LEVANTAMENTO DAS PLANTAS ESPONTÂNEAS E SUAS

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ISSN 2179-4413
Volume 1 / Número 1 / Abril/Jun - 2010
LEVANTAMENTO DAS PLANTAS ESPONTÂNEAS E SUAS
POTENCIALIDADES FITOTERAPÊUTICAS: UM ESTUDO NO
COMPLEXO ALUÍZIO CAMPOS – CAMPINA GRANDE – PB
Mirelle Aquino da SILVA1,2; José da Silva BARBOSA1,2, Helder Neves de ALBUQUERQUE1,2,3
1-Especialização em Desenvolvimento e Meio Ambiente, UNIPÊ/FURNE. [email protected]
2- Fundação Universitária de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão
3- Orientador. Doutorando em Agronomia CCA/UFPB/Areia [email protected]
RESUMO: Plantas espontâneas consistem em plantas invasoras ou daninhas que nascem
espontaneamente no meio, sendo adaptáveis a qualquer clima e solo. Analisou-se neste trabalho as
propriedades medicinais destas plantas, que compreende a etapa de base do processo de fitoterapia
onde, conseqüentemente, as plantas merecem uma atenção especial e um acompanhamento
personalizado por parte dos estudiosos. Através deste trabalho, realizou-se um levantamento
florístico acerca das plantas espontâneas, no Horto Florestal do Complexo Aluízio Campos,
Campina Grande - PB, destacando a importância das plantas espontâneas e sua relevância na
fitoterapia. Foi realizada uma pesquisa quantitativa, utilizando o método do caminhamento. Foram
identificados 36 táxons e 21 famílias. Houve predomínio das famílias botânicas Asteraceae e
Euphorbiaceae. A partir dos dados coletados obteve-se como resultados, que a falta de
conhecimento científico da população quanto ao benefício das plantas espontâneas em temos
fitoterápicos, provoca a destruição em massa da biodiversidade espontânea, por estas espécies
serem conhecidas empiricamente apenas como ervas daninhas ou invasoras. As propriedades
medicinais encontradas nas espécies espontâneas identificadas são: diurética, antiinflamatório,
cicatrizante, antisséptica, inseticida, anti-hemorrágica, broncodilatadora, antiabortiva, analgésica,
antipirética, antimicrobiana, estimulante, antioxidante, citoprotetora, antiespasmódica, estomáquica,
vomitiva, antidesentérica, bactericida, depurativa, emoliente, aperiente, calagoga, emenagoga,
febrífuga, hepatoprotetora, hepatotônica, laxante, tônica, anti-reumática, purgativa, expectorante,
adstringente, gastroprotetora e antiescorbútica.
Palavras-Chave: Fitoterapia, Plantas Espontâneas, Propriedades Medicinais.
ABSTRACT: Spontaneous plants are invasive or weeds plants that arises spontaneously in the
middle, being adaptable to any climate and soil. We analyzed in this study the medicinal properties
of these plants, which comprises the basic step of phytotherapy process, where consequently the
plants deserve special attention and a personalized assistance by scholars. Through this work a
floristic survey was conducted about the spontaneous plants in Horto Florestal do Complexo
Aluízio Campos, Campina Grande - PB, highlighting the importance of the spontaneous plants and
their importance in phytotherapy. A quantitative study was performed using the method of path
analysis. We identified 36 taxa and 21 families. The most common plant families were Asteraceae
and and Euphorbiaceae. From the data collected was obtained as a result the lack of scientific
knowledge of the population as to the benefit, in phytotherapy terms, of spontaneous plants, causes
a mass destruction of spontaneous biodiversity because these species are empirically known just as
weeds or invasives. The medicinal properties found in identified spontaneous species are: diuretic,
antiinflammatory, healing, antiseptic, insecticide, anti-haemorrhagic, bronchodilator, anti-abortion,
analgesic, antipyretic, antibacterial, stimulant, antioxidant, cytoprotective, antispasmodic,
stomachic, vomiting, antidesentérica, bactericidal, purifies, emollient, aperient, calagoga,
emmenagogue, febrifuge, hepatoprotective, hepatotônica, laxative, tonic, anti-rheumatic, laxative,
expectorant, astringent, antiscorbutic and gastroprotective.
Keywords: Herbs, Plants Spontaneous, Medicinal Properties.
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1- INTRODUÇÃO
Levantamento florístico consiste em identificar e catalogar espécies de plantas de uma
determinada área, com finalidade de se obter um arquivo de nomes populares e científicos das
espécies encontradas durante a pesquisa in loco, proporcionando a elaboração de um recurso visual,
informativo, didático e pedagógico; de uma valia incalculável, com suporte para conhecer,
preservar e conservar a biodiversidade florística de cada região. A partir da catalogação e
organização das informações obtidas, é possível se ter base para o desenvolvimento de um material
contendo informes mais específicos do objeto em estudo - o inventário biológico.
A catalogação das plantas, o inventário biológico e a chave de identificação ou chave
dicotômica contém descrições sistemáticas possíveis de identificar e caracterizar cada organismo;
descrevem com exatidão as espécies ou espécimes analisados, comprovando e registrando suas
características e determinando sua classificação taxonômica.
Dentre os grupos de plantas existentes no meio ambiente, temos as plantas espontâneas,
também conhecidas como plantas invasoras ou daninhas, ocorrem naturalmente e têm crescimento
espontâneo em áreas de cultivo (ALTIERI et al. 2003). Podem ser espécies exóticas - introduzidas
na região; ou nativas - surgem naturalmente na região.
Nos sistemas de cultivo, embora as plantas espontâneas sejam consideradas prejudiciais,
muitas delas adicionam matéria orgânica no sistema, protegem a superfície do solo contra a erosão e
atuam na ciclagem de nutrientes. Além de proporcionar a estrutura física e química dos solos;
apresentam ação alelopática sobre certos nematóides e insetos; atuam na atividade biológica na
zona das raízes; e, apresentam um elevado potencial medicinal.
O segmento das Ciências Biológicas que estuda as propriedades das plantas medicinais e
suas aplicações na cura de enfermidades, refere-se a Fitoterapia. Esta linha de pesquisa vem
atingindo proporções significativas em certas regiões do país, buscando informações de cunho
científico, que auxiliem na produção de substâncias naturais a serem utilizadas no tratamento e
recuperação dos pacientes, a fim de beneficiar principalmente as classes sociais inferiores,
incentivando o consumo de produtos economicamente viáveis, eficientes e eficazes e menos
agressivos à saúde.
O crescimento quanto à utilização de fitoterápicos, proporciona a diversidade da flora
medicinal espontânea, ser explorada comercialmente e economicamente em algumas regiões do
país, onde algumas ervas são cultivadas em larga escala e outras retiradas das matas nativas.
Algumas espécies de vegetais ocorrem em todo território nacional e há algumas que se restringem a
localidades específicas devido às condições edafoclimáticas favorecerem o seu desenvolvimento,
como também há espécies exóticas de outros países que se adaptaram muito bem a essas condições
de solo e clima (ALBUQUERQUE, 2002).
Na atualidade, algumas indústrias farmacêuticas estão buscando utilizar na composição de
seus medicamentos, substâncias extraídas dos vegetais com o objetivo de diminuir o custo dos
medicamentos sintéticos, que ainda circulam com preços inacessíveis nas farmácias e drogarias do
nosso país; prova de tal dificuldade na aquisição dos medicamentos sintéticos, é a criação dos
medicamentos genéricos os quais ainda são utilizados com restrição, dando espaço aos fitoterápicos
que são conduzidos por gerações.
A interação entre os seres humanos e os vegetais, na dinâmica de conhecimentos
tradicionais e modernos acerca de propriedades das plantas e a sua utilização para diversos fins, na
cura de doenças, refere-se a Etnobotânica, que dá ênfase aos conceitos de fitoterapia associados aos
saberes popular.
Em sociedades tradicionais, a transmissão oral é o principal modo pelo qual o conhecimento
é perpetuado. O conhecimento é transmitido em situações, o que faz que a transmissão entre
gerações requeira contato intenso e prolongado dos membros mais velhos com os mais novos. Isto
acontece normalmente em sociedades rurais ou indígenas, nas quais o aprendizado é feito pela
socialização no interior do próprio grupo doméstico e de parentesco, sem necessidade de
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instituições mediadoras: crianças e jovens acompanham seus parentes na execução de tarefas
cotidianas em ambientes físicos diversificados (excursões de coleta, trabalhos na lavoura, etc.),
onde podem existir plantas com atividade terapêutica, observam os mais velhos ao cuidarem dos
doentes, entre outros (AMBIENTE BRASIL, 2010).
Diante da preocupação em manter e explorar cientificamente o Horto Florestal do Complexo
Aluízio Campos – Campina Grande - PB, hoje patrimônio da FURNE – Fundação Universitária de
Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão; o levantamento florístico das plantas espontâneas com
potencialidades terapêuticas in loco, constituiu o foco de pesquisa apresentado neste estudo.
2. OBJETIVOS


Identificar as espécies de plantas espontâneas encontradas no Complexo Aluízio Campos;
Determinar as propriedades terapêuticas das plantas espontâneas do Complexo Aluízio
Campos.
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1. Surgimento e Evolução das Plantas Medicinais
A utilização das plantas medicinais decorre das civilizações na pré-história, pois, os homens
primitivos ingeriam as plantas para garantir a sobrevivência, pois, a caça nem sempre estava
disponível à captura. Com a ingestão dos vegetais, era possível se identificar sem o conhecimento
da terminologia, o que era medicamento, veneno, alucinógeno, alimento; os efeitos que as
substâncias contidas nas plantas proporcionavam sob as enfermidades, eram observados e descritos,
e assim, repassadas todas as informações empíricas através das gerações. Com a evolução do
homem no aspecto intelectual, deu-se início a cultura da “arte de curar” através das plantas, base
para o surgimento da medicina.
Segundo Viklund (2010), a necessidade humana de obter a cura das doenças, buscou as
plantas como os primeiros recursos terapêuticos utilizados.
A Organização Mundial de Saúde (OMS), define plantas medicinais como espécies vegetais
que possuem em um de seus órgãos, ou em toda a planta, substâncias que se administradas ao ser
humano ou a animais, por qualquer via e sob qualquer forma, exercem algum tipo de ação
farmacológica (SILVA et. al., 2007, p. 2).
David (2002), cita que o termo planta medicinal foi oficialmente reconhecido durante a 31º
Assembléia Mundial de Saúde, quando foi proposto que planta medicinal é aquela, que
administrada ao homem ou animais, por qualquer via ou sob qualquer forma,exerce alguma espécie
de ação farmacológica.
De acordo com Rigueiro (2007), toda planta medicinal tem por finalidade auxiliar no
tratamento e promover a cura das doenças. A definição deste conceito aplica-se pela existência de
um princípio ativo; substância que promove o efeito curativo da enfermidade. Além do princípio
ativo a planta dispõe do fitocomplexo – conjunto de todas as substâncias presentes na planta, que
atua simultaneamente com o princípio ativo na melhoria das moléstias, cuja composição pode ser
influenciada por fatores endógenos ou exógenos ao vegetal (CAPASSO et al., 2000).
Dada a grande variação de composição bioquímica e concentração de componentes
bioativos no fitocomplexo, é esperado que uma mesma planta medicinal possa apresentar várias
atividades biológicas distintas e em muitos casos, antagônicas entre si (UNITED STATES
DEPARTMENT OF AGRICULTURE, 2009). Potencialmente, toda substância, independente de
sua proporção no vegetal e de ser ou não conhecida, pode ser um princípio ativo (FILHO; YUNES,
1998).
O conhecimento sobre plantas medicinais simboliza muitas vezes o único recurso
terapêutico de muitas comunidades e grupos étnicos. Atualmente nas regiões mais pobres do país e
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até mesmo nas grandes cidades brasileiras, plantas medicinais são comercializadas em feiras livres,
mercados populares e encontradas em quintais residenciais (MACIEL et.al., 2002).
A Ciência que propõe estudar o tratamento e a cura das enfermidades em suas causas e
efeitos, estimulando as defesas naturais do organismo corresponde a Fitoterapia – deriva do grego e
significa “terapia através dos vegetais”.
3.2. Fitoterapia
É considerado fitoterápico toda preparação farmacêutica (extratos, tinturas, pomadas e
cápsulas) que utiliza como matéria-prima partes de plantas, como folhas, caules, raízes, flores e
sementes, com conhecido efeito farmacológico (UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS,
2010).
A denominação fitoterapia é um termo nitidamente derivado de um saber erudito, cuja
variante popular, normalmente encontrada, denomina-se uso de folhas, plantas ou ervas de chá
(SILVA e SILVA, 2007, p. 3).
O uso medicinal das plantas faz parte da medicina popular, que deve ser entendida como
uma das práticas da medicina paralela, que engloba, de forma não sistematizada e, muitas vezes,
sem comprovação científica, imensa variedade de métodos terapêuticos tradicionais, fundamentados
em conhecimentos e habilidades que se inscrevem no âmbito do empirismo médico. Esse
conhecimento é transmitido, essencialmente, de forma oral e gestual pelas famílias, através das
sucessivas gerações (LAPLANTINE e RABEYRON, 1989).
Conforme Pitman (1996), o conhecimento sobre as plantas medicinais é proveniente, pelo
menos, de três fontes principais são elas: a observação cuidadosa dos efeitos de certos alimentos e
condimentos, dando a idéia de como utilizá-los em caso de doenças; a observação das atitudes de
animais e insetos perante as plantas, inspirando o ser humano a utilizar tais vegetais como
elementos de cura; e a observação das características próprias das plantas e a formulação de idéias
acerca das suas qualidades, seguidas da experimentação dos seus efeitos.
O termo fitoterapia foi apresentado pelo médico francês Dr. Henri Leclerc (1870-1955). Ele
publicou numerosos ensaios do uso de plantas medicinais, a maioria deles na La Presse Médicale,
um importante jornal médico francês (RAES, 2010).
Dantas (2010), cita que há dois tipos de fitoterapia: a clássica e a moderna. A fitoterapia
clássica é a usada por nossos ancestrais e nas formas galênicas; a fitoterapia moderna, evoluiu a
princípio da fitoterapia clássica e das pesquisas físico-químicas, assegurando as propriedades
farmacológicas e farmacodinâmicas das plantas.
No Brasil, no marco do seu descobrimento, a fitoterapia foi bastante significativa entre os
povos indígenas, pois estes não detinham conhecimento sobre medicamentos sintéticos e vacinas.
Na atualidade, embora haja informações sobre os sintéticos, a medicina alternativa ainda é uma
opção bastante utilizada, visto que, a matéria-prima para fabricação dos medicamentos naturais é de
baixo valor e de alto favoritismo econômico entre as classes sociais de baixo poder aquisitivo.
O uso de plantas medicinais com propriedades terapêuticas, cientificamente comprovadas,
se justifica pelo baixo custo, a eficácia comprovada, a facilidade de acesso, a aceitação cultural,
além da pouca ou nenhuma toxicidade das plantas selecionadas para o projeto, e conscientizar a
população na prevenção de algumas doenças, através de um trabalho educativo associado com o uso
de fitoterápicos (RIBEIRO, 2010).
A Fitoterapia sobreviveu no Brasil devido às raízes profundas na consciência popular que
reconheceu sua eficácia e legitimidade (SACRAMENTO, 2001).
Segundo a Organização Mundial de Saúde, 85% das pessoas do mundo utilizam plantas
medicinais para tratar da saúde, 80% das pessoas dos países em desenvolvimento no mundo
dependem da medicina tradicional e/ou complementar para suas necessidades básicas de saúde, e
que cerca de 85% da medicina tradicional envolve o uso de extratos de plantas (SOLER, 2000).
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A disseminação da fitoterapia teve, também, auxílio dos povos europeus, que aqui chegaram
durante o período da colonização, e dos chineses e japoneses, imigrantes do início do século
passado (HERBARIUM EDUCACIONAL, 2010). Na atualidade, são inúmeros os adeptos a
fitoterapia em todo o mundo, e seu uso é cada vez mais difundido pela comunidade médica.
No Brasil, devido à riqueza da flora e ao conhecimento popular transmitido através das
gerações, inúmeras plantas medicinais foram identificadas, sendo úteis no tratamento de um grande
número de doenças. A fitoterapia brasileira desenvolveu-se muito no início do século XX, quando
médicos, farmacêuticos e laboratórios nacionais passaram a estudar e utilizar as plantas já
consagradas pelo uso popular. Com o aparecimento da química moderna, os laboratórios
estrangeiros passaram a divulgar os medicamentos alopáticos, considerados mais modernos e
seguros, e aos poucos os laboratórios nacionais passaram a produzir cada vez menos fitoterápicos
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MEDICINA BIOMOLECULAR, 2004).
A fitoterapia, apesar de ser considerada por muitos como uma terapia alternativa, não é uma
especialidade médica, como a homeopatia ou a acupuntura, e se enquadra dentro da chamada
medicina alopática (DANTAS, 2010).
A utilização de plantas medicinais como alternativa terapêutica vem atingindo um público
cada vez maior. Este crescimento requer dos pesquisadores e estudiosos um maior empenho, no
sentido de fornecer informações relativas ao sistema produtivo dessas plantas e preparo dos
medicamentos, pois nem sempre as normas que garantem a qualidade dos fitoterápicos são
cumpridas (CASTRO e FERREIRA, 2000)
Portanto, a Fitoterapia é um recurso de prevenção e tratamento de doenças através das
plantas medicinais. É a forma mais antiga e fundamental de medicina. Diariamente, as plantas
ganham seu espaço como aliadas no reequilíbrio físico do ser humano. É uma terapia com a
propriedade de auxiliar na cura de males profunda, integral e não-agressiva, pois estimula as defesas
naturais do organismo.
A utilização e comercialização das plantas medicinais têm sido estimuladas, também, pela
crescente demanda da indústria por novas fontes naturais de moléculas. Em consequência dos
efeitos colaterais causados pelas substâncias sintéticas têm estimulado o uso de medicamentos de
origem vegetal e a Fitoterapia. Nos locais mais isolados as plantas medicinais representam a única
solução terapêutica (BERG, 1993).
3.3. Etnobotânica
Em termos cronológicos, através de documentos manuscritos o homem foi listando plantas
com uso medicinal e descrevendo seus valores terapêuticos. Os naturalistas que acompanhavam as
expedições exploratórias às terras do Novo Mundo referendavam as plantas, sem contudo,
contextualizar seu manejo pelas sociedades consideradas primitivas, tais como observado em
Thevet (PIRES, 1984). Os comerciantes, missionários, antropólogos e botânicos também
registravam os usos de plantas por culturas diferentes daquelas presentes no continente europeu
(DAVIS, 1995).
No Brasil, por exemplo, os alemães J. B. von Spix e Carl F. P von Martius, no século XIX,
fizeram notas do uso de plantas pelos indígenas. Já muito antes (no século XVII), no Nordeste do
Brasil, os holandeses Guilherme Piso e Georg Marggraf, coletaram plantas e registraram usos
conhecidos pelos nordestinos (ALBUQUERQUE, 2002).
O termo etnobotânica surge pela primeira vez em 1895 com o botânico norte americano
John W. Harshberger (BALICK e COX, 1996), o objetivo era descrever estudos sobre plantas
utilizadas pelos povos primitivos e indígenas. Desde então a etnobotânica como ciência tem-se
desenvolvido e várias definições foram surgindo, todas elas focando os modos de utilização das
plantas por parte do Homem, nos conhecimentos tradicionais de um povo ou população
(RODRIGUES, 2007).
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Atualmente, a etnobotânica pode ser compreendida como o estudo do conhecimento e das
conceituações desenvolvidas por qualquer sociedade a respeito do mundo vegetal e que engloba
tanto a maneira como algum grupo social classifica as plantas, como os respectivos usos
(AMOROZO, 1996).
Segundo Ming et. al. (2003), mesmo que em determinados locais o acesso humano seja
limitado, é possível se verificar a ação antrópica in loco, pois o homem é capaz de alterar qualquer
sistema natural, ou seja, a partir do momento em que o ser humano modifica o ambiente, permitindo
a entrada e saída de elementos naturais com as diversas adaptações edafoclimáticas, está sendo
observado o processo de domínio do homem vs natureza; de forma muitas vezes irracional o que
causa o distúrbio de vários ecossistemas e escassez dos recursos naturais.
O conhecimento tradicional sobre a ecologia e o manejo de plantas medicinais é
fundamental no aproveitamento racional e não predatório dos recursos naturais. Modelos
alternativos de desenvolvimento, baseados em conhecimentos indígenas e de populações
tradicionais, têm sido propostos como soluções ecologicamente válidas e socialmente progressistas
nos atuais impasses do desenvolvimento (POSEY, 1986).
De acordo com Prance (1995), é a partir dos trabalhos de Carl Linnaeus que inicia-se a
história da etnobotânica, pois os diários de viagens de Linnaeus continham dados referentes às
culturas visitadas, os costumes da população local e o modo de utilização das plantas.
A partir de meados do século XX, a etnobotânica começa a ser compreendida como o estudo
das interrelações entre povos primitivos e plantas, envolvendo o fator cultural e sua interpretação
(JORGE e MORAIS, 2003, p. 2).
A prática etnobotânica recebeu diferentes enfoques com o passar do tempo, cada qual
refletindo a formação acadêmica dos pesquisadores envolvidos. Sendo de natureza interdisciplinar
permitiu e permite agregar colaboradores de diferentes ciências, com enfoques diversos como o
social, cultural, da agricultura, da paisagem, da taxonomia popular, da conservação de recursos
genéticos, da lingüística e outros (MING et al., 2002).
No Brasil e em vários outros países, a intensificação dos trabalhos etnobotânicos leva ao
conhecimento das espécies que são utilizadas, podendo servir como instrumento para delinear
estratégias de utilização e conservação das espécies nativas e seus potenciais (MING, 2000).
Begossi et. al. (2002), enfatiza que os estudos etnobotânicos também contribuem em
especial com o desenvolvimento planejado da região onde os dados foram coletados.
Uma grande preocupação gira em torno da conservação da natureza nos tempos atuais,
assim como a procura por conhecimentos populares no uso das espécies vegetais. A biodiversidade
da flora brasileira faz com que ela se torne de grande interesse para pesquisadores, empresas
brasileiras e de outros países. Muitos trabalhos na área de etnobotânica têm sido realizados para fim
de conhecimento da relação entre comunidade e a vegetação. A etnobotânica utiliza e valoriza o
conhecimento tradicional dos povos e sobre vários enfoques possibilitam entender suas culturas,
bem como a utilização prática das plantas. (SILVA, 2003).
É através dos trabalhos etnobotânicos que garantimos respaldo para realizarmos tratamentos
fitoterápicos precisos, pois através de conhecimentos empíricos das culturas locais, pode-se obter
informações de grande valia quanto a utilização de princípios ativos nas plantas, que se usados de
forma excessiva ou incorreta pode ser letal.
3.4. Plantas Invasoras ou Daninhas
Os termos “plantas invasoras” ou “plantas daninhas”, de acordo com Lorenzi (2000),
correspondem às espécies de plantas que nascem e se reproduzem espontaneamente e não são
cultivadas pelo homem.
Em termos agrícolas, planta daninha pode ser conceituada como “toda e qualquer planta que
germine espontaneamente em áreas de interesse humano e que, de alguma forma, interfere
prejudicialmente nas suas atividades agropecuárias” (PEREIRA e MELO, 2008).
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A competição das plantas daninhas com as culturas tem grande influência na produtividade,
pois elas concorrem por água, nutrientes e luz, reduzindo a qualidade e a produção das plantas
cultivadas. Se as condições edafoclimáticas são favoráveis à agricultura; serão equivalentes às
plantas daninhas, porém, se houver antagonismo quanto ao clima e solo direcionados as plantas
cultivadas, as plantas daninhas permanecem adaptadas ao local do plantio, devido a sua resistência
fisiológica a qualquer mudança abrupta do meio.
As espécies daninhas podem germinar, crescer, desenvolver-se e reproduzir em condições
ambientais pouco favoráveis, como em estresse hídrico, umidade excessiva, temperaturas pouco
propícias, fertilidade desfavorável, elevada salinidade, acidez ou alcalinidade (EMBRAPA
ALGODÃO, 2003).
As plantas daninhas constituem-se, também, num problema sério para a agricultura porque se
desenvolvem em condições semelhantes às das plantas cultivadas. Se as condições edafoclimáticas
são propícias à lavoura, o são também para as espécies daninhas, mas, se as condições ambientais
são antagônicas às espécies cultivadas, as espécies daninhas, por apresentarem elevado grau de
adaptação, podem aí sobreviver e se perpetuar muito mais facilmente (REVISTA RURAL, 2005).
São caracterizados pelo rápido crescimento, pouca exigência para germinar, alta capacidade
de florescimento, alta produção de sementes, habilidade de dispersão, adaptação às práticas de
manejo e tolerância à variação ambiental.
As plantas chamadas de daninhas desenvolveram mecanismos próprios de sobrevivência
como: elevada produção de sementes com grande facilidade de dispersão e longevidade das
mesmas, o que faz delas elementos de alta agressividade, competitivas em relação às plantas
cultivadas pelo homem e isso lhes garante a perpetuação da espécie. A maior parte das sementes
produzidas por uma planta daninha se conserva em estado de dormência temporária, vindo a
germinar muitos anos mais tarde, ao contrário das sementes das plantas cultivadas, que têm a sua
viabilidade germinativa apenas durante alguns meses (MATTER, 2002).
As plantas invasoras ou daninhas são consideradas maléficas as meio ambiente –
competição, alelopatia, hospedeiras de insetos, doenças, interferência na colheita; tal generalização,
dificulta a busca do saber científico quanto ao uso dos princípios ativos dessas plantas no ramo
terapêutico.
Entretanto, as plantas espontâneas caracterizadas como invasoras ou daninhas, quando
analisadas em termos de levantamento florístico, requer uma observação mais apurada da área em
estudo, devido a disseminação aleatória desses vegetais.
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1. Caracterização da Pesquisa
O presente trabalho foi realizado no Complexo Aluízio Campos, 7º16’54”S e 35º53’23”N,
cuja altitude é 490m, as margens BR 104, propriedade da Fundação Universitária de Apoio ao
Ensino, Pesquisa e Extensão (FURNE) em Campina Grande-PB.
A área é formada por dois espaços: o Memorial Aluízio Campos e o Horto Florestal. A
seleção do local para a realização da pesquisa obedeceu aos seguintes critérios: infra-estrutura,
público atendido (condições sociais), número de espécies vegetais; condições de trabalho oferecidos
a uma pesquisa de campo.
4.2. Tipo de Pesquisa
O trabalho compreendeu uma pesquisa de campo, de caráter quantitativo, com o objetivo de
realizar um levantamento florístico das plantas espontâneas que compõem o objeto em estudo, a fim
de estudar as propriedades terapêuticas de cada espécie identificada.
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4.3. Amostragem
Entre o período de julho e dezembro de 2009, foram realizadas visitas semanais à área de
estudo, onde exemplares de plantas espontâneas foram coletados em toda extensão de área verde do
Complexo. Os exemplares de plantas daninhas (36 espécies), foram registrados por meio de
fotografias e coletados durante as duas primeiras visitas e, após esse período, as visitas continuaram
até que nenhuma nova espécie fosse identificada. Em cada visita, durante um período de
aproximadamente três horas, três pesquisadores procuraram exemplares de plantas invasoras que
foram fotografados, coletados e armazenados para posterior identificação.
As buscas por plantas daninhas foram planejadas sistematicamente, de forma que toda a
abrangência de área verde do Complexo fosse amostrada igualmente.
As coletas foram realizadas utilizando-se o método do caminhamento, que consiste em
traçar uma linha imaginária ao longo da área a ser amostrada, no sentido de sua maior extensão, e
caminhar lentamente por ela, coletando indivíduos em estágio reprodutivo das espécies encontradas
ao longo do trajeto (FILGUEIRAS et. al. 1994).
Com parte do material coletado, as exsicatas foram preparadas para registro botânico, sendo
que esse material se encontra depositado no Herbário Manuel Arruda Câmara, da Universidade
Estadual da Paraíba – UEPB.
4.4. Análise dos Dados
A identificação das espécies foi realizada no Laboratório de Botânica da UEPB, com base
em Lorenzi (1990 e 2000) e Silva e Silva (2007). A nomenclatura usual e a autoria das espécies
também se basearam nos referidos autores.
Adicionalmente, as espécies que eventualmente não foram identificadas em campo, mas que
estavam registradas no laboratório ou em literatura para este espaço verde (e.g. LIRA et al., 2004),
foram incluídas na lista.
A classificação das espécies dentro das famílias foi feita usando como base o sistema APG
II, de acordo com Souza e Lorenzi (2005).
Por fim, realizou-se revisão bibliográfica específica, para identificação das espécies
espontâneas em termos medicinais, utilizando a mídia digital, livros e artigos.
4.4. Materiais para Execução do Estudo
Lápis (para escrever as anotações de campo), Caderno (nome vulgar da planta, hábitat, o
solo, tipo de vegetação, hábito da planta, local da coleta, coletor, cor de folhas e flores, tipos de
raízes, presença e cor de outros órgãos, aroma, altura) – posterior a identificação: família e nome
científico; papelão 45 x 30, barbantes de agave, jornal (prensa), fita métrica, tesoura de poda,
envelopes, sacos plásticos, cartolinas, etiquetas, tesouras, cola, linha de costura, agulha, álcool,
formol, potes de vidro, máquina fotográfica, livros e computador.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O levantamento florístico das plantas espontâneas encontradas no Horto Florestal,
pertencente ao Complexo Aluízio Campos, apontou 36 táxons específicos de plantas daninhas ou
invasoras com efeitos fitoterápicos comprovados, distribuídos em 21 famílias.
As espécies encontradas no Horto Florestal, espaço físico compreendido em 28 hectares do
Complexo Aluízio Campos, foram classificadas até o nível de espécie utilizando o suporte do
sistema de classificação APG II. O Sistema APG II, sucessor do Sistema APG de 1998, representa
na atualidade o mais moderno sistema para a classificação das Angiospermas; isso de acordo com
critérios filogenéticos; foi publicado em 2003 por um grupo de pesquisadores que se
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autodenominou "APG II" (do inglês Angiosperm Phylogeny Group, Grupo para a Filogenia das
Angiospermas).
Do total de famílias contabilizadas, a Asteraceae apresentou o maior número de espécies,
seguida pela Euphorbiaceae (Conforme Quadro 1).
As demais famílias encontradas na observação in loco obedeceram as seguintes ordens de
prevalência: Cyperaceae, Poaceae, Rubiaceae, Solanaceae, Amaranthaceae, Apocynaceae,
Boraginaceae, Brassicaceae, Cactaceae, Caesalpiniaceae, Chenopodiaceae, Commelinaceae,
Convolvulaceae, Cucurbitaceae, Nyctaginaceae, Portulacaceae, Turneraceae, Urticaceae,
Verbenaceae.
Quadro 1.: Percentual das famílias das plantas espontâneas encontradas
no Complexo Aluízio Campos.
Família
Número
Percentual
Euphorbiaceae
9
25
Cyperaceae
4
11,1
Poaceae
2
5,5
Rubiaceae
2
5,5
Solanaceae
2
5,5
Amaranthaceae
1
2,8
Apocynaceae
1
2,8
Boraginaceae
1
2,8
Brassicaceae
1
2,8
Cactaceae
1
2,8
Caesalpiniaceae
1
2,8
Chenopodiaceae
1
2,8
Commelinaceae
1
2,8
Convolvulaceae
1
2,8
Cucurbitaceae
1
2,8
Nyctaginaceae
1
2,8
Portulacaceae
1
2,8
Turneraceae
1
2,8
Urticaceae
1
2,8
Verbenaceae
1
2,8
As espécies de plantas espontâneas com efeitos medicinais presentes na área de pesquisa,
com suas respectivas famílias, nomes científicos, nomes comuns e propriedades fitoterapêuticas são
evidenciados no Quadro 2.
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Quadro 2.: Plantas espontâneas com propriedades terapêuticas registradas no Complexo Aluízio Campos, Campina
Grande - PB
Família
Nome Científico
Asteraceae
Bidens bipinata L.
Asteraceae
Tridax procumbens L.
Asteraceae
Acanthospermum
hispidum DC.
Nome Comum
Carrapicho-deAgulha
Propriedades Medicinais
Antibiótico e Depurativo
Erva de Touro
Antisséptica e Inseticida
Espinho de Cigano
Abortiva e Antisséptica
Asteraceae
Ageratum conyzoides L.
Menstrato
Analgésica e Cicatrizante
Asteraceae
Galinsoga parviflora Cav.
Picão Branco
Cicatrizante
Asteraceae
Bidens pilosa L.
Picão Preto
Diurética e Depurática
Rabo de Raposa
Antiinflamatório
Asteraceae
Conyza bonariensis L.
Cronq.
Asteraceae
Emilia sonchifolia L. DC.
Serralha
Antimicrobiana
Asteraceae
Emilia coccinea L. DC.
Serralha
Antiasmática e Febrífuga
Burra leiteira
Antisséptica
Euphorbiaceae
Chamaesyce hirta. (L.)
Millsp
Euphorbiaceae
Ricinus communis L.
Mamona
Antibactericida
Euphorbiaceae
Phyllanthus niruri L.
Quebra-Pedra
Hipoglicemiante
Euphorbiaceae
Phyllanthus tenellus L.
Quebra-Pedra
Diurética
Cyperaceae
Cyperus rotundus L.
Tiririca
Citoprotetora
Cyperaceae
Cyperus ferax L. Rich.
Tiririca
Antiespasmódica
Capim-Milhã
Febrífuga e Estomáquica
Poaceae
Poaceae
Rubiaceae
Rubiaceae
Digitaria ciliaris Retz.
Koel.
Capim-Pé-de-
Eleusine indica L.
Galinha
Richardia grandiflora
Poáia
Cham e Schltdl. Steud.
Vassourinha de
Spermacoce verticillata L.
Botão
Descongestionante
Anti-Hemorroidal
Antidesentérica
Continua...
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Quadro 2. Plantas espontâneas com propriedades terapêuticas registradas no Complexo Aluízio Campos, Campina
Grande – PB (CONTINUAÇÃO).
Família
Solanaceae
Nome Científico
Solanum americanum
Mill.
Nome Comum
Propriedades Medicinais
Erva-Moura
Depurativa e Diurética
Solanaceae
Solanum paniculatum L.
Jurubeba
Antiinflamatória
Amaranthaceae
Amaranthus viridis L.
Caruru
Antiinflamatória
Apocynaceae
Catharanthus roseus L.
G. Don.
Boraginaceae
Heliotropium indicum L.
Brassicaceae
Lepidium virginicum L.
Cactaceae
Cereus jamacaru DC.
Caesalpiniaceae
Chenopodiaceae
Commelinaceae
Convolvulaceae
Boa-Noite
Fedegoso
Vassourinha de
Botão
Bauhinia cheilantha
Bong. Steud.
Chenopodium
ambrosioides L.
Commelina benghalensis
L.
Cuscuta racemosa Mart.
et. Humb.
Anti-Diabética e AntiCancerígena
Purgativa
Anti-Hemorroidal
Mandacaru
Diurética
Mororó
Adstringente
Mastruz
Anti-Reumática
Maria-Mole
Anti-Reumática
Cipó-Chumbo
Expectorante e Laxativa
Cucurbitaceae
Momordica charantia L.
Melão São Caetano
Afrodisíaco
Nyctaginaceae
Boerhavia diffusa L.
Pega pinto
Desobstruente
Portulacaceae
Portulaca oleracea L.
Beldroega
Diurética e Vermífuga
Turneraceae
Turnera ulmifolia L.
Chanana
Anti-Ulcerogênica
Urticaceae
Urtica dióica L.
Urtiga
Depurativa e Diurética
Verbenaceae
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Analgésica,
Stachytarpheta
Gervão
cayennensis Rich. Vahl.
Hepatoprotetora e
Gastroprotetora
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Mesmo existindo em diversas publicações científicas da área as propriedades terapêuticas
das plantas espontâneas, a falta de conhecimento científico da população quanto ao benefício das
plantas espontâneas em temos fitoterápicos, provoca a destruição em massa da biodiversidade
desses vegetais, por estas espécies serem conhecidas empiricamente apenas como ervas daninhas
ou invasoras. Esses conhecimento apenas empírico induz a população em geral a fazer sua retirada
total dos jardins, quintais e dos terrenos com cultivos agrícolas de forma geral.
6. CONCLUSÕES
De acordo com o estudo foi possível concluir que:
 As plantas espontâneas do Complexo Aluizio Campos são Acanthospermum hispidum DC.,
Ageratum conyzoides L., Amaranthus viridis L., Bauhinia cheilantha Bong. Steud., Bidens bipinata
L., Bidens pilosa L., Boerhavia diffusa L., Catharanthus roseus L. G. Don., Cereus jamacaru DC.,
Chamaesyce hirta. (L.) Millsp, Chenopodium ambrosioides L., Commelina benghalensis L., Conyza
bonariensis L. Cronq., Cuscuta racemosa Mart. et. Humb., Cyperus ferax L. Rich., Cyperus
rotundus L., Digitaria ciliaris Retz. Koel., Eleusine indica L., Emilia coccinea L. DC., Emilia
sonchifolia L. DC., Galinsoga parviflora Cav., Heliotropium indicum L., Lepidium virginicum L.,
Momordica charantia L., Phyllanthus niruri L., Phyllanthus tenellus L., Portulaca oleracea L.,
Richardia grandiflora Cham e Schltdl. Steud , Ricinus communis L., Solanum americanum Mill.,
Solanum paniculatum L., Spermacoce verticillata L, Stachytarpheta cayennensis Rich. Vahl.,
Tridax procumbens L., Turnera ulmifolia L. e Urtica dioica L.;
 Todas as plantas identificadas como espontâneas no Complexo Aluizio Campos tem
propriedades terapêuticas já comprovada na literatura especifica atual;
 As propriedades fitomedicinais encontradas nas espécies espontâneas identificadas são
diurética, antiinflamatório, cicatrizante, antisséptica, inseticida, anti-hemorrágica, broncodilatadora,
antiabortiva, analgésica, antipirética, antimicrobiana, estimulante, antioxidante, citoprotetora,
antiespasmódica, estomáquica, vomitiva, antidesentérica, bactericida, depurativa, emoliente,
aperiente, colagoga, emenagoga, febrífuga, hepatoprotetora, hepatotônica, laxante, tônica, antireumática, purgativa, expectorante, adstringente, gastroprotetora e antiescorbútica.
7. SUGESTÕES
 A partir da identificação dos resultados obtidos na execução da pesquisa no Horto Florestal
do Complexo Aluízio Campos, é possível proporcionar com este arquivo, mais uma ferramenta
pedagógica na abordagem da educação ambiental e de estímulo a pesquisa fitoterápica e
etnobotânica;
 Este estudo deve ser dado continuidade no sentido de levantar melhor esses vegetais
considerados como espontâneas a fim de se estudar melhor suas propriedades fitomedicinais e
trabalhar estas potencialidades junto a comunidade local.
8. REFERÊNCIAS
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