AS CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO PARA A PRÁTICA PEDAGÓGICA NA FORMAÇÃO INICIAL DO PIBID PEDAGOGIA Márcia Kelma de Alencar Abreu * Coordenadora de área de Gestão de Processos Educacionais - URCA PIBID/CAPES e-mail: [email protected] Vitoria Morais da Rocha** Aluna Bolsista do Subprojeto Pedagogia URCA PIBID/CAPES e-mail: [email protected] Cícera Maria Barros *** Aluna Bolsista do Subprojeto Pedagogia URCA PIBID/CAPES e-mail: [email protected] RESUMO O presente trabalho apresenta as contribuições da psicologia da educação para a prática pedagógica inicial das bolsistas do PIBID Pedagogia. O objetivo principal é compreender o processo de aquisição da aprendizagem e o desenvolvimento da criança, abordando suas implicações no processo de ensino e aprendizagem, a partir da perspectiva desta disciplina que fundamenta a educação. A metodologia utilizada para a obtenção dos resultados é de cunho qualitativo e bibliográfico, a partir das reflexões de alguns teóricos como Piletti (1992) e Cool (2000). Os estudos e pesquisas auxiliam na contribuição da compreensão da aprendizagem significativa e do desenvolvimento integral do educando, subsidiando a intervenção em vários desafios no cotidiano escolar. Encontramos importantes contribuições, como compreensão da aprendizagem e do desenvolvimento, a relação entre eles no processo ensino-aprendizagem, entre outras. Palavras-chave: Psicologia da educação. Prática pedagógica. PIBID. INTRODUÇÃO * Coordenadora de área de Gestão de Processos Educacionais URCA PIBID/CAPES [email protected] Aluna Bolsista do Subprojeto Pedagogia URCA PIBID/CAPES [email protected] *** Aluna Bolsista do Subprojeto Pedagogia URCA PIBID/CAPES [email protected] ** O presente artigo tem como temática as contribuições da psicologia da educação na prática pedagógica a partir da formação inicial do PIBID pedagogia. O foco desse trabalho é identificar a grande relevância que essa ciência exerce e possibilitar uma melhor compreensão de como ocorre o processo de aprendizagem e desenvolvimento, bem como suas implicações na construção do processo de ensino e aprendizagem. Este campo do saber pode nos auxiliar para identificar possíveis causas que favoreçam ou prejudiquem o desempenho no processo de aquisição do conhecimento, tais como a relação professor e aluno, a falta de motivação, conflito familiar, transtornos psicológicos, entre outros fatores que implicam na construção do processo de ensino e aprendizagem. De acordo com Piletti (1992), a aprendizagem pode ocorrer com ausência de vários recursos, menos sem o fator motivação. Outro fator determinante é a maneira escolhida pelo educador, sua postura, seu comportamento, seu emocional, aspectos que são percebidos e serão absorvidos pelos educando. Em busca de respostas cabíveis para as indagações levantadas no presente trabalho, a metodologia aqui utilizada é de cunho bibliográfico, que consiste em estudos teóricos sobre autores e estudiosos tratam do tema. (SEVERINO, 2007). Possui uma abordagem qualitativa, pois sua finalidade não são dados numéricos e quantificados. (MARCONE e LAKASTOS, 2006). A psicologia é uma ciência que possui uma importância extraordinária para um bom entendimento no campo pedagógico, em especial na educação básica, pois é nesse ambiente que se encontra uma fase especial de desenvolvimento, a infância, requerendo assim uma atenção mais adequada por parte dos que englobam essa área. Neste sentido, a psicologia vem contribuindo com seus conceitos e suas técnicas desenvolvidas ao longo do tempo, promovendo um melhor conhecimento pessoal e social dos indivíduos, visando melhorar as práticas pedagógicas e os vários aspectos que envolvem o processo de ensino e aprendizagem ou que se inserem para o aprimoramento do ambiente escolar. Essa pesquisa vem proporcionar uma reflexão a partir das experiências realizadas no PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência), que é um programa do Ministério da Educação, gerenciado pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), cujo objetivo maior é o incentivo à formação de professores para a educação básica e elevação da qualidade da escola pública. O PIBID, por ser um programa de iniciação à docência, tem como a prioridade os alunos dos cursos de licenciatura, incentivando-os para que se insiram no cotidiano escolar da rede pública de ensino, levando- os à pratica inovadora e interdisciplinar, visando a superação de problemas do cotidiano escolar identificados no processo de ensino e aprendizagem das novas experiências da prática docente. O programa visa o aperfeiçoamento de futuros professores para a educação básica, proporciona o contato direto com alunos e contribui para o enriquecimento na formação do educador ao promover experiências que servirão de exemplo e reflexão ao longo de sua formação docente. (MEC, 2014). Este trabalho discorrerá sobre a Psicologia Educacional e suas contribuições no âmbito educativo; o conceito de aprendizagem e suas implicações; as diversas dimensões envolvidas nas dificuldades de aprendizagem; a aprendizagem, o desenvolvimento e suas relações nas concepções de Piaget e Vigostsky. PSICOLOGIA EDUCACIONAL E SUAS CONTRIBUIÇÕES Para melhor adentramos no tema é importante termos uma compreensão mais clara sobre o que significa psicologia da educação e qual a relevância que exerce na formação inicial docente. A psicologia em sentido amplo para muitos teóricos é uma ciência que procura estudar o comportamento humano, ou seja, estuda o homem em sua totalidade e em seu desenvolvimento integral, porém o foco do presente trabalho é a psicologia educacional que é um ramo da psicologia que visa melhorar as condições dos processos de aprendizagem, de acordo com as perspectivas teóricas de Coll: A psicologia da educação estuda os processos de mudanças comportamental produzidos nas pessoas como consequências da sua participação em situações e atividades educativas de natureza distinta. A psicologia da educação é uma disciplina-ponte de natureza aplicada que participa, ao mesmo tempo, das características próprias das disciplinas psicológicas e das características próprias das disciplinas educativas. (COLL, 2000, p. 65) Entendendo a psicologia educacional como uma dimensão da psicologia, compreendemos sua importância e sua finalidade que é identificar, investigar para obter uma melhor concepção e conhecimento psicológico sobre os problemas que favorecem ou prejudicam o processo de ensino e aprendizagem. O uso da psicologia voltado para a educação passou por maior desenvolvimento no inicio do século XX, quando neste período os olhares, as expectativas são voltadas para psicologia da educação, neste momento três áreas da psicologia que estão ligadas à educação escolar ganham destaque: análise e desenvolvimento de técnicas dos processos de aprendizagem, a psicologia da criança e o estudo e medida das diferenças individuais. (COLL, 2000). Um pouco antes, na década de 50, a psicologia da educação passa por uma crise, materializada em algumas dúvidas acerca da aplicação das teorias de aprendizagem. Com isso começam a surgir outras disciplinas que estudam a educação. Nos dias atuais a psicologia da educação ainda possui um “caráter multidisciplinar”, que é herança da década de 70. Atualmente existem algumas críticas em torno da não diferenciação dos termos psicologia educacional, psicopedagogia, psicologia escolar, entre outros. O importante é compreender que cada uma destas possui suas definições e finalidades. (COLL, 2000). Diante do breve estudo realizado, porém significativo, podemos compreender melhor o conceito e função da psicologia educacional, entendendo que a mesma não pode ser reduzida simplesmente a uma área profissional, pois ela contribui significativamente na qualidade do processo de aprendizagem. De acordo com Piletti (1992) a psicologia da educação tem como campo de estudo o comportamento humano para que se possa obter uma melhor eficácia no ensino, portanto o educador deve se conscientizar do seu papel enquanto professor, pois o mesmo deve ser um estimulador do processo de aquisição do conhecimento, ter consciência que os seus educandos se espelham nele como modelo a ser seguido. A psicologia da educação procura defender um ensino em que haja um maior envolvimento dos participantes desse processo, tanto dos professores quanto dos alunos. Este envolvimento é necessário para que possa ocorrer o desenvolvimento integral do aluno, em que todos os aspectos orgânicos, psicológicos e sociais que envolvam os educandos devem ser considerados e não podem passar por despercebidos. CONCEITO DE APRENDIZAGEM E SUAS IMPLICAÇÕES Segundo Piletti (1992) a aprendizagem se caracteriza por mudanças de comportamento e são consequências das experiências anteriores, pois muitos de nossos comportamentos são aprendidos. A aprendizagem depende muito da motivação. Por exemplo, quando a leitura e escrita não motivam o aluno, a compreensão e o aprendizado não são significativos. A esse respeito, Piletti esclarece: A motivação é um dos fatores fundamentais para que a aprendizagem possa ocorrer, aprendizagem pode ocorrer sem professor, sem livros, sem escolas, sem uma porção de outros recursos. Mas mesmo que existam todos esses recursos favoráveis, se não houver motivação não haverá aprendizagem. PILETTI (1992, p. 63). Para se realizar qualquer coisa na vida é necessário considerar primeiro a motivação do indivíduo, pois essa é a condição primordial para que se inicie qualquer trabalho a ser desenvolvido, não sendo diferente no caso da educação. Esse processo requer uma ação intencional, planejada, objetivando uma metodologia que seja apropriada para cada faixa etária do ensino fundamental, pois não se pode trabalhar com a criança da mesma maneira que se trabalha com adultos. Ambos têm suas particularidades e não podem ser tratados de forma homogênea, pois mesmo que todos estejam na mesma faixa de idade não devem ser enxergados igualmente pelo seu professor. Existem várias formas de a criança demonstrar que não está entendendo e assimilando o conteúdo passado na sala de aula, tomando como exemplo uma criança que sempre fica quietinha, que nunca participa da aula, nem nos momentos das brincadeiras. Já há outros que ignoram o professor, os colegas e tudo que está em sua volta, parecendo estar em outro universo. Outros se apresentam agitados, bagunceiros, e mexem com todos que estão em sua volta. Todas as formas de comportamento infantil devem ser observadas pelo professor, que deve sempre pesquisar estratégias, descobrindo recursos para desenvolver uma metodologia que venha a estimular a motivação pessoal no aluno, facilitando um contínuo desenvolvimento do seu potencial. O educador deve se portar como um professor pesquisador, sempre buscando novos conhecimentos, novas técnicas que possam enriquecer sua práxis através do aperfeiçoamento da sua formação inicial e continuada, possibilitando o desenvolvimento de um trabalho inovador e eficaz para a vida acadêmica dos seus alunos, bem como a significação da sua vida profissional. DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: DIVERSIDADE DE FATORES No processo de escolarização, mesmo havendo motivação, alguns alunos não conseguem aprender, pois existem outros fatores que influenciam o aluno e contribuem ou prejudicam para que ocorra um bom desempenho na aquisição do conhecimento. O ato de ensinar exige que o profissional dessa área procure saber sobre vários aspectos que envolvem os alunos e tenha uma compreensão mais atenta das várias realidades que os envolvem psicologicamente, socialmente e culturalmente. Um desses fatores é a atitude do professor e seu modo de interação com os alunos. Faz-se extremamente necessário que o educador tenha consciência do grande papel que ele exerce diante do educando, pois sua postura, seu comportamento sempre influenciam o aluno. E por mais discreto que seja, até mesmo seu estado emocional repercutirá sobre seus educandos no processo de ensino e aprendizagem. Um professor estressado e autoritário, consequentemente, poderá desenvolver uma metodologia autoritarista com seus educandos, impondo sempre limites e regras como se fosse um ditador, numa posição em que ele manda e os educandos obedecem não por confiança e entendimento, mas por medo de serem reprovados e prejudicados. Segundo FREIRE (1999, p.60): O professor que ironiza o aluno, que o minimiza, que manda que ele se ponha em seu lugar ao mais tênue sinal de sua rebeldia legítima, tanto quanto o professor que se exime do cumprimento de seu dever de propor limites à liberdade do aluno, que se furta ao dever de ensinar, de estar respeitosamente presente na experiência formadora do educando, transgride os princípios fundamentalmente éticos de nossa existência. O profissional dessa área deve procurar saber mais sobre seus educandos, procurar ir mais além da sua realidade, saber sobre vários aspectos que envolvem suas rotinas, procurando obter uma melhor percepção. Deve estar atento se existem na sua sala de aula alunos com algumas deficiências físicas ou cognitivas, por mais simples que sejam, pois na maior parte das vezes existem alunos com tais problemas que não são identificados e são taxados como incapazes e preguiçosos, no entanto, possuem algum grau de necessidade educacional especial, que é despercebida pelo seu educador, que pode estar mais voltado para a organização, disciplina e conteúdo a ser cumprido. Estes alunos podem acabar sendo prejudicados por toda sua vida, pois os mesmos não são compreendidos, muitos incorporam sentimentos de incapacidade e acabam desistindo da escola. Outro fator é a relação família e escola. Esta relação deveria estar bem trabalhada para um bom desempenho educacional e social da criança. Um melhor diálogo entre a família e a escola dos educandos é fundamental. Muitos pais não participam da vida escolar dos seus filhos, pois na maioria dos casos essas crianças são filhos de pais trabalhadores assalariados, com baixa escolaridade, que acabam ignorando a necessidade das escolas em estar perto das famílias. Na maioria das vezes, este distanciamento não ocorre de forma intencional, mas por cansaço e necessidade em suprir suas necessidades básicas familiares. E, embora muitos reconheçam o valor que a educação escolar possui, sua realidade social não condiz com as necessidades que lhes são impostas pela sociedade atual. Muitos acabam transferindo suas responsabilidades de pais para a educação escolar, por acreditarem que a mesma tem a obrigação e a capacidade em suprir as carências que são de inteira responsabilidade familiar. Porém, A educação se faz em via de mão dupla, iniciando com legitimação dos pais, da proposta educativa da escola escolhida como parceira no processo educação dos filhos. Como primeiros responsáveis pela educação dos filhos, os pais são os grandes parceiros da escola. São eles também incentivadores dos filhos no cumprimento dos deveres de estudante. (RIBEIRO, 2010, p. 211). A criança cuja família tem uma boa parceria com a escola se desenvolve melhor na vida e no cotidiano escolar, apresentando melhores desempenhos escolares, pois se sente incentivada. Os filhos cujos pais se interessam e conversam sobre dificuldades da rotina escolar contribuem significativamente na construção no processo de ensino e aprendizado, pois as crianças se sentem mais confiantes diante de uma família que se preocupa com as situações do cotidiano escolar. As crianças sentem-se mais seguras nas atitudes a serem tomadas diante dos conflitos e desafios do cotidiano escolar. A educação familiar é o alicerce para que se possa desenvolver na criança um cidadão mais consciente do seu papel na sociedade, apesar de que, às vezes, a educação familiar difere bastante da educação escolar, fazendo com que surjam alguns conflitos. A RELAÇÃO ENTRE DESENVOLVIMENTO CONCEPÇÃO DE PIAGET E APRENDIZAGEM NA Jean Piaget (1896-1980) é um dos teóricos que contribuiu significativamente para uma melhor compreensão a respeito do desenvolvimento e aprendizagem infantil. Formado em filosofia e biologia, dedicou seus estudos à constante busca científica de como se forma o conhecimento. Logo no início, Piaget trabalhou com dois psicólogos franceses, Binet e Simon, que tentaram elaborar um instrumento que pudesse medir a inteligência nas crianças das escolas francesas. Esse teste de inteligência foi o primeiro a fornecer a idade mental de um indivíduo e ainda hoje é utilizado. (XAVIER; PARENTE; BASTOS, 2004). Piaget passou a analisar as respostas dadas pelas crianças e começou a se interessar pelas que eram consideradas como erradas pelos adultos. Piaget constatou que essas respostas eram tidas como erradas porque eram avaliadas do ponto de vista do adulto, sem considerar a perspectiva da criança. Diante dessa constatação, procurou formular um conceito para inteligência: A inteligência para Piaget é o mecanismo de adaptação do organismo a uma situação nova e, como tal, implica a construção contínua de novas estruturas. Esta adaptação refere-se ao mundo exterior, como toda adaptação biológica. Desta forma, os indivíduos se desenvolveram intelectualmente a partir de exercícios e estímulos oferecidos pelo meio que os cercam. O que vale também dizer que a inteligência humana pode ser exercitada, buscando um aperfeiçoamento de potencialidades, que evolui “desde o nível mais primitivo da existência, caracterizado por trocas bioquímicas até o nível das trocas simbólicas.’’(RAMOZZI-CHIAROTTINO apud CHIABAI,1990, p. 3). Para Piaget, o desenvolvimento cognitivo do indivíduo ocorre através de constantes desequilíbrios e equilibrações. O aparecimento de nova possibilidade orgânica do indivíduo ou mudança de alguma característica do meio ambiente, por mínimo que seja, provoca a ruptura do estado de repouso - da harmonia entre organismo e meio - causando um desequilíbrio. Na assimilação, o organismo, sem alterar sua estrutura, desenvolve ações com o destino de atribuir significados, utilizando das experiências anteriores aos objetos e ao ambiente no qual está inserido. Já na acomodação, o organismo tenta estabelecer um equilíbrio superior com o ambiente. Neste momento acontecem modificações que os levam a se ajustar às necessidades impostas pelo meio. (GUIMARÃES, 1986). O processo de desenvolvimento se apresenta com sucessivas equilibrações. No entanto, é um processo contínuo que se caracteriza por diversas fases ou etapas distintas, que são: sensório motora, que vai do nascimento até os dois anos de idade, no qual a criança se baseia na percepção sensoriais e esquemas motores, que são essencialmente práticos . A etapa pré-operatória, entre os dois e sete anos, é caracterizada, em especial, pelo surgimento da linguagem oral em volta dos dois anos. Nesta fase, a criança já apresenta uma inteligência advinda da fase anterior, já é capaz de formar esquemas simbólicos, já possui ações interiorizadas. Na operatório-concreta (7 a 12 anos), a criança apresenta grandes modificações; já possui um pensamento lógico, objetivo, preponderante; possui noção de conservação, contribuindo para o surgimento do pensamento operatório de domínio concreto. Na operatório-formal(a partir de 12 anos), uma das suas características consiste no surgimento do pensamento livre das limitações de uma realidade concreta. O adolescente pode pensar e agir, não só com o concreto mais com diversas realidades. (XAVIER; PARENTE; BASTOS, 2004). Para Piaget, o desenvolvimento antecede a aprendizagem. Os processos e práticas educativas devem conhecer e respeitar o nível de desenvolvimento do educando para, a partir desse, possibilitar a aprendizagem. A RELAÇÃO ENTRE DESENVOLVIMENTO CONCEPÇÃO DE VYGOTSKI E APRENDIZAGEM NA Lev Seminovitch Vygotski (1896-1934) é um autor que possui grande relevância para um melhor entendimento de como se dá a relação entre desenvolvimento e aprendizagem. Seus estudos contribuem significativamente para a educação, pois procuram explicar o processo de desenvolvimento e aquisição do conhecimento através do meio social no qual o indivíduo está inserido. Vygotski compreende a criança como ser ativo e interativo que se constrói a partir das relações intra e interpessoal, pois na medida em que vai internalizando as coisas externas, se integra na história e na cultura do seu meio, aprendendo e se desenvolvendo. (XAVIER; PARENTE; BASTOS, 2004). O desenvolvimento humano é construído através das interações sociais, considerando a realidade histórica e cultural na qual as crianças estão inseridas, porém esta inserção não é passiva, pois o processo de apropriação desta influência implica na construção de si e do mundo que interpreta, cria e reinventa. Para este autor, o funcionamento psicológico estrutura-se a partir das relações sociais estabelecidas entre o indivíduo e o mundo exterior. Tais relações ocorrem dentro de um contexto histórico e social, no qual a cultura desempenha um papel fundamental, fornecendo ao indivíduo os sistemas simbólicos de representação da realidade. Isto permite construir uma certa ordem e uma interpretação do mundo real. Desta forma, o desenvolvimento psicológico não pode ser visto como um processo abstrato, descontextualizado ou universal. (CRAIDY; KAERCHER 2001, p. 29). Vygotski buscou desenvolver em seu trabalho um melhor entendimento de como se dá a formação dos conceitos científicos e espontâneos na criança. Diz que os científicos são organizados, sistematizados, testados pela ciência e são fornecidos, transmitidos pela escola e os espontâneos são os conceitos adquiridos no cotidiano, espontaneamente, pelas crianças. Elaborou o conceito de ZDP, que consiste na Zona de Desenvolvimento Potencial ou Proximal, distância entre a capacidade real já desenvolvida pela criança, aquilo que já é capaz de fazer sozinha, e a capacidade potencial que se caracteriza naquilo em que criança não é capaz de realizar sozinha, mas realiza com o auxilio e a orientação de um companheiro mais experiente. (XAVIER; PARENTE; BASTOS, 2004). Estes autores apontam ainda os principais pontos da teoria de Vygotski, que seriam, sucintamente, a valorização do ambiente social e cultural em que a criança nasce; a não aceitação de uma visão única de desenvolvimento humano; a construção do conhecimento que procede do social para o individual; a interdependência entre pensamento e linguagem desde o início da vida; a compreensão da aprendizagem e do desenvolvimento como processos recíprocos, ou seja, quanto mais aprendizagem, mais desenvolvimento. CONSIDERAÇÕES FINAIS Consideramos que este trabalho possui grande relevância, pois o mesmo nos possibilitou um melhor entendimento em relação à função exercida pela psicologia educacional, contribuindo para a nossa formação inicial no PIBID Pedagogia, ao subsidiar nossa atuação a partir dos conhecimentos que esta área do saber nos proporciona. A psicologia da educação tem contribuído significativamente ao longo dos tempos, com suas técnicas e seus conceitos, tornando-nos melhores conhecedores da realidade, com suas mais variadas facetas que se encontram esfaceladas pelos saberes disciplinares da formação docente. Estas facetas do processo de ensino e aprendizagem devem ser compreendidas em sua integralidade, pois nas diversas dimensões (sociais, afetivas, cognitivas) estão inseridos vários fatores que poderão estar contribuindo ou dificultando este processo, tais como: as diversificadas formas de comportamento, os estágios de desenvolvimento humano, a relação família e escola, as necessidades educacionais individualizadas na aquisição do conhecimento, o relacionamento professor aluno, etc. Este foi um estudo breve, porém enriquecedor, pois ampliamos nosso entendimento através da grande contribuição oferecida por esses teóricos. Avaliamos como positiva a colaboração proporcionada tanto para a nossa formação inicial docente no PIBID Pedagogia ao nos instrumentalizar para os desafios cotidianos nas escolas campo do Programa, como para nossa vida pessoal, pois essa ciência nos faz compreender melhor os alunos, sua aprendizagem e desenvolvimento, o processo de ensino e aprendizagem, ao tempo em que nos torna melhores entendedores de nós mesmos, como educadores. Apontamos, ainda, a necessidade de futuras pesquisas no campo da educação, que possibilitem a reflexão dos aportes teóricos e metodológicos dessa disciplina a partir dos desafios encontrados na prática, subsidiando a formação docente inicial e continuada em uma perspectiva mais integral e humanizada acerca do processo de ensino e aprendizagem. REFERÊNCIAS CHIABAI, Isa Maria. A influência do meio rural no processo de cognição de crianças da pré-escola: uma interpretação fundamental na teoria do conhecimento de Jean Piaget. São Paulo, 1990. Tese de Doutorado. Instituto de Psicologia da USP. 165 p. Disponível em: http://WWW.pedagogiaemfoco.pro.br/per09.htm. Acesso em: 19 set.2014. COLL, César Salvador. Psicologia do ensino. Tradução Cristina Maria de Oliveira. Porto Alegre: Artmed: 2000. CRAIDY, Carmem Maria; KAERCHER, Gládis E. Educação Infantil: pra que te quero? Porto Alegre: Armed, 2001. FREIRE, Paulo. Ação Cultural para a Liberdade. 9ed. São Paulo: Paz e Terra, 2001. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática Educativa. São Paulo: paz e terra, 1996. . GUIMARÃES, Célia Silva. Pontos da psicologia escolar. São Paulo: ática, 1991. LAKATOS, M; MARCONI, M, A. Metodologia cientifica. 2 ed. São Paulo: Atlas,1993. PILETTI, Nelson. Psicologia Educacional.13 ed. São Paulo: Ática, 1994. RIBEIRO, Luís Távora Furtado; RIBEIRO, Marcos Aurélio de Patrício. Temas Educacionais: uma coletânea de artigos. Fortaleza: edições UFC, 2010. SEVERINO, A. J. Metodologia do Trabalho científico. 23d. 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