UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE FITOTECNIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA/FITOTECNIA FRANCISCO XAVIER DE SOUZA CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DE CLONES ENXERTADOS DE CAJAZEIRA NA CHAPADA DO APODI, CEARÁ FORTALEZA 2005 FRANCISCO XAVIER DE SOUZA CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DE CLONES ENXERTADOS DE CAJAZEIRA NA CHAPADA DO APODI, CEARÁ Tese submetida à coordenação do Curso de PósGraduação em Agronomia na área de concentração de Fitotecnia da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Agronomia. Orientador: Prof. Dr. José Tarciso Alves Costa FORTALEZA 2005 S715c Souza, Francisco Xavier de Crescimento e desenvolvimento de clones enxertados de cajazeira na chapada do Apodi, Ceará/ Francisco Xavier de Souza. – Fortaleza, 2005. 80 f. il. Tese (Doutorado em Agronomia/Fitotecnia) – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2005. Orientador: Dr. José Tarcíso Alves Costa 1. Taperebá, 2. Spondias mombin 3. Enxertia 4. Fruticultura 5. Cajá. I. Título. C.D.D. 632 C.D.U. 631.541 DEDICO Especialmente à Lúcia de Fátima, minha mulher, e aos nossos filhos – Ximênia Mariama, Luís Fernando e André Lucas – pela companhia e compreensão nas ausências necessárias à realização do Curso. Aos meus pais, Pergentino e Odete, pelos bons exemplos e educação, aos meus irmãos e irmãs. Às minhas tias Estela, Mundica, Conceição, Adeil e Celina pelas acolhidas fraternas em seus lares. OFEREÇO Àqueles que consultem esta tese e nela encontrem informações as quais contribuam para o aumento de seus conhecimentos e/ou os ajudem na elaboração de hipóteses científicas que venham a contribuir para geração de soluções tecnológicas para os problemas de pesquisa da cadeia produtiva da cajazeira. Francisco Xavier de Souza AGRADECIMENTOS À Embrapa Agroindústria Tropical, ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, ao Instituto de Desenvolvimento da Fruticultura e Agroindústria e à Coordenação do Curso de Pós-Graduação de Fitotecnia da Universidade Federal do Ceará, pelo apoio financeiro para realização desta pesquisa; Ao corpo docente dos Departamentos de Fitotecnia e Bioquímica da Universidade Federal do Ceará, pelos ensinamentos ministrados durante o curso; Ao Engenheiro Agrônomo Afonso Batista de Aquino, Coordenador do Instituto Frutal, pela gerência dos recursos financeiros do Padfin e colaboração na execução da pesquisa; Ao Engenheiro Agrônomo Francisco Férrer Bezerra, ex-Chefe da Embrapa Agroindústria Tropical, pelo apoio para realização do curso na Universidade Federal do Ceará; Ao Professor José Tarciso Alves Costa, pela amizade, orientação e ensinamentos transmitidos durante o Curso e a realização deste trabalho; Aos Professores Renato Inneco, Francisco José Alves Fernandes Távora e ao Engenheiro Agrônomo Marlos Alves Bezerra, pelas relevantes sugestões como Conselheiros; Aos Engenheiros Agrônomos, Pesquisadores da Embrapa Agroindústria Tropical, João Ribeiro Crisóstomo, pelas valiosas sugestões como Co-orientador e Conselheiro Acadêmico, Raimundo Nonato Lima, pela amizade, valiosas sugestões na coleta e análise estatística dos dados experimentais, e Francisco de Oliveira Freire, pela revisão do Abstract; À Bibliotecária, da Embrapa Agroindústria Tropical, Ana Fátima Costa Pinto, pela revisão das Referências Bibliográficas; Aos colegas do Curso de Agronomia em Fitotecnia, pela convivência fraterna durante o Curso e nas longas jornadas de estudo e abstração, especialmente a Aécio Bezerra, Anielson dos Santos, Cláudia Marco, Desireé Esmeraldino, Eliseu Marlônio, Enéas Carvalho, Everton Cordeiro, Leonardo da Silva e Murilo Pedrosa; À Ximênia Mariama de Souza, minha querida filha, pela valiosíssima ajuda na composição deste trabalho; Ao Secretário do Curso, Deocleciano Xavier, pelas informações e pelos atendimentos prestados; A todos que, de algum modo, também contribuíram para a realização deste trabalho. “Na investigação científica não basta examinar; é necessário contemplar: impregnemos de emoção e simpatia às coisas observadas; façamo-las nossas, tanto pelo coração como pela inteligência. Só assim nos entregarão o seu segredo. Porque o entusiasmo aumenta e afina nossa capacidade perceptiva”. Santiago Ramon y Cajal RESUMO A enxertia de clones selecionados de cajazeira em diferentes porta-enxertos proporcionará a formação de combinações de plantas vigorosas que fixem características desejáveis de cultivo, como porte baixo, precocidade e uniformidade de frutificação, altas produtividades e frutos de qualidade. Assim sendo, um pomar experimental com clones de cajazeira foi plantado em fevereiro de 2000, na chapada do Apodi em Limoeiro do Norte, CE. Utilizou-se o delineamento experimental de blocos ao acaso, em esquema fatorial (cinco copas x dois porta-enxertos), com quatro repetições e quatro plantas por parcela. As copas foram obtidas de plantas adultas e produtivas das localidades de Capuan, Caucaia-CE; Curimatã, Pacajus-CE; Gereau e Ladeira Grande, Maranguape-CE; e Lagoa Redonda, Messejana-CE, e os porta-enxertos de sementes, de cajazeira e de umbuzeiro. O objetivo do trabalho foi caracterizar o crescimento vegetativo (altura de planta, perímetro dos caules do porta-enxerto e do enxerto, formato da copa, épocas de emissão e abscisão foliar) e a atividade reprodutiva (épocas de floração, frutificação e produção de frutos) dos clones de cajazeira. Os clones Gereau e Lagoa Redonda foram os mais vigorosos, tiveram as maiores alturas de planta (390 cm) e espessuras de caule (57 cm). O Ladeira Grande foi o menos vigoroso, apresentando as menores altura (220 cm) e espessura de caule (49 cm), diferindo significativamente dos demais. O porta-enxerto de cajazeira formou caule mais grosso que o de umbuzeiro. A razão entre os perímetros de caule (enxerto e porta-enxerto) foi menor que 1,0 no porta-enxerto de cajazeira e maior no de umbuzeiro. Dos 12 para os 30 meses, houve diminuição na percentagem de plantas de copas monopodiais de 76,4% para 5,7% e aumento das simpodiais de 17% para 72,4%, devido às podas de formação. O número de frutos por cacho variou de 8, 14, 25, 38, 56 e 80, entre os clones. Algumas plantas dos clones Lagoa Redonda e Gereau sobre umbuzeiro produziram de 100 a 300 cachos de fruto por planta. As combinações de copas de cajazeira com porta-enxertos de umbuzeiro e de cajazeira: i) formam clones vigorosos, que fixam os aspectos fenotípicos e morfológicos distintos a cada combinação, reduzem o porte das plantas e não alteram o padrão de crescimento do caule principal e o formato de copa; ii) formou plantas com troncos mais vigorosos quando enxertada sobre porta-enxerto de cajazeira; iii) formou razões de perímetros de caule, enxerto e porta-enxerto maiores nas combinações com umbuzeiro, mas sem indícios de incompatibilidade; iv) aumentou o porte, precocidade e produtividade dos clones, notadamente do Gereau e Lagoa Redonda quando enxertados sobre umbuzeiro; v) é de menor porte no clone Ladeira Grande. Palavras-chave: Taperebá, Spondias mombin, enxertia, fruticultura, cajá. ABSTRACT Grafting of selected clones of Spondias mombin L. (Anacardiaceae) on different rootstocks may allow the formation of vigorous combinations with dwarf plants showing uniform fruition, high productivities and high quality fruits. To check this hypothesis an experimental orchard was established in February 2000, at the Apodi Plateau, in Limoeiro do Norte county, State of Ceará (Brazil). A randomized block design was used with a factorial 5x2 (5 scions on 2 rootstocks), with 4 replicates and 4 plants per plot. Scions stem from superior plants collected in the counties of Caucaia (Capuan locality), Pacajus (Curimatã locality), Maranguape (Gereau e Ladeira Grande localities) and Messejana (Lagoa Redonda locality). Rootstocks were prepared from seeds of S. mombin L. and S. tuberosa Arruda. All scions and rootstocks were collected in Ceará State. The parameters assessed were the vegetative growth (plant hight, girth of graft and rootstock, canopy shape, flushing and leaf abscision periods) and reproductive features (flowering and fruition periods as well as yield). Clones Gereau and Lagoa Redonda were the most vigorous, higher (3.9 m) and with bigger stem girth (57 cm). Ladeira Grande showed the poorest peformance in hight (2.2 m) and stem girth (49 cm), being statistically different from the others. As far as the rootstocks are concerned those from S. mombim were superior to S. tuberosa. The stem girth ratio was less than 1.0 for S. mombin rootstocks and higher than 1.0 for S. tuberosa rootstocks. From 12 to 30 months a decrease occurred in the percentage of plants with monopodial canopy (from 76.4% to 5.70%) in contrast to the increase of plants with sympodial canopy (from 17.0% to 72.4%) due to the pruning. The number of fruits per bunch of studied clones presented values of 8, 14, 25, 38, 56 and 80. Some plants of Lagoa Redonda and Gereau clones on S. tuberosa yielded from 100 to 300 bunches. Final results confirmed that scions of S. mombin grafted on rootstocks of S. mombin and S. tuberosa produced combinations with the following characterists: vigorous clones with distinct phenotypic and morphological features such as low hight, uniform canopies and standardized main stem growth; S. mombin rootstocks allowed the formation of plants with more vigorous stems compared with rootstocks of S. tuberosa; the stem girth, graft and rootstock ratios were higher for combinations on S. tuberosa, but without indications of grafting incompatibility; the rootstock of S. tuberosa increase plant hight, productive and precocious of clones Gereau e Lagoa Redonda; clone Ladeira Grande showed the lowest hight. Keywords: Yelow mombin, Spondias mombin, grafting, fruit, hog plum. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – Croqui de campo do experimento instalado no delineamento de blocos ao acaso em esquema fatorial (cinco copas x dois porta-enxertos). Limoeiro do Norte, CE, 2005. ........................................................................ 40 FIGURA 2 – Vista parcial do pomar de cajazeira, com detalhe das linhas de plantio. A) plantas com um ano de idade e B) com cinco anos de idade. Limoeiro do Norte, CE, 2005. ......................................................................... 42 FIGURA 3 – Árvores de cajazeira dos clones: A) Gereau e B) Ladeira Grande com cinco anos de idade. Limoeiro do Norte, CE, 2005. ....................................... 49 FIGURA 4 – Detalhes de troncos de cajazeiras enxertadas sobre porta-enxerto de cajazeira (A) e de umbuzeiro (B e C) na linha de união. Limoeiro do Norte, CE, 2005. ............................................................................................. 57 FIGURA 5 – Plantas enxertadas de cajazeira com formatos de copa: A) monopodial, B) bifurcada, em forma de Y e C) simpodial. Limoeiro do Norte, CE, 2005. ............................................................................................................... 59 FIGURA 6 – Plantas enxertadas de cajazeira, totalmente desfolhadas, em fase de repouso vegetativo, aos 55 meses de idade. Limoeiro do Norte, CE, 2005. ............................................................................................................... 60 FIGURA 7 – Emissão e desenvolvimento de brotações, folhas e flores de clones enxertados de cajazeira, no período de novembro a março, em três ciclos (2002/3; 2003/4 e 2004/5). Limoeiro do Norte, CE, 2005. .................. 61 FIGURA 8 – Representação das fenofases da cajazeira enxertada durante o ano. Limoeiro do Norte, CE, 2005. ........................................................................ 62 FIGURA 9 – Detalhe de rugosidades característica em casca de caules de cajazeira. Limoeiro do Norte, CE, , 2005. ...................................................................... 63 FIGURA 10 – Representação de caules de cajazeira em fase de repouso vegetativo (caducos). Limoeiro do Norte, CE 2005. ........................................................ 64 FIGURA 11 – Níveis de produção de frutos e percentagem de plantas produtivas de combinações de cinco copas de cajazeira sobre dois porta-enxertos no período de 2003/2004. Limoeiro do Norte, CE, 2005. . .................................. 66 FIGURA 12 – Níveis de produção de frutos e percentagem de plantas produtivas de combinações de cinco copas de cajazeira enxertadas sobre porta- enxertos de cajazeira e umbuzeiro no período de 2003/2004. Limoeiro do Norte, CE, 2005. . ....................................................................................... 67 FIGURA 13 – Níveis de produção de frutos e percentagem de plantas produtivas de combinações de cinco copas de cajazeira sobre dois porta-enxertos no período de 2004/2005. Limoeiro do Norte, CE, 2005. ................................... 68 FIGURA 14 – Níveis de produção de frutos e percentagem de plantas produtivas de combinações de cinco copas de cajazeira enxertadas sobre portaenxertos de cajazeira e umbuzeiro no período de 2004/2005. Limoeiro do Norte, CE, 2005. ........................................................................................ 69 FIGURA 15 – Detalhe de estruturas reprodutivas de cajazeira: A) panícula; B e C) cachos com frutos em diferentes estágios de maturação. Limoeiro do Norte, CE, 2005. .............................................................................................. 69 FIGURA 16 – Árvores de cajazeira dos clones: A) Lagoa Redonda e B) Capuan, com 62 meses de idade em frutificação. Limoeiro do Norte, CE, 2005. ............... 70 LISTA DE TABELAS TABELA 1 - Normais meteorológicas do período de 1961 a 1990 obtidas em estação de 1ª classe de Morada Nova, CE (6°5’ S e 39°23’ W). ................................. 32 TABELA 2 - Resultados de análises químicas, granulométrica e de micronutrientes de amostras de solo da área experimental, coletadas em janeiro de 20001. Limoeiro do Norte, CE, 2005. ............................................................ 38 TABELA 3 - Representação dos tratamentos formados por combinações de cinco copas de cajazeira com dois porta-enxertos empregados no experimento. Limoeiro do Norte, CE, 2005. .................................................. 39 TABELA 4 - Análise de variância do experimento instalado em delineamento de blocos ao acaso em esquema fatorial (cinco copas x dois portaenxertos). Limoeiro do Norte, CE, 2005. ........................................................ 41 TABELA 5 - Análises de variâncias de variáveis de crescimento vegetativo de clones de cajazeira enxertados sobre porta-enxertos de cajazeira e umbuzeiro, em cinco idades. Limoeiro do Norte, CE, 2005............................ 47 TABELA 6 - Altura de planta (cm) de clones de cajazeira enxertados sobre portaenxertos de cajazeira e umbuzeiro, em cinco idades. Limoeiro do Norte, CE, 2005. ............................................................................................. 48 TABELA 7 - Perímetro de caule de porta-enxerto (cm) de clones de cajazeira enxertados sobre porta-enxertos de cajazeira e umbuzeiro, em cinco idades. Limoeiro do Norte, CE, 2005. ............................................................ 51 TABELA 8 - Perímetro de enxerto (cm) de clones de cajazeira enxertados sobre porta-enxertos de cajazeira e umbuzeiro, em cinco idades. Limoeiro do Norte, CE, 2005. ............................................................................................. 53 TABELA 9 - Relação entre perímetro de caule de enxerto e de porta-enxerto de clones de cajazeira enxertados sobre porta-enxertos de cajazeira e umbuzeiro, em cinco idades. Limoeiro do Norte, CE, 2005. .......................... 56 TABELA 10- Percentagens de formatos de copa de combinações de cinco genótipos de cajazeira sobre dois porta-enxertos, em três idades (meses). Limoeiro do Norte, CE, 2005. ........................................................................ 58 TABELA 11 - Percentagens de formatos de copa de combinações de cinco genótipos de cajazeira enxertados sobre cajazeira e umbuzeiro, em três idades (meses). Limoeiro do Norte, CE, 2005. .......................................................... 59 SUMÁRIO RESUMO ............................................................................................................................................ 7 ABSTRACT........................................................................................................................................ 8 LISTA DE FIGURAS.......................................................................................................................... 9 LISTA DE TABELAS ....................................................................................................................... 11 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 13 2 REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................................................... 14 2.1 Importância Econômica da Cajazeira ............................................................................................. 14 2.2 Origem e Dispersão Geográfica ...................................................................................................... 15 2.3 Botânica........................................................................................................................................... 17 2.3.1 Taxonomia.................................................................................................................................... 17 2.3.2 Descrição da Planta ..................................................................................................................... 18 2.4 Caracterização das Áreas de Ocorrência ......................................................................................... 20 2.5 Propagação ...................................................................................................................................... 22 2.6 Importância do Porta-Enxerto ......................................................................................................... 24 2.7 Ciclo Ontogenético.......................................................................................................................... 26 2.7.1 Crescimento Vegetativo .............................................................................................................. 26 2.7.2 Evocação floral e Atividade Reprodutiva .................................................................................... 29 2.8 Fenologia......................................................................................................................................... 31 2.9 Senescência e Abscisão................................................................................................................... 32 3 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................................... 35 3.1 Local do Experimento ..................................................................................................................... 35 3.2 Tratamentos e Delineamento Experimental .................................................................................... 38 3.3 Formação das Mudas, Plantio e Condução do Pomar ..................................................................... 40 3.4 Variáveis Avaliadas......................................................................................................................... 42 3.5 Análise e Interpretação dos Dados Experimentais .......................................................................... 43 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................................... 44 4.1 Crescimento Vegetativo de Plantas Enxertadas de Cajazeira ......................................................... 44 4.1.1 Altura de Planta............................................................................................................................ 44 4.1.2 Perímetros de Caule da Planta Enxertada..................................................................................... 48 4.2 Formato de Copa ............................................................................................................................. 56 4.3 Senescência, Abscisão, Emissão de Folhas e de Ramos ................................................................. 59 4.4 Floração e Produção de Frutos ........................................................................................................ 63 5 CONCLUSÕES .............................................................................................................................. 69 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................... 70 13 1. INTRODUÇÃO A família Anacardiaceae destaca-se por agrupar diversas espécies frutíferas importantes, como as Spondias, o cajueiro (Anacardium occidentale L.), a mangueira (Mangifera indica L.) e o pistache (Pistacia vera L.), que são exploradas economicamente em várias áreas tropicais e subtropicais do mundo. Do gênero Spondias, destacam-se a cajazeira (S. mombin L.), o umbuzeiro (S. tuberosa Arruda), a cajaraneira (S. dulcis Parkinson), a cirigüeleira (S. purpurea L.) e a umbucajazeira (Spondias sp.). Essas espécies são exploradas extrativamente ou em pomares domésticos e não fazem parte das estatísticas oficiais, mas, mesmo assim, têm grande importância socioeconômica para as regiões Norte e Nordeste do Brasil. Seus frutos são consumidos na forma in natura ou processados como polpas, sucos, geléias, néctares e sorvetes de excelente qualidade e alto valor comercial, o que torna viável a exploração agroindustrial dessas fruteiras. O fruto da cajazeira, devido a seu característico flavor, produz produtos cuja demanda é crescente e insatisfeita. Em face da falta de pomares comerciais, as agroindústrias ficam totalmente dependentes da produção obtida do extrativismo, que é sazonal e insuficiente para operacionalização das fábricas. Os fatores mais limitantes para o cultivo da cajazeira são o alto porte, a longa fase juvenil (Souza, 1998) e as variações de formato de copa, produtividade, tamanho e sabor dos frutos das plantas (Villachica, 1996), que na sua maioria são obtidas de sementes. O emprego de plantas clonadas é uma alternativa de superação desses problemas na maior parte das fruteiras cultivadas. A propagação da cajazeira a partir de rebentos de raízes e de estações de caule não se tornou viável para a formação de pomares comerciais, devido aos baixos rendimentos de produção de mudas. A propagação por garfagem notadamente sobre porta-enxertos de outras Spondias, conforme Souza, Innecco e Araújo (1999) e Souza (2000) tem se destacado como o método mais apropriado e eficiente, com altos índices de pega e possibilitando a formação de mudas para o plantio 60 dias após a enxertia. Plantas enxertadas são combinações de genótipos que podem proporcionar características não previsíveis de crescimento e desenvolvimento diferentes de seus componentes. Tais características resultam do próprio processo de enxertia, de reações de incompatibilidade ou de influências mútuas das partes envolvidas (Kester, 1976; Hartmann et al., 2002) e podem ser desejáveis para o cultivo em termos de porte, precocidade de frutificação, uniformidade produtiva e qualidade de frutificação. 14 O presente trabalho tem como objetivo caracterizar o crescimento vegetativo (altura de planta, perímetro dos caules do porta-enxerto e do enxerto, formato da copa, épocas de emissão e abscisão foliar) e a atividade reprodutiva (épocas de floração, frutificação e produção de frutos) de combinações de copas de cajazeira enxertadas sobre porta-enxertos de pé franco de umbuzeiro e da própria cajazeira, estabelecidos em cultivo organizado na chapada do Apodi, em Limoeiro do Norte, CE. 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. Importância Econômica da Cajazeira A cajazeira é uma árvore frutífera tropical lenhosa, ainda em domesticação. Tem porte alto, folhas caducas e tronco revestido por casca grossa e rugosa que esgalha e ramifica na parte terminal, o que confere um porte alto à planta. A copa é ampla, vistosa e imponente quando em fase de floração e frutificação (SOUZA; BLEICHER, 2002). Os frutos da cajazeira são nuculânios perfumados com mesocarpo carnoso, amarelo de sabor agridoce, contendo carotenóides, açúcares, vitaminas A e C (BARROSO et al., 1999). Utilizam-se cajás na confecção de polpas, sucos, picolés, sorvetes, néctares e geléias de excelente qualidade e elevado valor comercial (SOUZA, 2000). Isso, aliado à descoberta das propriedades medicinais antibacteriana e antiviral (Ajao; Shonukan; FemiOnadeko, 1985) dos taninos encontrados no extrato dos ramos e das folhas, poderá aumentar ainda mais a exploração agroindustrial da espécie. No Norte e Nordeste do Brasil, a forma de exploração dos frutos da cajazeira é extrativista (Sampaio, 2002) – os frutos são colhidos de árvores encontradas de forma espontânea nas matas de terra firme e várzeas e subespontânea em quintais e pomares domésticos (SOUZA, 1988). Essa forma de exploração e a sazonalidade de produção são responsáveis pela baixíssima oferta de frutos e pela demanda insatisfeita durante todo o ano, sendo estes os principais problemas para as agroindústrias que são obrigadas a demitir os empregados, e ficam ociosas durante vários meses do ano. Como o extrativismo é a principal atividade econômica dos povos da floresta, Ruíz et al. (1997) entrevistaram moradores das Reservas Extrativistas Chico Mendes e Alto Juruá, no Acre, e estes mencionaram utilizar 158 espécies de plantas. Dessas, 20 foram citadas por mais de 40% dos entrevistados, dentre as quais a cajazeira (S. mombin), usada como alimento, bebida e remédio, portanto com potencial de uso doméstico e comercial. Em 15 estudo sobre a diversidade florística realizada por Silveira e Daly (1999), também no Acre, os cajás (Spondias globosa J. D. Mitch. & Daly, Spondias mombin L. var. mombin, Spondias mombin L. var. globosa J. D. Mitch. & Daly e Spondias testudinis J. D. Mitch. & Daly) foram considerados recursos genéticos significativos e fruteiras de ampla utilização pelos povos tradicionais da floresta. Segundo Sacramento e Souza (2000), o fruto da cajazeira recebe diversos nomes nos países em que é encontrado. No Brasil, é chamado de cajá, cajá-mirim, taperebá, cajá verdadeiro; no Suriname, de mopé, hooboo; nas Antilhas Holandesas, de macaprein, hoba, yellow plum; na Guiana Francesa, de prunier mombin; em Guadalupe, de mombin fruits jaunes, prune mombin, prune myrobolan; no Haiti, de mombin franc, myrobolane; na Colômbia, de jobo colorado, jobo de castilla; na Venezuela, de marapa; na Nicarágua, de jocote de jobo, ciruela de jobo; nas Honduras, de ciruela de monte, jocote; na Guatemala, de jocote jobo, jobo jocote; em Cuba, de jobo hembra; na República Dominicana, de ciruela, joboban, jobo de poerco; no México e no Equador, de ciruela amarilla; em Porto Rico, de jobillo, jobo vano, jobo de perro. Em alguns países de idioma inglês, de hog plum, yellow mombin; em outros de língua espanhola, de ciruela marilla e em certas nações onde se fala francês, de mombin, mombin jaune, prune dór, prunier mombin, prunier myrobolan. Em um diagnóstico sistemático de prospecção tecnológica realizado pela Embrapa Agroindústria Tropical, a cajazeira foi identificada como demanda prioritária de P&D, em virtude da forte erosão genética e da importância econômica e social de sua cadeia produtiva, que, para ser competitiva, necessita de tecnologias, como clones para cultivo e sistemas de produção e de processamento que a torne competitiva o bastante para gerar impactos relevantes na geração de empregos e renda para os mercados nacional e internacional (EMBRAPA, 1993, 2000). 2.2 Origem e dispersão Geográfica A cajazeira (Spondias mombin L.) é nativa das terras baixas do México e das Américas Central e do Sul (Croat, 1974), comum nas florestas úmidas do sul do México até Peru e Brasil e no oeste da Índia (Morton, 1987), ou seja, nativa da América tropical (AIRY SHAW; FORMAN, 1967; PURSEGLOVE, 1984; LÉON, 1987). Leon e Shaw (1990) afirmam que, além da cajazeira, as espécies de cirigüeleira (Spondias purpurea L.) e de umbuzeiro (Spondias tuberosa Arruda) são também originadas da América tropical, enquanto 16 Mitchell e Daly (1998) afirmam que a cajazeira é nativa da região que abrange o sul do México até o Paraguai e o leste do Brasil, sendo amplamente cultivada nos trópicos úmidos. Segundo Mitchell e Daly (1995), as espécies de Spondias ocorrem na Ásia, na Oceania e nos neotrópicos, sendo os centros de diversidade a Mata Atlântica e a Amazônia ocidental do Estado do Acre, Brasil, e regiões limítrofes do Peru e da Bolívia. No Brasil, as cajazeiras são encontradas isoladas ou agrupadas, notadamente em regiões da Amazônia e da Mata Atlântica e nas zonas mais úmidas dos Estados do Nordeste, principalmente na faixa litorânea e nas serras, e de forma espontânea ou subespontânea em matas, campos de pastagens ou pomares domésticos (SOUZA, 2000). Em Porto Rico, a cajazeira também se encontra associada com outras espécies em bosques secundários e penetra em bosques primários, provavelmente através de perturbações naturais (FRANCIS, 1992). Na Amazônia, a cajazeira é encontrada nas florestas de terra firme e de várzea, sendo comum em lugares habitados, porém em estado subespontâneo (CAVALCANTE, 1976). Segundo Sampaio (2002), a cajazeira é uma fruteira típica de zonas úmidas e subúmidas, só aparece na caatinga quando plantada, principalmente nas regiões costeiras de maior precipitação, nos limites mais úmidos do agreste e nas regiões e pés de serra do Ceará e do Rio Grande do Norte (Portalegre e São João do Sabuji). Na Paraíba, as cajazeiras podem ser encontradas em várias regiões do Estado, porém mais freqüentemente em povoamentos naturais na micro-região do Brejo-Paraibano. No Ceará, ocorre com maior freqüência nas zonas litorâneas próximas à Fortaleza e nas serras de Guaramiranga, Baturité, Meruoca e Ibiapaba. Na Bahia, a cajazeira encontra-se presente nas áreas de plantio de cacau da região Sul, principalmente entre os paralelos 14ºS e 16ºS, numa faixa de 100 km a partir do litoral, com maior concentração nos municípios onde há exploração comercial de cacau (SACRAMENTO; SOUZA, 2000). No Nordeste brasileiro, as principais espécies de Spondias existentes são a cajazeira (S. mombin L.), a cirigueleira (S. purpurea L.), a cajaraneira (S. dulcis Parkinson), o umbuzeiro (S. tuberosa Arruda), a umbu-cajazeira e a umbugueleira (Spondias spp.), todas largamente exploradas através do extrativismo e com grande potencial de exploração agroindustrial (SOUZA, 1998). Ressalta-se que nas viagens de prospecção e de coleta de propágulos encontraramse, nos municípios de Princesa Isabel, na Paraíba, e Maranguape, Quixadá, Itaitinga e Pindoretama, no Ceará, árvores do gênero Spondias com fenótipo, porte da planta, aparência dos ramos, tamanho, formato e coloração dos frutos diferente dos das Spondias já conhecidas 17 e nominadas. Essas plantas provavelmente se originaram por hibridação natural entre as Spondias existentes na região, como a umbu-cajazeira, que, segundo Giacometti (1993), provavelmente é um híbrido entre S. mombin e S. tuberosa. Essas suposições são fortalecidas pelas afirmativas de Santos, Nascimento e Araújo (1999) – que mencionam a existência de plantas, em condições naturais, apresentando caracteres intermediários entre algumas espécies do gênero, o que indica não apenas a viabilidade de cruzamentos naturais, mas, também, a presença de fracas barreiras de incompatibilidade dentro do gênero, e pelos problemas taxonômicos que ocorrem no Acre, envolvendo a S. mombin, uma entidade morfológica que se estende do leste do Equador para o norte da Bolívia, e outra que provavelmente é um novo táxon chamado de cajá-açu, a qual pode ser um híbrido entre S. testudinis e S. mombin (MITCHELL; DALY, 1998). 2.3 Botânica 2.3.1 Taxonomia Em seu tratado botânico Genera Plantarum de 1753, Linnaeus criou o gênero Spondias, que compreende as bem conhecidas “ameixas dos trópicos”. Naquela época, se conhecia apenas uma espécie do gênero, a cajazeira (Spondias mombin L.), ficando o gênero monotípico por cerca de dez anos (AIRY SHAW; FORMAN, 1967). A família Anacardiaceae possui 79 gêneros, com distribuição predominantemente nas regiões tropicais e subtropicais do mundo (JOLY, 2002). Dentre os quais, está o gênero Spondias, que segundo a literatura, tem a seguinte posição taxonômica: Domínio – Eukarya; Reino – Plantae; Filo – Anthophyta; Divisão – Spermatophyta; Subdivisão – Angiospermae; Classe – Eudicotiledoneae; Subclasse – Archichlamidae; Ordem – Sapindales; Família – Anacardiaceae; Tribo – Spondiadeae, e Gênero – Spondias L. (AIRY SHAW; FORMAN, 1967; RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2001; JOLY, 2002). Muitas espécies de Anacardiaceae se destacam comercialmente, como a mangueira (Mangifera indica L.), o pistache (Pistacia vera L.) e o cajueiro (Anacardium occidentale L.). Outras são ainda pouco exploradas, como as do gênero Spondias – cajazeira (S. mombin L.), cajaraneira (S. dulcis Parkinson), cirigüeleira (S. purpurea L.), umbuzeiro (S. tuberosa Arruda), umbu-cajazeira e umbugueleira (Spondias spp) – muito valorizadas devido aos seus saborosos frutos e produtos processados, como sucos, geléias, néctares, sorvetes e picolés – e as aroeiras (Astronium 18 fraxinifolium Schoot. e Schinus terebentifolius Raddi.), conhecidas como árvores produtoras de madeira de excelente qualidade. As quatro espécies, Spondias mombin L., Spondias purpurea L., Spondias dulcis Parkinson sinonímia Spondias cytherea Sonn. e Spondias pinnata (L.f.) Kurtz, (esta última nativa da Indomalásia), constituíram essencial núcleo do gênero por muitos anos (AIRY SHAW; FORMAN, 1967). O gênero Spondias consiste de 18 táxons, sendo que nove espécies ocorrem na Ásia e na Oceania e nove táxons nos neotrópicos, incluindo uma espécie vinda da Ásia (MITCHELL; DALY, 1995), a S. dulcis Parkinson, introduzida da Oceania, e mais uma nova espécie, a cajá de jabuti (S. testudinis J.D. Mitch. & Daly), originária do sudoeste da Amazônia, que parece ser restrita às regiões do Acre, no Brasil, do Pando, na Bolívia, e de Huanuco e Ucayali, no Peru. Grupos de espécies simpátricas ocorrem em regiões distintas: na América Central, S. mombin L. e S. radlkoferi Donn. Sm. são às vezes encontradas na mesma localidade; nas florestas brasileiras da costa Atlântica, S. mombin, S. macrocarpa Engl. e S. venulosa Mart. ex Engl. foram todas coletadas nas mesmas áreas, embora não esteja claro se esses congêneres ocorrem em grande proximidade um do outro. Os problemas taxonômicos mais recalcitrantes no gênero são encontrados no oeste e sudoeste da Amazônia, onde há pelo menos três espécies nativas e uma cultivada. Lá também se encontra uma nova espécie muito diferente, cujo nome comum no Acre, Brasil, é cajá de jabuti e um complexo envolvendo a amplamente disseminada S. mombin e uma entidade morfológica que se estende do leste do Equador para o norte da Bolívia, mas as distinções entre essas duas são mascaradas por numerosos intermediários de origem aparentemente híbrida. Um terceiro membro, que, provavelmente, representa um novo táxon, é conhecido no Acre pelo nome regional de cajáaçu, e pode ser um híbrido entre S. testudinis x S. mombin (MITCHELL; DALY, 1998). Estudos citogenéticos de ápices de raízes constataram que a cajazeira tem número cromossômico diplóide, 2n=32 e provável nível de ploidia 2x (GUERRA, 1986). 2.3.2 Descrição da Planta A cajazeira segundo Airy Shaw e Forman (1967) provavelmente, é a mais antiga espécie de Spondias conhecida no Velho Mundo, faz parte da coleção do Jardim Botânico de Calcutá desde 1847. Pelas descrições desses autores, as inflorescências da cajazeira surgem 19 antes das folhas, ou acompanhadas apenas por folhas jovens; os frutos são elipsóides a subglobosos largos, com 4 a 5cm de comprimento. Airy Shaw e Forman (1967) fizeram uma revisão do gênero para a Ásia tropical e constataram que os caracteres mais variáveis são: divisão das folhas (simples, pinadas ou bipinadas); margem dos folíolos (inteiros ou crenados); nervura intra-marginal (presente ou ausente); inflorescência (precoce ou não; terminal e composta ou lateral e quase simples); número de carpelos (1 ou até 4-5) e forma e estrutura do endocarpo. A cajazeira é uma árvore ereta, soberba no aspecto, podendo atingir mais de 20 m de altura e com tronco revestido por casca muito grossa, acinzentada, rugosa, saliente e fendida (LORENZI, 1992). A copa esgalha e ramifica na parte terminal e confere um porte alto à planta, tornando-a vistosa e imponente quando em fase de floração e frutificação (SOUZA; BLEICHER, 2002). Os ramos, por serem longos e eretos, são utilizados em cercas como postes e estacas; alguns enraízam e se desenvolvem em grandes árvores (BAILEY, 1963). As folhas são compostas, alternas, imparipinadas, com 5-11 pares de folíolos, espiraladas ¼ , pecioladas, peciólulo curto de 5 cm de comprimento; folíolos opostos ou alternos; lâmina oblonga, cartácea, de 5-11 cm de comprimento por 2-5 cm de largura; margem inteira; ápice agudo, base arredondada, desigual, glabra nas duas faces; nervura mediana promínula na face superior e no dorso proeminente, com muitos pêlos; nervação do tipo camptódromo-cladódromo, com 16-18 pares de nervuras secundárias, promínulas na face ventral, proeminentes na face dorsal; raque de 20-30 cm de comprimento, piloso, sem glândulas (PRANCE; SILVA, 1975). A árvore forma caule único, longo e ereto, às vezes bifurcado em forma de Y, com copa alta e esgalhada. A emissão de flores e ramos ocorre concomitantemente, logo após a fase de repouso vegetativo, quando surgem ramos vigorosos e compridos, inicialmente com casca fina e lisa, a qual progressivamente se torna grossa e coberta de protuberâncias lenhosas e rugosas. As flores são hermafroditas, masculinas e femininas, apresentam tirsos (cachos compostos) compostos por centos de flores pedunculadas, com cinco sépalas, cinco pétalas, dez estames com anteras extrorsas, gineceu com ovário formado por cinco carpelos que coincidem com o número de lóculos, cinco estilos livres com estigmas lineares e dorsais (LOZANO, 1986a). As flores são dispostas em inflorescências do tipo panículas terminais piramidais de 20 cm a 60 cm de comprimento. As inflorescências apresentam flores unissexuais e hermafroditas na mesma planta, cálice de 0,5 cm de diâmetro; receptáculo 20 arredondado, 1 mm – 4 mm de comprimento. O número de flores por panícula é variável, podendo atingir mais de 2.000 (SILVA; SILVA, 1995). Já segundo Lozano (1986b), apesar do elevado número de flores por panícula, formam-se apenas cerca de trinta frutos por inflorescência. Uma planta de grande porte pode produzir cerca de dez mil frutos em uma safra (ADLER; KIELPINSKI, 2000). A cajazeira apresenta em suas flores traços reprodutivos que variam em sua vasta área de abrangência: no México, elas são dióicas (PENNINGTON; SARUKHAN, 1968); na Costa Rica, poligamo-dióicas ou monóicas (BAWA, 1974); no Panamá, bissexuais (CROAT, 1978) e algumas, pistiladas (ADLER; KIELPINSKI, 2000); na Flórida, são bissexuais e autofertilizadas (CAMPBELL; SAULS, 1994); e no Brasil, hermafroditas, com algumas delas estaminadas (SOUZA; FRANCA, 1999). Investigações realizadas por Mitchell e Daly (1998) com centenas de amostras, contudo, revelaram que as flores das Spondias são estrutural e funcionalmente hermafroditas, mas fortemente protandras. O fruto da cajazeira é uma drupa (CAVALCANTE, 1976; VILLACHICA, 1996) e classificado por Barroso et al. (1999) como nuculânio com mesocarpo carnoso, amarelo de sabor agridoce, contendo carotenóides, açúcares, vitaminas A e C, de massa variando entre 9,25 g e 21,9 g (Sacramento; Souza, 2000), de formato ovóide ou oblongo, achatado na base, cor variando do amarelo ao alaranjado, casca fina, lisa, polpa pouco espessa também variando do amarelo ao alaranjado, suculenta de sabor ácido-adocicado (SILVA; SILVA, 1995). O endocarpo, comumente chamado de caroço, é grande, branco, súberolignificado e enrugado, contendo de dois a cinco lóculos e de zero a cinco sementes (LOZANO, 1986b; VILLACHICA, 1996; SOUZA; SOUSA; FREITAS, 1999; SILVA, 2003; AZEVEDO; MENDES; FIGUEIREDO, 2004). A semente é claviforme a reniforme, medindo 1,22 cm de comprimento e 0,22 cm de largura, com os dois tegumentos de consistência membranácea, coloração creme e superfícies lisas. O endosperma é delgado, amiláceo, aderindo à superfície interna do tégmen. O embrião é axial, de formato semelhante à semente e de coloração creme-claro, possuindo cotilédones planos e carnosos (CARDOSO, 1992). 2.4 Caracterização das Áreas de Ocorrência No Brasil, a cajazeira está distribuída em diversas regiões, sendo comum em estado silvestre e subespontâneo nas matas de terra firme ou de várzeas da Amazônia (SILVA; SILVA, 1995). No Acre, as cajazeiras (Spondias globosa J. D. Mitch. & Daly; 21 Spondias mombin L. var. mombin; Spondias mombin L. var. globosa J. D. Mitch. & Daly; e Spondias testudinis J. D. Mitch. & Daly) ocorrem preferencialmente em floresta de terra firme, mas também são encontradas em florestas abertas e em várzeas (SILVEIRA; DALY, 1999). A cajazeira é uma fruteira típica de zonas úmidas e subúmidas, ocorre principalmente nas regiões costeiras de maior precipitação, nos limites mais úmidos do agreste e nas regiões de encostas de serra do Ceará e do Rio Grande do Norte; está presente nas caatingas do semiárido somente quando plantada (SAMPAIO, 2002). As áreas de maior ocorrência da cajazeira são, segundo Sacramento e Souza (2000), a região do Brejo-Paraibano, no Estado da Paraíba – onde a altitude oscila entre 130 m e 618 m, a temperatura média do ar situa-se entre 23,0ºC e 24,5ºC e a precipitação média é cerca de 1.400 mm anuais, concentrada no período de março a agosto, com estiagem em torno de cinco meses por ano; a zona litorânea próxima à Fortaleza e as serras de Guaramiranga, Meruoca, Baturité e Ibiapaba, no Ceará (regiões de precipitação média anual superior a 1.100 mm); e a região Sul da Bahia (em consórcio com cacaueiros), em áreas de solos férteis, profundos e ricos em matéria orgânica, onde a precipitação varia de 1.500 a 1.800 mm e é bem distribuída Pelas descrições de Campbell e Sauls (1994), as espécies de Spondias são melhor adaptadas às terras baixas do trópico quente. As árvores crescem melhor em solos férteis bem drenados, mas, se adequadamente nutridas, também podem se desenvolver satisfatoriamente em vários solos pobres. Segundo Francis (1992), a área de distribuição natural e naturalizada da cajazeira na América tropical está situada entre os 20° de latitude norte e os 20° de latitude sul, sendo que na maioria das áreas de distribuição existe uma estação seca de um a cinco meses de duração. A cajazeira apresenta elevada plasticidade de adaptação, pois ocorre em regiões de condições climáticas distintas, como Amazônia, Mata Atlântica, serras e litoral do Nordeste brasileiro. As plantas possuem adaptações morfológicas e mecanismos fisiológicos para suportar os períodos de enchentes das várzeas da Amazônia e os de estiagem da região Nordeste – algumas plantas na região do semi-árido, por exemplo, se desenvolvem em áreas favorecidas por lençol freático raso ou em margens de rios, sendo dotadas de características morfológicas e mecanismos fisiológicos semelhantes aos das plantas xerófilas lenhosas, conforme DUQUE (1980). A resistência à seca também se deve a mecanismos morfológicos e fisiológicos de tolerância, como presença de lenticelas no caule das plantas e redução drástica da transpiração e da respiração na época seca, com abscisão das folhas e acúmulo de fotoassimilados e reservas nutritivas no caule e nas raízes. 22 2.5 Propagação Desde o início das civilizações até hoje, a propagação de plantas – multiplicação controlada das plantas pelos métodos sexual (por sementes) e assexual (por estruturas vegetativas), com a finalidade de aumentar o número de indivíduos e preservar as características desejáveis, é uma atividade fundamental para ocupação da terra e sobrevivência do homem (HARTMANN et al., 2002). Pelo Código Internacional de Nomenclatura Para Plantas Cultivadas, clone é uma das categorias básicas de cultivar, designada como um grupo geneticamente uniforme de plantas, derivado originalmente de uma única planta através de propagação assexuada – como estaquia, divisão, enxertia ou apomixia obrigatória – e com muitas aplicações importantes na horticultura. A clonagem pode ser definida como uma regeneração vegetativa de um único genótipo, representado por uma única planta, ponto de crescimento, meristema ou explante. A clonagem é um procedimento eficiente tanto na seleção de plantas para melhoramento como na propagação de plantas para reprodução. Fontes de variações intraclones podem ser divididas em quatro categorias gerais: mutações genéticas (espontâneas ou induzidas), rearranjos quiméricos de mutantes pré-existentes, mudanças epigenéticas e infecções sistêmicas por patógenos (KESTER, 1983). A enxertia é um método de propagação em que ocorre a união de um sistema radicular de uma planta (porta-enxerto) com um sistema de ramos de outra planta (enxerto) de tal modo que seja mantido o subseqüente crescimento e desenvolvimento em uma única planta. A arte da enxertia é antiga: era conhecida pelos chineses já na Antiguidade, pelo menos desde 1560 a.C., e por Aristóteles (384-322 a.C.) e Theofrasto (371-287 a.C.); no Império Romano era muito popular – métodos foram precisamente descritos na época –; e Paulo, o Apóstolo, a discutiu na Epístola dos Romanos (11:17-24). Historicamente, algumas fruteiras foram selecionadas há centenas e, às vezes, milhares de anos e propagadas vegetativamente antes disso por seleção de plantas multiplicadas por sementes. Atualmente, continuam a ser propagadas vegetativamente e cultivadas, como as cultivares de videira Cabernet Suavignon e Thompson Seedless, a pêra Bartlettt originada de um seedling em 1770, a banana Gros Michel e a maçã Delicious em 1870. Constata-se, portanto, que desde o início das civilizações as árvores frutíferas têm sido propagadas vegetativamente por enxertia, devido à dificuldade da propagação por estacas e à superioridade e alto valor comercial dos 23 clones enxertados, tendo, portanto, inestimável importância para a humanidade desde aquela época (HARTMANN et al., 2002). Um grande problema da fruticultura moderna é o reduzido número de espécies cultivadas, agravado pela baixíssima quantidade de cultivares ou clones por espécie, seja de porta-enxertos ou de copa. Isso torna as culturas vulneráveis as epidemias, que podem intensificar a erosão genética e manter os clones cultivados com base cada vez mais estreita (SILVA; ELOY, 1992). Esse problema somente será superado ou minimizado através de programas de melhoramento de fruteiras que visem à diversificação – introdução de novas espécies ou criação de clones superiores de porta-enxertos e de enxertos copas. Para tanto, os métodos tradicionais de enxertia e estaquia serão técnicas de fundamental importância na criação dos clones, na propagação das mudas e na manutenção de uma fruticultura diversificada e sustentável. A literatura sobre os métodos de propagação da cajazeira é escassa, e a maioria dos poucos trabalhos existentes faz apenas breves citações acerca da propagação da espécie – por métodos sexuais, via sementes, e assexuais, por estaquia e enxertia (LEON; SHAW, 1990; CAMPBELL; SAULS, 1994; LORENZI, 1992; VILLACHICA, 1996) –, sem descrever as metodologias e condições para realização da propagação. Na propagação sexual, os endocarpos são usados como sementes e têm problemas de dormência, com baixa, lenta e desuniforme germinação (CARVALHO; NASCIMENTO; MÜLLER, 1998; FIRMINO; ALMEIDA; TORRES, 1977, SOUZA; SOUSA; FREITAS, 1999; AZEVEDO; MENDES; FIGUEIREDO, 2004). Na propagação por estacas, sejam de raízes ou de caule, as percentagens de enraizamento e de mudas aptas para plantio foram baixíssimas (FAÇANHA, 1997; SOARES, 1998; SOUZA; LIMA, 2005). Na propagação por garfagem em fenda cheia e lateral, por sua vez, as percentagens de pega dos enxertos e de mudas aptas para plantio foram altas, aos 50 dias após realização das enxertias sobre portaenxertos interespecíficos de umbuzeiro, cajaraneira e da própria cajazeira (SOUZA, 1998, SOUZA; ARAÚJO, 1999; SOUZA, 2000), sendo essa técnica recomendada para a produção de mudas clonadas em escala comercial (SOUZA; INNECCO; ARAÚJO, 1999). Na tentativa de modernizar a produção de mudas enxertadas de cajazeira e obter maior precocidade e uniformidade das plantas clonadas, Marco et al. (2002) realizaram enxertia de mesa sobre porta-enxertos clonados de umbu-cajá em tubetes e obtiveram 31% de pega dos enxertos, com 11% das mudas aptas para plantio 81 dias após a realização das enxertias. 24 2.6 Importância do Porta-Enxerto A enxertia, além de ser usada para a preservação de genótipos superiores, tem grande utilidade prática, resultante da influência que o porta-enxerto pode exercer sobre o crescimento do enxerto, a precocidade de floração e frutificação, a qualidade do fruto, resistência a pragas e doenças e várias outras características. O fenótipo de uma planta enxertada não resulta apenas do efeito unilateral de uma parte sobre a outra, mas, sim, da interação genótipo da copa com o do porta-enxerto e com as partes envolvidas se influenciando mutuamente (HARTMANN et al., 2002). A planta obtida por enxertia possui um sistema radicular do porta-enxerto e um sistema de ramos do enxerto e apresenta padrão de crescimento distinto daqueles observados se cada uma das partes, porta-enxerto e enxerto, tivesse se desenvolvido separadamente. Alguns efeitos de porta-enxertos são de importância fundamental em horticultura e florestais, enquanto outros são prejudiciais e devem ser evitados. Os efeitos benéficos decorrem da resistência a certas doenças, insetos ou nematóides, ou tolerância a certas condições ambientais ou pedológicas adversas. Interações entre porta-enxerto e enxerto podem também alterar tamanho, crescimento, produtividade, qualidade do fruto, reações de incompatibilidade ou outros atributos horticulturais – esses são, portanto, possíveis efeitos positivos. Na prática, pode ser difícil separar o fator de influência dominante de uma dada combinação de enxertia em um ambiente particular. Resultados só são obtidos a longo prazo e dependem da combinação porta-enxerto e enxerto, do ambiente, de fatores edafoclimáticos e técnicas de manejo, que também afetam a produção, a qualidade e a forma da planta e características ornamentais (HARTMANN et al., 2002). Os porta-enxertos podem ser divididos em dois grupos: os oriundos de sementes (seedling) e os clonados, obtidos por propagação vegetativa (estacas, sementes apomitícas, micropropagação). Os porta-enxertos oriundos de sementes são facilmente produzidos em massa de modo relativamente simples e econômico; já a produção dos clonados é mais complexa e onerosa (HARTMANN et al., 2002). No Brasil, a obtenção de mudas de plantas frutíferas de caroço é feita, basicamente, pelo uso de porta-enxertos oriundos de sementes, o que traz como conseqüências desuniformidade do pomar, morte de plantas, falta de adaptação e poucas alternativas aos produtores (FACHINELLO; LORETI, 2000). Diversos autores citam porta-enxertos resistentes ou tolerantes a patógenos, os quais são utilizados com sucesso na enxertia de várias espécies de fruteiras cultivadas em todo o mundo, como na videira, devido à filoxera (NOGUEIRA, 1983; KUNH et al., 1986), em 25 Citrus, por causa da “tristeza” (COELHO, 1993; COELHO, 1996; TERRA et al., 1988; SANTOS FILHO; BARBOSA; SILVA, 2000), na macieira, em virtude do pulgão lanígero (DENARDI, 1986, BERNARDI; DENARDI; HOFFMAN, 2004), em pessegueiro, ameixeira e damasco, devido ao ataque de nematóides (FINARDI, 1998; FACHINELLO et al. 2000). Os porta-enxertos também são empregados para reduzir porte e vigor de planta e aumentar produtividade, como em mangueira, videira, abacateiro, cajueiro e macieira (CHAUDHRI, 1976; NOGUEIRA, 1983; KOLLER, 1992; CUNHA et al., 1994; DONADIO, 1995; CRISÓSTOMO et al., 2000; BERNARDI; DENARDI; HOFFMAN, 2004), ou para promover tolerância a estresses em solos sódicos, salinos, secos, encharcados, alcalinos ou ácidos. Em maçã, os romanos utilizavam porta-enxertos desde 1597, e observaram pela primeira vez os efeitos dos porta-enxertos clonais “Paradise” no aumento da frutificação, diminuição de porte, rebrotamento e formação de nódulos radiculares nos troncos de clones de macieira (DENARDI, 1986). Na mangueira, o porta-enxerto têm grande influência no crescimento e na longevidade da planta enxertada, na sua produção, qualidade de fruto, no tempo de maturação, na resistência a pragas e doenças e na adaptabilidade às condições de umidade de solo (CHAUDHRI, 1976). Na fruticultura a seleção de porta-enxertos é tão importante quanto a seleção das cultivares copa, sendo a enxertia interespecífica usada com sucesso nos gêneros Citrus, Prunus, Vitis, Malus, Annona e Spondias (BOURKE, 1976; NOGUEIRA, 1983; POMPEU Jr., 1991; COSTA; MÜLLER, 1995; BEZERRA; LEDERMAN, 1997; PINTO; SILVA, 1994; SIMÃO, 1998; REGINA et al., 1998; DENARDI, 1986; FINARDI, 1998; BONAVENTURE, 1999; SANTOS; NASCIMENTO; ARAÚJO, 1999; SOUZA; ARAÚJO, 1999; SOUZA, 2000) e entre cultivares de uma mesma espécie, com boa cicatrização e compatibilidade entre as partes enxertadas e obtenção de plantas vigorosas e produtivas. Essas possibilidades do uso de porta-enxertos interespecíficos aumentam a probabilidade de seleção de genótipos que formem uma melhor combinação, além de ampliarem a variabilidade e a base genética da fruticultura. A viabilidade da enxertia interespecífica entre Spondias foi confirmada por Vasconcelos (1949), com umbuzeiro enxertado sobre porta-enxertos de pé franco de cajazeira resultando em clones que cresceram normalmente e produziram por mais de quinze anos, em Piracicaba, SP. Na Florida, o umbuzeiro foi introduzido enxertado sobre cajarana (Spondias dulcis), mas não progrediu como fruteira, talvez devido às condições edafoclimáticas (Duque, 1980). Em condições de viveiro, Santos, Nascimento e Araújo (1999) obtiveram sucesso na 26 enxertia de umbuzeiro sobre outras espécies de Spondias, e também Souza e Araújo (1999); Souza, Innecco e Araújo (1999); Souza (2000); Souza, Innecco e Rossetti (2002) na enxertia de cajazeira sobre porta-enxertos da própria cajazeira, umbuzeiro e de cajaraneira, com boa cicatrização das partes enxertadas e altas percentagens de pega de enxertos e de mudas aptas para plantio. Clones de cajazeira enxertados sobre umbuzeiro foram avaliados em cultivo até os 46 meses de idade, quando constataram-se plantas em crescimento normal, vigorosas, com boa cicatrização, compatibilidade e afinidade entre as partes enxertadas (SOUZA; BLEICHER, 2002). Existem limites para o sucesso da enxertia entre as espécies, e quanto mais distantes taxonomicamente, maiores são as possibilidades de incompatiblidade entre as partes enxertadas. Segundo Hartmann et al. (2002), existem quatro tipos de incompatibilidade: falhas anatômicas, não translocada (localizada), translocada e induzidas por patógenos. A fruticultura moderna, especialmente com fruteiras lenhosas, baseia-se na utilização de porta-enxertos de sementes ou clonados. Contudo, os avanços da informação têm estimulado interesses científicos e comerciais em elucidar tecnologias que permitam, no futuro, o desenvolvimento de porta-enxertos assexuados para obtenção de clones enxertados menores, que permitam adensamento, manejo mais fácil e maiores produtividades. 2.7 Ciclo Ontogenético 2.7.1 Crescimento Vegetativo O ciclo de vida das plantas difere fundamentalmente entre as obtidas por sementes (seedlings), que exibem todas as quatro fases de desenvolvimento ontogenético –embriônica, juvenil, transição e adulta –, e aquelas clonadas, que exibem apenas as fases vegetativa e reprodutiva (HARTMANN et al., 2002). A transição da fase juvenil para a madura foi denominada fase de mudança por Brink (1962), envelhecimento ontogenético por Fortanier; Jonkeres (1976) e envelhecimento meristemático por Seelinger (1924) e Oleson (1978) – apud (HACKETT, 1988). Associadas à transição da fase juvenil para a madura há mudanças em várias características morfológicas, desenvolvimentais e fisiológicas da planta (HACKETT, 1985). Durante o desenvolvimento, as mudanças em tais características não são reguladas de espécie para espécie; a maioria muda gradualmente durante o período que precede a fase de maturação e normalmente as mudanças não são percebidas em nenhuma das características no 27 momento em que a capacidade de florescimento é atingida. Por essa razão, não está claro se essas características estão diretamente relacionadas com a maturação reprodutiva ou são por ela causadas (HACKETT, 1985). Plantas propagadas vegetativamente apresentam características ontogenéticas semelhantes às da planta matriz. O seu ciclo de crescimento, portanto, é fundamentalmente diferente do ciclo de uma planta de pé franco. Na fase vegetativa, os ápices caulinares, embora possam se parecer com aqueles da fase juvenil (pelo menos superficialmente), têm a capacidade de responder fisiologicamente a estímulos de indutores do florescimento; entretanto, uma certa quantidade de tempo e de crescimento pode ser necessária antes do início da floração. Muitas das práticas de horticultura, como reguladores de crescimento, enxertia, porta-enxertos ananizantes, anelamento e redução de crescimento, são efetivos na indução do florescimento. A enxertia produz resultados conflitantes em diferentes espécies de plantas, sendo impossível estabelecer princípios definidos. É possível que a enxertia estimule a indução da floração, mas os enxertos podem ter alcançado um estágio particular de maturação antes que essa indução ocorra (KESTER, 1976). A maior parte do desenvolvimento vegetal é pós-embrionário e ocorre a partir de meristemas, os quais podem ser considerados fábricas celulares onde os processos em andamento – divisão celular, expansão e diferenciação – geram o corpo do vegetal. As células derivadas de meristemas tornam-se tecidos e órgãos que determinam o tamanho, a forma e estrutura definitiva da planta. Os meristemas vegetativos se autoperpetuam e produzem tecidos que formam e regeneram o corpo da planta. Em árvores, um meristema pode reter características embrionárias indefinidamente, e o meristema apical vegetativo do caule, que é indeterminado em seu desenvolvimento, tem a capacidade de formar repetidamente tantos fitômeros quanto as condições ambientais favoreçam o crescimento. Fitômero é uma unidade de desenvolvimento que consiste em uma ou mais folhas, o nó ao qual as folhas estão ligadas, o entrenó e uma ou mais gemas axilares (RAVEN, EVERT; EICHHORN, 2001; TAIZ; ZEIGER, 2004). Em uma planta que produz flores, o meristema apical caulinar normalmente faz crescer em volume a porção do corpo da planta acima do solo, enquanto o meristema apical radicular promove o aumento em volume da porção subterrânea do corpo da planta. Os meristemas apicais do caule são formados em vários locais no vegetal, desempenham diferentes graus de atividade e adquirem uma variedade de destinos durante o desenvolvimento. Em alguns meristemas axilares, o padrão de desenvolvimento é alterado 28 para produzir uma estrutura distinta, como uma flor, uma gavinha ou um espinho, e o crescimento do caule se torna determinado (KERSTETTER; HAKE, 1997). Sem dúvida, plantas geneticamente idênticas crescendo em diferentes condições ambientais podem assumir uma ampla variedade de formas durante seu desenvolvimento, devido à plasticidade no desenvolvimento vegetativo (STEEVES; SUSSEX, 1989 apud TAYLOR, 1997). Essa plasticidade desenvolvimental provavelmente representa uma adaptação das plantas ao seu estacionário hábito de vida autotrófico, no qual elas sintetizam nutrientes ricos em energia a partir do dióxido de carbono e da luz solar e adquirem água e elementos inorgânicos do solo. Para manter o suprimento dessas matérias-primas, as plantas precisam crescer continuamente, expandindo as superfícies envolvidas na absorção e captura de nutrientes e de luz solar através da elongação e ramificação de caules, da expansão das folhas e da formação de um sistema radicular ramificado com pêlos radiculares (TAYLOR, 1997). O crescimento de plantas lenhosas tem sido caracterizado sob pontos de vista quantitativos, anatômicos, morfogenéticos e fisiológicos. As plantas crescem em altura e diâmetro através da atividade dos tecidos meristemáticos, os quais representam uma fração muito pequena da massa total da planta. As diversas partes do vegetal crescem em diferentes taxas e normalmente em diferentes épocas do ano (KRAMER; KOZLOWSKI, 1979). Na maioria das plantas superiores, o crescimento da gema apical inibe o crescimento das gemas laterais – fenômeno denominado dominância apical –, determinante na forma do vegetal. As plantas com forte dominância apical apresentam um único eixo de crescimento com poucas ramificações laterais. A remoção do ápice caulinar em geral resulta no crescimento de uma ou mais gemas laterais. Segundo Janick (1968), o crescimento das plantas pode ser modificado por meio da poda. A gema apical promove o crescimento tanto através da biossíntese direta da auxina quanto da biossíntese de giberelina, induzida por auxina. As citocininas também modificam a dominância apical e promovem o crescimento de gemas laterais. A baixa razão auxina/citocinina estimula a formação de parte aérea; conseqüentemente, as plantas superprodutoras de citocininas tendem a ter mais ramificações (TAIZ; ZEIGER, 2004). Todos os organismos multicelulares passam por estádios de desenvolvimento mais ou menos definidos, cada um com suas características próprias. Nos animais, essas mudanças ocorrem no organismo inteiro; nas plantas superiores, porém, elas ocorrem em uma única região, o meristema apical caulinar, que passa por três fases de desenvolvimento: a fase juvenil, a fase adulta vegetativa e a fase adulta reprodutiva (TAIZ; ZEIGER, 2004). 29 Caules geralmente são classificados com base na localização, no desenvolvimento ou no tipo de gema dos quais são derivados. O aumento do caule das plantas lenhosas tropicais é muito diverso; em geral, é intermitente, com expansão de um para vários fluxos de crescimento durante o ano. Os intervalos entre os fluxos de crescimento variam entre regimes climáticos, espécies, cultivares, e dentro de ramos de uma mesma árvore (KRAMER; KOZLOWSKI, 1979). O caule da cajazeira apresenta características externas semelhantes às de algumas plantas lenhosas decíduas. Há uma série de características importantes relativas à estrutura e ao desenvolvimento do caule. As mais conspícuas dos galhos são as gemas apicais e as gemas axilares ou laterais; já as gemas acessórios geralmente ocorrem aos pares e localizam-se uma de cada lado de uma gema axilar – em algumas espécies, essas gemas não se desenvolvem se as axilares associadas a elas apresentarem um desenvolvimento normal; em outras, as gemas acessórios dão origem às flores e as gemas axilares, às folhas (RAVEN, EVERT; EICHHORN, 2001). A transição da fase juvenil para a adulta é gradual (homoblástica) e acompanhada por mudanças nas características vegetativas como morfologia, filotaxia, quantidade de espinhos, capacidade de enraizamento e retenção de folhas em espécies decíduas. Porém, a transição da fase adulta vegetativa para a adulta reprodutiva é abrupta (heteroblástica), pois o florescimento envolve grandes alterações no padrão de morfogênese e diferenciação celular do meristema apical do caule (HARTMANN et al., 2002; TAIZ; ZEIGER, 2004). Algumas espécies lenhosas possuem fase juvenil longa, que dura de 20 a 40 anos, como a Pinus aristata, a Qercus robur (carvalho inglês) e a Fagus sylvatica (faia européia) (CLARK, 1983); outras, como algumas espécies de bambu e de agave, ficam juvenis por cerca de 50 a 100 anos, quando repentinamente tornam-se reprodutivas, florescem, frutificam e morrem (KESTER, 1976), sendo, portanto, plantas monocárpicas. 2.7.2 Evocação Floral e Atividade Reprodutiva O conjunto de eventos que ocorrem no ápice do caule e forçam o meristema apical a produzir flores é denominado de evocação floral. Os sinais de desenvolvimento que resultam na evocação floral incluem fatores endógenos, como ritmo circadiano, mudanças de fase e hormônios, e fatores exógenos, como fotoperíodo e temperatura. A interação desses fatores capacita a planta a sincronizar seu desenvolvimento reprodutivo com o ambiente. A 30 evocação floral exige que a gema apical passe por dois estádios de desenvolvimento: a aquisição de competência (a gema é competente quando é capaz de florescer após receber o sinal de desenvolvimento apropriado), e a determinação (a gema é determinada se for capaz de seguir o florescimento mesmo após ser removida de seu contexto normal). O estimulo floral possui vários componentes, que podem diferir entre grupos distintos de plantas, e a transição para o florescimento envolve um sistema complexo de fatores que interagem entre si, incluindo carboidratos, giberelinas, citocininas e etileno. Sinais transmissíveis gerados nas folhas são necessários para a determinação do ápice caulinar (TAIZ; ZEIGER, 2004). Como já postulado para plantas lenhosas perenes, a floração em todas as plantas parece estar sob controle dos diversos sistemas bioquímicos e fisiológicos, os quais devem ser permissivos se as estruturas reprodutivas estão para ser formadas (BERNIER et al., 1993). O tempo de transição entre o crescimento vegetativo e a floração é de suma importância na agricultura, na horticultura e no melhoramento de plantas, porque a floração é o primeiro passo da reprodução sexual. Estudos para entender como essa transição é controlada têm ocupado inúmeros fisiologistas, que, nos últimos anos, produziram uma grande quantidade de informações. A maioria das plantas utiliza especificidades ambientais para regular a transição para a floração, seja porque todos os indivíduos de uma espécie devem florescer sincronicamente para que a fecundação cruzada ocorra com sucesso, ou porque todas as espécies devem completar sua reprodução sexual sob condições externas favoráveis. Quaisquer variáveis ambientais que exibam mudanças sazonais regulares são fatores potenciais de controle da transição para a floração. Os principais fatores são fotoperíodo, temperatura e disponibilidade de água. Plantas que não requerem fotoperíodo ou temperatura específica para florescer, como as chamadas plantas de “floração autônoma”, são normalmente sensíveis à radiação. Os fatores ambientais são percebidos por diferentes partes da planta: fotoperíodo e radiação, principalmente por folhas maduras em plantas intactas, e temperatura, por todas as partes da planta, embora temperaturas baixas (vernalização) sejam geralmente percebidas principalmente pelo ápice caulinar; a disponibilidade de água é notada pelo sistema radicular. Há fortes interações entre esses diferentes fatores, de forma que cada um deles pode mudar o valor limite para a efetivação dos outros. O fato de os diferentes fatores promotores da floração serem percebidos por diferentes partes da planta implica que essas partes interajam e que o destino do meristema apical – permanecer vegetativo ou se tornar reprodutivo – seja controlado por um arranjo de sinais de longa distância em toda a planta (BERNIER et al., 1993). 31 A escassa literatura sobre a biologia floral das Spondias relata que o gênero é polígamo-dióico ou monóico e fortemente auto-incompatível (BAWA, 1974). Para Lozano (1986a), as flores são hermafroditas, masculinas e femininas; já Francis (1992) relata que as árvores são monóicas, sendo as flores bissexuais ou ocorrendo em panículas de flores masculinas e femininas. Contudo, Mitchell e Daly (1998) investigaram centenas de amostras, com exceção da S. purpurea L., e constataram que as flores das espécies de Spondias neotropicais são estrutural e funcionalmente hermafroditas, mas fortemente protandras. A evidência pode geralmente ser encontrada em única inflorescência. No momento em que o pólen se desprende, o ovário não se desenvolve e o pistilo é aparentemente representado apenas por quatro ou cinco estilos basais fundidos. No momento em que o desenvolvimento do ovário é aparente, as anteras deiscentes estão quase vazias e notadamente murchas. O ponto no qual os estigmas estão receptivos não se torna evidente a partir da observação de material de herbário. Na Zona da Mata de Ilhéus, BA, a cajazeira propagada por sementes começa a produzir seis ou sete anos após o plantio, enquanto plantas clonadas por enxertia produzem após o terceiro ano de cultivo, apresentando altas taxas de crescimento e porte elevado, com altura média de 4,46 m (LEITE; MARTINS; RAMOS, 2003). Em Pacajus, CE, clones de cajazeira enxertados sobre umbuzeiro também apresentaram altas taxas de crescimento, com troncos monopodias (haste única) e tendência a formar copas altas, sendo que algumas plantas produziram apenas no primeiro ano de cultivo (SOUZA; BLEICHER, 2002). Costa (1998) verificou em Areia, PB, que o período de desenvolvimento dos frutos de cajá é de 120 dias, tendo início com a fecundação das flores e indo até a maturação dos frutos. No Ceará, a colheita concentra-se no período de janeiro a maio, variando com as condições climáticas. 2.8 Fenologia De acordo com Wielgolaski (1974 apud FALCÃO; CLEMENT; GOMES, 2003), fenologia é o efeito da periodicidade das condições climáticas, influenciada pelas condições edáficas e ecológicas sobre o ciclo biológico das plantas, especialmente sobre os órgãos de crescimento vegetativo e reprodutivo. O conhecimento do ciclo fenológico de qualquer planta é de importância fundamental para a obtenção de novos conhecimentos e inovações tecnológicas para os diferentes sistemas de produção regional e exploração comercial. 32 Segundo Frota (1988), o conhecimento da fenologia da planta permite avaliar as exigências ecológicas da espécie, determinar as fenofases mais apropriadas para escolha do método de propagação e planejar o controle fitossanitário e a previsão de safras. A cajazeira apresenta atividades vegetativas e reprodutivas sazonais distintas; no Panamá, a planta fica desfolhada por um pequeno período durante a estação seca antes da floração, a qual geralmente ocorre em abril e maio (CROAT, 1974). No Peru, a espécie perde todas as folhas de julho a setembro e flora e frutifica entre outubro e maio, dependendo das condições climáticas (VILACHICCA, 1996). Na Bahia e no Espírito Santo, a cajazeira floresce e inicia a frutificação a partir de outubro a novembro, e os frutos amadurecem de fevereiro a abril (VINHA; MATTOS, 1982). Segundo Prance e Silva (1975), em Manaus a cajazeira floresce geralmente de agosto a setembro, com o pico da produção de dezembro a fevereiro. Na microrregião do brejo paraibano, as plantas ficam completamente desfolhadas; essa perda de folhas, no entanto, não é simultânea em todos os exemplares de uma mesma região (SILVA; SILVA, 1995). 2.9 Senescência e Abscisão A senescência é a fase final dos desenvolvimentos vegetativo e reprodutivo da planta, precedendo a morte generalizada das células e dos órgãos. Ela envolve a translocação ativa dos materiais celulares para serem usados em outros órgãos (NOODÉN; LEOPOLD, 1988 apud PENNELL; LAMB, 1997). Trata-se de um processo de desenvolvimento normal, dependente de energia, controlado pelo próprio programa genético da planta e dependente de uma série de eventos citológicos e bioquímicos. Durante a senescência, enzimas hidrolitícas decompõem muitas proteínas, carboidratos e ácidos nucléicos. Os açúcares, aminoácidos, nucleosídeos e muitos minerais são transportados de volta para outras partes da planta via floema, onde serão reutilizados nos processos de síntese. Existem vários tipos de senescência: monocárpica; de caules aéreos em perenes herbáceas; foliar sazonal; foliar seqüencial; de frutos secos e carnosos; de cotilédones e órgãos florais e de tipos celulares especializados. Os desencadeadores desses processos são diferentes e podem ser internos, como uma senescência monocárpica (senescência da planta inteira após um ciclo reprodutivo único), ou externos, como o comprimento do dia e a temperatura outonal nas árvores decíduas (TAIZ; ZAIGER, 2004). 33 O desenvolvimento vegetativo nas plantas lenhosas é indeterminado e modular. A contínua geração de sistemas de órgãos pelos meristemas das plantas é modulada pela senescência programada e/ou pela abscisão – queda de órgãos existentes durante toda a vida da planta. O potencial de desenvolvimento é também influenciado pela supressão de atividades do meristema, como a dominância apical, e pela perda dos meristemas que são usados no desenvolvimento determinado das flores. Embora todos esses processos sejam geneticamente determinados, os caminhos envolvidos estão também sob influência do ambiente. Durante seu curso de desenvolvimento, as plantas perdem sistemas inteiros de órgãos através do processo denominado abscisão. Tal processo fornece um mecanismo para remoção de órgãos senescentes ou defeituosos e para liberação de frutos amadurecidos. Em alguns casos, sistemas de órgãos intactos e saudáveis podem ser removidos numa etapa do desenvolvimento. Abscisão de pétalas, sépalas e estames em frutos no início do desenvolvimento são exemplos desse processo (BLEECKER; PATTERSON, 1997). Senescência, abscisão e cessamento da atividade meristemática em tecidos somáticos são exemplos de decisões de vida ou morte feitas pelas plantas durante seus ciclos de vida. Essas decisões podem afetar sistemas de órgãos específicos ou, quando agindo em combinação, levar à morte da planta inteira. Dentro dos tecidos afetados, os processos fisiológicos envolvidos são apenas parcialmente entendidos e, no caso da senescência, podem envolver mudanças globais na expressão gênica. Como essas características da história de vida são coordenadas em nível da planta inteira é um mistério (BLEECKER; PATTERSON, 1997). A morte celular programada (MCP) é um processo de suicídio celular envolvendo condensação, encolhimento e separação celular ordenada. A MCP exclui células que exercem uma função temporária e que são desnecessárias ou indesejadas, ou promovem o crescimento de tecidos especializados. Isso inclui células da aleurona, células da coifa e elementos traqueídeos. Durante interações com o ambiente, a MCP destrói células durante a hipoxia e após trocas com patógenos avirulentos, em ambos os casos sistematicamente localizadas. Espécies oxigenadas reativas, como peróxido de hidrogênio, e fitohormônios, como ácido giberélico e etileno, podem induzir MCP em plantas, enquanto outros hormônios, incluindo citocinina e ácido abscísico, e sinais de outras células podem suprimi-la (PENNELL; LAMB, 1997). Folhas e várias estruturas reprodutivas caem por abscisão, por fatores mecânicos ou pela combinação dos dois. Na abscisão verdadeira, ocorrem mudanças fisiológicas que levam à formação de uma discreta zona de abscisão (composta por células pequenas, compactas e sem espaço intercelular) na qual a separação ocorre. Em árvores adultas, uma 34 mudança na forma da copa está associada à inibição progressiva do crescimento caulinar e à perda da dominância apical. A condição de senescência ramifica gradualmente a árvore, até que finalmente o ramo guia terminal perca sua dominância e a planta forme uma copa de topo achatada. Além disso, à medida que os ramos envelhecem, diminuem seu ângulo de crescimento, tendendo a tornar-se horizontais, pendentes. A forma da copa das árvores normalmente sofre grandes mudanças com a queda dos ramos laterais. Essa queda também influencia o tamanho e o tipo de nós (a queda precoce de ramos é desejável porque reduz o número e o tamanho dos nós). A queda de ramos laterais pode ocorrer a partir de dois mecanismos distintos: abscisão verdadeira de ramos – através de processos fisiológicos similares aos da abscisão foliar – e poda natural – através da morte de ramos, mas sem a formação de uma zona de abscisão. O primeiro passo da poda natural envolve a senescência fisiológica seqüencial e a morte de ramos da base do caule (KRAMER; KOZLOWSKI, 1979). O etileno é o principal regulador do processo de abscisão, com a auxina agindo como supressora do efeito daquele hormônio. O gradiente de auxina nas folhas controla a sensibilidade das células da zona de abscisão ao etileno. Um hormônio pode influenciar a biossíntese de outro, de modo que os efeitos produzidos por um podem ser mediados por outros. Por exemplo, sabe-se que a auxina induz a biossíntese de etileno e que a giberelina pode induzir a síntese de auxina e vice-versa. As citocininas promovem a mobilização de nutrientes e retardam a senescência foliar. O etileno é produzido em quase todas as partes dos vegetais superiores e aumenta de quantidade durante abscisão foliar, senescência das folhas e amadurecimento de frutos. O etileno e as citocininas controlam a senescência foliar. O ácido abscísico está envolvido na senescência foliar pelo aumento da síntese de etileno. Internamente, a abscisão e a senescência foliar estão sob forte controle do balanço hormonal das auxinas, que as impedem, das citocininas, que as retardam, do ácido abscísico, que as promovem, e do etileno, principal ocasionador dos processos (TAIZ; ZEIGER, 2004). A abscisão das folhas deixa cicatrizes, que podem ser observadas abaixo das gemas laterais, juntamente com as cicatrizes de seus feixes vasculares. A camada protetora da zona de abscisão produz a cicatriz foliar. As cicatrizes dos feixes correspondem aos feixes vasculares terminais secionados, que se estendem dos traços foliares até o pecíolo da folha antes de ocorrer a abscisão. Grupos de cicatrizes das escamas de gemas apicais mostram a localização prévia das mesmas, até que se tornem menos aparentes; devido ao crescimento secundário, estes grupos de cicatrizes podem ser utilizados para determinação da idade de certas regiões do caule. A região do caule localizada entre dois grupos de cicatrizes 35 corresponde a um ano de crescimento. As lenticelas surgem como discretas elevações do caule (RAVEN, EVERT; EICHHORN, 2001). Pelos modelos de retenção e queda de folhas das árvores de florestas tropicais proposto por Longman e Jenik (1974 apud KRAMER; KOZLOWSKI, 1979), a cajazeira enquadra-se na classe de plantas do tipo decíduas de crescimento periódico, com o tempo de vida das folhas em torno de quatro a onze meses e a queda ocorrendo antes da abertura das gemas, ficando a planta inteira ou os ramos totalmente desfolhados durante várias semanas ou meses. 3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Local do Experimento O pomar experimental foi plantado em fevereiro de 2000, em área do Instituto Frutal, localizada a 5°12’9,8” S e 37°59’29,2” W e altitude de 158 m (medições feitas com aparelho GPS 12), no lote 1.3 da 2ª etapa do DIJA – Distrito de Irrigação Jaguaribe-Apodi – no município de Limoeiro do Norte, CE. O pomar foi avaliado no período de fevereiro de 2001 a junho de 2005. Essa área está inserida na zona semi-árida do nordeste do Brasil, a qual, pela divisão do Zoneamento Agroecológico do Nordeste, segundo Silva et al. (1993), localiza-se dentro da grande unidade de paisagem J, chamada de Superfícies Cársticas, e na unidade geoambiental J10 da chapada do Apodi. Tem relevo plano, solo classificado como Cambissolo profundo e vegetação natural de área de caatinga hiperxerófila. Pela classificação de Köpen, o clima da chapada é do tipo BSw’h’, quente e semiárido. As médias anuais dos fatores climáticos são pluviosidade de 1.012 mm, umidade relativa do ar de 72% e temperatura de 26,7°C, com máximas de 33,5°C e mínimas de 25°C (CENTEC, 2005). O regime pluvial caracteriza-se por um período de chuvas de janeiro a junho e uma estação seca, com ocorrência de chuvas esparsas no restante do ano. Normais meteorológicas do período de 1961 a 1990, obtidas em estação de 1ª classe da microregião, no município de Morada Nova, CE, são encontrados na Tabela 1. A área do pomar experimental tem solo classificado, especificamente, como Cambissolo Háplico, com argila de atividade alta a fraca (EMBRAPA, 1999). É profundo, bem drenado, com minerais primários de fácil intemperização e boa fertilidade natural (Tabela 2). 36 TABELA 1 – Normais meteorológicas do período de 1961 a 1990 obtidas em estação de 1ª classe de Morada Nova, CE (6°5’ S e 39°23’ W). Variáveis Metereológicas jan. fev. mar. abr. maio jun. jul. ago. set. out. Pressão atmosférica (hPa) 1006,0 1006,1 1006,2 1006,5 1007,3 1008,9 1009,5 1009,0 1008,3 1006,8 Temperatura média (oC) 26,9 27,3 26,7 26,6 26,7 26,0 26,0 26,6 27,6 Temperatura máxima (oC) 35,1 33,8 32,3 31,9 31,9 31,8 32,6 34,2 Temperatura mínima (oC) 22,3 23,5 23,0 21,8 22,6 21,4 20,8 Precipitação total (mm) 78,7 112,8 214,5 186,7 115,7 70,6 Evaporação total (mm) 207,7 149,8 87,7 90,1 112,4 Umidade relativa (%) 65,8 72,0 80,3 79,5 232,6 203,1 206,3 5,5 5,8 6,7 Insolação total horas Nebulosidade 0-10 dez. ano 943,2 1006,1 1002,0 27,9 28,4 28,3 27,1 35,3 36,1 34,5 35,7 33,8 20,6 21,4 22,1 20,8 22,9 21,9 33,8 11,6 9,5 4,4 5,0 29,0 872,2 128,7 179,6 243,8 246,7 279,3 259,9 249,5 2235,3 75,0 73,7 67,6 61,4 57,5 58,0 58,3 61,4 67,5 197,9 233,5 248,9 259,0 279,9 282,7 297,2 279,2 262,7 2982,6 6,1 5,5 4,8 4,4 3,0 3,1 3,3 3,9 4,5 4,7 Fonte: INMET- Instituto Nacional de Meteorologia. nov. 37 TABELA 2 – Resultados de análises químicas, granulométrica e de micronutrientes de amostras de solo da área experimental coletadas em janeiro de 20001. Limoeiro do Norte, CE, 2005. pH Profundidade mg/dcm3 mmol/dcm3 TFSA % Relação Amostras CaCl2 H2O SMP MO P K Ca Mg Al H H+Al SB CTC V Ca/Mg Mg/K 0-20 cm 5,8 7,2 6,6 32 13 3,4 53 10 1 21 22 66,4 88,4 75,1 5,30 2,94 20-40 cm 4,8 5,6 6,1 10 3 1,4 29 9 1 37 38 39,4 77,4 50,9 3,22 6,42 Composição granulométrica (%) Profundidade Densidades classe Sub-classe 2,63 Barrentos Areno argiloso 1,36 2,70 Argilosos Argiloso Areia Grossa Areia Fina Argila Limo Cascalho Aparente Real 0-20 cm 50,8 18,4 25,2 5,5 0,0 1,31 20-40 cm 33,7 11,8 54,4 0,0 0,0 Amostras mg/dcm3 Profundidade 1 g/dcm3 Micronutrientes Amostras S Na Fe Mn Cu Zn Bo 0-20 cm 16 10 43 437 3,1 3,10 0,21 20-40 cm 24 11 83 195 3,6 1,2 0,23 Análises realizadas no laboratório do Instituto Campineiro de Análise de Solo e Adubo S/C Ltda. Campinas, SP. 38 3.2 Tratamentos e Delineamento Experimental Os tratamentos consistiram de combinações possíveis de cinco copas de cajazeira enxertadas sobre dois porta-enxertos – cajazeira e umbuzeiro – seguindo o delineamento de blocos ao acaso, arranjadas no campo em esquema fatorial (5x2) com quatro repetições e quatro plantas por parcela. Utilizou-se uma bordadura externa de uma planta em todo perímetro da área foi empregada. Os clones copa foram obtidos de árvores adultas, sadias e produtivas nas localidades de Capuan, Caucaia-CE; Curimatã, Pacajus-CE; Gereau e Ladeira Grande, Maranguape-CE; e Lagoa Redonda, Messejana-CE. Uma única planta de cada local foi selecionada para dar origem ao clone. Os porta-enxertos foram obtidos de sementes de diversas plantas de umbuzeiro e de cajazeira. Os tratamentos resultantes das combinações enxerto/porta-enxerto são representados na Tabela 3. TABELA 3 – Representação dos tratamentos formados por combinações de cinco copas de cajazeira com dois porta-enxertos empregados no experimento. Limoeiro do Norte, CE, 2005. Porta-enxerto Copa Tratamento Cajazeira Capuan Curimatã Gereau Ladeira Grande Lagoa Redonda Capuan Curimatã Gereau Ladeira Grande Lagoa Redonda 1= Capuan/Cajazeira 2= Curimatã/Cajazeira 3= Gereau/Cajazeira 4= Ladeira Grande/Cajazeira 5= Lagoa Redonda/Cajazeira 6= Capuan/Umbu 7= Curimatã/Umbu 8= Gereau/Umbu 9= Ladeira Grande/Umbu 10= Lagoa Redonda/Umbu Umbuzeiro 39 O experimento teve um total de 160 plantas na área útil e 56 na bordadura externa, conforme croqui de campo (Figura 1). Bloco IV Bloco I Bloco III Bloco II 5 6 10 2 1 7 3 6 10 3 5 4 9 10 1 2 4 8 9 7 6 4 5 9 9 2 8 1 8 5 7 8 1 7 3 6 2 3 10 4 FIGURA 1 – Croqui de campo do experimento instalado no delineamento de blocos ao acaso em esquema fatorial (cinco copas x dois porta-enxertos). Limoeiro do Norte, CE, 2005. Legenda: = Plantas da bordadura externa = Plantas da área útil do experimento Tratamentos: 1= Capuan/Cajazeira; 2= Curimatã/C; 3= Gereau/Cajazeira; 4= Ladeira Grande/Cajazeira; 5= Lagoa Redonda/Cajazeira; 6= Capuan/Umbu; 7= Curimatã/Umbu; 8= Gereau/Umbu; 9= Ladeira Grande/Umbu e 10= Lagoa Redonda/Umbu. 40 O experimento foi planejado para que os dados fossem analisados conforme o seguinte modelo matemático: Yijk = µ + Bj + Ci + PEk + (CxPE)ik + Єijk onde: Yij = valor observado, µ = média geral, Bj = efeito do j-ésimo bloco, Ci = efeito da i-ésima copa de cajazeira, PEk = efeito do k-ésimo porta-enxerto, (CxPE)ik = efeito da interação entre o i-ésima copa de cajazeira e o k-ésimo porta-enxerto, Єijk = efeito do erro experimental, sendo k = 1,2; i = 1,2,3, 4, 5 e j= 1,2,3, 4, com o seguinte quadro de análise de variância, apresentado na Tabela 4. TABELA 4 – Análise de variância do experimento instalado em delineamento de blocos ao acaso em esquema fatorial (cinco copas x dois porta-enxertos). Limoeiro do Norte, CE, 2005. Causa de variação Tratamento (clones) GL i-1+k-1+(i-1) (k-1) (9) Copa (C) i-1 4 Porta-enxerto (PE) k-1 1 (i-1) (k-1) 4 j-1 3 Interação (CxPE) Blocos Resíduo [i-1+k-1+(i-1) (k-1) (j-1)] 27 Total ijk-1 39 3.3 Formação das Mudas, Plantio e Condução do Pomar Na formação do pomar foram usadas mudas de cajazeira enxertadas por garfagem em fenda cheia, com aproximadamente 140 dias de idade, vigorosas e com média de cinco folhas desenvolvidas. As mudas foram formadas no viveiro do Campo Experimental da Embrapa Agroindústria Tropical, em Pacajus, CE, conforme o método proposto por Souza, Innecco e Araújo (1999). 41 Os garfos foram obtidos de porções apicais de ramos sem folhas e com gemas intumecidas, de plantas adultas no período de repouso vegetativo. Os porta-enxertos foram mudas de pé franco de umbuzeiro e cajazeira, formadas em sacos plásticos, com aproximadamente 80 dias de idade e diâmetro médio do caule de 1,0 cm no ponto de enxertia. O plantio das mudas foi realizado em sistema retangular, no espaçamento de 8 m x 7 m em área de relevo plano, medindo 126 m x 96 m (12.096 m2). Detalhe das linhas de plantio do pomar pode ser observado na Figura 2. Cada cova de plantio, com dimensão de 40 cm x 40 cm x 40 cm, foi previamente tratada com carbofuran a 0,05% e adubada em fundação com 10 L de esterco bovino curtido, 100 g de calcário dolomítico (PRNT 80%), 400 g de superfosfato simples (72 g de P2O5) e 40 g do micronutriente FTE BR. A B FIGURA 2 – Vista parcial do pomar de cajazeira, com detalhe das linhas de plantio. A) plantas com um ano de idade e B) com cinco anos de idade. Limoeiro do Norte, CE, 2005. Os tratos culturais consistiram de irrigação por microaspersão (apenas durante os períodos secos dos primeiro, segundo e terceiro anos de cultivo), replantio, tutoramento, coroamento e capinas manuais com enxada, adubações em cobertura, fertiirigações e controle preventivo contra formigas saúvas, com uso de repelente químico. Também foi feita poda de formação, que consistiu do corte da gema apical, em março de 2001, ou do terço superior do caule das plantas que continuavam com crescimento monopodial, em agosto de 2001, seguida da aplicação de uma pasta de oxicloreto de cobre nas superfícies cortadas. De novembro a dezembro de 2000, foram feitas quatro fertirrigações, aplicando-se no total, 4,0 kg de uréia (2,16 kg de N) e 2,86 kg de cloreto de potássio (1,72 kg de K2O) em todo o pomar. Durante o ano de 2001, foram aplicados, nas fertirrigações, 1,74 kg de uréia (940 g de N) e 1,36 kg de cloreto de potássio (816 g de K2O). Também em março foi feita uma adubação em cobertura com 10 L de vermicomposto + 45 dcm3 de bagana de carnaúba 42 por planta e outra em maio, com 50 g de uréia (27 g de N), 36 g de cloreto de potássio (21,6 g de K2O) e 22 g de FTE BR-12. Em 2002, terceiro ano de cultivo, foram aplicados no pomar, em fertirrigações, 78,0 kg de sulfato de amônio (15,6 kg de N), 36,6 kg de fosfato monoamônico (4,0 kg de N e 19 kg de P2O5), 24,4 kg de cloreto de potássio (14,6 kg de K2O) e 15,0 kg de sulfato de zinco. As irrigações para estabelecimento do pomar foram realizadas nos períodos secos dos três primeiros anos de cultivo. Utilizaram-se microaspersores autocompensantes com vazão de 25 litros por hora, que molhavam um círculo de 1,0 m de diâmetro em turnos de rega de três dias e tempo de irrigação de três horas, no primeiro ano de cultivo, e de cinco dias e cinco horas, no segundo e terceiro ano de cultivo. Nas épocas de repouso vegetativo, quando as plantas encontravam-se desfolhadas, foram removidos seus ramos secos e caiados os caules principais para evitar queima por radiação solar. 3.4 Variáveis Avaliadas Os dados foram coletados para variáveis quantitativas contínuas: altura de planta, perímetro de caule do porta-enxerto e do enxerto, relação entre os perímetros de caule do enxerto e do porta-enxerto, quantitativas discreta: número de cachos (através de níveis: 0, 1, 2, e 3) e qualitativas nominais: formato da copa (monopodial, bifurcada e simpodial) e épocas de emissão e de abscisão foliares, de floração e de frutificação. a) Altura de planta: medição feita da superfície do solo até o ápice do ramo mais desenvolvido; b) Perímetro do caule do porta-enxerto: medição realizada com trena flexível circundando o caule do porta-enxerto, logo abaixo do ponto de enxertia; c) Perímetro do caule do enxerto: medição realizada com trena flexível circundando o caule do enxerto, logo acima do ponto de enxertia; d) Razão entre os perímetros de caule do enxerto e do porta-enxerto: obtida pela divisão dos perímetros dos caules dos enxertos pelos perímetros dos caules dos portaenxertos; 43 e) Níveis do número de cachos de frutos por planta: contagem do número de cachos de frutos por planta, sendo os níveis 0 = produção de nenhum cacho por planta; 1 = produção de um a dez; 2 = produção de 11 a 50; e 3 = produção maior que 50 cachos por planta; f) Formato da copa: a cajazeira, nos primeiros anos de vida, tem forte dominância apical e desenvolvimento acrópeto, resultando em caule longo e vertical, copa alta e assimétrica. Classificaram-se, então, as ramificações do ramo principal (ramos de primeira ordem) em copas: monopodial = plantas com um único caule, forte dominância apical e desenvolvimento acrópeto; bifurcada = plantas que emitiram dois caules principais, em “Y” (forma de gancho); e simpodial = plantas que esgalharam, ou seja, emitiram mais de dois caules principais; g) Épocas de emissão e de abscisão de folhas, flores e frutos: anotaram-se os períodos de ocorrência dessas fenofases durante a avaliação do experimento. 3.5 Análise e Interpretação dos Dados Experimentais As variáveis altura de planta, perímetro de caule do porta-enxerto e do enxerto e relação entre os perímetros de caule do enxerto e do porta-enxerto foram submetidas à análise de variância, estabelecendo-se significância ao nível de 5% pelo teste F, conforme PimentelGomes (1987). Os contrastes entre as médias dos tratamentos definidos “a priori” foram testados pelo teste de Duncan (BANZATTO; KRONKA, 1995). O processamento dos dados foi feito utilizando os procedimentos disponíveis no software de análise estatística SAS versão 8.0. Para os dados das variáveis formato de copa e níveis do número de cachos de frutos por planta, os quais não se ajustaram ao emprego da técnica de análise de variância e de testes não-paramétricos, foi feita uma análise descritiva por tabela cruzada, utilizando-se os procedimentos de estatística descritiva disponíveis no software SPSS, versão 13. 44 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Crescimento Vegetativo de Plantas Enxertadas de Cajazeira O crescimento vegetativo das plantas foi estimado através de avaliações de altura de planta, perímetros de caule do porta-enxerto e do enxerto e a relação entre estes. As avaliações foram feitas a partir do primeiro ano de plantio das mudas, em fevereiro e setembro de 2001, agosto de 2002, dezembro de 2003 e setembro de 2004, quando as plantas tinham 12, 18, 30, 46 e 55 meses de idade, respectivamente. 4.1.1 Altura de Planta A altura de planta é uma indicação válida das alterações de crescimento primário produzidas pelos meristemas apicais, resultando no desenvolvimento vertical da planta. Pela análise de variância, observa-se, para a variável altura de planta, que houve significância estatística pelo teste F entre os tratamentos, em todas as idades estudadas, como também se nota uma redução nos valores dos coeficientes de variação ao longo dos anos (Tabela 5). Diferenças consideráveis de altura de planta são observadas entre os clones desde os 12 meses de idade. O clone Gereau enxertado sobre umbuzeiro teve a maior altura (108,44 cm), seguido pelos clones Gereau enxertado sobre cajazeira e Lagoa Redonda enxertados sobre cajazeira e umbuzeiro, respectivamente, os quais não diferiram estatisticamente entre si. O Ladeira Grande enxertado sobre umbuzeiro teve a menor altura (35,87 cm). Aos 18 meses, as alturas foram inferiores às da idade anterior. Esse fato é explicado pelas podas de formação de copa realizadas em março de 2001, quando foram retirados os ápices dos ramos principais, e, principalmente, pela poda drástica feita em agosto de 2001, quando foram removidos cerca de um terço dos ramos principais das plantas que continuavam com crescimento monopodial acrópeto. Aos 30 meses de idade, nota-se que o clone Gereau enxertado sobre umbuzeiro continuava com a maior altura (221,94 cm), seguido pelos Lagoa Redonda enxertado sobre umbuzeiro e cajazeira, que não diferiram significativamente entre si. Os clones Ladeira Grande tiveram as menores alturas de planta, o enxertado sobre cajazeira (93 cm) e o sobre umbuzeiro (98,47 cm), mas não diferiram estatisticamente dos Curimatã. Os clones Capuan tiveram alturas intermediárias. Aos 46 meses, observou-se a mesma tendência de altura dos clones observada nas épocas anteriores. Todas as médias de altura diferiram 45 significativamente entre si na seguinte seqüência em ordem decrescente dos clones: Gereau, Lagoa Redonda, Capuan, Curimatã e Ladeira Grande. Até os 55 meses, última época de observação, notou-se que os clones mantiveram a mesma ordem de altura das épocas anteriores. O clone de Gereau enxertado sobre umbuzeiro teve 418 cm e foi estatisticamente igual aos Lagoa Redonda, com 411,87 e 384,4 cm, respectivamente, tendo as maiores alturas de planta. Os Capuan e Curimatã mantiveram-se com valores intermediários e o Ladeira Grande enxertado sobre cajazeira continuou com o menor porte (209,8 cm). O teste F detectou diferenças significativas entre os dois porta-enxertos apenas na idade de 55 meses, onde observam-se as maiores alturas dos clones enxertados sobre umbuzeiro em comparação com os sobre cajazeira (Tabela 6). As maiores alturas dos clones enxertados sobre portaenxertos de umbuzeiro deve-se, provavelmente, à formação de túberas nas raízes desta espécie. As diferenças de altura entre árvores dos clones Gereau (maior porte) e Ladeira Grande (menor porte) podem ser visualizadas na Figura 2, que mostra plantas aos cinco anos de idade. A altura média dos clones enxertados de cajazeira, aos 55 meses de idade, obtida no presente trabalho, foi de 323,19 cm, bastante inferior à de 446,00 cm observada por Leite, Martins e Ramos (2003) em árvores mais jovens, de 36 meses de idade, cultivadas no Sul da Bahia. Esta diferença pode ter sido resultado da não realização de poda de formação e de variações mesológicas e genéticas dos clones usados. Uma comparação mais crítica das diferenças de altura entre os clones é dificultada em virtude das podas realizadas aos 12 e 18 meses. Contudo, dos 30 aos 55 meses de idade essas diferenças se mantiveram praticamente inalteradas. Ao final deste período, a maioria das plantas do pomar havia atingido a maturidade com a floração e frutificação. É de se esperar que após esse período ocorra uma diminuição mais acentuada das taxas de crescimento e que as diferenças entre os clones permaneçam inalteradas. 46 TABELA 5 – Análises de variâncias de variáveis de crescimento vegetativo de clones de cajazeira enxertados sobre porta-enxertos de cajazeira e umbuzeiro, em cinco idades. Limoeiro do Norte, CE, 2005. Idade (meses) C. de variação Clones Blocos Resíduo CV 12 Gl 9 3 27 9.088,46** 5.545,68 1.423,21 52,77 Altura de planta (cm) 18 30 46 Quadradros médios 10.600,05** 3.420,75 1.223,99 50,88 31.976,38** 3.871,55 2.472,19 31,90 42.494,74** 20.976,54 3.400,15 24,17 55 72.779,48** 33.982,89 5.992,12 23,95 Perímetro de caule de porta-enxerto (cm) Clones Blocos Resíduo CV 9 3 27 36,51** 98,54 13,58 40,78 Clones Blocos Resíduo CV 9 3 27 38,46** 88,55 10,64 43,43 52,84* 43,41 24,51 38,82 274,95** 100,47 41,39 23,65 551,24** 356,94 90,52 23,63 596,01** 471,57 162,20 23,73 359,96** 419,87 78,84 23,47 716,99** 840,65 166,46 25,03 Perímetro de caule de enxerto (cm) Clones Blocos Resíduo CV 56,38** 44,31 19,51 41,12 159,76** 153,22 41,31 24,61 Relação entre perímetro de caule de enxerto e de porta-enxerto 0,0296** 0,0659** 0,2130** 0,0711** 0,0690** 9 0,0198 0,0143 0,0247 0,0107 0,0045 3 0,0093 0,0093 0,0073 0,0056 0,0061 27 11,75 11,54 8,82 * houve diferenças estatisticamente significativas pelo teste F (p>0,05). ** houve diferenças estatisticamente significativas pelo teste F (p>0,01). 7,93 8,13 47 TABELA 6 – Altura de planta (cm) de clones de cajazeira enxertados sobre porta-enxertos de cajazeira e umbuzeiro, em cinco idades. Limoeiro do Norte, CE, 2005. Idade Porta-enxerto Copa 1 181 meses 12 meses Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro 30 meses Cajazeira Umbuzeiro 46 meses Cajazeira 55 meses Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro Capuan 58,13deA 76,75bcdA 57,31cdA 76,94bcA 143,69deA 159,63cdeA 236,25cdA 254,62bcdA 295,75cB 314,77cA Curimatã 63,81cdeA 48,40deA 53,44cdA 40,88dA 130,44efA 126,94efA 213,33dA 214,29dA 286,60cB 316,71cA Gereau 99,57abA 108,44aA 91,56abA 113,00aA 178,13bcdA 221,94aA 273,13abcA 313,75aA 343,19bcB 418,00aA Ld. Grande 48,56deA 35,87eA 41,19dA 40,13dA 93,00fA 98,47fA 151,33eA 158,33eA 209,80dB 223,58dA Lg. Redonda 90,50abcA 87,77abcA 94,63abA 76,75bcA 212,63abA 190,06abcA 295,07abA 279,33abcA 411,87aB 384,40abA Médias 72,11 71,44 67,62 70,14 151,57 159,40 233,82 244,06 309,44 331,49 As plantas foram podadas em março e julho de 2001. Médias seguidas por letras minúsculas iguais, na mesma coluna e dentro da mesma idade, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p<0,05). Médias seguidas por letras maiúsculas iguais, na mesma linha e dentro da mesma idade, não diferem, entre si, pelo teste F (p<0,05). 48 A B FIGURA 3 – Árvores de cajazeira dos clones: A) Gereau e B) Ladeira Grande com cinco anos de idade. Limoeiro do Norte, CE, 2005. 4.1.2 Perímetros de Caule da Planta Enxertada O perímetro de caule é representativo das variações de crescimento secundário produzido pelo câmbio vascular, determinante do aumento em diâmetro de eudicotiledôneas lenhosas (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2001). As diferenças de espessura entre hipóbio e epíbio são freqüentemente utilizadas para caracterizar o tipo de crescimento e possíveis reações de incompatibilidade nas plantas enxertadas. Pela análise de variância, observa-se para a variável perímetro de caule do portaenxerto que houve significância estatística pelo teste F entre os tratamentos, em todas as idades estudadas, também se nota uma redução nos valores dos coeficientes de variação, ao longo dos anos, com uma estabilização nos três últimos anos (Tabela 5). Na idade de 12 meses, o porta-enxerto de cajazeira enxertado sob o clone Gereau teve o maior perímetro de caule (11,93 cm), mas sem diferir estatisticamente do Capuan enxertado sobre cajazeira e umbuzeiro e do Lagoa Redonda sobre umbuzeiro, sendo os dois últimos estatisticamente semelhantes. O porta-enxerto de umbuzeiro enxertado com o clone Ladeira Grande teve o menor perímetro de caule (7,0 cm). Os dois porta-enxertos enxertados 49 com o clone Curimatã tiveram perímetros de caule intermediários, juntamente com o umbuzeiro enxertado com o Lagoa Redonda. Aos 18 meses, os porta-enxertos de umbuzeiro e cajazeira enxertados com Gereau tiveram os maiores perímetros de caule (15,06 cm e 15,19 cm, respectivamente), mas não diferiram estatisticamente dos enxertados com Capuan, Lagoa Redonda e Curimatã sobre cajazeira. Os porta-enxertos de umbuzeiro e cajazeira enxertados com Ladeira Grande tiveram os menores perímetros de caule, 10,47 cm e 10,50 cm, respectivamente. Na idade de 30 meses, os porta-enxertos de cajazeira enxertados com os clones de Gereau (32,68 cm), Lagoa Redonda (32,63 cm), Curimatã (29,81 cm) e Capuan (30,56 cm) tiveram os maiores perímetros e não diferiram estatisticamente entre si. Os portaenxertos de umbuzeiro enxertados com os clones Capuan, Curimatã e Lagoa Redonda tiveram perímetros de caule intermediários e foram estatisticamente semelhantes. O porta-enxerto de umbuzeiro enxertado com o Ladeira Grande teve o menor perímetro de caule (20,40 cm). Aos 46 e 55 meses, os porta-enxertos de cajazeira tiveram os maiores perímetros de caule quando enxertados com Gereau (48,0 e 58,54 cm) e Lagoa Redonda (48,66 e 66,66 cm), respectivamente, mas ambos não diferiram estatisticamente. Enquanto isso, os porta-enxertos de umbuzeiro tiveram os menores perímetros quando enxertados com os clones Ladeira Grande (31,08 e 44,63 cm) e Curimatã (32,71 e 44,28 cm), respectivamente, que também não diferiram estatisticamente entre si (Tabela 7). Ainda na Tabela 7, verifica-se que o teste F detectou diferenças significativas entre os dois porta-enxertos, nas idades de 46 e 55 meses, sendo evidentes os maiores perímetros de caule dos porta-enxertos de cajazeira, quando comparados com os de umbuzeiro em todos os clones. No período avaliado, observa-se que os perímetros de caule dos porta-enxertos de cajazeira variaram de 7,31 cm no Ladeira Grande a 66,66 cm no Lagoa Redonda e os de umbuzeiro, de 7,0 cm no Ladeira Grande a 52,53 cm no Gereau. A ocorrência de maiores valores de perímetro de caule nos porta-enxertos de cajazeira deve-se à presença característica de casca grossa e rugosa nos troncos dessa espécie, diferentemente dos do umbuzeiro, que possuem casca fina e lisa. (Figura 3). 50 TABELA 7 – Perímetro de caule de porta-enxerto (cm) de clones de cajazeira enxertados sobre porta-enxertos de cajazeira e umbuzeiro, em cinco idades. Limoeiro do Norte, CE, 2005. Idade Porta-enxerto Cajazeira Umbuzeiro Capuan 9,00abcdA Curimatã 8,56bcdA Copa Gereau 1 181 meses 12 meses 11,93aA 30 meses 46 meses Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro 10,31abcA 13,13abcA 13,50abcA 30,56abA 24,56cdA 45,06abA 7,53cdA 12,00abcA 11,06bcA 29,81abA 23,12cdA 10,69abA 15,19aA 15,06aA 32,68aA 55 meses Cajazeira Umbuzeiro 36,31cdB 66,26abA 45,00cB 42,53abcA 32,71dB 54,33abcA 44,28cB 26,87bcA 48,00aA 41,87abcB 58,54abA 52,53bcB Ld. Grande 7,31cdA 7,00dA 10,50cA 10,47cA 26,87bcA 20,40dA 37,60bcdA 31,08dB 51,14bcA 44,43cB Lg. Redonda 9,31abcdA 8,85bcdA 14,62abA 11,87abcA 32,63aA 24,12cdA 48,66aA 35,00cdB 66,66aA 47,87bcB Médias 9,22 8,87 13,08 12,39 30,51 23,81 44,37 35,39 59,38 46,82 As plantas foram podadas em março e agosto de 2001. Médias seguidas por letras minúsculas iguais, na mesma coluna e dentro da mesma idade, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p<0,05). Médias seguidas por letras maiúsculas iguais, na mesma linha e dentro da mesma idade, não diferem, entre si, pelo teste F (p<0,05). 51 Pela análise de variância, observa-se, para a variável perímetro de caule do enxerto, que houve significância estatística pelo teste F entre os tratamentos em todas as idades estudadas, e também uma redução nos valores dos coeficientes de variação, ao longo dos anos, com uma estabilização nos três últimos anos (Tabela 5). Pela Tabela 8, observa-se, aos 12 meses de idade, que o clone Gereau teve o maior perímetro de caule do enxerto, quando enxertado sobre cajazeira (10,64 cm) e sobre umbuzeiro (9,25 cm), mas sem diferir estatisticamente deste e do Capuan sobre umbuzeiro, que, por sua vez, também não diferiu do Gereau e Lagoa Redonda enxertados sobre umbuzeiro e Capuan e Lagoa Redonda enxertado sobre cajazeira. Em todas as idades, observa-se que o clone Gereau teve os maiores perímetros de caule do enxerto sobre ambos os porta-enxertos, enquanto o Ladeira Grande teve os menores. Os clones de Capuan, Curimatã e Lagoa Redonda, notadamente quando enxertados sobre umbuzeiro, mantiveram-se com perímetros intermediários. Claramente o genótipo de Gereau teve um potencial de crescimento secundário superior ao do clone de Ladeira Grande. Ainda na Tabela 8, verifica-se que o teste F detectou diferenças significativas entre perímetros de caule do enxerto sobre os dois porta-enxertos, nas idades de 46 e 55 meses, sendo evidentes os maiores perímetros de caule dos enxertos quando enxertados sobre cajazeira do que quando sobre umbuzeiro, em todos os clones. 52 TABELA 8 – Perímetro de enxerto (cm) de clones de cajazeira enxertados sobre porta-enxertos de cajazeira e umbuzeiro, em cinco idades. Limoeiro do Norte, CE, 2005. Idade Porta-enxerto 30 meses 46 meses Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro Capuan 6,81bcA 9,00abA 10,18bcdA 12,31abcA 25,12cdA 26,31bcdA 40,00abcA Curimatã 7,12bcA 5,73cA 10,20bcdA 9,25cdA 28,25abcA 23,93cdA 10,64aA 9,25abA 13,25abA 31,50aA Ld. Grande 6,00cA 5,86cA 8,25dA 9,06cdA Lg. Redonda 7,56bcA 7,23bcA 10,81abcdA 9,94bcdA 7,41 10,53 Copa Gereau Médias 1 181 meses 12 meses 70,62 14,00aA 10,91 Cajazeira Umbuzeiro 55 meses Cajazeira Umbuzeiro 37,23bcdB 54,43abcdA 49,15bcdefB 40,46abA 32,43dB 52,56abcdeA 42,75efB 30,18abA 44,68aA 43,06abB 61,87aA 58,40abcB 22,43dA 22,00dA 32,46dA 30,75dB 46,06edfA 41,58fB 26,93abcdA 24,18cdA 41,13abA 33,26cdB 59,53abA 48,00cdefB 26,84 25,32 39,74 35,34 54,89 47,97 As plantas foram podadas em março e agosto de 2001. Médias seguidas por letras minúsculas iguais, na mesma coluna e dentro da mesma idade, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p<0,05). Médias seguidas por letras maiúsculas iguais, na mesma linha e dentro da mesma idade, não diferem, entre si, pelo teste F (p<0,05). 53 Confrontando-se os valores de altura de planta e perímetros de caule de portaenxerto e enxerto, vê-se que estas variáveis parecem estar positivamente associadas. Os clones Gereau e Lagoa Redonda tiveram as maiores alturas e também os maiores perímetros de caule de porta-enxerto e enxerto. Por sua vez, o clone Ladeira Grande teve a menor altura de planta e os menores perímetros de caule de porta-enxerto e enxerto. Referida correspondência é um indicativo da adequabilidade dessas variáveis para estimar o crescimento vegetativo da planta. Nessas variáveis também observou-se uma redução nos valores dos coeficientes de variação ao longo dos anos (Tabela 5). Tal fato é explicado, provavelmente, pela diminuição da variância entre os tratamentos. A razão entre os perímetros de caule do enxerto e do porta-enxerto foi determinada com o objetivo de se estabelecer o grau de diferenças de diâmetros das partes enxertadas. Pela análise de variância, observa-se, para a relação perímetro de caule do enxerto e do porta-enxerto, que houve significância estatística pelo teste F entre os tratamentos em todas as idades estudadas (Tabela 5). Na Tabela 9, aos 12 meses de idade, observa-se que todas as relações foram inferior à unidade, sendo a maior relação a do clone Gereau (0,90) e a menor a do Capuan (0,76), ambos enxertados sobre cajazeira. Nota-se também que o clone Gereau, enxertado sobre os dois porta-enxertos, teve as maiores razões que todos os demais clones até os 18 meses de idade das plantas. Já dos 30 aos 55 meses, as maiores razões se mantiveram apenas no clone Gereau enxertado sobre umbuzeiro. Nos porta-enxertos de cajazeira, os clones Lagoa Redonda e Ladeira grande tiveram as menores razões de perímetros (enxerto e porta-enxerto) nas idades estudadas. Ainda na Tabela 9, verifica-se que o teste F detectou diferenças significativas entre as relações de perímetros de caule:de enxerto e porta-enxerto sobre os dois portaenxertos em todas as idades avaliadas, com exceção dos 12 meses. As razões de perímetro de caule de enxerto e porta-enxerto foram mais elevadas para o porta-enxerto de umbuzeiro do que para o de cajazeira em todas as idades a partir dos 18 meses. Aos 30 meses, essas razões para o umbuzeiro foram iguais ou maiores do que 1,0 em todos os clones. Aos 46 e 55 meses, apenas os clones Gereau e Capuan e Lagoa Redonda mantiveram-se com razões um pouco maiores do que a unidade, ou seja, os caules dos enxertos de cajazeira foram mais grossos do que os do porta-enxerto de umbuzeiro, formando troncos em formato de “taça”. Contrariamente, essas razões foram sempre menores que 1,0 para os porta-enxertos de cajazeira, formando troncos com aparência de “garrafa”. 54 Referidas diferenças de diâmetro, assim descritas, podem ser observadas na Figura 4, onde nota-se que também houve uma boa cicatrização entre as partes enxertadas. As diferenças encontradas na razão entre perímetros de caule de enxerto e portaenxerto foram pequenas em valores e magnitude, mas significativas. Até a idade observada, não pareceram exercer influências negativas no crescimento vegetativo das plantas e não caracterizaram uma incompatibilidade entre as partes enxertadas. Além do mais, a união das partes enxertadas foi aparentemente perfeita em ambos os porta-enxertos (Figura 4). A leve hipertrofia no porta-enxerto de umbuzeiro também foi constatada por Souza e Bleicher (2002) em clones de cajazeira com 46 meses de idade, os quais, até a presente data, continuam em pleno desenvolvimento na Estação Experimental da Embrapa Agroindústria Tropical, em Pacajus, CE. A hipertrofia, quando muito acentuada, pode reduzir a vida útil da planta, por afetar o movimento de água, nutrientes, íons, sais minerais e fotoassimilados pelo sistema vascular, constituindo, em diversos casos, causas de incompatibilidade (HARTMANN et al., 2002). No texto desses mesmos autores, há indicação de que a hipertrofia ou hipotrofia do enxerto está mais relacionada com uma tendência genética de crescimento do que com incompatibilidade. 55 TABELA 9 – Relação entre perímetro de caule de enxerto e de porta-enxerto de clones de cajazeira enxertados sobre porta-enxertos de cajazeira e umbuzeiro, em cinco idades. Limoeiro do Norte, CE, 2005. Idade Porta-enxerto Copa 1 181 meses 12 meses Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro 30 meses Cajazeira Umbuzeiro 46 meses 55 meses Cajazeira Umbuzeiro Cajazeira Umbuzeiro Capuan 0,76cA 0,86abA 0,79deB 0,90abA 0,81eB 1,07bA 0,89cdB 1,03aA 0,90dB 1,10aA Curimatã 0,83abcA 0,76cA 0,81cdB 0,83bcdA 0,94dB 1,03bcA 0,94bcB 1,00abA 0,93cdB 0,99bcA Gereau 0,90aA 0,87abA 0,87abcB 0,94aA 0,95dB 1,13aA 0,93cB 1,04aA 0,95bcdB 1,09aA Ld. Grande 0,82bcA 0,83abcA 0,76deB 0,87bcA 0,83eB 1,08abA 0,86dB 0,99abA 0,88dB 0,96bcdA Lg. Redonda 0,79bcA 0,80bcA 0,73eB 0,82cdA 0,83eB 1,00cdA 0,85dB 0,95bcA 0,88dB 1,01bA Médias 0,82 0,82 0,79 0,87 0,87 1,06 0,89 1,00 0,90 1,03 As plantas foram podadas em março e agosto de 2001. Médias seguidas por letras minúsculas iguais, na mesma coluna e dentro da mesma idade, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p<0,05). Médias seguidas por letras maiúsculas iguais, na mesma linha e dentro da mesma idade, não diferem, entre si, pelo teste F (p<0,05). 56 A B C FIGURA 4 – Detalhes de troncos de cajazeira enxertada sobre umbuzeiro (A e B) e cajazeira (C) na linha de união. Limoeiro do Norte, CE, 2005. 4.2 Formato de Copa O grau de dominância apical é determinante da forma da planta. Plantas com forte dominância apical têm um único eixo de crescimento e poucas ramificações laterais (TAIZ; ZAIGER, 2004). Em condições naturais, a cajazeira é uma árvore caducifólia, de crescimento indeterminado e com tendência a formar, durante sua fase juvenil, caules monopodias longos com copas que esgalham a vários metros de altura do solo (SOUZA; BLEICHER, 2002). Difere de outras árvores frutíferas da família Anacardiaceae, como o cajueiro, a mangueira e o umbuzeiro, que têm tendência a formar copas mais simpodiais, com ramificações densas e mais baixas em relação ao solo. No texto de Kramer e Kozlowski (1979), há indicação de que uma mudança na forma da copa, em árvores adultas, está associada à inibição progressiva do crescimento caulinar, à perda da dominância apical e à condição de senescência. Tais fatores determinam uma ramificação gradual da árvore, possibilitando a formação de uma copa de topo achatada. Os formatos de copa das diferentes combinações de clones enxertados de cajazeira, até os 30 meses de idade, encontram-se apresentados na Tabela 10. Observa-se que, aos 12 meses de idade, todos os clones de cajazeira tinham uma alta percentagem de plantas com copas em formato monopodial, variando de 64,5%, no clone Ladeira Grande a 90,6% no Capuan, o que confirma a forte dominância apical da espécie, mantida até mesmo em clones enxertados. Aos 18 e 30 meses de idade, verifica-se uma considerável diminuição na 57 proporção de plantas com copa de formato monopodial em todos os clones e correspondentes aumentos nas percentagens de planta com copas bifurcada (em forma de Y ou gancho) e simpodial. Aos 30 meses, as percentagens de plantas com copa bifurcada variaram de 6,3% no clone Gereau a 25,8% no Ladeira Grande, e as de plantas com copa simpodial, de 56,5% no Curimatã a 84,4% no Gereau. Na mesma tabela, observa-se que, aos 12 meses de idade, em média 76% dos clones de cajazeira tinham tendência natural a formar copas monopodias, 17% copas bifurcadas e 6,4% copas simpodiais. Comprova-se, portanto, a tendência da cajazeira a formar copas monopodias e bifurcadas, conforme ocorre com tal planta em condições naturais. As variações das proporções de plantas bifurcadas aos 12, 18 e 30 meses de idade devem-se ao fato de muitas plantas, em resposta à poda, terem sofrido modificação em seus formatos de copa, de monopodial para simpodial diretamente, enquanto outras passaram primeiro para o formato bifurcada e depois para o simpodial. Corroborando o referido, observou-se que, dos 12 para os 30 meses de idade, houve um aumento considerável de plantas com copas simpodial, com variação de 56,5% a 84,4% e média de 72,4% (Tabela 10). TABELA 10 – Percentagens de formatos de copa de combinações de cinco genótipos de cajazeira sobre dois porta-enxertos em três idades (meses). Limoeiro do Norte, CE, 2005. Copa Capuan Curimatã Gereau Ladeira Grande Lagoa Redonda Médias 1 Monopodial 12 18 90,61 28,1 67,7 56,3 83,3 37,5 64,5 61,3 75,9 31,3 76,4 43,0 30 3,1 6,3 9,4 3,2 6,3 5,7 Bifurcada 12 18 30 9,4 31,3 25,0 29,0 15,6 12,5 13,3 21,9 6,3 16,1 16,1 25,8 17,2 15,6 15,6 17,0 20,1 17,0 12 0,0 2,2 3,3 19,4 6,9 17,0 Simpodial 18 30 40,6 71,9 19,6 56,5 40,6 84,4 22,6 71,0 53,1 78,1 35,3 72,4 Dados analisados por procedimentos de estatística descritiva. Na Tabela 11, são encontradas as proporções de plantas com os diferentes formatos de copa nos porta-enxertos de cajazeira e umbuzeiro. Aos 12 meses de idade, as plantas enxertadas sobre umbuzeiro tinham 89,3% de copas monopodiais e as enxertadas sobre cajazeira, 64,1%, indicando que o umbuzeiro, apesar de ter uma copa com formato simpodial, não transferiu essa característica para os clones. Se confirma, assim, a forte dominância apical dos clones na fase juvenil. Na mesma tabela, observa-se, aos 12 meses de idade, que o formato de copa bifurcada aparece em 9,3% nas plantas enxertadas sobre umbuzeiro e em 24,4% nas formadas 58 sobre cajazeira. Aos 18 e 30 meses de idade, verifica-se uma grande diminuição do formato de copa monopodial nas plantas enxertadas sobre ambos os porta-enxertos, notadamente aos 30 meses, quando as percentagens foram de 2,5% nos de cajazeira e de 8,9% nos de umbuzeiro. Pela Tabela 11, notam-se as baixas percentagens de plantas com o formato de copa simpodial aos 12 meses de idade, sendo de 1,3% para as enxertadas sobre umbuzeiro e de 11,5% para as formadas sobre cajazeira. O formato de copa simpodial foi sempre crescente, nas três idades, devido a tanto as plantas com copas monopodiais como as bifurcadas se modificarem para simpodiais com o aumento da idade. Tal modificação é, em grande parte, resultante das podas de formação realizadas aos 12 e 18 meses de idade, que quebraram sua dominância apical (Figura 5). TABELA 11 – Percentagens de formatos de copa de combinações de cinco genótipos de cajazeira enxertados sobre cajazeira e umbuzeiro, em três idades (meses). Limoeiro do Norte, CE, 2005. Porta-enxerto 1 Cajazeira Umbuzeiro Médias Monopodial 12 18 30 64,11 32,5 2,5 89,3 53,2 8,9 76,7 42,9 5,7 Bifurcada 12 18 30 24,4 22,5 16,3 9,3 17,7 17,7 16,9 20,1 17,0 12 11,5 1,3 6,4 Simpodial 18 30 45,0 81,3 29,1 73,4 37,0 77,4 Dados analisados por procedimentos de estatística descritiva. Em resumo, não foi possível se constatar efeito do porta-enxerto sobre o formato de copa dos clones de cajazeira. Apesar de o umbuzeiro, em condições naturais, formar copas simpodiais e mais baixas em relação ao solo do que a cajazeira, essa característica não foi transferida para as plantas enxertadas. A poda de formação contribuiu para o aumento das percentagens de plantas com formato de copa bifurcada e simpodial. A B FIGURA 5 – Plantas enxertadas de cajazeira com formatos de copa: A) monopodial, B) bifurcada, em forma de Y e C) simpodial. Limoeiro do Norte, CE, 2005. C 59 4.3 Senescência, Abscisão, Emissão de Folhas e de Ramos Folhas e várias estruturas reprodutivas das plantas caem por abscisão natural, por fatores mecânicos ou pela combinação dos dois. As plantas, durante seu curso de desenvolvimento, perdem sistemas inteiros de órgãos através de senescência, abscisão e cessamento da atividade meristemática em tecidos somáticos – esses são exemplos de “decisões de vida ou de morte feitas pelas plantas durante seus ciclos de vida” (BLEECKER; PATTERSON, 1997). Durante a condução do experimento, constatou-se que todos os clones de cajazeira são caducifólios, perdem anualmente todas as folhas, com início da abscisão foliar em julho e término em outubro, período dentro da estação seca do ano (Figura 6). Assim, a cajazeira é uma planta de crescimento periódico, cujas folhas caem antes da abertura das gemas, ficando a árvore inteiramente desfolhada por algumas semanas, de modo semelhante ao que ocorre com outras espécies de plantas lenhosas (LONGMAN; JENIK, 1974 apud KRAMER; KOZLOWSKI, 1979). FIGURA 6 – Plantas enxertadas de cajazeira, totalmente desfolhadas, em fase de repouso vegetativo, aos 55 meses de idade. Limoeiro do Norte, CE, 2005. A senescência e a abscisão de todas as folhas da cajazeira a deixa com os ramos totalmente expostos à radiação solar. Como nessa época ocorrem altas temperaturas e intensa radiação solar, tais estruturas necessitam ser caiadas para se evitarem queimaduras e formação de ulcerações, já que a superfície branca reflete os raios solares. Além das folhas, notou-se que uma considerável quantidade de ramos dos clones de cajazeira entra em senescência anualmente. A maioria desses ramos surge na parte interna da copa de gemas da porção mediana dos caules principais. Inicialmente, esses ramos cessam seu crescimento; em 60 seguida, secam e morrem. Na base da gema de onde brotaram, forma-se um nó, que gradualmente engolfa o ramo, o qual posteriormente desprende-se do caule e cai. Segundo indicação no texto de Kramer e Kozlowski (1979), senescência de ramos laterais pode ocorrer a partir de dois mecanismos distintos: abscisão verdadeira de ramos – através de processos fisiológicos similares aos da abscisão foliar – e poda natural – através da morte de ramos, mas sem a formação de uma zona de abscisão. É provável que ambos os processos estejam envolvidos na cajazeira. Na Figura 7, constata-se que os fluxos de emissão de órgãos vegetativos (ramos, folíolos e folhas) e reprodutivos (panículas, flores e frutos) da cajazeira concentram-se no período de novembro a janeiro. De fevereiro a março, primeira metade do período chuvoso, há uma diminuição acentuada de emissão de órgãos, com cessação no final de março. A partir de então, ocorre apenas o complemento do desenvolvimento dos ramos, folhas e frutos. A cajazeira, como grande parte das plantas do semi-árido, tem a diferenciação de gemas e emissão simultânea de brotações vegetativas e floríferas no período seco do ano (DUQUE, 1980). FIGURA 7 – Emissão e desenvolvimento de brotações, folhas e flores de clones enxertados de cajazeira, no período de novembro a março, em três ciclos (2002/3; 2003/4 e 2004/5). Limoeiro do Norte, CE, 2005. 61 Emissão: Folhas Brotações Panículas Frutos Abscisão folhas Meses jan. fev. Período chuvoso Período seco mar. abr. maio jun. jul. ago. set. out. nov. dez. FIGURA 8 – Representação das fenofases da cajazeira enxertada durante o ano. Limoeiro do Norte, CE, 2005. Na cajazeira, gemas intumescidas diferenciam-se concomitantemente em ramos apenas com folhas e outras com folhas e panículas. É comum, no início da diferenciação das gemas, ocorrer a emissão de panícula antes mesmo da emissão e desenvolvimento das folhas. Na Figura 8 foi feita uma tentativa de representação do ciclo fenológico da cajazeira, com base nos clones enxertados do experimento e nos anos observados. A ocorrência e a duração das fenofases, apesar de inerentes ao genótipo da planta, são fortemente influenciadas pelas condições climáticas prevalentes. A periodicidade de crescimento e desenvolvimento, assim como a de plantas lenhosas do semi-árido, está associada à variação desses fatores durante o ano, e, provavelmente, com a da umidade (hidroperiodismo) e temperatura (DUQUE, 1980). Observou-se também que os ramos vegetativos têm, no início de sua formação, casca fina e lisa e altas taxas de crescimentos primário e secundário, aumentando muito em comprimento e em espessura durante a fenofase que se inicia em novembro e prolonga-se até julho, início do repouso vegetativo. Os ramos mais velhos formam em suas cascas protuberâncias rugosas que aumentam gradativamente, deixando-os totalmente revestidos de casca grossa e rugosa (Figura 9). Essas protuberâncias rugosas parecem constituir uma característica morfológica da juvenilidade dos ramos, assim como o são os espinhos para os citros. 62 FIGURA 9 – Detalhe de rugosidades que surgem em cascas de caules de cajazeira. Limoeiro do Norte, CE, 2005. Durante a condução do experimento, observou-se que as novas brotações surgem, freqüentemente, de ramos da última estação de crescimento ou mesmo daqueles de até três estações anteriores. As panículas originam-se somente de ramos lisos, sem rugosidades, e de fluxos de crescimento da estação. É comum, em algumas plantas, todas as brotações surgidas de ramos da estação de crescimento anterior produzirem inflorescências. Pode ocorrer também que uma brotação lateral se diferencie em inflorescência enquanto a terminal continua o crescimento vegetativo, ou mesmo o contrário. Brotações novas vegetativas e reprodutivas podem, porém, surgir de qualquer um dos fluxos de crescimento anteriores. Muitas vezes, um ramo da estação de crescimento se ramifica em três e todos se diferenciam em inflorescências. Nos ramos grossos internos da copa (pernadas), podem surgir brotações finas vegetativas ou reprodutivas, que senescem na época de abscisão foliar. No final de cada estação de crescimento, a gema apical aborta. Na próxima estação a subapical continuará o crescimento para o prolongamento do ramo. Nas brotações reprodutivas, a senescência da panícula funciona como uma poda natural, provocando a formação de copas simpodiais. Esse modelo de crescimento é descrito no texto de Kramer e Kozlowski, (1979), onde se afirma que os caules indeterminados (simpodiais) das árvores não se desenvolvem a partir de gemas terminais verdadeiras, mas sim de gemas secundárias axiais. O crescimento simpodial normalmente é resultado da ocorrência de uma estrutura reprodutiva no final de um ramo ou do abortamento do ápice de um caule. 63 A Figura 10 representa as principais características externas do caule da cajazeira, que são muito semelhantes às das plantas lenhosas decíduas, como as do freixo-verde, descritas por Raven, Evert e Eichhorn (2001). Na referida figura, nota-se que, nos galhos em repouso vegetativo, as gemas tornam-se mais conspícuas, aglomerando-se nos ápices dos ramos ou nas axilas das folhas excisadas. A abscisão dos pecíolos das folhas deixa cicatrizes, nas quais se notam vestígios dos feixes vasculares, pontuações, logo abaixo das gemas. As zonas de abscisão produzem cicatrizes foliares que, com o crescimento secundário do caule, adensam-se e transformam-se em grupos de escamas das gemas apicais. Esses grupos de escamas podem ser usados para determinar a idade do caule. A parte do caule localizada entre dois grupos de cicatrizes corresponde a uma estação de crescimento. Lenticelas surgem como discretas elevações do caule. Fluxo de uma estação de crescimento FIGURA 10 – Representação de caules de cajazeira em fase de repouso vegetativo (caducos). Limoeiro do Norte, CE, 2005. 4.4 Floração e Produção de Frutos As copas das combinações enxertadas de cajazeira tiveram uma fase juvenil relativamente longa, apesar de formadas com garfos apicais de plantas adultas. Referida 64 juvenilidade foi, certamente, conseqüência da interação com o porta-enxerto juvenil obtido de semente, fato de comum ocorrência em outras espécies (HARTMANN et al., 2002). A primeira produção de frutos do pomar experimental foi reduzida, como era de se esperar, e ocorreu no período de fevereiro a maio de 2003. Apenas três plantas do clone Lagoa Redonda e três do Gereau produziram inflorescências, variando de 2 a 20 panículas por árvore e alguns cachos de frutos. A segunda produção de frutos ocorreu no período de novembro de 2003 a maio de 2004 (safra 2003/2004), quando as plantas estavam no quarto ano de cultivo. Das 147 plantas avaliadas, 22 (15%) produziram frutos. Apesar de ter sido mais alta que a do primeiro período, a produção de frutos de cajá do período 2003/2004 foi, ainda, bastante reduzida. Na Figura 11, verifica-se que todos os clones tiveram altas percentagens de plantas de nível zero (produção de nenhum cacho de fruto por planta), ou seja, um grande número de plantas improdutivas. Nenhum clone teve planta de nível 3 (produção maior que 50 cachos de frutos por planta). Entre os clones, a variação de plantas improdutivas foi de 66,7% a 100%, tendo sido o clone Capuan o mais tardio. Os outros clones tiveram plantas produtivas na seguinte seqüência decrescente: Lagoa Redonda 33,3%, sendo 30% de plantas de nível 1 (produção de um a dez cachos de frutos por planta) e 3,3% de nível 2 (produção de 11 a 50 cachos de frutos por planta); Gereau 18,8%, somente de plantas de nível 2; Ladeira Grande 18,5%, sendo 14,8% plantas de nível 2 e 3,7% de nível 1; e Curimatã 3,4%, com plantas de nível 1. A baixa frutificação e o baixo número de plantas produtivas com níveis 1 e 2 eram esperados, pois as plantas estavam no quarto ano de cultivo, não tendo, ainda, atingido a maturidade plena. 65 FIGURA 11 – Níveis de produção de frutos e percentagem de plantas produtivas de combinações de cinco copas de cajazeira sobre dois porta-enxertos no período de 2003/2004. Limoeiro do Norte, CE, 2005. Na Figura 12, nota-se a alta percentagem de plantas improdutivas (de nível 0), tanto nos clones enxertados sobre porta-enxerto de cajazeira (92,2%) como nos enxertados sobre umbuzeiro (77,1%). Entre os porta-enxertos, houve variação no número de plantas produtivas. O porta-enxerto de umbuzeiro teve 22,9% de plantas produtivas, sendo 20,0% de plantas de nível 1 e 2,9% de nível 2, enquanto o de cajazeira teve 7,8% plantas produtivas, somente de nível 1. 66 FIGURA 12 – Níveis de produção de frutos e percentagem de plantas produtivas de combinações de cinco copas de cajazeira enxertadas sobre porta-enxertos de cajazeira e umbuzeiro no período de 2003/2004. Limoeiro do Norte, CE, 2005. A terceira frutificação das cajazeiras ocorreu no período de novembro de 2004 a maio de 2005 (safra 2004/2005), em seu quinto ano de cultivo. Das 140 plantas avaliadas, 91 (65%) frutificaram, um aumento de 314% de plantas produtivas em relação às da safra de 2003/2004. Apesar desse aumento de plantas produtivas, as plantas do pomar ainda não tinham atingido a total maturidade e fase de plena frutificação. Nessa safra, registrou-se produção em todos os clones. Pela Figura 13, observa-se que os clones Capuan (53,6%) e Curimatã (44,4%) tiveram as maiores percentagens de plantas improdutivas e, assim como o Ladeira Grande, não tiveram nenhuma planta produtiva de nível 3. Os outros clones tiveram plantas produtivas na seguinte seqüência: Lagoa Redonda 96,2%, com 29,7% de plantas de nível 1, 29,6% de nível 2 e 37,0% de nível 3; Gereau 64,6%, com 22,6% de plantas nível 1, 32,3% de nível 2 e 9,7% de nível 3; Ladeira Grande 62,9%, com 44,4% de plantas de nível 1 e 18,5% de nível 2; Curimatã (55,5%, com 40,7% de plantas de nível 1 e 14,8% de nível 2; e o clone de Capuan 46,4%, com 32,1% de plantas de nível 1 e 14,3% de nível 2. De todos os clones, os Ladeira Grande e Gereau foram os mais produtivos, uma vez que tiveram o maior número de plantas frutificando, notadamente de nível 3, com 37,0% e 9,7%, respectivamente. 67 FIGURA 13 – Níveis de produção de frutos e percentagem de plantas produtivas de combinações de cinco copas de cajazeira sobre dois porta-enxertos no período de 2004/2005. Limoeiro do Norte, CE, 2005. Na Figura 14, nota-se que a percentagem de plantas improdutivas (de nível 0), foi alta nos clones enxertados sobre cajazeira (56,9%) e baixa nos enxertados sobre umbuzeiro (11,8%). O porta-enxerto de umbuzeiro teve 88,2% de plantas produtivas, com 33,8% de plantas de nível 1, 36,8% de nível 2 e 17,6% de nível 3, enquanto o de cajazeira teve 43,0% de plantas produtivas, com 33,3% de plantas de nível 1, 8,3% de nível 2 e somente 1,4% de nível 3. As maiores percentagens de plantas produtivas de níveis 2 e 3, foram de 36,8% e 17,6%, respectivamente, no porta-enxerto de umbuzeiro, contra 8,3% e 1,4% na mesma ordem, sobre cajazeira. Tais resultados são indicativos de uma possível influência do umbuzeiro no aumento da produtividade de frutos de cajazeira. 68 FIGURA 14 – Níveis de produção de frutos e percentagem de plantas produtivas de combinações de cinco copas de cajazeira enxertadas sobre porta-enxertos de cajazeira e umbuzeiro no período de 2004/2005. Limoeiro do Norte, CE, 2005. Nas avaliações de produção de frutos, notou-se a existência de plantas dos clones Lagoa Redonda e Gereau muito produtivas, com cerca de 100 a 300 cachos por planta. Verificou-se também uma grande variabilidade no tamanho das panículas e número de frutos por cacho entre os clones, variando de 5 a 80, sendo comum encontrar cachos com 8, 14, 25, 38, 56 e até com 80 frutos (Figura 15). A B C FIGURA 15 – Detalhe de estruturas reprodutivas de cajazeira: A) panícula; B e C) cachos com frutos em diferentes estágios de maturação. Limoeiro do Norte, CE, 2005 69 O abortamento de frutos praticamente não ocorre na cajazeira, todas as flores fertilizadas completam o desenvolvimento dos frutos. Na Figura 16, pode-se observar plantas dos clones Lagoa Redonda e Capuan em plena produção de frutos na safra 2004/2005. Claramente, as plantas do pomar experimental encontram-se em transição da fase juvenil para a adulta, não tendo ainda atingido o estado de plena produção. Segundo Kester (1976), uma certa quantia de tempo e de crescimento podem ser necessárias antes do inicio da plena floração. Portanto, nessa fase de transição, é comum se observar um alto grau de variabilidade entre as plantas com relação ao seu desenvolvimento vegetativo e à atividade reprodutiva, não sendo possível tirar conclusões definitivas do potencial produtivo dos clones. No entanto, pelos dados de frutificação, nota-se uma maior proporção de plantas produtivas de nível 3 nos clones Lagoa Redonda e Gereau quando enxertados sobre umbuzeiro. Estes materiais, sem dúvida, se destacam por sua precocidade. A B FIGURA 16 – Árvores dos clones: A) Lagoa Redonda e B) Capuan, com 62 meses de idade em frutificação. Limoeiro do Norte, CE, 2005. 5 CONCLUSÕES Os resultados permitem concluir que as combinações de copas de cajazeira enxertadas sobre porta-enxertos de umbuzeiro e de cajazeira: i) formam clones vigorosos, que fixam os aspectos fenotípicos e morfológicos distintos a cada combinação, reduzem o porte das plantas, não alteram o padrão de crescimento do caule principal e o formato de copa; ii) formou plantas com troncos mais vigorosos nos porta-enxerto de cajazeira que nos de umbuzeiro; iii) produziu razões de perímetros de caule, enxerto e porta-enxerto maiores nas combinações com umbuzeiro, mas sem indícios de incompatibilidade; iv) aumentou o porte, 70 precocidade e produtividade dos clones, notadamente do Gereau e Lagoa Redonda quando enxertados sobre umbuzeiro; v) é de menor porte no clone Ladeira Grande. 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADLER, G.H.; KIELPINSKI, K.A. Reprodutivy phenology of a tropical canopy tree, Spondias mombin. Biotropica, Washington, DC, v.32, n.4, p.686-692, 2000. 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