Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° Módulo: Processo de Fabricação INTRODUÇÃO AOS MATERIAIS DE FABRICAÇÃO MECÂNICA A Produção Siderúrgica. Começando pelo começo de tudo, com a obtenção do principal componente siderúrgico utilizado na indústria como um todo, o “Ferro Gusa”. O ferro gusa é o produto imediato da redução do minério de ferro pelo coque ou carvão, e demais fundentes num alto forno. O ferro gusa normalmente contém de 5 a 8% de carbono (C), o que faz com que depois de solidificado, seja um material quebradiço e sem grande uso direto. Geralmente nos processos industriais, o ferro gusa é considerado como uma liga de ferro (Fe) + carbono (C), contendo de 5 a 8% de carbono (C), e outros elementos ditos residuais, como por exemplo: silício (Si), manganês (Mn), fósforo (P) e enxofre (S), dentre outros. Elementos estes residuais da adição para propiciar a redução, de modo a auxiliar no processo. A carga num alto-forno é feita na parte superior e consta dos seguintes componentes básicos: minério de ferro a reduzir (hematita), coque ou carvão de lenha (para fornecer o calor e o CO necessários à redução), e fundentes auxiliadores (calcário, dolomita e sílica), para fluidificar as impurezas e formar uma escória mais fusível. Na parte inferior, logo acima do cadinho é injetado ar quente (rico em O2 dissolvido) para alimentar a combustão do carvão, e ainda acelerar o processo de oxidação. Das reações que se dão resultam os seguintes produtos-processos: 1. Gusa que goteja dentro do cadinho; 2. A escória que flutua sobre a gusa; 3. Gases oriundos do processo. A gusa é recolhida para posteriores transformações (obtenção de ferro fundido e aço), a escória é aproveitada para o fabrico de tijolos refratários, cimento, lã mineral e lastro de pavimentação. Os gases saem pela parte superior e são recolhidos para sua utilização como combustível (gás de coque ou Gás de Alto forno) Prof. L.C.Simei Página 1 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° Figura 1. Fluxo Esquemático de um Alto-Forno. Figura 2. Fluxo Esquemático de um Alto-Forno. Prof. L.C.Simei Página 2 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° Aços. Os aços são ligas metálicas, formadas basicamente por: Ferro (Fe) e Carbono (C). São processados na aciaria, por meio de lingotes de ferro gusa, em fornos especiais, onde o teor de carbono é baixado consideravelmente. São introduzidos outros elementos de liga, inclusive a sucata de aço (melhorar rendimento e adição de elementos de liga). São utilizados como elementos de liga, e como materiais auxiliadores, os seguintes materiais: silício (Si), alumínio (Al), manganês (Mn), enxofre (S), fósforo (P), nióbio (Nb) e tungstênio (W), etc. Figura 3. Fluxograma de Obtenção do Aço. As principais características dos aços são: Pode ser trabalhado com ferramenta de corte (usinado); Pode ser curvado; Pode ser dobrado; Pode ser forjado; Pode ser soldado; Pode ser laminado/extrudado e estirado. O aço é um produto resultante do: 1) Do refino da gusa bruta no conversor Bessemer ou LD ou Thomas (figuras abaixo) a ar ou a oxigênio. No conversor o oxigênio ou o ar é insuflado entre a massa líquida deixando-a borbulhar. Esses conversores são usados para refino da gusa rica em silício (Si) e pobre em fósforo (P), também serve para o refino do Chumbo (Pb), Cobre (Cu) e Níquel (Ni). Prof. L.C.Simei Página 3 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° Figura 4. Esquemático de um Conversor Bessemer. 2) Do refino da gusa bruta, com adição de sucatas de aço ou de ferros fundidos, em fornos como o Siemens-Martin e Elétricos (a Arco ou Indução). Figura 5. Esquemático de um Forno Simens-Martin. Prof. L.C.Simei Página 4 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° Figura 6. Esquemático de um Forno Elétrico a Arco. 3) Da refusão de sucata de aço em qualquer forno, menos do tipo conversor. A temperatura de fusão do aço é em torno de 1350 à 1400° C. Figura 7. Esquemático de um Forno LD (Lintz-Donavitch). Prof. L.C.Simei Página 5 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° Os aços numa forma geral podem ser classificados em 5 (cinco) tipos, quanto à formulação e aplicação. São estas as classificações: Aços ao Carbono (de baixo, de médio e de alto teor de C); Aços Baixa Liga; Aços Alta Liga; Aços Ferramentas (ou Aços Finos); Aços Inoxidáveis. Ferros Fundidos. A gusa retirada do alto-forno pode ser solidificada em blocos. Refundido num forno chamado Cubilô (Cubillot), junto com sucatas de ferro fundido e aço, dá origem ao ferro fundido. Os ferros fundidos são assim denominados quando sofrem tais transformações, e com adições de C e Si, sendo que os valores variam de 2,1 a 5% de C. As impurezas do minério de ferro e do carvão, deixam no ferro fundido, pequenas porcentagens de silício (Si), manganês (Mn), enxofre (S) e fósforo (P). Os dois primeiros melhoram as qualidades do ferro fundido, o mesmo não acontecendo com os outros dois. O silício favorece a formação do ferro fundido cinzento e o manganês, o ferro fundido branco. Os ferros fundidos são classificados em 4 (quatro) tipos, sendo: Ferro Fundido Branco; Ferro Fundido Cinzento; Ferro Maleável; Ferro Nodular. A temperatura de fusão é em torno de 1200° C, variando significativamente de acordo com os valores dos materiais de adição. Prof. L.C.Simei Página 6 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° Figura 8. Esquemático de um Forno Cubilô. Figura 9. Imagens de Fornos Cubilô. Prof. L.C.Simei Página 7 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° Características do Ferro Fundido Cinzento: a) O carbono se apresenta quase todo em estado livre, sob a forma de palhetas pretas de grafita; b) Quando quebrado, a parte fraturada é escura devido à grafita; c) Apresenta elevadas porcentagens de carbono, 3,5 a 5 % e silício 2,5 %; d) Muito resistente à compressão. e) Não resiste bem à tração; f) Fácil de ser trabalhado pelas ferramentas manuais e de ser usinado nas máquinas; g) Funde-se a 1200° C, apresentando-se muito líquido, condição que é a melhor para a boa modelagem de peças. Características do Ferro Fundido Branco: a) b) c) d) Quando quebrado, a parte fraturada é brilhante e branca; Tem baixo teor de carbono, 2,5 a 3 % e silício 1 %; Muito duro, quebradiço e difícil de ser usinado; Funde-se a 1160 ° C, mas são é bom para a modelagem porque permanece pouco tempo em estado líquido. Características do Ferro Fundido Nodular: a) b) c) d) e) f) g) Quando quebrado, a parte fraturada é acinzentada, e assemelha-se ao aço em fratura; Tem baixo teor de carbono, 2,0 a 2,5%, silício até 3 %, e chumbo até 0,5 %; Tenaz e com ótima usinabilidade; Muito resistente à compressão. Boa resistência à tração; Funde-se a 1300 °C; Estrutura é esferoidizada, com ótima rigidez e baixa distorção. Prof. L.C.Simei Página 8 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° AÇOS AO CARBONO. É uma liga de ferro-carbono que contém 0 a 2 % de carbono (industrialmente de 0,05 a 1,7 %). Apresenta também pequenas porcentagens de manganês, silício, fósforo e enxofre. Depois do ferro o carbono é o elemento mais importante. É o elemento determinativo do aço: a quantidade de carbono define o tipo de aço em doce ou duro. O aumento do carbono resulta no aumento da dureza e da resistência à tração e diminuição da resistência e da maleabilidade. No aço doce, o manganês, em pequena porcentagem torna-o dúctil e maleável. No aço rico em carbono, entretanto, o manganês endurece o aço e aumenta-lhe a resistência. O silício torna o aço mais duro e tenaz, evita a porosidade, remove os gases, os óxidos, as falhas e vazios na massa do aço. É um elemento purificador. O fósforo quando em teor elevado torna o aço frágil e quebradiço, motivo pelo qual se deve reduzi-lo ao mínimo possível, já que não se pode eliminá-lo integralmente. O enxofre é também um elemento prejudicial ao aço, tornando-o granuloso e áspero, devido aos gases que produz na massa metálica. O enxofre enfraquece a resistência do aço. Característica Técnicas do Aço ao Carbono: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Cor acinzentada; Peso específico: 7,8g/cm³; Temperatura de fusão: 1350 a 1400º C; Maleável (lamina-se bem); Dúctil (estira-se bem em fios); Tenaz (resiste bem à tração, à compressão e a outros esforços de deformação lenta); Deixa-se soldar, isto é, uma barra de aço liga-se a outra pela ação do calor (solda autógena) ou pela ação combinada do calor com os choques, na bigorna ou no martelete (caldeamento); Deixa-se trabalhar bem pelas ferramentas de corte; Apresenta boa resiliência, isto é, resiste bem aos choques; Com determinadas porcentagens de carbono, apresenta condições especiais de dureza (adquire têmpera); Com determinadas porcentagens de carbono, é mais elástico; Oferece grande resistência à ruptura. 8. 9. 10. 11. 12. Pelo teor de C costuma-se classificar os aços em: Aços extra-doces = < 0,15 % C. Aços doce = 0,15 - 0,30 % C. Aços meio-doces = 0,30 - 0,40 % C. Aços meio-duros = 0,40 - 0,60 % C. Aços duros = 0,60 - 0,70 % C. Aços extra-duros = 0,70 - 1,20 % C. Prof. L.C.Simei Página 9 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° AÇOS LIGA OU AÇOS ESPECIAIS Além do ferro-carbono contém outros elementos, chamados elementos de adição: níquel, cromo, manganês, tungstênio, molibdênio, vanádio, cobalto, silício e alumínio. Estes elementos são adicionados em quantidades que proporcionam determinadas características ao aço, tais como: resistência à tração e à corrosão, elasticidade, dureza, etc., bem melhores do que as dos aços-carbono comuns. Dependendo da porcentagem dos elementos obtém-se: aços de usinagem, aços para cementação, aços para beneficiamento, aços para molas, aços para ferramentas, aços resistentes à corrosão e ao calor (inoxidáveis), aços com propriedades físicas especiais, aços para válvulas de motores de explosão, etc... Aço prata é uma denominação comercial dos aços ferramentas (ao carbono ou especial) de bitola pequena, temperáveis em água ou em óleo. Apresenta aparência brilhante, prateada. Formas Comerciais dos Aços Os aços de baixo teor de carbono (< 0,30 %) são vendidos na forma de vergalhões, perfilados (L, T, duplo T, H, U, etc.) chapas, fios e tubos. Os aços com médio e alto teor de carbono (> 0,30 %) são encontrados no comércio na forma de vergalhões (chatos, quadrados, redondos, sextavados) chapas e fios. As chapas são em geral: Chapas pretas: tais como saem dos laminadores; Chapas galvanizadas: revestidas de zinco; Chapas estanhadas (folhas de flandres). Medidas padronizadas: 1250 x 3000 x (e) mm ou 1500 x 3000 x (e) mm. Os tubos podem ser: Com costura: resultam da curvatura de chapas estreitas, cujas bordas são encostadas e soldadas por processo automático. Sem costura: produzidos por meio de perfuração, a quente, em máquinas chamadas prensas de extrusão. Medidas padronizadas: d x 3000 x (e) mm ou d x 6000 x (e) mm. Prof. L.C.Simei Página 10 Faculdade Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica CLASSIFICAÇÃO DOS AÇOS 1 - Classificação da DIN (alemã) a) Aços ao Carbono: Usa-se o símbolo St (stahl = aço), seguido da resistência mínima à tração. Ex.: St 42 (str = 42 Kg/mm²) No caso de aços de qualidade emprega-se a letra C seguido do teor de carbono multiplicado por 100. Ex.: C 35 (teor médio de C = 0,35 %) Quando o aço é fino (c/baixo teor de P e S), usa-se o símbolo CK seguido do teor médio de C multiplicado por 100. Ex.: CK 15 (aço fino com teor médio de C = 0,15 %) b) Aços Liga No caso de baixa liga, os aços são representados de acordo com o seguinte exemplo: Ex.: 10 Cr Mo 9 10 C = 0,10 % Cr x 4 = 9 Cr = 2,25 % Mo x 10 = 10 Mo = 1 % No caso de aços de alta liga (> 5%) a designação é feita antepondo- se a letra X, e dispensando os multiplicadores com exceção do multiplicador do C. Ex.: X 10 Cr Ni Ti 1892 0,1 % C 18 % Cr 9 % Ni 2 % Ti Prof. L.C.Simei Página 11 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° Aços e ferros fundidos: GG (grauguss) fofo cinzento; GH (hartguss) fofo em coquilha; GT (temperguss) fofo nodular; GS (stahlguss) aço fundido. Ex.: GG 18 - fofo cinzento com str = 18 Kg/mm². GS 22 Mo 4 - aço fundido com 0,22 C e 0,4 % Mo Símbolos Complementares: M - aço Siemens-Martin Y � aço L.D. T - aço Thomas E � aço de forno elétrico W - aço Bessemer Ex.: MSt 60 aço Siemens-Martin com str = 60Kg/mm² B -.por usinagem (Bearbeiten) V - beneficiado (verguten) E - cementado (Einsatzhaerten) N - normalizado (Normalgluehen) G - recozido (Gluehen) K - deformado a frio. Ex.: M 16 Mn Cr 5 G = aço Siemens-Martin recozido mole E 36 Cr Ni Mo 4 V = aço de forno elétrico, beneficiado. 2 - Classificação da ABNT É a adotada pela SAE. Os dois primeiros algarismos definem o tipo de aço e os dois últimos (XX) o teor de C divido por 100. Ex.: SAE 3150 (1,25 Ni, 0,65 Cr, 0,50 % C) Os aços fundidos são designados por 4 (quatro) algarismos seguidos por AF. Os dois primeiros indicam a tensão de ruptura em Kg/mm² e os dois últimos a elongação em %. Ex.: 4524 AF Prof. L.C.Simei Página 12 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° Tabela 1. Tabela com os Respectivos Aços e Equivalências. 3 - Classificação da ASTM (American Standarts of Testing and Materials) As normas ASTM (American Standarts of Testing and Materials) são as normas técnicas mais adotadas em relação aos materiais de construção, empregados na fabricação sistemas mecânicos e estruturas, como: tubos, acessórios, perfis, vigas e chapas, assim como os componentes e acessórios de válvulas e instrumentos. Embora as normas DIN/EN, e as normas ABNT, também apresentem especificações a esse respeito, vê-se nesta norma uma grande vantagem com relação ao critério de controle e restrições aos elementos de ligas, e ainda os processos de fabricação empregados. Devemos então entender qual o significado de cada elemento que aparece na especificação de uma norma, analisando esses dois exemplos: Prof. L.C.Simei Página 13 Faculdade Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Ex.: ASTM A-161 GrA; ASTM B-247 ASTM A-… ou B-…, são letras que aparecem nos exemplos, logo depois das iniciais da entidade (ASTM), que indicam o tipo de materiais. São 5 (cinco) as letras possíveis, sendo cada uma para um dos materiais diferentes, como especificado a seguir: A – família de materiais metálicos e aços – aços ao carbono, aços ligas, aços inoxidáveis, etc; B – família dos materiais metálicos não-ferrosos – cobre e suas ligas, bronze e suas ligas, alumínio e suas ligas, etc; C – família dos materiais cerâmicos e fibrocimentos; D – família dos materiais plásticos e compostos (PVC, PVA, PP, PEAD, etc); E – família dos materiais elastômeros (PU, ABS, Buna “N”, etc). Prof. L.C.Simei Página 14 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° Tabela 2. Tabela com Alguns dos Aços ASTM, e suas Composições. Prof. L.C.Simei Página 15 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° INFLUÊNCIA DOS ELEMENTOS DE LIGA NOS AÇOS ALUMINIO (Al) - Tem efeito semelhante ao do silício. É considerado um importante desoxidante na fabricação do aço. Apresenta também uma grande afinidade pelo nitrogênio e, por esta razão, é um elemento de liga muito importante para os aços que serão submetidos à nitretação, pois facilita a penetração do nitrogênio. BORO (B) - Quando adicionado em quantidade variável de 0,001 a 0,003 % melhora a temperabilidade, a penetração de tempera, a endurecibilidade, a resistência à fadiga, as características de laminação, forjamento e usinagem. CHUMBO (Pb) - Ele não se liga ao ferro, quando adicionado a este, espalha-se uniformemente na sua massa em partículas finíssimas. Uma adição de 0,2 a 0,25 % Pb melhora grandemente a usinabilidade dos aços sem prejudicar qualquer sua propriedade mecânica. COBALTO (Co) - Sozinho não melhora os aços. É sempre utilizado em liga com outros metais, como o Cr, Mo, W, V. O Co confere aos aços uma granulação finíssima, com grande capacidade de corte, e resistência ao calor, como nos aços rápidos, influi nas propriedades magnéticas. Os aços com Co são empregados em ferramentas com altas velocidades de corte. COBRE (Cu) - Aumenta o limite de escoamento e a resistência do aço, mas diminui o alongamento. O principal efeito é o aumento da resistência à corrosão atmosférica. A presença de 0,25 % Cu no aço é suficiente para dobrar esta resistência em relação aos aços carbono comuns. CROMO (Cr) - Aumenta a resistência ao desgaste, à dureza e moderadamente a capacidade de corte. Aumenta a penetração de tempera. É o principal elemento nos inoxidáveis, frente à capacidade NOX deste com o O2. ENXOFRE (S) - Prejudicial ao aço, pois o torna frágil e quebradiço. Para fabricação em série de peças pequenas usam-se aços resulfurados. A adição de S proporciona aços de fácil usinagem, pois os cavacos se destacam em pequenos pedaços. FÓSFORO (P) - É uma impureza normal existente nos aços. É prejudicial. Sua única ação benéfica é a de aumentar a usinabilidade dos aços de “corte fácil”. MANGANES (Mn) - Depois do carbono, é talvez o elemento mais importante no aço. Baixa a temperatura de tempera e diminui as deformações por ela produzidas. O Mn dá bons aços de tempera em óleo, mas dificulta a usinagem por ferramentas cortantes. Os aços apresentam boa solda e fácil forjamento. Aços com 1,5 a 5 % Mn são frágeis mas duros. Com 0,8 a 1,5 % C e 11 a 14 % Mn são dúcteis, resistentes ao desgaste e aos choques. Os aços Mn são empregados em ferramentas, machos, cosinetes, pentes de roscas, etc. MOLIBDÊNIO (Mo) - Os aços Mo apenas, são poucos tenazes, por isso o Mo nunca é utilizado sozinho, mais com outros elementos de liga como Cr, W, etc. Proporciona Prof. L.C.Simei Página 16 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° aços de granulação fina. Juntamente com o Cr dá aços Cr-Mo, de grande resistência, principalmente aos esforços repetidos. Proporciona aços rápidos, empregados na construção de estampos, matrizes, laminas de corte submetidas a grandes cargas, etc. NÍQUEL (Ni) - É o mais importante dos elementos liga que aumentam a tenacidade, a carga de ruptura e o limite de elasticidade dos aços. Dá boa ductilidade e boa resistência a corrosão. Teores elevados de Ni produzem aços inoxidáveis. O Ni permite grande penetração de tempera. Os aços Ni apresentam grande tenacidade e alta resistência mecânica também a altas temperaturas. Aços com 1 a 3 % Ni são empregados em ferramentas. SILÍCIO (Si) - É praticamente pouco usado sozinho. Torna os aços de forjamento difícil e praticamente não soldáveis. É usado em geral em ligas com o Mn, Mo, Cr. O Si é o único metaloide que pode ser utilizado nos aços sem prejudicá-los. Aumenta a temperatura e a penetração de tempera, assim como a elasticidade e a resistência. Suprime o magnetismo. Acalma os aços e melhora a resistência à corrosão atmosférica. TUNGSTÊNIO (W) - Elemento importante na formação de aços rápidos. Dá aos aços maior capacidade de corte e maior dureza. Os aços rápidos com liga de W conservam o fio de corte mesmo quando, pelas condições de trabalho, aquecem ao rubro. Os aços com 13 a 18 % W apresentam grande resistência mesmo em elevadas temperaturas. São empregados em ferramentas de corte de todas as espécies. VANADIO (V) - O V é excelente desoxidante. Os aços que contem V são isentos de bolhas de gás e portanto altamente homogêneos, dando a eles maior capacidade de forjagem, estampagem e usinagem. Em virtude de sua alta resistência, as ferramentas de aço V podem ter secções bastante reduzidas. O V entra em quase todas as ligas que compõem os aços rápidos. Geralmente os aços Cr-V contem 0,13 a 1,1 % C, 0,5 a 1,5 % Cr, 0,15 a 0,3 % V. São empregados na fabricação de talhadeiras para máquinas rebarbadoras e ferramentas para grandes esforços: chaxes, alicates, alavancas, etc. Prof. L.C.Simei Página 17 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° DIAGRAMA DE EQUILÍBRIO DO FERRO-CARBONO (Fe-C). As ligas de ferro – carbono são as mais utilizadas dentre todas as ligas metálicas. O ferro é um metal abundante na crosta terrestre e caracterizam-se por ligar-se com outros elementos, metálicos ou não metálicos, dos quais o principal é o carbono. O diagrama ferro - carbono é fundamental para facilitar a compreensão sobre o que ocorre com as ligas ferrosas quando submetidas a operações de tratamento térmico, que modificam suas propriedades mecânicas para aplicações sob as mais variadas condições de serviço. Inicialmente, observaremos as transformações do elemento ferro quando submetido ao aquecimento ou resfriamento lento. O ferro, como todos os metais tem uma estrutura cristalina. A disposição própria e regular dos átomos de cada metal, em forma de cristais, se chama rede cristalina ou reticulado cristalino. Alotropia do Ferro Puro. ALOTROPIA: é um fenômeno químico que consiste em poder um elemento químico cristalizar-se em mais de um sistema cristalino e ter por isso diferentes propriedades físicas. FENÔMENO DE CRISTALIZAÇÃO: é o fenômeno em que as “células unitárias” se reúnem e forma uma rede cristalina ou retículo cristalino. CÉLULA UNITÁRIA: é o agrupamento dos átomos metálicos que procuram ocupar posições definidas e ordenadas que se repetem em três dimensões formando uma figura geométrica regular. São: I - Reticulado Cúbico de Corpo Centrado (CCC) Contem 9 átomos Metais: Césio, Rubídio, Potássio, Sódio, Tungstênio, Molibdênio, Vanádio, e Ferro (temperatura ambiente). Prof. L.C.Simei Página 18 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° II - Reticulado Cúbico de Face Centrada (CFC) Contem 14 átomos Metais: Cálcio, Chumbo, Ouro, Prata, Alumínio, Cobre, Cobalto, Níquel e Ferro. (temperaturas elevadas) III - Retículo Hexagonal Compacto (HC) (Disposição Compacta) Contém 17 átomos Metais: Magnésio, Zinco, Titânio, etc... O conjunto de “células unitárias” forma os cristais. Os cristais adquirem contornos irregulares, devido aos pontos de contato de cada conjunto e desse modo passam a receber o nome de “Grãos Cristalinos” O “Grão Cristalino” é constituído por milhares de células unitárias, conforme vê-se a seguir na figura abaixo: Prof. L.C.Simei Página 19 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° Figura 10. Exemplificação do Formato de uma Célula Unitária. Os grãos podem ser observados melhor com auxílio de um microscópio metalográfico. A figura, abaixo, ilustra uma peça de aço de baixo teor de carbono, com a superfície polida e atacada quimicamente ampliada muitas vezes. As regiões claras e escuras, todas com contornos bem definidos como se fosse uma colméia, são os grãos. Figura 11. Estrutura Cristalina de um Aço ao Carbono. Prof. L.C.Simei Página 20 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° O ferro sólido, quando aquecido ou resfriado, apresenta diferentes estruturas em seu reticulado cristalino; conseqüentemente, suas propriedades também ficam diferentes. Esse fenômeno se denomina alotropia e é representado pelas letras do alfabeto grego: α, β, γ, δ, etc. O gráfico a seguir mostra a curva característica de resfriamento ou aquecimento do ferro puro e sua correspondente transformação alotrópica. Figura 12. Gráfico com as Curvas Características X Correspondente Transformação Alotrópica. Prof. L.C.Simei Página 21 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° No intervalo de 1538ºC e 1394ºC o ferro puro se solidifica em reticulado cúbico de corpo centrado CCC, chamado Fe δ (ferro delta). A 1394ºC se realiza a reestruturação do reticulado cúbico de corpo centrado em reticulado cúbico de face centrada permanecendo até 912ºC. O reticulado cúbico de face centrada CFC denomina-se Fe γ (ferro gama) ou austenita*. A 912ºC o ferro puro sofre mudança na estrutura do reticulado novamente para cúbico de corpo centrado CCC, chamado Fe α (ferro alfa) ou ferrita**. Abaixo dessa temperatura, a estrutura do reticulado do ferro é cúbica de corpo centrado. O trecho abaixo de 770ºC não representa mudança de estrutura do reticulado, mas o surgimento de propriedades magnéticas do ferro; o Fe α abaixo de 770ºC é magnético e acima de 770ºC não tem propriedades magnéticas. A mudança estrutural do reticulado cristalino do ferro traz consigo a modificação de suas propriedades; assim, o Fe α quase não dissolve o carbono; o Fe γ dissolve até 2,11% de carbono e o Ferro γ dissolve até 0,09% de carbono. Essa situação ocorre devido à estrutura cúbica de face centrada do Fe γ apresentar uma distância maior entre os átomos do que a estrutura cúbica de corpo centrado do Fe α e Fe δ, então é mais fácil aceitar átomos estranhos, como por exemplo, átomos de carbono. A esse fenômeno damos o nome de solubilidade no estado sólido. O ferro puro raramente é usado, embora os leigos denominem assim grande parte dos aços. Este, comumente está ligado com o carbono. No gráfico apresentado foi vista a curva de resfriamento ou aquecimento do ferro puro com indicações das formas alotrópicas e suas respectivas temperaturas de transformação. Nas ligas de ferro – carbono existem também as formas alotrópicas α e γ, mas as temperaturas de transformação oscilam em função do teor de carbono na liga. O diagrama abaixo, de fase ferro – carbono, auxilia na visualização dessas oscilações importantes para o estudo dos aços e ferros fundidos. Prof. L.C.Simei Página 22 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° Figura 13. Diagrama de Fases Fe-C. O diagrama de fase ferro - carbono pode ser dividido em três partes: De 0 a 0,008%C – Ferro puro; De 0,008 a 2,11%C – Aço; De 2,11 a 6,69%C – Ferro fundido. Prof. L.C.Simei Página 23 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° Fases relevantes do diagrama ferro – carbono: 1. 2. Ferrita (α) - solução sólida de carbono em ferro CCC, existente até a temperatura de 912ºC, caracteriza-se pela baixa solubilidade de carbono no ferro, chegando ao máximo de 0,0218% a 727ºC. Austenita (Fe γ) - solução sólida de carbono em ferro CFC, existindo entre as temperaturas de 912ºC e 1495ºC, e com solubilidade máxima de carbono no ferro de 2,11% a 1148ºC. 3. Ferrita (δ) – solução sólida de carbono em ferro CCC, sendo estável até 1538ºC, quando o ferro se liquefaz. A solubilidade do carbono é baixa, atingindo um máximo de 0,09% a 1495ºC. Quando não houver referência contrária, o termo ferrita, subentenderá a ferrita a. 4. Cementita (Fe3C) - é um carboneto de ferro de alta dureza com teor de carbono de 6,69% de carbono. Linhas relevantes do diagrama ferro-carbono: 1. Linha A1 – indica a ocorrência de uma parada (Arrêt) durante a transformação. Assim ao resfriar um aço com 0,77% C, observa-se uma “parada” na temperatura de 727ºC, ou seja, enquanto a transformação γ -> α + Fe3C não se completar a temperatura permanecerá constante. Figura 14. Diagrama de fases Fe+C. Prof. L.C.Simei Página 24 Faculdade Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica 2. Linha A2 – indica a temperatura de transformação magnética do ferro CCC a 770ºC. 3. Linha A3 – indica a temperatura de transformação γ -> α. À medida que o teor de carbono vai aumentando, a temperatura A3 vai diminuindo, até o limite de 727ºC, onde se encontra com A1. 4. Linha Acm – indica a temperatura de transformação γ - Fe3C. Inicia-se a 727ºC com 0,77% C e vai aumentando com a elevação do teor de carbono, até atingir 1148ºC a 2,11% C. 5. Linha Solidus – indica que abaixo desta linha todo material estará no estado sólido. 6. Linha Liquidus – indica que acima desta linha todo material estará na forma líquida. Pontos relevantes do diagrama ferro-carbono 1. Ponto Eutético – indica a presença de uma liga eutética, com 4,3% C a 1148ºC 2. Ponto Eutetóide – indica a presença de uma liga eutetóide, com 0,77%C a 727ºC. Componentes da estrutura dos aços No ponto eutetóide se verifica uma transformação importante no estudo dos aços, ou seja, um aço com 0,77%C acima de 727ºC encontra-se no estado de austenita. No ponto eutetóide a austenita se transforma em uma mistura de duas fases – ferrita e cementita - que se denomina perlita. Prof. L.C.Simei Página 25 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° Figura 15. Diagrama com a Indicação do Ponto Eutético. A perlita tem uma estrutura finamente raiada que, semelhante à madrepérola, está formada de lâminas finíssimas superpostas, alternando- se uma camada de ferrita e outra de cementita, conforme a figura a seguir. Figura 16. Esquematização de uma Perlita, com Suas Constituintes: Ferrita + Cementita.. Prof. L.C.Simei Página 26 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° Sendo assim: Aços com 0,77% C são chamados de eutetóides. Aços com menos de 0,77%C são chamados hipoeutetóides; Aços com mais de 0,77%C são chamados hipereutetóides. Embora a perlita não seja uma fase, e sim um constituinte, é possível prever quais são as microestruturas presentes nos aços após o resfriamento lento. Os aços hipoeutetóides (até 0,77%C) apresentam em sua microestrutura ferrita e perlita conforme mostra a figura esquemática abaixo. Figura 17. Representação de Estrututa Perlitica + Ferritica, Encontradas nos Aços Hipereutéticos. Figura 18. Representação do Ponto Eutetóide. Prof. L.C.Simei Página 27 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° A figura a seguir mostra o aspecto micrográfico de um aço hipoeutetóide com aproximadamente 0,3%C, submetido ao ataque reativo de NITAL, ampliado 200 vezes. Os grãos escuros são de perlita e os grãos brancos são de ferrita. Figura 19. Micrografia de Um aço Hipoeutético. Os aços eutetóides (0,77%C) apresentam em sua microestrutura somente perlita, conforme mostra a figura esquemática abaixo. Figura 20. Representação de Estrutura Perlitica Única. Prof. L.C.Simei Página 28 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° Figura 21. Representação do Ponto de Transformação de Perlita em Austenita. A figura a seguir mostra o aspecto micrográfico de um aço eutetóide com 0,77%C, submetido ao ataque reativo de NITAL, ampliado 1000 vezes. Figura 22. Micrografia de Um Aço Eutético. Prof. L.C.Simei Página 29 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° Nota-se a estrutura lamelar; as linhas escuras representando a cementita e as linhas brancas a ferrita. Os aços hipereutetóides (0,77% a 2,11%C) apresentam em sua microestrutura perlita e cementita, conforme mostra a figura esquemática a seguir. Figura 23. Representação de Estrutura Perlitica + Cementita. Figura 24. Representação do Ponto de Transformação de Perlita +Cementita em Austenita + Cementita. Prof. L.C.Simei Página 30 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° A figura a seguir mostra o aspecto micrográfico de um aço hipereutetóide com aproximadamente 1%C, submetido ao ataque reativo de PICRAL, ampliado 200 vezes. Figura 25. Micrografia de Um aço Hipereutético. Nota-se que a cementita está disposta em torno dos grãos de perlita, formando uma rede. Os aços hipoeutetóides apresentarão tanto maior quantidade de ferrita quanto menos carbono contiverem, e os aços hipereutetóides tanto maior quantidade de cementita quanto mais se aproximarem do teor de 2,11% de carbono. A figura a seguir mostra de modo esquemático o teor de carbono e sua microestrutura correspondente. Figura 26. Representação das Correlações de Teores de C, e suas respectivas Microestruturas Residuais. Prof. L.C.Simei Página 31 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° Interpretação Final dos Diagramas Os aços hipoeutetóides (0,4%C por exemplo) têm pouco carbono, portanto há pouca perlita e quase nenhuma cementita livre. A maior parte de massa constitui-se de ferrita que é Fe α, caracterizando-se pela baixa dureza, porém com alta ductilidade. O diagrama de fase apresentado a seguir, indica as fases presentes nos pontos determinados e o respectivo estado físico do aço hipoeutetóide com 0,4% C, quando submetido ao resfriamento lento. Figura 27. Diagrama de Fases e Transformações – Referência aos Aços Hipoeutetóides. Prof. L.C.Simei Página 32 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° Tabela 3. Relação de Temperatura x Microestruturas – Referência aos Aços Hipoeutetóides. Nos aços hipereutetóides (0,9%C por exemplo), devido ao alto teor de carbono, teremos a formação de cementita mais a perlita. O diagrama de fase apresentado a seguir mostra as fases presentes e o respectivo estado físico do aço hipereutetóide com 0,9% C, quando submetido ao resfriamento lento. Prof. L.C.Simei Página 33 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° Figura 28. Diagrama de Fases e Transformações – Referência aos Aços Hipereutetóides. Prof. L.C.Simei Página 34 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° Tabela 4. Relação de Temperatura x Microestruturas – Referência aos Aços Hipereutetóides. Prof. L.C.Simei Página 35 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° Efeito da Velocidade de Resfriamento nos Aços Um aço resfriado muito lentamente a partir do campo austenítico apresentará, em temperatura ambiente, uma ou mais das fases ferrita, perlita e cementita, dependendo de seu teor de carbono. Figura 29. Representação Esquemática da Transformação de Microestruturas em Função da Temperatura e % de C. Porém, se o resfriamento do aço a partir da região austenítica for muito rápido impede-se a formação da perlita. Certamente produz-se um rearranjo cúbico de face centrada (CFC) para cúbico de corpo centrado (CCC), porém os átomos de carbono permanecem retidos em seu núcleo. Como o resfriamento é rápido e a dimensão do reticulado cristalino a é menor que a dimensão do reticulado cristalino γ, o carbono é forçado a permanecer no reticulado cristalino α, causando deformação e tensão, a conseqüência disso é uma estrutura dura, quebradiça, acicular denominada martensita, que não é prevista no diagrama ferro carbono. Prof. L.C.Simei Página 36 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° Figura 30. Microestruturas Resultantes em Função da Temperatura e do Tempo de Resfriamento. Prof. L.C.Simei Página 37 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° METAIS NÃO FERROSOS Introdução Metais não ferrosos são todos os metais puros ou ligados, com exceção do ferro e suas ligas. Os metais não ferrosos podem ser classificados em função de densidade em metais leves e metais pesados. A maioria dos metais puros é mole e tem baixa resistência à tração. Quanto maior for a pureza, mais alto será o ponto de fusão, maior a condutibilidade elétrica e a resistência à corrosão. Na indicação dos metais não ferrosos puros, deve-se usar a designação química do elemento mais o grau de pureza. Obtenção dos Metais Os minérios de onde são retirados os metais, além do próprio metal, contêm também impurezas, tais como: oxigênio, hidrogênio e enxofre. A quantidade (porcentagem) de metal varia em função do tipo de minério. O esquema abaixo mostra o processo de obtenção da maioria dos metais. Prof. L.C.Simei Página 38 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° Para se obter um metal quase que totalmente puro (99,99%) usam- se normalmente outros processos além do processo normal de alteração do metal siderúrgico, os quais dependem do tipo de metal. Normalização Segundo a DIN 1700, para metais puros escreve-se o símbolo do elemento químico seguido do grau de pureza. Prof. L.C.Simei Página 39 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° Para as ligas, adota-se a seguinte forma: Exemplos: GD-Zn Al 4 Cu1 – Liga de zinco fundido sob pressão com 4% de Al, 1% de Cu. AlCu Mg1 F40 – Liga de alumínio com ±4% de Cu, ±1% de Mg e resistência à tração de 40kgf/mm² a 390N/mm². Prof. L.C.Simei Página 40 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° As propriedades dos metais puros podem ser melhoradas através de elementos de liga. Liga é um metal, obtido por um processo, onde se misturam dois ou mais elementos entre si no estado líquido. Nos metais ligados, geralmente a dureza e a resistência aumentam, enquanto a ductilidade e a condutibilidade elétrica diminuem. Designação das Ligas Não Ferrosas É feita pela indicação (símbolo químico) dos metais que nela estão contidos, seguidos pelo teor (em porcentagem) de cada um dos metais. Exemplo de Normalização/ Designação: Prof. L.C.Simei Página 41 Faculdade Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica COBRE (Cu) É um metal de cor avermelhada, bastante resistente à intempérie e à corrosão. É também um excelente condutor elétrico e de calor (seis vezes mais que o ferro). Classificado como metal de transição, pertence ao grupo 11 (1B) da Classificação Periódica dos Elementos. É um dos metais mais importantes industrialmente, de coloração avermelhada, dúctil, maleável e bom condutor de eletricidade. Conhecido desde a pré-história, o cobre é utilizado atualmente, para a produção de materiais condutores de eletricidade (fios e cabos), e em ligas metálicas como latão e bronze. O cobre ocupa a mesma família na tabela periódica que a prata e o ouro. Em termos de estrutura eletrônica, o cobre tem um elétron orbital em cima de uma cheia escudo do elétron (o elétron que faz as ligações), que faz ligações metálicas. A prata e o ouro são semelhantes. O cobre é normalmente fornecido, como quase todos os metais de uso industrial e comercial, em um grão fino de formulário policristalino. Metais policristalino tem mais força do que monocristalinos formas, e a diferença é maior para o menor grão (de cristal) em tamanho. É facilmente trabalhado, sendo que ambas as propriedades de dúctil e maleável ele tem. A facilidade com que pode ser levado a cabo o torna útil para trabalhos elétricos, assim como sua alta condutividade elétrica. A estrutura eletrônica torna comparáveis, o cobre, prata e o ouro semelhantes em muitos aspectos: os três têm alta condutividade térmica e elétrica, e os três são maleáveis. Entre os metais puros na temperatura ambiente, o cobre tem a segunda maior condutividade elétrica e térmica, depois da prata, com uma condutividade de 59,6 × 106S/m. Este valor alto é devido à praticamente todos os elétrons na camada de valência (um por átomo) tomar parte na condução. O resultado são elétrons livres no montante de cobre para uma densidade de carga enorme de 13,6 × 109C/m. Exemplo de Normalização/ Designação: E-Cu 99,99 % - Cobre especialmente puro. Prof. L.C.Simei Página 42 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° Obtenção pela eletrólise (E). É fácil de fundir, dobrar, forjar, repuxar, tanto a quente como a frio. A deformação a frio deixa o cobre duro e difícil de dobrar. Com o cobre recozido a uma temperatura de aproximadamente 600ºC, e sem o resfriamento rápido, elimina-se a dureza proveniente da deformação a frio. Nos processos de usinagem com cavacos, devem-se usar ferramentas com grande ângulo de saída e, como fluido de corte, o óleo solúvel. Aplicação É normalmente empregado para confecção de fios e cabos condutores elétricos, sistemas de aquecimento e resfriamento, tubos, chapas, peças fundidas e peças de artesanato. Os cobres debilmente ligados são aqueles que contêm uma porcentagem inferior a 3 de algum elemento adicionado para melhorar alguma das características do cobre como a maquinabilidade (facilidade de mecanização), resistência mecânica e outras, conservando a alta condutibilidade elétrica e térmica do cobre. Os elementos utilizados são estanho, cádmio, ferro, telúrio, zircônio, crômio e berílio. Outras ligas de cobre importantes são latões (zinco), bronzes (estanho), cuproalumínios (alumínio), cuproníqueis (níquel), cuprosilícios (silício) e alpacas (níquel-zinco). Todos os compostos de cobre deveriam ser tratados como se fossem tóxicos; uma quantidade de 30 g de sulfato de cobre é potencialmente letal em humanos. Prof. L.C.Simei Página 43 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° CHUMBO (Pb) É um metal com aspecto exterior característico, pois apresenta uma cor cinza azulada. Sua superfície de ruptura (recente) é de uma cor branca prateada muito brilhante. É fácil de reconhecê-lo pelo peso: é um material muito denso e macio. É um metal tóxico, pesado, macio, maleável e mau condutor de eletricidade. Apresenta coloração branco-azulada quando recentemente cortado, porém adquire coloração acinzentada quando exposto ao ar. É usado na construção civil, baterias de ácido, em munição, proteção contra raios-X e forma parte de ligas metálicas para a produção de soldas, fusíveis, revestimentos de cabos elétricos, materiais antifricção, metais de tipografia, etc. O chumbo tem o número atômico mais elevado entre todos os elementos estáveis. É um metal conhecido e usado desde a antiguidade. Suspeita-se que este metal já fosse trabalhado há 7000 anos, utilizado pelos egípcios sendo parte de ligas metálicas devido suas características e pelos romanos como componentes de tintas e cosméticos. O chumbo é muito dúctil, fácil de dobrar, laminar, martelar (a frio). Os tubos são curvados com auxílio de uma mola ou enchendo-os de areia fina e seca, ou com ajuda de um aparelho de curvar. Precaução Partículas de chumbo que aderem às mãos podem penetrar no organismo e provocar uma intoxicação (Febre Plumbérica) por isso é indispensável lavar bem as mãos após, seu Prof. L.C.Simei Página 44 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° manuseio. Os vapores metálicos de chumbo, são altamente carcinogênicos, por isso recomenda-se atenção na proteção para com o acesso a estes. O Chumbo ainda tem os efeitos de: alterações no sistema nervoso, danos ao cérebro, diminuição da fertilidade do homem através de danos ao esperma, etc. Aplicação O mais amplo uso do chumbo é na fabricação de acumuladores. Outras aplicações importantes são na fabricação de forros para cabos, elemento de construção civil, pigmentos, soldas suaves e munições. A fabricação de chumbo tetra etílico (TEL) vem caindo muito em função de regulamentações ambientais cada vez mais restritivas no mundo no que se diz respeito à sua principal aplicação que é como aditivo na gasolina. No caso do Brasil desde 1978 este aditivo deixou de ser usado como antidetonante. Têm-se desenvolvido compostos organoplúmbicos para aplicações como catalisadores na fabricação de espumas de poliuretano, como tóxico para as pinturas navais com a finalidade de inibir a incrustação nos cascos, agentes biocidas contra as bactérias granpositivas, proteção da madeira contra o ataque das brocas e fungos marinhos, preservadores para o algodão contra a decomposição e do mofo, agentes molusquicidas, agentes antihelmínticos, agentes redutores do desgaste nos lubrificantes e inibidores da corrosão do aço. Graças a sua excelente resistência a corrosão, o chumbo encontra muitas aplicações na indústria de construção e, principalmente, na indústria química. É resistente ao ataque de muitos ácidos, porque forma seu próprio revestimento protetor de óxido. Como conseqüência desta característica, o chumbo é muito utilizado na fabricação e manejo do ácido sulfúrico. Durante muito tempo se tem empregado o chumbo como manta protetora para os aparelhos de raio-X. Em virtude das aplicações cada vez mais intensas da energia atômica, torna-se cada vez mais importante as aplicações do chumbo como blindagem contra a radiação. Sua utilização como forro para cabos de telefone e de televisão segue sendo uma forma de emprego adequada para o chumbo. A ductilidade única do chumbo o torna particularmente apropriado para esta aplicação, porque pode ser estirado para formar um revestimento contínuo em torno dos condutores internos. O uso de chumbo em pigmentos tem sido muito importante, porém a sua utilização tem diminuído muito. O pigmento, que contém este elemento, é o branco de chumbo, 2PbCO3, Pb (OH)2; outros pigmentos importantes são o sulfato básico de chumbo e os cromatos de chumbo. Utiliza-se uma grande variedade de compostos de chumbo, como os silicatos, os carbonatos e os sais de ácidos orgânicos, como estabilizadores contra o calor e a luz para os plásticos de cloreto de polivinila (PVC). Usam-se silicatos de chumbo para a fabricação de vidros e cerâmicas. O nitreto de chumbo, Pb (N3)2, é um detonador padrão para os explosivos. Os arseniatos de chumbo são empregados em grandes quantidades como inseticidas para a proteção dos cultivos. O litargírio (óxido de chumbo) é muito empregado para melhorar as propriedades magnéticas dos imãs de cerâmica de ferrita de bário. Prof. L.C.Simei Página 45 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° ZINCO (Zn) É um metal branco azulado. Sua superfície de ruptura é formada de cristais que se distinguem facilmente. Entre os metais, é o que tem o maior coeficiente de dilatação térmica (0,000029/ºC). Exposto à umidade do ar, combina-se com o dióxido de carbono (CO2) formando uma capa cinzenta de carbonato de zinco (Zn + CO2), que protege o metal. É muito sensível aos ácidos, que o atacam e destroem, sendo, portanto impossível conservar ácidos em recipientes de zinco. As propriedades do zinco podem ser sensivelmente melhoradas pelas adições de outros metais. O zinco é um metal, às vezes classificado como metal de transição ainda que estritamente não seja, apresenta semelhanças com o magnésio e o berílio além dos metais do seu grupo. Este elemento é pouco abundante na crosta terrestre, porém pode ser obtido com facilidade. O ar seco não o ataca, porém, na presença de umidade, forma uma capa superficial de óxido ou carbonato básico que isola o metal e o protege da corrosão. Praticamente o único estado de oxidação que apresenta é 2+. Reage com ácidos não oxidantes passando para o estado de oxidação 2+ e liberando hidrogênio, e pode dissolver-se em bases e ácido acético. O metal apresenta uma grande resistência à deformação plástica a frio que diminui com o aquecimento, obrigando a laminá-lo acima dos 100 °C. O zinco é empregado na fabricação de ligas metálicas como o latão e o bronze, além de ser utilizado na produção de telhas e calhas residenciais. O zinco é, ainda, utilizado como metal de sacrifício para preservar o ferro da corrosão em algumas estruturas, na produção de pilhas secas e como pigmento em tinta de coloração branca. Prof. L.C.Simei Página 46 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° Aplicação O zinco é um elemento químico essencial para o corpo humano: intervém no metabolismo de proteínas e ácidos nucleicos, estimula a atividade de mais de 100 enzimas, colabora no bom funcionamento do sistema imunológico, é necessário para cicatrização dos ferimentos, nas percepções do sabor e olfato e na síntese do DNA. O metal é encontrado na insulina, nas proteínas dedo de zinco (zinc finger) e em diversas enzimas como a superóxido dismutase. As ligas metálicas mais empregadas são as de alumínio (3,5-4,5%, Zamak; 11-13%, Zn-Al-CuMg; 22%, Prestal , liga que apresenta superplasticidade) e cobre (aproximadamente 1%) que melhora as características mecânicas do zinco e sua aptidão ao molde. Peças de aço que estejam sujeitas à oxidação do tempo, devem receber uma zincagem (banho de zinco) para sua proteção. O zinco é um material muito utilizado na fundição de peças. Peças complicadas são obtidas através de fundição por injeção, a qual facilita a fabricação em série e aumenta a precisão das peças. É componente minoritário em diversas ligas, principalmente de cobre como latões (3 a 45% de zinco) , alpacas (Cu-Ni-Zn) e bronzes ( u-Sn ) de molde. Prof. L.C.Simei Página 47 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° ESTANHO (Sn) O estanho é um elemento químico de símbolo Sn, número atômico 50 (50 prótons e 50 elétrons) e com massa atómica de 118,7 u. Está situado no grupo 14 ou IVA da classificação periódica dos elementos. É um metal prateado, maleável que é sólido nas condições ambientais. Não se oxida facilmente com o ar e é resistente a corrosão. É usado para produzir diversas ligas metálicas utilizados para recobrir outros metais para protegê-los da corrosão. O estanho é obtido principalmente do mineral cassiterita onde se apresenta como um óxido. É um dos metais mais antigos conhecido, e foi usado como um dos componentes do bronze desde a antiguidade. O estanho é um metal branco prateado, maleável, pouco dúctil, de baixo ponto de fusão e altamente cristalino. Quando uma barra de estanho é quebrada produz um ruído denominado "grito de lata" ("grito de estanho") causada pelos cristais quando são rompidos. Este metal resiste à corrosão quando exposto à água do mar e água potável, porém pode ser atacado por ácidos fortes, bases e sais ácidos. O estanho age como um catalisador quando o oxigênio se encontra dissolvido, acelerando o ataque químico. Quando aquecido na presença do ar acima de 1500 °C retorna à condição de óxido estânico. O estanho é atacado pelos ácidos sulfúrico, nítrico e clorídrico concentrados, e com bases produz estanatos. O estanho facilmente pode ser lustrado e é usado como revestimento de outros metais para impedir a corrosão ou a outra ação química. Este metal combina-se diretamente com cloro e oxigênio, e desloca o hidrogênio dos ácidos. O estanho é maleável em baixas temperaturas, porém é frágil quando aquecido. Dobrando uma barra de estanho, ouve-se um ruído como se o metal estivesse trincado. Esse ruído é produzido em conseqüência do deslizamento dos cristais, atritando-se entre si (grito do estanho). Não se altera quando em contato com ácidos orgânicos ou quando exposto às intempéries. Em temperaturas inferiores a -15ºC, o estanho se decompõe formando um pó de cor cinzenta. Prof. L.C.Simei Página 48 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° Aplicação O estanho liga-se prontamente com o ferro, e foi muito usado na indústria automotiva para revestimento e acabamento da lataria. O estanho que faz uma ótima liga com chumbo é usado como revestimento misturado ao zinco no aço para impedir a corrosão e evitar a eletrólise. O estanho também é muito usado em telhas, correntes e âncoras. Os recipientes de aço blindados com estanho (folhas de flandres) são usados extensivamente para a conservação de alimentos, e desta forma é um grande mercado para o estanho metálico. Os ingleses os denominam de "tins" e os norte-americanos de "cans". O estanho puro não é empregado em construções de peças devido a sua pequena resistência à tração. Graças a sua ductilidade, podem-se laminar folhas delgadas de até 0,008mm de espessura. É muito utilizado no equipamento e maquinaria da indústria alimentícia, por ser não tóxico. Liga-se perfeitamente a outros metais: cobre, chumbo e antimônio. A solda de estanho é possível sobre latão, aço e aço fundido. Prof. L.C.Simei Página 49 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° LIGAS DOS METAIS PESADOS NÃO FERROSOS Para melhorar as propriedades dos metais com base o cobre, são adicionadas ligas de outros metais, como o zinco e o estanho. As ligas de cobre possuem cores diferentes, conforme o metal que entra na constituição da liga e na proporção em que é adicionado. As ligas de cobre mais importantes são: latão, bronze e latão vermelho. LATÃO É uma liga de cobre e de zinco com um teor mínimo de 50% de cobre. Prof. L.C.Simei Página 50 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° O latão é um metal de cor amarelo-claro ou amarelo-ouro. As classes do latão são reconhecidas pela superfície de ruptura ou em sua superfície polida. É de fácil usinabilidade, com grande capacidade de receber processamento como: dobra e repuxo. Tem uma resistência maior do que a do cobre (200 - 800N/mm²). Aplicação Devido a sua boa resistência à corrosão causada pelo ar e fluidos, o emprego do latão fundido é muito grande na fabricação de válvulas, torneiras e registros. Laminado, o latão é empregado na confecção de chapas, perfis de qualquer forma e tubos de radiadores. Prof. L.C.Simei Página 51 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° BRONZES Bronze (do persa “biring”, cobre) é o nome com o qual se denomina toda uma série de ligas metálicas que tem como base o cobre e o estanho e proporções variáveis de outros elementos como zinco, alumínio, antimônio, níquel, fósforo, chumbo entre outros com o objetivo de obter características superiores a do cobre. O estanho tem a característica de aumentar a resistência mecânica e a dureza do cobre sem alterar a sua ductibilidade. O processo de fabricação consiste em misturar um mineral de cobre (calcopirita, malaquita ou outro) com o estanho (cassiterita) em um alto-forno alimentado com carbono (carvão vegetal ou coque). O anidrido carbônico reduz os minerais a metais, o cobre e estanho se fundem e se ligam a percentual de estanho de 2 a 11% De bronze foram as primeiras armas e ferramentas metálicas, também utilizado para a produção de estátuas. Material que, polido, chega ao amarelo ouro, é o mais usado no campo da escultura. Sua grande popularidade se deve à sua enorme resistência estrutural, à não corrosão atmosférica, à facilidade de fundição e uma capacidade de acabamento que permite excelente polimento ou o uso de diversas cores e tipos. O bronze possui características acústicas e de geração de ondas sinusoidais bastante puras e apresentando um timbre bem distinto, tornando-se assim um metal excelente para a fabricação de instrumentos musicais de percussão como é o caso dos sinos e sinetas ou secções de instrumentos de sopro, onde o som é originado, como são os bocais para saxofones, trompetes e trombones, entre outros. O bronze pode ser classificado em ligas fundidas e ligas laminadas. O quadro a seguir mostra os diversos tipos de bronze. Prof. L.C.Simei Página 52 Faculdade Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Propriedades e aplicações As ligas de bronze variam entre macias e duras. Resistem muito bem à corrosão. Devido a sua fácil fusão, são empregadas na fabricação de sinos, buchas e peças hidráulicas. O bronze laminado é empregado na fabricação de molas, partindo de tiras e de arames estirados a frio. BRONZE AO ESTANHO Esta liga tem de 4 a 20% de estanho. É dúctil e elástica, dura e resistente à corrosão. Exemplo de normalização DIN Cu Sn 6 6% de estanho 94% de cobre BRONZE AO CHUMBO Até 25% de chumbo. Boa característica de deslizamento, autolubrificante. Empregada na construção de buchas. Exemplo de normalização DIN G - Cu Pb 15 Sn 75% de cobre 15% de chumbo 8% de estanho 2% de zinco. BRONZE AO ALUMÍNIO Esta liga tem de 4 a 9% de alumínio. Resistente à corrosão e ao desgaste. Utilizada na construção de buchas, parafusos sem-fim e rodas-dentadas. Prof. L.C.Simei Página 53 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° Exemplo de normalização DIN Cu Al8 Fe F45 89% de cobre 8% de alumínio; 1% de ferro. F45 - resistência à tração = 450N/mm². LATÃO VERMELHO (BRONZE AO ZINCO) O latão vermelho é uma liga de cobre, estanho (bronze) e zinco, cujo componente predominante é o cobre. É resistente à corrosão e ao desgaste. Além disso, resiste bem à pressão. É empregada na fundição de buchas e na fabricação de peças hidráulicas, tubos e engrenagens helicoidais. Prof. L.C.Simei Página 54 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° PROCESSOS DE CONFORMAÇÃO MECÂNICA. Os processos de conformação mecânica são aqueles que alteram a geometria do material (forma) por deformação plástica, através de forças aplicadas por ferramentas adequadas, que podem variar desde pequenas matrizes até grandes cilindros. As vantagens com este processo são muitas: bom aproveitamento da matéria; rapidez na execução; possibilidade de controle das propriedades mecânicas; e possibilidade de grande precisão e tolerância dimensional. É importante observar, entretanto, que o ferramental e os equipamentos possuem um custo muito elevado, exigindo grandes produções para justificar o processo economicamente. Existem algumas centenas de processos unitários de conformação mecânica, desenvolvidos para aplicações específicas. Mas é possível classificá-los num pequeno número de categorias, com base em critérios tais como: o tipo de esforço, deformação do material, variação relativa da espessura da peça, o regime da operação de conformação e o propósito da deformação. Basicamente, se dividem em: LAMINAÇÃO: conjunto de processos em que se faz o material passar através da abertura entre cilindros que giram (tipo massa de pastel), reduzindo a seção transversal; os produtos podem ser placas, chapas, barras de diferentes seções, trilhos, perfis diversos, anéis e tubos. FORJAMENTO: conformação por esforços compressivos fazendo o material assumir o contorno da ferramenta conformadora, chamada matriz ou estampo. Moedas, parafusos, âncoras e virabrequins estão entre os produtos do forjamento. TREFILAÇÃO: redução da seção transversal de uma barra, fio ou tubo, “puxando-se” a peça através de uma ferramenta (fieira ou trefila) em forma de “funil”. É o processo comum para obtenção de fios de todo tipo. EXTRUSÃO: processo em que a peça é “empurrada” contra a matriz conformadora, com redução da sua seção transversal, como ocorre numa máquina de formar macarrão. O produto pode ser uma barra, perfil (esquadrias de alumínio, etc.) ou tubo. CONFORMAÇÃO DE CHAPAS: Compreende operações com chapas, como: corte, dobramento e estampagem. Produtos são arruelas, panelas, enlatados, etc. Temperatura na Conformação Em função da temperatura e do material utilizado, a conformação mecânica pode ser classificada como trabalho a frio, a morno e a quente. O trabalho a quente (TQ) é usado para reduzir os esforços de conformação e/ou permitir a recristalização¹. Geralmente, a temperatura mais elevada de trabalho a quente é limitada bem abaixo do ponto de fusão, devido à possibilidade de fragilização à quente (existência de compostos dentro do material com menor ponto de fusão). Basta uma pequena quantidade de constituinte com baixo ponto de fusão nos contornos de grão para fazer um material desagregar-se quando deformado. De outra forma, o trabalho a frio (TF) é a deformação realizada sob condições em que não ocorre a recristalização do material. Já no trabalho a morno, ocorre uma recuperação² do material, sem recristalização. Prof. L.C.Simei Página 55 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° É importante entender que a distinção básica entre TQ e TF não está na temperatura em si, mas na temperatura de recristalização do material. Porque, dependendo da liga, podemos ter TQ com conformações à temperatura ambiente, como no caso de Pb e Sn. Por outro lado, a conformação a 1100°C é TF para o tungstênio, cuja temperatura de recristalização é superior, embora tal temperatura seja TQ para o aço. É importante lembrar do calor gerado na conformação. Tanto a deformação plástica quanto o atrito contribuem para a geração de calor. Da energia empregada na deformação plástica de um metal, apenas 5 a 10% ficam acumulados na rede cristalina, sob a forma de energia interna, sendo os restantes 90 a 95% convertidos em calor. Em algumas operações de conformação contínua, como extrusão e trefilação (efetuadas em altas velocidades), a temperatura pode aumentar em centenas de graus. Uma parte do calor gerado é dissipada (transmitido às ferramentas ou perdido para a atmosfera), mas o restante permanece na peça, elevando-lhe a temperatura. Trabalho a Quente O trabalho a quente é a etapa inicial na conformação mecânica da maioria dos metais e ligas. Este trabalho não só requer menos energia para deformar o metal, como proporciona o surgimento de menos discordâncias microestruturais e também ajuda a diminuir as heterogeneidades da estrutura dos lingotes fundidos devido às rápidas taxas de difusão 3 presentes às temperaturas de trabalho a quente4. Além disso, as variações microestruturais proporcionam um aumento na dutilidade5 e na tenacidade6, comparado ao estado fundido. Como desvantagem, geralmente, a estrutura e propriedades dos metais trabalhados a quente não são tão uniformes ao longo da seção reta como nos metais trabalhados a frio e recozidos, já que a deformação é sempre maior nas camadas superficiais. O metal possuirá grãos recristalizados de menor tamanho nesta região. Como o interior do produto estará submetido a temperaturas mais elevadas por um período de tempo maior durante o resfriamento do que as superfícies externas podem ocorrer crescimento de grão no interior de peças de grandes dimensões, que resfriam vagarosamente a partir da temperatura de trabalho. A maioria das operações de TQ é executada em múltiplos passes; em geral, nos passes intermediários a temperatura é mantida bem acima do limite inferior de recristalização do metal para se tirar vantagem da redução na tensão de escoamento, embora com o risco de um crescimento de grão. Como, porém, deseja-se usualmente um produto com tamanho de grão pequeno, a temperatura dos últimos passes (temperatura de acabamento) é bem próxima do limite inferior e a quantidade de deformação é relativamente grande. Pequenos tamanhos de grãos darão origem a peças com melhor resistência e tenacidade. Veja abaixo figuras do comportamento dos grãos na conformação com TQ. 1. 2. Recristalização: Em certa temperatura, os grãos (estrutura cristalina) amassados e distorcidos pela conformação formam novos grãos, reduzindo as tensões internas. Recuperação: Há um rearranjo das discordâncias, melhorando a ductilidade do material, mas não ocorre formação de novos grãos (recristalização). Prof. L.C.Simei Página 56 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° Figura 31. Aspecto Cristalino do Material na Conformação, com a Variável de Temperatura. Trabalho a Frio O trabalho a frio é acompanhado do encruamento7 do metal, que é ocasionado pela interação das discordâncias entre si e com outras barreiras – tais como contornos de grão – que impedem o seu movimento através da rede cristalina. A deformação plástica produz também um aumento no número de discordâncias, as quais, em virtude de sua interação, resultam num elevado estado de tensão interna na rede cristalina. Um metal cristalino contém em média entre 1 e 100 milhões de cm de discordâncias por cm³, enquanto que um metal severamente encruado apresenta cerca de 100 bilhões de cm de discordâncias por cm³. A estrutura característica do estado encruado examinada ao microscópio eletrônico apresenta dentro de cada grão, regiões pobres em discordâncias, cercadas por um emaranhado altamente denso de discordâncias nos planos de deslizamento. 3. 4. 5. 6. 7. Movimentação interna de material. As bolhas de gás e porosidades são eliminadas pelo caldeamento destas cavidades e a estrutura colunar dos grãos grosseiros da peça fundida é quebrada e refinada em grãos equiaxiais recristalizados de menor tamanho. Propriedade do material de sofrer deformação permanente sem romper. Capacidade que um material tem para absorver energia, nos campos plástico e elástico. Defomação nos grãos do material em função da conformação sofrida, gerando aumento da dureza e queda da dutilidade. Prof. L.C.Simei Página 57 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° Tudo isto resulta macroscopicamente num aumento de resistência e dureza e num decréscimo da ductilidade do material. Num ensaio de tração, isso se traduz no aumento da tensão de escoamento e do limite de resistência, bem como no decréscimo do alongamento total (alongamento na fratura). Figura 32. Exemplificação do Aumento de Resistência na Conformação, pelo Encruamento Resultantes do Esforço Mecânico. Trabalho a Morno Os processos de deformação a morno objetivam aliar as vantagens das conformações a quente e a frio. Dos processos de conformação a morno um dos mais difundidos e com maiores aplicações industriais é o forjamento. O trabalho a morno consiste na conformação de peças numa faixa de temperatura onde ocorre o processo de recuperação do material, não ocorrendo, entretanto, a recristalização. Com relação ao trabalho a quente, o processo morno apresenta melhor acabamento superficial e precisão dimensional devido à diminuição da oxidação e da dilatação. Assim, podem-se ter menores ângulos de saída e maior carga para a retirada da peça das matrizes sem deformar o produto. A maior desvantagem é o aumento do limite de escoamento, sendo necessário o emprego de prensas mais potentes e ferramentas mais resistentes. Em relação ao trabalho a frio, o processo a morno apresenta redução dos esforços de deformação, o que permite a conformação mais fácil de peças com formas complexas, principalmente em materiais com alta resistência. A conformação a morno melhora ainda a ductilidade do material e elimina a necessidade de recozimentos intermediários que consomem muita energia e tempo. Existe alguma controvérsia sobre a faixa de temperatura empregada na conformação a morno dos aços, mas, certamente se torna importante entre 500 e 800°C. A temperatura inferior de conformação é limitada em aproximadamente 500°C devido à possibilidade de ocorrência da "fragilidade azul" em temperaturas mais baixas8. 8. Esta fragilização aumenta a tensão de escoamento e diminui a ductilidade. Ela ocorre em temperaturas em torno de 200 a 400°C onde, átomos intersticiais difundem-se durante a deformação formando atmosferas em torno das discordâncias geradas, ancorando-as. O nome azul refere-se à coloração do óxido formado na superfície do aço nesta faixa de temperatura. Prof. L.C.Simei Página 58 Faculdade Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Não há um processo mais vantajoso em si do que outro, tudo depende do julgamento de vários fatores (tolerância, acabamento, material, ductilidade final, deformação, etc.). Muitas vezes o material passa tanto por TQ como por TF. Veja tabela de características dos processos abaixo: Tabela 5. Relação de Temperatura e Características de Processo. Processos de Recuperação e Recristalização PROCESSO DE RECUPERAÇÃO: elevar a certa temperatura na qual as discordâncias são bastante móveis para formar arranjos regulares e mesmo se aniquilarem (somente as discordâncias de sinais opostos), formando uma estrutura celular (subgrãos) com uma pequena defasagem de orientação cristalográfica entre as células. É um processo que depende do tempo (figura b abaixo) e, embora não ocorra mudança na microestrutura, restaura parcialmente a maciez (menor resistência e maior ductilidade). PROCESSO DE RECRISTALIZAÇÃO: a maciez original é inteiramente restaurada pelo aquecimento acima de certa temperatura, quando se formam novos grãos com baixa densidade de discordâncias. Os grãos crescem continuamente até que a estrutura toda esteja recristalizada. A microestrutura resultante é equiaxial, muito embora possa ser retida ou mesmo desenvolvida uma textura cristalográfica. É grandemente dependente da temperatura e do tempo (figura c). Figura 33. Esquematização do Processo de Recristalização e Recuperação. A temperatura depende de cada material, e é apenas uma referência aproximada, pois mesmo pequenos teores de elemento de liga podem retardar substancialmente a formação de novos grãos, elevando a temperatura de recristalização. Prof. L.C.Simei Página 59 Faculdade Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Figura 34. Micrografia de Um Mesmo Material (Aço ABNT 1010), quais Sofreram Recuperação e Recristalização. Na prática, a temperatura de recristalização é convencionalmente definida como aquela em que o metal severamente encruado recristaliza totalmente no espaço de uma hora. A tabela abaixo apresenta as temperaturas de recristalização para alguns metais e ligas de uso comum. Tabela 6. Relação de Temperaturas de Recristalização de Diversos Materiais. Em alguns metais, a recuperação aumenta a ductilidade mais do que diminui a resistência, sendo então possível controlar as propriedades finais do produto deformado por meio de um severo trabalho a frio, seguido de um recozimento de recuperação, que restaura grande parte da ductilidade sem reduzir muito a resistência. A recristalização depende diretamente dos seguintes fatores: 1. Uma quantidade mínima de deformação prévia: se o trabalho a frio prévio é zero, não há recristalização e ficam mantidos os grãos originais; 2. Quanto maior a deformação prévia, menor será a temperatura de recristalização; 3. Quanto menor a temperatura, maior o tempo necessário à recristalização; 4. Quanto maior a deformação prévia, menor será o tamanho de grão resultante (pois será maior o número de núcleos a partir dos quais crescerão os novos grãos) 9. 5. Adições de elementos de liga tendem a aumentar a temperatura de recristalização (pois retardam a difusão). Prof. L.C.Simei Página 60 Faculdade NOTAS DE AULAS SENAI “Roberto Simonsen” Disciplina: Manutenção Mecânica Data: Fev/2013 Ver: 1 Semestre: 3° Muitas vezes, recusa-se realizar TQ e utiliza-se o TF junto com posterior recozimento10. Apesar de aumentar o custo do processo (sobretudo com metais reativos, que têm de ser recozidos em atmosferas inertes ou em vácuo), fornecem também grande versatilidade, pois se ajustando adequadamente o ciclo TF + recozimento, pode-se obter qualquer grau desejado de encruamento no produto final. Partículas e Inclusões Como resultado do trabalho mecânico, as partículas de segunda fase (inclusões, vazios, segregações, etc.) tendem a distribuir-se e assumir um formato, de forma grosseira, análogo à deformação da peça como um todo. Se as partículas e inclusões são dúcteis e mais moles do que a matriz, assumem forma alongada (1) (ex. MnS no aço); se forem frágeis, quebram-se em fragmentos que se orientam paralelamente à direção principal de trabalho (2) (ex. Al2O3 no aço); se forem mais duras e mais resistentes do que a matriz, não se deformam (3) (ex. SiO2 no aço). Figura 35. Micrografia com as Indicações de Inclusões e Partículas. A limpidez (nível de inclusões) é um parâmetro importante na seleção dos aços. Aços com a mesma composição química básica podem ter uma grande variação de propriedades mecânicas em função dos processos utilizados e das práticas de fabricação. Tratamentos de dessulfuração na panela, escória sintética e desgaseificação a vácuo podem produzir aços com alta limpidez (baixo nível de inclusões), necessários para algumas aplicações críticas, como na área nuclear. Entretanto, este nível de desempenho pode ser altamente conservativo e aumentar consideravelmente o custo de fabricação. Aços com altos níveis de inclusões ao contrário, podem não ser seguros e ocasionar fraturas catastróficas. Então, para se ter estruturas com níveis aceitáveis de propriedades mecânicas, deve-se considerar a integridade estrutural e seu custo. 9. Uma estrutura de grãos grosseiros apresenta propriedades mecânicas pobres, ao passo que um tamanho de grão fino fornece ao material alta resistência sem diminuir muito a ductilidade. 10. Termo genérico para tratamento térmico composto de aquecimento controlado até uma determinada temperatura, permanência nessa temperatura durante certo intervalo de tempo e resfriamento regulado, alterando a microestrura e propriedades do material. Prof. L.C.Simei Página 61