Ciência Política – 12.º Ano As Principais Correntes Ideológicas O SOCIALISMO Palavra derivada de social e se opõe a individualismo (1.º na Grã-Bretanha, depois em França) Socialismo Utópico - principais nomes: Fourier, Owen, Saint-Simon, Proudhon - defesa de sociedade justa e igualitária - eliminação da propriedade privada - condenação da divisão da sociedade em classes, estados e castas - distribuição justa dos bens materiais, segundo o trabalho e / ou as necessidades Crítica: os socialistas utópicos não conseguiram descobrir as leis do desenvolvimento social do capitalismo Socialismo Científico: Marx e Engels – descobriram as leis do desenvolvimento social: 1) Materialismo histórico 2) Mais-valia MATERIALISMO HISTÓRICO - os homens são os autores e os atores da História - para estudar a História, deve-se começar por estudar a economia, as relações de trabalho, o estado das forças produtivas Forças produtivas: meios e instrumentos de trabalho (ferramentas, máquinas, fontes energéticas, matérias-primas e materiais + trabalho dos homens): «As relações sociais estão intimamente ligadas às forças produtivas. Adquirindo novas forças produtivas, os homens mudam o seu modo de produção e mudando o seu modo de produção, a maneira de ganhar a sua vida, eles transformam as suas relações sociais. O moinho a braços, dar-vos-á a sociedade com o suserano, o moinho a vapor dar-vos-á a sociedade com o capitalista industrial.» (Marx) Relações de Produção: por exemplo, relação entre suserano e vassalo, relação entre capitalista e proletário: «Na produção social da sua existência, os homens entram em relações determinadas, necessárias, independentes da sua vontade, relações de produção que correspondem a um grau de desenvolvimento determinado das suas forças produtivas materiais. O conjunto destas relações de produção constitui a estrutura económica da sociedade e a base concreta sobre a qual se ergue uma superestrutura jurídica e política e à qual correspondem formas de consciência social determinadas.» (Marx) 1) Forças produtivas + 2) Relações de produção = Modo de produção - relação dialética: 1) e 2) determinam-se mutuamente Mas existe ainda outra relação dialética: Modo de produção Consciência social (determina) Infraestrutura económica Superestrutura jurídica e política - para compreender a superestrutura, tem de se analisar as condições materiais de vida (a 1.ª não é independente das 2.as) - todas as transformações sociais dependem da infraestrutura Sempre que as forças de produção entram em contradição com as relações de produção dá-se uma transformação da base económica Revolução social: desaparecimento da antiga organização e aparecimento de uma nova superestrutura (ou organização social) Nota. Só pode acontecer depois de esgotadas todas as forças de produção antigas. MAIS – VALIA Conceito: é a diferença entre o valor criado pelo trabalho e o salário pago Pode ser criada através de dois recursos geralmente utilizados pelos capitalistas: - estender a duração da jornada de trabalho mantendo o mesmo salário (absoluta) - aumentar a produtividade através da mecanização (relativa) Em qualquer dos casos, o trabalhador produz mais do que necessitaria para subsistir (em termos fisiológicos e espirituais) e garantir a subsistência dos seus filhos. O capitalista tem, então, uma maisvalia. Proletariado «Entende-se por proletariado a classe dos trabalhadores assalariados modernos que, privados dos seus próprios meios de produção, são obrigados, para subsistir, a vender a sua força de trabalho.» (Engels) A relação entre capitalista e proletariado é uma relação de exploração: a luta de classes (iniciada com a invenção da propriedade privada) agudiza-se Necessidade da revolução – única forma de derrotar o capitalismo: «A revolução comunista é a rutura mais radical com as relações tradicionais de propriedade; não surpreende, portanto, que no curso do seu desenvolvimento ela rompa da forma mais radical com as ideias tradicionais.» (Marx e Engels) - exige a união dos trabalhadores de todo o mundo, pois o capital é uma “força internacional” - afastamento da burguesia do poder - inicia-se um período de transição para o comunismo: o socialismo, durante o qual se institui uma ditadura do proletariado destruição da base material da exploração do homem pelo homem: abolição da propriedade privada construção do socialismo: socialização dos meios de produção, a efetuar através da estatização / nacionalização e da criação de cooperativas a força de trabalho deixa de ser uma mercadoria: deixa de gerar mais-valias o objetivo da produção deixa de ser o lucro: a concorrência deixa de ter interesse o objetivo passa a ser a máxima satisfação das necessidades materiais e espirituais dos membros da sociedade a produção realiza-se segundo uma plano estatal (controlo do trabalho e do consumo) os produtos distribuem-se com base no princípio do socialismo: “de cada um segundo as suas capacidades, a cada um segundo o seu trabalho” (quem trabalha mais recebe mais – compensações honoríficas) o Estado é governado pelos trabalhadores (não só os operários): ampla participação e liberdade – direito de formarem associações, por exemplo, sindicatos, organizações juvenis, culturais, desportivas, científicas… considera-se que é democrático tudo aquilo que serve os interesses dos trabalhadores a função do governo é defender as conquistas do povo e assegurar a construção da sociedade socialista MAS Ainda não existe igualdade social completa, ainda há injustiça na distribuição de bens (não é feita segundo as necessidades) – isso só acontecerá na sociedade comunista: - distribuição segundo as necessidades; - assente no desenvolvimento máximo das forças produtivas e da produção material e espiritual: graças aos progressos tecnológicos e científicos - o trabalho será uma atividade livre e criadora (não alienante) - paulatinamente, extinguir-se-á o Estado e estabelecer-se-á a autogestão social. O Socialismo de Eduard Bernstein (1850-1932, Alemanha) - membro do SPD: Partido Socialista da Alemanha - propôs a revisão da doutrina marxista: Os Pressupostos do Socialismo e As Tarefas da SocialDemocracia. - defende um socialismo evolutivo: rejeita a revolução como meio para a criação de uma sociedade mais justa O socialismo vai impor-se gradualmente no interior do sistema capitalista e chegará ao poder através de eleições - não subscreve a teoria da derrocada inevitável do capitalismo - rejeita a tese da ditadura do proletariado - critica o materialismo histórico: além dos fatores económicos, há outros que determinam os fenómenos sociais (ex. fatores psicológicos) - a vida em sociedade não se reduz à luta entre a classe dos opressores e a classe dos oprimidos; há outras classes sociais interligadas e existe também um interesse nacional superior aos interesses particulares das diferentes classes. - a socialização da propriedade não é o mesmo que a sua estatização; socializar é neutralizar a tendência do mercado para dar prioridade ao que é lucrativo sobre o que é justo - o mercado é o melhor mecanismo de funcionamento de muitas das atividades do homem: o mais eficaz e o mais adequado. Mas não o é para todas: saúde, educação e infraestruturas não devem submeter-se às leis do mercado (livre-concorrência, lucro, lei da oferta e da procura). - defende a melhoria gradual das condições de vida dos trabalhadores, de modo a permitir-lhes a ascensão à classe média - o Estado deve obedecer ao imperativo social de dar forma institucional à solidariedade: porque o homem não é apenas produtor e consumidor, também é pessoa Conclusões: O socialismo é o sistema político mais justo e solidário; acabará por chegar ao poder, não por motivos económicos (esgotamento do capitalismo) mas por motivos morais – é eticamente desejável. O socialismo é compatível com a democracia.