que possuem avaliações bem distintas. São elas, a teoria de Sigmund Freud, que coloca a motivação humana como um fator inconsciente e que uma pessoa não pode entender completamente suas 53 motivações, abrindo então um gigante universo de possibilidades de impacto para da marca para com o consumidor, onde o posicionamento de cada uma e a forma com que é utilizada pode influenciar no entendimento e na motivação inconsciente de um consumidor. Ao exemplo do produto uísque que pode atrair pessoas em busca de relaxamento, status ou prazer, de modo que as marcas devem se posicionar de tal forma a proporcionar este tipo de estímulo. A teoria a de Abraham Maslow indica que as pessoas são motivadas de acordo com a necessidade percebida, assim desenvolveu uma escala de necessidades divididas por níveis de mais urgente para o menos urgente. Para ilustrar sua teoria desenvolveu uma pirâmide com hierarquias de necessidade (Figura 26), que inicia nas necessidades fisiológicas, em seguida passa pelas necessidades de segurança, necessidades sociais, necessidades de estima e necessidades de auto-realização. As pessoas tentam satisfazer suas necessidades mais importantes em primeiro lugar, quando satisfaz uma necessidade importante ela deixa de ser um motivador momentâneo, então a pessoa passa para satisfazer sua próxima necessidade mais importante. Avaliando o momento em que o consumidor se encontra é possível definir uma série de produtos que se encaixarão no seu nível de prioridade momentâneo. Figura 26 - Hierarquia das necessidades Fonte: PHILIP KOTLER - Administração de Marketing (2000). 54 A terceira teoria, de Frederick Herzberg, destaca que dois fatores determinam a motivação de compra os satisfadores e os insatisfadores, onde os fatores satisfadores devem estar presentes e predominantes para serem determinantes na compra, se sobressaindo perante os insatifadores. A percepção é apontada pelo autor como "o processo por meio do qual uma pessoa seleciona, organiza e interpreta as informações recebidas para criar uma imagem significativa do mundo". Indica que a percepção varia em cada indivíduo, agindo de forma diferenciada a cada estímulo, contudo algumas situações podem ser direcionadas para prenderem a percepção do consumidor, de forma que três processos denotam a forma com que esta percepção pode ser avaliada. A atenção seletiva é a forma em que o indivíduo irá tratar e selecionar os estímulos de seu interesse, o segredo é posicionar a estratégia voltada para gerar estímulos que se relacionem a necessidade atual do consumidor, que ele já tenha assimilado de forma antecipada, ou mesmo situações diferentes do normal que se destaquem. A distorção seletiva é o modo com que a pessoa assimila a mensagem e interpreta de sua maneira, estando sujeito a não impactar o consumidor. Já a retenção seletiva destaca que o consumidor tende a reter informações que sustentam suas crenças e atitudes, de modo a pender lembrar apenas dos pontos positivos de um produto que foi de seu agrada por estar em acordo com suas crenças. A aprendizagem destacada por Kotler (2000) é a forma com que o consumidor pode compreender e assimilar certas situações que reflitam na generalização de um conceito sobre alguma marca ou produto, afeitos gerados por meios de impulsos. Ou seja, uma pessoa pode ter comprado um produto de uma marca que a trouxe excelentes experiências, deste modo ela voltará comprar produtos daquela marca para reviver aquela mesma experiência que aprendeu, mesmo sendo produtos diferentes, mas que tragam com sigo o impulso da marca. Fazendo e aprendendo, as pessoas adquirem crenças e atitudes que influenciam seu comportamento de compra. 55 "Uma crença é o pensamento descritivo que uma pessoa mantém a respeito de alguma coisa." (Kotler, 2000, p. 196). A crença tem como base conhecimento, opinião ou fé, que muitas vezes são adquiridas através da experiência, um consumidor que acredita em uma marca, por seus conceitos e qualidades poderá adquirir uma crença sobre a mesma e apenas consumir produtos ligados a ela. "Uma atitude corresponde a avaliação, sentimentos e tendências de ação duradouros, favoráveis ou não, a algum objeto ou ideia." (Kotler, 2000, p. 197). As atitudes colocam as pessoas em posição de gostar ou não de um objeto, o que as aproximam ou afastam dele, assim as pessoas não precisam interpretar e reagir a cada objeto de maneira nova. As atitudes economizam energia e reflexão, elas dificilmente mudam (Kotler, 2000, p. 197). Dessa maneira as empresas devem criar produtos que se adaptem as atitudes já existentes nas pessoas. Naturalmente existem exceções onde o custo de tentar mudar as atitudes pode valer a pena. 3.2 PAPÉIS DO COMPRADOR Para Kotler (2000) os papéis do comprador podem variar, nem sempre aquele que efetiva a compra é o decisor dela. De modo que saber identificar os papéis envolvidos no processo de compra é fator predominante no direcionamento do foco de uma marca em busca por resultados positivos. São cinco os papéis do comprado (Figura 27), eles definem diferentes padrões possíveis de serem desempenhados em um processo de decisão de compra, contudo um mesmo indivíduo pode desempenhar todos os papéis. a) Iniciador: pessoa que sugere a ideia de comprar um produto ou serviço; b) Influenciador: pessoa cujo ponto de vista ou conselho influencia na decisão; c) Decisor: pessoa que decide sobre quaisquer componentes de uma decisão de compra: comprar, o que comprar, como comprar ou onde comprar; 56 d) Comprador: pessoa que efetivamente realiza a compra; e) Usuário: Pessoa que consume ou usa o produto ou serviço. Samara e Morsch (2005) indicam ainda um sexto papel do consumidor, o Avaliador, que é o indivíduo que julga se o produto é adequado ao uso. Figura 27 - Os Diferentes papéis do consumidor Fonte: SAMARA e MORSCH - Comportamento do Consumidor - Conceitos e Casos (2005). 3.3 COMPORTAMENTO DE COMPRA O comportamento de compra é definido pelo grau de importância dado pelo comprador ao produto a ser adquirido, ou seja, existem diferentes tipos de comportamento de compra, variando de acordo com o grau de envolvimento e o grau de diferenças entre as marcas identificadas pelo consumidor. 57 Assim o Quadro 3 identifica esta relação a partir das duas variáveis, gerando um tipo específico de comportamento. Na sequência é destacado cada um dos comportamentos. Quadro 3 - Comportamento de compra - Envolvimento x Diferença entre marcas Alto envolvimento Diferenças significativas entre marcas Poucas diferenças entre marcas Baixo envolvimento Comportamento de compra complexo Comportamento de compra dissonância cognitiva reduzida com Comportamento de compra sem busca de variedade Comportamento de compra habitual Fonte: PHILIP KOTLER - Administração de Marketing (2000). Esta relação de diferença das marcas e o nível de envolvimento do consumidor é a métrica definida por Kotler (2000) para identificar os modelos de comportamento de compra. Considerando a diferença entre as marcas como a distância de similaridades existentes entre dois produtos que tenham o mesmo propósito, e o nível de envolvimento como o grau de importância dada pelo comprador aquele objeto a ser consumido, envolvendo neste caso fatores como a frequência de compra, a sua representatividade para o indivíduo e os valores financeiros envolvidos. Contudo para Samara e Morsch (2005) esta relação é dada entre a busca de informação e ao nível de envolvimento, diferenciando os conceitos por um dos valores, substituindo a diferença das marcas pela busca de informações. Ainda para Samara e Morsch (2005) a busca de informação refere-se à quantidade de tempo e energia que um indivíduo dedica ao processo de coleta de dados antes de tomar uma decisão. Assim existem aqueles que buscam muitas informações e demoram a decidir, mas também existem aqueles que são menos preocupadas com as informações e que decidem da mesma maneira. Assim esta questão varia de indivíduo pra indivíduo dependendo do produto e sua relação com o consumidor. No conceito definido por Samara e Morsch (2005) a autoimagem está ligada diretamente a escolha do produto e ao comportamento de compra, identificando o desejo como fator de definição do envolvimento. 58 Assim o Quadro 4 reflete os tipos de comportamento de compra definidos pelos autores, resultando em perfis diferenciados de consumidores. Quadro 4 - Tipos de comportamento de compra Busca de Informações Envolvimento Extensa Escassa Mediana Alto Racional Lealdade Curiosidade Baixo Desinteresse Inércia Inexpressivo Fonte: BEATRIZ SANTOS SAMARA e MARCO AURÉLIO MORSCH - Comportamento do Consumidor Conceitos e Casos (2005). a) Racional: Compra realizada com pouca frequência, mas de alto preço, envolve a busca intensa por informações e o envolvimento do consumidor é alto, muitas vezes pela compra remeter a autoimagem do consumidor. Ex: carro, casa, móveis. b) Lealdade: A lealdade se refere a marca a ser adquirida, neste caso o ego do consumidor está altamente envolvido a decisão, fato que o leva a pouca busca de informação. Geralmente ocorre quando a autoimagem está em jogo, deste modo o consumidor encontra na marca algo que se encaixe as suas necessidades e sendo coerente a sua personalidade, o que o deixa confortável com a marca. Ex: xampu, cerveja, perfume. c) Curiosidade: O consumidor deseja muito determinado produto e possui informações suficientes, gerando uma compra que leva a experimentação do produto por curiosidade. Ex: produtos inovadores, diferentes, em fase de lançamento. d) Desinteresse: Neste caso existe muito volume de informações sobre o produto, mas o consumidor tem pouca necessidade ou desejo em adquiri-lo, deste modo não existe estímulo para pesquisa. Ex. O consumidor adquiriu o 59 jornal, mas não leu o caderno de imóveis, pois já possui um e não precisa de outro. e) Inércia: Neste caso o consumidor percebe poucas consequências relevantes entre a compra de uma marca ou outra, esta categoria se caracteriza pela inércia, onde o consumidor pode comprar uma mesma marca por falta de desejo de investir em tempo no processo de decisão por outra marca, e não por lealdade a mesma. Ex: sabão em pó, detergentes, toalhas de papel. f) Inexpressivo: Os produtos não são considerados expressivos para o cliente, não se encaixam a seus valores ou a sua autoimagem, mas existem variedades de produtos suficientes para que haja uma comparação. Comportamento voltado para a busca de variedade. Apresentam risco relativamente baixo Ex: Salgadinhos, cereais, gasolina. Os exemplos utilizados acima podem ocorrer ou não dentro destes tipos de compra, isto dependerá do comportamento de cada consumidor de acordo com os fatores que influenciam o seu comportamento e o seu nível de envolvimento. 3.3.1 Comportamento de Compra Complexo O comportamento de compra complexo, de acordo com Kotler (2000), envolve um processo de três etapas: Primeiro, o comprador desenvolve crenças sobre o produto. Segundo, ele desenvolve atitudes sobre o produto. Terceiro, ele faz uma escolha refletida. Os consumidores adotam comportamento de compra complexo quando estão altamente envolvidos em uma compra e conscientes das diferenças significativas entre as marcas. Normalmente, esse é o caso do produto caro, cuja compra é realizada com pouca frequência, envolve algum risco e é altamente auto-expressiva. (KOTLER, 2000, p. 199). Geralmente o consumidor não tem muito conhecimento sobre as características do produto, deste modo a estratégia a ser adotada para produtos que se encaixam nesta categoria seria a de destacar as características dos produtos de modo que o 60 consumidor consiga obter as informações dos atributos do produto e sua importância relativa. Saber destacar os principais aspectos da marca, seus atributos mais importantes, é uma forma de diferenciação perante os demais. 3.3.2 Comportamento de Compra Com Dissonância Cognitiva Reduzida Este caso, onde existe alto envolvimento, mas poucas diferenças entre as marcas, ocorre quando a compra envolve um valor alto e pouca frequência sendo que o consumidor acabará optando pelo menor preço ou pela conveniência. Ao exemplo indicado por Kotler (2000) da compra de carpete, que envolve alto envolvimento em função do produto ser caro e autoexpressivo, mas as marcas apresentam pouca diferença de preço. Após a compra, o consumidor pode experimentar alguma dissonância cognitiva advinda da percepção de certos aspectos inquietantes ou de ouvir coisas favoráveis sobre outras marcas. O consumidor ficará atento às informações que sustentem sua decisão. No exemplo do carpete o consumidor primeiro agiu, depois adquiriu novas crenças e por fim estava com uma série de atitudes. (KOTLER, 2000, p. 200). A estratégia a ser adotada seria de fornecer crenças e avaliações que ajudem o consumidor a sentir-se bem em relação à escolha da marca. De modo que ele possa voltar a comprar da marca em um novo momento. 3.3.3 Comportamento de Compra Habitual Neste caso a compra é realizada nas condições de baixo envolvimento, onde existe a ausência de diferença significativa entre as marcas. Isto ocorre com produtos de baixo custo, que comprados com frequência acabam gerando um hábito de consumo e não fidelidade à marca. Com esses produtos, o comportamento do consumidor não segue uma sequência normal de crença, atitude e comportamento. Os consumidores não procuram exaustivamente por informações, avaliam características e decidem que marca comprar. Em vez disso, eles recebem passivamente informações passadas pela televisão e pelos anúncios impressos. A repetição de anúncios cria familiaridade de marca, em vez de convicção de marca. Após a compra, eles podem até mesmo não avaliar a escolha, uma vez que não estão muito 61 envolvidos com o produto. Para produtos de baixo envolvimento, o processo de compra começa com crenças de marca formadas por aprendizagem passiva e é seguido pelo comportamento de compra, que pode ser seguido por avaliação. (KOTLER, 2000, p. 200). Estimular os compradores a experimentar o produto é o modo com que se deve atingir este público, por meio de repetição de anúncios e por promoções, buscando atingir um método de aprendizagem passiva. Existem quatro estratégias para elevar o nível de envolvimento de um produto de baixo envolvimento. Vincular o produto a um problema envolvente, vincular o produto a uma situação pessoal envolvente, anúncios que associam o produto a emoções fortes como valores pessoais ou defesa do ego, e anunciam o produto com um aspecto diferenciado e importante. Contudo este tipo de produto não se tornará de alto envolvimento, mas sim poderá atingir um nível médio de envolvimento. 3.3.4 Comportamento de Compra em Busca de Variedade Ocorre quando existe baixo envolvimento, mas grandes diferenças entre marcas. Geralmente neste caso o consumidor troca muito de marca. Kotler (2000) utiliza o exemplo da compra de bolachas, onde o consumidor pode escolher sem muita análise prévia e avaliar durante o consumo, sendo que o consumidor pode variar sua compra apenas por motivo de experimentação e não necessariamente por insatisfação. A marca líder de mercado e as marcas menores nessa categoria de produtos possuem diferentes estratégias de marketing. A líder de mercado tentará encorajar o comportamento de compra habitual, dominando o espaço na prateleira, evitando a falta do produto e investindo em propaganda. As empresas concorrentes encorajarão a busca da variedade, oferecendo preços mais baixos, ofertas, cupons, amostras grátis e anúncios que apresentem razões para experimentar algo novo. (KOTLER, 2000, p. 200). As marcas de produtos que apresentam este comportamento de compra devem ficar atentas a concorrência, identificando suas estratégias de PDV para não perder o espaço e a clientela. 62 3.4 ESTÁGIOS DO PROCESSO DE DECISÃO DE COMPRA Segundo Philip Kotler são cinco os processos de decisão de compra, eles definem etapas de um processo de compra comum, que inicia bem antes da compra real e tem consequências que perduram por muito tempo. "Mas isso nem sempre acontece, os consumidores podem pular ou voltar algumas etapas" (Philip Kotler, 2000, p. 200). Algumas etapas podem não ocorrer, isso varia de acordo com o nível de envolvimento da compra a ser realizada, as cinco etapas ocorrem quando nos deparamos com uma compra altamente envolvente. As etapas definidas por Kotler (2000) seguem na Figura 28. Figura 28 - Estágios do processo de decisão de compra Fonte: PHILIP KOTLER - Administração de Marketing (2000). Para Kotler (2000) existem quatro métodos para identificar o processo de compra de um produto, são eles: 63 a) Método Introspectivo: Pensar como eu mesmo agiria como comprador; b) Método Retrospectivo: Entrevistar um pequeno número de compradores recentes, perguntando que recordem os fatos que levaram a compra; c) Método Prospectivo: Identificar e entrevistar consumidores que planejam comprar o produto, pedindo a eles como seria passar por um processo de compra; d) Método Prescritivo: Pedir aos consumidores que descrevam a maneira ideal de com compra do produto. Cada método indicado irá produzir uma imagem das etapas do processo de compra do consumidor a ser estudado, por isto o método de estudo adequando deve ser aplicado de acordo com o produto em questão. Para alguns autores como Samara e Morsch (2005) o processo de avaliação de alternativas de Kotler (2000) se divide em dois, avaliação de alternativas de produto e avaliação de alternativas de compra, criando um modelo diferente de estágios do processo de decisão de compra, que assim como o modelo de Kotler é influenciado por fatores culturais, sociais, biológicos, pessoais e situacionais. A Figura 29 apresenta este modelo de Samara e Morsch (2005), um processo de seis etapas que explora com mais pontualidade as alternativas de compra, dividindo um dos estágios definidos por Kotler (2000) com a finalidade de diferenciar as características do produto e as características do momento da compra consideradas pelo consumidor. 64 Figura 29 - O Processo de decisão de compra Fonte: BEATRIZ SANTOS SAMARA e MARCO AURÉLIO MORSCH - Comportamento do Consumidor - Conceitos e Casos (2005). 3.4.1 Reconhecimento do Problema Sendo o primeiro estágio do processo de decisão de compra, o reconhecimento do problema, segundo Kotler, ocorre quando o comprador reconhece um problema ou uma necessidade, sendo que estes podem ser provocados por estímulos internos ou externos. Os estímulos internos são as necessidades normais do indivíduo, como a fome, sede e sexo, que são identificados pela pessoa e se tornam um impulso. Já os estímulos externos são aqueles gerados por certas provocações como quando a pessoa sente fome por ter passado em frente a uma padaria e sentido o cheiro de pão fresco. 65 Identificar estímulos e atuar de forma a provocar o consumidor é primordial para o sucesso de marcas. O profissional de publicidade deve saber trabalhar com este apelo. Já para os autores Samara e Morsch (2005), existem três tipos de reconhecimento de necessidade, a de reposição, funcional e a emocional, as três se encaixam em contextos diferentes. A necessidade de reposição se dá para itens de baixo custo, comprados com frequência onde regularmente necessite do reabastecimento, o consumidor sente pouco desconforto durante o processo decisório e normalmente dedica pouco tempo às fazes seguinte. Se encaixam produtos como: pasta dental, sabão em pó, alimentos gerais. A necessidade funcional ocorre quando o consumidor busca uma solução para uma exigência específica, geralmente mais importante e que envolvem custos mais elevados. Como a necessidade por transporte, compra de um carro, ou por mais conforto na compra de uma nova casa. Envolve mais informações e tendem a ocorrer através de um processo mais calmo que envolva uma série de estudos. Necessidade emocional é gerada quando envolve a busca por satisfação de um desejo, que ocorre através de situações emocionas como na busca por status, prestígio, uma conquista, ou mesmo por um senso de "fazer parte". Como na compra por um sistema de home theater e uma televisão de última geração, buscando o prestígio e a emoção de assistir "cinema em casa". Qualquer produto pode produzir satisfação emocional, dependendo do indivíduo. Por exemplo, a maioria dos consumidores inicia um processo de decisório de compra de um amaciante de roupas pelo reconhecimento da necessidade de reposição. Mas, se o consumidor que compra o referido produto está sinceramente preocupado com que sua família fique satisfeita com o resultado, então, neste contexto, há um elemento emocional. (SAMARA e MORSCH, 2005, p. 28). Neste contexto entender que diferentes necessidades que podem dar origem ao processo decisório e fundamental para o desenvolvimento de uma marca, de modo que dependendo do estado de necessidade os consumidores darão diferentes graus de importância à decisão, além de diferenciarem o desejo de informação sentido pelo consumidor. 66 Trabalhar com os estímulos externos é a chave para movimentar e instigar estas necessidades internas dos consumidores de modo a atingir cada um com a "bala certa". 3.4.2 Busca de Informações Para Kotler (2000) são dois os níveis de interesse para consumidores em busca de informação, o primeiro, denominado atenção elevada, onde o consumidor é mais receptivo a informações sobre um produto, contudo o faz de forma moderada, e o segundo nível, denominado busca ativa de informações, aonde o consumidor vai mais a fundo na pesquisa sobre o produto, buscando literatura sobre o produto, realizando teste, pedindo opiniões para amigos e familiares. Nesta busca por informação são de grande valia as fontes recorridas pelo consumidor e a sua relativa influência no processo de decisão de compra. Assim são quatro as fontes de informação buscadas pelo consumidor, destacadas por Kotler, sendo que para cada uma exerce uma influência diferente para com o consumidor. a) Fontes pessoais: família, amigos, vizinhos, conhecidos. b) Fontes Comerciais: propaganda, vendedores, representantes, embalagens, mostruários. c) Fontes públicas: meios de comunicação de massa, organizações de classificação de consumo. d) Fontes experimentais: manuseio, exame, uso do produto. A quantidade de influência dessas fontes variam de acordo com a categoria de produtos e as características do comprador. De maneira geral, o consumidor recebe a maior parte das informações sobre um produto por meio de fontes comercias - isto é, de fontes dominadas pelos profissionais de marketing. Entretanto, as informações mais efetivas vêm das fontes pessoais. Cada fonte de informação desempenha uma função diferente ao influenciar a decisão de compra. As fontes comerciais desempenham uma função informativa, enquanto as fontes pessoais desempenham uma função de avaliação ou legitimação. (KOTLER, 2000, p. 201). 67 Ao longo da busca por informações, o consumidor adquire conhecimento das marcas e seus atributos, fundamentando-se para chegar a uma decisão de compra, passando por quatro conjuntos de escolha antes da decisão, na medida em que seleciona as marcas de seu interesse (Figura 30). O primeiro conjunto é o total, que traz todas as marcas existentes no mercado para aquele produto, o segundo conjunto de conscientização, será composto pelas marcas de conhecimento do consumidor, em seguida o terceiro, conjunto de consideração trará os critérios iniciais de compra avaliados pelo indivíduo, já o quarto e último conjunto antes da decisão, o conjunto de escolha, será definido com uma busca aprofundada por informações, que irá definir as principais marcas de escolha, sendo todas estas possíveis de aceitação. As empresas então devem buscar uma estratégia que as coloque em todos os conjuntos, principalmente no conjunto de escolha do consumidor, avaliando o seu posicionamento e o de seus concorrentes. Também deve identificar de onde vem às informações adquiridas pelo consumidor, e quais são as fontes consideradas mais importantes, de modo a atuar em potencializar estas fontes relevantes que lhe auxiliarão na chegada a decisão de compra. Figura 30 - Conjuntos envolvidos na decisão do consumidor Fonte: PHILIP KOTLER - Administração de Marketing (2000). 68 Para os autores Samara e Morsch (2005), existem duas fontes de informações que o consumidor pode recorrer as informações internas e a externas. As informações internas são aquelas que o consumidor já possui, tendo adquirido por experiência, lembranças, por assimilação a produtos da mesma marca ou mesmo por exposição a esforços de marketing, sendo que estas lembranças podem ser positivas ou mesmo negativas. As fontes externas são acionadas caso as fontes internas não gerarem alternativas claras e suficientes para a satisfação da necessidade do consumidor, assim ele buscará informações com amigos, parentes ou na própria mídia, sendo que cada uma destas trará um peso diferenciado na decisão do consumidor. Informações em anúncios trarão detalhes mais precisos do produto, os parentes e amigos trarão informações baseadas na experiência com o produto de acordo com sua opinião, já aqueles mais envolvidos na busca por informação poderão recorrer a publicações especializadas que realizaram testes e possuem informações técnicas e precisas quanto ao produto. Os autores indicam também que existem estratégias de busca por informações criadas pelos consumidores para resolver seus problemas de decisão, de modo limitar seus esforços de acordo com a necessidade. Desta forma, as estratégias podem ser de solução rotineira de problemas (não são consideradas novas informações), solução limitada de problemas (o consumidor investe tempo e energia na busca e na avaliação de soluções alternativas) e solução ampliada de problemas (a busca é ampliada e a deliberação é prolongada). Samara e Morsch (2005) destacam que a quantidade de informações depende de fatores como envolvimento, risco percebido, experiência anterior, pressa e sobrecarga de informações. O envolvimento será maior ou menor dependendo da importância percebida do produto. Dois aspectos característicos da vida moderna, como a vida agitada e o excesso de informações a que somos submetidos diariamente, salientam a importância dos dois últimos fatores que afetam a quantidade de busca: a pressa (ou a falta de tempo para análises mais cuidadosas e demoradas) e a sobrecarga de informações (exposição a informações demasiadas e maior dificuldade de processamento) (SAMARA; MORSCH, 2005, p. 28). 69 Atento a estes aspectos, os profissionais de marketing devem selecionar de forma gradual e prioritária informações úteis e relevantes ao consumidor que subsidiarão suas análises e escolhas. Para Samara e Morsch (2005), uma vez que o comprador potencial se sinta confortável com a quantidade de dados obtidos das fontes internas e externas, ele dará continuidade ao processo decisório. 3.4.3 Avaliação de alternativas No estágio de avaliação de alternativas, Kotler (2000) considera que o consumidor forma julgamentos em uma base racional e consciente. Coloca três conceitos que resumem os processos de avaliação do consumidor. Primeiro, o consumidor está visando satisfazer uma necessidade, segundo, está buscando benefícios através do produto, e terceiro, busca um conjunto de atributos de um produto que o levarão a uma escolha. Para cada produto existe uma série de atributos de interesse conforme exemplos abaixo: a) Câmeras: definição da imagem, velocidades da câmera, tamanho, preço; b) Hotéis: localização, higiene, ambiente, serviços, preço; c) Pneus: segurança, vida útil, preço. "Os consumidores variam de acordo com os atributos que consideram mais relevantes e a importância associada a cada atributo" (KOTLER, 2000, p. 202). Assim o padrão de cada consumidor é diferenciado, variando de acordo com o que ele considera mais importante buscando sempre os benefícios de seu interesse. Deste modo cada produto terá benefícios e atributos diferenciados, estes que deverão ser destacados na sua divulgação, para que possam ser interpretados pelos seus consumidores de forma peculiar. 70 O consumidor desenvolve uma série de crenças de uma marca, de acordo com a maneira que ela se posiciona perante seus atributos, além das experiências que ele vivenciou. O conjunto de crenças relativo a uma marca compõe a imagem da marca. A imagem da marca do consumidor vai variar de acordo com suas experiências e a maneira como ela é filtrada pelos efeitos da atenção seletiva, da distorção seletiva e da retenção seletiva. (KOTLER, 2000, p. 203). Da mesma forma com que o consumidor identifica os atributos de uma marca e avalia cada um deles, ela também considera um nível de importância para cada um destes atributos de acordo com sua necessidade. Assim, mesmo que nos cinco atributos possíveis para um produto, a marca pontue com nota máxima em quatro deles, o consumidor pode escolher por outra marca que tenha este quinto atributo em melhor colocação, considerando este quinto atributo de maior valia para aquele produto. Percebendo as preferências de seus consumidores, para Kotler (2000), uma marca pode remodelar o seu posicionamento e de seu produto através das seguintes técnicas: a) Reprojetar o produto: essa técnica é reconhecida como reposicionamento real; b) Alterar as crenças sobre a marca: a tentativa de alterar as crenças sobre a marca é conhecida como posicionamento psicológico; c) Alterar as crenças sobre as marcas da concorrência: essa estratégia, chamada reposicionamento competitivo, faz sentido quando os compradores acreditam que uma marca concorrente tem mais qualidade do que realmente tem; d) Alterar a importância dos atributos: o profissional de marketing pode tentar persuadir os compradores a atribuir maior importância aos atributos nos quais a marca é melhor; 71 e) Chamar a atenção para atributos negligenciados: o profissional de marketing pode atrair a atenção dos compradores para atributos negligenciados; f) Mudar o ideal do comprador: o profissional de marketing pode tentar persuadir os compradores a mudar seus níveis de exigência para um ou mais atributos. Para os autores Samara e Morsch (2005), a avaliação de alternativas se divide em duas, alternativas de produto e alternativas de compra, indicando assim uma visão diferenciada dos estágios do processo de decisão de compra, de modo a inserir um sexto estágio no fluxo. 3.4.3.1 Avaliação das alternativas de produto A avaliação das alternativas de produto segundo os autores Samara e Morsch (2005) possui características diferenciadas suficientes para separá-la das alternativas de compra. Ás vezes, a busca de informação sugere para o consumidor a escolha de um produto nitidamente superior. Em muitos casos, contudo, vários produtos poderão parecer adequados e é nesse momento que ocorre a avaliação das alternativas disponíveis. (SAMARA; MORSCH, 2005, p. 32). Para avaliar as alternativas de produto os consumidores podem usar três critérios gerais: características funcionais do produto, satisfação emocional percebida no produto e os benefícios que podem resultar de sua posse. As características funcionais do produto são aquelas ligadas a aspectos racionais e efetivos sobre o produto como: preço, desempenho, garantia, durabilidade, aspectos gerais do produto. Já a satisfação emocional está ligada a percepção emocional do consumidor em ter aquele produto daquela marca, este critério está ligado diretamente a sentimentos como: satisfação, orgulho, bem-estar pela posse. 72 O terceiro critério, no entanto, os benefícios de uso e posse, é entendida pelos benefícios extras que serão ocasionados pela compra daquele produto, como quando uma dona de casa compra uma máquina de lavar roupa pensando que terá mais tempo livre pelo fato de não precisar mais lavar roupas na mão. A junção destas alternativas indicada na Figura 31 definirá a satisfação, e decidirá o produto ideal para o consumidor, contudo cada pessoa pode considerar estas alternativas de modo diferenciado, com diferentes graus de ênfase, podendo muitas vezes desconsiderar alguma das alternativas. Figura 31 - Critérios de avaliação das alternativas de produto Fonte: BEATRIZ SANTOS SAMARA e MARCO AURÉLIO MORSCH - Comportamento do Consumidor - Conceitos e Casos (2005). É fundamental identificar os critérios que estão sendo utilizados pelo consumidor para avaliar o produto, tendo em vista o posicionamento correto do mesmo, atuando a evidenciar as características do produto que mais são consideradas pelo cliente. 3.4.3.2 Avaliação das alternativas de compra Esta etapa do processo de decisão de compra de Samara e Morsch (2005) evidenciam a questão fundamental para a compra de um produto, que é a questão de onde comprar. "Aqui o consumidor considerará as vantagens e os benefícios de todos 73 os meios de acesso para obtensão do produto, e não apenas os canais de distribuição tradicionais, como varejo clássico." (SAMARA; MORSCH, 2005, p. 34). Neste momento é avaliado pelo consumidor as alternativas de locais de compra, que podem ser diversos, como lojas físicas, vendas por catálogo, vendas por telemarketing e vendas via internet. Neste ponto o consumidor pondera os melhores locais para realizar a compra percebendo as questões que mais atendam seus interesses, como: atendimento, comodidade, parcelamento, instalação, garantia e assistência técnica. Os autores relatam que os consumidores geralmente recorrem a uma visita à loja para muitas vezes obter informações específicas e avaliar o produto a ser adquirido. Existe neste estágio consumidores que adotam um conjunto de lojas onde costumam comprar regularmente, logo não procedem com uma reavaliação deste fase do processo toda vez que tomam uma decisão de compra. Esta etapa do processo de decisão de compra pode mostrar a uma marca ou produto em quais locais ela deve se posicionar para atender melhor o seu consumidor, de acordo com suas considerações de alternativas para locais de compra. 3.4.4 Decisão de compra Para Philip Kotler (2000), após o consumidor ter criado preferências por uma marca do conjunto de escolha, e já ter desenvolvido uma intenção de compra as marcas preferidas, ele acaba formando uma intenção de compra, porém ocorre que dois fatores podem interferir entre a intenção de compra e a decisão de compra efetiva (que se desenvolve neste estágio). Um deles é a atitude dos outros, uma pessoa que já possui uma preferência pelo produto pode deixar de realizar uma compra por ser influenciada por intenções negativas advindas de outra pessoa, estas intenções serão levadas em conta dependendo do grau de afinidade existente. Contudo estas intenções vidas de outro também podem ser positivas a favor de uma marca e atuarão da mesma forma mas com enfoque de consumo ao invés de desistência ou alteração de opinião. Neste momento dois fatores também interferem na redução de preferência do consumidor, o 74 primeiro é a intensidade da atitude negativa imposta pela outra pessoa, e o segundo é a motivação do consumidor em acatar os desejos da outra pessoa. O segundo é os fatores situacionais imprevistos, que podem surgir durante o processo de decisão de compra, afetando a escolha, como por exemplo a perca do emprego, que levará o consumidor a modificar suas preferências de consumo para produtos de mais importância. A decisão do consumidor de modificar, adiar ou rejeitar uma compra é altamente influenciada pelo rico percebido. O grau de risco varia de acordo com o montante de dinheiro envolvido, o nível de incerteza quanto aos atributos, e o nível de autoconfiança do consumidor. Os consumidores desenvolvem hábitos para reduzir o risco, como evitar as decisões, buscar informações com os amigos e dar preferência a marcas nacionalmente conhecidas e a garantias. Os profissionais de marketing devem compreender os fatores que provocam sensações de rico nos consumidores e fornecer informações e suporte a fim de reduzir esses riscos percebidos. (KOTLER, 2000, p. 2034). Para Kotler (2000), ao realizar uma intenção de compra, o consumidor pode passar por cinco subdecisões de compra: decisão por marca, decisão por fornecedor, decisão por quantidade, decisão por ocasião e decisão por forma de pagamento. Estas que variam de acordo com o com o produto, ao exemplo de compras do dia-a-dia que muitas vezes desconsideram a forma de pagamento. Os autores Samara e Morsch (2005), indicam que é nesta etapa onde o consumidor incorpora o conhecimento obtido com a busca de informações, a avaliação do produto e a avaliação de compra, e faz a sua escolha. Uma decisão final é tomada para satisfazer uma necessidade, e essa decisão inclui a seleção do tipo de produto e da marca, a loja (ou outra fonte) e a forma de pagamento. Finalmente define-se o ato de compra, contudo neste momento três subetapas ocorrem (Figura 32). Figura 32 - O ato da compra e suas etapas Fonte: BEATRIZ SANTOS SAMARA e MARCO AURÉLIO MORSCH - Comportamento do Consumidor Conceitos e Casos (2005). 75 Estas etapas que aparentam ser automáticas, mas que podem se tornar complexas de acordo com o porte da compra (valores envolvidos, tipo do produto). São então fundamentais para definir e concretizar uma compra, sendo que durante estas etapas alguns fatores podem gerar percalços ou desvios na efetivação de compra, como a ausência no estoque do produto escolhido e problemas com o financiamento. Os autores Boone e Kurtz (2009), indicam que este estágio de Decisão de Compra divide-se em Decisão de Compra e o Ato de compra, onde a decisão de compra indica uma possível escolha que ainda pode ser modificada, mas que se baseia nos estágios anteriores previamente avaliados, e o ato da compra apresenta as intempéries do local que também podem alterar a escolha. A junção das duas subetapas define a compra efetiva. 3.4.5 Comportamento pós-compra Kotler (2000) afirma que após a compra, o consumidor experimenta algum nível de satisfação ou insatisfação para com o produto, por isto monitorar este processo de pós-compra é determinante para o sucesso da marca. O comportamento pós-compra é um estágio muito importante para o processo de decisão de compra, tendo em vista que um cliente insatisfeito não retornará a comprar seu produto e ainda o difamará, e um cliente satisfeito poderá retornar a comprar e ainda divulgar a marca. Percebendo isto Kotler (2000) ressalta três situações do comportamento pós compra. 3.4.5.1 Satisfação pós-compra A satisfação pós-compra, para Kotler (2000), é derivada da proximidade entre expectativas do comprador e o desempenho percebido do produto. Se o produto comprado não atender as expectativas o consumidor ficará desapontado, se atender as expectativas ele ficará satisfeito, contudo se exceder as expectativas ele ficará encantado. Todos estes sentimentos definem a relação que o cliente passará a ter com a marca após a compra. 76 Para Samara e Morsch (2005), quanto maior a lacuna entre a expectativa e o desempenho, maior a insatisfação do consumidor. A dosagem destes sentimentos é fator primordial para o desempenho de uma marca, podendo ela estar passando expectativas demais sobre seu produto desapontando seus clientes, de modo que se reposicionando poderá deixar clientes encantados. 3.4.5.2 Ações pós-compra O cliente satisfeito e o insatisfeito terão comportamentos opostos com relação à marca comprada, os satisfeitos poderão retornar a comprar e falarão bem da marca, divulgando sua experimentação. Do mesmo modo que os insatisfeitos além de não comprar mais vão propagar o seu sentimento rotulando mal a marca a partir do mesmo embasamento. Portanto propaganda a favor gerada pelo cliente através de sua experimentação é extremamente positiva e com retorno efetivo para a marca, já a contra poderá ser completamente desastrosa para a mesma. Assim ressaltar e reforçar o sentimento de uma compra assertiva através de propaganda pós-compra (anúncios, notícias positivas, cartas enviadas ao consumidor) é uma estratégia para surpreender um cliente e torná-lo encantado com a marca. Samara e Morsch (2005) complementam esta situação indicada por Kotler (2000), ressaltando que a motivação para busca de informações adicionais após a compra resulta na tentativa do consumidor de aliviar uma dissonância cognitiva (desconforto). Por este motivo é que se deve identificar estes desconfortos pós compra antes mesmo dela ser realizada de modo a encontrar o reforço adequado para minimizar a dissonância cognitiva, gerando até mesmos reforços imediatos, como mensagens de reforço a compra na embalagem ou dentro do produto. Ações que reduzem a ansiedade do consumidor de modo que ele possa a vir a realizar novas compras pelo fato de estar satisfeito e seguro com relação à marca e ao produto. Indicam ainda que existe o processo de aquisição de produtos relacionados, onde muitas vezes a aquisição de um produto resulta na demanda por outros produtos 77 e serviços complementares ao item original, seja por necessidade ou pelo entusiasmo decorrente da nova compra, os consumidores costumam adquirir diversos outros itens relacionados à compra inicial. Assim essa peculiaridade pode abrir uma oportunidade para as empresas expandirem a sua gama de produtos e serviços, de modo a oferecer um complemento ao que se está sendo originalmente adquirido. 3.4.5.3 Utilização pós-compra Saber o que é feito com o produto após a compra pode responder uma série de perguntas quanto a sua aceitação ou não por parte do cliente, percebendo assim se ele ficou satisfeito ou não. Se o produto foi descartado, ou esquecido, emprestado, se foi utilizado com outro objetivo ou se continua sendo utilizado ao longo de muitos anos, pode indicar o nível de satisfação do cliente e ainda ser a chave para identificar novos comportamentos de compra, a partir de reposicionamentos de marca, novas estratégias de venda, ou mesmo por uma questão de acompanhamento ambiental. 78 4 ANÁLISE DO CONSUMIDOR DEITA E DORME A análise do consumidor Deita e Dorme foi desenvolvida a partir de pesquisas exploratórias quantitativas que fundamentaram este estudo e mapearam, com dados pontuais, quais são as etapas do processo decisório de compra da empresa. Sendo enviada por email para todos os consumidores da Deita e Dorme que finalizaram sua compra no período de janeiro de 2013 a maio de 2014 e que receberam o produto em casa, a pesquisa teve como universo total 92 clientes, sendo que e seu objetivo de retorno foi de 20% das respostas para constituir uma amostra desta população considerada válida para o estudo, com a necessidade mínima de 18 respostas espontâneas. O questionário aplicado (Apêndice A) foi desenvolvido a partir dos estudos realizados nos demais capítulos, totalizando 16 perguntas objetivas de fácil resposta e interpretação com o intuito de trazer os dados necessárias para a conclusão do trabalho monográfico. As primeiras perguntas (1, 2, 3 e 5) foram incluídas para traçar o perfil do público da Deita e Dorme, de modo a identificar peculiaridades de comportamento em determinados nichos de consumidores. Já a questão 4 foi inserida para verificar se o consumidor participou de todas as etapas do processo de decisão de compra. As questões 6, 11, 14 e 15 foram desenvolvidas com base na metodologia de pesquisa da empresa E-bit líder no ramo de pesquisa online no Brasil, que agrupa as respostas em níveis de 0 a 6, 7 a 8 e 9 a 10, mensurando o nível de sentimentos e atitudes do pesquisado perante o assunto, facilitando a interpretação e a análise. Estas perguntas que assim como as de número 7, 8, 9, 10, 12, 13 e 16, tiveram o objetivo específico de definir as etapas do processo de decisão de compra e quais fatores impactam no comportamento do consumidor da Deita e Dorme. Os estudos realizados nos capítulos 2 e 3 serão considerados como parte exploratória para a pesquisa quantitativa realizada, servindo como base de orientação para o desenvolvimento do questionário, de modo a formar parâmetros fundamentais para iniciar a descrição deste consumidor de roupa de cama da Deita e Dorme. 79 Sabemos que a compra é influenciada por diversos fatores (subcapítulo 3.1), estes que podem ser culturais, sociais, pessoais e psicológicos, e que o consumidor pode adotar diferentes papéis no processo de compra (subcapítulo 3.2), como: iniciador, influenciador, decisor, comprador, consumidor e avaliador. O questionário aplicado terá como principal foco identificar as etapas do processo de decisão de compra, em consequência alguns fatores e papéis serão identificados, mas não serão profundamente analisados. Deste modo as pesquisas estarão focadas para analisar qual é o comportamento de compra (subcapítulo 3.3), e as etapas do processo de decisão de compra (subcapítulo 3.4). 4.1 DEITA E DORME COMÉRCIO ONLINE LTDA A Deita e Dorme é uma empresa de venda online de roupas de cama. Fundada em 26/07/2012. Ela é a realização de meu sonho empreendedor em busca do desenvolvimento de um negócio próprio. Constituída por dois sócios, a empresa tem como parceiro de negócios o fornecimento de produtos da Confecção Jurita, fábrica que confecciona produtos de qualidade já reconhecidos pelo mercado, presente em diversas lojas do segmento e com renome difundido a nível nacional. O posicionamento da Deita e Dorme se dá de tal forma a buscar seu desenvolvimento no mercado de venda online, que apresenta um universo específico de clientes, mas que se assemelha em diversos aspectos aos consumidores tradicionais. A venda online requer consumidores com um perfil diferenciado, pessoas que dominam de certo modo a tecnologia, e que se arriscam em comprar um produto sem mesmo o ter visto fisicamente. Este consumidor é "antenado", inteligente, busca por valor justo e qualidade, além de exigir agilidade nas operações e na entrega. O público alvo da Deita e Dorme são mulheres com idade entre 25 e 50 anos, que buscam comprar produtos para decorar sua casa e aquecer o seu sono. A comunicação da empresa é focada para ações online, até hoje foram realizadas ações de divulgação no Facebook e no Google Addwords. Estas ferramentas 80 que trouxeram retornos positivos para empresa em números de vendas e de divulgação da marca. A estratégia de Deita e Dorme, é a de apresentar produtos com maior qualidade tradição, produtos que tragam consigo o apelo por ótimos jogos de cama confeccionados na serra gaúcha. Além de focar na venda de produtos bonitos e com um preço acessível. A empresa pretende continuar se desenvolvendo neste ambiente online e quer conquistar cada vez mais público, construindo uma relação de confiabilidade e de segurança com o seu consumidor, levando produtos de qualidade e apresentando transações seguras e ágeis. 4.1.1 Resultado da Pesquisa A pesquisa foi aplicada durante a primeira semana de junho de 2014 e teve como resultado 19 respostas completas, uma a mais que o mínimo aceitável, com uma amostra de 21% do universo pesquisado. Na sequência os subcapítulos que seguem apresentam os resultados obtidos em cada uma das 16 perguntas. 4.1.1.1 Dados Demográficos Figura 33 - Idade Fonte: Elaborado pelo Autor 81 Quanto à idade dos consumidores da Deita e Dorme (Figura 33), o público na sua grande maioria é constituído por pessoas entre 31 a 40 anos (42%), seguido de pessoas com idade entre 41 a 50 anos (32%), mais de 61 anos (11%), de 20 a 30 anos (10%) e a menor parcela com 5% consumidores de 51 a 60 anos. Nenhum consumidor que respondeu a pesquisa possui menos de 20 anos. Percebemos então um público específico de clientes, estes com mais idade, diferente do perfil do internauta identificado pelo IBGE (Figura 3) que mostra uma distribuição mais uniforme quanto às faixas etárias na internet, mas mais próximo ao público indicado pela E-bit dos novos consumidores online (Figura 4). Figura 34 - Estado civil Fonte: Elaborado pelo Autor A Figura 34 traz informações sobre o estado civil do consumidor Deita e Dorme, onde 79% são casados e 21% solteiros, o que mostra uma maioria expressiva de casados nesta relação, indicando um público específico a ser explorado, tendo em vista os fatores pessoais e os estágios no ciclo de vida dos consumidores. Figura 35 - Quantidade de filhos Fonte: Elaborado pelo Autor 82 A Figura 35 indica que a grande maioria dos consumidores Deita e Dorme possuem filhos (69%) e 31% não possuem filhos. Dos clientes que reponderam a pesquisa, e que tem ao menos um filho, todos são casados e todos têm mais de 31 anos. Figura 36 - Uso próprio ou para presente Fonte: Elaborado pelo Autor Conforme Figura 36, todos os consumidores Deita e Dorme que responderam a pesquisa compraram seu produto para uso próprio, o que credencia todos a responderem todas as perguntas da pesquisa com propriedade, tendo em vista que passaram por todas as etapas do processo de decisão de compra. Figura 37 - Equipamento eletrônico utilizado para realização da compra Fonte: Elaborado pelo Autor 83 A Figura 37 mostra que as compra realizadas na Deita e Dorme ocorreram em 89% das vezes via computador, sendo que as demais 11% foram efetuadas via tablet, o que mostra a evolução desta ferramenta e sua importância no ambiente digital. A Figura 11 apresenta dados de venda via mobile commerce ocorridas no Brasil em 2013, com 4,8% das compras efetivas. Portanto os consumidores da Deita e Dorme consomem mais que a média nacional via dispositivos móveis. Nenhuma compra foi realizada via smartphone. 4.1.1.2 Dados de Identificação do Nível de Envolvimento Figura 38 - Necessidade advinda dos produtos adquiridos Fonte: Elaborado pelo Autor A Figura 38 identifica a necessidade indicada pelo consumidor antes de comprar o produto, o quanto ele precisava do produto. Neste sentido, utilizamos o método de avaliação desenvolvido pela Ebit para identificar a necessidade do consumidor, por meio de uma pergunta específica, capaz de possibilitar a classificação do grupo de pesquisados em três situações específicas. Assim 47% (respostas entre 9 e 10) dos consumidores Deita e Dorme precisavam muito do produto, 32% (respostas entre 7 e 8) precisavam do produto e 21% (respostas ente 6 e 0) precisavam pouco do produto. O Quadro 5 apresenta dados completos das respostas obtidas nesta questão, mostrando que nenhum cliente respondeu uma importância menor que 5 para a necessidade que tinha em adquirir o produto. 84 Quadro 5 - Necessidade advinda dos produtos adquiridos Importância 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total Necessidade Frequência Representatividade Frequência Ebit 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 4 0 0% 2 11% 2 11% 4 21% 6 2 11% 5 26% 9 4 21% 19 100% 19 Representatividade Ebit 21% 32% 47% 100% Fonte: Elaborado pelo Autor O consumidor da Deita e Dorme apresenta um comportamento de compra complexo, em razão do alto envolvimento gerado na maioria das compras e pela diferença significativa entre as marcas, tendo em vista que 52% dos consumidores responderam como média ou alta a sua busca por informações para realizar a compra na Deita e Dorme, sendo que 95% realizou algum tipo de pesquisa antes de comprar. Assim sendo o consumidor Deita e Dorme pratica uma compra refletida, pesquisando e avaliando o produto e a loja online antes de comprar. 4.1.1.3 Dados de Identificação do Reconhecimento das Necessidades Figura 39 - Como descobriu a Deita e Dorme Fonte: Elaborado pelo Autor 85 A Figura 39 mostra que os clientes da Deita e Dorme descobriram a loja online 43% das vezes via Facebook, outros 43% pesquisando no Google, 5% através de indicação de amigos ou familiares, 5% via anúncios online e 4% por indicação de amigos. As demais opções não tiveram respostas. Figura 40 - Motivo gerador da compra Fonte: Elaborado pelo Autor Para chegar nestes dados apresentado na Figura 40 os clientes indicaram para cada um dos itens um valor de importância entre 1 e 5, sendo 1 menos importante e 5 mais importante, podendo também desconsiderar o item, o que indicamos como 0. Para facilitar a análise agrupamos estes itens por níveis de importância. Nos Quadros 5, 6, 7, 8, 9, e 10, foram descriminados cada um dos itens, a quantidade de respostas para cada importância (frequência), a representatividade da mesma para o total, e o total de importância, que é a frequência multiplicada pela importância, que define o principal motivo gerador da compra. 86 Deste modo o motivo gerador da compra considerado mais relevante pelos consumidores foi dormir melhor com 73 pontos no nível de importância, com 68% dos clientes considerando como muito importante. O segundo mais importante foi mudar a decoração com os mesmo 73 pontos, mas com 58% dos clientes considerando este item muito importante. Na sequência, os fatores de maior importância foram: trocar suas roupas de cama antigas com 71 pontos, chegada do frio, 64 pontos, primeiro enxoval 33 pontos, e a opção outro com 10 pontos, sendo que aqueles que marcaram a opção outros responderam que buscavam produtos de qualidade. Importante ressaltar o item trocar suas roupas de cama antigas somando as respostas muito importante e importante totalizaram 79%, e a opção chegada do frio nesta mesma condição totaliza 73%. Quadro 6 - Motivo gerador de compra - Dormir melhor Dormir Melhor Importância Frequência Representatividade Total Importância 0 3 16% 0 1 1 5% 1 2 0 0% 0 3 1 5% 3 4 1 5% 4 5 13 68% 65 100% 73 Total 19 Fonte: Elaborado pelo Autor Quadro 7 - Motivo gerador de compra - Mudar a decoração Mudar a Decoração Importância Frequência Representatividade Total Importância 0 2 11% 0 1 1 5% 1 2 1 5% 2 3 1 5% 3 4 3 16% 12 5 11 58% 55 100% 73 Total 19 Fonte: Elaborado pelo Autor 87 Quadro 8 - Motivo gerador de compra - Trocar as roupas de cama antigas Trocar as Roupas de Cama Antigas Importância Frequência Representatividade Total Importância 0 1 1 5% 0 3 16% 3 2 0 0% 0 3 1 5% 3 4 5 26% 20 5 9 47% 45 100% 71 Total 19 Fonte: Elaborado pelo Autor Quadro 9 - Motivo gerador de compra - Chegada do frio Chegada do Frio Importância Frequência Representatividade Total Importância 0 2 11% 0 1 3 16% 3 2 0 0% 0 3 4 21% 12 4 1 5% 4 5 9 47% 45 100% 64 Total 19 Fonte: Elaborado pelo Autor Quadro 10 - Motivo gerador de compra - Primeiro enxoval Primeiro Enxoval Importância Frequência Representatividade Total Importância 0 10 53% 0 1 2 11% 2 2 0 0% 0 3 2 11% 6 4 0 0% 0 5 5 26% 25 100% 33 Total 19 Fonte: Elaborado pelo Autor 88 Quadro 11 - Motivo gerador de compra - Outro Outro (busca por um produto de qualidade) Importância Frequência Representatividade Total Importância 0 17 89% 0 1 0 0% 0 2 0 0% 0 3 0 0% 0 4 0 0% 0 5 2 11% 10 100% 10 Total 19 Fonte: Elaborado pelo Autor No reconhecimento do problema o consumidor da Deita e Dorme é primordialmente impactado por estímulos internos uma vez que os entrevistados responderam que a chegada do frio foi motivo gerador da sua compra, assim como dormir melhor que foi o principal motivo gerador de necessidade de compra na Deita e Dorme. Os estímulos externos também são considerados, tendo em vista que alguns consumidores descobriram o site através de anúncios no Facebook. Os clientes da Deita e Dorme apresentam características de necessidade funcional e emocional, considerando o alto nível de necessidade do produto adquirido, e o fato deles considerarem dormir melhor, mudar a decoração, trocar as roupas de cama antigas e chegada do frio, como importantes ou muito importantes para motivar sua compra, sendo estes fatores funcionais e emocionais os principais motivos geradores da compra. 4.1.1.4 Dados de Identificação da Busca de Informações Figura 41 - Quantidade de pesquisa realizada antes da compra Fonte: Elaborado pelo Autor 89 Quadro 12 - Quantidade de pesquisa realizada Importância 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total Frequência 1 0 1 1 0 2 4 3 2 0 5 19 Nível de Pesquisa Representatividade Frequência Ebit 5% 0% 5% 5% 9 0% 11% 21% 16% 5 11% 0% 5 26% 100% 19 Representatividade Ebit 47% 26% 26% 100% Fonte: Elaborado pelo Autor Este indicador (Figura 41) também utilizou a técnica de agrupamento da Ebit para facilitar a análise, uma vez que os pesquisados responderam de 0 a 10 quanto ao nível de pesquisa realizada antes da compra, sendo 0 menos pesquisa e 10 mais pesquisa. Assim quanto ao nível de pesquisa realizada antes da compra 48% dos consumidores indicam ter pesquisado pouco, seguido de 26% pesquisado muito e outros 26% com níveis médios de pesquisa. Somando os clientes que pesquisaram muito com os que indicaram pesquisa média totalizam 52% da amostra. Contudo 84% dos clientes responderam entre 5 e 10 (Quadro 12), indicando que a pesquisa é fator importante para a compra a ser realizada. Figura 42 - Locais de busca por informações Fonte: Elaborado pelo Autor 90 Na Figura 42 percebemos os locais onde os clientes buscaram informações para realizar sua compra, a grande maioria 76%, pesquisou em lojas online, 14% pesquisou em lojas físicas, 5% respondeu que pesquisou em sites de comparação de preços, e outros 5% disse que não pesquisou. A opção outro não teve nenhuma resposta. A busca de informações para compra de um produto Deita e Dorme ocorre de forma ativa, o consumidor vai a fundo na pesquisa por informações, uma vez que 52% dos consumidores responderam como média ou alta a sua busca por informações para comprar na Deita e Dorme, 84% respondeu que seu nível de pesquisa foi entre 5 e 10, mostrando grande quantidade de pesquisa para se realizar a compra. A maioria dos consumidores Deita e Dorme realizaram pesquisas online antes de comprar (74%), 14% realizaram pesquisa em lojas físicas, 5% compararam preços em sites comparativos, 8% considerou informações advindas da família para realizar a compra, 4% considerou informações dos amigos, 15% informações de alguma propaganda, 62% considerou as informações do site Deita e Dorme, e 11% considerou informações encontradas na internet. Assim sendo as informações da loja online Deita e Dorme são fundamentais para orientar o cliente em sua compra. Manter um conjunto de instruções e informações úteis no site, capazes de cercar de certezas o consumidor quanto ao produto e ao processo a compra, é de fundamental importância para o desenvolvimento da empresa. 4.1.1.5 Dados de Identificação das Alternativas de Produto Figura 43 - Fontes de informação para realizar a compra Fonte: Elaborado pelo Autor 91 Para realizar sua compra 62% considerou informações do site da Deita e Dorme, 15% informações de propagandas, 11% informações pesquisadas na internet, 8% indicação de familiares, 4% considerou informações de amigos, as demais opções não foram selecionadas (Figura 43). No estágio de avaliação de alternativa de produto quando analisamos o serviço de venda online perante a venda por loja física, os clientes pesquisados já praticam compra online e já perceberam os benefícios deste modelo de varejo, elencando praticidade, comodidade, melhores preços, produtos só encontrados online e mais informações online como principais fatores para se realizar uma compra na internet, dando menos importância para o parcelamento e para a segurança na compra. Contudo em todos os quesitos apresentaram níveis de importância elevados, mostrando que o cliente se importa com todos os benefícios trazidos pela compra via ecommerce. Avaliando a compra na Deita e Dorme ressalta-se como fato determinante para a escolha o produto oferecido ser diferenciado, considerado por 74% dos clientes como muito importante. 68% também considerou muito importante a qualidade do produto para definir sua compra. Estas respostas apresentam um consumidor que aprecia as características funcionais do produto, quer algo diferenciado e de qualidade. Também quer comprar na internet um produto que traga benefícios não encontrados em outros formatos de compra. Além disso, 68% definiram como muito importante o motivo gerador de sua compra dormir melhor, destacando aqui uma importância para os benefícios resultantes da posse do produto, na sequência, mudar a decoração, 58% muito importante, e trocar as roupas de cama antigas, 47% muito importante, demonstram uma compra que apresenta envolvimento emocional. Assim a satisfação para compra do cliente Deita e Dorme ocorre principalmente quando ele avalia a diferenciação do produto perante os demais, a qualidade, seus benefícios de uso e seu designe diferenciado. O que mostra a necessidade de manter o posicionamento da Deita e Dorme de conquistar seu cliente pelas peculiaridades do produto, oferecendo algo diferente e de qualidade. 92 4.1.1.6 Dados de Identificação das Alternativas de Compra Figura 44 - Avaliação das alternativas de compra na internet Fonte: Elaborado pelo Autor Na Figura 44 as alternativas de compra são consideradas quanto à compra na internet identificando quais fatores mais influenciam a escolha pela compra online comparando compra por outros meios, como: compra em lojas físicas, por catálogo ou mesmo por telefone. Assim sendo a opção considerada de maior importância foi praticidade com 88 pontos, oriundos da importância versus a frequência, seguido de comodidade 86 pontos, melhores preços 82 pontos, não ter encontrado nas lojas físicas 73 pontos, maiores informações na internet 71 pontos, parcelamento estendido 67 pontos, segurança 63 pontos, e a opção outro 10 pontos, indicada pelos clientes como apenas ter encontrado na Deita e Dorme. Quanto ao agrupamento de importância a praticidade e a comodidade foram consideradas muito importante por 74% dos pesquisados. 93 Os Quadros 13 a 20 apresentam os dados completos quanto à avaliação de alternativas de compra na internet, indicando a frequência, representatividade e o total da importância para cada item. O que possibilita o agrupamento e a comparação do nível de importância. Quadro 13 - Alternativa de compra na internet - Praticidade Praticidade Importância Frequência Representatividade Total Importância 0 0 0% 0 1 0 0% 0 2 0 0% 0 3 2 11% 6 4 3 16% 12 5 14 74% 70 Total 19 Fonte: Elaborado pelo Autor 100% 88 Quadro 14 - Alternativa de compra na internet - Comodidade Comodidade Importância Frequência Representatividade Total Importância 0 1 5% 0 1 0 0% 0 2 0 0% 0 3 0 0% 0 4 4 21% 16 5 14 74% 70 Total 19 Fonte: Elaborado pelo Autor 100% 86 Quadro 15 - Alternativa de compra na internet - Melhores preços Melhores Preços Importância Frequência Representatividade Total Importância 0 1 5% 0 1 0 0% 0 2 0 0% 0 3 2 11% 6 4 4 21% 16 5 12 63% 60 Total 19 Fonte: Elaborado pelo Autor 100% 82 94 Quadro 16 - Alternativa de compra na internet - Não encontrou na loja física Não Encontrou na Loja Física Importância Frequência Representatividade Total Importância 0 2 11% 0 1 0 0% 0 2 0 0% 0 3 3 16% 9 4 6 32% 24 5 8 42% 40 Total 19 Fonte: Elaborado pelo Autor 100% 73 Quadro 17 - Alternativa de compra na internet - Informações Informações Importância Frequência Representatividade Total Importância 0 0 0% 0 1 0 0% 0 2 4 21% 8 3 4 21% 12 4 4 21% 16 5 7 37% 35 Total 19 Fonte: Elaborado pelo Autor 100% 71 Quadro 18 - Alternativa de compra na internet - Parcelamento estendido Parcelamento Estendido Importância Frequência Representatividade Total Importância 0 2 11% 0 1 0 0% 0 2 3 16% 6 3 3 16% 9 4 3 16% 12 5 8 42% 40 Total 19 Fonte: Elaborado pelo Autor 100% 67 95 Quadro 19 - Alternativa de compra na internet - Segurança Segurança Importância Frequência Representatividade Total Importância 0 1 5% 0 1 2 11% 2 2 0 0% 0 3 6 32% 18 4 7 37% 28 5 3 16% 15 Total 19 Fonte: Elaborado pelo Autor 100% 63 Quadro 20 - Alternativa de compra na internet - Outro Outro (Só Encontrou na Internet) Importância Frequência Representatividade Total Importância 0 17 89% 0 1 0 0% 0 2 0 0% 0 3 0 0% 0 4 0 0% 0 5 2 11% 10 Total 19 Fonte: Elaborado pelo Autor 100% 10 O fato da Deita e Dorme apresentar produtos diferenciados a coloca um passo a frente quanto à avaliação de alternativa de compra, o cliente apenas encontrará aquele determinado produto na Deita e Dorme, o que o colocará em posição de desconsiderar a compra em uma loja física, fato que se comprova com 95% dos consumidores destacando como importante ou muito importante para determinar sua compra o produto ser diferenciado. Para os clientes Deita e Dorme o preço (95%), parcelamento (64%) e entrega (73%) são considerados como importantes ou muito importantes. Dos consumidores Deita e Dorme 76% pesquisa preços, avalia e compara produtos similares na internet antes de comprar, e apenas 14% pesquisa em lojas físicas antes de comprar. Estas porcentagens mostram um consumidor que já identificou as vantagens da compra online e buscará este meio para realizar suas compras futuras ligadas ao segmento de roupas de cama. 96 4.1.1.7 Dados de Identificação da Decisão de Compra Figura 45 - Motivos de definição de compra Fonte: Elaborado pelo Autor A Figura 45 apresenta os motivos geradores da compra na Deita e Dorme. A resposta mais considerada foi produto ser diferenciado com 85 pontos no total de importância, destacado no Quadro 12, seguido de qualidade dos produtos com 83 pontos, preço 78 pontos, entrega 68 pontos, segurança 64 pontos, parcelamento 52 pontos, e a opção outros com 11% indicada pelos consumidores o fato de ter um produto que as lojas físicas não têm. No agrupamento de importância 74% dos consumidores considerou muito importante para decidir sua compra o produto ser diferenciado, 21% considerou importante este mesmo quesito. Qualidade dos produtos teve 68% das respostas como muito importante e 26% importante. Preço teve 53% das respostas muito importante e 42% importante. Entrega, segurança e parcelamento tiveram menos importância na 97 definição da compra, mas também foram consideradas, com 47%, 53% e 32% das respostas como muito importante respectivamente. Os Quadros 21 a 27 apresentam os dados abertos da pesquisa quanto aos motivos geradores de compra na Deita e Dorme. Quadro 21 - Definição de compra - Produto diferenciado Produto Diferenciado Importância Frequência Representatividade Total Importância 0 0 0% 0 1 0 0% 0 2 1 5% 2 3 3 16% 9 4 1 5% 4 5 14 74% 70 100% 85 Total 19 Fonte: Elaborado pelo Autor Quadro 22 - Definição de compra - Qualidade dos produtos Qualidade dos Produtos Importância Frequência Representatividade Total Importância 0 0 0% 0 1 0 0% 0 2 1 5% 2 3 4 21% 12 4 1 5% 4 5 13 68% 65 100% 83 Total 19 Fonte: Elaborado pelo Autor Quadro 23 - Definição de compra - Preço Preço Importância Frequência Representatividade Total Importância 0 1 5% 0 1 0 0% 0 2 0 0% 0 3 4 21% 12 4 4 21% 16 5 10 53% 50 100% 78 Total 19 Fonte: Elaborado pelo Autor 98 Quadro 24 - Definição de compra - Entrega Entrega Importância Frequência Representatividade Total Importância 0 0 0% 0 1 3 16% 3 2 2 11% 4 3 4 21% 12 4 1 5% 4 5 9 47% 45 100% 68 Total 19 Fonte: Elaborado pelo Autor Quadro 25 - Definição de compra - Segurança na compra Segurança na Compra Importância Frequência Representatividade Total Importância 0 1 5% 0 1 5 26% 5 2 1 5% 2 3 1 5% 3 4 1 5% 4 5 10 53% 50 100% 64 Total 19 Fonte: Elaborado pelo Autor Quadro 26 - Definição de compra - Parcelamento Parcelamento Importância Frequência Representatividade Total Importância 0 6 32% 0 1 1 5% 1 2 0 0% 0 3 3 16% 9 4 3 16% 12 5 6 32% 30 100% 52 Total 19 Fonte: Elaborado pelo Autor 99 Quadro 27 - Definição de compra - Outro Outro (Produto que as lojas físicas não tem) Importância Frequência Representatividade Total Importância 0 17 89% 0 1 0 0% 0 2 0 0% 0 3 0 0% 0 4 0 0% 0 5 2 11% 10 100% 10 Total 19 Fonte: Elaborado pelo Autor Quanto à definição de compra destaca-se a qualidade e a diferenciação dos produtos Deita e Dorme, sendo que o parcelamento facilitado também apresenta um fator de definição de compra com grau elevado. Para esta etapa são consideradas opiniões contra e a favor de amigos e familiares, sendo que a satisfação é fundamental para isto. 76% dos clientes Deita e Dorme recomendariam a loja para um amigo ou parente e 84% recomendariam o produto vendido na loja, demonstrando altos níveis de aceitação que irão influenciar positivamente na definição de compra de um novo cliente, tendo em vista que consumidores satisfeitos poderão promover a loja indicando a compra na Deita e Dorme. 4.1.1.8 Dados de Identificação do Comportamento Pós Compra Figura 46 - Nível de satisfação - Recomendação da loja online Deita e Dorme Fonte: Elaborado pelo Autor 100 Com relação à satisfação, foi utilizado o conceito de NPS (Net Promoter Score) da Ebit com o agrupamento das respostas ocorridas, sendo as respostas de 0 a 6 os detratores, de 7 a 8 os passivos e de 9 a 10 os promotores da marca. Assim a Figura 46 mostra que a Deita e Dorme apresenta excelentes níveis de NPS, uma vez que 74% dos consumidores recomendariam a loja online para seus amigos ou colegas (promotores) e 26% talvez recomendasse (passivos). Deste modo o NPS da Deita e Dorme é 76%, nível muito acima da média nacional de NPS com 47% em 2013 (Figura 12). Figura 47 - Nível de satisfação - Recomendação do produto Deita e Dorme Fonte: Elaborado pelo Autor A Figura 47 apresenta o índice de satisfação do produto vendido pela Deita e Dorme, com número de promotores ainda é maior que a Figura 46. 84% dos consumidores recomendaria o produto adquirido na Deita e Dorme (promotor), sendo apenas 16% talvez recomendasse (passivos) e nenhum não recomendaria (detrator). Assim o índice NPS dos produtos da Deita e Dorme é de 84%. Figura 48 - Pós compra - Devolução ou troca Fonte: Elaborado pelo Autor 101 Os níveis de troca ou devolução da Deita e Dorme indicados na Figura 48, são muito baixos o que comprova sua porcentagem de NPS. Apenas 5% dos consumidores pensaram em trocar o produto adquirido, sendo que destes 100% conseguiu fazer a troca. Os demais 95% não pensou em trocar ou devolver o produto adquirido. A Figura 18 mostra que a intenção de troca nacional em 2013 foi de 40% das compras realizadas e a Figura 20 mostra que apenas 51% destes conseguiram realizar a troca. Assim sendo quanto à troca e devolução a Deita e Dorme apresenta índices positivos perante a média nacional. O comportamento pós compra do cliente Deita e Dorme teve bons resultados, percebendo os altos níveis de recomendação e satisfação, uma vez que a grande maioria recomendaria o site e os produtos Deita e Dorme, que apresentou 76% de NPS para a loja e 84% para os produtos, além dos baixos índices de intenção troca ou devolução, que comprovam a satisfação do consumidor. O cliente satisfeito poderá comprar novamente, e até mesmo atuar como um divulgador da marca. 102 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo do comportamento do consumidor Deita e Dorme fundamentou-se em uma pirâmide de conhecimento constituído pela pesquisa do comércio online, pelo estudo do comportamento do consumidor e pela pesquisa aplicada ao universo de consumidores específicos da empresa, formando uma estrutura para fundamentar a resposta da questão norteadora e para atingir o objetivo geral e os específicos, que são o motivo gerador deste estudo. Assim sendo e-commerce é um modelo de varejo que realiza operações de compra e venda no ambiente digital. Nesta classificação se enquadram as operações de venda B2C de produtos físicos da Deita e Dorme (Anexo A). O consumidor Deita e Dorme pratica uma compra refletida, pesquisando e avaliando o produto e a loja online antes de comprar. Então os estágios do processo de decisão de compra da Deita e Dorme se dividem entre Reconhecimento do Problema, Busca de Informações, Avaliação de Alternativas de Produto, Avaliação de Alternativas de Compra, Decisão de Compra e Comportamento Pós Compra. De modo a contemplar todas as etapas do processo. O cliente então identifica o problema por meio de estímulos internos de necessidade, como dormir melhor ou a chegada do frio, além de se preocupar com a decoração de seu quarto. Recebe também estímulos externos sendo impactado por divulgações na internet. O cliente busca preferencialmente informações na internet e considera muito importante o que é relatado no site da Deita e Dorme. Então percebe as peculiaridades dos produtos e da loja, identificando um produto diferenciado, de qualidade e exclusividade, pensando sempre nos benefícios advindos da compra, como: dormir melhor e melhorar a decoração de seu quarto. Com isto definido, analisam o site em si, suas formas de parcelamento e entrega, o que irá finalizar sua escolha por uma compra online. Por fim ao receber o produto apresentam elevado nível de satisfação, podendo até mesmo indicar o produto a outros clientes. Uma expectativa quanto ao mapeamento geral deste mercado foi criado sobre a possibilidade de um posicionamento incorreto da Deita e Dorme, fato que não se comprovou tendo em vista os altos níveis de aceitação da mesma. Para a Deita e 103 Dorme manter seu foco em qualidade e em produtos diferenciados será a grande métrica daqui em diante, explorando ainda mais o sentimento de necessidade de seus clientes, buscando deixá-los mais informados quanto ao produto a ser adquirido e a seriedade da empresa, tornando esta relação entre empresa e cliente de total confiança e satisfação. Este estudo evidencia a franca expansão do já expressivo mercado de venda online, extraindo o peculiar comportamento do consumidor da Deita e Dorme do centro deste universo, de modo a despir suas características e necessidades, fazendo com que a empresa tenha conhecimento e total capacidade para se posicionar adequadamente frente a seu público existente, além de potencializar a busca por novos consumidores, com meios e formas corretas de conquistá-los. 104 REFERÊNCIAS ALBERTIN, Alberto Luiz. Comércio eletrônico: modelo, aspectos e contribuições de sua aplicação. 6.ed. São Paulo: Atlas, 2010. BOONE, Louis E.; KURTZ, David L. 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