LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E UNIDADES Nafto Naftoquinonas Antra Antraquinonas INPA Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia LABFITO Laboratório de Fitoquímica °C Grau Celsius m Nanômetro μm Micrômetro Diâmetro interno RF Fator de retardamento cm Centímetro % porcentagem mL mililitro mm Milímetro M Massa g Gramas Kg Kilogramas min Minutos UV Ultravioleta o- orto p- para m- meta FE Fase estacionária HIV Imuno Deficiência Adquirida FM Fase móvel CC Cromatografia em coluna CCD Cromatografia em camada delgada DPPH 2,2 difenil-1-picril-hidrazil CHCl3 Clorofórmio MeOH Metanol EtOH Etanol CH2Cl2 Diclorometano 5 EtOAc Acetato de Etila SiO2 Sílica Al2O3 Alumina TBARS Ácido tiobarbitúrico (CH3CO)2O Anidrido acético H2SO4 Ácido sulfúrico HCl Ácido clorídrico 6 LISTA DE TABELAS LISTA DE FIGURA Pag. Pag. Tabela 1: Série de eluentes com ponto de ebulição baixo, em ordem 31 crescente de polaridade. Tabela 2: Massa e porcentagem do material utilizado para a obtenção 45 do Extrato Etanólico. Tabela 3: Coluna flash (teste) do extrato etanólico da C. paludosa 47 Tabela 4: Eluatos obtidos a partir do extrato etanólico 48 Tabela 5: Frações obtidas do fracionamento do eluato EtOAc através 50 das análises de CCD Tabela 6: Frações obtidas do fracionamento do eluato CHCl3 através 51 das análises de CCD. Tabela 7: Agrupamento de frações obtidas a partir da recromatografia 54 das frações 29-32 e 33-36 Tabela 8: Agrupamento de frações obtidas a partir da recromatografia 55 da fração 131-170 Tabela 9: Meios de cultivo de microrganismos 52 Tabela 10: Resultados obtidos para teste de classe de substâncias C. 59 paludosa Tabela 11: Ponto de fusão das frações (44-47), (09-12), (21-25) 64 Tabela 12: Resultado das médias dos halos de inibição (em mm) do 60 ensaio de difusão em disco com extrato etanólico e substância isolada 7 Figura 1: Fotos da Cipura Paludosa Aubl. 16 Figura 2: Núcleo interfásico e metáfases mitóticas da Cipura paludosa 17 com 2n=14 e satélites no par menor (setas). Figura 3: Estrutura molecular da Cipurina e Isocipurina isoladas do 19 extrato etanólico da C. paludosa. Figura 4: Estrutura dos esteróides isolados e identificados do extrato 19 etanólico da C. paludosa. Figura 5: Estrutura básica de um esteróides 21 Figura 6: Substância Criptolepina isolada de plantas leguminosas. 23 Figura 7: Flavona isoorientina, extraídos da Cecropia obtusifolia Bertol 24 Cecropiaceae. Figura 8: Triterpenos isolados da Agarista mexicana. 25 Figura 9: Quinonas 26 Figura 10: Coluna cromatográfica 30 Figura 11: Cromatografia em camada delgada 32 Figura 12: Coluna flash 34 Figura 13: Bactéria Staphylococcus aureus 36 Figura 14: Bactéria Streptococcus sp. 37 Figura 15: Bactérias Bacillus cereus 38 Figura 16: Bactérias Escherichia coli 40 Figura 17: Bactéria Pseudomonas aeruginosa 41 Figura 18: Organograma dos métodos desenvolvidos preliminares 49 para estudo da C. paludosa. Figura 19: Organograma com os procedimentos realizados para o 52 fracionamento do eluato de EtOAc. Figura 20: Organograma com os procedimentos realizados para o 53 fracionamento do eluato de CHCl3. Figura 21: Cromatografia em CCD da fração (44-47). 61 Figura 22: Cromatografia em CCD das frações (09-12) e (21-25) 62 Figura 23: Processo de recristalização das amostras F e G 63 Figura 24: Figura: Teste de difusão em disco para o extrato etanólico 67 8 Cipura paludosa frente Escherichia coli Figura 25: Teste de difusão em disco para o extrato etanólico CPBC-1 68 da Cipura paludosa frente a Staphylococcus aureus resistente e sensível a meticilina. 9 AGRADECIMENTOS A Deus, por ter me dado coragem, sabedoria e paciência para seguir em frente e ultrapassar as dificuldades encontradas pelo caminho. A minha mãe, Durcelina Feitosa Gaia e o meu pai João Nepomuceno Souza que com muito amor e carinho sempre me incentivaram a estudar e lutar pelo os meus objetivos. A minha orientadora Drª. Mariângela Soares de Azevedo por ter acreditado em mim e ter me concedido à oportunidade de desenvolver uma pesquisa científica, espero estar correspondendo às expectativas. . A todos meus amigos do LABFITO: Evelin, Denny Vitor, Tainá, Elise Marques, e os analistas do LABCOM: Danilo Andrade, Nilton Fagner, Luís Fernando, Guiomar Baldez, Hiata Silva, pela ajuda e troca de conhecimentos. Ao CNPQ pela bolsa de iniciação cientifica e a CAPES pelo apoio financeiro. 10 RESUMO O crescimento de adeptos a fitoterapia nas últimas décadas, tem levado a comunidade científica em realizar estudos que comprovem o potencial terapêutico de plantas utilizadas na medicina popular. A Cipura paludosa Aubl. é um exemplar na medicina tradicional, é uma monocotiledônea pertencente à família Iridaceae, possui caule subterrâneo (bulbo), e apresenta flores com coloração geralmente azul pálida ou raramente branca. Conhecida popularmente como alho do mato, cebolinha do campo, coqueirinho entre outros. Os bulbos desta planta são utilizados pela população ribeirinha do estado de Rondônia, na forma de chá, no combate a doenças renais, diarréias, inflamações e tratamento de ameba. Diante destas informações surgiu o interesse de estudar esse potencial fitoterápico que a espécie possui. Em estudos farmacológicos e fitoquímico anteriores a planta apresentou excelentes resultados mostrando ser altamente ativa como antioxidante, antinociceptiva e facilitadora da memória em camundongos e ratos, no estudo fitoquímico viabilizou o isolamento de substâncias inéditas identificadas como cipurina e isocipurina e misturas de esteróides sendo estes importantes para atividades farmacológicas. Em análises fitoquímica presentes, foram utilizados os métodos de preparação de extrato bruto por percolação sob ação de álcool etílico 95%, sendo posteriormente evaporado, e fracionado com coluna cromatográfica. Os resultados dos testes para classes de substâncias revelaram a presença de flavonóides, alcalóides, terpenos e quinonas no extrato etanólico. A investigação química do bulbo da C.paludosa levou ao isolamento de substâncias que apresentaram ponto de fusão diferente das substâncias isolada. Na avaliação antibacteriana com o teste de difusão em disco do extrato etanólico, mostrou ser eficaz contra as bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, apresentando halos de inibição considerável contra Staphylococcus aureus MRSA. Palavras-chave: Cipura paludosa Aubl., Análise fitoquímica, Atividade antimicrobiana. 11 ABSTRACT The growth of adepts the fitoterapia in the last few decades has taken the scientific community in carrying through studies that prove the therapeutical potential of plants used in the popular medicine. The paludosa Cipura Aubl. it is a unit in the traditional medicine, is a pertaining monocotiledônea to the Iridaceae family, it possesss caule underground (bulb), and presents flowers with pale or generally rare white blue coloration. Known popularly as garlic of the weeds, chive of the field, coqueirinho among others. The bulbs of this plant are used by the marginal population of the state of Rondônia, in the form of tea, the combat the renais, diarréias illnesses, inflammations and treatment of amoeba. Ahead of these information the interest appeared to study this fitoterápico potential that the species possesss. In previous farmacológicos studies and fitoquímico the plant presented highly excellent resulted showing to be active as antirust, antinociceptiva and facilitadora of the memory in mice and rats, in the fitoquímico study it made possible unknown the substance isolation identified as cipurina and isocipurina and mixtures of esteróides being these important ones for farmacológicas activities. In analyses fitoquímica recent, the methods of rude extract preparation had been used for percolating under etílico alcohol action 95%, being later evaporated, and fracionado with chromatographic column.The results of the tests for substance classrooms had disclosed the presence of flavonóides, alkalis, terpenos and quinonas in the etanólico extract. The chemical inquiry of the bulb of the C.paludosa led to the substance isolation that had presented point of different fusing of substances isolated. In the antibacterial evaluation with the test of diffusion in record of the etanólico extract, it showed to be efficient against the Gram-positive and Gram-negative bacteria, presenting aureus halos of considerable inhibition against Staphylococcus MRSA. Word-key: Paludosa Cipura Aubl., Analyzes fitoquímica, antimicrobiana Activity 12 1 1.1 INTRODUÇÃO Histórico A história relata que há séculos o homem tem procurado alternativa para eliminar seus males físicos, de forma empírica ou intuitiva (GRANDI, T.S.M.; & SIQUEIRA, 1990). Segundo LOZOYA, 1983 a partir da década de 70 começaram a questionar uma nova definição do que seria saúde, conseqüentemente, aumentou também a conscientização da importância da natureza no equilíbrio do homem, já utilizada há séculos pelos orientais, estimulando a busca de alternativas mantenedoras de saúde. A utilização de plantas com fins medicinais é uma das mais antigas formas de prática medicinal da humanidade, tornou-se uma alternativa para tratamento, cura e prevenção de doenças, (AKERELE, O., 1993). O Brasil é um país privilegiado, pois ocupa o primeiro lugar dentre os 17 países mais ricos do mundo em biodiversidade, detendo cerca de 20% do total de espécie existentes no planeta (RATES, 2001). A imensa variedade de espécie de plantas, animais e microrganismos existentes no ecossistema brasileiro, sem dúvida apresentam um importante diferencial para o desenvolvimento de medicamentos. A flora brasileira é muito rica em espécies com propriedades terapêuticas e as plantas têm sido amplamente utilizadas na medicina popular, no entanto, muitas destas ainda não foram estudadas, não havendo comprovação científica sobre sua eficiência. Eticamente, o uso popular e mesmo tradicional não são suficientes para validar as plantas como medicamentos eficazes e seguros. Assim, os efeitos medicinais de um fitoterápico devem ser fundamentados em evidências experimentais, comprobatórias de que o risco a que se expõe àqueles que a utiliza seja suplantado pelos benefícios que possam advir (DASSOLER et al., 2004). Os remédios à base de plantas medicinais têm enorme vantagem em relação às drogas sintéticas, pois os produtos naturais apresentam princípios 13 ativos que se encontram muitas vezes, biologicamente equilibrados pela presença de substâncias complementares que, em geral, não se acumulam no organismo e seus possíveis efeitos indesejáveis estão limitados (DASSOLER et al., 2004). A transformação de uma planta em um medicamento deve visar à preservação da integridade química e farmacológica do vegetal, garantindo a constância de sua ação biológica e a sua segurança de utilização, além de valorizar seu potencial terapêutico. Para atingir esses objetivos, a produção de fitoterápicos requer, necessariamente, estudos prévios relativos a aspectos botânicos, agronômicos, fitoquímicos, farmacológicos, toxicológicos, de desenvolvimento de metodologias analíticas e tecnológicas (MIGUEL, M. D.; MIGUEL, G. O., 1999). A grande quantidade de informações sobre o uso de centenas de plantas como fitoterápicos em todo o mundo leva à necessidade de se avaliar cientificamente o valor terapêutico de espécies vegetais, porém, a perda da biodiversidade principalmente por interferências antrópicas e o acelerado processo de mudança cultural acrescentam um censo de urgência em garantir o registro dessas informações, inclusive para uso científico (SIMÔES et al., 2004). O desenvolvimento de novas drogas provindas de vegetais destaca a Química de Produtos Naturais, que representa dentro da área de pesquisa com plantas medicinais, um ponto de grande importância e valor, na medida em que somente por meio de métodos utilizados nessa área pode-se obter tanto o isolamento quanto a purificação de novos compostos como a correta determinação estrutural e posterior síntese total ou parcial, o que pode viabilizar composto que possam vir a ser utilizados para ensaios farmacológicos e sua possível industrialização (DI STASI, 1996). Diante da enorme abundância de plantas com poder curativo, a região Amazônica é considerada a maior reserva de plantas medicinais do mundo e apesar da intensificação dos estudos dessas plantas apenas uma pequena porcentagem dessas espécies foram estudadas e comprovadas como eficientes fitoterápicos (DI STASI, 1996). A grande incidência de infecções, principalmente em indivíduos imonocomprometidos, aumenta a importância da procura e descoberta de compostos terapêuticos alternativos com atividades antimicrobianas (Bertini et al., 14 2005), e antes mesmo da descoberta da existência dos micróbios, havia idéia de que certas plantas possuíam potencial curativo, contendo o que se é chamado atualmente de princípios antimicrobianos (Rios e Recio, 2005). Diante dessa descoberta, varias plantas medicinais tornaram-se alvos de investigação científica quanto a suas atividades biológicas (Duarte et al., 2004). Plantas superiores e aromáticas apresentam amplo espectro de atividade e inibição comprovada contra bactérias, fungos e parasitas. A maioria dessas propriedades é conferida por produtos do metabolismo secundário, como terpenóides e compostos fenólicos, que também na forma pura exibem atividade. Extratos e óleos de várias espécies mostraram-se eficientes no controle de fungos relacionados a infecções da pele, sobre bactérias patogênicas bucais, e sobre uma variedade de bactérias Gram-negativas e Gram-positivas. Trabalhos recentes sobre a atividade antimicrobiana de extratos e óleos essenciais mostram o grande potencial de aplicação de plantas nativas de diversas regiões do mundo. No Brasil, estudos com a mesma finalidade são de grande importância, uma vez que plantas medicinais são utilizadas em várias áreas da saúde como forma alternativa de tratamento. Os pesquisadores de áreas divergentes têm advertidos sobre o enorme surgimento de bactérias multi-resistentes devido ao uso indiscriminado de antibióticos. Esse fator agravante vem motivando a comunidade cientifica a investigar plantas com atividade antibacteriana. 15 2 2.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Família Iridaceae A família Iridaceae apresenta ampla distribuição no mundo, com 78 gêneros e 1750 espécies, mas com principal centro de diversidade no Continente Africano com cerca de 46 gêneros e 1000 espécies (JUDD, W. S. et al., 1999). Sendo que a região Neotropical é o segundo maior centro de diversidade da família, com 30 gêneros e 250 espécies, dos quais 20 gêneros são endêmicos (GOLDBLATT, P. 1987). No Brasil Estima-se a existência de 110 espécies e 14 gêneros, a família cariologicamente pouco conhecida (INNES, 1985). Esta família é composta por monocotiledôneas com distribuição cosmopolita e com grande diversidade morfológica. Caracterizam-se por serem ervas geralmente perenes com raízes fibrosas ou carnosas, folhas planas ou cilíndricas e inflorescência cimosa, o caule é geralmente ereto e com folhas. Apresentam flores com coloração variada e androceu com estames livres ou unidos em coluna estaminífera, a qual pode apresentar em sua base tricomas com glândulas especiais, denominadas elaióforos (MACHADO, 2004). Assim como em outros gêneros de Iridaceae e em outras oito famílias, tais glândulas são responsáveis por produzir óleos lipídicos como recompensa para seus polinizadores (COCUCCI & VOGEL, 2001). Plantas dessa família apresentam alcalóides e flavonóides em sua composição e saponinas esteroidais presentes nas flores, cormos ou frutos. Vários gêneros acumulam compostos fenólicos como às leucoantocianinas, antraquinonas e taninos. Os cormos e rizomas acumulam carboidratos, como a sacarose. 16 2.2 Cipura Paludosa Aubl Cipura paludosa Aubl. é uma herbácea popularmente conhecida como alho do mato, alho da campina, alho do campo, cebolinha do campo, coqueirinho, coquinho e vareta (CORRÊA, 1994). A planta é uma monocotiledônea, pertencente a família IRIDACEAE que possui caule subterrâneo (bulbo), de aproximadamente 0,2cm de diâmetro. Apresenta flores trímeras, com coloração geralmente azul pálida ou raramente branca, dispostas sobre pedúnculo de 0,25cm de comprimento em hastes que saem do meio de 2-3 folhas com o interior das pétalas apresentando néctar amarelo. O bulbo é carnoso, compacto, coberto por brácteas interiormente amarelo pouco aromático. As raízes são do tipo adventícias, folhas paralelinérveas, estreitas, glabras, do mesmo comprimento do pedúnculo florífero e com sulcos longitudinais (CÔRREA, 1994; CELIS et al., 2003; LUCENA, 2005). 2A 2B 2C Figura 1: Fotos da Cipura Paludosa: 2A bulbo, 2B bulbos e folhas, 2C flor. Esta espécie apresenta 14 cromossomos, com tamanho variando entre 2,3 a 8,8μm, também possui cariótipo bimodal formado por um par metacêntrico grande e outro submetacêntrico menor e os demais cromossomos pequenos, sendo dois metacêntricos e três submetacêntricos. Os números cromossômicos encontrados em C. paludosa (2n=14) coincidiram com dados de contagens prévias para a espécie (GOLDBLATT, P. & TAKEI, M. 1997), inclusive pela 17 presença de um par de satélites no braço curto de um dos cromossomos submetacêntricos. Como mostra a figura 1. Figura 2: Núcleo interfásico e metáfases mitóticas da Cipura paludosa com 2n=14 e satélites no par menor (setas) ALVES & FELIX, 2007. Este gênero extende-se do Paraguai e parte meridional do Brasil até a parte central do México e Cuba e apresenta nove espécies: C. cubensis Griseb., C. formosa Ravenna, C. gigas Celis, Goldblatt & Betancur, C. inornata Ravenna, C. insularis Ravenna, C. paludosa Aublet, C. paradisíaca Ravenna, C. rupicola Goldblatt & Henrich e C. xanthomelas Mart. A C. paludosa é a espécie mais amplamente distribuída enquanto que as outras são de localização restrita (CELIS et al., 2003). 2.2.1 Estudo fitoquímico e farmacológicos anteriores O interesse de estudar essa planta deu-se a partir de uma viagem realizada a campo, no decorre da hidrovia do Rio Madeira, uma espécime desse gênero foi encontrada no município de Cujubim Grande e Itapirema – Ro. Seus bulbos são utilizados pela população tradicional ribeirinha, na forma de chá, no combate a doenças renais, diarréias, inflamações e para a regulação da menstruação (LUCENA, 2005). 18 Em ensaios preliminares do extrato etanólico da C. paludosa foi avaliado quanto a sua atividade como agente antioxidante, em modelo de DPPH, utilizando Ginko biloba como padrão, a planta apresentou-se altamente ativa como antioxidante. Os antioxidantes protegem o organismo da ação danosa dos radicais livres, que estão intimamente relacionados a processos degenerativos, tais como o câncer e o envelhecimento celular. Os flavonóides constituem um grupo de substância natural que possuem atividades biológicas diversificadas, sendo muito eficazes como agentes antioxidantes (ELLNAIN – WJTASZEK, 2003). Pesquisa desenvolvida por LUCENAa et al (2007), reportou alta atividade da C. Paludosa para dor, em modelos de nocicepção química, térmica e mecância em camundongos e ratos, bem como alguns dos mecanismo envolvidos na sua ação antinociceptiva em camundongos. Em outro trabalho LUCENA b et al (2007) avaliou o extrato da C. paludosa na indução do Metil-mercúrio em ratos e obeservou que a planta reduziu a ação desta substância no organismo. Avaliou também o efeito antioxidante do extrato etanólico da planta no modelo de TBARS e o efeito facilitador da memória, através do modelo de esquiva inibitória em ratos. Os resultados mostraram marcante atividade antioxidante e mostrou afetar positivamente a memória, sugerindo, ao menos em parte, possuir um importante efeito em doenças neurodegenerativas que envolvam a cognição e emoção (LUCENA, 2005). Em estudo fitoquímico anterior da espécie, resultou no isolamento de sustâncias inéditas como as piranonaftoquinonas, uma mistura racêmica identificada como isocromeno-5,10-diona (1S*,3S*)-3,4-dihidro-6-metóxi-1,3-dimetil-1H-benzo[g] que (1R*,3S*)-3,4-dihidro-6-metóxi-1,3-dimetil-1H- benzo[g] isocromeno-5,10-diona que são respectivamente, cipurina e isocipurina, e a mistura de esteróides (β-sitosterol, Estigmasterol, Campesterol) (CUNHA E AZEVEDO, 2009) como mostram as figuras(3) e (4). 19 OMe O OMe O O O H Cipurina H O H H O Isocipurina Figura 3: Estrutura molecular da Cipurina e Isocipurina isoladas do extrato etanólico da C. paludosa. HO Estigmasterol HO Campesterol HO β-sitosterol Figura 04: Estrutura dos esteróides isolados e identificados do extrato etanólico da C. paludosa Vários compostos que possuem estrutura química semelhante a das piranonaftoquinonas isoladas, incluindo eleuterina, isoeleuterina, eleuterol, isoeleuterol, elecanacina, hongconina, bem como antraquinonas e seus 20 glicosídeos já foram isolados dos bulbos das plantas desse gênero. Compostos presentes neste gênero apresentam uma importante atividade biológica. HARA et al (1997) descreve a eleuterina como formadora de um tipo de “complexo nãoclivável” com a Topoisomerase II com atividade inibitória seletiva e estérea específica. Estes autores descrevem a atividade inibitória da eleuterina e isoeleuterina contra a replicação do vírus HIV em H9 linfócitos. ALVES et al (2003) isolou e identificou eleuterinona como componente fungitóxico. β-sitosterol é o fitosterol predominante entre as espécies, comumente encontrado no Reino Vegetal, o campesterol, estigmasterol, avenasterol e brassicasterol são os constituintes encontrados com menor freqüência (CARRIERI & ELVIRI, 2001). Eles vêm sido reconhecidos como uma das substâncias que possuem atividade biológica contra câncer. O β-sitosterol é utilizado como antiinflamatório, anti-pirético, anti-neoplástico e modulador da atividade imunológica. Além disso, este esteróide ajuda na redução do colesterol existente no plasma dos seres humanos (GIESI, 2005). 2.3 Constituinte químico do metabolismo secundário em vegetais Metabolismo é o conjunto de reação química que frequentemente ocorre em cada célula. A presença de enzimas específicas garante certa direção a essas reações, estabelecendo o que se denomina rotas metabólicas. Os constituintes químicos formados, degradados são chamados de metabólitos e as reações enzimáticas envolvidas, respectivamente, são denominadas anabólicas catabólicas ou de biotransformação (SIMÕES, 2002). Os metabólitos secundários são assim chamados, em função de não estar bem definido o seu papel no metabolismo de muitos organismos. Estudo mais recente acredita-se que a maioria dos metabólitos secundários cumpre função de defesa contra predadores e patógenos atuando como agentes alelopáticos, onde os metabólitos são liberados para exercer efeitos sobre outras plantas e de atrair polinizadores ou dispersores de sementes (SWAIN, 1973; LEVIN, 1976; CRONQUIST, 1977) Os grupos de metabólitos secundários tradicionalmente mais importantes são os alcalóides, os terpenóides e os flavonóides. Entretanto, o grupo dos 21 esteróides e das quinonas vem destacando-se por suas propriedades biológicas (SIMÕES, 2002). 2.4 Classe de substância 2.4.1 Esteróides Os esteróides são uma classe de composto estruturalmente muito semelhante. Possuem um esqueleto formado por quatro anéis fundidos, três de seis membros e um de cinco membros, ilustrado na figura 5. O anel de cinco membros pode estar ou não ligada uma cadeia de tamanho variável. A posição três está oxidada, com um grupo hidroxila ou carbonila. Estes compostos estão distribuídos nos organismos vivos e incluem os hormônios sexuais, a vitamina D e os esteróis, tais como o colesterol e a digitalina, presentes na dedaleira (SCHAEFFER, 2001). Figura 5: Estrutura básica de um esteróides Dentre os esteróides destacam-se as progestinas que têm sido amplamente utilizadas como fármacos nas últimas décadas (LUZ, A. A. M. 2005). A complexidade estereoquímica dos esteróides deriva do elevado número de centros estereogênicos e da junção trans entre os anéis C e D presente na maioria deles (COREY, E. J. et al., 1999). biológicos que provocam pronunciados São importantes reguladores efeitos fisiológicos sexuais, 22 adrenocorticóides, vitaminas D e outros capazes de provocar problemas cardíacos. O Brasil os importa em larga escala para o controle de natalidade e de várias doenças. O colesterol, um dos esteróides mais importantes, é um composto de membranas celulares, também em grande quantidade no cérebro e fígado, porém, nem todas as suas funções biológicas são estabelecidas. A cortisona e seus derivados estão envolvidos na manutenção do balanço eletrolítico em fluídos do organismo. Estudos apontam que a mistura de esteróides, estigmasterol, β-sitosterol, Campesterol, encontrada em vegetal, contribuem para atividade antinociceptiva (MEYRE-SILVA et al., 1999). O composto β-sitosterol tem sido associado á atividade antitumoral (PARK et al., 2003; JU et al., 2004). 2.4.2 Alcalóides Os alcalóides podem ser definidos como sendo bases nitrogenadas orgânicas encontradas principalmente em plantas, porém em menor extensão em animais e microorganismo. Um ou mais átomos de nitrogênio estão presentes, sendo tipicamente classificados como aminas primárias, secundárias ou terciárias, o que confere o caráter básico dos alcalóides, facilitando seu isolamento e purificação. Segundo a definição de PELLETIER (1988), é uma substância orgânica, de origem natural, cíclica, contendo um nitrogênio em estado de oxidação negativo e cuja distribuição é limitada entre os organismos vivos. . Apesar de vários outros pesquisadores terem tentado definir essa classe de substâncias, ainda não se chegou a uma definição perfeitamente abrangente. O grau de basicidade varia extensamente, dependendo da estrutura do alcalóide e da presença e localização de outros grupos funcionais (DEWICK, 2002). A figura 06 mostra exemplo de um alcalóide isolado de plantas leguminosas (BIERER et al., 1998). 23 CH3 N N Figura 6: substância Criptolepina isolada de plantas leguminosas Os alcalóides constituem-se num vasto grupo de metabólitos com grande diversidade estrutural, comparável aos terpenóides, representando cerca de 20% das substâncias naturais descritas. Esse grupo químico tem apresentado um grande impacto através dos tempos na economia, medicina e em outros setores sociais e políticos. Devido ao elevado número de atividade biológica atribuída aos alcalóides, estes continuam sendo objetos de estudos. Muitos outros alcalóides foram e continuam sendo descritos e seu uso introduzido na terapêutica, como, por exemplo, os alcalóides antitumorais isolados de Catharanthus roseus G. Don. (HENRIQUES, KEBER et al., 1999). Este composto apresenta sempre ação farmacológica ou tóxica quando administrado em animais O amplo espectro de atividades biológicas reportadas aos alcalóides pode ser relacionado com sua variedade estrutural (KUTCHAN, 1995). 2.4.3 Flavonóides Os flavonóides são compostos fenólicos provenientes do metabolismo secundário e compreendem uma das maiores classes de produtos naturais, juntamente com isoprenóides e alcalóides (SHIRLEY, 1996). Eles podem estar presentes em diferentes órgãos das plantas como nos frutos, onde são particularmente abundantes (UGAZ, 1998). São responsáveis, na planta, pela coloração das flores, também denominados pigmentos. Estruturalmente, os flavonóides são caracterizados pelo esqueleto de carbono C6-C3-C6 (PETERSON, DWYER, DSC, 1998), que 24 apresentam-se freqüentemente oxigenados nas posições 5, 7 e 4’. Um grande número de esqueletos flavonoídicos apresenta ligações com moléculas de açúcares. Esta forma é chamada de conjugada e também conhecida como heterosídeo (UGAZ, 1998). A figura 7 mostra flavona isoorientina, exemplo de flavonóide que possui atividade hipoglicemiante (ANDRADE-CETTO, WIEDENFELD, 2001). Figura 7: Flavona isoorientina, extraída da Cecropia obtusifolia Bertol Cecropiaceae. Nas plantas, os flavonóides desempenham diversas funções, tais como a proteção dos vegetais contra a incidência de raios ultravioleta e luz visível, além de proteção contra insetos, fungos, vírus e bactérias, a atração de animais com a finalidade de polinização, antioxidantes, o controle da ação de hormônios vegetais, o de agentes alotrópicos e inibidores de enzimas (HARBORNE e WILLIAMS, 2000). Podem ser utilizados como marcadores taxonômicos, devido a sua abundância relativa em quase todo reino vegetal, a sua especificidade em algumas espécies, a relativa facilidade de identificação e estabilidade, o seu acúmulo com menor influência do meio ambiente (HARBORNE, 1989). 25 2.4.4 Tepernos Os terpenos pertencem à família mais ampla e diversificada de substâncias naturais produzidas da maneira primária por uma grande variedade de plantas. Quando os terpenos são modificados quimicamente, seja pela oxidação ou pelo rearranjo da cadeia carbônica, os compostos resultantes são geralmente chamados de terpenóides (PORTALFARMA, TERPENOS). O verdadeiro precursor dos terpenos é o ácido mevalônico, que provém da acetilcoenzima A. Em todo o caso a divisão da estrutura dos terpenos em unidades do isopreno é útil e é muito utilizada (PORTALFARMA, TERPENOS). Os compostos terpenóides representam a segunda classe com maior número de constituintes ativos, assim como os alcalóides, estão subdivididos em várias subclasses. Estes constituintes possuem uma composição molecular típica C10H15 e são assim denominados devidos á sua origem na espécie Pistacia terebinthus. A figura 8 mostra exemplo de triterpenos isolados da espécie Agarista mexicana (PEREZ-GUTIÉREZ, VARGAS, 2002). . Figura 8: Triterpenos isolados da Agarista mexicana. Terpenos e os terpenóides são os principais componentes de óleos essenciais, de muitas plantas e flores. As variações sintéticas desses compostos naturais expandiram muito a variedade de aromas usados em perfumaria e em temperos usados nos alimentos. 26 2.4.5 Quinonas Quinonas são compostos orgânicos que podem ser considerados como produtos da oxidação de fenóis; da mesma forma, a redução de quinonas pode originar os correspondentes fenóis. Sua principal característica é a presença de dois grupos carbonílicos que formam um sistema conjugado com pelo menos duas ligações duplas C-C. Apenas algumas nafto-, antra- e fenantraquinonas podem ser classificadas como substâncias com caráter aromático. As o- e pquinonas são 1,2- e 1,4 dicetonas cíclicas conjugadas; m- ou 1,3-quinonas não existem (TOMSON, R. H 1997). A figura 9 mostra exemplos de quinonas. Figura 9: Exemplos de quinonas Estas substâncias representam uma ampla e variada família de metabólitos de distribuição natural (TOMSON, R. H 1997 ; BARREIRO E. J 1996). Nos últimos anos intensificou-se o interesse nestas substâncias, não só devido à sua importância nos processos bioquímicos vitais, como também ao destaque cada vez maior que apresentam em variados estudos farmacológicos. 27 Na natureza, estão envolvidas em etapas importantes do ciclo de vida de seres vivos, principalmente nos níveis da cadeia respiratória e da fotossíntese, como por exemplo as ubiquinonas (1a) e as plastoquinonas (1b) (GOODWIN, T. W. et al., 1972). De um modo geral, as quinonas naturais mais representativas são de vital importância para vegetais superiores, artrópodes, fungos, liquens, bactérias, algas e vírus. Em estudos farmacológicos as quinonas mostram variadas biodinamicidades, destacando-se, dentre muitas, as propriedades microbicidas, tripanossomicidas, viruscidas, antitumorais e inibidoras de sistemas celulares reparadores, processos nos quais atuam de diferentes formas. Outra atividade marcante destas substâncias, descoberta um tanto recentemente, é a inibição do complexo das topoisomerases, ação que provoca o desencadeamento da apoptose celular (suicídio celular) (DI STASI 1996). Estes últimos anos foram isoladas quinonas com diversas atividades biológica importantes, como exemplo as naftoquinonas trimérica conocurvona, que apresenta atividade inibitória da replicação do vírus HIV (DECOSTERD et al., 1993) e a naftoquinonas de Avicennia que demonstraram potente atividade quimioprotetora contra carcinogênese. 2.5 Métodos de extração utilizados para isolamento de compostos ativos A seletividade dos compostos ativos almejados durante o processo de isolamento, vai depender, em grande parte, das operações de transformação da matéria vegetal, técnicas de extração e, sobretudo, dos parâmetros de solubilidade na relação solvente/soluto (MARTIN, A. e BUSTTAMANTE, P. 1993). A extração inicial através de um processo de maceração com um solvente de baixa polaridade consiste em um método, entre os usuais no âmbito de produtos naturais, bastante utilizado para obtenção de compostos de caráter lipofílico (ORTEGA, G. G. 2000). Frações de polaridades crescentes podem ser obtidas por técnicas de particionamento, utilizando-se sistemas de líquidos extratores de maior polaridade. 28 2.5.1 Maceração A maceração é um processo estático, não exaustivo, fortemente dependente do tipo de farmacógeno, da seletividade do líquido extrator e solubilidade dos compostos-alvos. Realizada em temperatura ambiente, recipiente fechado, durante um período pré-estabelecido, sob agitação ocasional e sem renovação do líquido extrator. Pela sua natureza, não conduz ao esgotamento total da matéria prima vegetal, seja devido, a saturação do líquido extrator ou ao estabelecimento de um equilíbrio difusional entre o meio extrator e o interior da célula (LIEBERMAN, N. H. A. et al., 1990). Diversas variações desta operação podem ser realizadas com a intenção, essencialmente, de aumentar a efetividade da extração como é o caso da digestão (maceração a quente), maceração dinâmica (feita sob agitação constante), maceração escalonada e remaceração (LIST, P. H.; SCHMIDT, P. C. 1989). Este processo fica restrito quando se trabalha com substâncias ativas pouco solúveis e plantas com elevado índice de intumescimento e possíveis proliferações microbianas. 2.5.2 Percolação A percolação (extração a frio), ao contrário da maceração é um processo dinâmico, onde se faz o arrastamento do princípio ativo pela passagem contínua do líquido extrator, levando ao esgotamento da planta através o gotejamento lento do material. Também permite obter soluções extrativas mais concentradas, gradiente de polaridade, economia do líquido extrator e tempo relativamente curto (VOIGT, R. 1993). A percolação é indicada em processos extrativos de substâncias farmacologicamente, muito ativas, presentes em pequena quantidade ou pouco solúveis (HOUGHTON, P. J. & RAMAN, A. 1998). Esse processo é pouco recomendável para plantas com elevado teor de substâncias solúveis e as que aumentam a viscosidade durante o processo. A extração de Soxhlet, em nível laboratorial, também não deixa de ser um tipo de percolação cíclica, com destilação simultânea e reaproveitamento do solvente (SONAGLIO, D. et al., 2001). 29 Para uma única extração (a frio ou a quente) usa-se geralmente um solvente polar (MeOH ou EtOH); para mais de uma extração utiliza-se três tipos de solventes: apolar (hexano ou éter de petróleo), de polaridade moderada (CHCl 3 ou CH2Cl2) e polar (MeOH ou EtOH). 2.6 Métodos cromatográficos Dentre os usuais métodos de análise, a cromatografia ocupa sem dúvida, um lugar de merecido destaque no que concerne à separação, identificação e quantificação de espécies químicas (SKOOG, D. A. 2002). A cromatografia compreende um grupo diversificado que permite separar componentes muitos semelhantes de misturas complexas, no qual a amostra é transportada por uma fase móvel podendo ser um gás, um líquido ou um fluído supercrítico. Essa fase móvel é então forçada através de uma fase estacionária, imiscível e fixa. Como conseqüência dessas diferenças de mobilidade, os componentes da amostra se separam em bandas ou zonas discretas que podem ser analisadas qualitativa ou quantitativamente (HOSTETTMANN, K. et al., 1997). Esse método de analise direciona o estudo fitoquímico para o isolamento, purificação e caracterização específicas descritos previamente na literatura, para as classes de substâncias. Esta investigação preliminar de constituintes químicos representa, muitas vezes, um estímulo motivador da curiosidade, já que possibilita o conhecimento prévio dos extratos e indica a natureza das substâncias presentes, facilitando a escolha de técnicas de fracionamento cromatográfico. As principais classes de constituintes químicos de plantas que podem ser detectadas com a aplicação de testes analíticos padrões são: ácidos graxos; terpenóides; esteróides; fenóis; alcalóides; cumarinas e flavonóides (MATOS, F. J. A. et al., 1971). 2.6.1 Cromatografia em coluna (CC) A Cromatografia em Coluna, uma das técnicas mais utilizadas, é um processo de separação entre duas fases, uma sólida uma líquida, baseada na 30 capacidade de adsorção e solubilidade, onde o equilíbrio dinâmico é estabelecido entre a concentração do soluto em duas fases. A mistura a ser separada é submetida a um sistema crescente de polaridade (SKOOG, D. A. 2002). O fluxo do solvente deve ser contínuo e os diferentes componentes da mistura vão se deslocar com velocidades distintas dependendo da sua afinidade relativa pelo adsorvente ou eluente (interação dos constituintes químicos com os adsorventes e os eluentes). Assim a capacidade de um determinado eluente em arrastar um composto adsorvido na CC depende quase diretamente da polaridade do solvente em relação ao composto. Os compostos apolares passam através da coluna, com uma velocidade maior do que os compostos polares, porque os primeiros têm menor afinidade com a fase estacionária (HOUGHTON, P. J. & RAMAN, A. 1998). Fase móvel (eluente) Amostra Fase estacionária (adsorvente) Figura 10: Coluna cromatográfica Os adsorventes (FE) empregados na cromatografia em coluna também são usados na cromatografia em camada delgada. A diferença reside no tamanho das partículas, da ordem de 63 a 200 m para a CC, e para a CCD é de 5 a 40 m. O material utilizado para a esta fase, incluem Sílica (SiO2), de caráter fracamente ácido e empregado na separação de compostos lipofílicos como, aldeídos, fenóis, cetonas, ácidos graxos, alcalóides, terpenos, esteróides (HUIE. C. V. A. 2002). A Alumina (Al2O3), é outra fase estacionária que pode ser usada, possui caráter 31 alcalino. O sephadex, que é outra fase estacionária usada com freqüência, onde a separação se faz por diferença de peso molecular. Os eluentes (FM) têm a função na cromatografia por adsorção, ou seja, é a função solvente propriamente dito. As fases móveis devem ter baixo ponto de ebulição (35-85 °C) para que sejam evaporadas facilmente. A segunda função é promover o desenvolvimento dos componentes da mistura na coluna e remover ou dessorver esses componentes dos adsorventes seletivamente; levando em consideração as relações de solubilidade dos componentes da mistura a ser cromatografada. Nesse caso, é dita eluente (BONATO, P. S. et al., 2006). Os solventes são selecionados de acordo com o seu poder eluentes, isto é, de acordo com a habilidade de dessorver do adsorvente as substâncias (o adsorvato) nele fixadas. A tabela 01 mostra os eluente colocados em ordem crescente de polaridade (série eluotrópica). Tabela 01: Série de eluentes com ponto de ebulição baixo, em ordem crescente de polaridade. Eluentes em ordem crescente de polaridade Hexano Éter de petróleo Cicloexano Tolueno Diclorometano Clorofórmio Éter etílico Acetato de etila Piridina Acetona Etanol Metanol Ácido acético 32 2.6.2 Cromatografia em camada delgada Constitui um método de Cromatografia planar como também a Cromatografia em Papel (CP) e Eletrocromatografia. A fase móvel desloca-se através da fase estacionária por ação de capilaridade, algumas vezes assistida por potencial elétrico ou gravitacional. A Figura 11 mostra um esquema da cromatografia e cama delgada. Placa cromatográfica Solvente Plote Original Plote 1,0 cm 0,5-1,0 cm Solvente Figura 11: Cromatografia em camada delgada A CCD apesar de sua simplicidade, baixo custo, tem a vantagem de ser rápida e de simples execução. É uma técnica eficaz que possibilita o monitoramento e otimização durante a avaliação do perfil fitoquímico e biossintético, possibilitando a observação dos compostos em isolamento (CORDEL G. 1995). Alguns profissionais da área adotam a posição de que os experimentos de camada delgada sempre devem preceder os experimentos de cromatografia em coluna, porque, em termos teóricos os tipos de fases móvel e estacionária e as aplicações da CCD e CC são notavelmente similares . A preparação manual das placas cromatográfica consiste em uma mistura de sílica e água destilada, esta mistura é espalhada com o emprego de um espalhador em uma lamina de vidro. Como exemplo, Na preparação de 5 placas 33 20 x 20 cm como uma espessura da camada ao redor de 0,3 mm, misturam-se 30 g de sílica com 60-70 mL de água destilada. As pré-fabricada, apesar de terem um custo bem mais elevados, dispensam a fase de preparação e são bem mais uniformes e homogêneas, o que, sem dúvida melhora a separação e torna os valores de RF (fator de retardamento) mais reprodutíveis. A desvantagem desta técnica é a perda de rendimento inerente à interação dos compostos com a fase estacionária (BONATO, P. S. et al., 1998). A camada de adsorvente está depositada sobre uma lâmina de material plástico (ácido politeraftálico), de alumínio ou de vidro. São pré-cortada geralmente nos tamanhos 5 x 20 cm e 20 x 20 cm, e com a espessura da camada de adsorvente variando entre 0,1 a 2,0 mm de espessura, para fins preparativos. O tempo e a temperatura utilizados para a ativação estão na dependência do adsorvente utilizado e da atividade desejada. Temperatura mais elevadas, por tempo prolongado, tornam a maioria dos adsorventes mais ativos. Sílicas, alumina e terra diatomácea são ativadas a 105-110 °C por 30 a 60 minutos. A celulose não deve ser aquecida por mais de 10 minutos a 105 °C. As placas podem ser conservadas, prontas para uso, em ambientes secos como dessecadores ou caixas semelhantes a estantes fechadas (BONATO, P. S. et al., 2006). 2.6.3 Cromatografia flash A Coluna “flash” é um outro tipo de cromatografia de baixo custo e fácil manuseio, similar a CC comum, por empregar a mesma sílica da CC de granulometria fina, com a diferença de utilizar uma bomba de pressão para promover a agilidade do processo. A coluna “flash” requer cuidados com compostos sensíveis à contaminação (por ser lento o tempo de contato) e a possibilidade de degradação de compostos pouco estáveis (BARTON, D.; OLLIS, W. D. 1986). A figura 12 mostra um esquema de coluna flash. 34 Pastilha do extrato EtOH + o adsorvente Adsorvente com eluente Algodão FiFigura 12: Coluna flash 2.7 Reveladores de cromatogramas Após o desenvolvimento do cromatograma, as placas são secas e reveladas. Essa última etapa consiste em tornar visíveis as substâncias incolores presente na amostra. A visualização pode ser feita por meio de métodos físicos ou químicos, podendo também ser biológicos, como no caso da utilização de reações enzimáticas ou bacterianas. Os reveladores, como vetores importantes para detecção de grupos químicos devem ser representados pelos universais e específicos, ou aqueles já consagrados classicamente como é o caso do anisaldeído sulfúrico, vapores de iodo, solução de ácido sulfúrico, vanilina sulfúrica, lâmpadas de curto e longo comprimento de ondas (254 –366 m), sulfato cérico, cloreto férrico (grupos fenólicos), hidróxido de potássio 10% EtOH (cumarinas), Dragendorff (alcalóides), Libermann- Bourchard (grupos esteroidais), ninhidrida (aminoácidos), reativo de Mayer, indicadores fluorescentes, etc. (FARIAS, F. M. et al., 1984) 2.8 Processo de recristalização de sólidos orgânico O processo de recristalização inclui, normalmente, a execução das seguintes etapas seqüenciais: Dissolução da substância impura a uma temperatura próxima do ponto de ebulição do solvente previamente selecionado; 35 Filtração da solução quente por gravidade de modo a eliminar qualquer impureza insolúvel (BRENELLI, 2006). Em geral, sólidos são mais solúveis em solventes à quente que em solventes a frio. A quantidade máxima de sólido que se dissolverá por unidade de volume de solvente (solubilidade) depende da temperatura. Quanto mais alta a temperatura maior a quantidade de sólido que se dissolverá por volume de solvente. Diminuindo-se a temperatura diminui a solubilidade do sólido no solvente. Assim, se uma solução saturada quente é esfriada, o soluto em excesso é forçado a precipitar (cristalizar) da solução. Se o processo for conduzido com os devidos cuidados, o sólido recristalizado é mais puro do que era antes de recristalização (BRENELLI, 2006). Um bom solvente para recristalização deve: não reagir com o sólido desejado ser facilmente removido do sólido desejado; dissolver uma quantidade relativamente grande de sólido desejado a temperaturas altas (normalmente o ponto de ebulição) ou não dissolver nada; dissolver impurezas em todas as temperaturas ou não dissolver nada. 2.9 Bactérias Gram-positivas A parede celular nas bactérias gram-positivas é constituída por camada espessa, composta quase que completamente por peptídioglicano, é responsável pela manutenção da célula e sua rigidez, essa estrutura é constituída por ácidos teicóicos, que consistem principalmente em um álcool (como o glicerol ou ribitol) e fosfato. Os ácidos teicóicos presentes nas bactérias gram-positivas podem ser pertencentes a duas classes: ácido lipoteicóico, que atravessa a camada peptidioglicana e está ligado à membrana plasmática, e ácido teicóico da parede, que está ligado à camada de peptioglicana. Os ácidos teicóicos por sua vez, fornecem a maior parte da especificidade antigênica da parede das bactérias gram-positivas (TORTORA et al., 2005). O grau de virulência dessas bactérias esta relacionado à exotoxina, composta pelo ácido lipoteicoico, tem como característica principal a aderência. 36 2.9.1 Staphylococcus aureus Os estafilococos ocorrem em grupos que se assemelham a cachos de uva, constituem um dos principais grupos de cocos Gram-positivos (figura13). As infecções por estafilococos podem ser desde triviais a rapidamente fatais. A espécie estafilocócica mais importante para medicina é o Staphylococcus aureus, sendo este mais virulento do gênero, denominado assim por causa da pigmentação amarela das colônias (aureus = dourado). Os membros desta espécie são anaeróbicos facultativos (TORTORA et al., 2005). Fonte: www.thesahara.info/mrsa/staph-bio.jpg Figura 13: Bactéria Staphylococcus aureus As doenças causadas por este microrganismo podem ser classificadas como somente superficiais, invasivas ou tóxicas (TRABULSI et al., 2005), sendo que, quase todos os isolados desta espécie bacteriana secretam uma enzima denominada coagulase, referidos de coagulase positiva (SCHAECHTER, 2002). S. aureus produz muitas toxinas que contribuem para a patogenicidade das bactérias, aumentando sua habilidade de invadir o corpo e danificar tecidos. A infecção de cortes cirúrgicos por S. aureus é um problemas comum em hospitais; 37 e a habilidade de desenvolver resistência rapidamente aos antibióticos. Essa espécie produz a toxina responsável pela síndrome do choque tóxico, uma infecção grave caracterizada por febre alta e vômitos, alguma vezes ocasionando a morte, também produz uma enterotoxina que causa vômitos e náusea quando ingerida; esta é uma das causas mais comuns da intoxicação alimenta, e produz a toxina esfoliativa, que causa a síndrome da pele escaldada em crianças (STROHL et al., 2004). 2.9.2 Streptococcus sp. Os membros do gênero Streptococus são bactérias gram-positivas esféricas, que tipicamente ocorrem em cadeias ou pares (figura). A maioria consiste em anaeróbicos facultativos, mas cresce fermentativamente mesmo na presença de oxigênio. São grupos complexos, provavelmente responsáveis por mais males e causando uma variedade maior de doenças que qualquer outro grupo de bactérias. O principal patógeno no gênero é o S. pyogenes, as doenças causadas por essa espécie são: a febre escarlatina, a faringite (dor de garganta), erisipela, impetigo e febre reumática, a S. agalactiae é responsável pela colonização do trato genital, resultando em sepse neonatal, S. penumoniae responsável pela endocardite, pneumonia, otite e a menigite, dentre outras (STROHL et al., 2004). Fonte: www.microscopyconsulting.com 38 Figura 14: Bactéria Streptococcus sp. Umas das características utilizadas para a classificação dos estreptococos é sua ação sobre o agar-sangue. Os estreptococos alfa-hemolítica produzem uma substância denominada alfa-hemolisina que reduz a hemoglobina (vermelha) à metemoglobina (verde); esta redução causa o aparecimento de uma zona esverdeada ao redor da colônia. Os estreptococos beta-hemolíticas, que provocam a maioria das infecções estreptocócicas, produzem uma hemolisina que forma uma zona de hemólise clara no agar-sangue. Algumas espécie não têm nenhum efeito aparente sobre as células vermelhas do sangue, estas são denominadas não-hemolíticas (TORTORA et al., 2005).. 2.9.3 Bacillus cereus As bactérias do gênero Bacillus são tipicamente bastonetes que produzem endósporos. Elas são comuns no solo e somente algumas são patogênicas para humanos (figura 15). Diversas espécies produzem antibióticos (TORTORA et al., 2005).. Fonte: www.frilabo.pt/fcms/images/stories/bacillus.jpg Figura 15: Bactérias Bacillus cereus 39 O bacilus cereus são bacterias Gram-positivos e anaeróbios facultativos, responsável por doenças de origem alimentar. Os alimentos mais implicados em provocar intoxicação são: alimentos com amido (arroz, batatas, legumes, feijão, legumes cozidos, puré de batata), leite em pó, os cremes à base de leite e as farinhas e pastelaria. O período de incubação varia entre 6 e 16 horas com um início súbito de sintomas, diarreia aguda e vómitos ocasionais. Uma intoxicação menos frequente pelo bacilo pode aparecer entre 1 e 6 horas após a ingestão do alimento contaminado e manifesta-se por vómitos, náuseas e eventualmente diarreia. 2.10 Bactérias Gram-negativas A parede da célula Gram-negativa está composta por uma ou poucas camadas de peptidioglicano e três outros componentes que a envolvem externamente; lipoproteína, membrana externa e lipopolissacarídeo (figura). A peptidioglicano esta ligada a lipoproteína na membrana externa e esta no periplasma. As paredes celulares Gram-positivas não contêm ácidos teicóicos, e possuem uma pequena quantidade de peptideoglicano, por essa razão essa bactérias tornam-se suscetíveis ao rompimento mecânico Os lipopolissacarídeos (LPS) que envolvem a membrana externa, atuam como antígenos bacterianos, lipoproteínas e fosfolipídeos, e fornece um mecanismo de defesa a estas bactérias, sendo uma barreira para certos antibióticos, enzimas digestivas, detergentes entre outros. Entretanto, a membrana externa possui canais protéicos, denominados de porinas, que permitem a passagem de moléculas necessárias para o metabolismo bacteriano, sendo também a passagem para alguns antibióticos (TORTORA et al., 2005). 2.10.1 Escherichia coli A E. coli assume a forma de um bacilo e pertence à família das Enterobacteriaceae. São aérobias e anaerobias facultativas. O seu habitat natural é o lúmen intestinal dos seres humanos e de outros animais de sangue quente, mas pode ser patogênica dentro ou fora do trato gastrointestinal (figura 16). E. coli 40 possui fímbrias ou pili que freqüentemente são importantes para a sua aderência na superfície das mucosas do hospedeiro, e as diferentes cepas podem ser móveis ou imóveis. A maioria das cepas de E. coli são capazes de fermentar a lactose, sendo denominadas de lactose positiva. São todas anaeróbicas facultativas, fermentam glicose e podem gerar energia por redução do nitrato a nitrito (STROHL, 2004). Fonte: www.fuga.ru/tok/2003/11/e-coli-small.jpg Figura 16: Bactérias Escherichia coli Essas bactérias podem causar infecções do trato urinário e de ferido, certas linhagens produzem enterotoxinas que causam a diarréia, pneumonia em pacientes imunossuprimidos hospitalizados e as meningites em neonatos são outras formas comuns de infecções causadas por E. coli (KONEMAN et al., 2001). Certas cepas de E. coli podem causar enterite ou gastroenterite por cinco mecanismos diferentes que causam cinco síndromes distintas. As E. coli diarreinogênicas podem ser denominadas de ETEC (E. coli enterotoxigênicas), EPEC (E. coli enteropatogênica), EIEC (E. coli enteroinvasora), EHEC (E. coli enterohemorrágica) e EEC (E. coli enteroagregativa) (KONEMAN et al., 2001). 41 2.10.2 Pseudomonas aeruginosa Pseudomonas se constituem de bastonetes gram-negativos aeróbicos que se locomovem através de um único flagelo polar, ou por meios de tufos (figura17). As Pseudomonas são muito comuns no solo e em outros ambientes naturais. Cerca de 1/3 das amostras isoladas de casos clínicos é pigmentado e produz colônias com uma cor verde ou verde-azulada característica, devido ao pigmento hidrossolúvel piocianina (TODER, 2002). Fonte: www.bookworld.com Figura 17: Bactéria Pseudomonas aeruginosa O patógeno humano P. aeruginosa, é amplamente distribuído na natureza (figura 10). Pode colonizar seres humanos saudáveis sem causar doenças, mas também é um patógeno oportunista significativo e uma causa importante de infecções hospitalares, como a pneumonia, infecção do trato urinário, infecções de feridas operatórias, infecções em queimaduras graves e em pacientes recebendo quimioterapia para doenças neoplásicas (Strohl, 2004). A resistência dessa bactéria à maioria dos antibióticos tem sido fonte de preocupação médica. Essa resistência esta relacionado a produção de uma β-lactamase cromossomal, 42 a impermeabilidade da membrana, a capacidade de colonizar superfícies em forma de biofilme, a presença de sistema de efluxo, a aquisição de plasmídeos de resistência, entre outros, fazem com que poucos antibióticos sejam efetivos contra esta espécie (TORTORA et al., 2005). 2.11 Teste de Difusão em Disco Esse modelo experimental é um método qualitativo clássico para testar a suscetibilidade de patógenos a antibióticos, também denominado de Método de kirby Bauer de difusão em placa, neste teste observa-se o crescimento do organismo (resistência a droga) ou a falta de crescimento (sensível a droga) frente a antibióticos testes (STROHL et al., 2004). 43 3 3.1 OBJETIVO OBJETIVOS GERAIS Realizar estudos químicos e testes antimicrobianos do extrato etanólico, e substância isolada da Cipura Paludosa Aubl. 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Proceder à identificação das classes de substâncias presentes no extrato etanólico e nas frações Acetato de etila e Clorofórmio da espécie em estudo; Isolar e purificar os componentes químicos das frações Acetato de etila e Clorofórmio provenientes do extrato etanólica; Submeter o extrato etanólico e substâncias isoladas, a avaliação da atividade antimicrobiana frente às bactérias Gram-positivas, Staphylococcus aureus resistente a meticilina e Staphylococus aureus sensível a meticilina, Streptococcus sp., Bacillus cereus, e Gram-negativas, Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa. 44 4 MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho foi subdividido em várias fases, que se caracterizam por coleta do material vegetal, confecção da exsicata, identificação botânica da espécie utilizada para o estudo, secagem e maceração do material vegetal, preparação do extrato etanólico, obtenção dos eluatos através de coluna filtrante, isolamento de substâncias presentes no eluato EtOAc e CHCl3 , através de colunas cromatográficas e processo de recristalização de sólidos. 4.1 Coleta e identificação botânica A coleta do material vegetal ocorreu no dia 06 de dezembro de 2005, na cidade de Porto Velho. Parte do material foi destinada à identificação e a outra parte foi utilizada para a obtenção do extrato etanólico. A identificação foi realizada no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e a exsicata da planta foi depositada no herbário Dr. Ary Tupinambá Penna Pinheiro (Porto Velho - RO) sob número 1782. 4.2 Obtenção do extrato etanólico Preparação do extrato foi realizada no LABFITO (Laboratório de Fitoquímica), conforme método descrito por Di Stasi (1996). O material vegetal coletado foi devidamente lavado. Os bulbos, parte da planta selecionada para a realização do estudo, foram cortados e pesados, apresentando m=1.160g. O mesmo foi condicionado à estufa FANEM modelo 320-SE para secagem, onde permaneceu por 72 horas a temperatura constante T=40°C, após este período o material vegetal seco foi novamente pesado apresentando m=570g e em seguida macerado. O extrato etanólico foi obtido através do processo de extração por percolação (extração a frio), onde a parte da planta analisada foi posto em contato com álcool etílico 95% (VETEC) por 07 dias, sendo posteriormente filtrado e colocado em contato com o respectivo solvente por mais 14 dias. Após um período de 21 dias foi possível obter o material filtrado. Este foi devidamente 45 evaporado através de um evaporador rotativo (FISATOM mod. 802A) e um aparelho de banho-maria (BIOPAR). Após este procedimento foi obtido o extrato etanólico cuja massa obtida foi 137,631Kg. (tabela 02). Tabela 2: Massa e porcentagem do material utilizado para a obtenção do Extrato Etanólico. 4.3 Material Coletado Quantidade (g) % Material vegetal fresco 1.160 100 Material vegetal seco 570 49,13 Extrato etanólico 137,631 11,86 Teste para classe de substância O extrato etanólico e os eluatos de EtOAc CHCl3 foram submetidos a testes específicos para as principais classes de substâncias que foram realizados segundo procedimentos descritos por Merck (1972). 4.3.1 Esteróides e Terpenos Dissolveu-se uma pequena quantidade do extrato etanólico em 1mL de clorofórmio (CHCl3), na capela, adicionou-se 1,0mL de anidrido acético (CH3CO)2O e 04 gotas de ácido sulfúrico (H2SO4). A coloração verde indica teste positivo para esteróides e a coloração vermelha positivo para terpenos. O mesmo procedimento foi realizado para o eluatos CHCl3, EtOAc. 4.3.2 Flavonóides Foi utilizado 1,0mL de etanol para dissolver uma pequena quantidade do extrato de Cipura paludosa, onde foi adicionado uma pequena porção de magnésio em fitas e adicionou-se 0,5mL de ácido clorídrico concentrado (HCl). A coloração avermelhada indica teste positivo para flavonóides. Para os eluatos CHCl3, EtOAc a mesma metodologia foi utilizada. 46 4.3.3 Alcalóides Uma pequena alíquota do extrato etanólico foi solubilizada em HCl, posteriormente adicionou-se algumas gotas de solução de Dragendorff (solução de iodeto de potássio e subnitrato de bismuto). A formação de um precipitado semelhante à flocagem de coloração laranja indica teste positivo. O mesmo processo foi utilizado com os eluatos CHCl3, EtOAc para possível identifição dessa classe de substâncias no mesmo. 4.3.4 Saponinas Uma pequena porção do extrato foi solubilizada em água destilada, agitouse o recipiente a fim de visualizar a formação de espuma. A formação de espuma na solução indica teste positivo. Repetiu-se o teste para os eluatos CHCl3, EtOAc. 4.3.5 Quinonas Uma pequena alíquota do extrato foi colocado em placa cromatográfica, observou-se a coloração da substância à luz ultravioleta (UV). Em seguida, foi borrifada um pouco de solução de amônia na placa. Se a coloração da amostra à luz UV indicar uma coloração azul-violeta ou vermelha, indica teste positivo para quinonas. O teste foi realizado também para os eluatos CHCl3, EtOAc. 4.4 Teste com extrato etanólico O perfil cromatográfico preliminar do extrato foi realizado em CCD, utilizando placa cromatográfica em gel de sílica ( m 2-25 sobre poliéster T – 6145 da Merck e da Sigma Chemical CO, Para visualização da fluorescência dos compostos rastreados por CCD, utilizou-se de radiação ultravioleta na faixa de 24 m). O extrato (m=0,0231g) foi solubilizado em MeOH, em seguida, com a ajuda de um capilar, a solução do extrato etanólico foi aplicada a 1,0cm da base da 47 placa, de modo a obter uma mancha. Após esse procedimento a placa foi colocada em uma câmara de eluição. Os solventes utilizados nas eluições cromatográficas foram: Hexano, CHCl3, EtOAc e MeOH. As placas cromatográficas foram submetidas à pulverização com revelador universal (mistura de 80% etanol; 10% ácido acético; 10% ácido sulfúrico) afim de revelar as substâncias adsorvidas na mesma. Em seguida, fez-se uma coluna teste (Flash), com o objetivo de observar uma possível reação da Sílica Gel, utilizada como fase estacionária em coluna filtrante, com as substâncias presentes no extrato etanólico da C. paludosa. Foi preparada uma pastilha do extrato, m=0,0548g, utilizando sílica gel 60 (0,063-0,200mm) (70-230MESH). Utilizou-se uma coluna de 2,0cm de diâmetro, que foi preparada com Sílica gel 60 e hexano. Após a preparação da fase estacionária, a pastilha, foi inserida na coluna, sendo eluída com solventes em gradiente de eluição, sendo eles: Hexano, EtOAc:Hexano, EtOAc, MeOH:EtOAc e MeOH. Foram obtidas as seguintes frações (tabela 3). Tabela 3: Coluna flash (teste) do extrato etanólico da C. paludosa Fração Polaridade % 0 Hexano 100 1-2 EtOAc:Hexano 50 3-4 EtOAc 100 5-7 MeOH:EtOAc 50 8-10 MeOH 100 Em seguida, fez-se CCD para observar a suposta decomposição das substâncias do extrato com a sílica, que foi realizada utilizando cada fração extraída da coluna teste, que posteriormente seriam comparadas com as análises do extrato etanólico, que serviria como padrão. Assim sendo, os solventes orgânicos utilizados nas eluições e o método de revelação foram os mesmos utilizados com o extrato etanólico. 48 A cromatografia em CCD utilizada para verificar uma possível degradação das substâncias junto à sílica gel não mostrou nenhuma interação entre uma e outra, o que possibilitou dar continuidade ao trabalho. 4.5 Fracionamento do extrato etanólico O procedimento de fracionamento do extrato bruto descrito é baseado em Ferri (1996)*. O extrato bruto da C. paludosa, foi submetido à coluna filtrante, onde em um funil de separação (1000 mL), contendo um tampão de algodão em sua extremidade, foi utilizada como fase estacionária sílica gel (0,04-0,063mm) (230-400 MESH), embebida em hexano, afim de obter uma homogeneidade no preenchimento da coluna. Após assentamento da sílica foi adicionado suavemente a pastilha. Em seguida, a eluição foi efetuada utilizando os seguintes solventes: Hexano, CHCl3, EtOAc, Acetona e MeOH, seguindo um gradiente de ordem crescente de polaridade. As frações foram coletadas em erlermeyers e posteriormente foram evaporadas, utilizando evaporador evaporativo obtendo-se assim os eluatos (Tabela 4). Tabela 4: Eluatos obtidos a partir do extrato etanólico Eluato (Fração) Polaridade Massa(g) 1-5 Hexano 0,4433 6-43 Clorofórmio 15,0065 44-70 Acetato de Etila 8,9366 71-90 Acetona 8,2922 91-97 Metanol 15,8147 O diâmetro da coluna cromatográfica e os solventes utilizados nos processos de cromatografia em coluna dependeram da quantidade de material utilizado no processo e a polaridade do mesmo. As frações coletadas através da coluna cromatográfica foram analisadas por CCD, comparadas e reunidas seguindo o critério de semelhança no perfil cromatográfico. Diante dos bons resultados adquiridos pelo processo de analise fitoquímicos anteriores da espécie Cipura paludosa Aubl. Damos continuidade na 49 pesquisa, com os eluatos EtOAc e CHCl3, com o objetivo de isolar e purificar os composto químicos existente no extrato. Coleta do material Secagem e maceração do material material Confecções e exsicata Identificação Botânica Extrato etanólico Teste para classe de substância Eluato Hexano (C6H14) Eluato Clorofórmio (CHCl3) Eluato Acetato (EtOAc) Eluato Acetona (C3H6O) Eluato Metanol (MeOH) Isolamento por cromatografia Figura 18: Organograma dos métodos desenvolvidos preliminares para estudo da 4.6C. paludosa. Fracionamento do eluato EtOAc 50 4.6 Fracionamento do eluato de EtOAc A partir de 8,9366g da fração Acetato de Etila oriunda do extrato etanólico do bulbo (raiz) da Cipura paludosa aubl. Foi macerado com sílica gel 60 (0,0630,200mm) (70-230MESH) afim de obter uma pastilha para ser inserida na coluna cromatográfica. A coluna utilizada de diâmetro 6,0cm foi preparada com sílica gel 60 (0,063-0,200mm) (70-230MESH) e hexano. Após o assentamento da sílica na coluna a pastilha foi inserida lentamente. A eluição foi feita com solventes seguindo gradiente de ordem crescente de polaridade, Hexano, EtOAc:Hexano, EtOAc) fornecendo 229 frações (tabela 5). Tabela 5: Frações obtidas do fracionamento do Eluato EtOAc através das análises de CCD Frações A – 01 – 04 M - 87 – 100 B – 05 – 13 N - 101 – 114 C – 14 – 21 O - 115 – 122 D – 22 – 28 P - 123 – 130 *E – 29 – 32 Q - 131 – 140 *F – 33 – 36 R - 141 – 149 G - 37- 46 S - 150 – 158 H - 47 – 49 T - 159 – 169 I - 50 – 58 U - 170 – 181 J - 59 – 71 V - 182 – 200 K – 72 X - 201 – 229 L – 73 - 86 4.7 __ Aplicação do método de cromatografia em CCD A Metodologia descrita é baseada em Ferri (1996). As frações coletadas da coluna cromatográfica foram analisadas por CCD, utilizando placa cromatográfica em gel de sílica (24 m). Cada fração, separadamente, foi aplicada na placa 51 cromatográfica. Após esse procedimento a placa foi colocada em uma câmara de eluição, utilizando nas eluições Hexano, EtOAc. As frações obtidas e analisadas por CCD foram reunidas seguindo o critério de semelhança no perfil cromatográfico, sendo reveladas por UV (254 m) e/ou por pulverização com revelador universal seguido de aquecimento em estufa a 100°C por aproximadamente 05 min. 4.8 Fracionamento do eluato CHCl3 O processo de fracionamento e perfil cromatográfico em CCD descrito para o eluato EtOAc, foi o mesmo utilizado para o eluato de CHCl 3 sendo que foi utilizada 15,0065g do eluato, e para a eluição no fracionamento utilizou os seguintes solvente: Hexano, EtOAc:Hexano, EtOAc, acetona:Hexano, acetona e MeOH, e Fornecendo as seguintes frações descritas na (tabela 6). Tabela 6: Frações obtidas do fracionamento do Eluato CHCl3 através das análises de CCD. Frações A - 01-22 N -507-528 B - 23-70 O - 529-539 C - 71-100 P - 540-552 D - 101-130 Q - 553-589 *E - 131-170 R - 590-610 *F - 171-190 S - 611-646 *G - 191-220 T - 647-659 H - 221-349 U - 660-671 I - 350-390 V - 672-692 J - 391-410 X - 693-728 K - 411-462 Z - 729-815 L - 463-483 Y - 816-900 M - 484-506 W - 901-988 52 Extrato Etanólico Eluato Hexano (C6H14) Eluato Clorofórmio (CHCl3) Eluato Acetato (EtOAc) Eluato Acetona (C3H6O) Eluato Metanol (MeOH) Coluna Cromatográfica B A O C P D Q E R F G H S I J T K U L V M X As frações 29-32; 33-36 Foram recromatografada. Figura 19: Organograma com os procedimentos realizados para o fracionamento do eluato de EtOAc. 53 Extrato Etanólico Eluato Hexano (C6H14) Eluato Clorofórmio (CHCl3) Eluato Acetato (EtOAc) Coluna Cromatográfica A N B O C P Eluato Metanol (MeOH) 26 Frações D Q Eluato Acetona (C3H6O) E R F S G T H U I V J X K Z L Y M W Fase de recromatografia aa Fase de purificação Figura 20: Organograma com os procedimentos realizados para o fracionamento do eluato de CHCl3. 54 4.9 Análise das frações do eluato de EtOAc. As frações do eluato de EtOAc foram organizadas em ordem alfabética sendo submetidas à cromatografia de camada delgada (CCD) e reveladas por UV (254 m) e por pulverização com o revelador universal, seguido de aquecimento a 100°C, em seguida reunidas de acordo com a semelhança dos perfis. Observouse após o procedimento através do perfil cromatográfico mais de uma substância e impurezas nas amostras. As amostras E (29-32) e F (33-36) por terem apresentado formação de cristais e perfil cromatográfico semelhantes, foram reunidas e submetidas a métodos analíticos de isolamento com o processo de recromatografia. As frações 29-32 e 33-36, depois de reunidas forneceram a m=0,4378g foi recromatografada. Utilizou-se uma coluna de 3,0cm de diâmetro e sílica gel 60 (0,04-0,063mm) (230-400 MESH). Os solventes utilizados foram Hexano e EtOAc, em gradiente de eluição, fornecendo 221 frações (tabela 7). Tabela 7: Agrupamento de frações obtidas a partir da recromatografia da fração 29-32 e 33-36 Fração 01-20 83-100 21-25 101-121 26-30 122-130 31-38 131-142 39-43 143-152 44-47 151-169 48-55 170-190 56-64 191-211 65-71 212-221 72 - 82 __ As frações: 01-20, 21-25, 26-30, 26-30, 31-38, 39-43, 44-47, 48-55, 56-64, 65-71, 72-82 foram reunidas por terem apresentado comportamento cromatográfico semelhantes. 55 A fração 44-47 apresentou em seu perfil cromatográfico sinais de pureza. Este foi submetido ao processo de recristalização. 4.10 Análise das frações do eluato de CHCl3. As frações do eluato de CHCl3 também foram organizadas em ordem alfabética, sendo submetidas ao mesmo processo em CCD e reveladores de cromatograma, em seguida foram reunidas de acordo com perfil cromatográfico semelhantes. As amostras E (131-170); F (171-190); G (191-220) foram submetidas a métodos analíticos de isolamento de substâncias. A primeira amostra foi recromatografada a segunda e a terceira foram submetidas ao processo de recristalização. As frações 131-170 m=0,3185 foi recromatografada. Utilizou-se também uma coluna de 3,0cm de diâmetro e sílica gel 60 (0,04-0,063mm) (230-400 MESH). Os solventes utilizados foram Hexano e EtOAc, em gradiente de eluição, fornecendo 192 frações, que foram reunidas de acordo com seu comportamento em CCD (tabela 8). Tabela 8: Agrupamento de frações obtidas a partir da recromatografia da fração 131-170 Fração 01-05 59-68 06-10 69-82 11-15 83-95 16-20 96-115 21-25 116-132 26-30 133-151 31-35 152-164 36-42 165-183 43-58 184-192 56 Desta coluna as frações 9-12 e 21-25 foram reunidas por apresentarem perfil cromatográfico semelhante e submetidas ao processo de recristalização. As amostras F (171-190); G (191-220) foram submetidas a analise do perfil cromatográfico e após o procedimento observou-se impureza. Para tentar eliminar essas impurezas as amostras passaram por um processo lento de recristalização. Os frascos que contém as amostras foram lacrados e envolvidos com papel alumínio, para que os cristais fossem formados na ausência de luz, 10 dias depois foi observado nos frascos a formação vários núcleos eqüidistantes e 07 dias depois observou a formação de camadas sobre os núcleos, que possuem um papel muito importante para a formação do cristal, pois selecionam as moléculas corretas da solução resultando em cristais mais puros. 4.11 Teste antibacteriano 4.11.1 Microrganismos Os microrganismos utilizados foram S. aureus sensível a meticilina, S. aureus resistente a meticilina, Streptococcus sp. P. aeruginosa, E. coli e Bacillus cereus. Todos cedidos pelo Laboratório de Microbiologia da Fundação Oswaldo Cruz de Manaus. Em todos os testes, um inóculo de cada cepa bacteriana foi suspendido em 5 mL de caldo de Soja-Tripticase (TSA/TSB) e incubados overnight a 37º C em aparelho Shaker. 4.11.2 Preparo das Amostras Analisadas Foram preparadas cinco soluções contendo massas variadas do extrato etanólico, sendo, 30 mg, 60 mg, 90mg, 100 mg e 116 mg /mL de MeOH, para substância isolada (CPBC-1) foi preparada as mesmas concentrações utilizando CHCl3 – as quais foram vortexzadas durante 1 minuto para uma adequada diluição das amostras. 57 4.11.3 Meios de Cultura e de Crescimento Bacteriano Utilizados O caldo de Soja-Tripticase (TSA/TSB) foi utilizado para o crescimento da suspensão bacteriana em todos os testes realizados. Os meios de cultura utilizados para o plaqueamento das suspensões bacterianas no teste de difusão em disco foi Ágar Mueller Hinton (MH), o qual é recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para a realização das provas de sensibilidade, como os antibiogramas. Tabela 09 : Meios de cultivo de microrganismos Meio Agar (Caldo) Tripticase de soja (TSA/TSB) Composição Quantidade Peptona de caseína 17,0 g Peptona de soja 3,0g Cloreto de sódio 5,0 g Fosfato dipotássio 2,5 g Dextrose 2,5 g Água destilada 1,0L Meio Ágar Mueller Hinton Composição Quantidade Extrato de carne hidrolisado de caseína 2,0 g Ácido casamino – Difco ou equivalente 17,5 g Amido solúvel 1,5 g Água destilada 1,0 L Agar 17,0 g 58 4.11.4 Teste de Difusão em Disco para o Extrato Etanólico e Substância isolada (CPBC-1) O modelo de difusão em disco de SALIE et al. (1996) foi adaptado para a realização destes experimentos. Foram utilizados discos de papel filtro de 9 mm de diâmetro nos quais impregnou-se 0,03 mL de cada solução das amostras testes (extrato etanólico, substância isolada (CPBC-1). Os discos contendo a amostra foram secados a temperatura ambiente, até a evaporação do solvente. Após a evaporação do solvente cada disco estéril contendo 0,9; 1,8; 2,7; 3,0 e 3,5mg/disco foram colocados na superfície das placas de Ágar MH, nas quais foram vertidas por alagamento de suspensões bacterianas de 1,5 x 10 8 ufc/mL de caldo de soja padronizadas visualmente segundo escala de MacFarland1. Cada fração foi testado em duplicata. Como controle positivo utilizou-se discos de antibióticos, sendo o ciprofloxacina controle positivo para bactérias Gram-negativas e linezolida para bactérias Gram-positivas. Foram utilizado Discos impregnados com 0,03 mL de cada solvente MeOH e CHCl3, estes Discos serviram como controle negativo, para verificar a não ação desses solventes sobre as bactérias. As placas foram incubadas em estufa a 37º C e os resultados foram lidos após 24 horas. A medida das zonas de inibição foram medidas em milímetros. 1 Soluções padrões a base de sulfato de bário para determinar através de visualização comparativa uma determinada concentração bacteriana. 59 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 ESTUDO FITOQUÍMICO 5.1.1 Teste para classes de substâncias Os resultados obtidos através dos testes para classe de substâncias, esteróides, terpenos, flavonóides, alcalóides, saponinas e quinonas com o extrato etanólico e os eluatos da C. paludosa estão apresentados na tabela 9. Estes resultados ajudam nos teste farmacológico, ao identificarmos as classes de substância existente no extrato, prevendo o seu potencial nas atividades, e também na identificação dos compostos químicos presentes. Tabela 10: Resultados obtidos para teste de classe de substâncias C. paludosa. Classe de substância Extrato etanólico Eluato CHCl3 Eluato EtOAc Esteróides (-) (-) (-) Flavonóides (+) (-) (+) Alcalóides (+) (-) (-) Quinonas (+) (+) (+) Terpenos (+) (+) (+) saponinas (-) (-) (-) Os metabólitos secundários despertam grande interesse, não só pelas atividades biológicas produzidas pelas plantas em resposta aos estímulos do meio ambiente, mas pela imensa atividade farmacológica desses compostos. A riqueza desses metabólitos nas plantas é explicada pelo fato delas estarem enraizadas no solo, não podendo se deslocar e, portanto, utilizar como resposta ao meio ambiente as repostas possíveis dos animais (KINGSTON, F.G.I. 2000). De acordo com os autores podemos observa através dos resultados obtidos com os testes, a confirmação de fatores bastante citados na bibliografia da família Iridaceae, mostrando que os flavonóides, alcalóides e terpenos estão abundantemente presentes em plantas dessa família (DAHLGREN et al., 1985; GOLDBLATT, P., 1987). 60 As quinonas e os constituintes químicos citados na família iridaceae são considerados principais mebólitos secundário e têm recebido bastante atenção nos últimos anos, devido às diversas propriedades farmacológicas apresentadas por estas classes de substâncias (SIMÕES et al., 2004). As plantas produzem e estocam grande número desses metabólitos em diversas partes (folhas, caules, raízes, flores, sementes) que são liberados para o meio ambiente, sendo que muitos deles apresentam ação alelopática (MALHEIROS et al., 2001). Devido a isso, os resultados podem variar de acordo com a parte do vegetal selecionada para o estudo, a idade ou aspectos químicos, tais como: solo, incidência solar, região, clima, período de coleta, onde a quantidade desses compostos pode variar ou até mesmo não serem evidenciados (MACIEL et al., 2002). 5.1.2 Fracionamento do eluato EtOAc. O eluato EtOAc foi submetido a cromatografia em coluna, e as frações fornecidas foram reunidas de acordo com seu comportamento cromatográfico resultando 23 amostra sendo classificadas em ordem alfabética. Das 23 amostras obtidas, apenas 02 foram submetidas a métodos analíticos de isolamento de substância. As amostras E (29-32) e F (33-36) apresentaram formação de cristais e perfil cromatográfico semelhantes, foram reunidas obtendo a m=0,4378g foi recromatografada. Utilizando hexano e EtOAc como fase móvel, fornecendo 221. As frações: 01-20, 21-25, 26-30, 31-38, 39-43, 44-47, 48-55, 56-64, 65-71, 72-82 desta coluna, foram reunidas por terem apresentado comportamento cromatográfico semelhantes. A fração 44-47 apresentou em seu comportamento CCD sinais de pureza como descreve a figura (16). Esta amostra foi submetida ao processo de recristalização que rendeu um por de coloração amarela, solúvel em CHCl3 e EtOAc. 61 Sólido purificado (44-47) Solvente: 40% EtOAc:Hexano Figura 21: Cromatografia em CCD da fração (44-47). As demais amostras não apresentaram formação de cristais com exceção da amostra E (29 a 32) e F (33 a 36). Em seus perfis cromatográficos foram observadas impurezas e mais de uma substância, que provavelmente estes resultados são conseqüência dos seguintes fatores: o aumento rápido da polaridade dos eluentes, causando sobreposição de banda das substâncias (BONATO, P. S. et al., 2006); as substâncias existentes podem apresentar polaridade semelhante dificultando a separação; erro de metodologia no empacotamento da coluna cromatográfica com os adsorvente e eluente, sendo que o primeiro e o segundo fator são responsáveis pelo ressecamento da coluna permitindo a mistura dos componentes químicos. Estes fatores prejudicam no processo de isolamento. 5.1.3 Fracionamento do eluato de CHCl3 Da mesma forma o eluato de CHCl3 foi submetido à cromatografia em coluna, e as frações foram reunidas segundo ao seu comportamento em CCD e organizadas em ordem alfabética resultando 26 amostras. Diferente do eluato de EtOAc , este apresentou na maioria das amostras formação de cristais. As amostras E(131-170); F(171-190): G(191-200) foram selecionadas para serem submetidas a métodos analíticos de isolamento de substância. 62 As frações 131-170 com m=0,3185 foi recromatografada. Utilizando hexano e EtOAc como fase móvel, fornecendo 192 frações, foram reunidas de acordo com seu comportamento em CCD. Desta recromatografia rendeu cristais de coloração incolor e branco solúveis em CHCl3 EtOAc . As frações 9-12, 21-25 apresentaram em seus perfis CCD sinais de pureza como descreve a figura (17), devido a semelhança no comportamento estas frações foram reunidas resultando em duas amostra. 17a Sólido purificado (9-12) Solvente: 30% EtOAc:Hexano 17b Sólido purificado (21-25) Solvente: 35% EtOAc:Hexano Figura 22: Cromatografia em CCD das frações (09-12) e (21-25) As amostras F (171-190); G (191-220) apresentaram em seus perfis cromatográficos impurezas. Para a eliminação das impurezas as amostras foram submetidas ao processo de recristalização que forneceram cristais bem formados de coloração marrom. Este processo é o mais utilizado para purificação de substâncias sólidas e se baseia na diferença de sua solubilidade em um dado solvente ou mistura de solventes. Atualmente, essa técnica continua sendo o procedimento mais adequado para a purificação de substâncias sólidas. Quando a temperatura de uma solução é abaixada, o excesso de sólido se separa da solução constituindo formas geométricas regulares chamadas cristais (SOARES G. et al., 1988 ) como podem observa nas figuras abaixo. Os cristais perfeitos têm superfícies planas que se encontra em ângulos definidos e cujas arestas são linhas retas, ilustrado 63 na figura 18e. Geralmente, um crescimento lento em soluções saturadas favorece a formação de cristais grandes, ao passo que os cristais que se formam rapidamente acabam tendo dimensões bem pequenas (VOGEL, A. 1980). Durante o processo desta recristalização houve a formação de uma pequena quantidade de óleo em lugar do produto cristalino observado nas figuras 18c e 18d. A formação desse óleo se deve, com freqüência á presença de impurezas muito polares e/ou umidade . Figura 18 a Figura 18 c Figura 18 b Figura 18 d 64 Figura 18 e Figura 23: Processo de recristalização das amostras F e G 5.1.4 Ponto de Fusão Para as frações que apresentaram sinais de pureza no perfil em CCD, foi realizado o ponto de fusão, obtendo os seguintes resultados tabela (0). Tabela 11: Ponto de fusão das frações (44-47), (09-12), (21-25) Fração (44-47) Fração (09-12) Fração (21-25) PF = 202 – 206 PF = 200 – 202 °C PF = 195 –197 °C PF das substâncias isoladas: CPBC-1 PF = 174 – 177 °C; CPBC-3, mistura de esteróides, PF = 129 – 131 °C A propriedade de uma substância orgânica sólida que é mais freqüentemente usada como critério de pureza é o ponto de fusão. O ponto de fusão de uma substância corresponde ao intervalo de temperatura em que a fase sólida se transforma na líquida. Posto que freqüentemente acompanhado por decomposição, o ponto de fusão pode não corresponder a uma temperatura de 65 equilíbrio, mas a uma temperatura de transição de sólido para líquido. Podemos observa que os pontos de fusão das frações são diferentes das substâncias isoladas da espécie em estudo, indicando que essas substância isoladas são compostos diferentes. A propriedade de uma substância orgânica sólida que é mais freqüentemente usada como critério de pureza é o ponto de fusão. O ponto de fusão de uma substância corresponde ao intervalo de temperatura em que a fase sólida se transforma na líquida. Posto que freqüentemente acompanhado por decomposição, o ponto de fusão pode não corresponder a uma temperatura de equilíbrio, mas a uma temperatura de transição de sólido para líquido. A maioria dos compostos orgânicos funde abaixo de 350°C. O ponto de fusão de um sólido puro deve ocorrer sempre à mesma temperatura. Na prática, entretanto, equilíbrio entre sólido e líquido quase nunca é atingido, devido a fatores como quantidade da amostra, tamanho do cristal, razão de aquecimento, tipo de equipamento usado, etc. Em geral, podemos dizer que um composto puro tem um ponto de fusão bem definido (a substância funde-se inteiramente dentro da faixa de 1 a 2°C), enquanto uma substância impura tem o ponto de fusão indefinido e, portanto, funde-se lenta e gradualmente numa faixa de vários graus. Por isso, o procedimento de determinação do ponto de fusão de um composto impuro deverá ser repetido após purificação, normalmente, a recristalização. É importante lembrar que alguns compostos orgânicos muito polares, como aminoácidos, sais de ácidos ou aminas, carboidratos, etc. fundem com decomposição num intervalo de temperatura considerável, mesmo estando puros. 5.2 Teste antibacteriano Pode-se observar os resultados obtidos (tabela:12) para o teste de difusão em disco com extrato etanólico e a CPBC-1, com 5 concentrações diferentes (0,9; 1,8; 2,7; 3,0 e 3,5mg/por disco) frente as bactérias S. aureus, Streptococcus sp., P. aeruginosa, E. coli, Bacillus cereus.. 66 Tabela 12: Resultado das médias dos halos de inibição (em mm) do ensaio de difusão em disco com extrato etanólico e substância isolada C. paludosa Aubl. Média do diâmetro dos halos de inibição em mm Microrganismos Sas Sar Ssp Bc Pas Ec Concentração mg/disco 0,9 16,5 ± 0,0a 19,0 ± 0,0a * * * 10,0 ± 0,0a 1,8 19,0 ± 0,0a 21,0 ± 0,0a * * * 12,5 ± 0,0a 2,7 21,0 ± 0,0a 23,5,0 ± * * * 17,0 ± 0,0a EE 0,0a 3,0 23,5 ± 0,7a 25,5 ± 0,0a * * * 18,0 ± 0,0a 3,5 25,0 ± 0,5a 27,5 ± 0,0a 4,0± * * 20,0 ± 0,0a 0,9 12,5 ± 0,4a 10,0 ±0,0a * * * 1,8 13,5 ± 1,2a 12,0 ± 0,0a * * * 2,7 14,5 ± 2,1a 14,0 ± 0,0a * * * 3,0 15,0 ± 1,7a 15,0±0,0a * * * 3,5 16,5 ± 0,8a 16,0 ± 0,0a * * * --- --- --- --- 30 ± 0,0a 22,5 ± 0,0a 34,0 ± 0,0a 38,0 ± 0,0a 24 ± 0,0a 20 ± 0,0a --- --- Controle MeOH * * * * * Controle * * * * * CPBC-1 Controle Ciprofloxacina Controle Linezolida * Legenda: EE= extrato etanólico; CPBC-1 = substância isolada; Sas= Staphylococcus aureus sensível a Meticilina; Sar= Staphylococcus aureus resistente a Meticilina; Ssp= Streptococcus sp.; Pas= Pseudomonas aeruginosa; Bc= Bacillus cereus; Ec= Escherichia coli; * = ausência de halos; ----= controle não utilizado; a= diâmetro da zona de inibição incluindo o diâmetro do disco de 9mm; Através desse antibiograma, obteve-se grau de sensibilidade das bactérias Gram-positivas e Gram-negativas frente a espécie vegetal analisada, onde o extrato etanólico (EE) nas concentrações de 0,9; 1,8; 2,7; 3,0 e 3,5 mg/disco, apresentou alto grau de inibição contra S. aureus resistente a meticilina (MRSA) e S. aureus sensível a meticilina (figura 25), com a formação do maiores halos 25 mm e 27,5 mm nas concentração de 3mg/disco. Frente a E. coli o extrato apresentou também elevado grau de inibiação resultando na formação do maior 67 halo 20 mm na concentração de 3,5 mg/disco (figura 24). Para a espécie Streptococus sp não obteve um resultado significativo, mais apresentou uma pequena inibição com halo de aproximadamente 4 mm para as maiores concentrações. Estes resultados foram os melhores do teste de difusão em disco. Os resultados obtidos para a CPBC-1 foram positivos somente para S. aureus resistente e o sensível em todas as concentrações, (figura 25) com a formação do maior halo de inibição com 16,5 mm em uma concentração de 3,5 mg/disco. Paras as outras bactérias, Bacillus cereus e Pseudomonas aeruginosa, em todas a concentrações (0,9;1,8; 2,7; 3,0; 3,5 mg/disco) das frações etanolicas não foi observado inibição do crescimento. O MeOH e CHCl3, o qual foi utilizado como controles negativo, também não demonstrou inibição do crescimento bacteriano, sendo assim as inibições produzidas pelo extrato etanólico e a CPBC-1 estão vinculadas as substâncias presentes nos mesmos e não ao MeOH e CHCl3 que foram os solventes utilizados para diluir os extratos vegetais. Figura 24: Figura: Teste de difusão em disco para o extrato etanólico Cipura paludosa frente Escherichia coli 68 Figura 25: Teste de difusão em disco para o extrato etanólico CPBC-1 da Cipura paludosa frente a Staphylococcus aureus resistente e sensível a meticilina. Os resultados desse teste são demonstrados através das medidas dos halos de inibição. Não há um padrão em relação ao tamanho de halos para os compostos biologicamente ativos de vegetais para considerá-los ativos, parcialmente ativos ou inativos. SMÂNIA et al (1995), consideraram halos de inibição < 9 mm, compostos inativos; de 9 – 12 mm, parcialmente ativos; 13 – 18 mm ativos. IBRAHIM E OSMAN (1995) classificaram as zonas de inibição < 10 mm, como inativo, e > 10 mm, como ativo. No entanto, outros trabalhos levam em consideração apenas a positividade e a negatividade para a formação de halos, não caracterizando os diâmetros dos mesmos (LOPEZ et al., 2001). 69 A avaliação da atividade antibacteriana de C. paludosa Aubl estar sendo um trabalho pioneiro, pois não há relatos na literatura sobre a avaliação de atividades antimicrobianas da espécie vegetal. É interessante notar que houve inibição do crescimento bacteriano de espécies Gram-positivas, S. aureus, e Gram-negativas, E. coli, para as demais bactérias não houve inibição . Bactérias Gram-negativas são geralmente consideradas mais resistentes aos antimicrobianos do que as Gram-positivas, onde a membrana externa destas bactérias pode agir como uma barreira contra as substâncias ativas presentes nos extratos vegetais (SILVEIRA et al., 2005), no entanto, inúmeros estudos com extratos vegetais e substâncias derivadas de plantas demonstraram atividade antibacteriana tanto para bactérias Gram-positivas como para Gram-negativas (CHAUDHARY et al., 2006) O extrato etanólico da espécie em estudo apresentou atividade considerada contra bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, indicando que essa planta possui substâncias importantes para atividade antimicrobiana. A Cipura paludosa Aubl. pertence a família Iridaceae e, de acordo com a literatura, é rica em alcalóides, flavonóides e terpenos, visto que são constituinte biologicamente ativo que podem ser a fonte principal para os tratamento quimioterápicos das infecções neste novo período gravemente necessitado de novos agente antibacterianos e matéria-prima para a produção de vários fármacos com diferentes aplicações. Em estudos fitoquímicos anterior da espécie testada, resultou no isolamento de substâncias inéditas, mistura racêmica de piranonaftoquinonas e mistura de esteróides (β-sitosterol, Estigmasterol, Campesterol). Devido a presença dessas classes de substância, o extrato etanólico inibiu o crescimento de Staphylococcus de ultima geração, o MRSA, que são resistente a antibióticos, como no caso a meticilina. Tanto o extrato como a CPBC-1 apresentaram bons resultados de inibição contra essa bactéria sendo ela resistente ou sensível, indicando que essa planta inibi qualquer espécie de Staphylococcus. A MRSA é a sigla inglesa para Staphylococcus Aureus Resistente à Meticilina, nome de uma bactéria da família da Staphylococcus Aureus. Essa espécie surgiu no inicio da década de 60 como um patógeno nosocomial e se 70 tornaram um grave problema de saúde pública mundial20. Atualmente, os MRSA são importantes agentes de infecções hospitalares e comunitárias. No Brasil, 40 a 60% dos Staphylococcus aureus isolados de amostras provenientes de pacientes hospitalizados são resistentes à meticilina (MICHELIM, L. et al., 2005). As infecções das MRSA normalmente não se desenvolvem em pessoas saudáveis, sendo mais comuns em pessoas hospitalizadas, que geralmente têm um ponto de entrada para a bactéria poder entrar no organismo, por exemplo, um ferimento cirúrgico ou um tubo intravenoso. As bactérias MRSA propagam-se através do contacto com alguém que tem uma infecção causada pelas mesmas ou que esteja colonizado. Também podem propagar-se através do contato com objetos que alguém com a bactéria MRSA tenha tocado. As pessoas que correm mais risco de apanhar MRSA são aquelas que têm feridas abertas, queimaduras ou golpes, doenças de pele graves como psoríase, um sistema imunitário enfraquecido (pessoas idosas ou com doenças crónicas como cancro), aquelas que têm cateteres e quem foi recentemente operado. Embora as infecções por MRSA se desenvolvam normalmente em pessoas hospitalizadas, é possível os funcionários ou visitas ao hospital ficarem infectados se enquadrarem nos grupos de risco acima mencionados (SOUZA & FIGUEIREDO, 2008). Os resultados preliminares do teste antibacteriana da C.paludosa demonstra que o aprofundamento do estudo dessa atividade é pertinente, Sendo assim, a piranonaftoquinonas (CPBC-1) isolada e os eluatos proveniente do extrato etanólico da espécie seguiram com essa avaliação, sendo testadas com outras concentrações. 71 6 Conclusão O presente trabalho realizado com a C. paludosa teve como objetivo de testar a eficácia terapêutica apontada pela medicina tradicional popular, viabilizando a investigação farmacológica de extratos e eluatos, e isolamento com processos analíticos de purificação dos constituintes da planta. Pesquisas anteriores realizada pelo grupo nas áreas farmacológicas e Fitoquímica, a planta apresentou excelentes resultado. O seu extrato etanólico nos ensaios farmacológicos revelou grande eficácia nas atividades antinociceptiva, antiinflamatória, antioxidante e facilitadora da memória. Na analise fitoquímica resultou em substâncias isoladas inéditas para a espécie vegetal, que foram identificadas como uma mistura racêmica, a 3-S Eleuterina (9metóxi-1(R),3(S)-dimetil-3,4-dihidro-1H-benzo[g]isocromeno-5,10-diona) e a 3-R Eleuterina (9-metóxi-1(R),3(R)-dimetil-3,4-dihidro-1H-benzo[g]isocromeno-5,10- diona), e mistura de esteróides β-sitosterol, campesterol, estigmasterol que apresentam importantes atividades biológica contra o câncer , e ajudam na redução do colesterol existente no plasma do seres humano. Em analise fitoquímica utilizando os eluatos EtOAc e CHCl3 resultaram em substâncias isoladas que apresentaram pontos de fusão diferente da CPBC-1 e CPBC-3, indicando que essas substâncias isoladas possa ser um outro composto com princípio ativo diferente. Nos testes de classe de substância, foi identificado constituintes químicos de grande importância para as atividades farmacológicas, indicando que a planta possui grande potencial fitoterápico. Para o teste antibacteriano a espécie mostrou através das frações do extrato etanólico ser eficaze contra as bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, apresentado halos de inibição considerados contra os Staphylococcus Aureus resistente e sensível à Meticilina e Escherichia coli. Investigações futuras serão realizadas para obtenção de mais dados, com a realização de métodos cromatográficos para isolamento de outros princípios ativos que posteriormente serão testados farmacologicamente a fim de identificar os compostos responsáveis pela atividade apresentada pela planta. 72 7 REFERÊNCIAS ANDRADE-CETTO, A.; WIEDENFELD, H.; REVILLA, M. C.; SERGIO, I. A.; Hypoglycemic effect of Equisetum myriochaetum aerial parts on streptozotocin diabetic rats. J. Ethnopharmacol., v. 72, p. 129-133, 2000. ALVES, L. I. F. & FELIX, L. P.; Citogenética de Espécies de Iridaceae Ocorrentes no Nordeste do Brasil. Revista Brasileira de Biociências, v.5(1): 141 - 143 2007. ALVES, T. M. A.; KLOOS, H.; ZANI, C. 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Ausgabe, Berlim: Ullstein Mosby, 1993. 83 ANEXO 1 Soluções utilizadas para teste de classe de substância 84 Solução Utilizada Reagente de Dragendorff: Solução A: Nitrato de bismuto (III) Ácido tartárico Água destilada 1,7g 20g 80 mL Solução B Iodeto de potássio Água destilada 16g 40 mL Reagente: misturam-se partes iguais de A e B. Reagente de Liebermann-Burchard Anidrido acético Ácido sulfúrico concentrado 1,0 mL 4 gotas Reagente para teste de flavonóides Porção de magnésio em fitas Ácido clorídrico 0,5 mL 85