as contribuições da psicologia da educação para a

Propaganda
AS CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO PARA A PRÁTICA
PEDAGÓGICA NA FORMAÇÃO INICIAL DO PIBID PEDAGOGIA
Márcia Kelma de Alencar Abreu *
Coordenadora de área de Gestão de Processos
Educacionais - URCA PIBID/CAPES
e-mail: [email protected]
Vitoria Morais da Rocha**
Aluna Bolsista do Subprojeto
Pedagogia URCA PIBID/CAPES
e-mail: [email protected]
Cícera Maria Barros ***
Aluna Bolsista do Subprojeto
Pedagogia URCA PIBID/CAPES
e-mail: [email protected]
RESUMO
O presente trabalho apresenta as contribuições da psicologia da educação para a prática
pedagógica inicial das bolsistas do PIBID Pedagogia. O objetivo principal é compreender o
processo de aquisição da aprendizagem e o desenvolvimento da criança, abordando suas
implicações no processo de ensino e aprendizagem, a partir da perspectiva desta disciplina
que fundamenta a educação. A metodologia utilizada para a obtenção dos resultados é de
cunho qualitativo e bibliográfico, a partir das reflexões de alguns teóricos como Piletti (1992)
e Cool (2000). Os estudos e pesquisas auxiliam na contribuição da compreensão da
aprendizagem significativa e do desenvolvimento integral do educando, subsidiando a
intervenção em vários desafios no cotidiano escolar. Encontramos importantes contribuições,
como compreensão da aprendizagem e do desenvolvimento, a relação entre eles no processo
ensino-aprendizagem, entre outras.
Palavras-chave: Psicologia da educação. Prática pedagógica. PIBID.
INTRODUÇÃO
*
Coordenadora de área de Gestão de Processos Educacionais URCA PIBID/CAPES [email protected]
Aluna Bolsista do Subprojeto Pedagogia URCA PIBID/CAPES [email protected]
***
Aluna Bolsista do Subprojeto Pedagogia URCA PIBID/CAPES [email protected]
**
O presente artigo tem como temática as contribuições da psicologia da educação na
prática pedagógica a partir da formação inicial do PIBID pedagogia. O foco desse trabalho é
identificar a grande relevância que essa ciência exerce e possibilitar uma melhor compreensão
de como ocorre o processo de aprendizagem e desenvolvimento, bem como suas implicações
na construção do processo de ensino e aprendizagem.
Este campo do saber pode nos auxiliar para identificar possíveis causas que favoreçam
ou prejudiquem o desempenho no processo de aquisição do conhecimento, tais como a
relação professor e aluno, a falta de motivação, conflito familiar, transtornos psicológicos,
entre outros fatores que implicam na construção do processo de ensino e aprendizagem. De
acordo com Piletti (1992), a aprendizagem pode ocorrer com ausência de vários recursos,
menos sem o fator motivação. Outro fator determinante é a maneira escolhida pelo educador,
sua postura, seu comportamento, seu emocional, aspectos que são percebidos e serão
absorvidos pelos educando.
Em busca de respostas cabíveis para as indagações levantadas no presente trabalho, a
metodologia aqui utilizada é de cunho bibliográfico, que consiste em estudos teóricos sobre
autores e estudiosos tratam do tema. (SEVERINO, 2007). Possui uma abordagem qualitativa,
pois sua finalidade não são dados numéricos e quantificados. (MARCONE e LAKASTOS,
2006).
A psicologia é uma ciência que possui uma importância extraordinária para um bom
entendimento no campo pedagógico, em especial na educação básica, pois é nesse ambiente
que se encontra uma fase especial de desenvolvimento, a infância, requerendo assim uma
atenção mais adequada por parte dos que englobam essa área.
Neste sentido, a psicologia vem contribuindo com seus conceitos e suas técnicas
desenvolvidas ao longo do tempo, promovendo um melhor conhecimento pessoal e social dos
indivíduos, visando melhorar as práticas pedagógicas e os vários aspectos que envolvem o
processo de ensino e aprendizagem ou que se inserem para o aprimoramento do ambiente
escolar.
Essa pesquisa vem proporcionar uma reflexão a partir das experiências realizadas no
PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência), que é um programa do
Ministério da Educação, gerenciado pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior), cujo objetivo maior é o incentivo à formação de professores para
a educação básica e elevação da qualidade da escola pública.
O PIBID, por ser um programa de iniciação à docência, tem como a prioridade os
alunos dos cursos de licenciatura, incentivando-os para que se insiram no cotidiano escolar da
rede pública de ensino, levando- os à pratica inovadora e interdisciplinar, visando a superação
de problemas do cotidiano escolar identificados no processo de ensino e aprendizagem das
novas experiências da prática docente. O programa visa o aperfeiçoamento de futuros
professores para a educação básica, proporciona o contato direto com alunos e contribui para
o enriquecimento na formação do educador ao promover experiências que servirão de
exemplo e reflexão ao longo de sua formação docente. (MEC, 2014).
Este trabalho discorrerá sobre a Psicologia Educacional e suas contribuições no âmbito
educativo; o conceito de aprendizagem e suas implicações; as diversas dimensões envolvidas
nas dificuldades de aprendizagem; a aprendizagem, o desenvolvimento e suas relações nas
concepções de Piaget e Vigostsky.
PSICOLOGIA EDUCACIONAL E SUAS CONTRIBUIÇÕES
Para melhor adentramos no tema é importante termos uma compreensão mais clara
sobre o que significa psicologia da educação e qual a relevância que exerce na formação
inicial docente.
A psicologia em sentido amplo para muitos teóricos é uma ciência que procura estudar
o comportamento humano, ou seja, estuda o homem em sua totalidade e em seu
desenvolvimento integral, porém o foco do presente trabalho é a psicologia educacional que é
um ramo da psicologia que visa melhorar as condições dos processos de aprendizagem, de
acordo com as perspectivas teóricas de Coll:
A psicologia da educação estuda os processos de mudanças comportamental
produzidos nas pessoas como consequências da sua participação em
situações e atividades educativas de natureza distinta. A psicologia da
educação é uma disciplina-ponte de natureza aplicada que participa, ao
mesmo tempo, das características próprias das disciplinas psicológicas e das
características próprias das disciplinas educativas. (COLL, 2000, p. 65)
Entendendo a psicologia educacional como uma dimensão da psicologia,
compreendemos sua importância e sua finalidade que é identificar, investigar para obter uma
melhor concepção e conhecimento psicológico sobre os problemas que favorecem ou
prejudicam o processo de ensino e aprendizagem.
O uso da psicologia voltado para a educação passou por maior desenvolvimento no
inicio do século XX, quando neste período os olhares, as expectativas são voltadas para
psicologia da educação, neste momento três áreas da psicologia que estão ligadas à educação
escolar ganham destaque: análise e desenvolvimento de técnicas dos processos de
aprendizagem, a psicologia da criança e o estudo e medida das diferenças individuais. (COLL,
2000).
Um pouco antes, na década de 50, a psicologia da educação passa por uma crise,
materializada em algumas dúvidas acerca da aplicação das teorias de aprendizagem. Com isso
começam a surgir outras disciplinas que estudam a educação. Nos dias atuais a psicologia da
educação ainda possui um “caráter multidisciplinar”, que é herança da década de 70.
Atualmente existem algumas críticas em torno da não diferenciação dos termos psicologia
educacional, psicopedagogia, psicologia escolar, entre outros. O importante é compreender
que cada uma destas possui suas definições e finalidades. (COLL, 2000).
Diante do breve estudo realizado, porém significativo, podemos compreender melhor
o conceito e função da psicologia educacional, entendendo que a mesma não pode ser
reduzida simplesmente a uma área profissional, pois ela contribui significativamente na
qualidade do processo de aprendizagem.
De acordo com Piletti (1992) a psicologia da educação tem como campo de estudo o
comportamento humano para que se possa obter uma melhor eficácia no ensino, portanto o
educador deve se conscientizar do seu papel enquanto professor, pois o mesmo deve ser um
estimulador do processo de aquisição do conhecimento, ter consciência que os seus
educandos se espelham nele como modelo a ser seguido.
A psicologia da educação procura defender um ensino em que haja um maior
envolvimento dos participantes desse processo, tanto dos professores quanto dos alunos. Este
envolvimento é necessário para que possa ocorrer o desenvolvimento integral do aluno, em
que todos os aspectos orgânicos, psicológicos e sociais que envolvam os educandos devem ser
considerados e não podem passar por despercebidos.
CONCEITO DE APRENDIZAGEM E SUAS IMPLICAÇÕES
Segundo Piletti (1992) a aprendizagem se caracteriza por mudanças de comportamento
e são consequências das experiências anteriores, pois muitos de nossos comportamentos são
aprendidos.
A aprendizagem depende muito da motivação. Por exemplo, quando a leitura e escrita
não motivam o aluno, a compreensão e o aprendizado não são significativos. A esse respeito,
Piletti esclarece:
A motivação é um dos fatores fundamentais para que a aprendizagem possa
ocorrer, aprendizagem pode ocorrer sem professor, sem livros, sem escolas,
sem uma porção de outros recursos. Mas mesmo que existam todos esses
recursos favoráveis, se não houver motivação não haverá aprendizagem.
PILETTI (1992, p. 63).
Para se realizar qualquer coisa na vida é necessário considerar primeiro a motivação
do indivíduo, pois essa é a condição primordial para que se inicie qualquer trabalho a ser
desenvolvido, não sendo diferente no caso da educação. Esse processo requer uma ação
intencional, planejada, objetivando uma metodologia que seja apropriada para cada faixa
etária do ensino fundamental, pois não se pode trabalhar com a criança da mesma maneira que
se trabalha com adultos. Ambos têm suas particularidades e não podem ser tratados de forma
homogênea, pois mesmo que todos estejam na mesma faixa de idade não devem ser
enxergados igualmente pelo seu professor.
Existem várias formas de a criança demonstrar que não está entendendo e assimilando
o conteúdo passado na sala de aula, tomando como exemplo uma criança que sempre fica
quietinha, que nunca participa da aula, nem nos momentos das brincadeiras. Já há outros que
ignoram o professor, os colegas e tudo que está em sua volta, parecendo estar em outro
universo. Outros se apresentam agitados, bagunceiros, e mexem com todos que estão em sua
volta.
Todas as formas de comportamento infantil devem ser observadas pelo professor, que
deve sempre pesquisar estratégias, descobrindo recursos para desenvolver uma metodologia
que venha a estimular a motivação pessoal no aluno, facilitando um contínuo
desenvolvimento do seu potencial.
O educador deve se portar como um professor pesquisador, sempre buscando novos
conhecimentos, novas técnicas que possam enriquecer sua práxis através do aperfeiçoamento
da sua formação inicial e continuada, possibilitando o desenvolvimento de um trabalho
inovador e eficaz para a vida acadêmica dos seus alunos, bem como a significação da sua vida
profissional.
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: DIVERSIDADE DE FATORES
No processo de escolarização, mesmo havendo motivação, alguns alunos não
conseguem aprender, pois existem outros fatores que influenciam o aluno e contribuem ou
prejudicam para que ocorra um bom desempenho na aquisição do conhecimento. O ato de
ensinar exige que o profissional dessa área procure saber sobre vários aspectos que envolvem
os alunos e tenha uma compreensão mais atenta das várias realidades que os envolvem
psicologicamente, socialmente e culturalmente.
Um desses fatores é a atitude do professor e seu modo de interação com os alunos.
Faz-se extremamente necessário que o educador tenha consciência do grande papel que ele
exerce diante do educando, pois sua postura, seu comportamento sempre influenciam o aluno.
E por mais discreto que seja, até mesmo seu estado emocional repercutirá sobre seus
educandos no processo de ensino e aprendizagem. Um professor estressado e autoritário,
consequentemente, poderá desenvolver uma metodologia autoritarista com seus educandos,
impondo sempre limites e regras como se fosse um ditador, numa posição em que ele manda e
os educandos obedecem não por confiança e entendimento, mas por medo de serem
reprovados e prejudicados.
Segundo FREIRE (1999, p.60):
O professor que ironiza o aluno, que o minimiza, que manda que ele se
ponha em seu lugar ao mais tênue sinal de sua rebeldia legítima, tanto
quanto o professor que se exime do cumprimento de seu dever de propor
limites à liberdade do aluno, que se furta ao dever de ensinar, de estar
respeitosamente presente na experiência formadora do educando, transgride
os princípios fundamentalmente éticos de nossa existência.
O profissional dessa área deve procurar saber mais sobre seus educandos, procurar ir
mais além da sua realidade, saber sobre vários aspectos que envolvem suas rotinas,
procurando obter uma melhor percepção. Deve estar atento se existem na sua sala de aula
alunos com algumas deficiências físicas ou cognitivas, por mais simples que sejam, pois na
maior parte das vezes existem alunos com tais problemas que não são identificados e são
taxados como incapazes e preguiçosos, no entanto, possuem algum grau de necessidade
educacional especial, que é despercebida pelo seu educador, que pode estar mais voltado para
a organização, disciplina e conteúdo a ser cumprido. Estes alunos podem acabar sendo
prejudicados por toda sua vida, pois os mesmos não são compreendidos, muitos incorporam
sentimentos de incapacidade e acabam desistindo da escola.
Outro fator é a relação família e escola. Esta relação deveria estar bem trabalhada para
um bom desempenho educacional e social da criança. Um melhor diálogo entre a família e a
escola dos educandos é fundamental. Muitos pais não participam da vida escolar dos seus
filhos, pois na maioria dos casos essas crianças são filhos de pais trabalhadores assalariados,
com baixa escolaridade, que acabam ignorando a necessidade das escolas em estar perto das
famílias. Na maioria das vezes, este distanciamento não ocorre de forma intencional, mas por
cansaço e necessidade em suprir suas necessidades básicas familiares. E, embora muitos
reconheçam o valor que a educação escolar possui, sua realidade social não condiz com as
necessidades que lhes são impostas pela sociedade atual. Muitos acabam transferindo suas
responsabilidades de pais para a educação escolar, por acreditarem que a mesma tem a
obrigação e a capacidade em suprir as carências que são de inteira responsabilidade familiar.
Porém,
A educação se faz em via de mão dupla, iniciando com legitimação dos pais,
da proposta educativa da escola escolhida como parceira no processo
educação dos filhos. Como primeiros responsáveis pela educação dos filhos,
os pais são os grandes parceiros da escola. São eles também incentivadores
dos filhos no cumprimento dos deveres de estudante. (RIBEIRO, 2010, p.
211).
A criança cuja família tem uma boa parceria com a escola se desenvolve melhor na
vida e no cotidiano escolar, apresentando melhores desempenhos escolares, pois se sente
incentivada. Os filhos cujos pais se interessam e conversam sobre dificuldades da rotina
escolar contribuem significativamente na construção no processo de ensino e aprendizado,
pois as crianças se sentem mais confiantes diante de uma família que se preocupa com as
situações do cotidiano escolar. As crianças sentem-se mais seguras nas atitudes a serem
tomadas diante dos conflitos e desafios do cotidiano escolar.
A educação familiar é o alicerce para que se possa desenvolver na criança um cidadão
mais consciente do seu papel na sociedade, apesar de que, às vezes, a educação familiar difere
bastante da educação escolar, fazendo com que surjam alguns conflitos.
A RELAÇÃO ENTRE DESENVOLVIMENTO
CONCEPÇÃO DE PIAGET
E
APRENDIZAGEM
NA
Jean Piaget (1896-1980) é um dos teóricos que contribuiu significativamente para uma
melhor compreensão a respeito do desenvolvimento e aprendizagem infantil. Formado em
filosofia e biologia, dedicou seus estudos à constante busca científica de como se forma o
conhecimento. Logo no início, Piaget trabalhou com dois psicólogos franceses, Binet e
Simon, que tentaram elaborar um instrumento que pudesse medir a inteligência nas crianças
das escolas francesas. Esse teste de inteligência foi o primeiro a fornecer a idade mental de
um indivíduo e ainda hoje é utilizado. (XAVIER; PARENTE; BASTOS, 2004).
Piaget passou a analisar as respostas dadas pelas crianças e começou a se interessar
pelas que eram consideradas como erradas pelos adultos. Piaget constatou que essas respostas
eram tidas como erradas porque eram avaliadas do ponto de vista do adulto, sem considerar a
perspectiva da criança. Diante dessa constatação, procurou formular um conceito para
inteligência:
A inteligência para Piaget é o mecanismo de adaptação do organismo a uma
situação nova e, como tal, implica a construção contínua de novas estruturas.
Esta adaptação refere-se ao mundo exterior, como toda adaptação biológica.
Desta forma, os indivíduos se desenvolveram intelectualmente a partir de
exercícios e estímulos oferecidos pelo meio que os cercam. O que vale
também dizer que a inteligência humana pode ser exercitada, buscando um
aperfeiçoamento de potencialidades, que evolui “desde o nível mais
primitivo da existência, caracterizado por trocas bioquímicas até o nível das
trocas simbólicas.’’(RAMOZZI-CHIAROTTINO apud CHIABAI,1990, p.
3).
Para Piaget, o desenvolvimento cognitivo do indivíduo ocorre através de constantes
desequilíbrios e equilibrações. O aparecimento de nova possibilidade orgânica do indivíduo
ou mudança de alguma característica do meio ambiente, por mínimo que seja, provoca a
ruptura do estado de repouso - da harmonia entre organismo e meio - causando um
desequilíbrio.
Na assimilação, o organismo, sem alterar sua estrutura, desenvolve ações com o
destino de atribuir significados, utilizando das experiências anteriores aos objetos e ao
ambiente no qual está inserido. Já na acomodação, o organismo tenta estabelecer um
equilíbrio superior com o ambiente. Neste momento acontecem modificações que os levam a
se ajustar às necessidades impostas pelo meio. (GUIMARÃES, 1986).
O processo de desenvolvimento se apresenta com sucessivas equilibrações. No
entanto, é um processo contínuo que se caracteriza por diversas fases ou etapas distintas, que
são: sensório motora, que vai do nascimento até os dois anos de idade, no qual a criança se
baseia na percepção sensoriais e esquemas motores, que são essencialmente práticos . A etapa
pré-operatória, entre os dois e sete anos, é caracterizada, em especial, pelo surgimento da
linguagem oral em volta dos dois anos. Nesta fase, a criança já apresenta uma inteligência
advinda da fase anterior, já é capaz de formar esquemas simbólicos, já possui ações
interiorizadas. Na operatório-concreta (7 a 12 anos),
a criança apresenta grandes
modificações; já possui um pensamento lógico, objetivo, preponderante; possui noção de
conservação, contribuindo para o surgimento do pensamento operatório de domínio concreto.
Na operatório-formal(a partir de 12 anos), uma das suas características consiste no surgimento
do pensamento livre das limitações de uma realidade concreta. O adolescente pode pensar e
agir, não só com o concreto mais com diversas realidades. (XAVIER; PARENTE; BASTOS,
2004).
Para Piaget, o desenvolvimento antecede a aprendizagem. Os processos e práticas
educativas devem conhecer e respeitar o nível de desenvolvimento do educando para, a partir
desse, possibilitar a aprendizagem.
A RELAÇÃO ENTRE DESENVOLVIMENTO
CONCEPÇÃO DE VYGOTSKI
E
APRENDIZAGEM
NA
Lev Seminovitch Vygotski (1896-1934) é um autor que possui grande relevância para
um melhor entendimento de como se dá a relação entre desenvolvimento e aprendizagem.
Seus estudos contribuem significativamente para a educação, pois procuram explicar o
processo de desenvolvimento e aquisição do conhecimento através do meio social no qual o
indivíduo está inserido. Vygotski compreende a criança como ser ativo e interativo que se
constrói a partir das relações intra e interpessoal, pois na medida em que vai internalizando as
coisas externas, se integra na história e na cultura do seu meio, aprendendo e se
desenvolvendo. (XAVIER; PARENTE; BASTOS, 2004).
O desenvolvimento humano é construído através das interações sociais, considerando
a realidade histórica e cultural na qual as crianças estão inseridas, porém esta inserção não é
passiva, pois o processo de apropriação desta influência implica na construção de si e do
mundo que interpreta, cria e reinventa.
Para este autor, o funcionamento psicológico estrutura-se a partir das
relações sociais estabelecidas entre o indivíduo e o mundo exterior. Tais
relações ocorrem dentro de um contexto histórico e social, no qual a cultura
desempenha um papel fundamental, fornecendo ao indivíduo os sistemas
simbólicos de representação da realidade. Isto permite construir uma certa
ordem e uma interpretação do mundo real. Desta forma, o desenvolvimento
psicológico não pode ser visto como um processo abstrato,
descontextualizado ou universal. (CRAIDY; KAERCHER 2001, p. 29).
Vygotski buscou desenvolver em seu trabalho um melhor entendimento de como se dá
a formação dos conceitos científicos e espontâneos na criança. Diz que os científicos são
organizados, sistematizados, testados pela ciência e são fornecidos, transmitidos pela escola e
os espontâneos são os conceitos adquiridos no cotidiano, espontaneamente, pelas crianças.
Elaborou o conceito de ZDP, que consiste na Zona de Desenvolvimento Potencial ou
Proximal, distância entre a capacidade real já desenvolvida pela criança, aquilo que já é capaz
de fazer sozinha, e a capacidade potencial que se caracteriza naquilo em que criança não é
capaz de realizar sozinha, mas realiza com o auxilio e a orientação de um companheiro mais
experiente. (XAVIER; PARENTE; BASTOS, 2004).
Estes autores apontam ainda os principais pontos da teoria de Vygotski, que seriam,
sucintamente, a valorização do ambiente social e cultural em que a criança nasce; a não
aceitação de uma visão única de desenvolvimento humano; a construção do conhecimento que
procede do social para o individual; a interdependência entre pensamento e linguagem desde o
início da vida; a compreensão da aprendizagem e do desenvolvimento como processos
recíprocos, ou seja, quanto mais aprendizagem, mais desenvolvimento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Consideramos que este trabalho possui grande relevância, pois o mesmo nos
possibilitou um melhor entendimento em relação à função exercida pela psicologia
educacional, contribuindo para a nossa formação inicial no PIBID Pedagogia, ao subsidiar
nossa atuação a partir dos conhecimentos que esta área do saber nos proporciona.
A psicologia da educação tem contribuído significativamente ao longo dos tempos,
com suas técnicas e seus conceitos, tornando-nos melhores conhecedores da realidade, com
suas mais variadas facetas que se encontram esfaceladas pelos saberes disciplinares da
formação docente.
Estas facetas do processo de ensino e aprendizagem devem ser compreendidas em sua
integralidade, pois nas diversas dimensões (sociais, afetivas, cognitivas) estão inseridos vários
fatores que poderão estar contribuindo ou dificultando este processo, tais como: as
diversificadas formas de comportamento, os estágios de desenvolvimento humano, a relação
família e escola, as necessidades educacionais individualizadas na aquisição do
conhecimento, o relacionamento professor aluno, etc.
Este foi um estudo breve, porém enriquecedor, pois ampliamos nosso entendimento
através da grande contribuição oferecida por esses teóricos. Avaliamos como positiva a
colaboração proporcionada tanto para a nossa formação inicial docente no PIBID Pedagogia
ao nos instrumentalizar para os desafios cotidianos nas escolas campo do Programa, como
para nossa vida pessoal, pois essa ciência nos faz compreender melhor os alunos, sua
aprendizagem e desenvolvimento, o processo de ensino e aprendizagem, ao tempo em que nos
torna melhores entendedores de nós mesmos, como educadores.
Apontamos, ainda, a necessidade de futuras pesquisas no campo da educação, que
possibilitem a reflexão dos aportes teóricos e metodológicos dessa disciplina a partir dos
desafios encontrados na prática, subsidiando a formação docente inicial e continuada em uma
perspectiva mais integral e humanizada acerca do processo de ensino e aprendizagem.
REFERÊNCIAS
CHIABAI, Isa Maria. A influência do meio rural no processo de cognição de crianças da
pré-escola: uma interpretação fundamental na teoria do conhecimento de Jean Piaget. São
Paulo, 1990. Tese de Doutorado. Instituto de Psicologia da USP. 165 p. Disponível em:
http://WWW.pedagogiaemfoco.pro.br/per09.htm. Acesso em: 19 set.2014.
COLL, César Salvador. Psicologia do ensino. Tradução Cristina Maria de Oliveira. Porto
Alegre: Artmed: 2000.
CRAIDY, Carmem Maria; KAERCHER, Gládis E. Educação Infantil: pra que te quero?
Porto Alegre: Armed, 2001.
FREIRE, Paulo. Ação Cultural para a Liberdade. 9ed. São Paulo: Paz e Terra, 2001.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática Educativa. São
Paulo: paz e terra, 1996.
.
GUIMARÃES, Célia Silva. Pontos da psicologia escolar. São Paulo: ática, 1991.
LAKATOS, M; MARCONI, M, A. Metodologia cientifica. 2 ed. São Paulo: Atlas,1993.
PILETTI, Nelson. Psicologia Educacional.13 ed. São Paulo: Ática, 1994.
RIBEIRO, Luís Távora Furtado; RIBEIRO, Marcos Aurélio de Patrício. Temas
Educacionais: uma coletânea de artigos. Fortaleza: edições UFC, 2010.
SEVERINO, A. J. Metodologia do Trabalho científico. 23d. São Paulo: Cortez, 2007.
XAVIER, Alessandra. S; PARENTE, Francisco de A. C; BASTOS, Marbênia G. A. Psicologia
da Educação. Fortaleza: Ed. UECE, 2004.
Download