Nº34 Out-Dez 2014 Pág. 10-15 isabel do carmo endocrinologista, Professora Associada com Agregação da Faculdade de Medicina de Lisboa, Membro do conselho científico do curso de doutoramento e Mestrado de doenças Metabólicas e comportamento Alimentar, Faculdade de Medicina de Lisboa, Lisboa A etiologia da Obesidade - Perspetiva evolucionista Palavras-chave: Obesidade; Seleção; Adaptação; Evolução; Genética Resumo A atual epidemia de obesidade nos países desenvolvidos deverá ser encarada como fruto do cruzamento da genética com o meio ambiente. O meio ambiente é a abundância hipercalórica e o sedentarismo. A genética é objeto de várias interpretações: seleção natural, má-adaptação ou desvio genético. discutindo as várias hipóteses poderemos concluir que todas elas consideram que algo se passou sob o ponto de vista genético na evolução dos hominídeos que permitiu que, perante a abundância alimentar e o sedentarismo, surgisse a epidemia da obesidade nos países desenvolvidos e que se preveja que o mesmo vai suceder nos países que saem da fome. Introdução A acumulação de massa gorda que pode ser prejudicial para a saúde do ser humano é interpretada de acordo com duas vertentes: a genética e a ambiental. de um modo muito geral terá que haver vulnerabilidade genética para que alterações ambientais levem a acumulação de massa gorda. Tanto um aspeto como outro devem ser estudados e compreendidos tendo em consideração a evolução do ser humano no tempo. e teremos que considerar também que vivemos uma época em que houve um tal prolongamento da esperança de vida num curto espaço de tempo (menos de um século) nos países desenvolvidos, que nos permitiu observar as consequências do excesso de massa gorda sobre a saúde humana, as quais surgem sobretudo na segunda metade da vida. 10 A Hipótese adaptativa Do gene «económico» ao estudo do genótipo «poupador» em artigo publicado em 1962 no American Journal of Human Genetic1, neel defendeu a ideia de que, durante a evolução da humanidade, com os ciclos de fome e abundância alimentar, teriam sido selecionados os indivíduos portadores de um gene «económico» (thrifty gene) que permitia acumulação de reservas de gordura derivada de excesso calórico durante os períodos de abundância, a qual serviria para ser consumida nos períodos de fome. Mais tarde Zimmet e o seu grupo de investigadores desenvolveram esta ideia tomando como exemplo a história dos povos das ilhas do Pacífico e inserindo o conceito de resistência à insulina e evolução para a diabetes tipo 22,3. de acordo com esta teoria, o homo sapiens sapiens que terá surgido em África há cerca de 200 000 anos teve que enfrentar a glaciação com o arrefecimento do planeta desde há cerca de 100 000 anos até há 15 000 anos, perante o que teve que desenvolver mecanismos de defesa em relação à escassez alimentar. isto levou a uma seleção genética. durante o período da glaciação e mesmo considerando uma época interglacial mais atenuada de frio há 35 mil anos, a europa vivia com um capacete de gelo que cobria todo o norte da europa, vindo até à Península ibérica. Os refúgios europeus, como a Península ibérica e a itália tinham temperaturas de 0 graus. O mar tinha descido 120 metros. Abaixo dos glaciares havia a tundra, abaixo da tundra as taigas e bosques junto ao mar. isto significa que os vegetais eram raros, os hidratos de carbono escassos e as populações humanas viviam sobretudo da caça aos herbívoros4. Os indivíduos com genes poupadores acumulavam durante o período de abundância e resistiam durante a fome. Os que não tinham gene poupador também acumulavam, mas durante a fome desciam abaixo do limite de massa gorda que permite a sobrevivência. de acordo com esta hipótese ter-se-iam selecionado os indivíduos com resistência à insulina a qual já estaria presente geneticamente desde há três milhões de anos, ao tempo dos Australopitecos. A resistência à insulina permite que seja aproveitado o máximo de glicose disponível para giões. Mais uma vez os poupadores de energia sobreviviam mais entre os cultivadores de cereais em épocas agrícolas de escassez. A partir do século XVii, após as grandes navegações e a descoberta de outros alimentos, as populações passaram a dispor de cereais finos, refinados, de batatas e de açúcar de cana. começou a abundância para alguns mas não para todos. Foi na segunda metade do século XX, após a ii Guerra Mundial e o grande boom da agroindústria, que a quantidade, a distribuição e o custo dos alimentos sofreu uma enorme transformação. Os «bons aproveitadores» deixaram de ter períodos de fome e as reservas de massa gorda passaram a não ter utilidade. nas sociedades desenvolvidas, chegar ao sistema nervoso central, cujas células, tal como os eritrócitos, não necessitam de insulina para captar glicose. Por outro lado a hiperinsulinémia resultante, visto que os recetores celulares resistiam à entrada de insulina na célula, ia aproveitar a glicose circulante para a transformar em triglicéridos e depositá-los em reserva. Assim se passava em tempos de abundância ou simplesmente porque a alimentação era sobretudo hiperproteica e com poucos hidratos de carbono, dada a escassez de cereais. Supõe-se hoje que esta resistência à insulina era também acompanhada de resistência à leptina donde resultava não haver ovulação em períodos de escassez. depois da desglaciação estes resistentes à fome, que tinham sido selecionados espalharamse pelo mundo. com o neolítico, o pastoreio e a agricultura desde há cerca de 10 000 anos, desenvolveram-se os cereais. As várias populações que se foram a pouco e pouco sedentarizando tiveram mais pastoreio ou mais cereais conforme as re- com abundância alimentar, os indivíduos com o gene «poupador» ultrapassam o limite considerado de obesidade. diminuiu muito a fome nos países desenvolvidos, mas tem aumentado a obesidade e a diabetes tipo 2. Um exemplo interessante é o das ilhas do Pacífico em geral5, entre as quais se pode falar da ilha de nauru que foi habitada durante a glaciação dado o baixo nível da água do mar entre as ilhas e os continentes. Ficou isolada com a desglaciação, com a subida da água do mar e assim ficou até ao século XVi. nessa altura morreram muitos habitantes com as doenças dos colonizadores, mas foram conhecidos novos alimentos. e finalmente em 1940, após Pearl Harbour, as tropas americanas instalaram-se aí e hoje temos uma ilha com 60 por cento de obesidade e uma alta prevalência de diabetes e de síndrome metabólica. Outro exemplo interessante é o da tribo dos índios Pima, na qual foi verificada esta evolução diante do olhar dos investigadores contemporâneos. isto mostra que, selecionados que 11 Nº34 Out-Dez 2014 Pág. 10-15 foram os bons aproveitadores, a obesidade não existiu enquanto não houve abundância e o esforço físico era intenso6. Ainda hoje há populações com regimes hiperproteicos, com poucos cereais e apenas com o contributo do mel das resinosas para os que têm bosques – os Aché do Paraguai, os ikung dos desertos de África e os aborígenes da Austrália. Outro exemplo da fisiologia da resistência à insulina é a dos bebés de baixo peso que desenvolvem capacidade de aproveitar o máximo de glicose. Mais tarde terão muita probabilidade de ser obesos e diabéticos. este fenómeno fisiológico verificou-se sobretudo nos nascidos durante a guerra na Holanda e que foram estudados cinquenta anos depois8. nesse país, durante os dois últimos anos de guerra, os trabalhadores não afetados pela fome mantiveram-se com um nível constante de conceções de descendentes. Para os que estavam afetados pela fome, as conceções baixaram consideravelmente no final de 1945 (fome grave). Mas os indivíduos que foram concebidos nesse pe- a haver registos escritos a partir de há 5 000 anos e desde aí são registados períodos de fome durante a história da humanidade. Para os períodos anteriores o que existem são hipóteses. Ora desde há 15 000 anos, final da glaciação e início de maior disponibilidade alimentar e mais acesso aos hidratos de carbono não houve alterações genéticas significativas, calculando-se que apenas 0,005 do genoma se modificou4. concluiremos pois que foram as condições ambientais que se modificaram para levarem à obesidade e à diabetes. Objeções à teoria adaptativa Alguns investigadores entre eles Speakman8 levantam questões à teoria adaptativa. nomeadamente perguntam porque é que não somos todos obesos, dada a seleção que houve e a abundância que existe. este autor reporta-se à frequência de fomes, no tempo histórico, dizendo que as épocas cíclicas de mortes por fome ocorrem de forma mais espaçada do que alguns indicam, considerando que só há épocas de mortes por fome com interva- Após a ii Guerra Mundial e o grande boom da agroindústria, a quantidade, a distribuição e o custo dos alimentos sofreu uma enorme transformação. Para os «bons aproveitadores» as reservas de massa gorda deixaram de ter utilidade (hipótese adaptativa) ríodo vieram a ter mais probabilidades de obesidade e diabetes quando avaliados em idade adulta. nesta perspetiva adaptativa encontra-se também o exemplo dos animais que hibernam e dos pássaros que emigram. Tanto uns como outros acumulam gordura antes de hibernar e antes dos voos de longo curso, o que significa, tanto para uns como para outros, não haver recurso a alimentos durante esse período7. Passado o período de hibernação ou de migração, estes animais mexem-se o suficiente para gastar as reservas, até ao momento em que voltam a preparar-se para o período de fome. O mesmo se terá passado com as populações humanas, elas também sujeitas a grande esforço físico para a obtenção de alimentos, sobretudo nos períodos de fome. nos seres humanos estas épocas terão ocorrido por causa das condições naturais, que se conhecem através dos dados geológicos e paleontológicos. Só passou 12 los de 160 anos; pode haver insegurança alimentar, mas sem mortalidade e portanto resistem obesos e magros. e estes vão-se reproduzindo com o seu genoma. Portanto as crises de fome seriam irrelevantes para basear a teoria adaptativa. em 90 000 anos teria havido 600 períodos de fome. desde o Australopitecos nenhuma mutação de um gene económico se poderia ter fixado. dando o exemplo dos animais que hibernam recorda que nestas populações ficam todos obesos, sem exceção, antes do inverno. diz também que as atuais populações de caçadores recoletores já citadas deveriam ficar obesas nos períodos entre as fomes, o que não acontece. Por outro lado considera que estas populações procuram alimentos noutras áreas, se eles escassearem naquela onde estão relativamente sedentarizados. Os autores que contestam a leitura adaptativa dizem também que nas crises de fome atuais as cau- sas de morte não são só a perda da massa gorda, mas muitas vezes as doenças associadas9. Speakman8 argumenta também que os idosos deviam morrer menos durante os períodos de fome, visto que têm mais massa gorda e metabolismo mais baixo. dizem ainda aqueles que objetam contra a perspetiva dum genoma adaptativo à fome, que o atual conhecimento do genoma humano não encontra um gene responsável pela obesidade, mas sim polimorfismos. nestes polimorfismos poucas das ações estão relacionadas com a leptina, sendo que na teoria adaptativa alguma explicação residia na resistência à leptina. de acordo com as descobertas recentes parece que estes polimorfismos são independentes e que adicionam os efeitos entre si. Pode-se chegar a centenas ou milhares de genes envolvidos na obesidade, cada um com um pequeno efeito10. Ter havido uma seleção destes polimorfismos nos períodos de fome parece impossível para estes autores. dizem também que a exposição à fome foi com certeza diferente nas várias regiões do mundo em tempos diferentes. Por outro lado alguns des- deste tecido em relação inversa com a obesidade12. O funcionamento do tecido gordo castanho teria sido útil para os períodos de frio intenso. Atualmente, com casas e com roupa, o tecido gordo castanho não necessita funcionar e portanto não «queima» o excesso calórico. Mas entretanto o padrão de resposta do corpo humano preservou a acumulação de energia para resistir ao frio e, à falta de funcionamento do tecido gordo castanho, come demais e escolhe posturas sedentárias. A hipótese do gene drifty Alguns investigadores8 consideram que pode haver uma explicação diferente da adaptativa para a epidemia da obesidade. Partem do princípio de que o corpo humano, tal como o de outros animais, tem limites inferior e superior possíveis de peso, não os podendo ultrapassar. Quando a massa gorda toca nesses limites a homeostase intervém para regular. colocam a hipótese de estes limites serem regulados, tal como para outros animais, por razões de sobrevivência. Abaixo do limite inferior há risco de morte por fome (starvation) acima A hipótese da má-adaptação baseia-se no funcionamento do tecido gordo castanho que teria sempre funcionado mal nos obesos, deixando de «queimar» o excesso calórico tes polimorfismos estão presentes em chimpanzés e gorilas. Logo, não houve uma seleção recente (12 000 anos) de sobreviventes à fome. Ou seja, estão de acordo com a seleção mas não pode ter sido recente. Tendo aplicado um modelo matemático para calcular a ocorrência destes polimorfismos, calculam que não pode ter ocorrido esta seleção no tempo da evolução humana. A hipótese do tecido gordo castanho em alternativa à hipótese adaptativa, existe a hipótese da má-adaptação, baseada no funcionamento do tecido gordo castanho. este teria sempre funcionado mal nos obesos, deixando de «queimar» o excesso calórico11. Tem-se considerado habitualmente que este tecido só funciona nos recém-nascidos ou em adultos submetidos a frio intenso e também em doentes com feocromocitomas. no entanto, investigação recente tem considerado a possibilidade de haver um funcionamento do limite superior há risco de ser caçado por predadores. esta regulação estaria inserida no sistema nervoso central e regularia o apetite. este efeito tem sido muito estudado em animais. nos hominídeos isto estaria presente entre 6 e 2 milhões de anos. Os animais predadores eram numerosos e potentes e os Australopitecos pequenos e apetecíveis. O equilíbrio entre os limites superior e inferior da massa gorda estaria então estabelecido como nos outros animais. entre 2,5 e 2 milhões de anos o comportamento de grupo para defesa dos predadores, instala-se, tal como existe entre os macacos. Por essa época surgiu o fogo e o homo habilis inventou instrumentos de defesa. Ficou menos vulnerável que o Australopitecos e o limite superior de massa gorda que defendia do apetite dos predadores deixou de ter sentido. Os genes que determinavam esse limite superior sofreram uma mutação e passaram a ser desviados ou ficaram à deriva (drift). A genética drift acontece nas popu- 13 Nº34 Out-Dez 2014 Pág. 10-15 lações de pequeno número; os hominídeos eram então em pequeno número. Porque é que não ficaram então todos obesos, uma vez que o limite superior foi «desviado», por ser desnecessário? de acordo com Speakman8 entram aqui as questões relacionadas com a produção e a distribuição de alimentos no neolítico. em sociedades organizadas passa a haver outras tarefas para além das da produção alimentar, como nos caçadores – recolectores. Há tarefas de construção de casas, de cerimónias religiosas e outras; isto significa que alguns indivíduos são libertados da tarefa dos alimentos – agricultura, pastoreio, caça, pesca – para se dedicarem a tarefas, digamos, não-produtivas. isto só se passaria quando os alimentos eram suficientes para todos, mas com regulação hierárquica. Ou seja, se no Paleolítico podia haver escassez e por isso não atingiam o limite superior de gordura, no neolítico havia limitação social. Ou seja, só aos chefes era possível ficarem obesos e Conclusão discutindo as várias hipóteses poderemos concluir que muitas delas têm pontos fracos, alguns facilmente contestáveis. no entanto todas elas consideram que algo se passou sob o ponto de vista genético na evolução dos hominídeos que permitiu que, perante a abundância alimentar e o sedentarismo, surgisse a epidemia da obesidade nos países desenvolvidos e que se preveja que o mesmo vai suceder nos países que saem da fome. A diferença entre as várias correntes é que uns defendem a seleção natural, com o gene «poupador», que afinal não é um só gene mas polimorfismos; outros dizem que a obesidade é uma má-adaptação por ter sido desnecessário utilizar o tecido gordo castanho para queimar energia e aquecer; e outros ainda consideram a existência de um gene (ou genes?) desviante ou à deriva que mantém um limite superior de massa gorda alto em tempo de abundância e sedenta- no neolítico só aos chefes era possível ficarem obesos, e, entre os chefes, àqueles cujo desvio genético permitia ultrapassar o limite superior estabelecido para precaução em relação aos predadores (hipótese do gene drifty) entre os chefes aqueles cujo desvio genético permitia ultrapassar o limite superior anteriormente estabelecido para precaução em relação aos predadores. de facto, em tempos históricos são referidos e representados indivíduos obesos. calcula-se que durante o século XViii, só 10% da população francesa ou inglesa teria acesso sem limites a alimentos. era aí que se estabelecia a obesidade. A prevalência de obesidade nos eUA em 1890 seria menos de 3%8. Portanto, só a classe no topo da sociedade podia atingir o limite máximo da massa gorda. de facto as representações de obesos no século XiX associam o peso alto aos ricos. Só depois da ii Guerra Mundial é que a questão se começou a inverter, dado o largo acesso aos alimentos e o sedentarismo. As populações passaram a atingir o seu limite superior, tal como se passa nas populações que saem da fome para a abundância, caso das zonas urbanas da china e da Índia. como os genes que têm sido identificados em relação com a obesidade atuam ao nível dos centros do apetite e saciedade, é natural que estivesse aí o mecanismo regulador do limite superior de massa gorda. 14 rismo. esta discussão entre geneticistas implica muitos conhecimentos técnicos e decerto que a investigação apoiada nos conhecimentos do genoma humano vai acelerar. É extremamente interessante acompanhá-la e perceber aquilo que é ainda a ponta do iceberg conhecida da biologia humana. no entanto, aquilo que sabemos é que uma boa parte da população humana pode tornar-se obesa se tiver disponibilidade alimentar e se for sedentária. e essa condição aumenta as probabilidades de doenças associadas, algumas provocando morte precoce em relação à esperança de vida, outras com graus importantes de incapacidade. e não é previsível que haja seleção natural, visto que os obesos se reproduzem e só têm consequências patológicas depois da idade da reprodução. e aí se insere a epigenética, através da qual a marca ambiental vai tornar-se genética e manter-se nas gerações seguintes. Mas isso seria outro tanto de exposição e os geneticistas terão muita e complexa matéria para discutir. Bibliografia 1. neel JV.. diabetes mellitus: a “thrifty” genotype rendered detrimental by “progress”. Am. J. Human Genet. 1962; 14:352-53. 2. Zimmet P, Alberti, K, Shaw J.. Global and societal implications of diabetic epidemic. nature. 2001; 414:782-787. 3. Zimmet P. cocacolonization and the chronic disease epidemic: can the doomsday scenario be averted? J. int Med, 2000; 247:301-310. 4. Alvarez Jec. el mono obeso. La evolucion humana y las enfermidades de la opulencia: diabetes, hipertensión, arteriosclerosis. 2004. ed. critica. Barcelona. 5. Zimmet P., dowse G, Tinch c, et al. The epidemiology and natural story of niddM – Lessons from the South Pacific. diab Metab. Rev. 1991; 6: 91-124. 6. Widmaier eP. Porque é que o ganso não é obeso. 2006 ed. Gradiva. Lisboa 7. Krol e, Speakman JR. Regulation of body mass and adiposity in the field vole. Microtus agrestis; a model of leptin resistance. J. endocrinol. 2007; 192:271-278 8. Speakman J R. evolutionary perspectives on the obesity epidemic: adaptative, maladaptative and neutral viewpoints. Annu. Rev. nutr. 2013; 33:289-317. 9. Matarese G. Leptin and the immune system: how nutritional status influences the immune response. eur cytokine netw 2000; 11: 7-13 10. Speliotes eK, Willer cJ, Berndt Si, et al. Association analyses of 249,796 reveal 18 new loci associated with body mass index. nat Genet. 2010; 42:937-948. 11. cypress AM, Lehman S., Williams G, et al. identification and importance of brown adipose tissue in adult humans. n engl J Med. 2009; 360:1509-1517. 12. Himms-Hagen J. Obesity may be due to malfunctioning brown fat. can Med Ass J. 1979; 121:1361-1364. 15 Faculdade de Motricidade Humana, Estrada da Costa, Cruz Quebrada, 1495-688 Cruz Quebrada Tel.: 21 414 92 90 [email protected]