Curso de Mestrado Integrado em Medicina Dentária CRB/UCP UPC-2 – IM (Imunologia) TP01-03 Transplante e rejeição Nome do aluno:____________________________________________ Número: _____ Nome do aluno:____________________________________________ Número: _____ Nome do aluno:____________________________________________ Número: _____ Nome do aluno:____________________________________________ Número: _____ C.M., 48 anos de idade, vendedor de software, procurou o seu clínico geral com queixas de fadiga e “falta de fôlego”. Previamente à consulta, não há história de seguimento médico regular. O paciente indica que as primeiras queixas terão surgido cerca de um ano antes, consistindo em dificuldades em subir escadas ou em fazer exercício com os filhos. Desde há seis meses que apresenta queixas de dificuldades respiratórias quando deitado na cama. O paciente indica ainda não ter história pessoal de dor no peito e não apresenta história familiar de doença cardíaca. Referiu todavia ter tirado dois dias de baixa médica no trabalho, dezoito meses antes, devido a manifestações intensas do tipo gripal. O exame físico de rotina revelou 105 de pulso, 32 de taxa respiratória e pressão arterial = 105 mmHg. Não havia febre mas o paciente apresentava edema dos membros inferiores. A auscultação do paciente evidenciou uma acumulação anormal de fluido em ambos os pulmões. O raio X ao tórax revelou edema pulmonar, efusões pleurais e uma dilatação significativa do ventrículo esquerdo. C.M. foi então admitido ao serviço de Cardiologia do Hospital Universitário onde, após a realização de mais testes de diagnóstico (angiografia coronária, ecocardiografia…), se estabeleceu um diagnóstico de cardiomiopatia dilatada. Os médicos explicaram ao paciente que o seu músculo cardíaco havia sido danificado, possivelmente em consequência de um episódio inflamatório resultante de uma infecção vírica ocorrida há algum tempo atrás. O único tratamento possível seria um transplante cardíaco. Efectuou-se um teste PRA (“panel-reactive antibody”) ao soro do paciente para determinar se este havia sido previamente sensibilizado a aloantigénios. O teste demonstrou que o paciente não possuía anticorpos circulantes contra antigénios HLA (antigénios de histocompatibilidade, “Human Leucocyte Antigen A”). Não se efectuou qualquer outro teste imunológico. Duas semanas mais tarde, numa cidade vizinha, foi possível recuperar o coração de um dador que havia sido vítima de um acidente num estaleiro de construção civíl. O dador tinha o mesmo grupo sanguíneo AB0 que o paciente. A cirurgia de transplante, realizada quatro horas após a remoção do coração do dador, decorreu sem incidentes. Da mesma forma, não houve incidentes pós-operativos, revelando o aloenxerto a devida capacidade funcional. 1) Que problemas poderão surgir se paciente e dador tiverem diferentes grupos sanguíneos ou se o paciente apresentar elevados níveis de anticorpos anti-HLA? C.M. foi sujeito a terapêutica imunosupressora (doses diárias de ciclosporina, ácido micofenólico e prednisolona) a partir do dia seguinte ao do transplante. Uma semana após a cirurgia realizou-se uma biópsia endomiocardial que não evidenciou qualquer dano no miocárdio nem a presença de células inflamatórias. O paciente recebeu alta 10 dias após a cirurgia e, ao fim de um mês, podia já realizar exercício físico ligeiro sem qualquer problema. Os resultados das biópsias endomiocardiais de rotina agendadas para os primeiros três meses após o transplante estavam normais, mas uma biópsia às 14 semanas pós-cirurgia demonstrou a presença de numerosos linfócitos no miocárdio e algumas fibras musculares apoptóticas. Estes resultados foram interpretados como evidência de rejeição do aloenxerto. 2) A que respondia o sistema imune do paciente e quais foram os mecanismos efectores envolvidos no episódio de rejeição? O nível de creatinina sérica (um indicador da função renal) de C.M. estava elevado (2,2 mg/dL; normal < 1,5 mg/dL), o que desencorajava o aumento da dose de ciclosporina (nefrotoxicidade). Em alternativa, foram-lhe administradas três doses adicionais de um fármaco esteróide durante 18 horas e, uma semana depois, a repetição da biópsia endomiocardial apenas revelou alguns macrófagos dispersos e um pequeno foco de tecido em regeneração. C.M. foi para casa, sem manifestações, passando a seguir uma vida “normal”, à excepção da administração diária de ciclosporina, ácido micofenólico e prednisolona. 3) Qual é o objectivo da terapêutica imunosupressora? Angiogramas coronários realizados anualmente após o transplante revelaram um estreitamento gradual dos lúmens das artérias coronárias. No sexto ano após o transplante, C.M. começou a apresentar queixas de “falta de ar” após exercício moderado, exibindo mesmo alguma dilatação do ventrículo esquerdo no exame radiográfico. Um exame intravascular por ultra-sons demonstrou um espessamento significativo das paredes e um estreitamento do lúmen das artérias coronárias. Uma biópsia endomiocardial revelou áreas de necrose isquémica. C.M. e os seus médicos consideram, por isso, a possibilidade de ter de efectuar um segundo transplante cardíaco. 4) Que processo conduziu à falência do transplante ao cabo de 6 anos?