INSTITUTO AGRONÔMICO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA TROPICAL E SUBTROPICAL COROA-DE-CRISTO (Euphorbia milii Des Moulins) COMO PLANTA DE VASO CLAUDIA VAAMONDE VILLAR SIQUEIRA Orientadora: Dra. Arlete Marchi Tavares de Melo Co-orientador: Dr. Carlos Eduardo F. de Castro Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Agricultura Tropical e Subtropical Área de Concentração em Tecnologia de Produção Agrícola. Campinas, SP Fevereiro 2009 Ficha elaborada pela bibliotecária do Núcleo de Informação e Documentação do Instituto Agronômico S618c Siqueira, Claudia Vaamonde Villar Coroa-de-cristo (Euphorbia milii des Moulins) como planta de vaso / Claudia Vaamonde Villar Siqueira. Campinas, 2009. 51 fls. Orientadora: Arlete Marchi Tavares de Melo Co-orientador: Carlos Eduardo F. de Castro Dissertação (Mestrado em Tecnologia de Produção Agrícola) – Instituto Agronômico 1. Floricultura 2. Mercado de flores 3. Caracterização morfológica 4. Enraizamento 5. Avaliação fenotípica I. Melo, Arlete Marchi Tavares de II. Castro, Carlos Eduardo F. de III. Título CDD. 635.9 ...Foi quando levantei o olhar e vi um esquilo pular de uma grande árvore para outra. Pareceu-me que ele se lançava para um galho tão distanciado do seu alcance, que o salto seria um suicídio. De fato, errou o pulo, mas agarrou-se, ileso e tranqüilo, a outro ramo, alguns metros mais abaixo. Depois, subiu para o seu objetivo. Centenas de esquilos saltam desse jeito. Se não pretendem passar a vida na mesma árvore, eles têm de arriscar-se sempre e sempre... Por Lois Mattox Miller. iii À minha família, OFEREÇO Ao meu filho Bruno, DEDICO iv AGRADECIMENTOS - À Dra. Arlete Marchi Tavares de Melo e ao Dr. Carlos Eduardo Ferreira de Castro, pela orientação, dedicação, credibilidade e atenção em todos os momentos; - Ao professor Dr. Cristiano Andrade, pela colaboração e conhecimentos transmitidos em análises estatísticas; - Ao Instituto Agronômico, pela acolhida e oportunidade de realizar o curso de mestrado; - Aos docentes e funcionários da Pós-Graduação do IAC, pelos ensinamentos e apoio no decorrer do curso; - Aos amigos Valéria, Rebeca e José Rodrigues, pelo companheirismo, solidariedade, apoio e colaboração; - À Comunidade Santa Rita de Cássia, por permitir oficialmente a minha participação neste curso de mestrado e pela doação de vasos e composto orgânico, materiais imprescindíveis à execução deste trabalho. v SUMÁRIO ÍNDICE DE TABELAS ........................................................................................ ÍNDICE DE FIGURAS ......................................................................................... RESUMO .............................................................................................................. ABSTRACT .......................................................................................................... 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 2 REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................... 2.1 A Coroa-de-cristo e Seus Usos ....................................................................... 2.1.1 Origem e aspectos botânicos ........................................................................ 2.2 Planta de Vaso ................................................................................................. 2.3 Propagação por Estacas ................................................................................... 2.4 Substratos e Recipientes .................................................................................. 2.4.1 Substratos para o enraizamento .................................................................... 2.4.1.1 Tipos de substratos mais usados para a propagação ................................. 2.5 Critérios de Avaliação como Plantas de Vaso ................................................ 3 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................... 3.1 Etapa 1 - Caracterização Morfológica dos Acessos ........................................ 3.1.1 Características do caule ................................................................................ 3.1.1.1 Hábito de crescimento ............................................................................... 3.1.1.2 Ramificação do caule ................................................................................ 3.1.1.3 Diâmetro do caule ..................................................................................... 3.1.2 Características da folha ................................................................................ 3.1.2.1 Persistência e caducidade .......................................................................... 3.1.2.2 Tamanho da folha ...................................................................................... 3.1.3 Número de flores .......................................................................................... 3.1.4 Altura da planta ............................................................................................ 3.2 Etapa 2 - Enraizamento de Estacas ................................................................. 3.3 Etapa 3 – Adequação da Coroa-de-cristo para Cultivo em Vaso .................... 3.3.1 Avaliação do material vegetal ...................................................................... 3.3.1.1 Conjunto 1 ................................................................................................. 3.3.1.2 Conjunto 2 ................................................................................................. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 4.1 Caracterização Morfológica dos Acessos ....................................................... 4.2 Enraizamento de Estacas ................................................................................. 4.3 Adequação da Coroa-de-cristo para Cultivo em Vaso – Conjunto 1............... 4.3.1 Altura da planta ............................................................................................ 4.3.2 Número de brotações por planta .................................................................. 4.3.3 Persistência de flores e folhas ...................................................................... 4.4 Adequação de Coroa-de-cristo para Cultivo em Vaso – Conjunto 2 .............. 4.4.1 Condição fitossanitária e nutricional ............................................................ 4.4.2 Necessidade de condução ............................................................................. 4.4.3 Agressividade ............................................................................................... 4.4.4 Atratividade da flor ...................................................................................... 4.4.5 Preenchimento de vaso ................................................................................. 4.4.6 Atratividade da planta .................................................................................. 4.4.7 Avaliação geral ............................................................................................. 4.5 Considerações Finais ...................................................................................... 5 CONCLUSÕES ................................................................................................ 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................... vii viii ix x 1 2 2 2 4 4 8 9 10 11 13 13 13 13 14 14 15 15 15 15 16 16 19 19 19 19 22 22 27 31 31 33 37 39 39 41 41 42 43 43 44 47 49 50 vi ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1 Tabela 2 Tabela 3 Tabela 4 Tabela 5 - Tabela 6 Tabela 7 - Tabela 8 - Tabela 9 - Tabela 10 - Tabela 11 - Tabela 12 - Tabela 13 - Tipos de hábito de crescimento de genótipos de coroa-de-cristo (E. milii) com as respectivas notas e imagens ilustrativas................ 14 Número de flores por inflorescências de genótipos de coroa-decristo (E. milii) com as respectivas notas e imagens ilustrativas...... 15 Resultados da análise química do composto orgânico utilizado no experimento.Campinas, 2007............................................................ 18 Avaliação de genótipos selecionados de coroa-de-cristo (E. milii) cultivados em condição de vaso ....................................................... 20 Caracterização morfológica e nota respectiva de 67 acessos de coroa-de-cristo (E. milii), da coleção do Centro de Horticultura – IAC. Campinas, 2007 ....................................................................... 24 Descrição de genótipos de coroa-de-cristo (E. milii) com potencial para o cultivo em vasos, com base na caracterização morfológica .. 26 Quadrados médios da porcentagem de enraizamento e do comprimento de raiz de nove genótipos selecionados de coroa-decristo (E. milii) cultivados em areia e composto orgânico. Campinas, 2007 ................................................................................ 28 Quadrado médio do desdobramento de genótipos dentro de cada nível de substrato relativos à porcentagem de enraizamento e ao comprimento de raiz de nove genótipos selecionados de coroa-decristo (E. milii) cultivados em areia e composto orgânico. Campinas, 2007 ................................................................................ 28 Média geral de porcentagem de enraizamento e comprimento de raiz e médias de porcentagem de enraizamento e comprimento de raiz de nove genótipos selecionados de coroa-de-cristo (E. milii) cultivados em areia e composto orgânico. Campinas, 2007 ............ 29 Altura de planta aos 60 dias após o plantio de nove genótipos selecionados de coroa-de-cristo (E. milii) cultivados em dois tamanhos de vaso. Campinas, 2007.................................................. 32 Número de brotações por planta aos 60 e 120 dias após o plantio, de nove genótipos selecionados de coroa-de-cristo (E. milii) cultivados em dois tamanhos de vaso. Campinas, 2007 .................. 34 Quadrado médio das características avaliadas dos nove genótipos selecionados de coroa-de-cristo (E. milii) em condições de cultivo em dois tipos de vaso (vaso 20 e vaso 15). Campinas, 2008 ........... 39 Notas de nove genótipos selecionados de coroa-de-cristo (E. milii) como planta de vaso. Campinas, 2009 ............................................. 45 vii ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 Figura 2 Figura 3 Figura 4 - Figura 5 - Figura 6 - Figura 7 - Figura 8 - Figura 9 - Figura 10 - Figura 11 - Figura 12 - Figura 13 - Figura 14 - Figura 15 - Preparo das estacas de nove genótipos selecionados de coroa-decristo (E. milii) para plantio em dois tipos de substratos ................. Experimento de enraizamento de estacas de nove genótipos de coroa-de-cristo (E. milii) em areia e composto orgânico ................. Genótipos de coroa-de-cristo (E. milii) selecionados para avaliação de adequação para cultivo em vaso. Campinas, 2007 ...... Porcentagem de enraizamento e comprimento de raiz de nove genótipos selecionados de coroa-de-cristo (E. milii) cultivados em areia e composto orgânico. Campinas, 2007 ................................... Resposta diferenciada do genótipo 3 de coroa-de-cristo (E. milii) ao enraizamento de estacas em areia e composto orgânico. Campinas, 2007 ............................................................................... Altura da planta aos 60, 120 e 540 dias após o plantio, de nove genótipos selecionados de coroa-de-cristo (E. milii) cultivados em vasos 20 (A) e 15 (B). Campinas, 2008 ........................................... Número de brotações por planta aos 60 e 120 dias após o plantio, de nove genótipos selecionados de coroa-de-cristo (E. milii) cultivados em vasos 20 (A) e 15 (B). Campinas, 2008..................... Número de inflorescências por broto (A) e número de brotos por planta (B) aos 540 dias após o plantio, de nove genótipos selecionados de coroa-de-cristo (E. milii), cultivados em vaso 20. Campinas, 2008 ............................................................................... Número de inflorescências por broto (A) e número de brotos por planta (B) aos 540 dias após o plantio, de nove genótipos selecionados de coroa-de-cristo (E. milii) cultivados em vaso 15. Campinas, 2008 ............................................................................... Número de plantas com flores aos 60 e 120 dias após o plantio, de nove genótipos selecionados de coroa-de-cristo (E. milii), cultivados em vaso 20 (A) e vaso 15 (B). Campinas, 2008 ............. Número de plantas com folhas aos 60 e 120 dias após o plantio, de nove genótipos selecionados de coroa-de-cristo (E. milii), cultivados em vaso 20 (A) e vaso 15 (B). Campinas, 2008 ............. Número de botões por planta aos 540 dias após o plantio, de nove genótipos selecionados de coroa-de-cristo (E. milii). cultivados em vaso 20 (A) e vaso 15 (B). Campinas, 2008 .................................... Número de flores aos 540 dias após o plantio, de nove genótipos selecionados de coroa-de-cristo (E. milii), cultivados em vaso 20 (A) e vaso 15 (B). Campinas, 2008 ................................................. Condição fitossanitária e nutricional (A), necessidade de condução (B), agressividade (C), atratividade da flor (D), preenchimento de vaso (E) e atratividade da planta (F) aos 540 dias após o plantio, de nove genótipos selecionados de coroa-de-cristo (E. milii), cultivados em dois tipos de vasos. Campinas, 2008 ........................ Genótipos de coroa-de-cristo (E. milii) adequados ao cultivo em vaso 20 e vaso 15. Campinas, 2008 ................................................. 17 18 27 30 30 33 35 36 36 37 37 38 38 40 46 viii SIQUEIRA, Claudia Vaamonde Villar. Coroa-de-cristo (Euphorbia milii Des Moulins) como planta de vaso. 2009. 51 f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia da Produção Agrícola) – Pós-Graduação – IAC. RESUMO O trabalho teve por objetivos caracterizar morfologicamente, avaliar o enraizamento das estacas em substrato e selecionar genótipos com adequação para cultivo em vaso de 67 acessos da coleção de coroa-de-cristo (Euphorbia milii Des Moulins) do Centro de Horticultura – IAC, de forma a ampliar a oferta de produtos para o mercado de floricultura. A experimentação foi desenvolvida em três etapas sendo que, na primeira, fez-se a caracterização morfológica e a seleção dos melhores genótipos. Na segunda etapa, avaliou-se o enraizamento de estacas dos genótipos selecionados na primeira fase. Na terceira etapa, avaliaram-se os genótipos selecionados quanto à sua adequação como planta de vaso. Para a segunda e terceira etapas, adotou-se delineamento de blocos inteiramente casualizados, em fatorial 9x2 (genótipo x vaso; genótipo x substrato), com cinco repetições e cinco estacas por parcela na segunda etapa, e dez repetições e uma planta por parcela na terceira etapa. Como resultados da caracterização morfológica, selecionaram-se nove genótipos (3, 6, 36, 38, 52, 54, 58, 60 e 64) que, no conjunto dos parâmetros avaliados, apresentaram notas iguais ou superiores a sete. Na avaliação dos substratos (areia e composto), houve diferenças significativas entre os genótipos para porcentagem de enraizamento (destacando-se os acessos 52 em areia e 36 em composto orgânico). Houve ausência de interação entre os genótipos e os dois tipos de substrato utilizados. Não houve diferenças estatísticas entre os genótipos para comprimento de raiz entre os dois substratos. Na terceira etapa, verificou-se que os nove genótipos selecionados mostraram-se adequados para o cultivo em vaso, atendendo às características desejadas para essa finalidade. Palavras-chave: floricultura, mercado enraizamento, avaliação fenotípica. de flores, caracterização morfológica, ix SIQUEIRA, Claudia Vaamonde Villar. Crown-of-thorns (Euphorbia milii Des Moulins) as potted-plant. 2009. 51 f. Dissertation (Master in Tropical and Subtropical Agriculture) – Post-graduation – IAC. ABSTRACT The study aimed to characterize morphologically, to evaluate the rooting of cuttings in substrate and selecting genotypes with suitability for cultivation in pot of 67 accessions ofrom the collection of crown-of-thorns (Euphorbia milii Des Moulins) of the Centro de Horticultura - IAC, in order to expand the supply products to the market. The experiment was developed in three phases. In the first one it was carried out the morphological characterization and selection of the best genotypes using a note scale from 1 to 10. In the second phase it was evaluated the rooting cuttings of selected genotypes in the first phase. In the third stage were evaluated the genotypes selected for pots suitability production. For the second and third phases was used a completely randomized block design with factorial 9x2 (genotype x pot; genotype x substrate), with five replications and five cuttings per plot in the second phase, and ten replications, and one plant per plot in the third phase. As a result of the morphological characterization, nine genotypes were selected (3, 6, 36, 38, 52, 54, 58, 60 and 64) which showed notes equal to or greater than seven in all evaluated parameters. For substrates evaluation significant differences were found between genotypes for percentage of rooting (and the accesses 52 and 36 showed an outstanding performance in sand and organic compost cultivation, respectively). There was no interaction between genotypes and the two types of substrate used. There were not statistical differences between the genotypes for the root length for the two substrates. In the third phase, it was found that the nine selected genotypes showed to be suitable as potted-plant considering the desired characteristics for this purpose. Key words: floriculture, flower market, morphological characterization, rooting, phenotypic evaluation. x 1 INTRODUÇÃO O volume de negócios da floricultura nacional é expressivo e tem aumentado muito nos últimos anos, atingindo R$ 2 bilhões em 2007. Além de sua importância econômica, a floricultura brasileira ocupa 5.260 ha de área com o cultivo de flores e plantas ornamentais, distribuído em cerca de 3.500 propriedades rurais. A atividade é responsável por mais de 26.000 empregos diretos no campo e outros 40.000 nos demais elos de sua cadeia produtiva: fornecimento, distribuição, transporte, comércio varejista e arte floral. A floricultura se faz presente também nas exportações. Contribuiu, em 2007, com cerca de US$ 35,28 milhões na balança comercial brasileira (JUNQUEIRA & PEETZ, 2007). Na produção brasileira oriunda da floricultura, 60% são de flores de corte e os outros 40% representam as plantas ornamentais envasadas ou para jardins. As plantas comercializadas em vaso são classificadas como produto pronto para uso. Tem-se observado um aumento de consumo decorrente da maior vida útil das plantas nessa condição, bem como pelo potencial de exploração de maior gama de produtos. Desse modo, a introdução de novos produtos é de grande importância para a floricultura brasileira, pois cria novas opções de comércio e estimula o consumo. Entre as várias espécies que têm seu uso reconhecido ou potencial para o cultivo em vasos incluem-se aquelas da família Euphorbiaceae, dos gêneros Codiaeum (cróton), Jatropha e Euphorbia. O gênero Euphorbia é constituído de várias espécies, destacando-se E. pulcherrima Willd ex Klotz., a poinsétia ou bico-de-papagaio, utilizada como planta ornamental para jardins e como planta de vaso, e E. milii Des Moulins, a coroa-de-cristo, utilizada no Brasil apenas como planta ornamental para jardins, com a função de proteção e segurança, pelo fato de possuir muitos espinhos no caule (HUXLEY et al., 1999). No panorama mundial, o interesse por coroa-de-cristo para o cultivo em vasos tem crescido muito e novas cultivares são rotineiramente disponibilizadas, provenientes de cruzamentos naturais ou induzidos, nos Estados Unidos, Alemanha e Tailândia. Os programas de melhoramento voltados para essa espécie visam à obtenção de plantas com flores de cores diversas, compactas e eretas, uma vez que as cultivares mais disseminadas no mercado apresentam caules retorcidos que atingem entre 1,0 e 1,2 m de 1 altura, características pouco atrativas para o cultivo em vaso (MCLAUGHLIN & GAROFALO, 2002). No Brasil, o seu cultivo como planta de vaso é praticamente desconhecido, situação que pode ser atribuída a quase inexistente oferta de cultivares com características adequadas a esse emprego. O Centro de Horticultura, do Instituto Agronômico de Campinas, em 1987, por intermédio do pesquisador Luiz Antonio Ferraz Mathes, introduziu diversos genótipos de E. milii oriundos de viveiros dos Estados Unidos e da coleção de Roberto Burle Marx, localizada no Rio de Janeiro. Essa coleção foi identificada e vem sendo mantida em telado recoberto com tela branca. Nessas condições, ocorreram cruzamentos naturais originando novos genótipos que totalizaram 67 até 2006. Decorrente da importância que E. milii vem conquistando no mercado como planta de vaso e da necessidade constante de desenvolvimento de novos produtos para o mercado nacional, tem-se como objetivos desse trabalho: 1. Caracterizar morfologicamente os genótipos de coroa-de-cristo da coleção mantida no Centro de Horticultura, IAC. 2. Avaliar o enraizamento de estacas dos genótipos selecionados para produção em vaso, em substratos diferentes. 3. Selecionar genótipos com adequação para cultivo em vaso. 2 REVISÃO DE LITERATURA 2. 1 A Coroa-de-Cristo e Seus Usos 2.1.1 Origem e aspectos botânicos A coroa-de-cristo, nativa da Ilha de Madagascar segundo MCLAUGHLIN & GAROFALO (2002), é também conhecida popularmente no Brasil como “colchão de noiva”, “dois irmãos”, “bem-casados”, coroa-de-espinhos”, "martírios", "duas amigas", "coroa-de-nossa-senhora" entre outras denominações. Seu nome científico, Euphorbia milii, foi proposto por Des Moulins, sendo milii em homenagem ao Barão PierreBernard Milius, governador francês da Ilha de Bourbon, atual Ilha Reunião, que levou algumas dessas plantas para o Jardim Botânico de Bordeaux, em 1821. Euphorbia alude a Euphorbus, médico grego do rei Juba II (cerca de 50 A.C a 19 D.C) da Numidia, atual 2 Argélia. O rei Juba foi o primeiro coletor dessa suculenta, denominando-a Euphorbia. Existe uma lenda de que o caule dessa espécie foi usado em Cristo no momento da sua crucificação. Os caules dessa planta são flexíveis e podem ser interligados como uma coroa. Existem evidências de que espécies nativas de Madagascar tenham sido levadas para o Oriente Médio antes da época de Cristo. Ainda segundo MCLAUGHLIN & GAROFALO (2002), a espécie E. milii integra a família Euphorbiaceae que compreende, em diversos gêneros, mais de 2000 espécies. Os gêneros mais conhecidos da família são Euphorbia (poinsétia e coroa-decristo), Codiaeum (cróton), Ricinus (mamona), Hevea (seringueira) e Manihot (mandioca). A maioria das espécies distribuídas nos gêneros dessa família possui, em seus tubos lactíferos, uma seiva branca denominada látex (OMBRELLO, 2003). Esse látex pode produzir dermatite grave em indivíduos suscetíveis. Geralmente, se ingerido em grande quantidade, pode ser venenoso. No passado, apesar de suas propriedades tóxicas, foi utilizado para fins medicinais. O látex contribui também para a proteção das plantas contra inimigos naturais (OMBRELLO, 2003). Segundo HUXLEY et al. (1999), a coroa-de-cristo é classificada como arbusto perene, suculento e lactescente, podendo atingir 1,8 m de altura, muito ramificado, com ramos compridos e contorcidos, providos de numerosos espinhos, com até 3,0 cm de comprimento. É tolerante à seca e de fácil cultivo, sendo muito utilizada no paisagismo subtropical e tropical. O enfolhamento é iniciado nos ramos jovens e a planta pode desfolhar completamente em condições de estresse. Tem folhas alternas simples inteiras, obovadas e/ou espatuladas, glabras, membranosas e pecioladas, com até 3,5 cm de comprimento e 1,5 cm de largura. O seu florescimento é contínuo, ocorrendo praticamente o ano todo. As flores unissexuais estão reunidas em inflorescências tipo ciátio, longo-pedunculadas com brácteas de cores variadas, com até 12 mm de largura e invólucro campanulado com cinco glândulas apicais. Surgem geralmente nos ramos novos, sozinhas ou em pares (HUXLEY et al., 1999). No Brasil, a coroa-de-cristo é utilizada apenas em jardins pelo seu valor ornamental e por sua agressividade, que permite o seu uso como proteção de divisas. 3 2.2 Plantas de Vaso O sucesso comercial de uma nova planta envasada, não depende apenas de sua qualidade estética e da facilidade de produção, mas também da durabilidade de pósprodução, o que vai garantir a aceitação do produto pelo consumidor1. O cultivo de plantas em vasos depende de vários fatores a começar pelo melhoramento genético e seleção de materiais mais produtivos, resistentes a pragas e doenças, adaptados a diferentes climas e que garantam a introdução de novidades no mercado. Envolve o emprego de técnicas de produção, específicas para cada espécie, que vão desde estruturas especializadas ao uso de recipientes e substratos1. Em um mercado saturado por culturas tradicionais, espécies não usuais ou aquelas apresentadas de uma nova forma despertam a curiosidade e estimulam o consumo, o que faz da novidade um componente importante da estratégia de marketing1. 2.3 Propagação por Estacas Segundo MACLAUGHLIN & GAROFALO (2002), a coroa-de-cristo pode ser propagada por meio de sementes, enxertia e estaquia. A propagação via estaquia é relativamente fácil e rápida, sendo a mais utilizada. A estaca é a parte de um ramo, raiz ou folha que é retirada da planta original com a finalidade de gerar uma nova planta. Ela é colocada em algum tipo de substrato e onde formará raízes e crescerá, transformando-se em uma nova planta, geneticamente idêntica a planta que lhe deu origem. A multiplicação por estacas é um método útil de propagação de plantas que produzem ou não sementes, ou de espécies de plantas que são difíceis de serem obtidas por meio de sementes (HILL, 1996). Para as espécies que são facilmente propagadas, a estaquia apresenta diversas vantagens: necessidade de pouco espaço, obtenção de grande número de mudas (plantas) a partir de poucas matrizes; ser um método rápido, simples e barato e não exigir o uso de técnicas especiais como a enxertia, bem como a planta matriz ser reproduzida exatamente sem alterações genéticas (HILL, 1996). 1 GRAZIANO, T.T. Comunicação pessoal. 4 A condição nutricional da planta matriz e seu estado de sanidade são essenciais para o enraizamento. De acordo com PRESTON et al. (1953), há evidências de que o estado nutricional da planta matriz exerça influência sobre o desenvolvimento de raízes e ramos nas estacas dela originadas. A condição da estaca é dada pelos níveis de carboidrato e nitrogênio, ou relação entre carbono e nitrogênio. Essa relação é particularmente importante para estacas de plantas perenes ou decíduas, onde é imprescindível a existência de um elevado nível de produtos elaborados e um baixo nível de nitrogênio livre ou solúvel. Freqüentemente, os efeitos da nutrição de plantas matrizes no enraizamento de estacas são de difícil demonstração. Entretanto, um programa de adubação deve assegurar que a planta receba uma fertilização balanceada e que excesso de nitrogênio não seja aplicado no final do estádio de crescimento. O nitrogênio é exigido no início e e durante a fase de crescimento visando estimular e promover o desenvolvimento contínuo dos ramos. Deve ser ressaltado, contudo, que o enraizamento pode ser inibido se o nível de nitrogênio for muito alto. O potássio também assume grande importância na última fase do crescimento. Ainda segundo PRESTON et al. (1953), o material mais adequado para a confecção de estacas, pode ser determinado pela firmeza dos ramos, que indica o teor de carboidratos da planta. De modo geral, as plantas matrizes devem apresentar um vigoroso desenvolvimento e, por ocasião da retirada das estacas, não deve estar em fase de florescimento. Os fatores ambientais que afetam o enraizamento de estacas são a temperatura, a umidade, a luz e o ar. O enraizamento da maioria das estacas de espécies herbáceas e lenhosas é acelerado pelo calor, influência expressa na diminuição do tempo requerido para o processo e elevada porcentagem de raízes obtidas. Nos locais de enraizamento, temperaturas diurnas de 21-27 ºC e noturnas de 15 ºC são satisfatórias para promover o enraizamento na maioria das espécies. Contudo, temperaturas demasiadamente altas devem ser evitadas, pois estimulam o desenvolvimento das gemas antes do desenvolvimento das raízes provocando a perda de água pelas folhas (PRESTON et al., 1953). PRESTON et al. (1953) relata que o suprimento de água adequado e uniforme é essencial para o enraizamento. Além do suprimento uniforme de água para o substrato, a manutenção de alta umidade no ar é benéfica para o processo. A importância da umidade relaciona-se com sua influência na turgidez das estacas e com a eficiência das funções fisiológicas de absorção, translocação e fotossíntese. 5 Em todos os tipos de crescimento, a luz é de primordial importância por ser a fonte de energia para a fotossíntese. A intensidade de duração da luz deve ser de magnitude suficiente para que se produzam carboidratos em quantidade superior à usada pela respiração. De acordo com STOUTEMYER & CLOSE (1946), o fotoperíodo sobre o qual ocorre o enraizamento também tem efeito sobre a iniciação de primórdios radiculares, sendo os dias longos, os mais eficientes em promover a emissão de raízes. A época do ano em que são feitas as estacas também exerce influência no enraizamento devendo ser consideradas as estações de repouso ou estação de crescimento, conforme os hábitos da planta matriz. Estacas semi-lenhosas ou herbáceas podem ser preparadas durante a estação de crescimento, utilizando-se ramos túrgidos ou parcialmente maduros (STOUTEMYER & CLOSE, 1946). Além dos fatores ambientais, existem grandes diferenças entre espécies na capacidade de enraizamento de estacas, sendo vários os fatores que condicionam o êxito do processo. Segundo MACDONALD (1968), esses fatores podem ser divididos em dois grupos principais: - Os que ocorrem antes da obtenção das estacas (pré-remoção) como juvenilidade, condição fisiológica da planta matriz, localização das estacas na planta matriz, estiolamento e época do ano; - Os que ocorrem posteriormente à confecção de estacas (pós-remoção) como o manuseio, a polaridade e as lesões nos tecidos. O local de obtenção de estacas na planta matriz, segundo MACDONALD (1968), influencia a sua qualidade posterior, a capacidade de enraizamento e o hábito de crescimento da planta regenerada. O efeito mais acentuado correlato ao local de obtenção de estacas na planta matriz é visualizado na mudança de hábito resultante do padrão de crescimento subseqüente ao enraizamento da estaca em certas espécies. O fator juvenilidade aumenta do centro para a base das plantas matrizes, com estacas retiradas desses locais enraizarão mais facilmente. Entretanto, a qualidade dessas estacas poderá ser ruim se houver superbrotamento e falta de luz. Por outro lado, estacas obtidas de locais muito próximos ao solo se tornam mais suscetíveis a infecções por microorganismos. Em grande parte das plantas, segundo HARTMANN & KESTER (1975), a formação de raízes ocorre após a confecção das estacas. Em estacas caulinares herbáceas, a maioria das raízes adventícias origina-se em grupos de células de paredes finas ou parenquimotosas, que são capazes de se tornar meristemáticas. Nessas estacas, 6 essas células localizam-se superficialmente entre as faixas vasculares. As raízes iniciais constituem-se de pequenos agrupamentos de células meristemáticas que, por divisões contínuas, formam grupos compostos por pequenas células, que darão origem ao primórdio radicular através de processos de desenvolvimento. A divisão celular prossegue, com cada grupo de células formando estruturas da extremidade da raiz. O novo primórdio radicular forma um sistema vascular que se conecta com os feixes vasculares adjacentes. A extremidade da raiz cresce externamente através do córtex e da epiderme, emergindo do caule. Desse modo, em um ramo, as raízes adventícias se originam e crescem em direção ao exterior. Ao se tomar uma estaca pode-se ter grande diversidade de material abarcando desde ramos terminais bastante suculentos de crescimento do ano, até estacas lenhosas de muitos anos de idade. As estacas caulinares constituem o principal tipo de estaca e podem ser lenhosas, semi-lenhosas ou herbáceas. HARTMANN & KESTER (1976) relataram que as estacas lenhosas são facilmente preparadas, não perecem facilmente, podem ser armazenadas e transportadas para longas distâncias e quase não requerem equipamentos ou tratamentos especiais durante o enraizamento. O material de propagação deve ser oriundo de plantas sadias e vigorosas. Essas estacas são preparadas durante a estação de repouso vegetativo das plantas e devem incluir, no mínimo, dois nós. O tamanho da estaca varia de 0,15 a 1,00 m. A porção terminal da estaca deve ser descartada e a porção basal cortada em bisel. As porções central e basal fornecem as melhores estacas. As estacas semi-lenhosas são obtidas de ramos jovens, geralmente, durante o verão. As estacas possuem comprimento de 0,10 a 0,25 m, mantendo-se as folhas na sua porção terminal. Quando as folhas são muito longas, deverão ser cortadas ao meio, para se evitar a transpiração excessiva. Devem ser obtidas no período matutino para manutenção de turgidez (HARTMANN & KESTER, 1976). Segundo HARTMANN & KESTER (1976), as estacas herbáceas são comumente feitas para plantas suculentas. Normalmente, são obtidas de ramos em estado ativo de crescimento, exigindo manuseio rápido e cuidadoso por ocasião da coleta, do preparo e do plantio. Possuem de 0,15 a 0,30 m de comprimento, com manutenção das folhas da porção terminal. Sob condições adequadas, o enraizamento é rápido e em alta porcentagem. Algumas estacas herbáceas que apresentam exsudados devem ser mantidas em substratos secos por ocasião do plantio para evitar a incidência de microorganismos patogênicos. Um sombreamento de 70-80 % é muitas vezes exigido para assegurar o êxito do processo. São selecionadas durante a fase de 7 crescimento, anteriormente à intensiva lignificação dos tecidos. A propagação por estacas herbáceas é um método muito comum para a rápida multiplicação de espécies de fácil enraizamento. Cuidados especiais devem ser tomados com estacas herbáceas. A coleta deve ser feita nas primeiras horas do dia durante as épocas de temperatura mais baixa. No processo de confecção, é importante certificar-se da existência de, no máximo, duas gemas, responsáveis pelo crescimento e desenvolvimento subseqüente da espécie a ser propagada (HARTMANN & KESTER, 1976). As estacas de coroa-de-cristo, segundo MACLAUGHLIN & GAROFALO (2002) são preparadas com 7 a 10 cm, retiradas as folhas, submergidas em água para coagulação do látex e submetidas ao murchamento natural à sombra por 48 horas. Segundo SARDINHA (2008), as estacas devem incluir dois nós, sendo a parte basal da estaca logo abaixo do nó e a secção do topo deve ser de 1,3 a 2,5 cm acima do nó. 2.4 Substratos e Recipientes Os tipos de substrato e recipiente são fatores essenciais no crescimento das plantas. O substrato é extremamente importante, uma vez que as plantas têm seu sistema radicular limitado a determinado volume de meio, o qual deve permitir adequado crescimento e desenvolvimento das mesmas. Na tecnologia de produção em ambiente protegido para produção de mudas de qualidade, o substrato é insumo básico, usado em substituição do solo (KAMPF, 2002). Um substrato ideal seria um material que possuísse uma distribuição harmoniosa entre as fases sólida, líquida e gasosa, tendo o pH adaptado à cultura, com poder tampão razoável e constante. Além dos parâmetros físicos como densidade de volume, porosidade e curvas de retenção de água (FIRMINO, 2002), um bom substrato deve apresentar: alta capacidade de retenção de água; alto espaço de aeração, mesmo em estado de saturação hídrica; estabilidade de estrutura ao longo do tempo; alta capacidade de absorção; boa capacidade de tamponamento contra alterações do pH; ausência de pragas e agentes patogênicos (ROBER, 2000). GONÇALVES (1995) relatou que os substratos podem ser de origem animal (esterco e farinhas de sangue, chifre e cascas), de origem vegetal (xaxim, esfagno, turfa, carvão, fibra de coco e resíduos de beneficiamento como tortas, bagaços e cascas), de origem mineral (vermiculita, perlita, granito, calcário, areia, cinasita) e de origem 8 sintética (lã de rocha, espuma fenólica e isopor). Muitos materiais diferentes podem ser usados, como por exemplo, lodo de esgoto, composto orgânico, argila expandida, serragem e acículas de pinus. O uso de diferentes substratos, puros ou de misturas, fica a critério da disponibilidade, das propriedades físicas, peso e custo (STRINGHETA, 1995). Em cultivos sem solo, o maior problema agrotécnico é garantir o crescimento da parte aérea com volume restrito para o desenvolvimento do sistema radicular. O substrato serve pra fixar a planta, suprir suas necessidade de ar, água e nutrientes e controlar a microflora (STRINGHETA, 1995). Segundo SARDINHA (2008) as características de um substrato adequado aferem-se pelos parâmetros: deve ser leve para a facilidade do transporte, fixar a planta impedindo rupturas no sistema radicular, apresentar boa capacidade de drenagem e retenção de água (boa proporção entre matéria orgânica, areia e argila), conter nutrientes necessários para permitir um bom desenvolvimento e crescimento da planta e ser livre de patógenos e ervas daninhas. 2.4.1 Substratos para o enraizamento Segundo KAMPF (2002), a adequação do substrato é imprescindível para o sucesso do enraizamento de estacas. Apesar dos diversos tipos de substrato disponíveis, a própria literatura demonstra que os substratos que resultam em melhor enraizamento são aqueles compostos de areia, ou em alguns casos, de misturas. A porcentagem de enraizamento e a qualidade das raízes podem, muitas vezes, se relacionar diretamente com o próprio substrato. Na prática tem sido verificado que variações no desenvolvimento de raízes, concorrem para a elevação do custo do produto final, uma vez que estacas não enraizadas ou com desenvolvimento radicular insuficiente são descartadas (KAMPF, 2002). Diferentes materiais têm sido usados, alguns de forma isolada, e outros em combinação com um ou mais produtos alternativos. Os compostos usados no meio de enraizamento são normalmente de ocorrência natural, embora nos últimos anos tenha aumentado o interesse por produtos residuais ou supérfluos oriundos da atividade industrial (GONÇALVES, 1995). KAMPF (2002) relatou que substratos para enraizamento de estacas têm três funções principais: sustentar as estacas, proporcionar umidade e permitir a penetração de ar na porção basal das mesmas. 9 Um meio ideal de enraizamento é aquele que tem suficiente porosidade para permitir a boa aeração além de elevada capacidade de retenção de água, mas ao mesmo tempo em que seja muito bem drenado (STRINGHETA, 1995). O estado de sanidade do substrato também é um fator muito importante. Segundo STRINGHETA (1995), para a produção de raízes, é indispensável à existência de oxigênio no substrato, embora as exigências quanto a esse elemento variem em função das estacas. Devem ser considerados para a escolha de um substrato: custo, qualidade, estrutura física do substrato, possibilidade de combinação e padronização (SARDINHA, 2008). Ainda segundo STRINGHETA (1995), muitos materiais e misturas de diferentes fontes são úteis para a germinação de sementes e enraizamento de estacas. Para a obtenção de resultados adequados, as seguintes características devem ser observadas: a) O substrato deve ser suficientemente firme e denso para manter as estacas e sementes no local durante o enraizamento ou germinação. Deve reter umidade suficiente para que as irrigações não precisem ser constantes; b) deve ser poroso, para promover uma drenagem eficiente; c) precisa estar isento de sementes de ervas daninhas, nematóides e substâncias tóxicas; d) não deve ter elevado nível de salinidade; e) deve poder ser esterilizado sem que suas características sejam alteradas; f) precisa ter uma adequada disponibilidade de nutrientes; g) manutenção do pH entre 5,5 e 6,5. 2.4.1.1 Tipos de substratos mais usados para a propagação a) Solo: dá-se o nome de solo à camada da crosta terrestre que modificada de diversos modos nas suas propriedades físicas, e na sua composição química, fornece aos vegetais o suporte em que se firmam e o meio de onde, através de suas raízes, obtém as substâncias necessárias ao seu desenvolvimento. O solo é composto de materiais nos estados sólido, líquido e gasoso. Para um desenvolvimento vegetal adequado, esses materiais precisam se encontrar em proporções ideais. Compõem o solo as frações argila, silte e areia. As proporções da mistura desses elementos dão aos solos aptidões e propriedades diversas e facilitam a distinção de seus principais tipos. No solo arenoso 10 predomina a fração areia, existe baixa compacticidade, é altamente permeável à água e de drenagem fácil (HARTMANN & KESTER, 1976). b) Húmus: resulta da decomposição de materiais vegetais e animais sob a influência direta de temperatura elevada e livre contato com o ar. A formação de húmus é retardada pela ausência de umidade ou pela privação do ar. O húmus absorve e concentra facilmente o calor do solo e é muito fértil em razão da sua porosidade e natureza (HARTMANN & KESTER, 1976). c) Terra vegetal: obtida pela decomposição anaeróbica de vegetais em mistura com o solo (HARTMANN & KESTER, 1976). d) Esfagno: tem a propriedade de absorver e armazenar água. Utilizado principalmente para a alporquia (HARTMANN & KESTER, 1976). e) Vermiculita: possui elevada capacidade de retenção de água, mantendo o substrato sob condições ideais de umidade (HARTMANN & KESTER, 1976). f) Compostos: a reação do solo (ou pH) é a medida da concentração dos íons hidrogênio no solo. Embora não afete diretamente o enraizamento e emergência das plântulas, existe uma série de efeitos indiretos incluindo a disponibilidade de nutrientes às plantas jovens. O pH de 5,5 a 7,0 é considerado ideal para a maioria das plantas. Para elevar o pH é recomendado o uso de calcário (HARTMANN & KESTER, 1976). 2.5 Critérios de Avaliação como Plantas de Vasos São escassos os trabalhos publicados que explicitam o uso de critérios objetivos para a avaliação da aptidão de plantas ornamentais, quer como flor de corte, quer como planta envasada, ou para uso paisagístico. Até o início deste século, em sua maioria, os resultados publicados atestavam como um novo produto no setor de flores e plantas ornamentais, aquele que reunisse beleza. Uma vez que beleza é uma característica variável altamente subjetiva, outros indicadores mais objetivos devem ser propostos para avaliações de adequação de uso de plantas ornamentais. Entre estes atratividade e agressividade vem sendo utilizados por resultarem de algumas características mensuráveis. 11 Segundo FERREIRA (1986), atratividade é a qualidade do que é atrativo, daquele ou do que têm poder, eficácia e aptidão de atrair; que incentiva, excita, estimula e exerce fascinação; e agressividade é a qualidade do indivíduo agressivo, onde prevalece como componente a disposição para condutas hostis. Com base nestas definições, um trabalho pioneiro foi desenvolvido no Instituto Agronômico que propôs o uso de critério de notas para o estabelecimento de parâmetros objetivos de avaliação que incluíram características de caule e folha, de florescimento, de ocorrência de pragas e doenças, adaptação a condições diversas de cultivo e crescimento de plantas para definir o uso de espécies de Costus como plantas de vasos (GONÇALVES et al., 2005). 12 3 MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido no Centro de Horticultura, do Instituto Agronômico de Campinas, situado no município de Campinas, Estado de São Paulo, Brasil, na latitude 23°0'0"S, longitude. 47°8'0"W e, altitude de 780 metros acima do nível do mar. Os ensaios foram realizados em condição de ambiente protegido, em estrutura coberta com tela do tipo clarite 50 % e desenvolvidos em três etapas: caracterização morfológica dos acessos, enraizamento de estacas e adequação para cultivo em vaso. 3.1 Etapa 1 - Caracterização Morfológica dos Acessos A primeira etapa do trabalho foi constituída da caracterização morfológica de 67 genótipos de E. milii da coleção do Centro de Horticultura – IAC. Avaliaram-se características da planta relacionadas ao caule, às folhas, às inflorescências e à altura, atribuindo-se notas específicas e com pesos diferentes para cada observação. Por meio da avaliação do conjunto de características obteve-se, para cada genótipo, uma nota entre zero e dez, selecionando-se, para as etapas subseqüentes, aqueles com nota igual ou superior a sete e com hastes vegetativas suficientes para a retirada de estacas visando a produção de mudas homogêneas. 3.1.1 Características do caule Foram determinados e avaliados, em cada genótipo da coleção, o hábito de crescimento, as ramificações e o diâmetro. 3.1.1.1 Hábito de crescimento O hábito de crescimento foi considerado um parâmetro de observação seletiva para a condução de cultivo de coroa-de-cristo em vaso, eliminando-se aqueles genótipos que apresentaram caule prostrado, característica que dificulta o manuseio e a condução das plantas. Foi avaliado por meio de notas, utilizando-se o seguinte critério: nota 2,0 – ereto; nota 0,5 – semiprostrado; nota 0,0 – prostrado (Tabela 1). Os genótipos com caule semiprostrado, embora requeiram intervenções adicionais de condução, permaneceram no ensaio, sendo submetido às avaliações subseqüentes. 13 Tabela 1 – Tipos de hábito de crescimento de genótipos de coroa-de-cristo (E. milii) com as respectivas notas e imagens ilustrativas. Campinas, 2009. Hábito de crescimento Nota Prostrado 0,0 Semiprostrado 0,5 Ereto 2,0 Ilustração 3.1.1.2 Ramificação do caule A ramificação das plantas no vaso foi avaliada por meio de notas, utilizando-se o seguinte critério: nota 2,0 – ramificação a partir da base; nota 1,5 – ramificação no terço inferior; nota 0,0 – ramificação na parte apical. 3.1.1.3 Diâmetro do caule O diâmetro do caule das plantas foi avaliado por meio de notas, utilizando-se o seguinte critério: nota 1,5 – diâmetro de 1,1 a 2,5 cm; nota 1,0 – diâmetro de 0,1 a 1,0 cm; nota 0,0 – diâmetro maior que 2,5 cm. 14 3.1.2 Características da folha Foram avaliadas a persistência ou caducidade e o tamanho das folhas com pontuação correspondente. 3.1.2.1 Persistência e caducidade Foram avaliadas por meio de notas, atribuindo-se nota 0,0 quando caducas e nota 1,0 quando persistentes. 3.1.2.2 Tamanho da folha O tamanho da folha foi avaliado por meio de notas, utilizando-se o seguinte critério: nota 0,5 – folha maior que 1,5 cm; nota 0,0 – folha menor que 1,5 cm. 3.1.3 Número de flores Foi contado o número de flores distribuídas nas inflorescências, atribuindo-se notas conforme consta na Tabela 2. Tabela 2 - Número de flores por inflorescências de genótipos de coroa-de-cristo (E. milii) com as respectivas notas e imagens ilustrativas. Campinas, 2009. Número de flores Nota Até 8/inflorescência 0,0 Acima de 8/inflorescência 1,0 Ilustração 15 3.1.4 Altura da planta A altura da planta foi avaliada por meio de notas, utilizando-se o seguinte critério: nota 1,0 – altura da planta até 50 cm; nota 0,0 – altura da planta acima de 50 cm. 3.2 Etapa 2 - Enraizamento de Estacas No experimento da segunda etapa avaliou-se o enraizamento de estacas de nove genótipos selecionados dos 67 na etapa anterior, em dois tipos de substrato: areia lavada de rio e composto orgânico (resíduos de folhas e ramos). Avaliaram-se a porcentagem de enraizamento e o comprimento da raiz. A porcentagem de enraizamento foi obtida mediante a contagem do número de estacas enraizadas, em relação ao total de estacas plantadas. O comprimento foi mensurado utilizando-se régua graduada, e os dados foram apresentados em centímetros. As estacas de cada genótipo, conforme recomendação de HARTMANN & KESTER (1976), PRESTON et al. (1953) e STOUTEMEYER & CLOSE (1946), foram obtidas a partir do caule de plantas adultas e sadias e preparadas com 7 a 10 cm de comprimento de forma a conter dois nós (mínimo de duas gemas). As estacas foram preparadas com corte em forma de bisel, em sua porção basal, executado justamente abaixo do nó. A remoção do látex, inerente à espécie, foi realizada mergulhando-se as estacas em água por um 1 minuto para a sua coagulação. Subseqüentemente, as estacas foram submetidas à murcha natural, mantendo-as em local sombreado por 48 horas (Figura 1). 16 Figura 1 - Preparo das estacas de nove genótipos selecionados de coroa-de-cristo (E. milii) para plantio em dois tipos de substratos. Campinas, 2007. O plantio foi realizado em 28 de março de 2007, em vasos plásticos, de tamanho 15 (1,5 L), preenchidos com dois tipos de substrato: areia lavada de rio e composto orgânico. A análise química do composto orgânico mostrou a seguinte composição (Tabela 3). 17 Tabela 3 - Resultados da análise química do composto orgânico utilizado no experimento. Campinas, 2007. Determinação pH Nitrogênio total Umidade Carbono orgânico Relação C/N CTC CTC/C Valor 6,0 1% 45 % 15 % 18 % 300 20 Os vasos foram mantidos em bancadas, em telado coberto com clarite branco 50%. As estacas foram plantadas com leve inclinação. A irrigação, através de aspersão aérea, foi realizada duas vezes por semana (Figura 2). Figura 2 - Experimento de enraizamento de estacas de nove genótipos de coroa-de-cristo (E. milii) em areia e composto orgânico. Campinas, 2007. O delineamento foi o de blocos inteiramente casualizados, em fatorial 9x2 (genótipos x substrato), com cinco repetições e cinco estacas por repetição, perfazendo 50 estacas por acesso e 450 estacas no total. Aos 45 dias do plantio, em 12 de maio de 2007, foram avaliados a porcentagem de enraizamento e o comprimento da raiz. Os dados das avaliações foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5%. 18 3.3 Etapa 3 - Adequação da Coroa-de-cristo para Cultivo em Vaso A adequação do cultivo de coroa-de-cristo em condição de vaso foi avaliada utilizando-se plantas vigorosas enraizadas em composto orgânico obtidas no ensaio anterior dos genótipos 3, 6, 36, 38, 52, 54, 58, 60 e 64. Deu-se início a essa etapa em 12 de maio de 2007. O plantio das mudas, no centro dos vasos, uma por recipiente, foi realizado em vasos plásticos, de tamanhos 15 (1,5 L) e 20 (2,0 L), preenchidos com o mesmo composto orgânico utilizado na etapa anterior. No plantio, as mudas foram enterradas deixando-se 5 cm acima do nível do substrato. Os vasos foram mantidos em bancadas, em telado coberto com tela branca 50%. A irrigação, através de aspersão aérea, foi realizada duas vezes por semana. O delineamento adotado foi o de blocos casualizados, em fatorial 9x2 (genótipos x vasos), com 10 repetições, sendo uma planta por repetição, perfazendo 20 plantas por genótipo e 180 plantas no total. 3.3.1 Avaliação do material vegetal Foram realizados dois conjuntos de avaliações de características específicas, com os resultados do primeiro influenciando as análises do segundo. 3.3.1.1 Conjunto 1 Foram mensurados a altura da planta, o número de brotações por planta e a persistência de flores e folhas aos 60, 120 e 540 dias do plantio, em 12/07/07, 12/09/07 e 12/11/08. Para a avaliação da persistência de folhas, contou-se o número de plantas com folhas. Para a avaliação de persistência de flores, consideraram-se o número de flores abertas e o número de botões. Os dados de persistência de flores e folhas das três mensurações, e de brotação aos 540 dias foram analisados por meio de estatística descritiva. Os resultados foram mostrados por meio de gráficos de freqüência relativa dos dados, com valores médios o erro padrão. Os dados de brotação aos 60 e 120 dias e altura da planta das três mensurações foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste Tukey a 5%. 19 3.3.1.2 Conjunto 2 As avaliações foram iniciadas em 12 de maio de 2008, após 12 meses do plantio. O acompanhamento do desenvolvimento de cada genótipo foi realizado a cada 30 dias, nos meses de julho, agosto, setembro, outubro e novembro. Utilizaram-se os dados da ultima avaliação (novembro) para as análises estatísticas. As avaliações de adequação dos genótipos de coroa-de-cristo para cultivo em vaso consideraram os parâmetros: agressividade, preenchimento de vaso, atratividade das flores e da planta, necessidade de condução (podas e tutoramento) e condição fitossanitária e nutricional de cada indivíduo (Tabela 4). Para cada um dos parâmetros considerados, foi desenvolvido critério próprio de notas, variando de 1 a 10, representativo das ocorrências observadas em cada genótipo. As notas foram atribuídas por quatro avaliadores treinados para o propósito, que atuaram de forma independente. A nota final atribuída ao genótipo, no parâmetro considerado, foi o resultado da média das notas atribuídas por cada avaliador. Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste Tukey a 5%. Tabela 4 - Avaliação de genótipos selecionados de coroa-de-cristo (E. milii) cultivados em condição de vaso. Vaso: _____ Genótipo: _____ Altura da planta: _____ Flor: ( ) Presente ( ) Ausente N° de flores: _____ N° de flores/brotação: _____ Folhas: ( ) Presentes ( ) Ausentes N° de brotações: _____ Parâmetro Agressividade da planta Preenchimento de vaso Atratividade das flores Atratividade da planta Necessidade de condução Condição fitossanitária e nutricional Data: __________ Nota ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6 ( )7 ( )8 ( ) 9 ( ) 10 ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6 ( )7 ( )8 ( ) 9 ( ) 10 ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6 ( )7 ( )8 ( ) 9 ( ) 10 ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6 ( )7 ( )8 ( ) 9 ( ) 10 ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6 ( )7 ( )8 ( ) 9 ( ) 10 ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6 ( )7 ( )8 ( ) 9 ( ) 10 20 A atribuição de notas para cada parâmetro considerou um conjunto de indicadores descritos a seguir. a) Agressividade da planta: hábito de crescimento, número e posição das ramificações, diâmetro do caule, presença ou ausência de flores e folhas, tamanho das folhas, tamanho e quantidade de espinhos e altura da planta. Foram considerados mais agressivos os genótipos com notas baixas. b) Atratividade da inflorescência: número de inflorescências por planta, cor, forma e tamanho da flor. Foram considerados mais atrativos os genótipos cujas inflorescências obtiveram nota mais alta. c) Necessidade de condução: hábito de crescimento da planta, tipo de ramificação e altura da planta. Genótipos que receberam as notas mais baixas necessitam de condução das plantas. d) Condição fitossanitária e nutricional: sintomas de deficiência nutricional, incidência de pragas e ocorrência de doenças. Genótipos com as notas mais altas apresentaram melhor condição fitossanitária e nutricional. Quanto maior a nota, melhor é a condição da planta. e) Preenchimento de vaso: altura da planta, número e tipo de brotação, presença de folhas e flores, tamanho da folha e número de inflorescências. Consideraram-se mais adequados para cultivo em vaso os genótipos que receberam as notas mais altas. f) Atratividade da planta: agressividade, atratividade das flores, preenchimento de vaso, necessidade de condução, condição fitossanitária e nutricional e equilíbrio planta/vaso. Foram considerados mais atrativos os genótipos cujas plantas receberam notas altas. g) Avaliação geral: foram considerados adequados para o cultivo em vasos de tamanho 15 ou 20, os genótipos que se apresentaram pouco agressivos, com nenhuma ou pouca necessidade de condução, atraentes tanto quanto às inflorescências e à planta, com bom preenchimento do vaso e boa condição fitossanitária e nutricional. 21 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Caracterização Morfológica dos Acessos Os resultados obtidos referentes à caracterização morfológica dos 67 acessos avaliados quanto ao hábito de crescimento, tipo de ramificação, diâmetro do caule, persistência ou caducidade da folha e tamanho das folhas, número de flores por inflorescência e altura da planta são apresentados na tabela 5. Os genótipos 1, 4, 5, 9, 10, 11, 12, 13, 16, 18, 23, 26, 32, 45, 49, 59, 62 e 65, foram eliminados por apresentarem hábito prostrado, condição considerada como excludente para a recomendação de adequação da espécie para o cultivo e comercialização em vasos. Observou-se que os genótipos com hábito semiprostrado, quais sejam: 8, 17, 21, 25, 27, 33, 34, 35, 37, 40, 41, 42, 43, 47, 50, 56, 61,63 e 66, não obtiveram pontuação que permitisse a sua indicação para o cultivo em vaso. Para os genótipos com ramificação única ou basais atribuiu-se nota mais alta (2,0), uma vez que essa característica é essencial para o cultivo de coroa-de-cristo em vaso, influenciando positivamente a atratividade e minimizando a agressividade da planta. Atribuiu-se nota 0 aos genótipos, com ramificações bifurcadas na porção mediana ou ápice da planta, por ser, uma característica não desejável, diminuindo a atratividade e aumentando a agressividade da planta, que não fica contida nos limites da projeção do vaso. O diâmetro do caule entre 1,1 e 2,5cm, por proporcionar uma melhor sustentação da planta, foi considerado o ideal, atribuindo-se a nota maia alta (2,0). Para os genótipos que apresentaram diâmetro maior que 2,6 cm, quando se observa um desequilíbrio na relação planta-vaso, atribuíram-se nota 0, uma vez que há uma influencia direta desta característica na atratividade e agressividade, variáveis importantes à condução em vaso de coroa-de-cristo. Os genótipos que apresentaram persistência das folhas obtiveram nota 1 devido a esta característica proporcionar melhor e rápido preenchimento de vaso, bem como ser componente fundamental da atratividade. A nota 0 foi atribuída a genótipos sem folhas, uma vez que essa ausência contribui para salientar os espinhos e, portanto aumentam o aspecto agressivo das plantas. 22 Atribuiu-se para o tamanho das folhas maiores que 1,6cm nota 0,5, por conferir a planta maior valor ornamental, aumentando sua atratividade e favorecendo o preenchimento de vaso. Os genótipos que apresentaram quantidade de flores/inflorescência acima de 8 obtiveram notas 1 por serem mais atraentes devido a amenização da agressividade pertinente à coroa-de-cristo. Para os genótipos que apresentaram altura até 50 cm atribuiu-se nota igual a l, por ser uma característica desejável ao equilíbrio do conjunto planta–vaso. Plantas com altura superior a 50 cm, foram consideradas pouco adequadas para o cultivo em vasos 15 ou 20, recebendo nota 0. Obtiveram pontuação igual ou superior a 7, os genótipos 3, 6, 22, 28, 36, 38, 39, 44, 52, 54, 57, 58, 60 e 64, os quais foram selecionados para etapa 2. Com base nas avaliações efetuadas na etapa 1, foram selecionados para a etapa 2 do trabalho os genótipos 3, 6, 36, 38, 52, 54, 58, 60 e 64, descritos na Tabela 6 e que podem ser visualizados na Figura 3. 23 Tabela 5 - Caracterização morfológica e nota respectiva de 67 acessos de E. milii., da coleção do Centro de Horticultura – IAC. Campinas, 2009. (Continua). Genótipo Hábito de crescimento Diâmetro do caule (cm) Ramificação do caule Tamanho da folha (cm) Prostrado Semiprostrado Ereto No terço inferior A partir da base Na parte apical 0,1 a 1 1,1 a 2,5 > 2,5 0 0,5 2 0 1,5 2,0 0,5 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 - 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 - 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1,5 1,5 - 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 - 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 1,0 1,0 1,0 - Folha Número de flores Altura da planta (cm) < 1,5 > 1,5 Persiste nte Caduca Até 8 Acima de 12 Até 0,50 Acima 0,50 1,5 0 0,5 0 1 0 1 0 2 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 - 0 0 0 0 0 0 - 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 - 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1,0 1,0 1,0 - 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 - Nota Final Nota 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 24 25 26 27 28 29 30 31 0,0 4,0 9,5 0,0 0,0 7,0 6,0 1,0 0,0 0,0 0.0 0,0 0,0 5,5 6,0 0,0 1,0 0,0 6,0 6,0 1,0 7,0 6,0 1.0 0,0 3,5 7,5 6,0 3,0 3,0 Continua ... 24 Continuação... 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 0 0 0 0 0 0 - 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 - 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 - 1,5 1,5 1,5 - 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 - 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 - 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 - 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 - 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 00 0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 - 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2,0 2,0 2,0 - 0.0 3,0 5,5 4,0 7,0 1,0 7,5 7,0 6,5 6,5 1,0 2,0 7,0 0,0 5,5 1,0 5,5 0,0 2,0 3,0 9,0 4,5 7,0 3,0 1,0 7,5 7,0 0,0 7,0 4,5 0,0 1,0 7,0 0,0 1,0 6,5 25 Tabela 6 - Descrição de genótipos de coroa-de-cristo (E. milii) com potencial para o cultivo em vasos, com base na caracterização morfológica. Genótipo Descrição 3 Caule ereto e com ramificações a partir do terço inferior, diâmetro entre 1,1 e 2,5 cm e altura até 50 cm. Folhas maiores que 1,6 cm e persistentes. Flor de cor vermelho vivo, com tamanho maior que 3 cm. Apresenta até 8 flores por inflorescência. 6 Caule ereto e com ramificações a partir da base, diâmetro entre 1,1 e 2,5 cm e altura acima de 50 cm. Folhas maiores que 1,5 cm e persistentes. Flores de cor branca com miolo amarelo e tamanho entre 1 e 3 cm. Apresenta até 8 flores por inflorescência. 22* Caule ereto e com ramificações a partir da base, diâmetro entre 0,1 e 1,1 cm e altura acima de 50 cm. Folhas maiores que 1,5 cm e persistentes. Flores de cor vermelho intenso e tamanho acima de 3 cm. Apresenta mais de 8 flores por inflorescência. 28* Caule ereto e com ramificações a partir da base, diâmetro entre 0,1 e 1,1 cm e altura até 50 cm. Folhas maiores que 1,5 cm e caducas. Flores de cor vermelho vivo e tamanho entre 1 e 3 cm. Apresenta até 8 flores por inflorescência. 36 Caule ereto e com ramificações a partir da base, diâmetro entre 1,1 e 2,5 cm e altura acima de 50 cm. Folhas maiores que 1,5 cm e persistentes. Flores de cor creme com borda rosa e tamanho acima de 3 cm. Apresenta até 8 flores por inflorescência. 38 Caule ereto e com ramificações a partir da base, diâmetro entre 0,1 e 1,1 cm e altura acima de 50 cm. Folhas maiores que 1,6 cm e persistentes. Flores de cor vermelho vivo e tamanho acima de 3 cm. Apresenta mais de 8 flores por inflorescência. 39* Caule semiprostrado e com ramificações a partir da base, diâmetro entre 0,1 e 1,1 cm e altura até 50 cm. Folhas maiores que 1,5 cm e persistentes. Flores de cor vermelho e tamanho acima de 3 cm. Apresenta até 8 flores por inflorescência. 44* Caule ereto e com ramificações a partir da base, diâmetro entre 1,1 e 2,5 cm e altura até 50 cm. Folhas maiores que 1,5 cm e persistentes. Flores de cor creme com miolo e borda vermelhos e tamanho entre 1 e 3 cm. Apresenta até 8 flores por inflorescência. 52 Caule ereto e com ramificações a partir da base, diâmetro entre 1,1 e 2,5 cm e altura até 50 cm. Folhas maiores que 1,6 cm e persistentes. Flores de cor vermelho claro e tamanho entre 1 e 3 cm. Apresenta mais de 8 flores por inflorescência. 54 Caule ereto e com ramificações a partir da base, diâmetro entre 0,1 e 1,1 cm e altura acima de 50 cm. Folhas menores que 1,5 cm e persistentes. Flores de cor amarelo claro e tamanho maior que 3 cm. Apresenta até 8 flores por inflorescência. 57* Caule ereto e único com diâmetro entre 1,1 a 2,5 cm e altura acima de 50 cm. Folhas maiores que 1,5 cm e persistentes. Flores cor rosa intenso e tamanho entre 1 e 3 cm. Apresenta mais de 8 flores por inflorescência.. 58 Caule ereto e com ramificações a partir da base, diâmetro entre 1,1 a 2,5 cm e altura acima de 50 cm. Folhas maiores que 1,5 cm e persistentes. Flores de cor branca com miolo amarelo e tamanho entre 1 e 3cm. Apresenta até 8 flores por inflorescência. 60 Caule ereto e com ramificações a partir da base, com diâmetro entre 1,1 a 2,5 cm e altura acima de 50 cm. Folhas maiores que 1,5 cm e persistentes. Flores de cor branca com miolo amarelo e tamanho entre 1 e 3 cm. Apresenta até 8 flores por inflorescência. 64 Caule semiprostrado e com ramificações a partir da base, diâmetro entre 0,1 e 1,1 cm e altura acima de 50 cm. Folhas maiores que 1,5 cm e persistentes. Flores de cor vermelha com miolo amarelo e tamanho maior que 3 cm. Apresenta até 8 flores por inflorescência. * Descartados devido à impossibilidade de obtenção de material propagativo (estacas) em quantidade suficiente para atender as necessidades do trabalho. 26 Genótipo 3 Genótipo 6 Genótipo 36 Genótipo 38 Genótipo 52 Genótipo 54 Genótipo 58 Genótipo 60 Genótipo 64 Figura 3 - Genótipos de coroa de cristo (E. milii) selecionados para avaliação de adequação para cultivo em vaso. Campinas, 2007. 4. 2 Enraizamento de Estacas O resultado da análise de variância mostrou diferenças significativas entre os genótipos e que não houve diferença entre os substratos e nem interação entre os substratos e os genótipos no enraizamento das estacas de coroa-de-cristo, em areia e composto (Tabela 7). 27 Tabela 7 - Quadrados médios da porcentagem de enraizamento e do comprimento de raiz de nove genótipos selecionados de coroa-de-cristo (E. milii) cultivados em areia e composto orgânico. Campinas, 2007. Quadrado Médio Fonte de Variação GL Genótipo 8 Porcentagem de enraizamento (%) 4260,00* Comprimento de raiz (cm) 8,601284* Substrato 1 1604,44ns 4,710534ns Genótipo x Substrato 8 0364,44ns 2,334494ns Erro 72 0413,33 3,577812 * Significativo pelo teste Tukey (P<0,05) ns: não significativo O resultado da análise de variância do desdobramento de genótipos dentro de cada nível de substrato mostrou diferenças significativas entre os genótipos para porcentagem de enraizamento e diferenças não estatisticamente significativas para comprimento de raiz (Tabela 8). Tabela 8 - Quadrado médio do desdobramento de genótipos dentro de cada nível de substrato relativos à porcentagem de enraizamento e ao comprimento de raiz de nove genótipos selecionados de coroa-de-cristo (E. milii) cultivados em areia e composto orgânico. Campinas, 2007. Quadrado Médio Fonte de Variação GL Genótipo/areia 8 Porcentagem de enraizamento (%) 2215,56* Genótipo/composto 8 2408,89* Erro 72 413,33 Comprimento de raiz (cm) 6,164875ns 4,770904ns 3,577812 * Significativo pelo teste Tukey (P<0,05) ns: não significativo Os resultados obtidos quanto ao percentual de enraizamento de estacas dos nove genótipos de coroa-de-cristo selecionados visando adequação ao cultivo em vasos em dois substratos, podem ser observados na Tabela 9. 28 Tabela 9 - Média geral de porcentagem de enraizamento e comprimento de raiz e médias de porcentagem de enraizamento e comprimento de raiz de nove genótipos selecionados de coroa-de-cristo (E. milii) cultivados em areia e composto orgânico. Campinas, 2007. Porcentagem de enraizamento (%) Genótipo Comprimento raiz (cm) Média geral Areia Composto orgânico Média geral Areia Composto orgânico 3 54 BCD 40 BCb 68 ABCa 3,166 AB 2,720 Aa 3,620 Aa 6 36 D 32 Ca 56 BCa 4,570 AB 4,980 Aa 4,160 Aa 36 82 AB 76 Aba 88 Aa 4,183 A 4,200 Aa 5,430 Aa 38 48 CD 40 BCa 56 ABCa 3,466 AB 3,460 Aa 3,480 Aa 52 84 A 84 Aa 84 Aa 4,471 AB 4,320 Aa 4,620 Aa 54 42 D 48 ABCa 36 Ca 1,953 B 1,460 Aa 2,440 Aa 58 80 AB 80 ABa 80 ABa 4,585 AB 3,380 Aa 5,590 Aa 60 34 D 32 Ca 36 Ca 4,320 AB 4,640 Aa 4,000 Aa 64 74 ABC 64 ABCa 84 Aa 4,421 AB 4,450 Aa 4,390 Aa C.V. (%) Erro Padrão 34,270 47,730 9,921 0,598 Médias seguidas de mesma letra não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey a 5%. Letra maiúscula = desdobramento de genótipos dentro de cada substrato; Letra minúscula = desdobramento de substratos dentro de cada genótipo . Para porcentagem de enraizamento, os resultados mostraram respostas significativas ao nível de genótipos, destacando-se os genótipos 52 e 36, cultivados em areia e composto orgânico, respectivamente. Os genótipos 36 e 58, testados em areia, e os genótipos 52, 58 e 64, em composto orgânico, também apresentaram enraizamento superior a 70% (Tabela 9). Podem ser observadas na Figura 4 as diferenças de porcentagem de enraizamento de cada genótipo nos substratos utilizados. Observa-se, de modo geral, e excetuando-se o genótipo 54, que o uso de composto orgânico como substrato, favoreceu o enraizamento de estacas de coroa-decristo (Figura 4). Essa resposta parece ser proporcionada pela reação do genótipo às características físicas, como densidade, porosidade e capacidade de retenção de água e características químicas do substrato, conforme relatado por (FIRMINO, 2000). 29 100 areia composto Comprimento de raíz (cm) Porcentagem de enraizamento areia composto 6 80 60 40 20 5 4 3 2 1 0 0 3 6 36 38 52 54 58 60 64 3 6 36 Genótipo 38 52 54 58 60 64 Genótipo Figura 4 - Porcentagem de enraizamento e comprimento de raiz de nove genótipos selecionados de coroa-de-cristo (E. milii) cultivados em areia e composto orgânico. Campinas, 2007. A análise desdobramento de substrato dentro de cada nível de genótipo demonstrou aumento significativo de 28% no enraizamento das estacas do genótipo 3 Porcentagem de enraizamento com a utilização de composto orgânico como substrato, conforme expresso na Figura 5. 100 areia composto 80 60 40 20 0 areia composto Genótipo 3 Figura 5 - Resposta diferenciada do genótipo 3 de coroa-de-cristo (E. miili) ao enraizamento de estacas em areia e composto orgânico. Campinas, 2007. Os resultados apresentados evidenciam que não houve diferenças significativas entre os substratos, porém, o uso de composto orgânico favoreceu o enraizamento. Essas respostas parecem estar ligadas à disponibilidade de nutrientes no composto orgânico. 30 Também ficou evidente que as respostas ao enraizamento foram relacionadas às diferenças entre os genótipos. Essas diferenças podem ter sido promovidas por fatores nutricionais e genéticos, pressuposição baseada em MACDONALD (1986), que relatou a existência de grandes diferenças na capacidade de enraizamento de estacas de espécies diversas. Adicionalmente, os resultados obtidos confirmaram as informações de MACLAUGHLIN & GAROFALO (2002) de que a propagação por estacas é um procedimento relativamente fácil e rápido. A técnica de preparo de estacas, com 7 a 10 cm, submersão em água para a coagulação de látex e a murcha natural em sombra, recomendada por MACLAUGHLIN & GAROFALO (2002) e a confecção de estacas com um mínimo de dois nós conforme recomendação de SARDINHA (2008) mostrou-se adequada, visto o porcentual de enraizamento obtido. Os resultados referentes ao comprimento de raiz das estacas dos genótipos em estudo, conforme expressos na Tabela 9, mostraram respostas não significativas ao nível de genótipos, apresentando em areia, com o maior comprimento de raiz (4,98 cm), o genótipo 6, e em composto orgânico, o genótipo 58 (5,59 cm). Na Figura 4 podem ser observadas as diferenças de comprimento de raiz de cada genótipo, nos substratos utilizados. A análise de desdobramento de substrato dentro de cada nível de genótipo não demonstrou resposta significativa nos genótipos estudados. De forma geral, tanto o composto orgânico como a areia utilizada como substrato mostraram-se adequados ao enraizamento de estacas, proporcionando a obtenção de mudas com bom comprimento de raízes. Alguns efeitos benéficos do composto orgânico podem estar associados ao relatado por KAMPF (1995), STRINGHETA (1995), ROBER (2000), FIRMINO (2002) e SARDINHA (2008). 4.3 Adequação da Coroa-de-cristo para Cultivo em Vaso – Conjunto 1 4.3.1 Altura da planta Os dados referentes à altura da planta aos 60, 120 e 540 dias após o plantio podem ser observados na Tabela 10. 31 Esses resultados mostraram respostas significativas quanto aos genótipos selecionados e a influência do tamanho do vaso na altura da planta. Tabela 10 - Altura de planta aos 60 dias após o plantio de nove genótipos selecionados de coroa-de-cristo (E. milii) cultivados em dois tamanhos de vaso. Campinas, 2007. Altura da planta (cm) Genótipo 60 dias 120 dias Vaso 20 Vaso 15 540 dias Vaso 20 Vaso 15 Vaso 20 Vaso 15 3 10,3 Aa 8,6 Aa 12,0 Aa 10,0 Aa 28,3 Aba 22,9 ABb 6 5,5 Bb 10,1 Aa 04,5 Bb 11,4 Aa 28,6 Aba 28,0 Aa 36 10,8 Aa 9,7 Aa 12,2 Aa 12,1 Aa 32,9 Aa 24,2 ABb 38 7,3 ABa 8,1 Aa 08,7 ABa 09,5 Aa 28,2 Aba 20,0 Bb 52 9,8 Aa 8,5 Aa 09,0 Aa 10,5 Aa 11,3 Ca 11,3 Ca 54 9,2 Aa 9,3 Aa 11,2 Aa 11,5 Aa 34,1 Aa 29,3 Ab 58 8,1 ABa 8,5 Aa 10,2 ABa 10,5 Aa 31,4 Aa 23,4 ABb 60 7,9 ABa 8,5 Aa 08,2 ABa 10,1 Aa 32,3 Aa 26,7 Ab 64 8,8 ABa 9,3 Aa 09,3 ABa 10,6 Aa 23,5 Ba 18,4 Bb C.V. (%) Erro Padrão 28,7700 28,7700 18,2900 0,8000 1,1595 1,4611 Médias seguidas de mesma letra não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey a 5%. Letra maiúscula = desdobramento de genótipos dentro de cada vaso; letra minúscula = desdobramento de vaso dentro de cada genótipo. Aos 60 dias, os resultados do desdobramento de vaso demonstrou que houve diferença significativa no nível de vaso 20 apresentando-se os genótipo 6 e 36, com a menor e maior altura de planta (5,5 cm e 10,8 cm). No desdobramento de vaso dentro de cada nível de genótipo, os genótipos 6, 38, 54, 58, 60 e 64 mostraram maior altura de planta no vaso 15. A influência do tamanho de vaso dentro de cada nível de genótipo mostrou um aumento significativo de 4,6 cm na altura do genótipo 6 em vaso. Aos 120 dias, os resultados do desdobramento de genótipo dentro de cada nível de vaso mostroram diferença significativa no nível de vaso 20 destacando os genótipos 6 e 36 com a menor e maior altura de planta (4,5 cm e 12,2 cm) respectivamente. Observou-se uma diminuição da altura dos genótipos 6 e 52 aos 120 dias quando comparado aos 60dias. Este fato ocorreu devido à morte da brotação emitida anteriormente. Exceto para os genótipos 3 e 36, os demais apresentaram maior altura de planta em vaso 15. O desdobramento de vaso dentro de cada nível de genótipo 32 evidenciou o melhor desenvolvimento do genótipo 6 em vaso 15, observado na primeira avaliação, efetuada em julho de 2007. Aos 540 dias, a análise da altura média das plantas mostrou que os genótipos 54 e 52 atingiram a maior e menor altura respectivamente de 34,10 cm e 11,3 cm, ambos em vaso 20. Observou-se que houve diferença significativa quanto ao tamanho de vaso para esta característica, indicando que os genótipos atingiram maior altura em vaso 20. Para o desdobramento de genótipo dentro de vaso, não houve diferença na altura para os genótipos 6 e 52, em vasos 20 e 15. Observa-se, na Figura 6, as respostas dos nove genótipos selecionados quanto à altura da planta aos 60, 120 e 540 dias, em vasos 20 e 15, respectivamente. A 60 dias 40 120 dias 540 dias 30 20 10 0 3 6 36 38 52 54 58 60 64 Vaso 15 Altura da planta (cm) Altura da planta (cm) Vaso 20 B 40 30 20 10 0 3 6 36 38 52 54 58 60 64 Genótipo Genótipo Figura 6 - Altura da planta aos 60, 120 e 540 dias após o plantio, de nove genótipos selecionados de coroa-de-cristo (E. milii) cultivados em vasos 20 (A) e 15 (B). Campinas, 2008. Uma explicação para a maior altura da planta observada nos genótipos estudados, aos 540 dias em vaso 20, pode estar relacionada ao maior volume de substrato disponível, permitindo maior disponibilidade de nutrientes e desenvolvimento radicular, com reflexos benéficos diretos na parte aérea da planta. 4.3.2 Número de brotaçõs por planta Os dados referentes às brotações das plantas aos 60 e 120 dias após o plantio podem ser observados na Tabela 11. Os resultados de número de brotações por planta aos 60 e 120 dias mostraram respostas significativas quanto aos genótipos selecionados e a influência do tamanho do vaso nos genótipos selecionados. 33 Aos 60 dias, observou-se que o genótipo 36 (7,2 brotações/planta) e 64 (5,9 brotações/planta) apresentaram o maior número de brotações por planta em vaso 20 e vaso 15, respectivamente. O genótipo 38 apresentou o menor número de brotações por planta (0,3) nos diferentes tipos de vaso estudados. Aos 60 e 120 dias a análise do desdobramento de genótipo dentro de cada nível de vaso mostrou que houve diferenças significativas entre tamanho de vaso em relação ao número de brotações por planta. Tabela 11 - Número de brotações por planta aos 60 e 120 dias após o plantio, de nove genótipos selecionados de coroa-de-cristo (E. milii) cultivados em dois tamanhos de vaso. Campinas, 2007. Número de brotações/planta Genótipo 60 dias 120 dias Vaso 20 Vaso 15 Vaso 20 Vaso 15 3 1,70 BCa 1,40 BCa 3,20 Ba 2,00 Ca 6 0,60 C 1,85 BCa 0,60 Ba 2,60 BCa 36 7,20 Aa 1,50 BCb 8,30 Aa 4,10 BCb 38 52 0,30 Ca 1,90 BCa 0,30 Ca 3,80 ABa 0,90 Ba 7,30 Aa 0,80 Ca 8,30 Aa 54 4,70 Aa 3,20 ABCa 6,80 Aa 5,80 ABa 58 1,20 Ca 1,70 BCa 2,10 Ba 2,20 Ca 60 64 0,40 Ca 0,60 BCa 0,10 Ba 1,00 Ca 5,60 Aa 5,90 Aa 9,50 Aa 8,90 Aa C.V. (%) Erro Padrão 28,7700 61,2200 0,7373 0,8013 Médias seguidas de mesma letra não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey a 5%. Letra maiúscula = desdobramento de genótipos dentro de cada substrato; letra minúscula = desdobramento de substrato dentro de cada genótipo. A influência do tamanho de vaso dentro de cada nível de genótipo mostrou um aumento significativo de 5,7 brotações/planta do genótipo 36 em vaso 20 aos 60 dias e 4,2 brotações/planta em vaso 15. O genótipo 64, em vaso 20 e vaso 15, destacou-se com 9,5 brotações por planta e 8,9 brotações/planta, respectivamente. Os genótipos 60 e 38 apresentaram os menores valores em vaso 20 e 15, com 0,1 e 0,8 brotações/planta, respectivamente. 34 Observa-se, na Figura 7, as respostas dos nove genótipos selecionados quanto ao número de brotações por planta aos 60 e 120 dias, em vaso 20 e vaso 15, respectivamente. Figura 7 - Número de brotações por planta aos 60 e 120 dias após o plantio, de nove genótipos selecionados de coroa-de-cristo (E. milii) cultivados em vasos 20 (A) e 15 (B). Campinas, 2008. Aos 540 dias, juntamente com o número de brotações por planta, foi avaliado o número de inflorescências por broto. De acordo com os resultados estatístico-descritivos mostrados nas figuras 8 e 9, todos os genótipos emitiram brotações. Os genótipos 52 e 64 emitiram alto número de brotações (mais que 10 brotações), em vasos 20 e 15, e ambos apresentaram o menor número de inflorescências/broto (1,0). Os genótipos 58 e 60 apresentaram respostas semelhantes em ambos os tamanhos de vaso com relação ao número de brotos por planta sendo que o número de inflorescências do genótipo 60 foi superior em vaso 15 (3,9 inflorescências) e o genótipo 58 mostrou valores próximos em ambos os tipos de vaso. O genótipo 38, em vaso 20, e o genótipo 36, em vaso 15, apresentaram a maior quantidade de inflorescências por broto, respectivamente de 5,1 e 4,3 inflorescências (Figuras 8 e 9). O genótipo 3 apresentou, em vaso 15, o menor número médio de brotações por planta (1,6) e média de 3,6 inflorescências/broto. Em vaso 20, o menor número médio de brotações foi observado nos genótipos 58 e 60, com 3,3 e 2,7 brotações/planta e apresentando média de 2,0 e 3,6 inflorescências/broto, respectivamente (Figuras 8 e 9). 35 Comparando-se inflorescências/broto com número de brotações emitidas por cada genótipo, conforme figuras 8 e 9, observa-se que, em vaso 20, o genótipo 38 apresentou maior número de inflorescências com o menor número de brotações. Em vaso 15, os genótipos 52 e 64 apresentaram o menor número de inflorescências (1,0) com o maior número de brotações (11,0). Vaso 20 Vaso 20 A N° de brotos/planta N° de inflores./broto 6 4 2 0 3 6 36 38 52 54 58 60 B 12 10 8 6 4 2 0 3 64 6 36 38 52 54 58 60 64 Genótipo Genótipo Figura 8 - Número de inflorescências por broto (A) e número de brotos por planta (B) aos 540 dias após o plantio, de nove genótipos selecionados de coroa-de-cristo (E. milii) cultivados em vaso 20. Campinas, 2008. A 6 4 ' 2 0 3 6 36 38 52 54 58 60 Genótipo 64 B Vaso 15 N° de brotos/planta N° de inflores./broto Vaso 15 12 10 8 6 4 2 0 3 6 36 38 52 54 58 60 64 Genótipo Figura 9 - Número de inflorescências por broto (A) e número de brotos por planta (B) aos 540 dias após o plantio, de nove genótipos selecionados de coroa-de-cristo (E. milii) cultivados em vaso 15. Campinas, 2008. Face aos resultados obtidos, indubitavelmente, o número de brotos por planta é uma característica associada ao genótipo, tendo pouco significado o tamanho do recipiente utilizado para seu cultivo. 36 4.3.3 Persistência de flores e folhas Pela freqüência dos dados observa-se que o florescimento do genótipo 64 manteve-se constante para os meses de julho e setembro em ambos os tipos de vaso e que o número de plantas com folhas do genótipo 6 foi maior em vaso 15, provavelmente relacionado a maior emissão de brotos deste genótipo nesta condição (Figuras 10 e 11). A 60 dias 12 120 dias 8 4 0 3 Vaso 15 N° de plantas com flores N° de plantas com flores Vaso 20 B 12 8 4 0 6 36 38 52 54 58 60 64 3 Genótipo 6 36 38 52 54 58 60 64 Genótipo Figura 10 - Número de plantas com flores aos 60 e 120 dias após o plantio, de nove genótipos selecionados de coroa-de-cristo (E. milii), cultivados em vaso 20 (A) e vaso 15 (B). Campinas, 2008. A 60 dias 12 120 dias 8 4 0 3 6 36 38 52 54 58 60 64 Genótipo Vaso 15 N° de plantas com folhas N° de plantas com folhas Vaso 20 B 12 8 4 0 3 6 36 38 52 54 58 60 64 Genótipo Figura 11 - Número de plantas com folhas aos 60 e 120 dias após o plantio, de nove genótipos selecionados de coroa-de-cristo (E. milii), cultivados em vaso 20 (A) e vaso 15 (B). Campinas, 2008. 37 Observa-se nas Figuras 12 e 13 que o genótipo 64 apresentou o maior número de botões e flores abertas em ambos os tamanhos de vaso, demonstrando equilíbrio no florescimento e aumentando a atratibilidade e diminuindo a agressividade da planta. Vaso 15 A N° de botões/planta N° de botões/planta Vaso 20 15 10 5 0 3 6 36 38 52 54 58 60 B 15 10 5 0 3 64 6 36 38 52 54 58 60 64 Genótipo Genótipo Figura 12 - Número de botões por planta aos 540 dias após o plantio, de nove genótipos selecionados de coroa-de-cristo (E. milii), cultivados em vaso 20 (A) e vaso 15 (B). Campinas, 2008. Vaso 15 A N° de flores/planta N° de flores/planta Vaso 20 15 10 5 0 3 6 36 38 52 54 58 60 64 B 15 10 5 0 3 6 Genótipo 36 38 52 54 58 60 64 Genótipo Figura 13 - Número de flores aos 540 dias após o plantio, de nove genótipos selecionados de coroa-de-cristo (E. milii), cultivados em vaso 20 (A) e vaso 15 (B). Campinas, 2008. Comparando o florescimento entre os vasos (Figuras 12 e 13), observou-se uma maior formação de inflorescências em vaso 20, provavelmente relacionada à altura de planta e ao número de brotações/planta, a qual foi maior em vaso 20, fato que pode estar relacionado com a disponibilidade de nutrientes do substrato. 38 4.4. Adequação de Coroa-de-cristo para Cultivo em Vaso – Conjunto 2 Os resultados observados para os parâmetros: agressividade, preenchimento de vaso, atratibilidade das flores e da planta, necessidade de condução e condições fitossanitárias. mostraram respostas significativas quanto aos genótipos selecionados, ao tamanho de vasos e a influência do tamanho do vaso com os genótipos selecionados (Tabela 12). A significância do quadrado médio do tamanho de vaso e interação genótipo x vaso indicam que todas as características estão envolvidas na adequação de E. milii como planta de vaso, exceto para vaso com relação à atratividade da planta. Tabela 12 - Quadrado médio das características avaliadas de nove genótipos selecionados de coroa-de-cristo (E. milii), cultivados em dois tipos de vaso (vaso 20 e vaso 15). Campinas, 2008. Fonte de Variação Genótipo GL 8 Quadrado Médio1 CF NC AP AF PV AG 20,18500* 14,20101* 7,45139* 05,83347* 07,09360* 14,74364* ns 33,62689* 10,75556* 22,68450* Vaso 1 16,50139* 48,98450* 0,52272 Genótipo x Vaso 8 03,59639* 02,25962* 2,04547* 02,82589* 02,71568* 02,08350* 162 00,04897 00,27350 0,23352 00,10669 00,05294 00,16345 Erro 1 CF = Condição fitossanitária e nutricional; NC = Necessidade de condução; AP = Atratividade da planta; AF = Atratividade da flor; PV= Preenchimento de vaso e AG = Agressividade da planta. * Significativo pelo teste Tukey (P<0,05). ns: não significativo. 4.4.1 Condição fitossanitária e nutricional O desdobramento de genótipo dentro de cada vaso permite observar a superioridade, quanto à condição fitossanitária e nutricional, do genótipo 64 em relação aos demais, em ambos os tamanhos de vaso. O genótipo 58 obteve nota 5,3 sendo a menor pontuação em vaso 15 (Figura 14 A) Os genótipos 36 e 54; 3, 6 e 38; 38 e 52 são semelhantes entre si em condição de vaso 20 e os genótipos 64 e 54; 54 e 3; 6, 38 e 52 são semelhantes em condição de vaso 15. 39 Condição fitossanitária e nutricional Necessidade de condução A 10 Vaso 20 B 10 Vaso 15 8 Nota Nota 8 6 6 4 4 2 2 0 0 3 3 6 36 38 52 54 58 60 6 36 38 64 52 54 58 60 64 Genótipo Genótipo 10 8 6 4 2 0 8 6 4 2 0 3 6 36 38 52 54 58 60 64 3 6 36 Preenchimento de vaso Nota 6 36 38 52 54 52 54 58 60 64 Atratividade da planta E 10 8 6 4 2 0 3 38 Genótipo Genótipo Nota D 10 Nota Nota Atratividade das flores C Agressividade 58 60 64 F 10 8 6 4 2 0 3 6 36 38 52 54 58 60 64 Genótipo Genótipo Figura 14 - Condição fitossanitária e nutricional (A), necessidade de condução (B), agressividade (C), atratividade da flor (D), preenchimento de vaso (E) e atratividade da planta (F) aos 540 dias após o plantio de nove genótipos selecionados de coroa-de-cristo (E. milii) cultivados em dois tipos de vaso. Campinas, 2008. 40 O desdobramento de vaso dentro de cada genótipo permitiu observar que os genótipos 3, 54 e 60 apresentaram diferenças significativas em condição de vaso 15, comparadas às condições de vaso 20. Foram atribuídas as notas 9,09; 9,20 e 8,24, respectivamente aos genótipos em condição de vaso 15 e notas 8,50; 9,00 e 7,84 em vaso 20. As notas foram atribuídas considerando os sintomas apresentados pela planta, fitossanitários ou nutricionais. Enquanto condição fitossanitária, foi observada a incidência de formigas (lava-pés) e fumagina, principalmente em ramos mais velhos, em alguns genótipos. Evidência de desequilibro nutricional foi rara, sendo apenas observada clorose nas folhas no genótipo 52. Com exceção do genótipo 58, houve respostas adequadas dos genótipos que obtiveram notas superiores a 7,00 e que parece ser devido à adaptação às condições de cultivo, já que não houve adubação e controle fitossanitário durante o período. 4.4.2 Necessidade de condução Para o desdobramento do genótipo em cada tipo de vaso, observou-se que, em vasos 20 e 15, o genótipo 58 apresentou as maiores notas, 8,90 e 7,57, respectivamente. O desdobramento de vaso dentro de cada genótipo mostrou que os genótipos em vaso 15 necessitam de condução mais acentuada para uma boa formação e equilíbrio planta-vaso. Os genótipos 6, 38, 52 e 54 obtiveram notas menores que 7,00 em vaso 15, assim como o genótipo 64 em vaso 20. Notas menores que 7,00 foram consideradas negativas ao equilíbrio vaso-planta, necessitando de condução, representadas por podas durante o cultivo visando a manutenção da altura e hábito de crescimento de planta, de modo a respeitar o limite do vaso (Figura 14 B). 4.4.3 Agressividade O genótipo 54, em vasos 20 e 15, obteve notas 6,10 e 6,60, respectivamente, sendo considerado o mais agressivo dos genótipos avaliados. Os demais genótipos obtiveram notas maiores que 7,00 (Figura 14 C). A resposta do genótipo 54 parece estar relacionada ao tamanho dos espinhos, que, embora pequenos, finos e aparentemente delicados, mostraram-se mais agressivos dificultando o manuseio da planta. 41 A análise de desdobramento de genótipo dentro de cada vaso permitiu observar que, em vaso 20, os genótipos 38 e 58 foram os menos agressivos, com notas 8,10 e 7,97, respectivamente, e em vaso 15, os genótipos 38 e 52, com notas 8,80 e 8,70, respectivamente. Observou-se que houve diferença significativa quanto ao tamanho de vaso para esta característica, demonstrando serem os genótipos menos agressivos quando cultivados em vaso 15. O desdobramento de vaso dentro de cada genótipo indicou que os genótipos 6 e 60 apresentaram maior agressividade em vaso 15, obtendo notas 7,44 e 7,50, respectivamente. O genótipo 58 obteve notas 7,97 e 7,89, para vaso 20 e vaso 15, respectivamente. Não houve diferenças estatisticamente significativas, demonstrando que a agressividade deste genótipo manifestou-se de modo indiferente quanto ao vaso utilizado. 4.4.4 Atratividade da flor Observou-se diferença significativa entre os vasos, onde a atratividade da flor na maioria dos genótipos, ficou mais evidente em vaso 15. A única exceção observada foi no genótipo 3 onde a atratividade da flor foi maior em vaso 20 (Figura 14 D). O desdobramento de genótipos dentro de vaso mostrou que o genótipo 64 obteve nota maior em ambos os tamanhos de vaso e que este não apresentou diferenças significativas em relação aos genótipos 3 e 38, em vaso 20, e em relação aos genótipos 38 e 52, para vaso 15. Observou-se que, em vaso, 20 o genótipo que obteve a menor nota (7,38) foi o 36 e, em vaso 15, foram os genótipos 6 e 58, que obtiveram nota 8,90. A atratividade da flor foi diretamente influenciada pelo número de brotos e persistência das flores, onde o contraste folhagem/florada contribuiu para evidenciar a cor, a forma e o tamanho das inflorescências. No caso de plantas cultivadas em vaso 15, essa afirmativa não se aplica, tendo altura atingida pela planta uma influência significativa. Quanto aos genótipos 3, 38 e 64, parece ser a arquitetura apresentada pela planta, ou seja, a harmonia planta, flor e vaso, o fator que evidenciou a atratividade da flor em vaso 20. 42 4.4.5 Preenchimento de vaso Houve diferença significativa entre vasos, no componente preenchimento com nota 8,96 para vaso 15 e 8,25 para vaso 20. O preenchimento de vaso do genótipo 3 foi melhor em vaso 20, apresentando um aumento significativo em 5,5%. Para os genótipos 6 e 64, a diferença de preenchimento de vaso não foi significativa entre os vasos (Figura 14 E) O desdobramento de genótipos dentro de vaso mostrou que o genótipo 64 obteve nota 9,89 em vaso 20 e 10,00 em vaso 15. Os genótipos 36 e 54 apresentaram notas 10,00 e 9,80 de preenchimento de vasos 20 e 15, respectivamente. Esses resultados são semelhantes estatisticamente aos do genótipo 64, em vaso 15. Observou-se que o genótipo 52 apresentou a menor nota quanto ao preenchimento de vaso, 6,33 em vaso 20 e 7,60 em vaso 15. Isto pode ter sido conseqüência da baixa altura da planta (11,30 cm) atingida aos 540 dias em ambos os tipos de vaso, que caracteriza um crescimento mais lento, embora o genótipo tenha apresentado número elevado de brotações. 4.4.6 Atratividade da planta O genótipo 64 obteve as notas mais elevadas com relação à atratividade da planta, tanto em vaso 20 (9,30) como no vaso 15 (9,08). Os genótipos 52 e 60 obtiveram as menores notas (7,31 e 7,22, respectivamente). A análise de desdobramento dentro de cada genótipo permitiu observar que a atratividade da planta dos genótipos 36 e 52 foi menor em vaso 20. Quanto aos genótipos 6, 38 e 58 a atratividade foi menor em vaso 15. As respostas observadas quanto aos genótipos 6, 38 e 52 parecem ser devidas ao hábito de crescimento, que exigiu a condução das plantas para um melhor equilíbrio entre planta-vaso. Quanto ao genótipo 36, o resultado obtido parece estar associado à menor nota atribuída quanto à atratividade da flor em vaso 20. O genótipo 58 obteve nota menor quanto à condição fitossanitária e nutricional (5,30), tornando a atratividade da planta menor em vaso 15 (Figura 14 F). 43 4.4.7 Avaliação geral Na Tabela 13, pode ser verificada a nota média final resultante das notas de cada característica avaliada, em cada genótipo, sob cultivo em vaso 20 e vaso 15. Os genótipos 3 e 36 apresentaram notas superiores a 7,00 em todas as características avaliadas, permitindo ótima adequação ao cultivo em vaso. O genótipo 3 obteve a maior nota final (8,78) em vaso 20 e manteve o equilíbrio planta-vaso, apresentando altura adequada em ambos os tipos de vaso. O genótipo 36 apresentou melhor média em vaso 15, embora com pouca diferença do valor obtido em vaso 20, que também se mostrou adequado. O genótipo 64 obteve a maior nota final (8,70) em vaso 15. Apresentou em ambos os tipos de vaso, a necessidade de condução para manter o equilíbrio planta-vaso e diminuir o efeito de agressividade evidenciado no cultivo em vaso 20, controlar o hábito semiprostrado e a quantidade de ramificações que são emitidas da base. O genótipo 52, como demonstrado na Tabela 7, obteve a menor nota final (7,29) em vaso 20, devido à necessidade de condução para um melhor desenvolvimento e manutenção da arquitetura da planta. O genótipo 6 obteve menor nota final (7,35) em vaso 15, por apresentar nota baixa na característica agressividade. Todas as demais características obtiveram notas superiores a 7,00. Os genótipos 38 e 60 mostraram-se adequados ao cultivo em vaso, porém apresentam necessidade de condução em vaso 15 e vaso 20, respectivamente. O genótipo 54 foi considerado o mais agressivo devido aos seus espinhos pequenos e finos, porém, apresentou nota final igual ou superior a 8,00 em ambos os tipos de vaso. O genótipo 58 apresentou condições fitossanitárias e nutricionais inadequadas em vaso 15, porém, isto não afetou sua nota final, que foi superior a 7,00, mantendo-o adequado ao cultivo em vaso. Devido às notas finais obtidas pelos nove genótipos de coroa-de-cristo selecionados, todos mostraram-se aptos ao cultivo em vaso, visto terem obtido notas finais elevadas nos dois tamanhos de vaso usados para cultivo. A Figura 15 ilustra os resultados finais obtidos para os nove genótipos selecionados nos dois tamanhos de vaso utilizados para o cultivo. 44 Tabela 13 - Notas de nove genótipos selecionados de coroa-de-cristo (E. milii) como planta de vaso. Campinas, 2009. Genótipo Condição fitossanitária e nutricional Vaso 20 Vaso 15 Necessidade de condução Vaso 20 Vaso 15 Atratividade da planta Vaso 20 Vaso 15 Atratividade da flor Preenchimento de vaso Agressividade da planta Vaso 20 Vaso 20 Vaso 20 Vaso 15 Vaso 15 Vaso 15 Altura da planta Vaso 20 Vaso 15 Nota Final Vaso 20 Vaso15 3 8,50 Cb 9,09 Ba 8,50 ABa 7,17 Aba 9,10 ABa 8,78 ABa 9,60 Aa 9,23 CDb 9,20 Ba 8,65 Bb 7,80 ABb 8,02 Ba 28,33 ABa 22,90 ABb 8,78 8,49 6 8,42 Ca 7,30 Eb 7,47 CDa 5,30 Eb 7,97 CDa 7,33 Db 8,90 Da 8,30 Ba 7,44 Ca 6,97 Cb 28,60 ABa 28,00 Aa 7,93 7,35 36 9,14 Ba 7,90 Db 7,16 DEa 7,10 ABa 7,45 Db 9,20 CDa 8,51 CDb 9,80 Aa 7,33 CDb 8,20 Ba 32,90 Aa 7,83 8,45 38 8,20 CDa 7,40 Eb 8,00 BCa 6,52 BCb 8,56 BCa 7,78 CDb 9,30 Ab 9,80 Aba 8,05 DEb 8,75 Ba 8,10 Ab 8,80 Aa 28,20 ABa 20,00 Bb 8,37 8,18 52 8,10 DEa 7,10 Eb 6,92 DEa 6,00 CDEb 7,31 Db 6,33 Fb 7,60 Ca 7,06 DEb 8,70 Aa 11,30 Ca 11,30 Ca 7,29 7,93 54 9,00 Bb 9,20 ABa 7,00 DEa 5,64 DEb 8,52 BCa 8,20 BCa 8,70 Bb 9,50 BCa 8,70 BCb 10,00 Aa 6,10 Fb 6,60 Da 34,10 Aa 29,30 Ab 8,00 8,19 58 7,22 Fa 5,30 Fb 8,90 Aa 7,57 Ab 8,33 Ca 7,83 CDb 8,33 BCb 8,90 Da 8,80 Ba 7,97 Aa 7,89 Ba 31,40 Aa 23,40 ABb 8,11 7,72 60 7,84 Eb 8,24 Ca 6,44 EFa 6,10 CDa 7,32 Da 7,22 Da 7,68 DEb 9,08 CDa 7,68 Eb 8,76 Ba 7,50 BCa 7,14 Cb 32,28 Aa 26,67 Ab 7,41 7,76 64 10,00 Aa 9,50 ABa 5,80 Fa 5,40 DEa 9,30 Aa 9,08 Aa 9,60 Ab 10,00 Aa 9,89 Aa 10,00 Aa 6,82 Eb 8,20 Ba 23,50 Ba 18,40 Bb 8,57 8,70 133,60 352,04 35,36 24,83 23,82 16,85 62,87 18,93 61,96 40,99 73,38 111,91 22,87 14,40 DMS 0,31 0,31 0,73 0,73 0,68 0.68 0,46 0,46 0,57 0,57 0,32 0,32 6,50 6,50 CV% 2,70 F 7,65 5,93 8,25 BCb 8,51 ABa 7,38 Eb 8,16 BCa 7,99 CDb 10,00 Aa 3,64 8,04 DEa 7,92 Eb 4,70 3,03 24,20 ABb 18,29 45 Genótipo 3 Vaso 20 Genótipo 6 Vaso 15 Vaso 20 Genótipo 36 Vaso 20 Genótipo 38 Vaso 15 Vaso 20 Genótipo 52 Vaso 20 Vaso 15 Genótipo 54 Vaso 15 Vaso 20 Genótipo 58 Vaso 20 Vaso 15 Vaso 15 Genótipo 60 Vaso 15 Vaso 20 Vaso 15 Genótipo 64 Vaso 20 Vaso 15 Figura 15 - Genótipos de coroa-de-cristo (E. milii) adequados ao cultivo em vaso 20 e vaso 15. Campinas, 2009. 46 4.5 Considerações Finais Alguns genótipos de coroa-de-cristo (E. milii) com ramos eretos, folhas persistentes, florada significativa, bom preenchimento de vaso e com bom equilíbrio planta-vaso, entre outras características, mostraram-se adequados para o cultivo e comercialização como planta de vaso, constituindo-se em “novo produto” nacional ou nova forma de apresentação de um produto já conhecido ao mercado. Entretanto, o processo de desenvolvimento de um novo produto ou de uma nova forma de apresentação, objetivo desse trabalho, não constituiu um processo de fácil elaboração. Foi necessário superar dois desafios principais: o aspecto dito agressivo da planta e o estabelecimento de critérios de avaliação de adequação da espécie como planta de vaso. Observou-se que o aspecto agressivo, na realidade, não se constituiu de uma condição limitante, pois os genótipos selecionados apresentaram desenvolvimento que permitiu sua contenção dentro dos limites dos recipientes usados para cultivo. Propiciou, desse modo, que se assemelhassem a outras suculentas, tais como cactáceas, que também apresentam espinhos, mas que têm mercado consolidado, face à harmonia do conjunto planta-vaso. O estabelecimento de parâmetros de avaliação foi tarefa mais difícil. Ao contrário das flores de corte, sobre as quais existem trabalhos publicados que estabelecem parâmetros de avaliação, inexiste literatura que trate da adequação de uma espécie como planta de vaso. Assim, esse trabalho demandou, muita observação sobre o comportamento da espécie, em cultivo em vasos, para que se pudesse definir alguns parâmetros objetivos de avaliação. Definidos esses parâmetros, uma segunda etapa requereu o treinamento de equipe de avaliadores para padronização das avaliações. Os parâmetros e o conjunto de avaliações propostos nesse trabalho, mostraramse suficientes para o fim proposto, visto o resultado obtido, que não coloca em dúvida a existência de genótipos de coroa-de-cristo adequados ao cultivo em vaso. Entretanto, face ao pioneirismo da proposta do trabalho, bem como dos métodos utilizados, os parâmetros podem ser aperfeiçoados, incluindo-se até alguns novos, em avaliações com o mesmo objetivo, tanto para a espécie estudada como para similares. A mesma assertiva pode ser empregada quanto aos estudos estatísticos utilizados podendo ser adotados, em trabalhos futuros semelhantes, métodos estatísticos desenvolvidos para análises específicas. 47 O trabalho em si, inicialmente concentrado apenas em seus objetivos, criou inúmeras perspectivas de aprofundamento de estudos fitotécnicos, incluindo o melhoramento da espécie em questão, para ampliar o conhecimento ora existente sobre o cultivo em vaso. Outro aspecto relevante é que o desenvolvimento do trabalho permitiu a recuperação e o uso aplicado de um banco de germoplasma institucional. Para o atendimento dos objetivos do trabalho, foram necessários o resgate de informações e a caracterização de cada acesso, a recuperação do vigor das plantas e a ampliação do número de indivíduos, entre outros benefícios diretos conseguidos. Desse modo, e considerando-se ser o patrimônio genético preservado um dos principais bens de um país, as diversas vertentes do trabalho atenderam a diversos aspectos da pesquisa fitotécnica e das estratégias dos recursos genéticos, além de permitir a ampliação da oferta de produtos diferenciados ao mercado. 48 5 CONCLUSÕES Observadas as condições experimentais adotadas para o desenvolvimento do trabalho, conclui-se que: a. O conjunto de descritores aplicados mostra-se suficiente para a caracterização morfológica dos acessos avaliados. b. Para o cultivo de coroa-de-cristo em vaso, mostram-se adequados os genótipos com caule ereto e brotações basais, folhas persistentes, mais de oito flores por ramo, altura não superior a 50 cm, rápido e adequado preenchimento do recipiente de cultivo e que proporcionem grande harmonia entre planta-vaso. c. A coroa-de-cristo pode ser propagada através de estacas apresentando enraizamento satisfatório nos substratos areia lavada ou composto orgânico. d. A forma de apresentação de coroa-de-cristo como planta de vaso, quando considerados os parâmetros agressividade, preenchimento de vaso e atratividade pode se constituir em uma nova opção ao mercado de plantas ornamentais. 49 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FERREIRA, A.B.H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2.ed. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1986, 1838p. FIRMINO, M.H. O uso da análise física na avaliação da qualidade de componentes e substratos. In: ENCONTRO NACIONAL DE SUBSTRATOS PARA PLANTAS, 2002, Campinas. Anais... 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