UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO CENTRO DE CIÊNCIAS E SAÚDE CURSO DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL DISCIPLINA: FISIOPATOLOGIA DO SISTEMA LOCOMOTOR APOSTILA DE FISIOPATOLOGIA DO SISTEMA LOCOMOTOR II Prof. VAGNER SÁ 2006.1 1 ANOMALIAS CONGÊNITAS DA COLUNA CERVICAL • • • • Odontóide aplásico ou hipoplásico causa instabilidade de C1-C2, por vezes com comprometimento neurológico progressivo e necessidade de estabilização. Occipitalização ou assimilação do atlas fusão entre o occiptal e o atlas, geralmente parcial, ocorrendo entre o arco anterior do atlas e a borda anterior do forame magno, pode aprecer associada a outras malformações. Traumatismos de pequena importância, causam instabilidade de C1-C2 com subluxação progressiva. Na síndrome de Down, a instabilidade atlantoaxial é comum, havendo uma freqüência de 20 a 40%. A síndrome de Klippel-Feil clássica caracteriza-se por fusão congênita da coluna vertebral cervical (anquilose), que leva a pescoço curto, implantação baixa dos cabelos na nuca e limitação de movimentos da cabeça e do pescoço. No caso de fusão isolada, o bloco mais comum é entre C2-C3 e C5-C6. vertebras adjacentes podem adquirir uma hipermobilidade compensatória, com consequente afrouxamento do ligamento transverso e instabilidade. Outras malformações frequentemente se associam à síndrome de Klippel-Feil, tais como hemivértebras com escoliose, costelas cervicais, deformidade de Sprengel e cardiopatias congênitas. Tratamento disponível: a) conservador • fisioterapia e terapia ocupacional b) cirúrgico ANOMALIAS CONGÊNITAS DA COLUNA TORACOLOMBAR • • Escoliose congênita por falhas de formação ou de segmentação. São consideradas estruturadas, sem flexibilidade. Um dos testes a serem aplicados é o de Adams, onde o paciente de pé, realiza flexão anterior do tronco. O examinador numa visão posterior, detecta gibosidade, provodada por rotação vertebral. Doença de Scheuerman Provoca dor, também conhecida como dorso curvo do adolescente, é mais comum no sexo masculino. Para se observar melhor faz-se o teste da parede, onde o paciente de costas para a parede faz a extensão do tronco. O pavilhão auricular não fica em linha com o ombro e existe retração dos isquiotibiais. Tratamento disponível: c) conservador • fisioterapia e terapia ocupacional d) cirúrgico Fisiopatologia do Sistema Locomotor II – Prof. Vagner Sá 2 ANOMALIAS DO TÓRAX E CINTURA ESCAPULAR • Deformidades Pectus São as deformidades da parede torácica anterior, por distúrbios do crescimento do esterno e costelas, cuja frequencia é bastante alta, chegando a incidência de 1 caso para cada 300 habitantes, sendo mais comuns no sexo masculino. Podem ser denominados pectus excavatum e pectus carinatum. Todos os pacientes com deformidade pectus, devem ser avaliados quanto a outras deformidades que podem estar associadas, como: escoliose, deformidades das costelas, clavícula e escápulas. Causas congênitas, idiopática, pós-cirurgia torácica (iatrogênica), bronquite asmatica como consequência da mecânica respiratória alterada, síndrome de Marfan, displasias ósseas, raquitismo, osteogênese imperfeita, entre outras. Pectus carinatum sempre que a deformidade predominante for uma protusão na região esternal, na junção condroesternal ou na cartilagem costal adjacente ao esterno. Pectus excavatum presença exclusiva de uma depressão esternal, geralmente associada a saliencias, em maior ou menor grau, das rebordas costais situadas na parte inferior da parede torácica anterior. Tratamento: a) Conservador: primeira escolha • uso de órteses. Quanto mais flexível estiver a parede anterior, melhor será o resultado. • Exercícios em aparelhos como peitoral voador – crucifixo. • Natação com ênfase nos estilos crawl e costas b) Cirúrgico: secundário • Deformidade de Sprengel caracteriza-se por uma escápula hipoplásica e elevada em relação ao seu posicionamento habitual, com rotação medial de seu pólo inferior. Geralmente é unilateral que pode ser notado logo após o parto, tornando-se mais evidente com o crescimento e maturação esquelética. Tratamento: a) conservador: • fisioterapia e terapia ocupacional para evitar perda excessiva de mobilidade, hipotrofia muscular, uso de instrumentos de vida diária. b) cirúrgico: • é o tratamento de escolha para melhorar a função global do ombro. Fisiopatologia do Sistema Locomotor II – Prof. Vagner Sá 3 ANOMALIAS DE ANTEBRAÇO, PUNHO E MÃO CLASSIFICAÇÃO: • • • • • • • falha de formação de partes (parada do desenvolvimento) falha de diferenciação de partes duplicação (polidactilia) hipercrescimento (gigantismo) hipocrescimento (hipoplasia) bandas ou anéis de constricção congênitas anomalias generalizadas do esqueleto ANOMALIAS COMUNS: a) amputações congênitas: amelias b) ausência congênita do rádio: pode ser chamada também de hemimelia, aplasia ou hipoplasia do rádio, agenesia do rádio. c) ausência congênita do polegar. d) ausência congênita da ulna. e) mão fendida f) sinostose radioulnar g) sinostose carpal h) sindactilia i) artrogripose: caracterizada por contraturas e deformidades articulares múltiplas, presentes ao nascimento. Existe ausência de alguns músculos e rigidez articular. j) Bandas de constricção Fisiopatologia do Sistema Locomotor II – Prof. Vagner Sá 4 ANOMALIAS DO QUADRIL DISPLASIA DO DESENVOLVIMENTO DO QUADRIL LUXAÇÃO CONGÊNITA DO QUADRIL ETIOLOGIA E INCIDÊNCIA • • • • Má posição uterina do feto Frouxidão ligamentar ou capsular Na relação mulher/homem a incidência é de 8:1 O quadril esquerdo é o mais acometido DEFINIÇÃO DE TERMOS • • • • Luxação Congênita do Quadril ocorre uma perda total do contato entre as superfícies articulares. A cabeça femoral está totalmente deslocada do acetábulo. Subluxação Congênita do Quadril Existe uma perda parcial do contato articular. A cabeça femoral está parcialmente deslocada do acetábulo. Instabilidade Congênita do quadril Pode ocorrer devido a lassidão ligamentar, pôr vezes exagerada, e a má posição do feto, no final da gestação, favorecendo a saída e entrada da cabeça femoral no acetábulo. 60 % dos casos se estabilizam na primeira semana, e 90 % até o segundo ou terceiro mês de vida. 10 % evoluem para luxação, subluxação ou displasia. Displasia Congênita do Quadril Pode não haver luxação, subluxação e a cabeça femoral estar contida dentro do acetábulo. Entretanto, existem alterações morfológicas no acetábulo que favorecem a subluxação ou a luxação. DIAGNÓSTICO • Teste de Barlow: Este teste luxa o quadril, evidenciando uma instabilidade e possível luxação da cabeça femoral. O teste é positivo quando a cabeça femoral, que não está luxada ou subluxada, é deslocada para fora do acetábulo realizando-se um movimento de compressão, adução e rotação interna do quadril do recém nascido. • Teste de Ortolani: Este teste reduz a luxação do quadril. É considerado positivo quando, ao se fazer a manobra, a cabeça femoral que está deslocada, é colocada novamente no acetábulo. Com o quadril em flexão, o movimento deverá ser de tração, abdução e rotação externa do quadril do recém nascido. Pode ou não ser seguido de um “click” no final da manobra. • Teste de telescopagem: Serve para diagnosticar instabilidade do quadril. Realiza-se movimentos alternados de tração e compressão do fêmur no sentido vertical. • Teste de Galeazzi: Coloca-se a criança em decúbito dorsal com os membros inferiores fletidos e pés apoiados na maca, e procura-se o sinal de desnivelamentos nos joelhos. Caso haja, o joelho que apresentar-se mais baixo, será o lado do quadril luxado. Fisiopatologia do Sistema Locomotor II – Prof. Vagner Sá 5 • Diminuição do grau de abdução do quadril • Sinal de trendelenburg: fraqueza dos músculos abdutores do quadril. • Exame radiológico, ultra-sonográfico e de ressonância ( quando houverem dúvidas ou riscos). TRATAMENTO MÉDICO “Os ótimos resultados obtidos hoje em dia pelo tratamento conservador, são decorrentes do diagnóstico precoce e preciso.” (Sizínio Hebert) É dividido pôr faixa etária: • De 0 a 6 meses: Utiliza-se órteses como o aparelho de Frejka ou Pavlik pôr um período de 3 a 6 meses. Após este período o paciente é acompanhado até o completo desenvolvimento dos quadris, com exame clínico a cada 6 meses. • Dos 6 aos 12 meses: O diagnóstico já é considerado tardio. Tenta-se uma redução sob narcose, e colocação de um aparelho gessado que mantém os quadris em posição de redução e estabilização pôr não menos que 6 semanas. Quando não se consegue a redução, realiza-se uma artrografia, e geralmente realiza-se um tratamento cirúrgico que é em último caso. • Dos 12 aos 18 meses: Alguns autores partem para o tratamento cirúrgico de imediato, após tração prévia ou não. Outros preferem investir no tratamento conservador sempre que conseguem uma redução e estabilização satisfatória. Submete-se a criança a uma tração prévia de uma a duas semanas, logo após este período realiza-se uma artrografia dinâmica do quadril e quando a redução é fácil, coloca-se o aparelho gessado. Pode ser realizada a tenotomia dos adutores, afim de liberar a tração exercida pôr estes músculos no quadril. • Dos 18 meses em diante: A redução é quase sempre cirúrgica, associada com osteotomia do fêmur ou do ilíaco, dependendo da causa da instabilidade. ENFERMIDADE DE LEGG-PERTHES-CALVÉ É uma necrose avascular da cabeça femoral que acomete crianças de 3 a 9 anos de idade, em média. • • • • Sua incidência é de 5 meninos para 1 menina. Predominância na raça branca Em 20 % dos casos existe relação familiar Pode afetar ambos os quadris em até 20 % dos pacientes. Fisiopatologia do Sistema Locomotor II – Prof. Vagner Sá 6 • • Parece haver uma predisposição em crianças nascidas com peso abaixo de 2,5 kg. Tanto os meninos quanto as meninas têm tendência para baixa estatura. QUADRO CLÍNICO • • • • Claudicação, às vezes dolorosa. Dor e limitação de movimentos do quadril (rotação e abdução). Hipotrofia da coxa e panturrilha no lado afetado. Nas fases subseqüentes pode haver diminuição do comprimento do membro inferior, pelo achatamento da cabeça femoral e da fusão da cartilagem de crescimento. ESTÁGIOS DA PATOLOGIA a) Inicial ou necrose óssea e medular; b) Fragmentação ou revascularização; c) Reossificação; d) Deformidade residual. DIAGNÓSTICO • • • História clínica Radiografia Cintilografia óssea TRATAMENTO MÉDICO A base do tratamento consiste em se conseguir ao final da evolução do processo, uma cabeça femoral a mais esférica e congruente possível. Existem várias metodologias de tratamento: • • • • Alguns autores consideram que nenhum tipo de tratamento pode influenciar o resultado final; Outros autores indicam e usam variados tipos de aparelhos ortopédicos, ditos de descarga, que se propõem a diminuir a pressão a pressão da cabeça femoral sobre o acetábulo, ou aparelhos de abdução para mantê-la concentricamente dentro dele. Outros ainda tratam do paciente apenas no período de dor e limitação de movimento, com repouso no leito e tração cutânea, para diminuir a contratura muscular e a dor. E mais, temos: cirurgia precoce afim de diminuir o tempo de evolução do processo, e até mesmo o uso de aparelho gessado, que tem sido cada vez menos utilizado. COMPLICAÇÕES • • • Artrose de quadril precoce Dores constantes na idade adulta Limitações de movimentos do quadril Fisiopatologia do Sistema Locomotor II – Prof. Vagner Sá 7 FÊMUR CURTO CONGÊNITO • • Chamada também de displasias femorais, decorrem de um desenvolvimento insatisfatório, antes da nona semana uterina ou no período fetal. As anomalias podem ter a forma a forma de uma ausência completa ou parcial do fêmur, incluirmodificações como coxa vara, pseudoartrose e deslocamento do quadril, ou um simples retardo no crescimento femoral, sem comprometer a sua arquitetura. TRATAMENTO: a) Conservador: • Uso de órteses para igualar o comprimento dos membros inferiores • Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Atividade Física orientada b) Cirúrgico • Alongamento ósseo e encurtamento do membro contralateral. COXA VARA CONGÊNITA • • • • • É uma anormalidade da extremidade proximal do fêmur que se caracteriza por uma diminuição do ângulo cervicodiafisário e pela presença de defieto primário no colo femoral. Trata-se de uma deformidade progressiva. Não existe predileção racial ou pelo sexo. O acometimento unilateral é 2 a 3 vezes mais comum que o bilateral. O diagnóstico da coxa vara do desenvolvimento costuma ser tardio, sendo que cerca de 57% dos casos são diagnosticados após os cinco anos de idade. Dificilmente a patologia é notada antes do desenvolvimento da marcha independente. A claudicação indolor é a queixa inicial dos pais. Pode haver história de fadiga fácil e de baixa estatura em casos bilaterais. Nas unilaterais ocorrem diminuição do comprimento do membro, marcha de trendelenburg por insuficiência do glúteo médio ou marcha tipo pato, quando o comprometimento é bilateral, além de diminição da amplitude de abdução e rotação medial do quadril. TRATAMENTO: a) conservador: • Fisioterapia e Terapia Ocupacional principalmente no pós-operatório b) Cirúrgico: • Tratamento preferencial para correção da deformidade e restauração da biomecânica do quadril. Fisiopatologia do Sistema Locomotor II – Prof. Vagner Sá 8 LUXAÇÃO CONGÊNITA DO JOELHO • • A principal característica da luxação congênita do joelho é uma perda da relação anatômica normal de suas superfícies articulares de forma estruturada e n amaioria dos casos, detectada ao nascimento. Ocorre um deslocamento anterior da tíbia em relação aos côndilos femorais em graus variáveis de desvios, desde uma pequena subluxação, que pode até passar despercebida, até uma luxação evidente anterior e lateralizada. Não é uma deformidade muito frequente, podendo estar associada a outras enfermidades como artrogri pose múltipla congênita ou síndrome de Down. JOELHO VARO (GENU VARUM) • • O varismo do joelho significa um desvio do eixo longitudinal em direção lateral, com afastamento entre as duas articulaçãoes do joelho. O ângulo considerado normal para varo está em torno de 5 e 10 graus. Essa medida representa uma média e apresenta variações que dependem da idade e da altura do indivíduo. TRATAMENTO: • • Idade do paciente: até os dois anos de idade, em média, existe um varismo fisiológico. Portanto, é de se esperar que ocorra uma retificação espontânea. Devese acompanhar a criança periodicamente. Nos casos em que não houver correção espontânea o tratamento de escolha é o cirúrgico. JOELHO VALGO (GENU VALGUM) • • • Caracteriza-se por uma angulação com desvio medial, no qual os côndilos femorais se tocam entre si e os maléolos se encontram afastados. É um dos otivos de consulta ais frequentes em ortopedia pediátrica e em pediatria, pela apreensão dos pais ao observarem as crianças com as “pernas tortas”. Deve-se ter cuidado na avaliação para não tratar de um joelho valgo fisiológico que está presente nas crianças entre 18 e 24 meses podendo se estender até 4 anos de idade. Os casos de joelho vago estruturado devem ser corrigidos com cirurgia e uso de órteses. JOELHO RECURVADO (GENU RECURVATUM) • É o joelho em hiperextensão. Na maioria dos casos existe um recurvado fisiológico, característico da criança com hipermobilidade articular. Tal situação é observada Fisiopatologia do Sistema Locomotor II – Prof. Vagner Sá 9 • desde o nascimento até por volta de 8 anos de idade. Aconselha-se apenas o acompanhamento rotineiro. Caso o desenvolvimento não corrija a deformidade, o tratamento deverá ser cirúrgico. OUTRAS ANOMALIAS CONGÊNITAS DO MEMBRO INFERIOR • • • • • • • • • • Displasia da fíbula ou agenesia da fíbula Displasia da tíbia Tíbia curva congênita Pseudoartrose congênita da tíbia Pseudoartrose congênita da fíbula Pé torto congênito Pé metatarso varo Pé plano valgo Pé talo-vertical congênital Hálus valgo (joanete) PATOLOGIA LOCOMOTORA METABÓLICA São as doenças metabólicas que alteram o metabolismo ósseo, resultando em aumento ou redução generalizada da massa óssea, produção anormal de tecido osteóide, distúrbio de mineralização e anomalias resultantes do armazenamento de substâncias anormais na estrutura esquelética. ESCORBUTO • • • • • Deficiência de ácido levoexurônico (ácido ascórbico – vitamina C). Altera a formação de colágeno e a resistência dos capilares que orientam a mineralização óssea. Atualmente são raros os casos de escorbuto, estando restrita a regiões climáticas desérticas e populações carentes. O quadro clínico inclui: irritabilidade, parestesias, hipotonia muscular principalmente dos membros inferiores, obrigando o paciente a permanecer com as articulações fletidas. Também encontra-se febre e hemorragias das gengivas e do tecido subcutâneo além de dor óssea e articular. O tratamento é relativamente simples com ingesta de vitamina C, principalmente porque doses maciças não levam a intoxicação. Se o tratamento for instituído no início, provavelmente não acarretará em seqüelas. Fisiopatologia do Sistema Locomotor II – Prof. Vagner Sá 10 RAQUITISMO E OSTEOMALÁCIA • • • Os termos raquitismo e osteomalácia englobam uma vasta gama de doenças, de etiologias variadas, cujo denominador comum é a presença de uma mineralização deficiente do tecido ósseo. No raquitismo, ocorre uma interrupção do processo de mineralização da placa de crescimento (crianças), enquanto a osteomalácia se refere a uma mineralização deficiente do osso cortical ou esponjoso maduro (adulto). Classificação: a) Raquitismo carencial: deficiência de vitamina D, cálcio e fosfato. b) Raquitismo secundário a tubulopatias renais. c) Raquitismo associado a má absorção gastrintestinal. d) Raquitismo secundário a distúrbios do metabolismo da vitamina D. • No raquitismo, a atividade e a produção de matriz óssea ocorrem normalmente, entretanto, há uma deficiência de mineralização do tecido osteóide e também da matriz cartilaginosa pré-óssea, ao nível da zona de calcificação provisória. Aspectos Clínicos do Raquitismo • • • • • • • • • • • • Irritabilidade / apatia Achatamento do crânio Alargamento da porção cartilaginosa das suturas do crânio Dentinogênese retardada ou defeituosa Articulações costocondrais proeminentes (rosário raquítico) pectus carinatum Distensão abdominal Fraqueza muscular Frouxidão ligamentar Encurvamento dos ossos longos Cifoscoliose Baixa estatura, secundária as deformidades ósseas OSTEOGÊNESE IMPERFEITA • • • Caracteriza-se por um grupo de doenças hereditárias, bem definidas, que apresentam uma fragilidade óssea excessiva responsável poe um quadro de fraturas repetitivas que evoluem para deformidades progressivas do esqueleto. Esta patologia também acomete os dentes e outros órgãos, devido ao comprometimento do tecido conjuntivo. O indivíduo pode apresentar a esclerótica dos olhos azul, e frouxidão ligamentar. A fisiopatologia da osteogênese imperfeita está no defeito da produção do colágeno, que em muitos casos, basta apenas a troca de um aminoácido na cadeia. Fisiopatologia do Sistema Locomotor II – Prof. Vagner Sá 11 • • Na América Latina, levantamentos epidemiológicos mostram uma prevalência de 4,3 casos / 100.000 nascimentos. Nas formas leves e moderadas da osteogênese imperfeita, quando a criança atinge a puberdade e a adolescência ocorre uma diminuição acentuada da freqüência de fraturas. TRATAMENTO: • • • Tratamento medicamentoso: na tentativa de se obter um aumento na resistência óssea, porém sem ser específica para resultados absolutos. Prevenção das fraturas Fisioterapia e terapia ocupacional OSTEOPENIAS ENDÓCRINAS • • • É a perda de massa óssea provocada pelo decréscimo rápido do estrogênio e progesterona, influenciando diretamente na atividade osteoblástica normal. Sabemos que com a chegada da menopausa nas mulheres, os níveis hormonais decrescem rapidamente, em torno de 5 a 10 anos após sua instalação. Nos homens os níveis de hormônios sexuais diminuem em faixa etária mais elevada, em torno dos 65 anos, e esse fato é responsável pela manutenção da massa óssea do sexo masculino. Na osteoporose, a massa óssea diminui, apesar de a estrutura permanecer aparentemente normal. Na senilidade, todos os seres humanos são acometidos pela perda de tecido ósseo (osteoporose primária). O termo osteoporose secundária é utilizado para designar esse processo quando ele inicia em faixa etária menor e apresenta um fator predisponente. OSTEOPOROSE • A osteoporose é uma doença metabólica do tecido ósseo, caracterizada por perda gradual de massa óssea, que enfraquece os ossos por deteriorização da microarquitetura tecidual óssea, tornando-os mais frágeis e suscetíveis a fraturas. FATORES DE RISCO PARA A OSTEOPOROSE a) b) c) d) e) f) g) h) i) história familiar raça branca escoliose osteogênese imperfeita menopausa precoce alcoolismo tabagismo inatividade e sedentarismo má nutrição Fisiopatologia do Sistema Locomotor II – Prof. Vagner Sá 12 j) k) l) m) amenorréia induzida por excesso de exercício dieta com alta ingestão de fibras dieta com alta ingestão de fosfatos dieta com alta ingestão de proteínas QUADRO CLÍNICO • • A doença é assintomática, a não ser que ocorra uma fratura É muito importante avaliar a história para correlacionar com o uso de medicamentos como: corticóides, anticonvulsivos, medicação para tireóide, antiácidos e heparina. LOCAIS COMUNS DE FRATURA • • • • Fratura por compressão vertebral Fratura do punho Fratura do quadril/fêmur proximal Fratura dos arcos costais, pelve e úmero Fisiopatologia do Sistema Locomotor II – Prof. Vagner Sá 13 OSTEOMIELITE E ARTRITE SÉPTICA • • • • • • • • • A infecção no osso é denominada osteomielite, significando envolvimento do canal medular e dos ossos esponjosos e corticais. A infecção da articulação é denominada artrite séptica. Geralmente é causada por bactéria patogênica com disseminação via hematogênica ou em decorrência de uma osteomielite metafisária. No momento em que a bactéria se instala em determinado local do osso ou no interior de uma cavidade articular, inicia-se um processo de defesa e proteção, com respostas celulares e tissulares conhecidas (processo inflamatório). Tem-se uma zona circunscrita de abscesso com pus e tecidos necrosados, chamados de “sequestro”. A região metafisária e a membrana sinovial são muito ricas em vascularização nas crianças. Isto explica o fato da maior incidência nesta população quando comparada com adultos. Outro fator importante é o estado nutricional. Nos desnutridos, os mecanismos de defesa estão baixos, favorecendo a infecção, sem muita resistência. A região da coluna cervical é o segmento da coluna menos afetado em infecções da coluna em geral, podendo ser causadas por tuberculose (Mal de Pott), micoses (fungos) ou osteomielite (Staphylococcus aureus). O diagnóstico costuma ser confirmado por meio de exames anatomopatológicos, bacterioscópicos e de cultura para aeróbicos, anaeróbicos e fungos. O material para biópsia é colhido por punção ou à céu aberto. Os pacientes com infecção da coluna cervical costumam apresentar queixas de dor no pescoço mais aguda nas osteomielite e de forma crônica (desconforto) nos quadros de tuberculose ou infecção por fungos. Já os sintomas gerais incluem: anorexia, mal-estar, calafrios e sudorese noturna. O processo infeccioso enfraquece a vértebra pela destruição do tecido ósseo que pode se estender para o disco intervertebral e/ou para a vértebra adjacente. Nestes casos há um colapso da vértebra resultando em deformidades. O tratamento das infecções da coluna cervical consiste em medidas gerais como: dieta adequada, repouso, antibioticoterapia e tratamento de problemas clínicos associados além de órteses de suporte para a região cervical. CLASSIFICAÇÃO: a) Osteomielite hematogênica aguda: forma em que a via de contaminação é o sangue, devido a existência prévia de um foco séptico a distância. É a forma mais comum em crianças e adolescentes. b) Osteomielite pós-traumática: é decorrente de um ferimento contaminado e infectado que, por proximidade com o tecido ósseo, favorece a instalação do processo. Pode também ser secundário a uma fratura exposta, cirurgia ou contaminação hospitalar. c) Osteomielite crônica: quando existe uma manutenção de um foco infeccioso decorrente de uma das formas anteriores agudas, no qual existe um fragmento de osso necrosado, desvitalizado, denominado “sequestro ósseo”. Fisiopatologia do Sistema Locomotor II – Prof. Vagner Sá 14 d) Abscesso ósseo: conhecido como abscesso de Brodie, é uma infecção óssea circunscrita, localizada, geralmente lenta, que muitas vezes tem evolução atípica na fase aguda, dificultando o diagnóstico. Pode permanecer inativo ou “frio” por um longo período. DIAGNÓSTICO: • • • • • Dor Edema Hiperemia Febre Impotência funcional EXAMES COMPLEMENTARES • • • • • • • • • Hemograma Velocidade de sedimentação globular Hemocultura Cultura e antibiograma Radiologia Cintilografia Tomografia computadorizada Ressonância Nuclear Magnética Ultra-sonografia TRATAMENTO • • • • Internação de urgência para realização de todos os exames complementares necessários. Hidratação com soro fisiológico. Realização da drenagem do pus na osteomielite e lavagem óssea exaustiva. Antibioticoterapia. COMPLICAÇÕES: • • • Septicemia e morte Cronificação Artrite séptica Fisiopatologia do Sistema Locomotor II – Prof. Vagner Sá 15 AFECÇÕES DEGENERATIVAS DA COLUNA CERVICAL • • Hérnia de disco cervical, principalmente a partir da terceira década de vida, onde ocorre o início das mudanças bioquímicas e que podem ser precipitadas por vários fatores, como as sobrecargas em geral. As alterações do disco (discopatias) e osteoarticulares da coluna cervical levam ao comprometimento de estruturas nervosas e vasculares determinando diferentes quadros clínicos, como cervicobraquialgias e mielopatias. AFECÇÕES DEGENERATIVAS DA COLUNA TORÁCICA • • • A incidência de hérnia de disco na região torácica é muito baixa, correspondendo a 0,2 a 1% de todas as cirurgias discais. O quadro clínico varia dependendo da localização da hérnia, compreendendo desde os casos de hérnia lateral com compressão do nervo intercostal, até os quadros de hérnia central, que apresentam mielopatia e dor radicular. Normalmente indivíduos de 40 a 60 anos de idade, sem distinção de raça ou cor. AFECÇÕES DEGENERATIVAS DA COLUNA LOMBAR • • É a forma mais freqüente de hérnia discal, que pode provocar quadros de lombalgia, lombociatalgia, ou mais raramente, síndrome da cauda eqüina. Tratamentos incluem o conservador: fisioterapia, terapia ocupacional, acupuntura, uso de órteses, entre outros; caso não tenha resultados satisfatórios, o tratamento de escolha é o cirúrgico para resolução do problema. Fisiopatologia do Sistema Locomotor II – Prof. Vagner Sá