Centro de Ensino Unificado de Teresina – CEUT Faculdade de Ciências Humanas, Saúde, Exatas e Jurídicas de Te resina Coordenação do Curso de Bacharelado em Enfermagem Publicação Científica do Curso de Bacharelado em Enfermagem do CEUT. Ano 2011(6). Edição 41. Antônia Cristina Batista Lira 1 Cláudia Fernanda De Sousa Oliveira 1 Daniela Batista de Sousa 1 Janiel Ferreira Marques 1 Mayra Krissya Maciel Santos de Moura 1 Márcia Andrea Lial Sertão 2 A varicela é uma doença benigna, mas altamente contagiosa que ocorre, principalmente, em menores de 15 anos de idade. É mais frequente no final do inverno e início da primavera. Indivíduos imunocomprometidos, quando adquirem varicela primária ou recorrente, possuem maior risco de doença grave. A partir da publicação da matéria Inclusão de cinco vacinas no calendário do SUS é aprovada pelo Sendo, vejamos a seguir as características clínicas e epidemiológicas da doença, aspectos clínicos e laboratoriais, bem como situação em que se encontra a nível mundial, nacional e local. Inclusão de cinco vacinas no calendário do SUS é aprovada pelo Senado3 O Senado aprovou em 17 de dezembro de 2010 o projeto de lei para a inclusão de cinco vacinas na rede pública de saúde. O texto segue para a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As vacinas previstas são a da hepatite A, varicela (catapora), do pneumococo, da pneumocócica conjugada sete valente e meningocócica conjugada C. Se convertida em lei, elas deverão ser aplicadas no ano seguinte à sanção presidencial. O texto foi aprovado anteriormente na Câmara dos Deputados. O autor do projeto, deputado federal Alexandre Silveira (PPS-MG), disse que a inclusão das vacinas poderá reduzir a mortalidade de crianças, por exemplo, por pneumonia. Em fevereiro do mesmo ano, o Ministério da Saúde anunciou a inclusão da vacina meningocócica conjugada C, que previne contra a meningite em crianças até 4 anos de idade, no calendário básico infantil. Um tipo de imunizante contra a bactéria pneumococo - causadora de meningites e pneumonias pneumocócicas, sinusite, inflamação no ouvido - também passou a fazer parte da vacinação obrigatória no Sistema Único de Saúde (SUS). Altamente contagiosa, a varicela, popularmente chamada de catapora, é uma das doenças virais mais comuns na infância. A vacinação contra a enfermidade é feita em populações indígenas por causa da alta letalidade nesses povos, segundo o Ministério da Saúde. Figura 1 - É um vírus RNA. Vírus Varicela-zoster, da família herpesviridae. 1 Acadêmicos do 3º e 4º Período de Enfermagem do CEUT Professora da disciplina de epidemiologia do CEUT e monitora do Observatório Epidemiológico 3 Fonte: http://clinicapaisefilhos.com.br em 22 de Abril de 2011 2 Observatório Epidemiológico | 16ª Semana Epidemiológica 1 Centro de Ensino Unificado de Teresina – CEUT Faculdade de Ciências Humanas, Saúde, Exatas e Jurídicas de Te resina Coordenação do Curso de Bacharelado em Enfermagem Figura 2 – O Sistema único de Saúde (SUS) inclui a vacina contra varicela n o calendário básico de imunização infantil. Ministério da Saúde do Brasil. Características Clínicas e Epidemiológicas Descrição: varicela: é uma infecção viral primária, aguda, caracterizada por surgimento de exantema de aspecto máculo-papular, de distribuição centrípeta, que, após algumas horas, adquire aspecto vesicular, evoluindo rapidamente para pústulas e, posteriormente, formando crostas em 3 a 4 dias. Pode ocorrer febre moderada e sintomas sistêmicos. Herpes-zoster: Decorrente da reativação do vírus da varicela que permanece em latência, reativando na idade adulta ou em pacientes imunocomprometidos, portadores de doenças crônicas, neoplasias, aids e outras. Possui quadro pleomórfico, causando desde doença benigna até outras formas graves, com êxito letal. Sinonímias: Catapora, fogo que salta (varicela); cobreiro (herpes zoster). Agente Etiológico: É um vírus RNA. Vírus Varicella-zoster (VVZ), da família Herpetoviridae. Reservatório: O homem. Modo de Transmissão: Pessoa a pessoa, através de contato direto ou secreções respiratórias e, raramente, através de contato com lesões. Transmitida indiretamente através de objetos contaminados com secreções de vesículas e membranas mucosas de pacientes infectados. Período de Incubação: Entre 14 a 16 dias, podendo variar entre 10 a 20 dias após o contato. Período de Transmissibilidade: Varia de 1 a 2 dias antes da erupção até 5 dias após o surgimento do primeiro grupo de vesículas. Enquanto houver vesículas, a infecção é possível. Susceptibilidade e imunidade: A susceptibilidade é universal. A infecção confere imunidade permanente, embora, raramente, possa ocorrer um segundo episódio de varicela. Observatório Epidemiológico | 16ª Semana Epidemiológica 2 Centro de Ensino Unificado de Teresina – CEUT Faculdade de Ciências Humanas, Saúde, Exatas e Jurídicas de Te resina Coordenação do Curso de Bacharelado em Enfermagem Aspectos Clínicos e Laboratoriais Manifestações Clínicas: Tem início com febre baixa, cefaléia, anorexia e vômito no Período prodrômico. Lesões comumente aparecem em surtos sucessivos de máculas que evoluem para pápulas, vesículas, pústulas e crostas no Período exantemático. Está associada à síndrome de Reye, que ocorre especialmente em crianças e adolescentes que fazem uso do ácido acetilsalicílico durante a fase aguda e caracteriza-se por um quadro de vômitos após o pródromo viral, seguido de irritabilidade, inquietude e diminuição progressiva do nível da consciência, com edema cerebral progressivo. Diagnóstico Clínico: O vírus pode ser isolado das lesões vesiculares durante os primeiros 3 a 4 dias de erupção. Diagnóstico Laboratorial: Os exames laboratoriais não são utilizados para confirmação ou descarte dos casos de varicela mas, podem ser utilizados para o diagnóstico diferencial em casos graves. A identificação do VVZ pode ser feita pelo teste direto de anticorpo fluorescente ou por cultura em tecido, por meio de efeito citopático específico, porém esse método é de alto custo e sua disponibilidade é limitada. Diagnóstico Diferencial: Varíola (erradicada), coxsackioses, infecções cutâneas, dermatite herpetiforme de During Brocq, impetigo, erupção variceliforme de Kaposi, riquetsioses, etc. Prevenção e Tratamento: Prevenção por meio de vacina disponível no Centro de Referência de Imunobiológico Especial (CRIE). Quando sintomáticos, o tratamento de casos é com base em antihistamínicos sistêmicos, para atenuar o prurido, e banhos de permanganato de potássio, na diluição de 1:40.000. Havendo infecção secundária, recomenda-se o uso de antibióticos sistêmicos. Aspectos relacionais do Herpes zoster e aids A partir da década de 80, observações epidemiológicas reconheceram o herpes zoster como coinfecção inicial em pacientes portadores de HIV, cuja ocorrência é preditiva de soropositivdade para o HIV, em populações de risco. A incidência do vírus é significativamente maior entre indivíduos HIV positivos que entre os soro negativos (15 vezes mais frequente nos primeiros). A incidência cumulativa de zoster por 12 anos após a infecção pelo HIV foi de 30%, taxa relativamente constante, podendo caracterizar manifestação precoce ou tardia da infecção pelo HIV. Teve ainda as seguintes complicações: retinite, necrose aguda de retina e encefalite progressiva fatal, têm sido relatadas com mais frequência em pacientes HIV positivos. Aspectos mundiais da doença A varicela e o herpes-zóster ocorrem em todo o mundo, mas a vacina contra a varicela é usada rotineiramente nos programas de vacinação de crianças em apenas alguns países, como os Estados Unidos, Uruguai, Catar, Austrália, Canadá, Alemanha e Coréia do Sul. O risco de infecção pela varicela para viajantes com destino aos Estados Unidos é menor do que para qualquer outra parte do mundo. Contudo, a circulação do VVZ nos Estados Unidos ainda é abrangente. Além disso, a exposição ao herpes-zóster, embora menos comum que a varicela, representa risco de infecção por varicela. Nos climas temperados e na ausência de vacinação, a maioria dos casos de varicela foram notificados como tendo ocorrido em crianças em idade pré-escolar e escolar durante Observatório Epidemiológico | 16ª Semana Epidemiológica 3 Centro de Ensino Unificado de Teresina – CEUT Faculdade de Ciências Humanas, Saúde, Exatas e Jurídicas de Te resina Coordenação do Curso de Bacharelado em Enfermagem os meses de inverno e primavera. Dados sugerem que nas áreas tropicais a infecção pelo VVZ ocorre mais comumente em adultos do que em crianças. As razões para esta diferença na epidemiologia da doença não são conhecidas. Elas podem estar relacionadas à sensibilidade ao calor do agente e/ou a fatores tais como a tendência de ocorrer menos superlotação em locais fechados em regiões tropicais. Tendência da patologia no cenário brasileiro No Brasil, a varicela não é uma doença de notificação compulsória, embora os surtos devam ser notificados às secretarias municipais e estaduais de saúde. Estudo realizado no país, em 1997, avaliou a prevalência da infecção pelo vírus varicela zoster em 975 amostras de soro de adultos jovens de 20 a 29 anos, doadores de sangue de cinco capitais brasileiras: Fortaleza, Salvador, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. A soroprevalência global de anticorpos anti-varicela zoster foi de 94%, e a soroprevalência nas regiões de clima tropical (Fortaleza e Salvador, 89%) foi significativamente menor que nas regiões de clima temperado (97%). Outro estudo, conduzido de 1992 a 1994, em escolas públicas do município de São Paulo, indica que o contato com o vírus varicela zoster ocorre nos primeiros anos da infância. Cerca 40% das crianças com 1 ano apresentaram anticorpos anti-varicela zoster; essa proporção aumentou rapidamente até o 3º ano, manteve-se ascendente e alcançou 90% aos 10 anos. No período de 1998 a 2007, foram registradas no SIH-SUS 36.623 internações por varicela, com uma média anual de 3.662,3 casos (desvio padrão = 2.102,9). De acordo com o gráfico 1, o número de internações variou de 1.488 (em 2000) a 7.791(em 2003), enquanto que, para o número de óbitos, essa variação foi de 8 (em 2002) a 44 (em 2006). Já a variação máxima e mínima da letalidade foi de 0,34% (em 2002) a 1,28% (em 2000). O maior número de hospitalizações concentra-se na faixa etária de 1 a 4 anos, seguido dos <1ano e de 5 a 9 anos. Embora o maior número absoluto de hospitalizações seja observado entre crianças, grupo em que se espera o maior número de casos da doença, proporcionalmente, os adultos, apresenta maior risco de evoluir com complicações, hospitalização e óbito. A taxa de letalidade entre os casos hospitalizados aumenta com a idade, chegando a 4,6% na faixa etária de 50 anos ou mais e 2,6% na faixa etária de 15 a 49 anos (Gráfico 2). Gráfico 1 - Internamentos, óbitos e letalidade hospitalar devido a varicela por ano de ocorrência. Brasil, 1998 – 2007. Observatório Epidemiológico | 16ª Semana Epidemiológica 4 Centro de Ensino Unificado de Teresina – CEUT Faculdade de Ciências Humanas, Saúde, Exatas e Jurídicas de Te resina Coordenação do Curso de Bacharelado em Enfermagem Gráfico 2 - Número de internamentos e taxa de letalidade hospitalar por varicela segundo faixa etária. Brasil, 1998 – 2007. O número de caso desta virose pode ocorrer durante o ano todo, porém observa-se um aumento no período que se estende do fim do inverno até a primavera (agosto a novembro). Apesar de acometer as mais variadas faixas etárias, estudos de soroprevalência da varicela realizados, no Brasil e no município de São Paulo, apontam que, até os 5 anos de idade, cerca de 50% das crianças ainda não tiveram esta doença. Situação da varicela no Piauí Alguns hospitais do Piauí já atingiram um alto índice de casos de varicela registrado um número maior de casos de catapora foi em 2008, mesmo sendo mais comum a proliferação da doença em época de chuva e frio, quando as pessoas se juntam em locais fechados com maior freqüência. Plantonista no hospital do Monte Castelo, a pediatra Sheila Moreira explica que em 2009 os casos diminuíram, mas que está havendo uma certa recorrência de casos. “Toda semana tem pelo menos um caso de catapora, mas nada preocupante”, afirma. Nos dias de hoje a varicela é considerada um patologia controla pois os casos se mantém estáveis isso por causa das campanhas realizadas pelo Ministério da Saúde em todo estado. Por não ser uma doença de notificação compulsória não foi encontrado dados sobre herpes zoster no estado do Piauí. Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Guia de Vigilância Epidemiológica. 7 ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2009. Observatório Epidemiológico | 16ª Semana Epidemiológica 5 Centro de Ensino Unificado de Teresina – CEUT Faculdade de Ciências Humanas, Saúde, Exatas e Jurídicas de Te resina Coordenação do Curso de Bacharelado em Enfermagem PENA et al. Doenças infecciosas e parasitárias: aspectos clínicos, de vigilância epidemiológica e de controle. In: BRASIL. Ministério da Saúde. Guia de bolso. Brasília: Ministério da Saúde, 1998. Observatório Epidemiológico | 16ª Semana Epidemiológica 6