Alterações do Óleo de Soja e da Mistura Azeite de Dendê

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Alterações do Óleo de Soja e da Mistura
Azeite de Dendê - Óleo de Soja em
Frituras Descontínuas de Batatas Chips
Alterations of Soybean Oil and a Mixture
of “Dendê” Oil and Soybean Oil (1:1)
During the Discontinuous Frying of Chips
AUTORES
AUTHORS
Cássia Roberta MALACRIDA
Aluna de Iniciação Científica – Bolsista do
Programa PIBIC/CNPq
Neuza JORGE
Professora Assistente Doutora - Universidade Estadual
Paulista - Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas Depto. de Engenharia e Tecnologia de Alimentos. Rua
Cristóvão Colombo 2265 - CEP: 15054-000 São José do Rio
Preto-SP - Fone: 017-221-2257 - Fax: 017-221-2299 e-mail: [email protected]
RESUMO
A compreensão das mudanças que o óleo sofre durante os processos de fritura é de
grande importância já que pode levar à otimização destes processos, bem como a melhoria
da qualidade dos alimentos fritos. O objetivo deste trabalho foi verificar o comportamento
do óleo de soja e da mistura azeite de dendê - óleo de soja (1:1) utilizados para a fritura
descontínua de batatas. Foram realizados, para cada tipo de óleo, dois procedimentos de
fritura com relações superfície/volume de 0,5 e 1,0cm-1. Quinze lotes de batatas foram fritos,
para cada procedimento de fritura, à temperatura de 180°C, sendo retiradas amostras dos
óleos após 0,25, 1,25, 2,25, 3,25, 4,25, 5,25, 6,25 e 7,25 horas de fritura. Para análise das
amostras foram realizadas as seguintes determinações analíticas: ácidos graxos livres (%,
expressos em ácido oléico), índice de peróxidos (mEq/Kg), índice de refração (40°C) e
compostos polares totais (%). Composição em ácidos graxos (% de área) foi feita nas amostras
originais e viscosidade (mPa.s), nas amostras originais e finais. As determinações analíticas
aplicadas às amostras apresentaram aumento com o tempo de fritura, com exceção do
índice de refração para o óleo de soja. Apesar da diferença na composição de ácidos graxos
entre os dois tipos de óleos, ambos comportaram-se de forma similar apresentando alteração
acima dos limites recomendados por alguns países para óleos de fritura a partir de 6,25
horas de uso. De acordo com os níveis de alteração encontrados neste estudo, conclui-se
que há necessidade de um maior controle de qualidade dos óleos vegetais utilizados em
frituras descontínuas.
SUMMARY
PALAVRAS-CHAVE
KEY WORDS
Óleo de soja; Mistura azeite de dendê - Óleo de soja;
Fritura descontínua; Batatas chips.
It is very important to understand the changes occurring in the oil during frying
processes, since this could lead to the optimization of the processes as well as to improvements
in the quality of the fried foods. The objective of this work was to study the behaviour of
soybean oil and a mixture of “dendê” oil and soybean oil (1:1) during a discontinuous process
for frying potatoes. For each type of oil, two frying procedures were conducted, both with
surface/volume ratios of 0.5 and 1.0cm-1. Fifteen potato batches were fried for each frying
process at 180°C, and samples were collected for each oil type after 0.25, 1.25, 2.25, 3.25,
4.25, 5.25, 6.25 and 7.25 hours of frying. The following determinations were made for each
of the samples: free fatty acids (%, expressed as oleic acid), peroxide index (mEq/Kg), refractive
index (40°C) and total polar compounds (%). The fatty acid composition (% area) was
determined in the original samples, and viscosity (mPa.s), in the original and final samples.
The analytical determinations applied to the samples showed increases in the values with
time of frying, with the exception of the refractive index for the soybean oil. In spite of the
differences in the fatty acid composition between the two types of oil, both behaved in a
similar way, showing alterations to above the limits recommended by some countries for
frying oils after more than 6.25 hours of use. According to the levels of alteration found in
this study, it was concluded that there was a need to improve the quality control of the
vegetable oils used during discontinuous frying.
Soybean oil; “Dendê” and Soybean oil mixture;
Discontinuous frying; Chips.
Braz. J. Food Technol., v.6, n.2, p. 245-249, jul./dez., 2003
245
Recebido / Received: 25/04/2002. Aprovado / Approved: 13/05/2002.
MALACRIDA, C. R.; JORGE, N.
1. INTRODUÇÃO
O consumo de produtos fritos vem apresentando um
aumento significativo nos últimos tempos. Isto se deve,
principalmente, ao fato da fritura ser um método rápido de
preparação de alimentos que resulta em produtos com
características agradáveis de sabor e aroma. Entretanto, o uso
repetitivo dos óleos de fritura produz compostos que podem
colocar a saúde do consumidor em risco.
Já existem evidências de que óleos e gorduras
aquecidos e altamente oxidados podem possuir propriedades
carcinogênicas devido a substâncias potencialmente tóxicas.
Além disso, o valor nutricional dos óleos de fritura é afetado
pela perda de ácidos graxos poliinsaturados, os quais são
importantes para o metabolismo humano (TYAGI; VASISHTHA,
1996).
As alterações que ocorrem em um óleo durante o
processo de fritura são provenientes de reações hidrolíticas,
térmicas e oxidativas. A intensidade com que estas reações
ocorrem depende de vários fatores, tais como: temperatura e
tempo de fritura, relação superfície/volume do óleo, tipo de
aquecimento, tipo do óleo empregado, adição de óleo novo e
natureza do alimento a ser frito.
O óleo é um dos componentes mais críticos em um
sistema de fritura. A sua degradação depende da maior ou
menor presença de ácidos graxos insaturados em sua
composição. Óleos vegetais que possuem uma grande
quantidade de ácidos graxos poliinsaturados estão mais sujeitos
a oxidação do que óleos que possuem maior quantidade de
ácidos graxos saturados (LOLOS et al., 1999).
O efeito da relação superfície/volume também é um
fator importante a ser considerado no estudo da degradação
do óleo de fritura. Quanto maior esta relação, maior a taxa de
degradação do óleo. Isto acontece porque a superfície
específica de óleo em contato com o ar está diretamente
relacionada com o desenvolvimento das reações oxidativas.
Portanto, sendo esta superfície grande tem-se uma velocidade
de alteração elevada (PÉREZ-CAMINO, 1986).
Existe uma ampla variedade de métodos analíticos que
são utilizados para avaliação dos óleos de fritura (STEVENSON
et al., 1984; WHITE, 1991; ORTHOEFER; COOPER, 1996). De
um lado, estão os métodos que quantificam de forma direta
os compostos de alteração, entre os quais se destacam a
determinação de compostos polares e a determinação
específica dos compostos de polimerização, oxidação e hidrólise
(DOBARGANES; PÉREZ-CAMINO, 1988), os quais estão
relacionados com os três tipos de alterações mais importantes
que se dão durante o processo de fritura.
De outro lado, estão os índices analíticos rápidos,
sensíveis e reprodutíveis que são de grande utilidade para a
avaliação da evolução do óleo de fritura em aplicações diretas.
Entre estes métodos se encontram a determinação de ácidos
graxos livres, o índice de peróxidos, o índice de iodo, as medidas
de viscosidade, dienos e trienos conjugados e outros (MASSON
et al., 1997).
Braz. J. Food Technol., v.6, n.2, p. 245-249, jul./dez., 2003
Alterações do Óleo de Soja e da Mistura
Azeite de Dendê - Óleo de Soja em
Frituras Descontínuas de Batatas Chips
Embora o Brasil não possua legislação para a utilização
de óleos de fritura, muitos países, tais como Alemanha, Bélgica,
Holanda, Estados Unidos, Japão e Chile, possuem leis e
regulamentações de controle da qualidade dos óleos de fritura
que visam garantir a qualidade dos mesmos e dos alimentos
fritos (FIRESTONE, 1993).
O objetivo deste trabalho foi conhecer o
comportamento do óleo de soja e da mistura azeite de dendê
- óleo de soja (1:1) durante a fritura descontínua de batatas
chips . Foram utilizadas duas relações superfície/volume
diferentes para cada tipo de óleo (1,0 e 0,5 cm-1), as quais
correspondem àquelas usadas nas frituras em frigideiras e em
tachos, respectivamente.
2. METODOLOGIA
2.1 Material
Foram utilizados, para os ensaios de fritura descontínua
de batatas, óleo de soja da marca Sadia e a mistura azeite de
dendê - óleo de soja (1:1) da marca Cepêra, adquiridos no
mercado de São José de Rio Preto-SP.
Para cada tipo de óleo foram realizados dois procedimentos de fritura em uma panela de alumínio contendo 0,5
e 1,0 litro com relações superfície/volume de 0,5 e 1,0cm-1,
respectivamente. A temperatura empregada foi, em média,
180°C, cujo controle foi feito com o auxílio de um termômetro.
As batatas foram descascadas, cortadas em fatias (cerca
de 0,3cm de espessura), submersas em água até o momento
da fritura, escorridas e pesadas antes e após cada processo de
fritura.
Quinze lotes de batatas com aproximadamente 100
gramas foram fritos, para cada procedimento de fritura, por
um período de 5 minutos. Para cada lote foram empregados
intervalos de 25 minutos entre cada operação de fritura. Para
cada procedimento, o óleo foi aquecido por um período total
de 7 horas e 15 minutos, sem nenhuma reposição.
Antes de dar início aos ensaios de fritura, o óleo foi
submetido a um aquecimento por um período de tempo de
10 minutos para o estabelecimento de controle de temperatura
no recipiente de alumínio. Após a fritura de cada lote de
batatas, amostras de óleo foram tomadas a diferentes intervalos
de tempo (a primeira após 15 minutos e as demais em
intervalos de 1 hora), ou seja, após a primeira, terceira, quinta,
sétima, nona, décima primeira, décima terceira e décima quinta
fritura e, em seguida, foram estocadas em freezer à temperatura
de -18°C.
2.2 Métodos analíticos
• Ácidos graxos livres, expressos em ácido oléico
(%), conforme método proposto pela AOCS Ca 5a-40 (1988).
246
MALACRIDA, C. R.; JORGE, N.
• Índice de peróxidos, expressos em milequivalentes
de oxigênio ativo por kg de óleo, conforme método proposto
pela AOCS Cd 8-53 (1988).
• Índice de refração, determinado a 40°C conforme
método proposto pela AOCS Cc 7-25 (1988), mediante
Refratômetro de Abbé.
• Compostos polares totais, expressos em
porcentagem de área, obtidos mediante cromatografia em
coluna, conforme o método proposto pela IUPAC (WALTKING;
WESSELS, 1981) com uma pequena modificação: o uso de
hexano:éter etílico 90:10, ao invés de 87:13, para produzir
uma melhor separação da fração não polar (DOBARGANES et
al., 1984).
• Composição em ácidos graxos, expressa em
porcentagem de área, determinada através de cromatografia
em fase gasosa utilizando-se cromatógrafo HP 5890 com
detector de ionização de chama, coluna de sílica fundida BPX70,
50m de comprimento, 0,25µm de diâmetro interno,
temperatura programada entre 160-230°C, taxa de 2°C/min,
hidrogênio como gás de arraste, usando como referência
ésteres metílicos de ácidos graxos (FAME) da Sigma e Merck
para identificação. FAME foram preparados com metilato de
sódio (AENOR, 1991).
• Viscosidade, determinada a 40 ± 1°C, utilizandose um Reômetro Rotacional de Cilindros Concêntricos com
Sistema “Searle”, de acordo com o método clássico proposto
por KRIEGER; ELROD (1953).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
As características físico-químicas iniciais do óleo de soja,
da mistura azeite de dendê - óleo de soja (1:1) e do azeite de
dendê são mostradas na Tabela 1.
TABELA 1. Características físico-químicas originais do óleo
de soja, da mistura azeite de dendê - óleo de soja (1:1) e do
azeite de dendê.
Características*
Ácidos graxos livres (%)
Óleo de soja Azeite de dendê óleo de soja
Azeite de
dendê**
0,09
2,5
-
3,3
5,0
-
1,4672
1,4621
-
Compostos polares totais (%)
6,5
8,6
-
Viscosidade (mPa.s)
37
32
-
Índice de peróxidos (mEq/Kg)
Índice de refração (40°C)
Composição em ácidos graxos (% de área)
Ácido Palmítico (C16:0)
12,7
25,1
44,6
Ácido Esteárico (C18:0)
3,9
4,5
4,7
Ácido Oléico (C18:1n9)
23,6
33,5
40,4
Ácido Linoléico (C18:2n6)
55,3
33,8
9,9
Ácido Linolênico (C18:3n3)
4,5
3,1
0,4
* Valores obtidos da média de duas repetições.
** Fonte: SAMBANTHAMURTHI et al. (2000).
Braz. J. Food Technol., v.6, n.2, p. 245-249, jul./dez., 2003
Alterações do Óleo de Soja e da Mistura
Azeite de Dendê - Óleo de Soja em
Frituras Descontínuas de Batatas Chips
Pode-se verificar que a mistura azeite de dendê – óleo
de soja apresentou valores de compostos polares totais, ácidos
graxos livres e índice de peróxidos superiores aos do óleo de
soja, o que se deve provavelmente ao fato do azeite de dendê
não ter sido submetido a um processo de refinação. Observase também que a fração polar do óleo de soja original é de
6,5%, valor próximo aos encontrados por alguns pesquisadores
(PÉREZ-CAMINO et al., 1987; CUESTA et al., 1991), o que
significa que se trata de um óleo não alterado e, portanto, de
boa qualidade.
Com relação à composição em ácidos graxos, a
porcentagem total de ácidos graxos poliinsaturados (C18:2n6
+ C18:3n3) foi de 59,8% para o óleo de soja e de 36,9% para
a mistura azeite de dendê - óleo de soja. Tanto a porcentagem
total de ácidos graxos saturados (C16:0 + C18:0) quanto de
ácido graxo monoinsaturado (C18:1n9) foi mais elevada para
a mistura azeite de dendê - óleo de soja, apresentando,
respectivamente, valores de 16,6 e 23,6% para o óleo de soja
e de 29,6 e 33,5% para a mistura azeite de dendê - óleo de
soja. Estes valores são semelhantes aos encontrados por outros
autores (MASSON et al., 1999; LOLOS et al., 1999).
A quantidade de ácido linolênico (C18:3n3) mostrouse superior a 2% para ambos os óleos, valor este considerado
limite por alguns países como Bélgica, Chile e França, para
óleos vegetais utilizados em frituras. O óleo de soja apresentou
4,5% de ácido linolênico e a mistura azeite de dendê - óleo de
soja 3,1%.
De maneira geral, os limites permitidos para compostos
polares totais oscilam entre 25 e 27% e para ácidos graxos
livres entre 1 e 2,5%. O índice de peróxidos não deve
ultrapassar o valor de 10 mEq/Kg de amostra e os óleos vegetais
utilizados devem apresentar menos de 2% de ácido linolênico
em sua composição (MASSON et al., 1999).
Nas Tabelas 2 e 3, são mostrados os resultados dos
índices analíticos escolhidos para acompanhar os processos
de fritura com óleo de soja e mistura azeite de dendê - óleo de
soja. Os valores de ácidos graxos livres para o óleo de soja
foram similares nas duas relações S/V utilizadas (Tabela 2). O
aumento da amostra final foi de 5,3 e 4,7 vezes o valor da
amostra inicial para relações S/V de 0,5 e 1,0cm -1 ,
respectivamente. Conforme Tabela 3, a mistura azeite de dendê
- óleo de soja também mostrou comportamento similar dos
valores de ácidos graxos livres para as duas relações S/V,
entretanto, o aumento da acidez livre das amostras finais em
relação às iniciais foi inferior quando comparado com o óleo
de soja. Tal fato confirma a maior tendência que o óleo de soja
possui de desenvolver alterações hidrolíticas, o que pode estar
atribuído à quebra ou oxidação das duplas ligações presentes
em maiores quantidades (PAUL; MITTAL, 1997).
O aumento de acidez livre para as amostras finais da
mistura azeite de dendê - óleo de soja foi de 23,6 e 26,4% em
relação às amostras iniciais para relações S/V de 0,5 e 1,0 cm-1,
respectivamente. Os elevados valores de acidez livre
encontrados para as amostras finais da mistura azeite de dendê
- óleo de soja se devem, também, à condição inicial do óleo,
que já apresentava um valor de acidez livre bastante elevado
(2,5%).
247
MALACRIDA, C. R.; JORGE, N.
TABELA 2. Valores de ácidos graxos livres, índice de peróxidos,
índice de refração e compostos polares para óleo de soja,
utilizado em frituras de batatas chips, à temperatura de 180°C
e relações superfície/volume (S/V) de 0,5 e 1,0cm-1.
Fritura
Tempo Ácidos graxos Índice de peróxidos
Índice de
Compostos
(horas) livres (%)*
(mEq/kg)*
refração (40°C)* polares (%)*
S/V = 0,5 cm-1
1
0,25
0,15
4,61
1,4672
8,50
3
1,25
0,20
18,20
1,4672
10,30
5
2,25
0,25
16,85
1,4672
17,30
7
3,25
0,23
12,85
1,4672
15,10
9
4,25
0,26
10,80
1,4672
16,60
11
5,25
0,31
9,31
1,4671
18,10
13
6,25
0,40
14,55
1,4671
21,60
15
7,25
0,48
11,70
1,4671
31,30
S/V = 1,0 cm-1
1
0,25
0,11
7,27
1,4673
11,14
3
1,25
0,14
6,48
1,4673
12,24
5
2,25
0,17
19,90
1,4673
13,28
7
3,25
0,20
10,24
1,4675
14,73
9
4,25
0,23
8,22
1,4678
19,21
11
5,25
0,25
9,37
1,4680
22,72
13
6,25
0,34
20,28
15
7,25
0,42
33,44
* Valores obtidos da média de duas repetições.
1,4681
25,38
1,4685
27,50
TABELA 3. Valores de ácidos graxos livres, índice de peróxidos,
índice de refração e compostos polares para a mistura azeite
de dendê - óleo de soja, utilizada em frituras de batatas chips,
à temperatura de 180°C e relações superfície/volume (S/V) de
0,5 e 1,0cm-1.
Fritura
Tempo Ácidos graxos Índice de peróxidos
Índice de
Compostos
(horas) livres (%)*
(mEq/kg)*
refração (40°C)* polares (%)*
S/V = 0,5 cm-1
1
0,25
2,51
8,05
1,4621
3
1,25
2,64
9,10
1,4622
10,58
12,94
5
2,25
2,76
9,29
1,4625
14,26
16,46
7
3,25
2,88
10,55
1,4626
9
4,25
2,96
15,10
1,4629
18,44
11
5,25
2,99
17,27
1,4630
21,92
13
6,25
3,02
20,98
1,4634
27,38
15
7,25
3,09
24,25
1,4636
29,65
2,56
8,79
1,4622
11,98
13,78
S/V = 1,0 cm-1
1
0,25
3
1,25
2,67
15,67
1,4623
5
2,25
2,79
20,06
1,4625
15,61
7
3,25
2,82
25,03
1,4628
18,20
20,40
9
4,25
2,85
25,88
1,4629
11
5,25
2,87
31,00
1,4632
22,71
13
6,25
2,91
25,48
1,4634
28,50
1,4639
31,25
15
7,25
3,16
35,13
* Valores obtidos da média de duas repetições.
O índice de peróxidos apresentou aumento em função
do tempo de fritura e da relação S/V para a mistura azeite de
Braz. J. Food Technol., v.6, n.2, p. 245-249, jul./dez., 2003
Alterações do Óleo de Soja e da Mistura
Azeite de Dendê - Óleo de Soja em
Frituras Descontínuas de Batatas Chips
dendê - óleo de soja, enquanto para o óleo de soja apresentou
um comportamento instável no decorrer do processo. Segundo
CUESTA et al. (1991) este índice aumenta no início do processo
de fritura até que se aproxime a 20 horas de utilização do óleo
e, a partir deste momento, começa diminuir, o que é justificado
pela for mação de outros compostos a par tir dos
hidroperóxidos. Devido à rápida decomposição dos
hidroperóxidos, em temperaturas utilizadas no processo de
fritura, este índice analítico não é um bom método de controle
para óleos utilizados em frituras (STEVENSON et al., 1984;
MASSON et al., 1997).
Na Tabela 2 pode-se verificar que as amostras finais do
óleo de soja apresentaram um aumento do índice de peróxidos
de 5,5 e 10,4 vezes o valor da amostra inicial para relações S/V
de 0,5 e 1,0cm-1, respectivamente. Para a mistura azeite de
dendê - óleo de soja, este aumento foi de 4,5 e 7,5 vezes para
relações S/V de 0,5 e 1,0cm-1, respectivamente (Tabela 3).
As variações no índice de refração estão relacionadas
com alterações oxidativas e com a polimerização do óleo de
fritura (TYAGI; VASISHTHA, 1996). A mistura azeite de dendê óleo de soja apresentou comportamento bastante similar com
relação ao índice de refração para as duas relações S/V, o que
não foi observado para o óleo de soja (Tabelas 2 e 3). Estes
resultados foram semelhantes aos encontrados por outros
autores, nos quais o índice de refração tem apresentado
resultados contraditórios (CUESTA et al. , 1991; TYAGI;
VASISHTHA, 1996).
Como pode verificar nas Tabelas 2 e 3,
independentemente da relação superfície/volume (S/V), as
porcentagens de compostos polares totais mostraram-se
similares para os dois tipos de óleos, apresentando valores
para as amostras finais três a quatro vezes maiores que para
as iniciais. Tais valores demonstram que o óleo de soja e a
mistura azeite de dendê - óleo de soja apresentaram valores
de compostos polares totais superiores a 25%, ou seja, valores
acima do limite permitido por alguns países (MASSON et
al.,1999). O óleo de soja apresentou valores de compostos
polares totais acima de 25% a partir de 6,25 e 7,25 horas de
fritura, para relações S/V de 0,5 e 1,0cm-1, respectivamente. A
mistura azeite de dendê - óleo de soja apresentou valores acima
de 25% a partir de 6,25 horas de fritura, para as duas relações
S/V.
O aumento da viscosidade também está relacionado
com a polimerização do óleo de fritura. As viscosidades iniciais
do óleo de soja e da mistura azeite de dendê - óleo de soja
foram de 37 e 32 mPa.s, respectivamente. Neste trabalho, a
viscosidade aumentou com o tempo de fritura e com a relação
S/V. O óleo de soja e a mistura azeite de dendê - óleo de soja
apresentaram, para as amostras finais, valores de viscosidade
de 40 e 45 mPa.s e de 42 e 45 mPa.s para relações S/V de 0,5
e 1,0cm -1 , respectivamente. Valores similares foram
encontrados por outros pesquisadores na análise de amostras
de óleos submetidos à fritura descontínua de batatas (MASSON
et al., 1997; 1999).
248
MALACRIDA, C. R.; JORGE, N.
4. CONCLUSÕES
Alterações do Óleo de Soja e da Mistura
Azeite de Dendê - Óleo de Soja em
Frituras Descontínuas de Batatas Chips
KRIEGER, I. M.; ELROD, H. Direct determination of the flow curves of
non-Newtonian fluids. II. Shearing rate in the concentric
viscosimeter. J. Appl. Phys., v.24, p.134, 1953.
• Os níveis de alteração encontrados neste estudo
demonstram a necessidade de melhorar a qualidade dos óleos
vegetais em processos de frituras descontínuas.
LOLOS, M.; OREOPOULOU, V.; TZIA,C. Oxidative stability of potato
chips: effect of frying oil type, temperature and antioxidants. J.
Sci. Food Agric, v.79, p.1524-1528, 1999.
• Ao longo do processo de fritura, verificou-se que a
partir de 6,25 horas de aquecimento, o óleo de soja e a mistura
azeite de dendê - óleo de soja apresentaram alterações acima
dos limites recomendados por alguns países (compostos
polares totais ≥ 25%).
MASSON, L.; ROBERT, P.; ROMERO, N.; IZAURIETA, M.; VALENZUELA,
S.; ORTIZ, J.; DOBARGANES, M.C. Comportamiento de aceites
poliinsaturados en la preparación de patatas fritas para consumo
inmediato: formación de nuevos compuestos y comparación de
métodos analíticos. Grasas y Aceites, v.48, n.5, p.273-281, 1997.
AGRADECIMENTOS
MASSON, L.; ROBERT, P.; IZAURIETA, M.; ROMERO, N.; ORTIZ, J. Fat
deterioration in deep fat frying of “french fries” potatoes at
restaurant and food shop sector. Grasas y Aceites, v.50, n.6,
p.460-468, 1999.
Ao PIBIC/CNPq pela concessão de bolsa de Iniciação
Científica e aos Laboratórios da Facultad de Ciencias Químicas
y Farmacéuticas, Universidad de Chile pela possibilidade de
realização das análises de cromatografia gasosa.
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