CEFAC CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA MOTRICIDADE ORAL MASSAGEM FACIAL Fonoaudiologia e a Drenagem Linfática Manual LILIANE DENISE FROMHOLZ Monografia de conclusão do curso de Especialização em Motricidade Oral. Orientadora Mirian Goldenberg CURITIBA 1999 1 AGRADECIMENTOS A minha mãe, ao meu noivo, aos mestres do CEFAC, aos amigos pela paciência e colaboração. E sobre tudo a Deus e ao meu pai (in memoriam) por iluminarem meus caminhos, dando-me saúde e dicernimento. Muito obrigado 2 “O mundo é um livro, e aqueles que não viajam lêem apenas uma página”. Sto. Agostinho 3 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................7 DISCUSSÃO TEÓRICA ................................................................................10 CAPÍTULO I DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL ................................10 1. Histórico ....................................................................................10 2. As primeiras experiências no Brasil ...........................................12 3. Primeiras tentativas no pré e pós cirurgia plástica ......................14 CAPÍTULO II A CIRCULAÇÃO...........................................................16 1. Anatomia e Fisiologia ................................................................16 CAPÍTULO III SISTEMA LINFÁTICO .....................................................18 1. Anatomia e Fisiologia ...............................................................18 2. Sistema de organização celular .................................................20 3. Componentes do sistema ...........................................................23 3.1. A linfa ................................................................................23 3.2. Vias linfáticas .....................................................................25 3.2.a. Capilares linfáticos ......................................................25 3.2.b. Vasos linfáticos............................................................26 3.3. Tecidos linfáticos ..............................................................28 3.3.a. Gânglios linfáticos ......................................................28 3.3.b. O timo .........................................................................29 3.3.c. O baço .........................................................................29 3.3.d.Formações linfóides .....................................................31 4 CAPÍTULO IV OS EFEITOS DA DRENAGEM LINFÁTICA ...............................31 1. A natureza das manobras .................................................................31 2. A influência da drenagem linfática ..................................................32 3. Contra-indicações ............................................................................33 ANÁLISE DOS RESULTADOS .................................................................35 1. As condições de trabalho ..................................................................36 2. Tipos de movimentos ......................................................................37 3. Nomenclatura ..................................................................................38 4. Execução das manobras ..................................................................39 5. Seqüência da drenagem linfática manual facial .............................40 CONSIDERAÇÕES FINAIS .....................................................................41 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................43 RESUMO 5 As novas situações geradas no contexto social e político do país, intensifica-se a necessidade de práticas fonoaudiológicas inovadoras. Considera-se a Fonoaudiologia como um ciência nova em evolução, a qual apresenta dúvidas, falhas e sabe-se muito pouco sobre determinados assuntos. Ao apresentar este trabalho, a única preocupação maior foi, contribuir com o progresso científico e ao mesmo tempo, mostrar aos fonoaudiólogos, de forma simples, que existe um método de massagem utilizado por fisioterapeutas e esteticistas, na área facial com bons resultados. Para tanto, a revisão bibliográfica foi importante para o conhecimento do tema, partindo da apresentação da drenagem linfática, seguindo com os aspectos referentes a circulação sangüínea e sistema linfático, os efeitos e a prática da drenagem linfática manual facial. Não podemos esquecer que o ser humano é um ser total, e o trabalho multidisciplinar é fundamental. INTRODUÇÃO 6 Em busca de novos caminhos para a fonoaudiologia encontrei no tema massagem o ponto de partida. A massagem é um recurso antigo de prática médica empregado para fins de cura e para auxiliar a preservação da saúde. Normalmente a técnica moderna das massagens é aplicada como complemento dos exercícios físicos ou também como substituto da ginástica para pessoas de vida sedentária, que não podem dedicar tempo ao esporte. Conforme a natureza dos movimentos, portanto, a massagem poderá produzir efeitos sedativos e relaxantes ou também efeitos contrários, de estímulo e excitação dos tecidos. O efeito imediato de maior importância é a redistribuição de sangue nos vasos. Em certas áreas da pele, o sangue se renova muito lentamente, sem sofrer a ação direta dos movimentos circulatórios. Essa relativa estagnação corresponde a um reservatório de sangue de que o organismo se vale em certas emergências. A pessoa que empalidece diante de um perigo representa um exemplo típico dessas emergências. Em obediência a estímulos nervosos, as glândulas supra-renais segregam adrenalina, que vai provocar a constrição dos vasos periféricos e expelir o sangue dali para os vasos de circulação ativa, situados a maior profundidade. Massagens regulares, porém, podem renovar periodicamente esses reservatórios de sangue na pele, com o resultado de melhorar a irrigação dos tecidos circunjacentes, principalmente a própria pele. Outro efeito imediato importante é o que se exerce sobre os vasos linfáticos. A linfa circula pelo corpo através de condutos especiais. O sistema linfático, porém, não dispõe de 7 uma bomba motriz como o sistema sangüíneo. O que movimenta a linfa são os próprios movimentos corpóreos, e mão única de direção é garantida por válvulas que se abrem apenas num sentido. A massagem ativa a circulação da linfa e, desse modo, contribui eficazmente para melhorar a resistência orgânica às infecções. Em conseqüência, há uma intensificação de todas as trocas nutritivas efetuadas pelas células. O oxigênio é levado mais rapidamente aos tecidos. O gás carbônico e outros resíduos originados do trabalho celular são eliminados dos tecidos e cedidos ao sangue. São ainda positivos os feitos produzidos sobre os nervos: em geral, a massagem estimula os nervos motores e diminui a sensibilidade dos nervos sensitivos. Há assim, ao mesmo tempo, um feito estimulante da musculatura e sedativo sistema nervoso. Os benefícios trazidos ao organismo por uma massagem bem feita são tantos que essa técnica é utilizada como método de tratamento. É neste momento que retomo o tema “massagem”, sendo este fortalecido ainda mais, após uma conversa com uma amiga esteticista, sobre o método de drenagem linfática manual, o qual ela faz uso em suas clientes. Com muitas idéias, com pouca bibliografia sobre o assunto, o que fazer? Resposta: trabalhar com o que se tem. E o que se tem é: um método específico de massagem, utilizado por fisioterapeutas e esteticistas, como um tratamento alternativo. 8 Então uma nova pergunta surge: e por que não a fonoaudiologia pesquisar, aprender, aplicar e observar resultados do método drenagem linfática manual facial em seus pacientes? É aí, que encontro o verdadeiro objetivo do trabalho, desenvolvendo no capítulo 1, a história da drenagem linfática manual, desde os seus precursores o casal Vodder, até as primeiras experiências e tentativas pré e pós cirurgia plástica no Brasil com Waldtraud Ritter Winter. Os capítulos de número dois e três, apresentam de maneira sintetizada a anatomia e fisiologia da circulação sangüínea e do sistema linfático. No capítulo quatro, os efeitos da drenagem linfática manual, são descritos através das manobras, da sua influência e contra – indicações. A análise dos resultados parte de uma revisão bibliográfica, e ilustra teoricamente o método. As considerações finais destacam dificuldades encontradas na realização do trabalho, incentivo a outros fonoaudiólogos a novas pesquisas e contribuições do tema em questão. 9 DISCUSSÃO TEÓRICA CAPÍTULO I DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL 1. HISTÓRICO A Drenagem Linfática Manual é uma massagem específica desenvolvida pelo casal dinamarquês, Estrid e Emil Vodder naturais de Kopenhagem. Dr. Vodder, formado em Fisioterapia pela Universidade de Bruxelas, começou experimentalmente a tratar pacientes acometidos de gripes e sinusites, manipulando seus gânglios linfáticos do pescoço através de movimentos suaves e rotativos .Em vista dos resultados espetaculares, o casal disciplinou o método inicialmente intuitivo. O primeiro relato escrito apareceu no ano de 1936 por ocasião de uma exposição de saúde “Santé e Beauté” em Paris. A Drenagem Linfática Manual tornou-se o grande desafio do casal Vodder. Eles fundaram um instituto primeiramente na França, depois em Kopenhagen, onde estudaram e ensinaram o método por eles desenvolvido . Os trabalhos práticos em clientes forneceram a prova da viabilidade do método e o estudo da literatura específica sobre o sistema linfático, na sua anatomia e fisiologia, trouxe a explicação teórica dos fenômenos observados. O primeiro grupo de pessoas a interessar-se pela drenagem linfática do casal Vodder não foi o dos fisioterapeutas, nem o dos médicos. Os trabalhos chamaram a atenção de algumas esteticistas que viram neste método um meio de rejuvenescimento. Provavelmente porque as esteticistas tinham menos preconceitos e mais intuição do que os outros profissionais. A partir dos anos 10 cinqüenta, o casal Vodder ministrou cursos em vários países europeus, principlamente na Alemanha. No ano de 1963 o médico Dr. Johannes Asdonk tomou conhecimento dos trabalhos de Vodder. Ele analisou a drenagem linfática sob o ponto de vista médico e ficou entusiasmado. Outros médicos e cientistas interessaram-se pela drenagem linfática manual. Podemos citar o Prof. Dr. M. Foeldi, que estudou as vias linfáticas da cabeça e da nuca e sua interligação com o líquor cérebro-espinhal. O Prof. Dr. H. Mislin examinou mecanismos da motricidade dos capilares e dos vasos linfáticos. Como primeira oficialização pela medicina científica, a Associação para Drenagem Linfática Manual foi fundada em 1966, e passou a chamar-se Associação Alemã para Linfologia a partir de 1976. 11 2. AS PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS NO BRASIL Waldtraud Ritter Winter, esteticista há 30 anos, autora de inúmeros livros sobre estética, e atualmente diretora da Escola Estética Integral no centro de Belo Horizonte desde 1965, teve contato pessoal com o casal Vodder e o método de drenagem linfática manual em 1969 na cidade de Wiesbaden (Alemanha), na Escola Estética Ilse Stieber. Quando voltou ao Brasil cheia de vontade de colocar em prática os novos conhecimentos, deparou-se com uma sala pequena num prédio comercial no centro de Belo Horizonte onde tratava as clientes de estética, auxiliada somente por uma funcionária. Foi então que começou a incluir a drenagem linfática manual em seus tratamentos habituais e notou que as clientes relaxavam com mais facilidade . As “tagarelas” calavam-se e muitas delas adormeciam. Uma de suas clientes muito tensa e exausta, apesar de jovem ainda , tinha um programa feminino na televisão local. Ela sentiu um alívio tão grande das tensões e uma melhora boa da expressão do seu rosto, que levou Waldtraud ao seu programa, onde entrevistou-a sobre a drenagem linfática manual. No dia seguinte o telefone não parava de tocar devido a tantas perguntas dos telespectadores. Aos poucos Waldtraud conseguiu escolher melhor os casos especialmente indicados para drenagem linfática manual, pois inicialmente experimentava o método em todo mundo. Afirma, no entanto, que durante a primeira fase da prática inexperiente a drenagem linfática não mostrou efeitos negativos em nenhum dos casos . O que acontecia era simplesmente um grau variado de eficácia. Waldtraud seguia à risca as instruções recebidas, mas não tinha 12 ninguém para salvar dúvidas, a não ser as apostilas de trabalho e simples folhas. Em 1978 Waldtraud voltou a Alemanha para aperfeiçoar a técnica da drenagem linfática. No mesmo ano participou do “Iº Congresso Internacional da Associação para Drenagem Linfática Manual nach Dr. Vodder” em Innsbruck (Áustria). O Dr. Emil Vodder abriu pessoalmente os trabalhos do Congresso com uma retrospectiva sobre o desenvolvimento do seu método. Ele chamou sua primeira intuição da drenagem linfática de “visionária”, pois o que ele fez contrariava completamente todos os ensinamentos da época relativos aos gânglios linfáticos. “ Através da razão , jamais conseguiria desenvolver a drenagem linfática manual” disse ele. O Dr. Vodder manifestou também sua esperança de que a drenagem linfática manual viesse a contribuir no sentido de os homens tornarem-se menos agressivos: “Acredito que virá o tempo em que a maior meta da humanidade será ajudar o próximo. As pessoas que trabalham com a drenagem linfática manual entenderão que a colaboração e a compreensão mútuas são necessárias para a mobilização de forças positivas. Estas forças não são compreendidas, porque não são mensuráveis. Mas o paciente sente a energia, ele reestabelece a saúde mais rapidamente”. Waldtraud voltou ao Brasil com a certeza de estar no caminho certo. 13 3. PRIMEIRAS TENTATIVAS NO PRÉ E PÓS CIRURGIA PLÁSTICA Waldtraud continuou aplicando a drenagem linfática manual e observando atentamente os resultados. Na época teve várias clientes que se submeteram a cirurgia plástica. Os cirurgiões recomendavam às pacientes que dormissem de cabeça bem alta, quase sentadas na cama e proibiam qualquer manipulação das partes operadas. Os edemas pós cirúrgicos eram consideráveis, incomodavam bastante e perduravam em alguns casos por três meses ou mais. Waldtraud percebeu que as pessoas sentiam dificuldades em movimentar a cabeça, porque tanto o pescoço como a nuca mostravam-se endurecidos e inchados. Para ela era óbvio que a drenagem linfática estava indicada no tratamento pós-operatório. Os cirurgiões plásticos nunca tinham ouvido falar em drenagem linfática, e também não demonstravam muito interesse em saber. Aplicavam heparina, pomadas à base de corticóides ou thiomucase, mais proibiam estritamente qualquer tipo de manipulação manual, sem ao menos conhecerem de que se tratava. Na Europa a cirurgia plástica é praticada em escala muito menor do que no Brasil. Durante cursos e estágios na Europa Waldtraud teve oportunidade de trabalhar em pessoas recém operadas. O Dr. med. B. Bilas, de Munique, relata no boletim linfológico sua experiência com drenagem linfática em relação a cirurgias estética: “Pelo emprego da drenagem linfática no pré e pós-operatório tornou-se possível a diminuição dos riscos ( hemorragias pós-cirurgicas). A cicatrização completou-se em tempo menor e o resultado das intervenções foi altamente satisfatório”. 14 Baseada neste relato Waldtraud teve certeza de que as cirurgias de rejuvenescimento deviam ser tratadas imediatamente após a cirurgia, através da drenagem linfática manual. Como não podia agir contra a proibição dos cirurgiões começou a tratar suas clientes através da drenagem linfática manual antes da cirurgia .Observou dois efeitos: elas enfrentavam a cirurgia com mais tranqüilidade e o edema pós - cirúrgico manifestava-se com menor intensidade, perdurando por menos tempo. Algumas clientes procuravam-na alguns dias após a cirurgia, pedindo que as aliviasse do incomodo do edema. Waldtraud começou a tratar as clientes recém operadas pela drenagem linfática. Aos poucos começava a drenar as clientes sobre áreas descoladas, inicialmente após 15 dias, diminuindo cada vez mais o tempo entre a cirurgia e a primeira drenagem direta. Os resultados foram satisfatórios. 15 CAPÍTULO II A CIRCULAÇÃO 1. ANATOMIA E FISIOLOGIA Todas as células que constituem o organismo necessitam constantemente de elementos nutritivos para a manutenção de seu processo vital, os quais são levados até elas por intermédio de um líquido circulante que é o sangue. Os elementos nutritivos são constituídos pelas proteínas, hidratos de carbono e gorduras, desdobrados em suas moléculas elementares (protídios, glicídios e lipídios) e ainda sais minerais, água e vitaminas. Além disso, o sangue é incumbido do transporte do oxigênio, que é responsável pela oxidação das reações orgânicas. Cabe também ao sangue servir de veículo para os elementos indesejáveis das diversas reações como a uréia, ácido úrico etc, que devem ser eliminados pelos rins, assim como para o gás carbônico que deve ser expelido através dos pulmões. O sangue é constituído por uma parte líquida que é o plasma e por elementos figurados que são representados pelos glóbulos sangüíneos e plaquetas. Os glóbulos sangüíneos dividem-se em glóbulos vermelhos que são as hemácias ou eritrócitos e glóbulos brancos que são os leucócitos. As hemácias são células em forma de discos, sem núcleo, cuja principal característica é possuírem a hemoglobina, pigmento responsável pelo transporte do oxigênio para as outras células do organismo e o retorno com o gás carbônico que deve ser eliminado. Os leucócitos são células incumbidas da defesa do organismo e podem ser de diversos tipos como neutrófilos, linfócitos, basófilos, eosinófilos e monócitos. 16 As plaquetas são fragmentos citoplasmáticos de células grandes da medula óssea e desempenham importante função no mecanismo da coagulação do sangue. O plasma é parte líquida do sangue, contendo as substancias nutritivas e os elementos residuais das reações celulares. O sangue está contido num sistema fechado de canais que são os vasos sangüíneos, cujo estudo constitui a Angiologia (angeion = vasos). Para o estudo da Angiologia, segundo o livro de Sebastião Vicente de Castro, podemos dividi-la em: coração, sistema arterial, sistema venoso e sistema linfático. Sendo este último, o sistema linfático, o objeto de importância para este trabalho. 17 CAPÍTULO III SISTEMA LINFÁTICO 1. ANATOMIA E FISIOLOGIA O corpo é em grande parte composto de fluídos, que requerem constante circulação, e a bomba principal que mantém esta circulação é o coração, que direciona os fluídos do sistema vascular sangüíneo e todo o fluído extravascular do corpo. As veias são o sistema de retorno do sangue para o coração, os fluídos de compartimentos especiais, geralmente drenam pelas veias, em direção ao sistema linfático. Os vasos linfáticos originam-se de veias no embrião em desenvolvimento e são associados a elas através da maior parte do corpo, os vasos linfáticos auxiliamnas em sua função drenando muitos tecidos do corpo, e aumentando a quantidade de fluídos para o coração. A rede vascular linfática não forma um sistema fechado como o sistema vascular sangüíneo, são capilares finos, incolores e isolados no tecido conjuntivo, convergem para formar, progressivamente vasos maiores, os quais são interrompidos em vários lugares com pequenas estações filtrantes denominadas linfonodos. O sistema vascular linfático não apresenta um coração para a sua impulsão, o fluxo da linfa depende em grande parte da ação massageadora dos músculos esqueléticos próximos que, alternadamente contraem e relaxam. Os primeiros vasos linfáticos que absorvem os líquidos intersticiais que se torna a linfa nos vasos linfáticos, são chamados de capilares linfáticos, as suas aberturas são mais largas do que as aberturas do sistema sangüíneo, suas 18 estruturas não são contínuas e suas membranas estão ligadas por intermédio de filamentos intermediários. Os vasos profundos geralmente seguem as veias profundas do sistema sangüíneo, que caminham junto com as artérias e nervos. Certas áreas são destituídas de vasos linfáticos e linfonodos, como: - cérebro - medula espinhal - medula óssea - estruturas sem vasos sangüíneos e que recebem sua nutrição por difusão - cartilagens - epiderme, etc Todos os órgãos são controlados pelas linfas que atravessam por eles, passando por gânglios linfáticos que controlam o líquido da linfa, e que devem novamente retornar à circulação e passar pelo coração, voltando por duas vias: - sangüínea - linfática 19 2. SISTEMA DE ORGANIZAÇÃO CELULAR Para que as células possam reunir-se em tecidos elas necessitam de estruturas de sustentação intercelulares. As próprias células providenciam estas estruturas, cuja natureza varia conforme as funções que os tecidos hão de desempenhar. O material intercelular do tecido conjuntivo consiste principalmente em fibras, enquanto o tecido ósseo necessita de estruturas rígidas formadas na sua maior parte por sais minerais. Para que as células reunidas em tecidos possam exercer funções em conjunto, precisam de um meio de comunicação, de transporte e de distribuição intercelulares. Estas funções são preenchidas pelo líquido intersticial. O funcionamento do organismo como um todo depende do bom funcionamento de todos os seus componentes. O estímulo exercido sobre alguma parte, desencadeia não somente um resposta isolada, mas uma cadeia de reações. Por esta razão não podemos estudar um fenômeno isoladamente, mas compreendido em sua relação com todas as partes do indivíduo. A composição dos líquidos, tanto dos intra como dos extra-celulares, é basicamente a mesma. Consiste em água, eletrólitos e não eletrólitos, glicose, proteínas e lipídios. O LÍQUIDO INTRACELULAR o líquido intracelular encontra-se dentro da célula. Ele comunica-se através da membrana celular com o líquido intersticial, de onde recebe todas as substâncias necessárias para a manutenção e para onde lança todos os seus dejetos. Mantém porém características próprias e concentrações específicas. O LÍQUIDO EXTRACELULAR 20 Fazem parte do líquido extracelular: - plasma sangüíneo - linfa - líquido intersticial - líquor ( dentro dos ventrículos cerebrais e dos espaços sub-aracnóides) - líquido intra-ocular - líquido do aparelho gastrointestinal (sucos pancreáticos e gástricos, bile, saliva, fluídos glandulares) - excreções(urina, suor, lágrimas) - líquidos dos espaços em potencial ( pleura, cavidade peritoneal, cavidade pericárdica, fendas sinoviais) Com exceção dos líquidos excretados, todos os líquidos extracelulares encontram-se em circulação contínua, mudando constantemente de ambiente e de composição. O plasma do sangue é filtrado na rede capilar arterial para os espaços intercelulares, enquanto parte do líquido intersticial é readmitido pela circulação sangüínea através dos capilares venosos. outra parte do líquido intersticial penetra nos capilares linfáticos e é devolvido à rede sangüínea após passar pelo controle dos gânglios linfáticos. Os sucos gástricos são parcialmente absorvidos pelos capilares sangüíneos e linfáticos que circundam o intestino; os rins filtram o sangue, reabsorvendo, conforme as necessidades do meio interno, maior ou menor quantidade de água, sais minerais, eletrólitos e nãoeletrólitos, e lançando os excessos destas substâncias na urina. O líquor, apesar de sua composição diferir em alguns componentes do líquido 21 intersticial, comunica-se com o mesmo e com a linfa, como foi provado através dos trabalhos do Prof. Dr. M. Foeldi. O líquido intra-ocular tem funções parecidas com as do líquor. Ele está em comunicação com o plasma (pela rede venosa) e com o líquido intersticial. A mistura dos líquidos extracelulares faz-se de modo muito rápido. O sangue completa um circuito por um minuto, quando um pessoa se encontra em repouso, e até cinco vezes quando em atividade. A mistura do plasma com o líquido intersticial efetiva-se nas proximidades da rede capilar. A troca de líquidos, substâncias nutritivas e resíduos do metabolismo celular torna-se possível graças à estrutura peculiar dos capilares sangüíneos. 22 3. COMPONENTES DO SISTEMA 3.1. – A LINFA 3.2. – VIAS LINFÁTICA 3.2.a CAPILARES LINFÁTICOS 3.2.b. VASOS LINFÁTICOS 3.3. TECIDOS LINFÁTICOS 3.3.a. GÂNGLIOS LINFÁTICOS 3.3.b. O TIMO 3.3.c. O BAÇO 3.3.d. FORMAÇÕES LINFÓIDES 3.1. A LINFA O nome linfa tem origem latina e significa água nascente (pura), em virtude de sua aparência límpida e incolor. Apresenta uma composição química semelhante à do plasma sangüíneo, porém não se coagula. Sangue e linfa são tecidos imunológicos circulantes, que transportam: - antígeno - células imunológicamente ativas - os anticorpos A linfa consiste de: - parte líquida – a linfa origina-se nos espaços intersticiais: seu componente líquido é portanto basicamente o líquido intersticial, que por sua assemelha-se na sua composição ao plasma sangüíneo. 23 vez - carga linfática obrigatória – é constituída por substâncias que precisam ser retiradas do âmbito intersticial para garantir a homeostase, e para as quais os capilares linfáticos representam a única possibilidade de retirada. A linfa contêm células: - linfócitas - granulócitas - eritrócitas - macrófagos - eventualmente células cancerosas - fibrinogênio em pequenas quantidades e que participam do sistema de coagulação. O transporte da linfa: - contrações rítmicas dos vasos linfáticos – contrações próprias dos segmentos dos vasos linfáticos; - contrações dos músculos vizinhos – a contração dos músculos esqueléticos modifica momentaneamente a pressão do tecido intersticial; - movimento do diafragma – a respiração provoca uma mudança de pressão na caixa torácica. Na inspiração, esta se dilata e seu volume aumenta consideravelmente pela descida do diafragma; estas mudanças são acompanhadas por uma pressão negativa em relação á pressão atmosférica. Desta maneira, o vácuo parcial que se forma na caixa torácica não somente impele o ar para dentro dos pulmões, como também facilita o avanço do fluxo linfático; 24 - pulsação das grandes artérias – os vasos linfáticos encontram-se quase sempre nas proximidades dos vasos sangüíneos, de maneira que a pulsação das grandes artérias repercute também nos vasos linfáticos. Esta pulsação é um fator coadjuvante na motricidade dos vasos linfáticos. 3.2. VIAS LINFÁTICAS As vias linfáticas começam no tecido intersticial por uma rede capilar que se encontra sempre na proximidade de capilares sangüíneos. Os capilares linfáticos unificam-se, formando vasos linfáticos que percorrem um ou mais gânglios linfáticos antes de se reunirem em troncos linfáticos. O ponto final das vias linfáticas é o angulo venoso, onde os troncos linfáticos despejam a linfa para fora da circulação venosa. Didaticamente dividimos as vias linfáticas numa rede periférica que compreende os capilares e vasos linfáticos situados anteriormente aos gânglios linfáticos, e numa rede central que abrange todos os vasos linfáticos posteriores aos linfonodos. 3.2.a. CAPILARES LINFÁTICOS Os capilares linfáticos terminais têm uma estrutura peculiar à sua função coletora. Suas extremidades são aparentemente fechadas, assemelhando-se aos dedos de uma luva e suas paredes são constituídas de células endoteliais que se encontram sobrepostas em forma de escamas ou telhas, sem que existam conexões fixas entre si. Formam-se desta maneira inúmeras válvulas, que se abrem pela pressão externa do líquido intersticial, o qual penetra com 25 toda a carga linfática obrigatória até encher o capilar. À medida que as paredes do capilar vão sendo distendidas pela pressão interna do seu conteúdo, as “telhas” encostam-se novamente uma às outras, fechando as válvulas. Em conseqüência da grande permeabilidade dos capilares linfáticos, parte do líquido admitido voltará para os espaços intersticiais, mas as macro-moléculas e o restante do líquido terão de seguir no interior dos vasos em direção aos gânglios linfáticos. 3.2.b. VASOS LINFÁTICOS Os vasos linfáticos formam-se pela confluência de vários capilares linfáticos. Eles possuem válvulas que impedem o refluxo da linfa. Os vasos linfáticos, por terem paredes mais delgadas do que as veias sangüíneas, têm uma certa permeabilidade que permite a filtração de uma parte do líquido para os espaços intersticiais. Em conseqüência disso, a linfa central é bem mais concentrada do que a linfa periférica. Como as veias, também os vasos linfáticos encontram-se dispostos em dois planos, um superficial e outro profundo, que podem comunicar-se ocasionalmente por anastomoses linfáticas; de qualquer forma, os vasos coletores superficiais acabam por reunir-se aos coletores profundos. Antes de deixar a região ou o órgão da sua origem, os vasos linfáticos atravessam pelo menos um gânglio linfático. Eles reúnem-se formando vasos cada vez maiores, até finalmente constituírem os troncos linfáticos. - TRONCOS LINFÁTICOS Os troncos linfáticos, terminam em ductos, que são: 26 - ducto torácico – é o maior tronco linfático, nasce na cisterna do quilo (altura do umbigo), que recebe a linfa dos membros inferiores e dos órgãos abdominais, a linfa dirige-se em direção ao pescoço, passando pelo diafragma através da abertura aórtica, sobe pelo tórax logo adiante pela coluna vertebral. Na altura da clavícula faz uma curva para o lado esquerdo, passando atrás da artéria carótida comum esquerda, do nervo vago e veia jugular interna. E finalmente se inclina para baixo. Antes de desembocar no ângulo venoso esquerdo, (junção da veia subclávia com a veia jugular interna esquerda, onde as duas formam o tronco braquiocefálico) , ele recebe a linfa do ducto linfático esquerdo. - ducto esquerdo - forma-se pela junção do tronco jugular esquerdo, que traz a linfa da parte esquerda da cabeça, com o tronco subclávio esquerdo, provindo do braço esquerdo. Os dois troncos reúnem-se pouco antes de penetrarem no ducto torácico . - ducto direito – consiste na junção do tronco jugular direito, com os troncos subclávio direito e broncomediastinal ascendente (que traz a linfa da parte superior do tórax direito). A junção destes três troncos dá-se na proximidade da clavícula. O ducto linfático direito é bem menor do que o que o ducto torácico. Seu escoamento ocorre no ângulo venoso direito. 27 3.3. TECIDOS LINFÁTICOS 3.3.a. GÂNGLIOS LINFÁTICOS São chamados também de linfonodos. Encontram-se no trajeto da corrente linfática. Vários vasos aferentes perfuram sua cápsula e um ou mais vasos aferentes saem pelo seu hilo. Os gânglios linfáticos são estruturas imunológicamente ativas e por sua localização integradas à circulação linfática.. Existem cerca de 400 gânglios linfáticos no homem, dos quais 160 encontramse na região do pescoço. Outras regiões que apresentam um acúmulo de gânglios linfáticos são as axilas, as virilhas e a região poplítea (região posterior do joelho) 3.3.b. O TIMO É um órgão linfóide que atinge seu máximo desenvolvimento por volta dos 2 anos de idade e em seguida começa a regredir lentamente até a puberdade, quando então se acelera esse processo de involução para deixar apenas vestígios na idade adulta. O principal hormônio do timo denomina-se timosina. Desempenha destacado papel no processo imunitário, caracterizando o linfócito T. 3.3.c. O BAÇO O nome baço (do grego = splen e do latim = lien) deriva de sua coloração fosca , porquanto ele é vermelho-escuro turvo. 28 É o maior órgão linfóide do organismo, e o único interposto no trajeto da circulação sangüínea. Sua principal função relaciona-se com a produção de linfócitos e a remoção das hemácias em vias de degeneração; além disso, representa um importante órgão de defesa contra os agentes nocivos veiculados pelo sangue por exercer papel de filtração mecânica, fagocitose e formação de anticorpos. Finalmente, o baço desempenha destacada função imunitária. 3.3.d FORMAÇÕES LINFÓIDES Ao contrário dos linfonodos, as formações linfóides não se situam no trajeto de vasos linfáticos. São estruturas isoladas, ricas em linfócitos e plasmócitos, localizadas difusamente na mucosa de vários órgãos, e por sua proximidade com o epitélio destes órgãos tem papel importante na defesa contra a penetração de antígenos que se encontram em seu lúmen. São elas: - os nódulos linfáticos (folículos): são estruturas linfóides temporárias, que podem aparecer ou desaparecer de um determinado local, dependendo a sua formação e atividade de estímulos antigênicos. Por isso são escassos no recém nascido que vive em ambiente estéril, e abundante em processos infecciosos localizados. - as amígdalas: também são aglomerados de tecido linfóide situados na Lâmina própria da mucosa do tubo digestivo, distinguindo-se dos nódulos por possuírem uma fina cápsula de tecido conjuntivo que as separam dos 29 planos profundos, e por serem permanentes. São elas: palatinas, lingual, tubária e tecido linfóide na faringe. 30 CAPÍTULO IV OS EFEITOS DA DRENAGEM LINFÁTICA Podemos dizer que a drenagem linfática manual pelo método Dr. Vodder ajusta-se aos mecanismos biológicos de tal maneira, que consegue ampliar e acelerar as reações próprias do organismo, sem alterá-las. Isto é possível graças a uma técnica toda especial, que consiste em manobras manuais próprias. 1. A NATUREZA DAS MANOBRAS A drenagem linfática pelo método Vodder utiliza pressões graduadas e constantemente alteradas, imitando as contrações próprias da musculatura lisa dos vasos linfáticos e acompanhando o ritmo dos mesmos. Essas manobras consistem em círculos ou espirais num plano oblíquo à superfície tratada, aumentando-se lentamente a pressão até a metade do círculo e em seguida relaxando-se também lentamente. O aumento da pressão deve seguir a direção do fluxo linfático, o que implica no conhecimento do percurso das principais vias linfáticas e de seus afluentes. As manobras têm como objetivo direto o aumento do volume da linfa admitido pelos capilares linfáticos e o aumento da velocidade de seu transporte através dos vasos e ductos linfáticos. A seqüência das áreas a serem tratadas deve obedecer a ordem distal, tomando-se como ponto de referência os ângulos venosos, onde a linfa desemboca na corrente sangüínea. 31 Em cada direção, por sua vez, deve-se observar um seqüência de distal a proximal, trabalhando-se em direção às áreas de aglomerados de gânglios linfáticos ou seja, acompanhando-se o fluxo da linfa. 2. A INFLUÊNCIA DA DRENAGEM LINFÁTICA A drenagem linfática manual tem influência direta sobre: - a capacidade dos capilares linfáticos - a velocidade da linfa transportada - a filtração e reabsorção dos capilares sangüíneos - a quantidade de linfa processada dentro dos gânglios linfáticos - a musculatura lisa de arteríolas, metarteríolas e vasos linfáticos - a musculatura esquelética - a motricidade do intestino - o sistema nervoso vegetativo - as imunoreações humorais e celulares A drenagem linfática manual tem influência indireta sobre: - nutrição das células - oxigenação dos tecidos - desintoxicação do tecido intersticial - desintoxicação da musculatura esquelética - absorção de nutrientes pelo trato digestivo - distribuição de hormônios - aumento da quantidade de líquidos excretados 32 3. CONTRA-INDICAÇÕES As contra-indicações da drenagem linfática são poucas, porém devem ser respeitadas. CONTRA-INDICAÇÕES PARCIAIS Abrangem doenças contra-indicadas, mas que se encontram num determinado estágio que permite a aplicação da drenagem linfática manual, observando-se cuidados especiais. São elas: - câncer diagnosticado e tratado - pré-canceroses da pele - inflamações crônicas - tratamento pós-trombose e pós-tromboflebite - hipertireoidismo - asma brôquica - insuficiência cardíaca congestiva - hipotensão arterial - distonia neuro-vegetativa Em todos esses casos, compete ao médico decidir se a drenagem linfática manual deve ser empregada ou não. CONTRA-INDICAÇÕSE ABSOLUTAS - câncer (suspeito ou ainda não tratado) - inflamações agudas 33 - trombose A drenagem linfática manual pode espalhar células cancerosas (metástase), e por isto é proibido em todas as doenças cancerígenas como sarcoma, linfoma, linfogranulomatose, leucemia. Como inflamação aguda podemos definir as manifestações acompanhadas por febre, edemas exsudativos das mucosas ou manifestações locais como furuncolose, tonsilite, pneumonia. Após o término das manifestações agudas, pode-se empregar a drenagem linfática para reforçar as defesas biológicas. 34 ANÁLISE DOS RESULTADOS Devido ao desconhecimento do tema drenagem linfática manual, mas considerando ser de importante ajuda no campo da fonoaudiologia, a princípio, um trabalho bibliográfico é fundamental. Seguindo, com a revisão bibliográfica dos livros de fonoaudiologia, observa-se que os autores citam a “massagem” no auxílio do tratamento, porém não apresentam nem seguem um método específico. Encontramos em Marchesan (1993) a citação sobre massagem como algo importante e agradável. Já Claudia Felício (1994) não faz referência á utilização da massagem em casos de desordens temporomandibulares. Porém acredita que o relaxamento tem o propósito de ajudar a pessoa a perceber o seu próprio corpo e pontos de tensão, promover o aumento da circulação sangüínea, aliviando a hiperatividade muscular e a dor. Utilizando manobras na musculatura como estímulo de pontos motores da face Adriana Tessitore (1995) ,modifica o tônus muscular e reestabelece o equilíbrio funcional. E finalmente Bianchini (1995) descreve como tratamento de pacientes submetidos à cirurgia ortognática, a massagem em toda a face, com o objetivo de redução do edema e no auxílio do treino muscular. 35 Com os dados acima referidos, retorno a pergunta do início do trabalho: por que a fonoaudiologia não pesquisa, aprende e aplica um método de massagem, no caso em questão a drenagem linfática manual? Naturalmente, não se pode aprender um método manual através de um trabalho, por melhor que este seja. A proposta a seguir, é de apenas ilustrar a prática da drenagem linfática. 1. AS CONDIÇÕES DE TRABALHO Dentro das condições de trabalho o cliente deve encontrar-se numa posição cômoda e numa temperatura amena. A pele deve estar limpa e sem produtos. Em peles muito ásperas ou muito secas pode-se usar uma gota de um bom óleo vegetal, porém a pele não deve ficar escorregadia nunca. O profissional também deve encontrar-se numa posição cômoda, que lhe permita trabalhar com calma e concentrar sua atenção sobre o estado do tecido em tratamento e sobre as reações gerais do seu cliente. O ambiente ideal é calmo, eventualmente com fundo musical suave e baixinho. a iluminação deve ser discreta. As conversas necessárias, perguntas ou explicações, devem ser feitas anteriormente ao tratamento. Durante a drenagem, o cliente e profissional devem permanecer em silêncio. Após o término da drenagem, o cliente deve permanecer ainda por 20 ou 30 minutos deitado ou recostado. 36 2.TIPOS DE MOVIMENTOS - rotação no lugar - bombeamento - movimento em concha - rotação em fuso - passo de ganso a) rotação no lugar: dependendo do local disponível, os dedos ou a mão espalmada acomodam-se relaxadamente sobre a superfície da pele. A rotação nasce no cotovelo, o punho fica reto, o ombro pode, conforme o caso, acompanhar a rotação. A porção de pele que se encontra em contato com a mão acompanha o movimento desta. Não há deslizamento sobre a superfície da pele. Durante a execução do círculo, a mão aumenta a pressão ao movimentar-se na direção do fluxo linfático, diminuindo-a gradativamente quando se movimenta na direção oposta. b) bombeamento : a mão aberta segura uma porção de tecido de maneira que esta fique entre os quatro dedos e o polegar. O movimento nasce no punho; dedos e polegar permanecem relaxadamente sobre a pele. O deslocamento da pele ocorre em movimentos elípticos. Aumenta-se a pressão acompanhando o fluxo linfático (o punho desce) e diminui-se a mesma ao executar a segunda parte da elipse (o punho sobe). Não há deslizamento sobre a pele. c) movimento em concha: os dedos ficam levemente estendidos. A mão exerce um movimento rotativo, parecido com o movimento do saca-rolha. O 37 punho movimenta-se em rotação contínua. A pressão aumenta quando os dedos se movimentam em direção ao corpo e diminui quando eles se afastam dele. O centro da rotação encontra-se na articulação metacarpofalangiana do dedo indicador. d) rotação em fuso: é um movimento em forma de espiral. os quatro dedos e a palma da mão entram em contato com a pele quando o punho se aproxima da superfície tratada. A pressão aumenta gradativamente a partir do dedo indicador em direção ao dedo mínimo. Na Segunda fase do círculo, o punho afasta-se da superfície, puxando o polegar de tal maneira que este fecha o círculo que os dedos começaram, enquanto os dedos esticados avançam um pouco à frente, iniciando novo círculo com a descida do punho. e) passo de ganso: os polegares encontram-se afastados dos dedos e movimentam-se alternadamente para frente. As mãos giram para fora. O centro da rotação encontra-se no punho. 3. NOMENCLATURA - proximal: refere-se à situação em relação ao ângulo venoso chamado pelo Dr. Vodder de término (mais próximo ao ângulo venoso) - distal: refere-se à situação em relação ao ângulo venoso (mais distante do término) - medial: mais próximo ao eixo longitudinal - lateral: mais distante do eixo longitudinal - profundos: região rica em gânglios linfáticos, situada atrás e abaixo da orelha 38 - nadar (ANEXO 01) 4. EXECUÇÃO DAS MANOBRAS - a pressão: deve tanto aumentar quanto diminuir gradativamente. a pressão no começo e no final do círculo deve ser zero. O valor da pressão máxima depende do estado do tecido. Em todo caso a pele não deve sentir dor em hipótese alguma. - o ritmo: é bem monótono. - cada círculo : deve completar-se aproximadamente no tempo de 1 segundo. - a repetição dos círculos: 5 ou 7 vezes no mesmo lugar. - os caminhos: dentro de cada região repete-se a seqüência que constitui o caminho por 3 vezes. - as regiões: somente se passa para a região subsequente (distal) depois de terminada a região proximal ,com o objetivo de garantir o livre escoamento da linfa. - o ponto de partida para todo tipo de drenagem linfática manual: pescoço e ângulo venoso. 5. SEQÜÊNCIA DA DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL FACIAL 1.REGIÃO: PESCOÇO (ANEXO 02 FIGURAS I, II) Posição do cliente: deitado ou recostado. Posição do profissional: atrás da cabeceira do cliente. 39 Efleurage: começando abaixo da mandíbula em direção á clavícula. Deve ser leve e devagar. O objetivo é tomar contato com o cliente, sentir o estado do tecido subcutâneo e acostumá-lo à mão do profissional. 2. REGIÃO: OMBRO (ANEXO 02 FIGURA III) Efleurage: do acrômio (extremidade lateral da escápula, que se articula com a clavícula), passando sobre a borda superior do músculo trapézio até o pescoço, de onde as mãos passam para a face anterior do músculo trapézio e chegam ao ângulo venoso . Em seguida , deslizamento do esterno em direção às axilas. 3. REGIÃO: ROSTO (ANEXO 02 FIGURA IV ; ANEXOS 03,04,05) Efleurage: as mãos são colocadas sobre o meio da testa, de onde elas deslizam até às temporãs, seguindo a linha de inserção do cabelo até a orelha, passando anteriormente às orelhas e em seguida sobre a face lateral do pescoço , até o ângulo venoso. 40 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao se reconhecer a massagem como importante meio físico no tratamento de várias disfunções não se pode esquecer do grande valor psicológico que proporciona o contato das mãos do terapeuta com a pele do paciente, estabelecendo relação terapeuta - paciente. A massagem melhora a circulação sangüínea e metabolismo, a nível muscular e cutâneo, sem influenciar na força muscular. Estabelece também importante função na manutenção da elasticidade e vitalidade muscular e na nutrição do músculo. A princípio, desenvolver este trabalho com o desconhecido tema drenagem linfática manual foi um desafio. Este marcado por dificuldades quanto ao número reduzido de bibliografias; profissionais como fisioterapeutas os quais fazem uso do método porém, relutam em dar informações a respeito; e até o arrombamento do consultório onde o atraso e o prejuízo ao trabalho foram inevitáveis. Mas nada disso, impediu à vontade de pesquisar o tema em questão e, com a colaboração de duas esteticistas, dispondo-se a emprestar material bibliográfico e até mesmo ensinar o método, acredito ter obtido um bom conhecimento teórico. Quanto a parte prática pretendo este ano de 1999, aprender, colocando-a em “teste” ou melhor dizendo aplicá-la em pacientes 41 portadores de rinite alérgica, respiradores bucais, pacientes submetidos à cirurgia plástica ou ortognática. Para tal, o contato com outros profissionais se torna imprescindível, uma vez que este trabalho feito por fonoaudióloga é de certa maneira inovador. Com o conhecimento adquirido sobre o assunto, observa-se talvez, possibilidades da utilização da drenagem linfática manual facial, em pacientes portadores de distúrbios de voz, ou até em outras patologias. Mas isso é assunto para uma nova pesquisa. “O conhecimento é uma coisa que exige muitas coisas de nós, que nos faz sentir cansadas apesar de felizes” Paulo Freire . REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEUTTENMÜLLER, G.& BEUTTENMÜLLER, V. Reequilíbrio da musculatura orofacial. Rio de Janeiro, Enelivros, 1987. 42 BIANCHINI, E. M. G. Desproporções maxilo mandibulares: atuação fonoaudiológica com pacientes submetidos à cirurgia ortognática. Em Marchesan, I. Q. & Bolaffi, C. & Gomes, I. C. D. & Zorzi, J. L. – Tópicos em fonoaudiologia – 1995 – vol. II. São Paulo, Lovise, 1995. CASTRO, S. V. Anatomia fundamental. São Paulo, Mc. Grow – Hill do Brasil, Ltda, 1978. FELÍCIO, C. M. Fonoaudiologia nas desordens temporomandibulares. São Paulo, Pancast, 1994. FERRAZ, M. C. A. Manual prático de deglutição atípica e problemas correlatos. São Paulo, Revinter, 1996. MARCHESAN, I. Q. Motricidade oral – O trabalho fonoaudiológico nas alterações do sistema estomatognático. São Paulo, Pancast, 1993. MARX, A. G. & CAMARGO, M. C. Fisioterapia no edema linfático. São Paulo, Panamed, 1980. NIELSEN, A. L. A massagem do bebê. Mande Ltda, 1989. WINTER, W. R, Drenagem linfática manual. Vida estética Ltda. 43