Aula Variação

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Genética de Populações
Prof. Ricardo Lehtonen R. de Souza
E-mail: [email protected]
http://www.ufpr.br/~lehtonen
VARIAÇÃO EM
POPULAÇÕES NATURAIS
A maioria das características varia pelo
menos um pouco;
 Desvio padrão fenotípico: ~ 5 a 10% da
média;

VARIAÇÃO EM
POPULAÇÕES NATURAIS

Diversas maneiras de demonstrar que,
frequentemente, uma fração considerável
dessa
variação
está
fundamentada
geneticamente.

Um método é demonstrar que existe uma
correlação entre parentes.
Exemplo: Boag (1983)

Calculou a herdabilidade de diversas
características numa população de
tentilhões nas Ilhas Galápagos

Descobriu que, mesmo em um ambiente
natural variável, a maior parte da variação
fenotípica tinha uma base genética
Tentilhões (Geospiza fortis)
Boag (1983)
Polimorfismos visíveis

É impossível saber, pela genética clássica, se um
gene existe ou estudar suas propriedades a
menos que alelos alternativos naquele loco
possam ser identificados.

Os primeiros estudos dos genes nas populações
foram focalizados em variantes discretas, tais
como os tipos sanguíneos ABO ou olhos brancos
em Drosophila.
Polimorfismos visíveis

Entretanto, nas populações naturais da maioria
das espécies, raramente encontramos uma
característica com dois ou mais fenótipos
discretos.

Por essa razão, os geneticistas clássicos
assumiram
que
as
populações
eram
geneticamente homogêneas.
Polimorfismos visíveis

Visão clássica de estrutura populacional: um alelo
é predominante na maioria dos locos;

a única variação é devida à mutações ocasionais
que, sendo raras, devem ser deletérias.

Sob esse ponto de vista, a evolução seria um
processo muito lento, já que deve esperar raras
mutações vantajosas que proporcionem adaptação
à mudança ambiental.
Polimorfismo

Ocasionalmente, entretanto, dois ou mais
fenótipos diferentes e discretos são
razoavelmente comuns em uma população.

Quando o mais raro deles excede certa
frequência arbitrariamente alta - digamos,
1% - esta condição é chamada de
POLlMORFISMO.
Polimorfismo - Definição

Ocorrência em uma mesma população e ao
mesmo tempo de 2 ou mais formas
distintas de um gene, sendo que o alelo
mais frequente não tenha frequência maior
que 99%.

Um sistema polimórfico tem pelo menos
~2% de heterozigotos.
Exemplo

Os padrões de coloração do ganso-da-neve
(Chen caerulescens) e da cobra-rei da
Califórnia (Lampropeltis getulus) são tão
dimórficos que, em ambos os casos, as
diferentes
formas
foram
descritas
originalmente como espécies distintas.

Contudo, as formas de coloração intercruzamse em ambos os casos
A diferença no padrão de coloração parece ser
devida único loco.

Chen caerulescens
Polimorfismos transitórios

Alguns polimorfismos são TRANSITÓRIOS;
observamos a população enquanto um alelo
está sendo substituindo o outro.

Após a fase de polimorfismo transicional,
os alelos chegaram a uma frequência
intermediária estável, formando um
POLIMORFISMO BALANCEADO.
Caramujo
 Um
polimorfismo
balanceado
complexo: caramujo
terrestre
Cepaea nemoralis, no qual a cor de
fundo da concha é castanho, rosa
ou amarelo, e a concha tem de
zero a cinco faixas, um número
que é controlado por diversos
locos.
Caramujo (Cepaea nemoralis)
Caramujo

Os números relativos das várias formas
diferem muito de um lugar a outro, até
mesmo entre localidades separadas por
menos de 1,5 Km.
Caramujo
Os fósseis demonstram que o polimorfismo tem
persistido pelo menos desde o Pleistoceno (Diver
1929).
 Que as frequências gênicas são afetadas pela
seleção natural é um fato sugerido pela sua
correlação com o hábitat.
 Campos abertos e arbustos: caramujos
amarelos com faixas,
 Bosques: castanhos e sem faixas

Caramujo

Essa correlação é, pelo menos em parte,
causada pela predação por pássaros, os
quais tem menos chance de encontrar
caramujos amarelos em áreas com
gramíneas: camuflagem.

Além do mais, os genótipos diferem em
susceptibilidade a temperaturas extremas.
Copépodo marinho Tisbe reticulata

Apresenta um polimorfismo de coloração. Em
cruzamentos de laboratório, a descendência
mostra, consistentemente, um excesso de
heterozigotos, que têm maior sobrevivência que
qualquer dos homozigotos .

O excesso de heterozigotos é maior em culturas
densamente povoadas que nas menos densas e é
também influenciado pela salinidade.
Copépodo marinho

O polimorfismo em Tisbe é um dos mais bem
documentados casos de superioridade do
heterozigoto.

Ele também ilustra que as viabilidades relativas
dos genótipos variam com as condições
ambientais e que o efeito de um gene sobre a
sobrevivência pode não ser devido à sua
manifestação morfológica óbvia.
Copépodo marinho

Parece
implausível que a coloração desses
copépodos tenha sido, por si, responsável pela
habilidade de sobreviver em laboratório;

ao invés disso, a coloração parece ser um efeito
pleiotrópico, talvez não adaptativo por si mesmo,
de um gene cujos efeitos fisiológicos
desconhecidos são responsáveis pela existência
do polimorfismo.
Tisbe reticulata
Polimorfismos protéicos

Variação genética em proteínas através de
eletroforese: 1966

Harris e cols. - 10 genes de enzimas
humanas

Lewontin e Hubby - 18 genes de
Drosophila pseudoobscura
Polimorfismos protéicos


Os resultados
mostraram que cerca
de 30% dos genes
eram polimórficos
Fig. Esterase de Drosophila
pseudoobscura (Hubby e Lewontin,
1966)
Polimorfismos protéicos
 Nem
toda a variabilidade é detectada
por eletroforese
 Causa:
aminoácidos com propriedades
similares
determinam
a
mesma
mobilidade eletroforética em diferentes
variantes protéicas.
Proteína x DNA

A maior parte do genoma dos eucariotos
não codifica proteínas: polimorfismos nessas
regiões não alteram as proteínas.

Regiões codificadoras: mutações sinônimas

Logo, o polimorfismo ao nível do DNA é
mais frequente
SNP
Não altera
aminoácido
Altera
aminoácido
Altera
mobilidade
Não altera
função
Não altera
mobilidade
Altera
função
Não altera
morfologia
Não altera
função
Altera
morfologia
Altera
função
Não altera
morfologia
Altera
morfologia
VARIAÇÃO GENÉTICA ENTRE
POPULAÇÕES

Em muitos locos, as frequências alélicas
diferem, de uma população para a outra, de
modo que a variação que surge dentro das
populações se transforma em variação
entre populações.
VARIAÇÃO GENÉTICA
ENTRE POPULAÇÕES

Quando as frequências alélicas são
determinadas
para
alguns
locos
individualmente, a similaridade ou diferença
genética (chamada algumas vezes de
DISTÂNCIA GENÉTICA) entre pares de
populações por ser expressa por vários
índices.
Exemplo (Schaal e Smith, 1980 )

Determinaram a frequência de alelos para
13 locos enzimáticos em cinco populações
de uma erva leguminosa, o trevo Desmodium
nudiflorum, em Ohio e Michigan.

Seis dos locos eram polimórficos em pelo
menos uma população;
Desmodium nudiflorum

No loco que exibia a maior variação
geográfica na frequência de alelos, o alelo
mais comum variava de p = 0,54 a p = 1,00.
A distância genética (D de Nei) entre
populações variava de 0,0011 a 0,0232. Ao
todo, 53 % da diversidade genética exibida
era intrapopulacional e 47 % era
interpopulacional.
Ecótipos

Espécies com mobilidade limitada ou até
mesmo populações situadas bem próximas
diferem frequentemente não apenas nas
frequências de alozimas, mas também em
uma ou mais características fisiológicas ou
morfológicas.
Ecótipos

As formas morfológica ou fisiologicamente
diferentes de plantas, chamadas ECÓTIPOS,
são frequentemente encontradas num
padrão, por exemplo, quatro ecótipos
morfologicamente distintos são encontrados
num padrão de mosaico, em associação a
diferentes microhábitats.
Ecótipos - Hieracium umbellatum

Na planta Hieracium umbellatum, 4 ecótipos
morfologicamente distintos são encontrados
associados, respectivamente, a dunas de
areia, campos arenosos, encostas de
rochedos marinhos e florestas (Turesson
1922).
Ecótipos - Gramíneas

Os solos impregnados de metais nas
proximidades de minas são ocupados por
populações de gramíneas tolerantes aos
metais, que são distintas, geneticamente, das
plantas co-específicas de solos não tóxicos
situados a poucos metros de distância
(Antonovics et al. 1971).
Ecótipos
Muito frequentemente, a adaptação de
diferentes populações de uma espécie a
condições
ambientais
similares
é
fenotipicamente
indistinguível,
mas
apresenta uma base genética diferente de
uma população a outra.
 Portanto, a evolução convergente pode
ocorrer entre diferentes populações de
uma mesma espécie.

Referência

Futuyma, D. Biologia Evolutiva. 3a
ed. Funpec. 1998. Capítulo 9, pg 239 a
245
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