CONCURSO PÚBLICO DA FIOCRUZ - 2016 GABARITO DA DISCURSIVA CARGO: Pesquisador em Saúde Pública PERFIL: PE5006 Biologia Celular e Molecular com ênfase em Parasitologia (INI) ESPERA-SE QUE O CANDIDATO, NO DESENVOLVIMENTO DO TEMA, TENHA FEITO CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS ADEQUADAS SOBRE OS SEGUINTES PONTOS: 1ª QUESTÃO: 1.1. São considerados critérios clínicos epidemiológicos: indivíduo proveniente de áreas endêmicas para LT, presença de úlcera cutânea com fundo granulomatoso e bordas infiltradas em moldura, ou úlcera na mucosa nasal, com ou sem perfuração, ou perda do septo nasal, com possível comprometimento de lábios, palato e nasofaringe. Os exames laboratoriais: pesquisa direta de parasitos, intradermorreação de Montenegro (IDRM) e exames histopatológicos. Outros exames podem ser realizados. Exames sorológicos e moleculares são empregados de forma complementar e opcional aos outros exames laboratoriais, visando à confirmação do diagnóstico. Deve abranger outros aspectos tais como: o estado imunológico do paciente ou a espécie do parasito, com o objetivo de auxiliar no manejo do paciente (tratamento, monitoramento, prognóstico), bem como na orientação das ações de vigilância e controle da LT. 1.2. O paciente suspeito: quando apresentar alguma das manifestações clínicas e relatar residência, deslocamento ou procedência de locais com transmissão confirmada da doença. Podem variar de acordo com a resposta imunológica e com as características patogências da espécie e cepa de leishmania. Forma clássica=eritema local,lesão única, arredondada ou ovalada, ulcerada, fundo granulomatoso, bordas elevadas e indolores). Pode variar de semanas a anos, com média de três meses; LCL (leishmaniose cutânea localizada) = Forma benigna, cura espontânea, cicatrizes no local, registros de ocorrência de outras lesões nodulares, papulas, verrucosas e em placas; LCD (Leishmaniose cutânea disseminada) = Numerosas lesões, pequenas, tipo papular, acneiformes, disseminadas via linfática ou hemática a partir de lesão primaria para a face e tronco. Pode apresentar lesões mucosas e manifestações sistêmicas (geralmente por L. amazonensis ou L. braziliensis); LC Difusa = causada por L. amazonensis; Pacientes com resposta imune celular deficiente. Raramente encontrada. Elevada proliferação de parasitas e disseminação (raramente úlceras, geralmente nódulos, placas, tubérculos etc); LM (Leishmaniose mucosa) = Forma grave, comprometimento das mucosas nasal – oral, podendo ser mutilante com cicatrizes permanentes. Causada por L. braziliensis. Tempo médio de cinco anos. Resposta imune celular exarcebada e reduzido números de parasitas. Sem cura espontânea podendo ocorrer recidivas após tratamento. 1.3. Devem ser considerados os aspectos clínicos da lesão e do paciente, uma vez que a sensibilidade das diferentes técnicas costuma ser reduzida quanto maior o tempo de infecção, além de depender da localização da lesão e condições do sistema imunológico do paciente. Esses exames laboratoriais podem ser: testes parasitológicos (pesquisa direta de parasitos, isolamento e cultivo in vitro e in vivo), imunológicos (IDRM, IFI e ELISA) e moleculares (PCR com diversos tipos de marcadores). 1.4. Devido à grande variedade de manifestações clínicas, algumas com outras doenças cutâneas, o Ministério da Saúde recomenda a realização do diagnóstico diferencial para outras doenças, e de exames laboratoriais específicos para LC e LM para a confirmação do diagnóstico de Leishmaniose Tegumentar. a) casos de LC: sífilis, hanseníase, tuberculose, micobacterioses atípicas, paracoccidioidomicose, histoplasmose, lobomicose, esporotricose, cromoblastomicose, piodermites, rinoscleroma, granuloma facial de linha média, sarcoidose, lúpus eritematoso discóide, psoríase, infiltração linfocitária benigna de Jessner, vasculites, úlceras de estase venosa, úlceras decorrentes da anemia falciforme, picadas de insetos, granuloma por corpo estranho, ceratoacantoma basocelular, carcinoma espinocelular, histiocitoma, linfomacutâneo e tumores cutâneos. b) casos de LM: carcinoma epidermoide, carcinoma basocelular, linfomas, rinofima, rinosporidiose, entomoftoromicose (zigomicose), hanseníase virchowiana, sífilis terciária, perfuração septal traumática ou por uso de drogas, rinite alérgica, sinusite, sarcoidose, granulomatose de Wegner. 1.5. Os métodos convencionais para a manutenção e preservação dos parasitas in vivo ou in vitro têm algumas limitações, incluindo a necessidade de mão de obra, isolamento inicial e perda de cepas e isolados de espécies, contaminação por fungos, e mudanças nas características originais, biológicas e metabólicas. Além disso, é possível que as propriedades antigênicas, biológicas e químicas dos parasitas em meios de cultura possam ser alteradas. Todas estas desvantagens são consideravelmente reduzidas por criopreservação, o que tem sido aplicado a várias espécies de parasita. São considerados crioprotetores: Me2SO, glicerol, Propanodiol, polivinilpirrolidona (PVP), DMSO, glucose. Em geral, a concentração e o tipo de crioprotetor, a concentração e o tipo de soro o arrefecimento e o descongelamento são fatores que afetam a viabilidade após a criopreservação. Quando uma suspensão de células é arrefecida lentamente, a suspensão não está congelada mesmo a temperaturas inferiores de seu ponto de congelamento. Este fenômeno é chamado ''Super-refrigeração'' pois faz com que ocorra a elevação rápida de temperatura. Tem-se obtido bons resultados em criopreservação de diversos tripanosomatídeos, assim como de diferentes formas destes. Importante sempre realizar testes de viabilidade e atenção quanto ao tempo de estocagem. 2ª QUESTÃO 2.1. Infecção é a penetração, multiplicação e/ou desenvolvimento de um agente infeccioso em determinado hospedeiro; doença infecciosa são as conseqüências das lesões causadas pelo agente e pela resposta do hospedeiro manifestada por sintomas e sinais e por alterações fisiológicas, bioquímicas e histopatológicas. Quando o agente infeccioso penetra, multiplica-se ou desenvolve-se no hospedeiro, sem causa danos nem manifestações clínicas, considera-se a infecção subclínica, inaparente ou assintomática. Outras vezes, porém, por ação mecânica, por toxinas, por reação inflamatória ou hipersensibilidade ocorre o conflito parasito-hospedeiro, com destruição tissular e manifestações clínicas e patológicas, caracterizando a doença infecciosa.Os principais sintomas e sinais das doenças infecciosas e parasitárias são febre, cefaléia, cansaço, sensação de mal-estar indefinido, sonolência, corrimento nasal, lacrimejamento, dor de garganta, tosse, dor torácica e abdominal, estertores pulmonares e sopros cardíacos, dor abdominal, diarréia, náuseas e vômitos, icterícia, disúria, rash cutâneo, presença de gânglios palpáveis, hepatomegalia, esplenomegalia, rigidez de nuca, convulsões e coma. Lesões e / ou corrimentos genitais. Definições de zoonose, antroponose, hospedeiro, hospedeiro definitivo, intermediário e reservatório. 2.2. Sete espécies (L. amazonensis, L. guyanensis, L. naiffi, L. lainsoni, L. lindenbergi, L. shawi, L. braziliensis) que causam a LT no Brasil e uma LV (L. chagasi). As oito podem ser encontradas no Estado do Pará onde ocorre a maior incidência de casos na região Norte. A L. guyanensis possui a maior incidência de casos no Estado do Amazonas. L. braziliensis vem a ser a espécie de maior distribuição, podendo ser encontrada em todas as regiões do País. Dificuldades quanto ao tratamento: abandono, resistência ao medicamento, tratamentos alternativos, resposta ao tratamento dependente da resposta imune do individuo e da espécie de parasito. 2.3. Os anticorpos monoclonais específicos têm sido utilizados durante vários anos para a identificação e demonstraram uma elevada e consistente especificidade na caracterização de espécies do parasita. A mobilidade eletroforética de enzimas (por eletroforese de isoenzimas) é outra ferramenta, revelando polimorfismos que expressam fenótipos das variações de população e para classificar taxonomicamente as diferentes espécies dos gêneros Leishmania, Endotrypanum e Trypanosoma. Nos últimos anos, a reação em cadeia da polimerase (PCR) tem sido amplamente utilizada como um teste de diagnóstico parasitológico em amostras clínicas de doentes com LT, devido à sua alta sensibilidade e para detectar infecção natural em vetores flebotomíneos e hospedeiros. Além disso, métodos baseados na detecção de DNA e sequenciamento também são utilizados na caracterização de espécie e ou cepas. 2.4. A definição de cura para o Ministério da Saúde vem a ser, “epitelização das lesões ulceradas, regressão total da infiltração e eritema, até três meses após conclusão do esquema terapêutico” (BRASIL, 2010). 2.5. Nivel 2 de grupo de risco.