o impacto do crédito nas estratégias financeiras das

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FUNDAÇÃO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA DE SÃO PAULO
I SEMINÁRIO DE PESQUISA DA FESPSP
26 A 30 DE NOVEMBRO DE 2012 – SÃO PAULO/SP
O IMPACTO DO CRÉDITO NAS
ESTRATÉGIAS FINANCEIRAS DAS ORGANIZAÇÕES
Aluno: Edimar Lopes Peixoto – Email: [email protected]
Orientador: Silvio José Moura e Silva – Email: [email protected]
SÃO PAULO
2012
1
Sumário
Resumo ........................................................................................................................... 4 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 5 2. REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................................... 6 2.1. fase pós implantação do real ............................................................................. 6 2.2. política monetária, fiscal e cambial ................................................................... 7 2.3. TAXAS DE JUROS ............................................................................................... 8 2.4. DINÂMICAS DAS DECISÕES FINANCEIRAS NO BRASIL ................................ 9 2.5. RISCO E RETORNO ........................................................................................... 10 2.6. ESTRATÉGIAS FINANCEIRAS.......................................................................... 11 2.6.1. CUSTO TOTAL DE CAPITAL ......................................................................... 13 2.6.2. CRIAÇÃO DE VALOR ..................................................................................... 14 2.6.3. conclusão ....................................................................................................... 16 CONCLUSÃO ................................................................................................................ 16 BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................. 19 2
Sumário – Figuras
Figura 1: Política restritiva x expansionista .............................. Erro! Indicador não definido. Sumário – Tabelas
Tabela 1:Estratégias Financeiras das Empresas. ................................................................. 12 Tabela 2: Oferta de crédito do BNDES por setor industial .................................................... 16 Sumário – Gráficos
Gráfico 1: Operações de credito do sistema financeiro (BCB – Relatório da Inflação). .... Erro!
Indicador não definido. Gráfico 2: Gráfico de Operações de Credito SFN: Creditos direcionados e livres ............ Erro!
Indicador não definido. Gráfico 3: RENTABILIDADE das 1000 maiores empresas 2000-2008 – (Elaboração Projeto
PIB a partir de dados do valor Econômico). ............................. Erro! Indicador não definido. Gráfico 4: Produção Física da Industia..................................... Erro! Indicador não definido. Gráfico 5: Relação Credito /PIB (fonte: BACEN, elaboração Bradesco) ............................... 17 Gráfico 6: Evolução da Taxa de Juros. (fonte: BACEN, elaboração Bradesco) .................... 17 Gráfico 7: Relação PIB / Investimento (fonte: BACEN, elaboração Bradesco) ..................... 18 3
RESUMO
Este projeto de pesquisa examina a historia recente da Economia Brasileira a partir da
implantação do plano Real, de modo a identificar o impacto que o credito proporcionou,
nas estratégias das empresas. A pesquisa caracteriza o período da economia que
precedeu a implantação do Real, mostra como o Plano Real foi implantado e o que
diferenciou dos outros planos econômicos, conseguindo construir a estabilização
necessária para o crescimento da Economia Brasileira A pesquisa ainda aborda alguns
conceitos relativos ao Sistema Financeiro, bem como alguns aspectos de seu
funcionamento, faz algumas considerações sobre a inflação, taxa de juros analise de
risco e retorno, custo de oportunidade e custo médio ponderado de capital. Ao fim
consegue mostrar o impacto do aumento da oferta de credito nas estratégias financeiras
das empresas.
Palavras chaves: Crédito, Estratégias Financeiras, Economia Brasileira
1. INTRODUÇÃO
Este projeto de pesquisa visa entender o impacto do crédito nas estratégias financeiras
das organizações, considerando a época da implantação do plano Real. Para tanto se faz
necessário caracterizarmos, em linhas gerais o período que precedeu a implantação do
plano real e o período posterior à implantação. Esta caracterização servirá de base para
traçarmos as considerações dos impactos e as estratégias das empresas. Na seqüência
apresentaremos os conceitos relativos ao Sistema Financeiro Nacional, Política
Monetária,
agentes
e
mecanismos
econômicos.
Serão
importantes
algumas
considerações sobre inflação e taxa de juros e por fim a análise sobre risco e retorno,
custo de oportunidade e custo médio ponderado de capital.
Assim, o problema a ser estudado foi selecionado pela importância do crédito para as
organizações, sendo expresso pela seguinte questão:
Como o aumento do crédito desde o inicio do Plano Real impactou nas
estratégias financeiras das empresas?
Os objetivos da pesquisa são:
1. Identificar e avaliar como ocorreu o aumento do crédito desde o início do Plano Real;
2. Analisar o impacto do aumento do crédito nas estratégias organizacionais,
especificamente com as estratégias financeiras voltadas para o financiamento.
Para a conclusão da pesquisa foram obtidos dados de evolução do crédito e das
estratégias financeiras de financiamento, tendo como base a estrutura de capital.
5
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1.
FASE PÓS IMPLANTAÇÃO DO REAL
A Economia manteve-se em expansão nos primeiros três meses de 1995. A brusca
queda da inflação teve efeitos significativos sobre o poder de compra da população. O
consumo foi estimulado também pelos efetivos incrementos na massa salarial e no nível
de emprego. (CASTRO).
Ao adotar no final de 1995, medidas de aumento dos empréstimos compulsórios,
restrições de credito e juros elevados o governo claramente optou por sacrificar o
crescimento a fim de evitar um déficit muito elevado no saldo da balança comercial e de
reforçar a prevenção contra uma eventual inflação de demanda1.(CASTRO).
Posteriormente o governo procedeu á conversação dos preços públicos e tarifas do setor
público em URV. Nessa fase o governo precisou se utilizar mais de cem portarias
regulamentando os preços e as tarifas públicas, objetivando preservar o equilíbrio
econômico-financeiro das empresas públicas, na tentativa de não ferir o princípio da
neutralidade da conversão do ponto de vista do usuário final. (CASTRO).
Logo após a introdução da nova moeda, os salários passaram a ser recebidos pelos
trabalhadores em uma moeda com poder de compra, relativamente constante. Em tempo
de inflação elevada, os salários sofriam forte deterioração entre os picos que se seguiam
ao reajuste quadrimestral e os vales que antecediam tais reajustes. Embora as médias
fossem iguais, um ganho adicional de renda real adveio da eliminação da incerteza
associada á forte oscilação dos salários reais. Esse ganho derivado da estabilização da
moeda explicitou-se no mercado pela maior facilidade que os assalariados passaram a
ter no acesso ao crédito ao consumidor, que se expandiu de forma considerável no
período: entre junho e dezembro de 1994, os empréstimos do sistema financeiro às
pessoas físicas aumentaram em 150%.(CASTRO)
Na fase pós-real, a inflação caiu, o ambiente econômico tornou-se mais estável e
previsível, mas a equação básica do crescimento não foi solucionada. Como a
capacidade instalada não cresceu o quanto deveria, qualquer movimento de crescimento
1
Inflação causada pela defasagem entre oferta e demanda de produtos ou serviços. 6
de consumo foi abortado por medidas de restrição ao credito2, elevação dos juros3 e
aumento dos empréstimos compulsórios, de forma que o crescimento tornou-se um
subproduto, não o objetivo principal da política econômica. (CASTRO).
Vale ressaltar que a carência de poupança interna é um dos principais fatores de
restrição da expansão dos investimentos, pois a poupança externa pode exercer apenas
um papel complementar. A preços correntes, a poupança interna reduziu de cerca de
25%, quando atingiu um pico de 1989, para cerca de 16% do PIB em 1995-1996. Países
que puderam sustentar investimentos superiores a 30% do PIB, como foi o caso do
Japão e dos Tigres Asiáticos, antes da crise de 1997, apoiaram-se na taxa de poupança
interna. (CASTRO)
A combinação da redução das alíquotas de importação com a valorização da moeda local
(notadamente, até o início de 1999) e a ineficácia, quando não inexistência, de
mecanismos de proteção ao dumping e a práticas desleais de comércio internacional tem
causado um pesado ônus ao país, provocando a substituição da produção local por
importações, mesmo em setores com boa capacidade competitiva. (CASTRO).
2.2.
POLÍTICA MONETÁRIA, FISCAL E CAMBIAL
A política monetária exerce controle sobre a oferta da moeda em circulação e das taxas
de juros praticadas, visando garantir a liquidez ideal para cada momento econômico. O
objetivo principal é atender as metas de inflação e o controle da seleção de Crédito.
(FORTUNA).
Dentre os principais mecanismos destacamos o OPEN MARKET resumidamente o
BACEN através da oferta de títulos públicos aos bancos, regulando o custo primário do
dinheiro na economia referenciando na troca de reservas bancárias por um dia, através
das operações de overnight. (FORTUNA).
Essas operações permitem o controle permanente do volume de moeda ofertada ao
mercado, a manipulação das taxas de juros de curto prazo, realização de operações de
curto e curtíssimo prazo de suas disponibilidades monetárias ociosas. (FORTUNA).
Os principais movimentos desse mercado podem ser então:
2
3
Política monetária Juros e taxas 7
Compra liquida de títulos públicos (Política Monetária Restritiva)
Venda líquida de títulos públicos (Política Monetária Expansionista)
A política fiscal busca o equilíbrio entre a arrecadação tributária e despesas
governamentais para atingirem os objetivos macroeconômicos e sociais estabelecidos.
Tem forte impacto sobre a política monetária e especificamente sobre o crédito, a medida
que os prazos de recolhimento de impostos afetam o fluxo de caixa dos agentes
econômicos. E dependendo do desequilíbrio pode obrigar o governo a se endividar4, para
cumprir os compromissos. (FORTUNA).
A política cambial é formada por normas e regras que buscam controlar o mercado
cambial em relação às taxas e as operações. O Brasil utiliza o cambio flutuante sujo (com
atuação do BACEN), permite maior flexibilidade na manutenção das reservas para
regular o mercado, ampliando assim as possibilidades de uso dos instrumentos de
política monetária. (FORTUNA). 2.3. TAXAS DE JUROS
Existem duas correntes alternativas sobre o que determina a taxa de juros, uma que a
considera como o prêmio pela “espera”, ou seja, pela renúncia ao consumo presente em
favor do consumo futuro, e outra que considera que a possibilidade de se guardar a
poupança na forma monetária seja um prêmio pela renuncia a liquidez. Embora o simples
fato de poupar não garanta a obtenção de juros, o individuo deverá adquirir um ativo
financeiro. (FORTUNA).
As principais taxas de juros são:
SELIC: (Sistema Especial de Liquidação e Custódia), que é a taxa média de
negociação
dos
títulos
públicos
federais,
provenientes
das
operações
compromissadas de um dia;
5
CDI: (Certitificado de Depósito Intermediário – CDI), resultado da média diária das
taxas de juros praticadas nas operações de repasse de recursos entre as
instituições financeiras com garantia desses títulos;
4
Emitindo títulos públicos federais São operações em que o vendedor assume o compromisso da recompra desses títulos, para liquidação no dia útil seguinte. 8
5
TBF: (Taxa Básica Financeira), taxa média diária praticadas nas operações de
CDB (Certificado de Depósito Interbancário) e RDB (Recibo de Depósito
Interbancário) dos 30 maiores bancos. Origina a TR;
TR: (Taxa Referencial), taxa básica e referencial dos juros a serem praticados no
mês. A caderneta de poupança a utiliza nos cálculos de seus rendimentos e
também serve como referencial para alguns títulos públicos, empréstimos do SFH;
TJLP: (Taxa de Juros de Longo Prazo), utilizada principalmente pelo BNDES. Seu
objetivo era possibilitar o alongamento de prazos no mercado financeiro. Em seu
cálculo é considerada a taxa de juros dos títulos da dívida externa (25%) e da
dívida interna federal (75%). É corrigida a cada três meses.
2.4. DINÂMICAS DAS DECISÕES FINANCEIRAS NO BRASIL
As decisões financeiras não são definidas a partir de pressupostos de uma ciência exata,
onde se permite a comprovação absoluta e inquestionável dos resultados. Os fatores
considerados na tomada de decisões procuram retratar a realidade do ambiente
econômico, estando ainda estabelecidas certas premissas e hipóteses comportamentais.
Todo modelo decisorial desenvolve expectativas para a fixação dos resultados
esperados, do período de previsão e da definição da taxa de atratividade econômica do
empreendimento. (ASSF NETO).
Por mais bem quantificados que sejam esses parâmetros constituem-se em
aproximações bastante razoáveis da realidade, incorporando, como é natural em
projeções, certa margem de arbítrio trazida pela unidade decisória. Não há uma formula
única e inquestionável para as decisões financeiras. É exigido de todo administrador
financeiro o domínio dos conceitos teóricos, de suas técnicas e procedimentos, dos
inúmeros fatores que condicionam o desempenho e o valor das empresas, das
repercussões dos desequilíbrios estruturais da economia sobre os resultados financeiros.
(ASSF NETO).
Assaf Neto comenta sobre as decisões financeiras no Brasil, fala assim das decisões
financeiras:
...as decisões financeiras em condições ideais de equilíbrio são bastante
prejudicadas pela persistente insuficiência de recursos de longo prazo para as
empresas. Basicamente os recursos oficiais são as grandes fontes de capital
9
permanente e mesmo assim, em volume bastante aquém das efetivas
necessidades do mercado. As linhas de credito oficiais são limitadas e geralmente
direcionadas a programas específicos, atendendo a um número reduzido de
empresas. As instituições financeiras privadas por seu lado, diante do próprio
desequilíbrio da economia, não conseguem captar poupança de longo prazo e
consequentemente, suprir as necessidades de capital para investimento.
Essas restrições de recursos de longo prazo limitam a capacidade de crescimento e
competitividade das empresas nacionais, levando as empresas a financiar seu
crescimento por meio de recursos próprios, cujos montantes não são suficientes para
lastrear a crescente demanda por capital determinada pelo mercado cada vez mais
competitivo. (ASSF NETO).
O endividamento da empresa brasileira vem-se concentrando no curto prazo, limitando a
folga financeira e sua capacidade de expansão em condições de equilíbrio, levando a
empresa a optar pela sobrevivência financeira e não pela competitividade. (ASSF NETO).
No mercado brasileiro não é o risco da operação que define com prioridade o custo do
dinheiro; em grande parte o encargo financeiro é definido pela natureza da fonte de
financiamento. Os recursos provenientes de agentes oficiais de crédito (sistema BNDES),
principal fonte de fundos em longo prazo em nossa economia, são oferecidos geralmente
a taxas sensivelmente inferiores às livremente praticadas no mercado. Essas alternativas
de financiamento oficial costumam oferecer, ainda, condições de amortização do principal
bastante atraente, se comparadas com outras linhas de credito nacionais, principalmente
pelo prazo e carência concedidos. (ASSF NETO).
2.5. RISCO E RETORNO
Na pratica, as decisões financeiras não são tomadas em ambiente de total certeza com
relação a seus resultados, por estarem essas decisões fundamentalmente voltadas para
o futuro, é imprescindível que se introduza a variável incerteza como um dos mais
significativos aspectos do estudo das finanças corporativas. (ASSF NETO).
O risco é na maioria das vezes, representado pela medida estatística do desvio-padrão,
ou variância, indicando-se o valor médio esperado e representativo do comportamento
observado. Assim ao se tomarem decisões de investimento com base num resultado
10
médio esperado, o desvio padrão passa a revelar o risco da operação, ou seja, a
dispersão das variáveis (resultados) em relação à média. (ASSF NETO).
Nessa ampla abrangência do entendimento do risco, a avaliação de uma empresa
delimita-se aos componentes de seu risco total: econômico e financeiro. (ASSF NETO).
2.6.
ESTRATÉGIAS FINANCEIRAS
Para Assaf (2008), “o principal indicador de agregação de riqueza é a criação de valor
econômico, que se realiza mediante a adoção eficiente de estratégia financeira...”,
A estratégia financeira relaciona-se ao objetivo da empresa de criar valor aos seus
acionistas. As estratégias financeiras são divididas em três grupos: financiamento,
operacionais e de investimento. Em resumo, representam:
•
Financiamento: procura substituir o capital próprio pelo de terceiros.
•
Operacionais: distribuição e logística mais eficiente, com um maior giro de
estoque.
•
Investimento: a busca de novas oportunidades de mercado criadoras de
valor
Para Assaf Neto (2008) as seguintes estratégias devem ser consideradas nas
organizações; conforme tabela 1:
•
estratégias de investimentos: maior giro dos investimentos, identificação de
oportunidades de crescimento, eliminação de ativos destruidores de valor;
•
estratégias de financiamentos: melhor alavancagem financeira;
•
estratégias operacionais: preços competitivos, logística e distribuição,
escala de produção, qualidade e custos.
Estratégias Financeiras
Objetivo Estratégico
Direcionadores de Valor
Operacionais
Maximizar a eficiência das
decisões operacionais,
estabelecendo políticas
de preços, compras,
Crescimento das vendas;
prazos operacionais de
cobrança e pagamentos;
giro dos estoques;
11
vendas e estoques etc
voltadas a cria valor.
margem de lucro.
Financiamento
Minimizar o custo de
capital da empresa,
promovendo o
incremento de seu valor
de mercado.
Estrutura de Capital;
custo de capital próprio;
custo de capital de
terceiros; risco
financeiro.
Investimento
Taxa de retorno maior
que o custo de capital.
Investimento em capital
de giro; investimento em
capital fixo;
oportunidades de
investimentos; analise
giro x margem; risco
operacional.
Tabela 1:Estratégias Financeiras das Empresas. Algumas empresas destacam se por direcionadores de valor vinculados às estratégias
operacionais de sistemas de distribuição e logísticas mais eficientes e maior giro de seus
estoques6. Outras empresas competitivas priorizam a estratégia de financiamento
mediante substituição de capital próprio por capital de terceiros, mais barato7. As
estratégias de investimentos podem ser implementadas pela busca eficiente de novas
oportunidades de mercado criadoras de valor, pela redução de investimentos sem
alteração do volume de atividade e por meio da identificação de ativos destruidores de
valor que não conseguem produzir um retorno suficiente a remunerar o custo de capital
empregado. (ASSF NETO).
Assaf Neto, atenta que nem todas as decisões que elevam o lucro da empresa são
capazes de criar valor a seus acionistas. Estratégias de investimento, mesmo que
venham incrementar o volume de vendas e os resultados operacionais da empresa, se
não produzirem um retorno suficiente para remunerar o custo de oportunidade dos
proprietários de capital atuarão de maneira a destruir valor de mercado. (ASSF NETO).
6
Caso típico de grandes cadeias de negócios de comercio varejista e atacadista, onde o diferencial de maior atratatividade está em manter estoques baixos, reduzida porcetagem de falta de produtos e preços de venda competitivos. 7
As taxas de juros inferiores ao retorno da aplicação desses recursos e os benefícios fiscais decorrentes das despesas de juros, permitem muitas vezes que ocorra uma alavancagem financeira favorável, incrementando os resultados dos proprietários e valorizando o preço de mercado das ações. 12
De forma conflitante, nesses casos a distribuição de dividendos com base no lucro
contábil aumenta, criando a falsa impressão de melhor desempenho da empresa. Em
verdade, a distribuição de dividendos é mais bem justificada somente no caso de a
empresa não vislumbrar oportunidades de reinvestimento dos lucros a uma taxa de
retorno, pelo menos igual a que seus acionistas aufeririam em alternativas de risco
semelhante se tivessem a parcela de seus lucros em mãos. Em caso contrário, surgindo
oportunidades economicamente atraentes de alocação de capital, a empresa oferece um
forte indicativo para que os lucros permaneçam reaplicados em seu negócio, criando
expectativas aos acionistas de maiores dividendos no futuro e valorização do preço de
mercado de suas ações. (ASSF NETO).
Assim, este estudo não tem por objetivo analisar as estratégias financeiras de
investimento e nem as estratégias financeiras operacionais nas organizações, podendo
ser objeto de outro estudo. (ASSF NETO).
2.6.1.
CUSTO TOTAL DE CAPITAL
O custo total de capital, conforme foi comentado, representa a taxa de atratividade da
empresa, que indica a remuneração mínima que deve ser exigida na alocação de capital
de forma a maximizar seu valor de mercado. O cálculo desse custo é processado pelo
critério da média ponderada pela seguinte expressão de cálculo:
CMePC = ∑ Wj X Kj
CMePC
custo médio ponderado de capital
Wj
custo específico de cada fonte de financiamento
Kj
participação relativa de cada fonte de capital no financiamento
O custo total representa efetivamente a taxa mínima de retorno (atratividade econômica)
desejada pela empresa em suas decisões de investimento. Ao promover um retorno
operacional pelo menos igual a seu custo total de capital a empresa estará remunerando
de forma adequada suas fontes de financiamento, aumentando o seu valor de mercado.
(ASSF NETO).
Segundo Assaf Neto;
...pode-se afirmar que o custo médio ponderado de capital baseado em valores de mercado
proporciona uma interpretação mais segura de seus resultados, pois o mercado reflete, de
maneira mais rigorosa, o valor dos capitais da empresa. Por outro lado, os pesos das fontes
13
de capitais podem também ser definidos com base em uma estrutura de capital meta, em que
suas participações respectivas passam a refletir uma posição desejada, a qual a empresa tem
por objetivo atingir. Esse critério de ponderação meta, definido também com base em valores
de mercado é considerado como o mais identificado com o objetivo das empresas de
maximizar seu valor de mercado, sendo o ideal a ser adotado na determinação do CMePC.
2.6.2.
CRIAÇÃO DE VALOR
O desempenho operacional da empresa deve promover resultados que remunerem os
proprietários de capital em valores acima da taxa mínima de retorno requerida. Essa
riqueza é maximizada à medida que a criação de valor mantenha-se e a empresa
consiga, nessas condições, elevar seus níveis de investimentos. (ASSF NETO).
O fato de uma empresa poder ou não criar valor depende fundamentalmente da
qualidade de suas decisões financeiras tomadas. Essas decisões, por seu lado, são
avaliadas com base em seus diversos elementos estratégicos que as compõem, como
custo de capital giro e margem, volume de atividade, produtividade, capacidade
gerencial, investimentos etc. (ASSF NETO).
O conceito da expressão de determinação do valor econômico apresenta-se bem mais
completo que outras medidas convencionais de desempenho financeiro. Ao confrontar os
resultados operacionais de caixa com o custo total de capital, a avaliação do valor
agregado leva em conta a remuneração pelo risco da empresa, a qual se encontra
embutida no cálculo das taxas de retorno exigidas pelos proprietários de capital. (ASSF
NETO).
Foi definido que uma empresa agrega valor econômico quando for capaz de produzir um
retorno operacional maior que o custo de suas fontes de capital. Esse excedente de
remuneração expressa um acréscimo dos proprietários, que promove condições de
valorização de mercado da empresa, podendo ser expressos da seguinte forma:
∆Valor Econômico = Resultado Operacional – [ Capital Investido x CMePC]
ou ainda:
∆Valor Econômico = [ ROI – CmePC] x Capital Investido
O retorno sobre o investimento operacional é função do giro dos ativos e da
margem produzida pelas operações. Ao se elevar a margem operacional sem um
aumento respectivo do investimento, a empresa consegue criar valor e,
consequentemente, riqueza a seus acionistas. Redução de custos, economia de
14
escala, produtividade eliminação de desperdícios são algumas possíveis decisões
que podem atingir um maior retorno sem a utilização de mais capital. Ao se
imprimir um maior giro ao capital investido, mediante, por exemplo, a redução de
estoques ou da capacidade ociosa é possível a empresa incrementar o ROI e,
consequentemente o valor de suas operações. (ASSF NETO).
Outra medida de criação de valor centra-se na estrutura de capital da empresa. É
possível promover uma redução do custo total de capital por uma avaliação das
proporções e naturezas das diversas fontes de recursos mantidas pela empresa e
com isso, elevar o valor econômico agregado. (ASSF NETO).
A viabilidade econômica de uma empresa é demonstrada por sua capacidade em
remunerar o capital investido. Ao não se prever uma reversão do desempenho
econômico negativo apresentado, é recomendada a descontinuidade da empresa,
mesmo que mantenha lucro contábil. Observa-se, uma vez mais, que a
atratividade de um negócio reflete-se na remuneração adequada do capital
investido, e não na exclusiva apuração do resultado contábil. (ASSF NETO).
Uma gestão baseada em valor costuma provocar modificações nos padrões
usuais de avaliação das decisões financeiras. Por exemplo, um investimento pode
ser criticado por oferecer uma rentabilidade inferior aos padrões normais de
retorno de uma empresa. Contudo, se sua taxa de retorno for superior a seu custo
de capital, irá promover uma criação de valor, sendo sua aceitação consistente
com o objetivo estabelecido pela administração financeira de maximização da
riqueza. (ASSF NETO).
Da mesma forma, determinado projeto pode apresentar uma rentabilidade maior
que a média até então praticada pela empresa. Se, entretanto, apurar uma taxa
de retorno inferior a seu custo de capital, a recomendação é por sua rejeição.
Apesar de promover um ROI superior ao que vem sendo apurado o retorno
oferecido não cobre a remuneração mínima exigida pelos proprietários de capital,
o que indica destruição de valor. (ASSF NETO)..
15
2.6.3. CONCLUSÃO
CONCLUSÃO
Como discutido neste estudo, as estratégias financeiras bem como as capacidades
diferenciadoras, estão voltadas ao objetivo da empresa de criar valor a seus acionistas.
As estratégias são identificadas em três dimensões: operacionais, de financiamento e de
investimento. O sucesso na criação de valor pelas empresas envolve a implementação
de uma combinação dessas estratégias financeiras. (ASSAF NETO).
Uma gestão baseada no valor permite ainda que as empresas desenvolvam e avaliem
melhor as suas estratégias financeiras e as capacidades diferenciadoras, conhecimentos
fundamentais para desenvolverem suas vantagens competitivas e adicionarem valor aos
proprietários. A adoção de uma gestão baseada no valor, e não nos lucros permite ainda
que se identifiquem os ativos que destroem valor, ou seja, que se apresentam incapazes
de remunerar os capitais que lastreiam esses investimentos. Essa visão permite que se
conheça mais realisticamente a riqueza econômica capaz de ser gerada pelo negócio do
que as medidas convencionais de desempenho baseadas no lucro. (ASSAF NETO).
É importante que a empresa reconheça claramente suas estratégias financeiras e
capacidades diferenciadoras, de maneira a atingir o objetivo de maximização da riqueza
de seus proprietários. (ASSAF NETO)
Segundo um estudo da EPE8, aponta que a perspectiva de crescimento da economia
brasileira para os próximos anos está pautada na demanda interna, que pode ser
observado pelo aumento do consumo das famílias acima do PIB. O estudo ainda aponta
que um dos fatores que ditaram a evolução do consumo o acesso facilitado ao credito
está presente, acompanhado da redução na taxa de desemprego e o aumento da renda
da população. (TOLMASQUIM)
O aumento do consumo da população brasileira foi estimulado, ainda, pelo maior acesso
a credito, devido à redução nas taxas de juros e a facilidade de financiamento com
aumento dos prazos de pagamento. Alguns setores como infraestrutura e habitação,
serão ainda mais beneficiados. Como podemos ver, o aumento da relação
8
Empresa Publica Energia, vinculada ao Ministério de Minas e Energia 16
credito/PIB(gráfico 4), ocorre no mesmo período que a redução das taxas de juros(gráfico
5) mostrando forte correlação.
Gráfico 1: Relação Credito /PIB (fonte: BACEN, elaboração Bradesco)
Gráfico 2: Evolução da Taxa de Juros. (fonte: BACEN, elaboração Bradesco) No Gráfico 6 podemos ver a Relação PIB/Investimento, que mostra um aumento do valor
investido em relação ao PIB. Essa relação no Brasil é baixa em comparação com outras
economias China, Estados Unidos, Inglaterra, Japão tem essa relação perto de 100.
17
Gráfico 3: Relação PIB / Investimento (fonte: BACEN, elaboração Bradesco) No gráfico 7, podemos ver o Crescimento Real da Formação Bruta de Capital Fixo, esse
indicador, mede o quanto as empresas aumentaram os seus bens de capital, ou seja,
aqueles bens que servem para produzir bens, São Basicamente máquinas, equipamentos
e material de construção. Indica se a capacidade de produção do país está crescendo e
também se os empresários estão confiantes no futuro.
Gráfico 7: Crescimento Real da Formação Bruta de Capital Fixo (fonte: BACEN, elaboração Bradesco) A presente pesquisa não tem o objetivo conclusivo nem se aprofundar sobre
determinados aspectos, embora procurou evidenciar a relação e o impacto do crédito nas
estratégias de financiamento das empresas.
18
BIBLIOGRAFIA
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