missão secreta dos templários - Revista Maçônica Virtual Arte Real

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A MISSÃO SECRETA DOS TEMPLÁRIOS
A ORDEM TEMPLÁRIA foi fundada em 1118 em Jerusalém por nove cavaleiros
franceses dirigidos por Hugo de Payens. Se autodenominavam “Os pobres Soldados
de Cristo do Templo de Salomão”, que, ante sua pobreza, o patriarca de Jerusalém,
Balduíno I, lhes cedeu como residência uma parte de seu palácio, anexo à mesquita
de Al-Aqsa e em cima das ruínas do templo de Salomão, incluindo as cavalariças, que
ainda hoje podem ser contempladas pelo visitante.
A razão aludida pelos nove cavaleiros em Jerusalém para a fundação da Ordem no
Reino Latino, foi supostamente a proteção dos peregrinos aos Santos Lugares, em
especial o caminho Jaffa-Ramleh-Jerusalém: “comprometeram-se a defender os
peregrinos contra os ladrões e malfeitores e a proteger os caminhos e a servir como
cavaleiros ao rei soberano”.
No ano de 1127 regressa Hugo de Payens e André de Montbard a Europa com o
propósito de formalizar a Ordem de acordo com as normas da Igreja de Roma.
Na verdade, encarregam Bernardo de Claraval, reformador do Cister e sobrinho de
André de Montbard, essa tarefa, obtendo o respaldo definitivo da Igreja no concílio de
Troyes no ano de 1128.
Não iremos analisar as mudanças econômicas e sociológicas que a Ordem produziu,
antes vamos destacar que em sua estrutura se produziu a integração da cavalaria e a
ordem sacerdotal. É também necessário ressaltar que o Templo que nasceu no
Oriente é uma criação original do Cristianismo do Ocidente.
Originariamente a Ordem era essencialmente monacal e copiada da ordem
cisterciense, seus integrantes, monjes-soldados, eram submissos a votos de
obediência, castidade e pobreza, e sua roupa era o hábito cisterciense de cor branca
com uma capa da mesma cor para os cavaleiros e o negro para os inferiores na
hierarquia, os quais o Papa Eugenio III lhes concedeu o uso da cruz vermelha que
exibiam os professos.
No período em que a Ordem Templária funcionou tanto no Oriente como na Europa
seu trabalho interno foi o estudo das religiões e tradições antigas, e sua principal
tarefa era obter o conhecimento e a preservação dos ensinamentos do mundo antigo.
Sem dúvida foi um ponto de ligação entre os mundos Ocidental e Oriental.
Nosso propósito não é o conhecimento de aspectos militares, sócio-culturais ou
econômicos que a Ordem Templária deixou, senão a formação de uma Escola de
Desenvolvimento Espiritual seguindo a antiga tradição Templária, através do
conhecimento das Escolas de Mistérios tanto do Ocidente quanto do Oriente. Mais do
que o estudo dos aspectos militares da antiga atividade Templária, nosso trabalho se
concentra no estudo das tradições, escolas iniciáticas e religiões antigas para poder
descobrir os pontos de união com as tradições perenes ocidentais e orientais, tanto
antigas como atuais.
AS CRUZADAS
As cruzadas foram um movimento que durou dois séculos, que oficialmente buscava
recuperar os Lugares Santos das mãos dos “Infiéis” muçulmanos e defende e proteger
os cristãos do Oriente. Esta chamada à luta foi realizada pelo Papa Urbano II no
Concílio de Clermont Ferrand (1095) e tiveram lugar entre os séculos XI e XIII.
Especificamente se pode determinar que como data de início a tomada da cidade
Jerusalém (1071) que se encontrava sob o domínio do Califado Fatimi do Egito. O fim
das Cruzadas ocorre com a tomada da cidade de Acre (1291) pela forças islâmicas.
Essas campanhas militares não foram só contra os muçulmanos, antes ao contrário,
contra cristãos dissidentes como os Cátaros, as forças oposicionistas políticas como
Frederico II, o ataque ao império cristão bizantino e aos povos pagãos da região do
Mar Báltico. De certa forma, os exércitos cruzados foram o braço armado da política
papal.
Em 1054 o Cristianismo sofre o cisma entre a Igreja de Roma e a Igreja Ortodoxa
grega. O surpreendente é que o Papa Urbano convoca as Cruzadas com o argumento
da defesa que se devia fazer dos cristãos do Oriente (ortodoxos gregos, armênios,
sírios, coptos, etc.), que perigavam ante a ameaça dos turcos Seljúcidas, que já
dominavam parte da Ásia Menor.
Desde os tempos primitivos da igreja cristã, seus fiéis visitaram seus santuários na
Palestina. Ao ocorrer a conquista desta pelos árabes (637), o Califa Omar permitiu que
os cristãos continuassem com suas práticas, sem dificultar em nenhum sentido a
devoção dos peregrinos, satisfazendo-se só com a imposição do tributo (Yiziah) para
as pessoas do Livro (Ahlul Al Kitab) que moravam no território islâmico.
Deve-se ressaltar a tradição islâmica na qual se relata que o califa Omar, sucessor de
Maomé, entrou em Jerusalém montado junto com um companheiro em um só cavalo,
questão que nos relatos se descreve como uma situação que se tornou confusa para
os cidadãos da Cidade Santa, já que não sabiam a quem render homenagens. Esse
fato explica o significado do sêlo templário de dois cavaleiros em um só cavalo.
O único antecedente de agressão aos cristãos se observou quando o califa Fatimi Al
Hakim, que era mentalmente insano para a lei islâmica, destruiu uma parte das
instalações do Santo Sepulcro (1010), que foi reconstruído pelos próprios
muçulmanos, que a seguir assassinaram Al Hakim.
Com relação à origem das Cruzadas, Franco Cardini nos diz:
“Para uns, foi somente a forma medieval de um inevitável conflito armado entre
Oriente e Ocidente. Segundo outros, nas Cruzadas deve-se ver a reação à agressão
muçulmana contra a Europa. Mas aqui a cronologia não se enquadra: em primeiro
lugar, os muçulmanos golpearam o mundo oriental muito mais que o ocidental; e,
segundo, o impulso expansionista do Islam, muito forte entre os séculos VII e X,
parecia esgotado aos fins do XI”.
Um dos motivos principais para o surgimento das Cruzadas foram as lutas internas
entre os reis europeus e as disputas religiosas. No fim, essas guerras foram
inevitáveis, já que ante às desordens e desvios da Igreja Católica Romana, o monje
dominicano Martin Lutero, escreve – no ano de 1517 – suas “Noventa e cinco Teses”,
nas quais expõe os erros da igreja medieval em relação à Fé cristã. Assim se iniciam
as modernas guerras religiosas no seio do Cristianismo – entre católicos e
protestantes -, que durariam séculos e ensangüentariam toda a Europa.
As Cruzadas (1095-1270) deveram seu nome à cruz que os soldados levavam no
peito como distintivo. Estas foram em número de oito, quatro na Palestina, duas no
Egito, uma em Constantinopla e uma no Norte da África.
A Europa padecia de escassez de alimentos que resultou, por vezes, na prática de
canibalismo, situação que desestabilizava o poder político e religioso, devido a que
muitas igrejas e monastérios foram roubadas e usurpadas em suas colheitas e
criações de animais. Essa questão se somou ao fervor religioso que deu o impulso
necessário ao povo para empreender a marcha para a Terra Santa. A conseqüência
foi de que a maior parte das pessoas empreendia a marcha para o Oriente Médio
morriam no caminho e muito poucos, os melhores preparados e alimentados,
chegavam ao destino para finalmente serem dizimados pelos exércitos Seljúcidas.
A primeira Cruzada (1095-1099) foi capitaneada por Pedro o Ermitão; o núcleo central
dessa cruzada foi outorgado a Godofredo de Bouillón.
Pedro o Ermitão, oriundo de Amiens, foi o primeiro a predicar a favor das Cruzadas
dentro dos escalões mais baixos. Antes de ser um personagem religioso havia sido
soldado, diferente dos recrutados que eram principalmente camponeses sem instrução
militar.
Pedro chegou à Palestina onde colaborou com Godofredo de Bouillón na tomada de
Jerusalém (1099), que foi realizada com um poderoso exército cristão formado em sua
maioria por nobres e militares franceses, normandos, italianos e alemães, belgas e
holandeses, calculando-se que só dez mil dos sessenta mil homens que lutaram
tinham o armamento adequado.
Essa vitória foi possível graças às disputas internas do mundo islâmico. Da parte dos
Seljúcidas estavam divididos entre Irã, Alepo e Damasco após a morte do Sultão Malik
(1092) e do Califado Fatimi do Cairo. Quando o islã se uniu é digno de nota ver o
retrocesso dos cruzados graças às figuras como Salah Ul Din (Saladino) e o Sultão
Baibars.
A segunda cruzada foi predicada por Bernardo de Claraval e dirigida militarmente por
Felipe IV da França e Conrado III, imperador da Alemanha.
A terceira cruzada foi dirigida por três reis: Ricardo Coração de Leão, rei da Inglaterra,
Felipe Augusto, rei da França e Frederico I Barba Ruiva, imperador da Alemanha.
A quarta cruzada foi organizada pelos venezianos contra a Constantinopla ortodoxa
grega, sede do Império Bizantino (1202-1204), com o objetivo de tomar o poder, na
qual os próprios cristãos assassinaram seus irmãos e saquearam Constantinopla.
A Cruzada contra os Cátaros (Puros) foi entre 1208 e 1224 no sul da França. Os
Cátaros ou Albigenses eram originários do condado de Tolouse com influência em
Provence e no Languedoc. Eram considerados pela Igreja Católica Romana como
hereges, já que eram gnósticos e maniqueístas, crenças que afirmam a existência de
um Deus do bem (pregado por Jesus Cristo no novo testamento) que dominava o
plano espiritual, e outro do Mal ((Yavé do antigo testamento) que exercia seu poder no
plano material e era representado pela Igreja Católica da época, que devia ser
derrubada.
Por sua vez, criam na reencarnação que dependeria do estado espiritual da pessoa,
portanto podia-se voltar como ser humano ou animal dependendo do estado evolutivo.
Para voltarem como humanos tinham que se desprender de todos os bens materiais e
levar uma vida casta, ascética e pura. Dividiam-se em dois graus: os simples crentes e
os denominados “Perfeitos” que tinham passado pelo rito do batismo do Espírito Santo
(Consolamentum).
O Papa Inocêncio III designou Simón de Monfort para realizar a cruzada contra os
albigenses, que foram aniquilados em suas fortalezas em Narbona, Montségur e
Béziers em 1244 pela recém criada Inquisição.
A sexta cruzada foi realizada por Andrés II da Hungria e Federico II da Alemanha.
A sétima e oitava cruzadas foram organizadas e dirigidas por Luis, rei da França, que
chegou até Chipre e depois desceu para o Egito, onde foi feito prisioneiro. Ao ser
liberado, organizou a oitava e última que dirigiu em Tunis, onde morreu devido à peste.
Nessa época o Islam vinha do período do Califado Omeya (659-750), seguido do
Abbasi (a partir de 750) e terminado no Califado de Córdoba (923-1031), três períodos
de esplendor, enquanto que na Europa Ocidental imperava uma época de obscuridade
cultural.
Isso demonstra a falta de consciência que se tinha da função científica e benfeitora
para o Ocidente que tinham tido os aportes do Islam. Nessa época, o Islam era uma
luz intelectual, transmitindo seus conhecimentos tanto em geografia, ótica, arquitetura
como em agricultura, medicina, filosofia, literatura, astronomia, náutica e álgebra, entre
outras. A seguir, como conseqüência do descobrimento de outras regiões
desconhecidas, o aporte do sistema decimal trazido da Índia ou o papel da China. É
de se destacar que a Europa conheceu o pensamento grego graças ao trabalho das
bibliotecas islâmicas de Toledo e Palermo.
Nas palavras de Muhammad Asad:
“O que os Árabes tinham feito não foi só ressuscitar a antiga ciência grega, tinham
criado um mundo científico próprio inteiramente novo, desenvolvendo meios de
investigação e filosofia até então desconhecidos. Tudo isso foi transmitido ao mundo
ocidental por diversos canais; e não foi exagerado dizer que a era científica moderna
em que vivemos atualmente não se iniciou nas cidades da Europa cristã, antes nos
centros da Cultura Islâmica de Damasco, Baghdad, Cairo, Córdoba, Nishapur e
Samarcanda”.
Na época das Cruzadas o mundo islâmico teve que enfrentar tanto os cruzados
europeus como os bizantinos e mongóis. Os turcos Seljúcidas dominaram desde 1038
até 1194. Sua estrutura era do tipo persa e com uma forma de governo militarizada
com soldados de todas as regiões da Ásia Menor.
O Vaticano finalmente pôs em relevo a riqueza do Islam e as possibilidades de diálogo
no texto conciliar „Nostra Aetate‟ (Nossa Época), elaborado no Concílio Vaticano II que
se verificou entre 1963 e 1965 o qual ficou estabelecido como Doutrina oficial da Igreja
Católica Apostólica Romana. No mesmo podemos ler:
“A Igreja vê também com apreço os muçulmanos e sua adoração ao único Deus
vivente e subsistente, misericordioso e todo-poderoso, criador do céu e da terra, que
falou aos homens e a cujos decretos ocultos procuram se submeter com toda a alma,
como se submeteu a Deus Abrahão, de quem a fé islâmica gosta de fazer referência.
Veneram Jesus como profeta, embora não o reconheçam como Deus; honram sua
Virgem Mãe, Maria, e às vezes também a invocam devotamente. Esperam, além do
mais, o dia do juízo, quando Deus recompensará a todos os homens uma vez que
tiverem ressuscitado. Apreciam, portanto, a vida moral e honram a Deus, sobretudo
com a oração, as esmolas e o jejum. Se no transcurso dos séculos surgiram não
poucas desavenças e inimizades entre cristãos e muçulmanos, o sagrado Concílio
exorta a todos a que, esquecendo o passado, procurem sinceramente uma mútua
compreensão e, atuando em comum, defendam e promovam para todos os homens a
justiça social, os bens morais, a paz e a liberdade”.
O Papa João Paulo II beijando um Corão
A MISSÃO SECRETA DOS TEMPLÁRIOS
“A partir desse momento necessitavam de uma organização forte e poderosa, para
que pudessem cumprir seu verdadeiro objetivo, que intuo era a formação de uma
Nova Ordem sobre a Terra, sob os mais puros ensinamentos do Cristo Redentor. Um
reinado ecumênico de paz e justiça”...”A transcendência da missão necessitou, sem
dúvida, da existência de Irmãos iniciados e Irmãos profanos. Uns e outros serviriam
para cumprir o objetivo e a nova cobertura da Ordem: As Cruzadas”.
Horácio Amadeo Della Torre
O Templo é fundado em 1118 em Jerusalém. Em 1127 graças à assistência de São
Bernardo de Claraval se organiza o Concílio de Troyes, é autorizada a fundação da
Ordem do Templo e se lhe outorga suas sessenta e oito regras que regerão sua vida
pública por quase dois séculos até sua dissolução simbólica em 1307 por parte do
papado, a queima de seu Grão-Mestre Jacques de Molay (18.03.1314) e sua
passagem posterior à clandestinidade e o trabalho encoberto até a atualidade,
trabalho que foi possível graças às regras e fins secretos da Ordem.
O Templo foi acusado em várias ocasiões por outras ordens cristãs devido sua relação
com os muçulmanos, que tinha como origem a admiração e respeito ante um
excelente adversário. Isso também foi possível porque os templários falavam o árabe
como língua habitual e conheciam perfeitamente as crenças deles.
Os denominados Turcopoles eram contratados pela Ordem como a força de Infantaria.
Não se pode esquecer que os templários eram cavaleiros e portanto careciam de
nobres que cumprissem a vital função dos infantes, que são, em qualquer guerra, os
que tomam o objetivo. Em um plano não tão difundido se relacionaram com os sufis
(Tariqah) e os intelectuais muçulmanos que eram protegidos em seus monastérios
(ribbats) pelo Templo.
O chefe dos Turcopoles era chamado Turcoplier e tinha como característica particular
reportar-se diretamente ao Grão-Mestre do Templo ou ao Marechal na Batalha. Esse
não é um dado menor porque demonstra que dentro de uma estrutura piramidal como
a Ordem do Templo, os turcopoles tinham privilégios ao poder se dirigir diretamente à
autoridade máxima, que por sua vez era a única que podia lhes dar ordens e puní-los.
Cada um dos altos oficiais do Templo (Grão-Mestre, Senescal, Marechal e
Comendador) tinha dentro do seu estado maior um funcionário turcopole, além de um
escriba árabe. O oficial turcopole o assessorava e o assistia em temas militares,
políticos, culturais e cabe suspeitar que compartiam informação que faziam as
diretivas da Ordem Interna e que teriam tido um importante grau de ingerência dentro
das decisões que tomavam os dignitários da ordem.
Cabe supor também que participavam da Ordem Interna os sábios judeus da Kabalah
e dessa forma estariam juntos os três credos monoteístas que derivam do mesmo pai
em comum: Abraão.
Com o tempo, os templários que eram originários da França se sentiram mais
próximos aos muçulmanos que eram seus vizinhos habituais e que por sua vez os
influenciaram com suas crenças, questão que fez o Templo se afastar da ortodoxia da
Igreja Católica.
Ao chegada Terra Santa a célula inicial que formaria os Pobres Cavaleiros de Cristo
se deu conta da inutilidade da Cruzada, já que o Islam e o Cristianismo tinham os
mesmos valores. Por isso é que os onze irmãos templários iniciais estiveram nove
anos vivendo na Terra Santa , sem entrar em combate.
Escudo da Ordem do Temple com a Mesquita de Al Aqsa
É surpreendente que grande parte dos historiadores considere que os “templários”
eram denominados dessa forma devido ao Templo de Salomão, lugar que lhes teria
dado o rei Balduíno II de Jerusalém. O Templo de Salomão não existia mais desde o
ano 70, só restavam suas ruínas devido à destruição que havia sofrido pelas forças do
imperador romano Tito. Séculos depois é que se construiu sobre essas ruínas a
Mesquita de Al Aqsa, que foi o lugar onde se albergaram os Templários e a qual lhe
devem seu nome e que por sua vez lhe revelaria o princípio arquitetônico que os
Templários utilizaram em suas construções que é a forma octogonal, desenho típico
da arte islâmica. Pelo dito, os templários se denominavam assim por ter sua base
central no „Templo da Rocha‟ (Al Aqsa Masyid).
Faz séculos que existe a crença de que a missão dos Templários era proteger a
linhagem de Cristo. Fala-se sobre o sangue do Homem, de Jesus, levado por Maria
Madalena em seu ventre em seu périplo de exílio, após a aparente crucifixão, que
termina no que hoje é a França. De dita estirpe provêem os Reis Merovíngios,
descendentes do Rei David, como o foi Jesus por parte de pai e mãe. Desses reis
descendem as casas européias reais de Lorena, Augsburgo e Borbón.
Quando se deram as lutas civis européias, nos séculos XVIII e XIX , houve uma série
de assassinatos de príncipes portadores dessa estirpe. Alguns descendentes
conseguiram emigrar para salvar seus filhos.
Entre os reis que foram educados por tutores Templários, se encontra Federico II
Hohenstaufen (1194-1250). Esse imperador alemão foi monarca do Sacro Império
Romano-Germânico, Alemanha, Sicília e Jerusalém. Filho de Henrique VI e da
imperatriz Constanza, com a morte de seu pai quando tinha três anos, sua mãe o leva
para viver no reino da Sicília, uma vez que ela era herdeira do reino normando, onde
morre a imperatriz um ano depois.
Devido à sua educação liberal e tolerante em Palermo, onde havia uma mistura entre
a cultura árabe e bizantina, diferente da dos reis do norte da Europa que deviam
seguir um estrito ensinamento católico, foi alternativamente inimigo do Papado e
defensor da Cristandade, questão essa que lhe custou ser excomungado duas vezes.
Embora tenha organizado a sexta Cruzada, foi ele que entregou por meio de um
acordo a cidade de Jerusalém ao Sultão do Egito Malik Al Qamil. Falava o latim, grego
e árabe com perfeição tendo dificuldades com o francês e o alemão, e
simultaneamente usava roupa islâmica em sua Corte real onde havia sábios de todas
as crenças, enquanto que sua guarda pessoal era formada em sua totalidade por
muçulmanos.
Piers Paul Read nos diz sobre o tema:
“O trato indulgente de Federico para com os muçulmanos de seu reino escandalizava
alguns de seus contemporâneos católicos, porém quase com toda a certeza provinha
tanto de considerações práticas como ideológicas: os Templários da Espanha, por
exemplo, permitiam aos muçulmanos praticar sua religião nas possessões templárias
como um incentivo para mantê-los no lugar”.
Seu espírito profundamente Templário, buscava unificar em sua pessoa a coroa de
toda a Europa. Juan Atienza afirma que através de uma negociação secreta (1228) as
Ordens Templária, Hospitalaria, Teutônica, Hassasin e outras haviam investido
Federico II como Imperator Mundi (Rei do Mundo), a seguir do que o coroaram como
rei de Jerusalém (1229).
Outro dado de transcendência é a conexão Cátara. Muitos imãos templários de ofício
e sargentos tinham escapado da Cruzada contra os Cátaros. Eles também levaram
suas doutrinas ao Oriente Médio e principalmente ao seio do Templo.
Os Cátaros não criam na divindade de Cristo, antes pelo contrário, que era um Profeta
elevado (à semelhança do Islam) que tinha vindo ao mundo para ensinar um caminho
espiritual de pureza. A Cruz era um objeto que rechaçavam por considerar que Jesus
não havia morrido dessa forma. Faziam que seus discípulos negassem a Cruz e com
ela o símbolo de Cristo, para adotar e seguir a figura de Jesus. Outra coincidência com
o Islam e o evangelho apócrifo de São Barnabé.
No julgamento do Templo se comprova que estes rechaçavam o símbolo da Cruz.
Eles criam que Jesus não havia morrido crucificado e que inclusive essa crença se
constituía em uma blasfêmia.
Os Templários consideravam que a Cruz simbolizava o homem (microcosmos), a cruz
templária representava os quatro elementos, que eram os que supostamente tinham
figurado como inscrição na Cruz de Cristo „I.N.R.I.‟, que se interpretou historicamente
como „Jesus Rei dos Judeus‟ mas que seu significado real era: lesbeschah (Terra),
Nour (Fogo), Ruah (Ar) e Iammin (Água). Com esse sentido, o Templo não estava
contra a Cruz, senão contra a imagem de Deus crucificado.
No julgamento do Templo, o cavaleiro templário Gaucemont confessou a adoração de
uma imagem que descreveu como „in figuram baffometi‟ termo que parece ser era de
uso habitual entre os Templários.
O famoso ídolo, descrito como uma cabeça barbada, denominada „Baphomet‟ que foi
uma das causas contra o Templo que se apresentou no julgamento contra a Ordem,
era uma deformação em dialeto occitano da palavra francesa „Mahomet‟ ou seja
Maomé. Isso demonstraria que os Templários superiores respeitavam o profeta
Maomé, em seu círculo mais íntimo.
Alguns autores discordam desse critério, porque consideravam o islã clássico ou Suni,
que não aceita o culto dos ídolos (Shirk). A isso se deve que fiquem óbvios o fato de
que os Hassasin eram muçulmanos „Sui Generis‟ da mesma forma que os Cátaros e
Templários o são no Cristianismo.
Outra interpretação poderia estar na deformação do título árabe de „Abu fi hamat‟ ou
Pai da Sabedoria como se designava os Mestres sufis, sábios islâmicos que estiveram
em estreito contacto com os cavaleiros templários.
Entre as causas que fundamentaram o rei Felipe o Belo e o Papa Clemente V para o
extermínio do Templo, estava a que reconhecia que os Templários tinham uma regra
secreta que era reservada para as mais altas autoridades e que diferia profundamente
da regra que havia estabelecido o Papado.
Em 1º de Dezembro de 1145, cai a cidade de Edesa em mãos islâmicas. O Papa
Eugênio III convoca todas as forças cristãs para uma terceira cruzada, que será
conduzida por Luiz VII da França.
Essa Cruzada termina em fracasso como também a expedição a Damasco, devido,
entre outras coisas, pelas intrigas e lutas internas entre o rei Balduíno III de Jerusalém
com sua mãe a rainha Melisenda, protegida do Templo, ao que se somou a disputa
entre o rei Luiz VII e sua mulher Leonor de Aquitânia. A culpa da perda de Damasco é
lançada sobre o Templo a que se lhe acusa de haver conspirado com os sultões Nur
Al Din e Unur.
Nas palavras de Fernando Ciez Celaya:
“Na Terra Santa os templários não só encontram o infiel contra o qual combater, senão
um marco adequado para entrar em contato com as doutrinas e filosofias próprias das
civilizações da Ásia Menor e do Oriente. Assim ocorre, na verdade, segundo muitos
autores, que atribuem aos templários do Templo um conhecimento e uma irmandade
deliberada com sufis e mais tarde cabalistas e inclusive com „ashashins‟. Essa teoria,
que se baseia num sincretismo entre as religiões monoteístas fundamentais e suas
respectivas tradições esotéricas – no que coincidem no fundo – faz suspeitar a muitos,
que os acusam de haverem-se contaminado, de seguir condutas permissivas com a
religião dos infiéis, precisamente com tudo o que foram chamados a erradicar”.
Com base nos relatos de Esquiu de Floryan e de Otto de Blasien, o ministro real
Guillermo Nogaret, trama a detenção dos cavaleiros Templários da França.
O último Grande Mestre do Templo é queimado vivo junto com outros cavaleiros na
presença do rei e do Papa. Antes de morrer grita ao rei Felipe que ele e seu vassalo (o
Papa Clemente) estariam juntos a Molay antes do transcurso de um ano na presença
do Tribunal Divino. Essa maldição se cumpre em menos de um ano a partir da morte
do último Grão Mestre e morre Felipe IV, o Belo, e o Papa Clemente V.
Os descendentes diretos de Felipe morrem no transcurso de catorze anos, e assim
fica a linhagem direta da família Capeto extinta. O último dos reis com esse sangue
morrerá em conseqüência da Revolução de 1789, seu nome era Luiz XVI.
Fato cheio de significados é que a família real de Luiz XVI é confinada na Torre do
Templo em Paris, a partir de onde é transportado para ser guilhotinado. Quando se
cumpre a sentença os relatos nos contam que um mestre construtor, maçon em
francês, saiu da multidão, tomou em suas mãos o sangue de Luiz XVI e dirigindo-se
ao povo disse: “Jacques de Molay foi vingado”.
Para finalizar a real missão do Templo, pode-se concluir com Martin Walter:
“Quais foram os objetivos daquela Ordem..? Evidentemente foram mais além de seu
papel de monjes-soldados, e o fizeram precisamente porque não desejavam tornar
público as diferenças de credo e concepções filosóficas nos campos de batalha,
embora fossem excelentes guerreiros. O contato com outras culturas, talvez mais
estreitamente do que se crê geralmente, os fez reparar que existem mais coisas que
unem os homens do que os separam... Quixotes de Cristo pelo desmesurado de seus
sonhos, perseguiram o impossível como fim último de suas atividades, a revitalização
do conceito de Império: um Ocidente e um Oriente Islâmico, integrados por uma
federação de Estados autônomos, sob a direção de dois chefes supremos, um dos
assuntos políticos e outro para os espirituais”...”O Templo defendeu a reconciliação
das grandes religiões (talvez buscava alcançar uma espécie de sincretismo?)
advogando pela criação de um duplo Conselho de Estado e de Igreja (de diversas
confissões). E eles seriam os garantidores do processo, pelo menos em sua fase de
transição, opondo-se aos abusos dos poderes políticos e econômicos”... “O que o rei
(Felipe IV da França) e um Papa (Clemente V) se esforçaram para enterrar sob as
cinzas das fogueiras – chega a afirmar o investigador e esoterista Saint Yves – era a
possibilidade de uma revolução política e o plano, todavia latente, de uma reforma
religiosa e social”.
CONCLUSÕES
Os Templários chegaram a combater, na Terra Santa, contra outras Ordens Cristãs,
de certa forma porque eles buscavam o diálogo como o Islam, diferentemente de
outras ordens que não haviam nascido como eles no Oriente Médio e não estavam
acostumados no trato e com os costumes dos nativos.
É assim como vemos porque essas duas Tradições se afastam do Islam e do
Cristianismo clássicos respectivamente. Buscavam um fim superior que era através
dessa união, preparar o terreno para o tempo da Parusia no qual Jesus Cristo,
reconhecido como Messias pelas duas crenças , governaria o mundo em comum que
adoraria ao mesmo e único Deus. Por isso foram sacrificados os Templários, sofrendo
toda classe de insultos, torturas e calúnias.
A união fraternal entre Cristianismo (Cruz Solar) e Islam (Crescente Lunar), ou seja um
Crislam que unirá as duas Tradições monoteístas mais fortes da terra. De outra parte,
nos encontramos com outro fim em comum entre os Hassasin e os Templários, o de
defender as linhagens sagradas para que possam governar tanto o Oriente como o
Ocidente permitindo que o mundo seja uma grande fraternidade.
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