pedagogia waldorf - TCC On-line

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
JANE ASSUNÇÃO BRUNHARA
PEDAGOGIA WALDORF: UMA POSSÍVEL CONTRIBUIÇÃO PARA A
PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA
CURITIBA
2014
JANE ASSUNÇÃO BRUNHARA
PEDAGOGIA WALDORF: UMA POSSÍVEL CONTRIBUIÇÃO PARA A
PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA
Artigo de conclusão de Curso de Pós Graduação
apresentado ao Curso de Especialização em
Psicopedagogia, da Faculdade de Ciências
Humanas da Universidade Tuiuti do Paraná, como
requisito parcial à obtenção do título de
especialização.
Orientadora: Jurândi Serra Freitas
CURITIBA
2014
“Em pedagogia, existem três vias possíveis para
motivar a criança para a aprendizagem: o medo, a
ambição e o amor. Na Pedagogia Waldorf são
rejeitadas as duas primeiras vias e procura-se
despertar na criança o amor pelas coisas que ela virá
a conhecer.”
(Jörgen Smit)
RESUMO
O presente artigo teve como principal objetivo verificar se os recursos utilizados na
Pedagogia Waldorf podem auxiliar no trabalho da psicopedagogia clínica com
crianças que não estudam em escolas com esta pedagogia. Conhecendo princípios
da Pedagogia Waldorf e seus pressupostos para uma educação integral da criança
com amplos recursos, que abordam vários aspectos do desenvolvimento infantil,
surgiu o questionamento de que se estes recursos não seriam úteis para se utilizar
na clínica psicopedagógica para crianças com dificuldades de aprendizagem. A
metodologia utilizada foi um levantamento bibliográfico sobre a pedagogia Waldorf e
suas contribuições para a aprendizagem, além de pesquisa sobre o papel da clínica
psicopedagógica. Foi constatada a relevância da presente metodologia pedagógica
para uma ampliação dos recursos psicopedagógicos na prática clínica.
Palavras Chave: Pedagogia Waldorf. Psicopedagogia. Recursos Psicopedagógicos
ABSTRACT
This paper aimed to verify that the resources used in Waldorf education can assist in
the work of educational psychology clinic with children who do not study in schools
with this pedagogy. Knowing the principles of Waldorf education and its prerequisites
for a comprehensive education of children with ample resources, wich address
various aspects of child development, the question that if these resources would not
be useful to use the pedagogical clinic for children with learning difficulties arose. The
methodology used was a literature about Waldorf education and its contribution to
learning, and research on the role of pedagogical practice. The relevance of this
teaching methodology for a extension of the psychological resources in clinical
practice has been found.
Keywords: Waldorf Education. Psycho-pedagogical. Psycho-pedagogical resources.
6
1
INTRODUÇÃO
Hoje nos deparamos com uma questão ampla, que são as várias dificuldades de
aprendizagem que se apresentam ao longo dos anos escolares. Em contrapartida,
existe também uma infinidade de recursos psicopedagógicos disponíveis para, de
acordo com cada criança, trabalhar para o desenvolvimento de habilidades e
aprendizagens que se encontram em defasagem, e promover a melhora dos
sintomas de cada problemática.
Nossa proposta é a pesquisa dos recursos da
pedagogia Waldorf e seus benefícios para aspectos globais e específicos do
desenvolvimento da criança, a fim de constatar se é possível utilizar pontualmente
destes recursos em crianças que estudam em outras pedagogias, com o objetivo de
tratar problemas de aprendizagem.
Segundo Lanz:
No âmbito da Pedagogia Waldorf, educar e ensinar significa promover o
pleno desenvolvimento das capacidades latentes em cada ser humano,
fazendo da criança uma pessoa apta a integrar-se no mundo com
autoconfiança, consciência e criatividade. (LANZ, 2003, contracapa)
A Pedagogia Waldorf é dentro das propostas educacionais da atualidade, uma
metodologia que tem o seu cerne no estudo profundo do ser humano e de seu
desenvolvimento, e de acordo com seus pressupostos, desenvolveu uma forma de
educar baseada na individualidade da criança que sugere respeito, cuidado e ao
mesmo tempo, propiciando oportunidade para que esta criança se desenvolva em
todos os aspectos humanos possíveis. Neste sentido, é uma pedagogia que visa o
cultivo da salutogênese. Para isto, o método utiliza de vários recursos que percorrem
aspectos múltiplos, como artísticos, afetivos, sociais, de motricidade, etc. Sabendose da importância destes âmbitos no desenvolvimento da criança como um todo e
na construção do seu aprendizado, aqui se pressupõe que estes recursos possam
ser utilizados em crianças que não estudam em escolas Waldorf, e que tendo
problemas de aprendizagem, se beneficiem terapeuticamente utilizando dos
recursos desta metodologia.
7
2
O PAPEL DA PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA
A Psicopedagogia é um campo de estudo e aplicação recente, e desta forma, o
profissional deve estar comprometido com o estudo constante e abertura para o
novo, para a ampliação de possibilidades de trabalho.
Tendo como objeto de estudo a aprendizagem, tema de extrema complexidade,
há muitas possibilidades de abordagens. O trabalho clínico do psicopedagogo é de
caráter essencialmente terapêutico; nele ocorre uma dinâmica entre paciente e
terapeuta,
onde
a
própria
interação
pode
contribuir
fortemente
para
o
desenvolvimento do sujeito. Aqui o papel do psicopedagogo é perceber todo o
contexto do tema aprendizagem do paciente e principalmente daquilo que se oculta
aos olhos, e a partir de suas considerações, buscar recursos que atravessem esta
barreira de dificuldades. De acordo com Bossa (2000, p. 95): “[...] o psicopedagogo
busca não só compreender o porquê de o sujeito não aprender algumas coisas, mas
o que ele pode aprender e como [grifo do autor].” Desta forma, na prática clínica da
psicopedagogia, é sempre necessário que se ampliem os instrumentos do saber do
profissional, em temas como a pedagogia, psicologia, neurologia, fonoaudiologia,
entre outros.
O trabalho clínico varia conforme a formação teórica e prática do profissional,
mas a princípio, existem duas fases bem distintas, que são o diagnóstico e a
intervenção. No diagnóstico se procura conhecer todo o contexto no qual o sujeito
está inserido, seus ambientes familiar, social e escolar, geralmente através de
entrevistas e observações em campo. Também são realizadas diversas provas de
inteligência, projetivas, de conhecimentos e habilidade específicas (Bossa, 2000).
Esta é a base para delimitarmos o melhor possível a problemática, a fim de fazermos
um bom planejamento de intervenção, que é o tratamento propriamente dito; à este
respeito:
Sara Paín postula que o profissional, para cumprir os objetivos e garantir o
enquadre no trabalho psicopedagógico, deve adotar certas técnicas. São
elas: organização prévia da tarefa; graduação nas dificuldades das tarefas;
auto-avaliação de cada tarefa a partir de determinada finalidade;
historicidade do processo, de forma que o paciente possa reconhecer sua
trajetória no tratamento; informações a serem oferecidas ao sujeito pelo
psicopedgogo, num nível em que possa integrá-la ao seu repertório
intelectual e construir o mundo que habita; e por fim, a autora fala da
indicação como mais uma técnica necessária no tratamento
psicopedagógico. Segundo essa profissional argentina, a indicação se
refere ao assinalamento e à interpretação [grifo do autor]. (BOSSA, 2000, p.
108)
8
O sucesso do trabalho clínico psicopedagógico depende do quanto nos
comprometemos a fazer uma revisão constante destas duas etapas, a fim de se
direcionar e aprimorar a cada dia o trabalho (BOSSA, 2000). Assim, percebemos a
importância de um bom raciocínio clínico e do enquadre diagnóstico, para que haja
sensibilidade necessária para utilizarmos adequadamente os recursos para cada
caso clínico.
Ainda segundo Bossa (2000, p. 20): [...] “É importante, no entanto, ressaltar que
a concepção de aprendizagem é resultado de uma visão de homem, e é em razão
desta que acontece a práxis psicopedagógica”. [grifo do autor] A Pedagogia Waldorf,
reconhecida pela UNESCO (UNESCO, 2014), sendo fruto de uma filosofia e de uma
visão antropológica do homem, todo o seu referencial pedagógico advém de uma
concepção própria do homem e do mundo. Desta forma algumas de suas
abordagens requer um estudo mais aprofundado dentro de sua perspectiva, para
que se entenda claramente seus objetivos e se utilize adequadamente de acordo
com as necessidades de cada caso. Assim, utilizar dos recursos de uma proposta
pedagógica reconhecidamente bem sucedida para lidar com dificuldades de
aprendizagem dentro de um trabalho psicopedagógico clínico pode ser um caminho
que nos leve a novas possibilidades.
3
A PEDAGOGIA WALDORF
A Pedagogia Waldorf foi idealizada por Rudolf Steiner, austríaco (1861-1925),
doutor em filosofia e pedagogo, e se fundamenta numa visão do homem e do
mundo, e da relação entre eles; é fruto de um estudo antropológico profundo, e no
aspecto pedagógico, dá especial ênfase no desenvolvimento da criança para
fundamentar
seus
alicerces.
Esta
pedagogia
vê
em
cada
criança
uma
individualidade intocável, que já existia antes do nascimento e traz um destino bem
pessoal, que anseia por se desabrochar. Na medida em que cada ser humano traz
esta disposição íntima, tão única, ele carrega em si uma liberdade intrínseca, e a
educação tem esta tarefa de ajudar este ser a encontrar seu propósito, como
ampará-lo e conduzi-lo nesta caminhada.
9
Neste sentido, a uma criança não se despeja conhecimento, nem se condiciona,
e sim se apresenta o mundo, respeitando acima de tudo o momento biográfico em
que se encontra. Ela traz em si uma predisposição para o fazer e aprender no
processo de imitação, e junto a isto uma abertura ilimitada ao ambiente; neste
sentido observamos a enorme importância da responsabilidade do adulto frente à
criança, pois ele deve vir com uma predisposição ao encontro dela, oferecendo
estímulos para as experiências necessárias, tanto físicas quanto sociais e
emocionais. Estes estímulos ao mesmo tempo em que são importantes, devem
proteger a criança de excessos desnecessários, para que haja um ambiente ao
mesmo tempo acolhedor e protetor para o seu gradual despertar (PATZLAFF;
SASSMANNSHAUSEN, 2007).
A arte é fortemente vivenciada na escola Waldorf, como um intermediário entre a
criança e o ambiente; ao mesmo tempo em que ajuda a desenvolver vários aspectos
psicoemocionais. Desta forma, esta pedagogia está totalmente imersa na arte em
todos os conteúdos de seu currículo, e não apenas como uma faceta independente
do conhecimento humano.
3.1
O JARDIM DE INFÂNCIA WALDORF
O Jardim de Infância na visão antropológica da Pedagogia Waldorf é uma
situação moderna, em que as exigências do mundo atual a fizeram, a fim de
amparar as crianças de mães que trabalham, e que desta forma cumpre o papel de
suprir um lar, no sentido amplo da palavra. Um lar inclusive com características que
atualmente se encontra em escassez, mediante toda transformação social pelo qual
passamos, mas que por esta visão se faz tão necessária (LANZ, 2003).
O que uma criança na idade pré escolar estaria fazendo? No sentido “antigo”,
estaria brincando com os irmãos, amigos, primos, com várias brincadeiras
provavelmente estariam acontecendo num espaço livre, com árvores ao redor onde
poderia subi-las, talvez correr em meio ao mato, na terra, pegar em pedras de
diversos formatos, sentir a grama, a lama. Em casa estaria ajudando a mãe nos
afazeres, estaria ouvindo estórias de contos de fadas desta mãe ou de outra
cuidadora; enfim estaria vivendo com elementos da natureza e desfrutando
afetivamente e socialmente com seus pares e pais. Enfim, é basicamente esta a
função do jardim de infância Waldorf.
10
Os brinquedos de um Jardim de Infância Waldorf são apresentados de uma
forma simples, feitos com materiais naturais, e nada completamente acabado.
É importante que o ambiente transmita segurança à criança: tudo é o que
parece ser. Por isto a predominância de brinquedos de madeira, ou ainda, apenas
pedaços e tocos de madeira para que as crianças deem vazão à imaginação e
fantasia.
As bonecas são de pano, simples, quase sem expressões definidas, para que
deixemos a cargo da criança imaginar uma ampla gama de situações com elas. O
Ambiente em si é muito acolhedor. Ainda:
Dessa solidez e desse aconchego nasce uma extraordinária segurança e
confiança no mundo dos adultos, no mundo em geral: o mundo é bom! Este
deveria ser o elemento básico do ambiente que constitui o fundamento de
uma autêntica religiosidade da criança pequena. (LANZ, 2003, p. 111)
Hoje, em ambientes excessivamente estimulantes e poluídos, o jardim não fica
apenas no papel de substituto, mas principalmente como um ambiente
extremamente salutar com seu caráter acolhedor, que proporciona aconchego e
segurança à criança. Nesta direção, esta pedagogia caminha na direção oposta ao
aprendizado dirigido; ela busca antes, oferecer oportunidades para que os alicerces
sejam preparados para o futuro próximo, ou seja, a Educação Fundamental (LANZ,
2003).
3.2
A EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL NA PEDAGOGIA WALDORF
A estrutura de uma aula Waldorf é rítmica: o professor procura trazer
movimentos de interiorização e exteriorização anímicas que se alternam ao longo da
manhã, se utilizando de versos, roda rítmica, histórias, tudo permeado pelo conteúdo
curricular do dia. Todo o ensino na Pedagogia Waldorf é ensinado em forma de
épocas, ou seja, existem épocas de matemática, português, etc., para que se faça
um mergulho mais profundo do ensino na matéria, que dura por volta de 4 semanas,
sendo dado pelo professor regente na primeira parte da manhã. Numa segunda
parte são dadas outras matérias por outros professores, como línguas estrangeiras,
educação física, euritmia, artes aplicadas, trabalhos manuais, jardinagem, exercícios
em campo nas ciências naturais, etc.
11
Além de todo conteúdo curricular ser permeado pela arte e pelo fazer ativo,
como por exemplo, não se utilizar de material pedagógico impresso, e sim as
próprias crianças criarem seus próprios livros, artisticamente realizados, há uma
ampla vivência de outras atividades enriquecedoras como recitação de poemas,
teatros, e as matérias acima já citadas.
Todo este ensino visa o desenvolvimento integral do ser humano, numa
corrente oposta à vigente de nossa época, mais tecnicista e focada desde muito
cedo na aprovação dos vestibulares das melhores universidades.
Esta pedagogia acredita que no seu currículo está em essência focada no
desenvolvimento integral do ser humano, e por consequência, de caráter curativo e
salutogênico (LANZ, 2003).
3.3
MATURIDADE ESCOLAR
Nos primeiros 7 anos da infância, a criança está em constante movimento, em
pleno desenvolvimento das ferramentas dos sentidos, na motricidade grossa e fina,
até que se que é alcançada uma primeira etapa do desenvolvimento. Até aqui a
criança tem um comportamento que se pauta pela imitação do adulto, e desta forma,
intuitivamente age e aprende de acordo com os que lhe cercam. É importante
observar a postura dos adultos frente à esta capacidade implícita da criança. Já em
torno dos 7 anos adiante, a criança se liberta da prisão dos sentidos e começa a
adquirir capacidades representativas de um mundo interior, assim começa a
apresentar outras necessidades de aprendizagem; já formula perguntas diretas,
consegue apreender as relações de causa e efeito, e principalmente consegue
realizar tarefas dirigidas pelo professor.
Como esta mudança não acontece de forma drástica, é muito importante que
este aproveite a esta capacidade imitativa dos primeiros anos escolares para fazer
as crianças aprenderem habilidades de uma forma leve, como recitar poemas, tocar
um instrumento como flauta, exercícios rítmicos, etc.
Crianças que alcançaram a maturidade escolar têm necessidade destes
processos dirigidos – o ensino como o conhecemos, e imitam o professor pelo
exemplo, ao mesmo tempo que se esforçam com consciência para melhorar suas
capacidades, por isto a importância da habilidade deste para levar as atividades de
forma leve e prazerosa.
12
Esta é uma idade em que a criança (que foi devidamente conduzida até aqui)
tem extrema devoção pelo professor, e este deve se utilizar desta rica fase para
ajudar as crianças a desenvolverem suas capacidades de concentração, o sentido
corpóreo espacial, a capacidade de concentração entre outras (PATZLAFF;
SASSMANNSHAUSEN, 2007).
3.4
SOBRE O RITMO
Um dos alicerces da Pedagogia Waldorf é o ritmo, sobre o qual são vividos
todos os processos de aprendizagem.Ele se fundamenta na observação da natureza
e do ser humano, de seus períodos de expansão e contração.
Seja nas diferentes estações do ano, como em nossa respiração – inspiração,
no sono – vigília, sempre há um processo de polarização. No nosso estado anímico
também apresentamos alternância de estados, como na extroversão – introversão.
Na aprendizagem, isto é levado em consideração, pois o professor trabalha uma
matéria intensamente e depois tudo é levado ao sono, pois para esta pedagogia
“Aquilo que se aprende, pode ser de novo esquecido, porque se transforma em
capacidade” (STROTEICH, 1994). Um exemplo disto é o esforço que a criança
executa para a aprendizagem da escrita, que mais tarde realiza sem problemas.
É sobre estes pressupostos que se fundamenta o ensino em épocas. Também
o ensino diário se fundamenta numa estrutura rítmica: se recorda os conteúdos do
dia anterior, se assimila, se elabora e se pratica (STROTEICH, 1994).
A vivência do ritmo se amplifica para uma vivência intensa na escola das
Festas Cristãs ao longo do ano, que na verdade é uma metamorfose das antigas
festas pagãs, em que a comunidade vivia em intensa interatividade com toda a
natureza.
3.5
O PAPEL DA ATIVIDADE ARTÍSTICA
O ato de produção artística é algo que envolve o ser humano em sua
totalidade. O ser se coloca em seu meio ambiente, sai de si, onde existe a relação
intrínseca com o material, se entregando à ele, e acontece toda uma gama de
atividades anímicas: alegrias, frustrações, resignações, expectativas... Não é algo
que acontece unilateralmente só com o pensamento ou a força motriz, e sim um
entrelaçamento destas atividades em que o sentimento faz as costuras o tempo
todo.
13
Desta forma, a arte se torna um exercício de grande valor para os dias atuais,
em que a técnica prevalece em nossa cultura, e que os valores são medidos pelo
conhecimento ou pela produção. A arte sob este ponto de vista desenvolve o
caminho do meio, mais integral para o desenvolvimento da personalidade.
Na criança pequena os sentimentos ainda estão muito ligados, misturados com
a parte corporal. Ela demonstra isto o tempo todo, quando está alegre, em que pula
levantando os braços, ou contrariada, bate os pés ou avança em outra criança.
Quando se dá oportunidades para que ela se expresse através de uma atividade
artística, ela dá vazão às suas necessidades mais profundas, de forma harmônica e
integradora. Como é um ser que imita, é extremamente importante o gesto, postura
e sensibilidade do adulto frente a estas necessidades.
Como educadores, podemos conduzir a criança a entrar em contato com o
mundo exterior, a conhece-lo, e a tentar decifrá-lo através da arte. Neste exercício,
todo o ser da criança é solicitado, sua parte cognitiva, volitiva e emocional. É uma
luta em que a resolução traz uma configuração única, individual e humana ao
mesmo tempo.
A Pedagogia Waldorf acredita que a arte é a forma eficaz para a criança
desenvolver um interesse genuíno pelo mundo exterior. Esta é uma questão crucial
para os tempos modernos, em que deveríamos procurar desenvolver o interesse e
capacidades para se criar uma vida mais rica e pautada por valores humanísticos
(CARLGREN; KLINGBORG, 2005).
3.6
OS CONTOS DE FADAS
É extremamente importante para esta pedagogia a vivência das crianças com
os contos de fadas; não os mais modernos, mas aqueles muito antigos, como os
que foram ouvidos e catalogados pelos irmãos Grimm. A Pedagogia Waldorf
acredita que os arquétipos contidos nestas histórias sejam de papel fundamental
para a saúde psicológica e inconsciente da criança.
Os vários elementos contidos nestas histórias alimentam a fantasia da criança
antes da idade da alfabetização propriamente dita. Seria um fator de promoção da
saúde global; por este motivo desde o Jardim de Infância até os primeiros anos da
Educação
Fundamental
professores (LANZ, 2003).
estas
histórias
são
contadas
intensamente
pelos
14
Quando nos detemos nos autênticos contos de fadas, percebemos o quanto
de humanidade nos trazem os personagens, tanto nas mazelas, quanto nas virtudes
que reconhecemos nas narrativas. Toda a profundidade da história do ser humano
se encontra nos contos de fadas, por isto contendo um valor terapêutico. O
professor muitas vezes se utiliza destes contos em sala de aula para trabalhar
contextos específicos, tanto individuais quanto em relação ao grupo.
É importante que na narrativa, não se acrescente detalhes, nem interpretações
intelectuais ou sentimentalismo, pois assim seria transferir à criança o que se passa
na alma do adulto, e não o mal ou o bem por si, de forma autêntica, salutar
(CARLGREN; KLINGBORG, 2005).
Quando as crianças se acostumam a ouvir os autênticos contos de fadas,
desenvolvem uma sensibilidade maior, que acabam por não receber de forma
positiva
contos
inventados
fantasiosos
ou
realistas
demais
(CARLGREN;
KLINGBORG, 2005).
Também é muito utilizado pelo professor ao longo dos anos escolares
narrativas cujas imagens reproduzam estados interiores de uma criança específica
ou do grupo a fim de mobilizar animicamente de forma terapêutica. Quando o
professor não encontra uma história adequada, ele mesmo pode criá-la, podendo
ser narrativas muito simples; de acordo com Carlgren e Klingborg (2005): “Sobre
isso, Steiner acentua que o que tem um efeito tão forte sobre as crianças é
justamente o esforço, a preocupação interior do narrador com o próprio “pecador” e
com o que ele faz”. Ainda: “Quem tenta inventar histórias desse tipo, e as prepara e
conta, tem realmente a sensação de que ele próprio está lutando com os problemas
mais íntimos das crianças” (CARLGREN; KLINGBORG, 2005).
3.7
SOBRE AS CORES
Nas escolas Waldorf, há uma atividade intensa no que se refere às cores,
sejam através de pinturas em aquarela, uma atividade realizada pelo menos uma
vez por semana em sala de aula, ou com giz pastel, e diversas outras atividades nos
trabalhos manuais, nos cadernos de matéria, etc.
Exercícios de vivências com as cores são muito intensas principalmente nos
primeiros anos escolares.
As qualidades terapêuticas da cor são extremamente
utilizadas pelos professores, pois estes não apenas dão a oportunidade de serem
vivenciadas nas atividades pelos alunos, mas acima de tudo, dirigem estas
15
atividades, sugerem as cores, procuram despertar a sensibilidade da criança frente à
natureza de cada cor, trabalham estas propriedades também de acordo com os
temperamentos das crianças.
Esta é uma atividade e uma postura de muito conhecimento e vivência que o
professor deve dominar para trabalhar adequadamente com seus alunos de acordo
com os pressupostos dados por Rudolf Steiner. Trabalhar com cor é essencialmente
trabalhar com o sentimento (CARLGREN; KLINGBORG, 2005).
3.8
O DESENHO DE FORMAS
O desenho de formas é o desenho feito com lápis de cor e a mão livre, no
início reproduzindo figuras muito simples, utilizando tanto de linhas retas quanto
curvas, e que o longo dos anos, vão adquirindo complexidade, até que o aluno seja
capaz de reproduzir intrincados desenhos que lembram muitas vezes as iluminuras
medievais e os arabescos mouros e célticos.
Esta atividade acompanha a criança do 1º. ao 5º. Ano da Educação
Fundamental, antes de se iniciarem no desenho geométrico propriamente dito com a
utilização de instrumentos para tal. É mais um recurso artístico utilizado para a
educação.
Pela visão de Rudolf Steiner, ao lidar com a curva e a reta no desenho de
formas, a criança vivencia esta representação espacial interiormente, atuando
higienicamente. Algumas vezes as crianças antes do desenho em papel
propriamente dito, fazem as formas com outros materiais como areia, argila, às
vezes utilizando também os pés (NIEDERHAUSER; KIRSCHNER, 2008).
Não vivenciamos as formas geométricas puras na natureza, como contornos
em objetos; na verdade vemos tudo como cores sobrepostas, mas sem dúvida elas
existem como leis físicas, claramente percebidas em espirais, cristais, etc. Assim,
para a criança que desde pequena descobre estas “leis” de uma forma lúdica, mais
tarde já na geometria, na matemática, como também em outras matérias como a
botânica, tudo é vivenciado de forma mais rica e viva: “Descobrir as leis geométricas
no universo e na arte pode levar a uma experiência emocional ímpar.
Nesses momentos, as duas diferentes linguagens, a da arte e a da ciência, se
fundem numa só” (CARLGREN; KLINGBORG, 2005). Mais tarde esta vivência no
Desenho de Formas contribui grandemente para outra forma de arte, criada por
Rudolf Steiner, a Euritmia.
16
3.9
A EURITMIA
A Euritmia foi uma forma artística criada por Rudolf Steiner, em que todo o
corpo participa de movimentos como numa dança, geralmente ao som de
instrumentos tocados ao vivo como o piano, ou de recitações de poemas. Esta
atividade de movimento tem o objetivo de tornar “visível” a palavra e a música, como
uma transposição de sons e fonemas, tanto as vogais quanto as consoantes, para
movimentos específicos em que todo o corpo se expressa artisticamente.
Para Rudolf Steiner, as vogais trazem um caráter mais interior e sentimental,
enquanto que as consoantes representam uma atividade mais exterior. Utilizando
desta linguagem sonora e corporal, nasce uma expressão artística ímpar.
Quando a criança mergulha neste universo sonoro e o expressa através de seu
corpo,
está
utilizando
de
todas
suas
capacidades
anímicas,
exercitando
intensamente sua sensibilidade.
É inegável o valor pedagógico e terapêutico desta expressão, quando
assistimos a apresentações de alunos que fazem movimentos expressivos, tanto
sincronizados quanto interdependentes com a música ou recitações em grupo com
seus colegas, percebendo-se um trabalho conjunto harmonioso (CARLGREN;
KLINGBORG, 2005).
3.10 OS TRABALHOS MANUAIS E ARTES APLICADAS
Os trabalhos manuais são feitos pelas crianças nesta pedagogia desde os
primeiros anos, e não apenas com o intuito de se ensinar habilidades específicas ou
uma profissão. Oposto a isto, o objetivo é que a criança desenvolva habilidades
múltiplas, fugindo do caráter da especialização, pois assim há a possibilidade de se
criar indivíduos interessados e com potencial para mais tarde enfrentarem os
caminhos que escolherem profissionalmente.
Ainda, segundo Lanz:
[...] Disso resulta a importância das matérias artísticas, que apelam ao
sentimento e à ação do aluno: ele tem de fazer algo com as mãos ou outras
partes do corpo - tem de criar algo que seja resultado de sua fantasia,
usando a vontade, a perseverança, a coordenação psicomotora, o senso
estético. Por isso essas matérias têm alto valor pedagógico e terapêutico,
quando exercitadas com regularidade LANZ. (2003, p.135)
17
Assim, quando praticam quaisquer das atividades artísticas, toda sua
corporalidade está envolvida nisto. Todas estas práticas desenvolvem a vontade, a
disposição para o agir na criança: “Não há melhor treinamento da vontade do que
exercitar alguma coisa repetidas vezes com alegria, justamente quando há
dificuldades e obstáculos a serem ultrapassados” (CARLGREN; KLINGBORG, 2005,
p. 45).
As primeiras experiências de uma criança são inconscientes, compreendendo
o mundo através de seus sentidos e ações, e são através de seus atos que o
conhecimento é vivido, compreendido, incorporado.
Ao se desenvolver progressivamente habilidades motoras muitas vezes complexas,
como fazer meias de cinco agulhas, está se formando conexões cerebrais que
promovem o desenvolvimento da inteligência, de acordo com o conhecimento atual
das neurociências.
É importante perceber o quanto da vontade e persistência das crianças são
solicitadas quando se dá um projeto complexo para se executar ao longo de todo o
ano. Assim desde o 1º. ano eles executam trabalhos de crochê, tricô, bordado,
costura, marcenaria, modelagem, entre outros, e sempre num crescente de
dificuldade e complexidade, trabalhando assim ao longo dos anos a motricidade fina.
No 8º. Ano, os adolescentes se dedicam ao longo do ano a fazer todo o
figurino e cenário da peça de teatro que é apresentado no segundo semestre,
trabalho este de conclusão do curso, em que aí se culmina todo o processo
envolvendo todas as amplas habilidades aprendidas durante toda a vida escolar
nesta pedagogia (CARLGREN; KLINGBORG, 2005).
3.11 A METODOLOGIA – CURRÍCULO
A forma como se transmite o currículo é singular, pelo cuidado que o professor
deve ter com detalhes que se mostram muito importantes pela visão antropológica
de Rudolf Steiner. No aprendizado da aritmética por exemplo, ele postula que o
princípio da unidade já existe na criança como em qualquer ser humano. Daí se
considera todos os números derivados dele: “O todo se entrega, para que surjam as
partes” (CARLGREN; KLINGBORG, 2005).
Se utilizando de histórias, ilustrações ou material concreto, formula-se
questões que estimulam a criação, não se atendo apenas ao raciocínio sintético
para se chegar a um resultado. Procura-se criar situações onde predomina o
18
raciocínio analítico, em que pode haver várias possibilidades, como por exemplo, de
quantas maneiras podemos chegar ao número de 8 sementes, utilizando dois
saquinhos para guardá-los. A melhor forma para se introduzir a criança ao mundo
dos números, é utilizar de ritmo e movimento, utilizando-se de rimas. (CARLGREN;
KLINGBORG, 2005). Conforme Patzlaff e Sassmannshausen (2007, p. 53 ) “O
trabalho é exercitado por novas variações diárias de palmas, saltos, andar e, por
meio disso, é incorporado na memória”. A criança compreende as leis matemáticas
pelas atividades sensório motoras.
É muito importante para a aprendizagem da criança que o professor seja hábil
na passagem da imagem para os caracteres da escrita, o símbolo propriamente dito.
Ele inicia a alfabetização sempre trazendo uma imagem, uma história para cada
letra apresentada; depois desenha uma situação desta história na lousa, em que se
destaca a letra nele. Depois desenha o mesmo símbolo separadamente. Neste
processo a criança se apoia nas vivências emotivas e volitivas para memorizar o que
se aprende, assim compreende todo o processo coerentemente (PATZLAFF;
SASSMANNSHAUSEN, 2007). O professor também pode utilizar de outros recursos
como o gesto de euritmia da letra para que todo o corpo participe desta vivência.
Pode ainda apresentar versos com aliterações para que todos recitem. Durante todo
o 1º. Ano e no início do 2º. Ano, as crianças leem apenas o que escrevem, e durante
o 2º. Ano se inicia uma leitura mais sistemática.
Na pedagogia Waldorf se toma extremo cuidado com a transição do concreto
para o símbolo, que é a grafia: “A transição é facilitada quando as letras ocupam a
fantasia primeiro em forma de imagens e encontram total receptividade”
(CARLGREN; KLINGBORG, 2005).
A forma como vão sendo introduzidas as outras matérias, a partir do 3º. Ano,
como conhecimentos gerais, Geografia, Zoologia, Botânica, Ciências, sempre se
parte da experiência e da observação fenomenológica. Procura-se muito aprender
em campo nesta pedagogia. Inicia-se sempre com imagens – quando se fala em
imagens, nunca se refere à apresentação de material pronto, acabado, pelo
contrário, se inicia com conversas, questões que são lançadas pelo professor ou
mesmo uma descrição feita por ele. Geralmente se faz uma observação em campo
ou em laboratório onde as crianças vão conhecer ou experimentar sobre o assunto.
Depois é hora de fazer seus cadernos com textos e ilustrações próprias.
19
3.12 FOMENTAR O MOVIMENTO
Atualmente em nossa sociedade, em que praticamente não se locomove sem
utilizar de automóvel, e famílias optam por morar em condomínios de apartamentos
e as atividades recreativas se concentram em torno de mídias eletrônicas, é tarefa
da escola proporcionar oportunidades para que as crianças desenvolvam
adequadamente suas capacidades motoras e sensoriais adequadas à idade, como
os sentidos do tato e equilíbrio.
Levando-se em consideração a plasticidade do cérebro humano que continua
a perdurar pela sua vida, podemos investir no aprimoramento das capacidades da
criança ainda em idade escolar. Segundo Patzlaff e Sassmannshausen:
Uma possibilidade muito aplicada é iniciar regularmente o dia de aula com
um exercício prático em que a classe de pronto se movimenta ritmicamente,
saltando, batendo o pé, andando, batendo palmas para então fortalecer o
acordar e a habilidade na coordenação das mãos e dos pés por meio de
exercícios correspondentes. Paralelamente à aula de ginástica, atividades
em conjunto, como cortar lenha, cavar a terra e fazer o pão, etc., oferecem
à classe ricas oportunidades para melhorar a motricidade fina e a grossa.
(PATZLAFF e SASSMANNSHAUSEN, 2007)
Ainda são oportunizadas outras atividades como programa de circo, onde o
prazer é mesclado aos desafios corporais, e ainda a própria euritmia, em que a
complexidade cresce conforme o estado do desenvolvimento das crianças.
3.13 UMA EDUCAÇÃO COMPROMETIDA COM AS TRADIÇÕES CULTURAIS,
MORAIS E ESPIRITUAIS DA HUMANIDADE
A Pedagogia Waldorf considera a cultura, moralidade e espiritualidade como
capacidades humanas originais, que se encontram latentes na criança, onde se bem
preservadas através do cultivo correto dos sentimentos, afloram espontaneamente
através dos sentimentos de devoção, compaixão, confiança experimentação da
beleza. Em nossa cultura atual fragmentada onde as tradições a cada dia são
desvalorizadas e quebradas constantemente, esta metodologia de ensino buscar
trabalhar estas qualidades como um resgate da religiosidade mais autêntica e livre
do ser humano, sem se ater a religiões específicas. Dentro desta perspectiva,
qualquer família não importando a religião é bem vinda nesta pedagogia.
20
Estes sentimentos são cultivados cotidianamente na Pedagogia Waldorf, na
contemplação do belo na natureza, na elaboração dos trabalhos artísticos entre
outros momentos. Sob esta perspectiva, segundo Baravalle (1994):
Os sentimentos que tais momentos nos inundam possuem uma qualidade
especial. São sentimentos de admiração, de respeito profundo ou de
reverência que nos abrem a porta para aquilo que o homem percebe como
divino. No decorrer da vida, estes sentimentos transformam-se, constituindo
o fundamento da capacidade de julgar. (BARAVALLE, 1994)
Para esta pedagogia, cultivar estes sentimentos é uma forma eficaz de evitar
transtornos futuros de ordem emocional, pois transmite segurança e confiança
desde a mais tenra idade à criança.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo do estudo realizado, percebeu-se que em todos os recursos
pedagógicos vivenciados, há um denominador comum: buscar com que a criança
mobilize todo seu ser anímico, ou seja, o pensamento, a ação e o sentimento num
movimento de harmonização integralizadora. Todas estas atividades passam longe
da especificidade, da caricatura, pelo contrário, é sempre como um jogo de forças
sutis que buscam o equilíbrio e a harmonização do ser criança. Trabalhar com arte é
trabalhar essencialmente com o sentimento, mola propulsora para a motivação para
o aprender.
É notável como uma pedagogia idealizada em 1919 já respondia a questões tão
atuais, por exemplo, se preocupando com a forma de transmitir o conhecimento por
várias vias sensíveis, e não apenas cognitiva, utilizando de ritmo, música, pintura,
contos, observação fenomenológica, etc. em praticamente qualquer que seja o
conteúdo a se trabalhar com a criança.
Atualmente se sabe o valor de se procurar estimular as várias capacidades da
criança para um desenvolvimento mais integral. Hoje na prática verificamos o
estímulo a cada dia maior de crianças pequenas para o desenvolvimento fortemente
voltado para o raciocínio lógico e abstrato e para a alfabetização precoce, e ao
mesmo tempo também notamos um aumento de casos de crianças com dificuldades
21
escolares. Neste sentido as práticas pedagógicas Waldorf encontram o seu lugar
para uma contribuição importante.
Também muito importante é a visão antropológica dos primeiros anos da criança,
pontuando os cuidados com que devemos conduzi-la, para promover sua saúde
física e emocional, evitando possíveis problemas emocionais e de aprendizagem.
Assim, as possibilidades para uma prática clínica psicopedagógica são amplas;
embasados em seus pressupostos, podemos sugerir alguns exemplos.
Pode-se utilizar de seus recursos pedagógicos citados anteriormente nas
atividades de aprendizagem da matemática e da alfabetização; no âmbito da
psicomotricidade, há amplo leque de atividades que mesclam o movimento às artes,
como a música, ou um trabalho manual que exija concentração e motricidade fina.
Quando há indícios de questões emocionais, o trabalho com arte, utilizando
de cores em pintura pode atuar terapeuticamente. Não obstante, todos os trabalhos
se tornam terapêuticos, à medida que mobilizam as forças que fazem a
individualidade da criança atuar em todos os âmbitos de sua personalidade. Sem
dúvida, há a necessidade de além do conhecimento, da criatividade do terapeuta.
Com esta abordagem, a Pedagogia Waldorf tem muito a contribuir para uma
ampliação
de
visão
do
ser
humano
e
suas
capacidades
durante
seu
desenvolvimento na infância. Cabe ao psicopedagogo, além de um estudo
aprofundado sobre o tema, perceber a importância de se fazer relações, construir
um bom diagnóstico e procurar adequar quais as melhores atividades e recursos
que
possam
ser
utilizados
para
uma
criança
que
necessite
psicopedagógica, dentre tantos recursos desta metodologia pedagógica.
de
ajuda
22
REFERÊNCIAS
BARAVALLE, Hermann von. Uma educação comprometida com as tradições
espirituais, morais e culturais da humanidade. In: Pedagogia Waldorf: Catálogo para
a exposição apresentada por ocasião da 44ª. Reunião da Conferência Internacional
de educação da UNESCO em Genebra. Edição: Freunde der Erziehungskunst
Rudolf Steiners e.V. Outubro de 1994.
BOSSA, Nadia A. A Psicopedagogia no Brasil. 2ª. Ed. revista e aumentada: Artmed
Editora, Porto Alegre, 2000.
CARLGREN, Frans; KLINGBORN, Arne. Educação para a liberdade. 9ª. ed. São
Paulo: Escola Waldorf Rudolf Steiner, 2005.
FEDERAÇÃO DAS ESCOLAS WALDORF NO BRASIL - FEWB. Disponível em
<HTTP://www.federacaoescolaswaldorf.org.br. Acesso em 03 mar. 2014.
LANZ, Rudolf. A Pedagogia Waldorf. 8ª.ed. São Paulo: Antroposófica, 2003.
NIEDERHAUSER, Hans R.; KIRSCHNER, Hermann. Desenho de formas. 1a. ed.
São Paulo: João de Barro, 2008.
PATZLAFF, Reiner; SASSMANNSHAUSEN; Wolgang. INFÂNCIA – EDUCAÇÃO SAÚDE. São Paulo. Federação das Escolas Waldorf no Brasil, periódico no. 44/45,
fevereiro de 2007.
SMIT, Jörgen; O amor como princípio básico da educação. In: Pedagogia Waldorf:
Catálogo para a exposição apresentada por ocasião da 44ª. Reunião da Conferência
Internacional de educação da UNESCO em Genebra. Edição: Freunde der
Erziehungskunst Rudolf Steiners e.V. Outubro de 1994.
STROTEICH, Annette. O Ritmo – grande mestre em educação. In: Pedagogia
Waldorf: Catálogo para a exposição apresentada por ocasião da 44ª. Reunião da
Conferência Internacional de educação da UNESCO em Genebra. Edição: Freunde
der Erziehungskunst Rudolf Steiners e.V. Outubro de 1994.
23
UNESCO.
Friends of Waldorf Education.
Disponível em:
db.unesco.org/r/or/en/1100053723. Acesso em: 03 mar. 2014.
<http://www.ngo-
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