FM11. Avaliação da cinética de degradação térmica por modelo não-isotérmico da fluoxetina Fernandes FHA, Silva PCD, Lima NGPB, Medeiros ACD, Salgado HRN Introdução: O estudo cinético de decomposição térmica de fármacos por termogravimetria (TG/DTG) permite prever o comportamento térmico da amostra, bem como determinar sua estabilidade térmica relativa. Muitos fármacos apresentam processo de degradação térmica envolvendo reações consecutivas e paralelas, o que faz com que a energia de ativação envolvida seja dependente da fração de conversão de massa. Em função disto, têm sido aplicados os métodos isoconversionais, em que a energia de ativação é determinada em função da fração de conversão de massa. Dentre eles o modelo de Ozawa-Wall-Flynn (O-W-F) vem sendo bastante utilizado no estudo térmico de diversos medicamentos. A Fluoxetina (FLX) é um fármaco da classe dos inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) e vem sendo bastante empregada no tratamento de depressão, transtorno obsessivo compulsivo, síndrome do pânico e fobia social. Devido à baixa ocorrência de reações adversas graves e bem como baixo potencial de abuso, este fármaco tornou-se um dos antidepressivos mais prescritos no mundo. Contudo, ainda é pouco estudado no que compete às suas propriedades térmicas, principalmente seus aspectos cinéticos. Objetivo: Investigar a degradação térmica do cloridrato de FLX em condições não-isotérmicas, pelo método proposto por Flynn-Wall-Ozawa (FWO). Metodologia A curva de DSC foi obtida em calorímetro modelo DSC Q-20 da TA Instruments®. As curvas TG/DTG foram obtidas sob atmosfera inerte de nitrogênio (50 mL/min), utilizando a razão de aquecimento de 10°C/min. Para a determinação dos parâmetros cinéticos de decomposição térmica por termogravimetria dinâmica empregou-se um analisador simultâneo SDT-Q600 da TA Instruments®, nas razões de aquecimento de 5, 10, 15 e 20°C/min, em cadinhos de alumina, contendo a massa da amostra de 5,00±0,05mg. Resultados e Discussão: As curvas TG/DTG mostraram que a decomposição térmica ocorreu em três etapas. A primeira entre 190 e 250°C, a segunda entre 250°C e 273°C e a terceira ocorreu entre 285 e 320°C. Acima de 400 ºC inicia-se o processo de formação de resíduo. A curva DSC evidenciou um evento endotérmico entre 152 e 162°C (Tpico = 158,08°C), que corresponde ao ponto de fusão do fármaco. Entre 225 e 256°C (Tpico = 237,22°C) observou-se um evento exotérmico possivelmente associado à decomposição do material. A aplicação dos métodos cinéticos para a determinação da energia de ativação foi satisfatória nos três eventos de degradação. Na primeira e segunda etapas os coeficientes de correlação para as frações de reação de 0,1-0,9 foram próximos de 1. Na terceira etapa, as frações de 0,1-0,5 apresentaram coeficientes abaixo de 0,9 demonstrando assim que o modelo apresentou boa aplicabilidade para obtenção dos parâmetros cinéticos de decomposição térmica. A primeira (Ea = 116,15 kJ/mol) e a terceira etapa (Ea = 96,06 kJ/mol) apresentaram suas respectivas energias de ativação com uma ligeira diferença entre as frações. Já na segunda (Ea = 97,89 kJ/mol) a energia de ativação mostrou-se quase que constante durante estes estágios de degradação. O estudo da degradação controlada de fármacos pode ser uma ferramenta útil na caracterização das propriedades térmicas da fluoxetina. Palavras-chave: Fluoxetina, termogravimetria, cinética de degradação térmica.