• Estereótipos Podemos definir estereótipo como o conjunto de crenças e opiniões segundo as quais certos indivíduos possuem determinadas características simplesmente por pertencerem a um determinado grupo. Os estereótipos são crenças a propósito de caraterísticas, atributos e comportamentos dos membros de determinados grupos, são formas rígidas e esquemáticas de pensar que resultam de processos de simplificação e que se generalizam a todos os elementos do grupo a que se referem. Exemplos de estereótipos: “os futebolistas têm pouca cultura”; “o lugar da mulher é na cozinha”; “as loiras são burras”; “os alentejanos são preguiçosos”; “os médicos são dedicados”, etc. • Estereótipos e categorização Tal como na base das impressões, na base dos estereótipos está também um processo de categorização: colocamos os indivíduos que nos rodeiam em “gavetas”, o que nos permite, de uma forma rápida e económica, orientarmo-nos na vida social. Depois do estereótipo ser interiorizado é aplicado de uma forma quase mecânica. Uma categoria é estereotipada quando os elementos de um mesmo grupo partilham a convicção de que um ou mais traços particulares caraterizam as pessoas dessa categoria. • São visões rígidas e simplistas dos objectos em que incidem, referindo apenas os seus aspetos parcelares e caricaturas, isolados dos contextos complexos de que faziam parte. São esquemas unificadores dos seres de uma classe ou categoria que, apresentando os aspetos mais salientes, ignoram as diferenças. Os estereótipos ajudam na integração social dos indivíduos porque os identificam com determinados hábitos sociais e facilitam a acção de acordo com os padrões de conduta vigentes numa sociedade. Então, quando nos comportamos de acordo com os estereótipos, obtemos a aceitação social, pois agimos de acordo com o que está estabelecido. • De forma mais ou menos subtil, os meninos e as meninas são socializadas segundo estereótipos de género. • As funções dos estereótipos Os estereótipos têm duas funções: função sociocognitiva e função socioafectiva. O categorizar a realidade social permite-nos encarar eficazmente o mundo em que estamos inseridos, definindo o que está bem ou mal, o que é justo ou injusto, isto é, o que denominamos por função sociocognitiva. Por outro lado, a função socioafectiva relaciona-se com o sentimento de identidade social. Isto significa que, parte do que somos tem a ver com o facto de fazermos parte de determinados grupos sociais, o que nos leva a distinguirmo-nos dos outros que pertencem a grupos diferentes. • Segundo Maisonneuve, os estereótipos caraterizam-se por simplicidade (as imagens transmitidas pelo estereótipo são pobres), uniformidade (o estereótipo é uniforme num dado grupo), tonalidade afetiva (um estereótipo nunca é neutro: ou é favorável ou é desfavorável), durabilidade e constância (o estereótipo tem tendência a perpetuar-se no tempo, no interior do grupo que o partilha) e pregnância (o grau de adesão ao estereótipo varia de indivíduo para o outro, podendo ir desde uma adesão superficial a uma adesão profunda). • Preconceitos • Conceito formado antecipadamente e sem fundamento sério. Literalmente significa “pré-juízo”, “pré-julgamento”. É uma atitude geralmente negativa em relação a membros de um grupo resultante de um juízo desfavorável que foi prévia e infundadamente constituído. De um modo geral, o ponto de partida do preconceito é o estereótipo, exemplo: todos os alemães são prepotentes; todos os americanos são arrogantes; os ingleses são frios; os alentejanos são preguiçosos; os jovens são violentos, etc. Então, o preconceito é uma atitude que envolve um pré-juízo, na maior parte das vezes negativo, relativamente a pessoas e/ou grupos sociais. • Os preconceitos têm uma função principalmente socioafectiva, isto porque expressam um desejo de união e de protecção de um grupo social. Assumem, em geral, posições radicais contra um ou vários grupos. O preconceito é constituído por três componentes: componente cognitiva (ideias que se formulam acerca de membros de um grupo social); componente afectiva (sentimentos que se experimentam relativamente ao alvo do preconceito) e componente comportamental (predisposição para agir em relação a membros de um grupo social). O preconceito pode conduzir à discriminação, isto é, traduzir-se em comportamentos injustos que prejudicam os membros de um determinado grupo. • A discriminação designa o comportamento dirigido aos indivíduos visados pelo preconceito. Os preconceitos, muitas vezes, são acompanhados de hostilidade. Para Allport esta é aprendida socialmente. Apesar de, na base da discriminação ser o preconceito, não podemos confundir discriminação com preconceito. O preconceito é uma atitude e, por sua vez, a discriminação é o comportamento que decorre do preconceito. O tipo de discriminação está relacionado com o preconceito que lhe está subjacente. • Os comportamentos discriminatórios manifestam-se com mais intensidade em períodos de crise económica e social. A discriminação pode manifestar-se em diferentes níveis, podendo ir desde uma atitude de evitamento até comportamentos hostis e a agressões ao indivíduos e grupos visados. Segundo Allport, a hostilidade patente nos preconceitos pode assumir diversos graus: verbalização negativa (as pessoas só falam dos seus preconceitos com aqueles com que têm confiança, aos quais expressão as suas opiniões negativas); evitamento de relações (as pessoas furtam-se ao convívio com os elementos dos grupos hostilizados); medidas discriminatórias (as pessoas desses grupos são excluídos de determinados empregos, de morar em determinados bairros, de frequentar escolas, participar em determinados cargos, etc); agressão física (algumas vezes as pessoas discriminadas são também alvo de agressões); extermínio (liquidação dos sujeitos discriminados, massacres, linchamentos, genocídio étnico). • Quando ouvimos o termo discriminação associado ao termo positivo, refere-se às medidas que visam apoiar aqueles que sofrem a exclusão económica, física, social. As primeiras iniciativas ocorreram nos EUA, nos anos 50, em que minorias como os hispanos, os índios e os negros tiveram um tratamento preferencial nas áreas da educação, saúde e habitação. • Discriminação e auto-estima Na maioria das vezes, a discriminação tem um efeito negativo sobre a auto-estima dos discriminados. Depois de se debruçar sobre o funcionamento dos grupos sociais, Kurt Lewin considerava que as pessoas discriminadas interiorizavam o estatuto de vítimas, autodesvalorizando-se. É possível confirmar que, após vários estudos recentes, grupos frequentemente discriminados acabam por partilhar juízos negativos sobre si mesmos.