Hipertensão arterial secundária a hiperaldosteronismo primário – relato de caso Camila Smekatz Simão¹; Daniela Nos¹; Jéssica de Andrade ¹; Isabela Manzano²; Maria Letícia Gabardo² ¹Acadêmica de Medicina, Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE) – Joinville – SC ²Médica residente do Hospital Regional Hans Dieter Schimidt, – Joinville – SC Introdução Discussão O hiperaldosteronismo primário(HP) é uma das causas de hipertensão O HP é uma síndrome na qual a glândula adrenal promove aumento da secreção secundária(HS), com incidência de 0,05 a 2%. O adenoma de adrenal é uma autônoma de aldosterona, independente do controle da renina. A produção etiologia de HP e cursa com hipertensão arterial resistente e possível hipocalemia, inadequada de aldosterona causa supressão de renina no plasma, hipertensão arterial, presente em 9-37% dos casos. retenção de sódio, excreção de potássio. Devido aos efeitos diretos do excesso de Objetivos aldosterona, os pacientes apresentam risco cardiovascular aumentado em relação à hipertensão essencial e maior incidência de acidente vascular cerebral e fibrilação Descrever um caso de hipertensão secundária a HP por adenoma de adrenal. atrial. As causas mais comuns de HP são: hiperplasia adrenal bilateral idiopática (60%) Delineamento e adenomas produtores de aldosterona (30%), com faixa etária de maior Trabalho descritivo tipo relato de caso. acometimento do aldosteronoma de 40-64. Descrição do caso Deve-se suspeitar de HP em paciente que apresentem hipertensão arterial resistente Mulher, parda, 46 anos, natural e procedente de Joinville / SC, dona de casa com (mínimo três medicações anti-hipertensivas; uma o delas um diurético, com história prévia de HAS de difícil controle há 16 anos , em uso de quatro classes de PA>140/90 mmHg), e anti-hipertensivos em altas doses. Procurou pronto atendimento com mal-estar e noctúria, cãimbras musculares, fraqueza muscular excessiva, parestesias, tetania e dificuldade para permanecer em posição ortostática. Exame físico: REG, eupneica, paralisia muscular. ausculta cardíaca normal, pressão arterial(PA) de 180/110mmHg, fraqueza proximal A investigação de HP é feita através da dosagem de aldosterona, ≥ 15 ng/dL e relação e distal associado a hiporreflexia, porém, com preservação da musculatura facial, entre aldosterona e renina (A/R) ≥30 ng/ml/hora. O teste confirmatório é o teste oral sem esforço respiratório. de supressão salina. Exames na admissão: potássio sérico de 1,6 mEq e eletrocardiograma em ritmo Após resultados laboratoriais, Tomografia Computadorizada ou RNM devem ser sinusal, presença de onda U e aumento do intervalo QT. solicitados para diferenciar as causas do HP, dentre elas o adenoma de adrenal. Realizada reposição endovenosa de potássio, com melhora clínica gradual. Devido Na RNM, a comparação de T1 in phase e out phase mostra queda do sinal e indica aos achados clínicos sugestivos de HP, foram suspensos anti-hipertensivos e iniciada conteúdo adiposo, o que sugere adenoma. Além disso, a lesão deve ter contornos investigação. Solicitados: aldosterona (A) 75,7ng/dL, atividade de renina (AR) regulares, homogênea e <5 cm. 2,3ng/dL(relação A/AR = 32,9). Foi submetida a teste de sobrecarga salina com 2 O tratamento do HP pode ser clínico ou cirúrgico. Os antagonistas da secreção de litros de soro fisiológico em 4 horas, mantendo aldosterona elevada. aldosterona são os medicamentos de escolha para o tratamento clínico. Porém, a Realizada ressonância magnética(RNM) de adrenais com nódulo sólido na glândula adrenalectomia é preferível em casos de secreção unilateral de aldosterona. adrenal esquerda, compatível com adenoma (Fig 1 e 2). A paciente permaneceu com tratamento clínico, com dose elevada de hipocalemia. Os sintomas mais frequentes são: poliúria, Conclusão espironolactona 100mg/dia, associado à enalapril 40mg/dia, anlodipino 10mg/dia e Na presença de hipertensão arterial resistente e hipocalemia, é essencial a busca ativa clortalidona 25mg/dia, com melhora dos níveis tensionais. Mantida em para identificar possíveis etiologias, dentre elas o adenoma de adrenal. O diagnóstico e acompanhamento ambulatorial para possível tratamento cirúrgico. intervenção precoces do HP são imprescindíveis, já que o manejo adequado reduz drasticamente o risco de eventos cardiovasculares. Fig. 1 Fig. 2 Figuras 1 e 2: Nódulo sólido na glândula adrenal esquerda, medindo 1,9 x 2,4 x 2,1 cm (L x AP x T). Bibliografias STOWASSER, M. Update in Primary Aldosteronism. J Clin Endocrinol Metab, Estados Unidos, 1–10. Jan. 2015. TOWNSENDT, R.R. Attending Rounds: A Patient with Drug-Resistant Hypertension. Clin J Am Soc Nephrol; New York, Vol .6, p. 2301–2306, Set . 2011. ARONOVA, A; FAHEY, T.J; ZARNEGAR, R. Management of hypertension in primary aldosteronism. World Journal of Cardiology, New York, v. 6, n. 5, p. 227-233, maio. 2014. GOMEZ, C.E.S et al . Case Detection, Diagnosis, and Treatment of Patients with Primary Aldosteronism: An Endocrine Society Clinical Practice Guideline. J Clin Endocrinol Metab, Estados Unidos, v. 9, p. 3266 – 3281 Septembro. 2008.