geoprocessamento aplicado ao planejamento urbano

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Anais do Simpósio Regional de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto - GEONORDESTE 2014
Aracaju, Brasil, 18-21 novembro 2014
GEOPROCESSAMENTO APLICADO AO PLANEJAMENTO URBANO – UM OLHAR
SOBRE AS TRANSFORMAÇÕES NA PAISAGEM URBANA OCORRIDAS NO BAIRRO
JABOTIANA, ARACAJU/SE.
Rafael da Cruz1, Anna Allice Souza Silva2, Luana Pereira Lima3, Antonio Carlos Campos4
1
Licenciado e Bacharelando em Geografia, membro do DAGEO, UFS, São Cristovão -SE, [email protected]
2
Bacharelanda em Geografia, membro do DAGEO, UFS, São Cristovão-SE, [email protected]
3
Licenciada e Bacharelanda em Geografia, membro do DAGEO, UFS, São Cristovão -SE, [email protected]
4
Mestre em Geografia, Professor do Departamento de Geografia, UFS, São Cristovão -SE, [email protected]
RESUMO: O presente trabalho trata-se de uma análise do processo de transformação da paisagem
urbana a partir da utilização do Sistema de Informações Geográficas (SIG). A pesquisa tem por objetivo
mostrar como as técnicas do geoprocessamento podem auxiliar em estudos sobre o espaço urbano, dando
ênfase ao crescimento do número de domicílios e o surgimento de novos serviços. A análise das
transformações urbanas foram verificadas através das fusões e desmembramentos dos setores
censitários, assim como, a partir da comparação entre fotografias aéreas dos anos 2003 e 2010. O bairro
Jabotiana, localizado na zona oeste do município de Aracaju motivou a investigação por apresentar
grandes transformações na sua paisagem, promovidas principalmente pela ação direta e indireta dos
diferentes agentes promotores da reprodução do espaço urbano.
PALAVRAS-CHAVE: SIG, paisagem urbana, planejamento, especulação imobiliária.
INTRODUÇÃO: Atualmente muito se discute sobre as modificações da paisagem, e como isso reflete
na vida dos homens. Sabe-se que toda e qualquer modificação espacial surge de uma necessidade, que
acaba por expor mudanças muitas vezes irreversíveis. Para Carlos (2008) “tal necessidade advém do
fato de se ter que suprir as condições materiais de existência do ser humano, da produção dos meios de
vida, que variam de acordo com o desenvolvimento das forças produtivas (que traz implícita a (re)
produção do espaço)”. Então, as modificações espaciais surgem por necessidade inerente a situação
humana, ... “emerge do cotidiano das pessoas através do modo de vida urbana” (CARLOS, 2008, p.85).
A partir da década de 90, com a expansão do uso dos computadores e dos programas de sistematização
de dados, foram intensificados os estudos e técnicas que se referem às transformações ocorridas na
paisagem urbana, objetivando possibilitar uma melhor visualização e, principalmente, futuros
planejamentos. Neste sentido, o geoprocessamento de dados e o georreferenciamento dos cadastros
urbanos se tornam técnicas inovadoras, que emergem como suporte necessário ao controle do
desenvolvimento da cidade. Atualmente, a utilização dos Sistemas de Informações Geográficas (SIGs)
podem fornecer valiosas contribuições no apoio às tarefas e aos projetos de planejamentos cada vez mais
complexos (LANG & BLASCHKE, 2009). Ou seja, se constituem em importantes ferramentas
holísticas para a análise, planejamento e gestão espacial. Assim, no presente artigo tratamos de explicar
o processo de urbanização do bairro Jabotiana utilizando as ferramentas ARCGis 10, QGIS e Global
Mapper para desvendar as transformações paisagísticas e econômicas do bairro.
MÉTODO E METODOLOGIA: A metodologia do trabalho consistiu em pesquisa bibliográfica sobre
os conceitos de paisagem, planejamento urbano e o geoprocessamento como ferramenta geográfica de
análise de espacial. Para a execução do projeto utilizamos a análise comparativa de fotografias aéreas
para quantificar o avanço imobiliário na área. Neste sentido, foram utilizadas fotografias aéreas dos anos
de 2003 (cedidas pela Secretaria de Planejamento do Estado de Sergipe) e de 2010 (disponibilizadas
pela Secretaria de Planejamento de Aracaju), nas quais foram utilizados os softwares Global Mapper 13
para georreferenciamento da imagem de 2003. Para composição dos shapefiles foi utilizado o software
Quantum Gis 2.0. Como subsídio a análise das imagens, optou-se por trabalhar com o recorte espacial
dos setores censitários e os dados referentes ao número de domicílios particulares, uma vez que, o
trabalho tem como objetivo estudar as transformações ocorridas na paisagem urbana do bairro com
ênfase no adensamento imobiliário causado pelos vários agentes modeladores do espaço urbano.
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Aracaju, Brasil, 18-21 novembro 2014
Figura 01 – Localização da Área de Estudo – Bairro Jabotiana –Aracaju - SE
Fonte: Prefeitura Municipal de Aracaju, SEPLAN, 2010. Organização: SILVA, Anna Allice Souza, 07/2014.
Como o IBGE não manteve similaridade entre o recorte espacial dos setores de 2000 e 2010, optou-se
por trabalhar apenas com os dados do último Censo Demográfico, e fazer uma correlação destes setores
com as imagens aéreas de datas próximas aos dois últimos censos realizados. Estes foram enumerados
pelos autores como forma de estruturar e organizar os dados de setores diferentes. É de fundamental
importância destacar que para o setor censitário número 10 não foram encontradas informações no banco
de dados do IBGE, fato que optamos por desconsiderar o mesmo. ÁREA DE ESTUDO: O bairro
Jabotiana está inserido na zona oeste do município de Aracaju. Seus limites são: ao norte a Avenida
Marechal Rondon (limite com o Bairro Capucho); ao sul o canal Grageru, o rio Poxim e a ferrovia
(limite com os bairros Inácio Barbosa e São Conrado); a oeste considera a linha imaginária originada no
marco geodésico mundé da Onça, que o limita com o município de São Cristóvão; a leste, seu limite é
representado pela Avenida Tancredo Neves (limite com os bairros América e Ponto Novo). O bairro
possui três conjuntos residenciais: Sol Nascente, JK e Santa Lúcia; também fazem parte do bairro as
comunidades da “Estrada da Jabotiana ou “Jabotianinha”, onde se originou o bairro; o Largo da
Aparecida e o Loteamento Jardim dos Coqueiros (margem esquerda da estrada de acesso à localidade
Aloque). Desde o final da década de 1970 é possível observar grande especulação imobiliária no bairro,
mas, nos últimos dez anos essa especulação se intensificou com a construção de vários conjuntos
residenciais e condomínios, que ao mesmo tempo em que valorizaram o espaço causou grandes impactos
socioambientais na área. Os elementos naturais como o morro da Jabotiana e a grande área verde das
margens do Rio Poxim sobressaiam dos demais elementos urbanísticos do bairro, fato que a partir do
acelerado processo de construções de condomínios fechados e a abertura de novas vias de acesso estão
transformando consideravelmente a paisagem.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Ao analisar a dinâmica da expansão urbana, através da correlação
dos dados dos setores censitários com as imagens aéreas, foi possível detectar quais áreas sofreram
maior adensamento imobiliário no bairro. Notamos que essa expansão se deu em direção as zonas norte
(no sentido das avenidas Marechal Rondon e Tancredo Neves) e oeste (limite com o município de São
Cristóvão). Este fenômeno de ocupação do bairro foi impulsionado principalmente pela especulação
imobiliária. Segundo o IBGE, entre os censos de 2000 e 2010, o número de domicílios particulares do
bairro teve um crescimento de 167%. Em valores absolutos, passou de 2.315 para 6.170 domicílios
respectivamente.
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Figura 02 – Áreas do bairro que sofreram as maiores transformações na paisagem
Fonte: Secretaria de Planejamento do Estado de Sergipe, 2003; Prefeitura Municipal de Aracaju, SEPLAN, 2010.
Organização: SILVA, Anna Allice Souza, 07/2014.
O acelerado processo de urbanização em um dos setores do bairro Jabutiana está representado na figura
abaixo (figura 03). Uma vez que o setor n° 15 no ano de 2003 apresentava-se desocupado teve a sua
paisagem totalmente modificada pela construção de condomínios habitacionais fechados.
Figura 03 – Adensamento imobiliário 2003/ 2010.
Fonte: Secretaria de Planejamento do Estado de Sergipe, 2003; Prefeitura Municipal de Aracaju, SEPLAN, 2010.
Organização: SILVA, Anna Allice Souza, 07/2014.
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Aracaju, Brasil, 18-21 novembro 2014
Este crescimento acelerado trouxe consigo grandes problemas de infraestrutura no bairro, pois estes não
acompanharam o ritmo do parcelamento do solo e especulação imobiliária. Um destes problemas mais
graves se reflete nas questões de mobilidade e acessibilidade. Atualmente, o bairro conta com apenas
duas vias principais que dão acesso aos conjuntos habitacionais do bairro e quatro vias secundárias,
todas elas ligadas a Avenida Tancredo Neves. A proposta de intervenção e aplicação do
geoprocessamento ao planejamento urbano no presente trabalho, pressupõe a criação de uma nova via
que interliga todo o bairro, tendo a Avenida Marechal Rondon como uma nova conexão no sentido de
melhorar o ritmo de entrada e saída da população do bairro.
BAIRRO JABOTIANA:
PROPOSTA DE
INTERVENÇÃO URBANA
Figura 04 – Proposta de intervenção no bairro Jabotiana
Fonte: Prefeitura Municipal de Aracaju, SEPLAN, 2010. Organização: SILVA, Anna Allice Souza, 07/2014.
CONCLUSÕES: Os resultados obtidos nesse trabalho apontam para a eficácia da utilização de SIGs e
técnicas de geoprocessamento para tomadas de decisões e controle do processo de expansão urbana no
bairro Jabotiana. Constatou-se também, que através da análise das imagens temporais podemos detectar
quais áreas sofreram os maiores adensamentos imobiliários e a tendência do bairro às futuras
transformações na paisagem, pois ainda possui uma extensa área verde propícia a especulação
imobiliária. Contudo, torna-se de fundamental importância o monitoramento dessas transformações por
parte dos poderes públicos locais, funcionando como um instrumento de planejamento, que tenha a
finalidade de proporcionar uma melhoria na qualidade de vida da população residente e um maior
controle de licenças dos adensamentos que levem em consideração as prerrogativas previstas nos
códigos urbanísticos e Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano do Município de Aracaju.
REFERÊNCIAS:
CARLOS, Ana Fani Alessandri. A (Re) produção do Espaço Urbano, Ana Fani Alessandri Carlos.
1ed. Rumpr. São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 2008.
CORDOVEZ, J. C. G. Geoprocessamento como ferramenta de gestão urbana. Simpósio Regional de
Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto, v. 1, 2002.
DOMINGUES, Cristiane Vaz; FRANÇOSO, Maria Teresa. Aplicação de geoprocessamento no
processo de modernização da gestão municipal.Revista Brasileira de Cartografia, v. 1, n. 60, 2009.
LANG, Stefan. Análise da paisagem com SIG, Stefan Lang, Tomas Blaschke; Tradução Hermann
Kux. São Paulo: Oficina de textos, 2009.
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Anais do Simpósio Regional de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto - GEONORDESTE 2014
Aracaju, Brasil, 18-21 novembro 2014
PEREIRA, Gilberto Corso; SILVA, Barbara-Christine Nentwig. Geoprocessamento e urbanismo.
Teoria, técnica, espaço e atividades. Temas de geografia contemporânea. Rio Claro: Unesp, p. 97137, 2001.
PMA- Prefeitura Municipal de Aracaju. Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Aracaju,
2000.
SANTOS, Milton. Manual de Geografia Urbana. Milton Santos. 3ed. São Paulo. Editora da
Universidade de São Paulo, 2008.
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