SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM TERAPIA INTENSIVA Ilvanete Tavares Beltrão ATUAÇÃO DA EQUIPE FRENTE ÀS INTERCORRÊNCIAS OBSERVADAS EM UM SERVIÇO DE TERAPIA RENAL SUBSTITUTIVA NO MUNICÍPIO DE PARNAÍBA – PIAUÍ Brasília/2012 Ilvanete Tavares Beltrão ATUAÇÃO DA EQUIPE FRENTE ÀS INTERCORRÊNCIAS OBSERVADAS EM UM SERVIÇO DE TERAPIA RENAL SUBSTITUTIVA NO MUNICÍPIO DE PARNAÍBA – PIAUÍ Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação do Curso de Mestrado Profissionalizante em Terapia Intensiva pelo Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva, para obtenção do título de Mestre em Terapia Intensiva. Orientador: Fares José L. de Moraes Brasília/2012 Ilvanete Tavares Beltrão INTRODUÇÃO As doenças renais (DR) estão entre as causas mais importantes de óbito e de incapacidade em diversos países em todo o mundo. Muitas pessoas que sofrem de doença renal podem, com o passar do tempo, precisar de uma terapia renal substitutiva (TRS). Os avanços da medicina têm possibilitado algumas abordagens de tratamento que suprem funções exercidas pelos rins (GUYTON, 2006). Smeltzer e Bare (2006) definem a insuficiência renal como o processo desencadeado quando os rins perdem sua capacidade de remover os resíduos metabólicos do corpo, acumulando-se substâncias, normalmente eliminadas na urina, nos líquidos corporais, comprometendo a excreção renal, levando a ruptura das funções endócrina e metabólica, assim como distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básicos. De acordo com Guyton (2006), as DR graves podem ser divididas em duas categorias: Insuficiência Renal Aguda (IRA) e Insuficiência Renal Crônica (IRC). Na IRA, os rins param abruptamente de funcionar de modo total ou quase total, mas podem em uma ocasião futura recuperar seu funcionamento quase normal; é reversível e em poucos casos, usa-se a hemodiálise como forma de tratamento. Na IRC, ocorre perda progressiva da função de um número crescente de néfrons que, de modo gradual, vão diminuindo a função geral dos rins. O tratamento a princípio é corrigir e amenizar as alterações que contribuem para o problema, promovendo uma homeostasia por um tempo mais prolongado. Quando esta conduta não for mais eficaz, encaminha-se o paciente para um centro de diálise (CINTRA, 2011). A IRC, devido aos aspectos fisiopatológicos, psicológicos e socioeconômicos, constitui hoje em um importante problema médico e de saúde pública, pois apresenta alta incidência e prevalência, de forma que esta vem alarmando a comunidade científica mundial. Admite-se que, para cada paciente em TRS, existam de vinte a trinta outros com IRC em seus diferentes estágios (JONES, 2000). Sesso (2010, p.444) relatou: As estimativas nacionais das taxas de prevalência e de incidência de insuficiência renal crônica em tratamento dialítico foram de 483 e 100 pacientes por milhão da população, respectivamente. O número estimado de pacientes que iniciaram tratamento em 2010 foi 18.972. A hemodiálise (HD) é o processo de diálise mais corriqueiro. “Ela é utilizada para remover líquidos e produtos residuais urêmicos do organismo quando os rins não são capazes de fazê-lo. Esta requer cuidado intensivo devido à possibilidade de intercorrências clínicas” (SMELTZER; BARE, 2009, p.1.299). Embora sabendo que a terapia dialítica pode prolongar a vida, porém ela não altera o curso natural da doença renal subjante e nem substitui por completo a função renal. O paciente está sujeito a inúmeros problemas e complicações durante a sessão de HD. As complicações mais comuns são hipotensão, cãibras, náuseas e vômitos, cefaleia, dor torácica e dor lombar, prurido, febre e calafrios, síndrome do desequilíbrio, embolia gasosa, hemólise, edema agudo de pulmão, arritmias, síndrome do primeiro uso, alterações eletrolíticas, morte súbita, hemorragia intracraniana e convulsões (SOUZA, 2010). O acesso vascular de escolha nos pacientes em HD é a fístula arteriovenosa (FAV), esta consiste em uma anastomose subcutânea de uma artéria com uma veia adjacente, geralmente no braço não-dominante. A infecção da FAV torna-se uma complicação evidente no processo de HD, de forma que apresenta cerca de 25% das hospitalizações de pacientes em HD (BRASIL, 2006; RIELLA, 1996). Neste sentido, é importante refletir sobre a atuação da equipe que lida diretamente com o paciente durante a sessão de HD, tornando-se um fator indispensável na monitorização, apoio, avaliação e educação do paciente; de maneira que a mesma tem o dever de prestar uma assistência qualificada e integral (SMELTZER; BARE, 2009, p.1.302). Para Souza (2010), o papel da equipe multiprofissional na HD inclui a prevenção de agravos por meio da educação do paciente e da assistência integral, promovendo um atendimento humanizado, tratando o paciente de forma holística e atendendo as suas necessidades humanas básicas. Portanto, por meio de uma extensa pesquisa percebemos a relevância desta temática para a esfera social, visto que os profissionais plantonistas lidam diariamente não apenas com o paciente, mas também com sua família, tornando viável apresentar aos mesmos o papel essencial que tem na monitoração de pacientes submetidos à hemodiálise, da mesma forma contribuiu para o meio acadêmico em razão do índice elevado de incidência de pessoas em TRS, todavia é possível notar a deficiência de estudos sobre a temática, com isto todos os recursos aplicados para a produção da pesquisa foram oportunos, pois a mesma ampliou o conhecimento do tema. Diante deste contexto, buscou-se responder à problemática: Qual é o desempenho da equipe multiprofissional durante a sessão de hemodiálise em um serviço de terapia renal substitutiva no município de Parnaíba-PI? Como essa equipe atua frente a uma possível intercorrência e o que esta faz/utiliza para evitar certas complicações? Sabendo que é um desafio, a prática do cuidar humanizado de clientes com doença renal crônica, necessitando de terapias paliativas, como a HD, e tendo conhecimento da complexidade da insuficiência renal e dos danos que esta patologia traz ao paciente, buscou-se observar e analisar a função da equipe durante essa terapia. Estabelecemos realizar uma pesquisa descritiva, com abordagem predominantemente qualitativa, pois este tipo de pesquisa caracteriza-se pela relação direta com a realidade do sujeito em seus aspectos mais relevantes. Diante disso, realizamos uma pesquisa de campo, por meio de observação formal ou sistemática, aos componentes da equipe plantonista de uma Unidade de doenças Renais no município de Parnaíba-PI. Os dados da pesquisa foram analisados e interpretados através de uma análise descritiva dos conteúdos. INTERCORRÊNCIAS MAIS COMUNS NA HEMODIÁLISE Possíveis intercorrências Na atualidade é possível perceber a crescente sofisticação dos equipamentos de TRS, nas últimas décadas, esse procedimento vem tornando-se seguro e capaz de manter a vida dos pacientes por longos períodos. Todavia, os benefícios da hemodiálise sejam inquestionáveis, muitas complicações podem ocorrer durante esse procedimento. Castro (2001), diz que em 30% das sessões de HD pode ocorrer algum tipo de complicação decorrente desta modalidade terapêutica. As complicações que ocorrem durante a sessão de hemodiálise podem ser casuais, mas algumas são extremamente graves e fatais, de forma que estas prejudicam a melhor adaptação do paciente ao tratamento, diminuindo a eficácia do procedimento. As complicações mais comuns durante a HD são: hipotensão (20%-30% das diálises), cãibras (5%-20%), náuseas e vômitos (5%-15%), cefaleia (5%), dor torácica (2%-5%), dor lombar (2%5%), prurido (5%), febre e calafrios (< 1%). As complicações menos comuns, mas sérias e que podem levar à morte incluem: a síndrome do desequilíbrio, reações de hipersensibilidade, arritmia, hemorragia intracraniana, convulsões, hemólise e embolia gasosa (NASCIMENTO, 2005, p. 720). Hipotensão A hipotensão arterial é a principal complicação do tratamento hemodialítico, ocorrendo em até 20% das sessões sendo mais comum em mulheres e em idosos. E é a causa mais frequente de morbidade em pacientes com IRC, nessa forma de tratamento (CASTRO, 2001). Náuseas e vômitos; sudorese; taquicardia e tonteira são sinais comuns de hipotensão durante a terapia, à medida que o líquido é removido (SMELTZER e BARE, 2009). A intervenção consiste colocar o paciente em posição de Trendelemburg, deve ser administrados bolus de 100 ml de SF a 0,9% ou mais se necessário, a velocidade de ultrafiltração deve ser reduzida para o mais próximo possível de zero (BARROS, 1999). Cãibras As cãibras musculares durante a HD acontecem quando os líquidos e eletrólitos deixam rapidamente o espaço extracelular, predominando nos membros inferiores. Os fatores predisponentes mais importantes são: hipovolemia e hipotensão. As cãibras intensas e persistentes acontecem quando o paciente abaixo do peso seco é desidratado até níveis inferiores ao seu peso seco (DALGIRDAS, 2003). O uso de solução dialítica pobre em sódio também tem sido associada a uma alta incidência de cãibras musculares (NASCIMENTO, 2005). A prevenção dos episódios hipotensivos eliminaria a maior parte dos episódios de cãibras e é muito eficaz no tratamento agudo das cãibras musculares administração de solução de glicose (25% ou 50%) ou soro fisiológico, podendo também ser utilizado gluconato de cálcio. Outra conduta de enfermagem frente a esta complicação seria a aplicação de calor no músculo afetado, massagens, flexão dos dedos sobre o dorso do pé ou pedir para o paciente fazer pressão sobre a planta do pé se a cãibra for em membros inferiores (LIMA E SANTOS, 2004).Também pode ajudar a evitar os episódios de cãibras musculares durante e após o tratamento o aumento do nível de sódio do banho da diálise (HUDK, 1994). Náuseas e vômitos Sua etiologia é multifatorial. As náuseas e vômitos são ocorrências comuns e ocorrem em até 10% nas terapias de diálise. Estas complicações provavelmente estejam associadas à hipotensão, por isso é de extrema importância evitar a hipotensão durante a diálise, visto que em alguns pacientes, a redução da velocidade de fluxo sanguíneo em 30% durante a primeira hora de diálise pode ser benéfica (NASCIMENTO, 2005). A grande maioria dos episódios em pacientes estáveis provavelmente esteja correlacionada à hipotensão, para isso tratar primeiramente a hipotensão é o mais indicado e caso as náuseas e vômitos persistirem pode-se administrar um antiemético (DAUGIRDAS, 2003). Cefaleia A diálise pode induzir a cefaleia severa em decorrência da saída de grande quantidade de água e de eletrólito. Sua etiologia é desconhecida, porém pode ser um sinal e sintoma da síndrome do desequilíbrio, ou esteja relacionada com a abstinência de cafeína em determinados pacientes, pois a terapia dialítica promove a retirada dessa substância, assim como pode também está relacionada com a hipertensão arterial (DALGIRDAS, 2003). Dor torácica e lombar A dor torácica pode acontecer nos pacientes com anemia ou cardiopatia arteriosclerótica, assim como pode acontecer devido à diminuição PO 2 com a circulação extracorpórea (SMELTZER; BARE, 2009). A dor torácica está frequentemente associada à dor lombar ocorrendo em 1-4% dos tratamentos de diálise. A causa é desconhecida, mas pode estar relacionada à ativação do complemento (uma função que envolve a estrutura da imunoglobulina e que ativa as respostas humorais) (NASCIMENTO, 2005, p. 721). Não existe tratamento específico nem estratégia de prevenção, a não ser o uso de analgésicos via parenteral ou via oral (FERMI, 2010). Não há estratégia de tratamento ou de prevenção específica, ainda que possa ser favorável substituir a membrana do dialisador por uma de outra variedade (o benefício dessa mudança é controverso) (DAUGIRDAS; BLAKE; ING, 2008). Prurido Fermi (2003), em sua pesquisa mostra que 80% dos pacientes submetidos à hemodiálise de manutenção apresentaram pruridos (coceira) em algum momento. O prurido é o sintoma de pele mais importante nos pacientes urêmicos e pode acontecer durante o tratamento à medida que as escórias são retiradas da pele. O prurido, além de ser uma complicação durante a sessão de HD, também é a manifestação mais comum nos portadores de IRC, e têm sido atribuído ao efeito tóxico da uremia na pele, essas toxinas urêmicas circulantes são responsáveis pelo prurido, que pode desaparecer ou aliviar como o ínicio do tratamento de HD e até mesmo piorá-lo. Calixto (2003), afirma que alguns tratamentos são eficazes como aplicações de ultravioleta, emolientes tópicos à base de cânfora, uso de quelantes de fosfato, o uso de anti-histamínicos por via oral ou endovenosa e a paratireoidectomia está indicada para os pacientes com osteodistrofia e hiperparatireoidismo grave. Febre e calafrios De acordo com Castro (2001), as reações pirogênicas são raras, devido ao uso de modernos equipamentos dialisadores. Porém quando elas ocorrem, sugerem a possibilidade de contaminação da água de diálise sistemas de tratamento de água. A utilização de concentrado de bicarbonato e presença de glicose no dialisato também permitem o crescimento bacteriano, favorecendo a produção de endotoxinas. Toda via com os modernos sistemas de tratamento de água, quando as regras de manutenção do material são obedecidas, essas complicações tornam-se pouco frequentes. Nascimento (2005, p.721) diz que podem ter como fator causal de infecções, que se atribui principalmente pelo fato de serem pacientes imunodeprimidos, ou pode estar relacionados à pirogênicos presentes na solução dialítica e não a uma infecção verdadeira (NASCIMENTO, 2005, p.721) Segundo Alves (2006), os pacientes que possuem cateteres venosos centrais (CVC) apresentam maiores riscos de infecção quando comparados com pacientes com enxerto, que por sua vez mostram taxas de infecção superior aqueles com FAV. Com isto os referidos sintomas, febre e calafrios são mais frequentes em pacientes com acesso temporário – cateter. As condutas adotadas nos pacientes que apresentam febre no período dialítico são: verificação da temperatura do paciente e o apontado pela máquina de hemodiálise, realizar coleta de amostra para hemocultura. A terapêutica é realizada com administração de antitérmicos e antibióticos. Vale ressaltar que, algumas clínicas tem como rotina, no caso do paciente apresentar febre, a coleta de amostra da água da hemodiálise para cultura (DAUGIRDAS, 2003). Hipertensão O excesso de peso acarretará consequências graves ao paciente e também podem ocorrer alterações cardiovasculares que poderão ser severas e irreversíveis. Nascimento (2005) relata que a hipertensão durante a HD é geralmente produzida por ansiedade, excesso de sódio e sobrecarga de líquidos. A etiologia é causada pela sobrecarga hídrica, todavia a diálise promoverá a diminuição da pressão sanguínea. A confiança na equipe e uma diálise suave, livre de problemas, ajudarão a reduzir a ansiedade durante aos tratamentos subsequentes. Sabemos que a intervenção precisa ser iniciada imediatamente. Dalgirdas (2003) diz que a conduta realizada deve está relacionada à administração de antihipertensivo, sendo que o pessoal da enfermagem deve monitorar a pressão arterial em intervalos frequentes (geralmente de 15 em 15 minutos). Bem como Araújo (1992) relata que sobrecarga de volume pode ser aliviada pelo aumento da ultrafiltração, e no caso de ansiedade, a psicoterapia e os sedativos podem contribui. OBJETIVO GERAL Conhecer a atuação da equipe plantonista frente às intercorrências durante a sessão de HD em um serviço de TRS no município de Parnaíba-PI. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Observar a atuação da equipe diante das possíveis complicações durante as sessões; Analisar e identificar se e como a mesma utiliza os equipamentos de proteção individual-EPI’s e fornece orientações, aos pacientes e seus familiares, sobre o tratamento dialítico e os cuidados essenciais que estes devem exercer. METODOLOGIA Estabelecemos realizar uma pesquisa descritiva, com abordagem predominantemente qualitativa, pois este tipo de pesquisa caracteriza-se pela relação direta com a realidade do sujeito em seus aspectos mais relevantes. Diante disso, realizamos uma pesquisa de campo, por meio de observação formal ou sistemática, aos componentes da equipe plantonista de uma Unidade de doenças Renais no Município de Parnaíba-PI. Os dados da pesquisa foram analisados e interpretados através de uma análise descritiva dos conteúdos. ANÁLISES DE DADOS A coleta foi efetuada através da observação formal estruturada, isto é estabelecendo antecipadamente o que será observado. Com a intenção de analisar a conduta dos componentes da equipe de plantão atuante na TRS, sabendo que esta contribui para um bom funcionamento da terapia, ajustamos abaixo, a análise de dados colhidos. Para isso a coleta de dados consistiu-se em três momentos: Primeiro momento A observação nesta etapa deu-se em dois dias, tendo o início dás 15 horas e término às 17 hs, totalizando a carga horária quatro horas. Na observação foi possível visualizar algumas intercorrências, estas foram: Quadro 1-Complicações observadas na 1ª semana e as condutas da equipe de plantão. INTERCORRÊNCIA CONDUTA DA EQUIPE Hipotensão Cefaleia Hipertensão Infundiu em bolus de 100 ml de soro fisiológico a 0,9% ou mais se necessário. Verificou a pressão arterial a cada 30 minutos. Diminuiu a velocidade de ultrafiltração. Restabeleceu o fluxo de diálise e deu continuidade ao procedimento. Colocou o paciente da posição de trendelemburg. Checou a temperatura e a concentração de sódio no dialisato. Fez uso dos EPI’s: avental, protetor facial, luvas de procedimento, sapatos. Sem uso adornos pessoais. Administrou analgésicos por via oral. Fez uso dos EPI’s: avental, protetor facial, luvas de procedimento, sapatos. Sem uso adornos pessoais. Verificou a pressão arterial a cada 30 minutos. Administrou anti-hipertensivo segundo prescrição médica. Checou a concentração de sódio no dialisato. Colocou o paciente em posição de Fowler. Fez uso dos EPI’s: avental, protetor facial, luvas de procedimento, sapatos. Sem uso adornos pessoais. Segundo momento Este momento de observação foi efetuado em cinco dias, sendo um dia realizado dás 08 horas às 10 horas e os demais dias das 15 horas às 17 horas, totalizando a carga horária de 10 horas. Na observação foi possível visualizar algumas intercorrências, estas foram: Quadro 2: Complicações observadas na 2ª semana e as condutas da equipe de plantão. INTERCORRÊNCIA CONDUTA DA EQUIPE Hipotensão Cefaleia Hipertensão Cãibras Dor torácica Infundiu em bolus de 100 ml de soro fisiológico a 0,9% ou mais se necessário. Verificou a pressão arterial a cada 30 minutos. Diminuiu a velocidade de ultrafiltração. Restabeleceu o fluxo de diálise e deu continuidade ao procedimento. Colocou o paciente da posição de trendelemburg. Checou a temperatura e a concentração de sódio no dialisato. Fez uso dos EPI’s: avental, protetor facial, luvas de procedimento, sapatos. Sem uso adornos pessoais. Administrou analgésicos por via oral. Fez uso dos EPI’s: avental, protetor facial, luvas de procedimento, sapatos. Sem uso adornos pessoais. Verificou a pressão arterial. Administrou anti-hipertensivo segundo prescrição médica. Checou a concentração de sódio no dialisato. Fez uso dos EPI’s: avental, protetor facial, luvas de procedimento, sapatos. Sem uso adornos pessoais. Realizou massagem (com álcool a 70%); Promoveu alongamento do grupo muscular afetado. Reverteu instabilidade hemodinâmica: administrou solução de glicose hipertônica conforme prescrição médica. Fez uso dos EPI’s: avental, protetor facial, luvas de procedimento, sapatos. Sem uso adornos pessoais. Observou os seguintes sinais e sintomas: dor precordial, mal estar geral, sudorese, taquicardia, hipotensão. Comunicou médico plantonista para avaliação, realizado administração de analgésicos, conforme prescrição médica. Terceiro momento Este momento de observação foi efetuado em cinco dias, sendo um dia realizado dás 08 horas às 10 horas e os demais dias das 15 horas às 17 horas, totalizando a carga horária de 10 horas. Na observação foi possível visualizar algumas intercorrências, estas foram: Quadro 3: Complicações observadas na 3ª semana e as condutas da equipe de plantão. INTERCORRÊNCIA CONDUTA DA EQUIPE Hipotensão Dor torácica Cãibras Infundiu em bolus de 100 ml de soro fisiológico a 0,9% ou mais se necessário. Verificou a pressão arterial a cada 30 minutos. Diminuiu a velocidade de ultrafiltração. Restabeleceu o fluxo de diálise e deu continuidade ao procedimento. Colocou o paciente da posição de trendelemburg. Checou a temperatura e a concentração de sódio no dialisato. Oferta de oxigenoterapia. Fez uso dos EPI’s: avental, protetor facial, luvas de procedimento, sapatos. Sem uso adornos pessoais. Observou os seguintes sinais e sintomas: dor precordial, mal estar geral, sudorese, taquicardia, hipotensão. Realizado administração de analgésicos conforme prescrição médica. Realizou massagem (com álcool a 70%); Promoveu alongamento do grupo muscular afetado. Reverteu instabilidade hemodinâmica: administrou solução de glicose hipertônica conforme prescrição médica. Fez uso dos EPI’s: avental, protetor facial, luvas de procedimento, sapatos. Sem uso adornos pessoais. Por meio da observação percebemos que a equipe mostra-se preparada para intervir em possíveis intercorrências durante a sessão de HD, de maneira que esta apresenta-se habilitada, no que diz respeito a destreza manual, agilidade, raciocínio rápido diante das complicações presenciadas. É indispensável que a equipe esteja habilitada para intervir em uma eminente complicação, porém também é de suma importância relatar que a unidade de TRS, isto é a instituição forneça todas as condições necessárias ou cabíveis, para que se obtenha um tratamento de qualidade, de forma que elimine todas as oportunidades propensas para que ocorra alguma complicação durante a sessão de HD. O tratamento da água fornecida para a diálise é um fator crucial na conservação da sessão de HD, visto que Riela (1996) relata que o tratamento inadequado da água pode levar a absorção excessiva e intoxicação por substâncias dissolvidas dentre eles cobre, alumínio ferro e cloro, contaminantes orgânicos ou pirogênios que causam sintomas durante a terapia e ocasionam alterações metabólicas. A unidade em questão dispõe de um tratamento de água satisfatório para atender a demanda da terapia. É realizado uma análise periódica da água, controle bacteriológico e sistema de purificação da água que incluir filtro de areia para reter as partículas, seguidos de um filtro de carvão ativado para absorver compostos orgânicos e após colunas trocadoras de íons (catiônica, aniônica e mista) e por último o tratamento da osmose reversa que é um sistema de purificação de escolha que oferece água em melhores condições para a diálise antes da distribuição da água. As máquinas dialisadoras são o carro chefe para a terapia estudada, atualmente às máquinas realizam automaticamente a mistura. O líquido de diálise contém sódio, potássio, cloro, magnésio, cálcio, bicarbonato ou acetato, que é utilizado como alcalinizante do sistema, e glicose em concentrações adequadas para evitar sinais e sintomas durante a diálise. Durante a coleta de dados também obteve-se a oportunidade de observar a interação da equipe, sabendo que este é um outro fator essencial em qualquer terapia com indivíduos. Com relação às técnicas assépticas e uso dos EPI’s notou-se que a equipe apresenta sempre cuidados para não contaminar os materiais, quando, todavia apenas no requisito que diz respeito ao uso da máscara podemos dizer que ainda é insatisfatório, sendo que o protetor facial é utilizado sempre na realização da punção da fístula arteriovenosa e na retirada da mesma, assim como do cateter e curativos. A atividade educativa da equipe com o paciente em tratamento dialítico foi evidenciado desde a primeira consulta com os profissionais, porém sempre que necessário à equipe relembra ao paciente quanto à importância da execução das orientações a ele fornecidas anteriormente, de modo que foram realizadas as seguintes orientações: Quanto à dieta hipossódica e hipolipídica, explicando sobre os riscos e consequências do abuso dos mesmos; Realizar uma refeição leve antes da diálise; Restrição hídrica; Quanto à rotina a ser seguida durante o tratamento, de forma que o paciente deve pesar e higienizar o braço onde a fístula está situada antes do ínicio da diálise; Quanto ao uso correto dos medicamentos e aderência ao tratamento; Não dormir por cima do braço; Sobre o controle do peso; Evitar pancada e levantar peso com braço da FAV; Evitar a aferição da pressão arterial e medicações endovenosas no braço da FAV. CONSIDERAÇÕES FINAIS Baseado nos argumentos apresentados, a pesquisa foi oportuna, pois mostrou que a temática é relevante, devido ao grande número de pacientes admitidos na terapia renal substitutiva em todo o país. Por meio da pesquisa notou-se que a ocorrência de complicações apresentadas pelos pacientes renais crônicos durante as sessões de hemodiálise é frequente. Portanto, o paciente submetido à hemodiálise deve ser visto pela a equipe plantonista de forma holística, de maneira que a mesma deve reforçar algumas orientações essências da terapia, como informações adequadas ao novo modo de vida que terá de assumir com as rotinas das sessões de hemodiálise, assim sendo quanto à dieta alimentar o cuidado com a higiene, dentre outros. Para que a partir de então a aceitação dos cuidados realizados sejam vivenciados de forma otimista e valiosa. Diante do que foi exposto neste trabalho, percebe-se que existe a necessidade da realização de mais pesquisas sobre as complicações que ocorrem durante a hemodiálise, visto que os pacientes que aderem ao tratamento hemodialítico são pacientes já com o histórico de saúde muito debilitado e que quando acometidos por alguma intercorrência durante a terapia de hemodiálise, o estado de saúde destes podem agravar ainda mais. Observou-se nesta pesquisa que foi frequente a ocorrência de complicações apresentadas pelos pacientes com insuficiência renal durante as sessões de hemodiálise; assim, recomenda-se uma constante avaliação dessas complicações. A equipe plantonista deve estar habilitada para intervir nessas complicações, de forma a colaborar para o melhor bem-estar do mesmo, priorizando a queixa deste, garantindo assim uma assistência humanizada. Ressaltamos a importância de capacitação e atualização periódica para toda a equipe, visando sempre o pronto atendimento adequado aos pacientes quando estes apresentam intercorrências durante o tratamento, visto que as intercorrências podem ser das mais simples a mais grave, podendo acontecer inclusive parada cardiorrespiratória. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARROS. E; MANFRO, R.C; THOMÉ, F.S., GONÇALVES, L.F.S. Nefrologia, rotinas, diagnóstico e tratamento. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 1999. BRASIL. Sociedade Brasileira de Nefrologia. Censo. janeiro/2006: centro de diálise no Brasil. Disponível em: <http://www.sbn.org.br/Censo/2006/censoSBN2006.ppt>. CALIXTO, R. C, Lorençon M, Corrêa MSMF, Cruz AP, Martins LC, Barretti P, et al. Intercorrências Dialíticas em Hemodiálise. J Bras Nefro 2003. CASTRO, M.C.M. Atualização em diálise: complicações agudas em hemodiálise. J BrasNefrol. 2001;23(2):108-13. CINTRA, Eliane A.; NISHIDE, Vera M.; NUNES, Wilma A. 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