Centro de Ensino Unificado de Teresina – CEUT Faculdade de Ciências Humanas, Saúde, Exatas e Jurídicas de Teresina Coordenação do Curso de Bacharelado em Enfermagem Publicação Científica do Curso de Bacharelado em Enfermagem do CEUT. Ano 2010 (8). Edição 24 1 Mayara Lino dos Santos 1 Sara Thuany Brito de Castro Tharlles Mylle Brito Duarte da Costa 1 2 Selonia Patrícia Oliveira Sousa 3 Otacílio Batista de Sousa Nétto Os protozoários que causam doenças do sistema cardiovascular e linfático freqüentemente têm ciclos vitais complexos, e sua presença pode afetar gravemente os hospedeiros humanos. Dentre elas destacamos Plasmidium causador da malária caracterizada por calafrios, febre e freqüentemente por vômitos e cefaléia intensa. Estes sintomas surgem tipicamente em intervalos de 2 a 3 dias, alternando-se com períodos assintomáticos. A partir da publicação da matéria Amazônia concentra 99,9% dos casos de malária do Brasil vejamos as características clínicas e epidemiológicas da doença, bem como seus aspectos clínicos e laboratoriais, além de um breve panorama de seu processo saúde-doença. Amazônia concentra 99,9% dos casos de malária do Brasil4 Mais de 500 mil pessoas contraem malária a cada ano no Brasil, e 99,9% dos casos acontecem na Amazônia, de acordo com informações da Agência Amazônia. Segundo dados do Ministério da Saúde, a doença atinge 807 municípios brasileiros. Apesar da dificuldade em controlar a doença, que atinge três milhões de pessoas por ano em todo o mundo, um artigo científico publicado pela revisa Nature, produzido por pesquisadores das universidades Yale e Vanderbilt, descobriu novas técnicas para combater a malária. O estudo identificou receptores de odores do mosquito Anopheles gambiae, transmissor da doença. Ao identificar quais os odores que atraem o mosquito, a pesquisa abre a possibilidade de se criarem compostos para confundir ou atrair o mosquito para armadilhas. "Agora estamos pesquisando componentes que interajam com esses receptores. Compostos que confundam esses receptores, por exemplo, podem ser usados para diminuir a capacidade de o mosquito encontrar o homem. Ou compostos que os estimulem podem atrair os insetos para armadilhas", disse John Carlson, professor em Yale e líder da pesquisa. Figura 1 - Protozoário do gênero Plasmodium – agente causador da malária. 1 Acadêmicos do 3º período de Enfermagem Acadêmica-monitora do Observatório Epidemiológico 3 Professor- orientador da disciplina de epidemiologia do CEUT 4 Fonte: http://www.atarde.com.br/cidades em 06 de maio de 2010. 2 Observatório Epidemiológico | 18ª Semana Epidemiológica 1 Centro de Ensino Unificado de Teresina – CEUT Faculdade de Ciências Humanas, Saúde, Exatas e Jurídicas de Teresina Coordenação do Curso de Bacharelado em Enfermagem Figura 2 – 25/04 - Dia Mundial contra a Malária nas Américas – OPAS/ OMS, 2010. Características Clínicas e Epidemiológicas Descrição: Doença infecciosa febril aguda, cujos agentes etiológicos são protozoários transmitidos por vetores do gênero Plasmodium. Os parasitas da malária são transmitidos por mosquitos fêmeas do gênero Anofeles, multiplicam-se dentro das células sanguíneas vermelha. Possui importância epidemiológica pela sua elevada incidência na região amazônica e potencial gravidade clinica. Causam consideráveis perdas sociais econômicas na população sob risco, principalmente aquela que vive em condições precárias de habitação e saneamento. Sinonímia: Paludismo, impaludismo, febre palustre, febre intermitente, febre terçã benigna, febre terçã maligna, além de nomes populares, como maleita, sezão, tremedeira, batedeira ou febre. Agente etiológico: No Brasil Possui três espécies do Plasmodium que causam a Malária: P. malariae, P. vivax e P. falciparum. Reservatório: O homem é o único reservatório importante. Modo de transmissão: Através da picada da fêmea do mosquito Anopheles, infectada pelo plasmodium. Os esporozoítos, formas infectantes do parasito, são inoculados no homem sadio através da saliva da fêmea anofelina infectante. Esses mosquitos, ao se alimentarem em indivíduos infectados, ingerem as formas sexuadas do parasito - gametócitos - que se reproduzem no interior do hospedeiro invertebrado, durante 8 a 35 dias, eliminando esporozoítos, durante a picada. O vetor tem hábitos alimentares nos horários crepusculares, entardecer e amanhecer, todavia, em algumas regiões da Amazônia, apresentam-se com hábitos noturnos, picando durante todas as horas da noite. Não há transmissão direta da doença de pessoa a pessoa. Raramente podem ocorrer transmissões, através transfusão de sangue infectado, uso compartilhado de seringas e, mais raro ainda, por via congênita. Período de incubação: Varia de acordo com a espécie de plasmódio: P. falciparum, de 8 a 12 dias; P. vivax, 13 a 17; e para P. malariae, 18 a 30 dias. Observatório Epidemiológico | 18ª Semana Epidemiológica 2 Centro de Ensino Unificado de Teresina – CEUT Faculdade de Ciências Humanas, Saúde, Exatas e Jurídicas de Teresina Coordenação do Curso de Bacharelado em Enfermagem Figura 3 – Mosquito Anofeles vetor da malária Período de transmissibilidade: O mosquito é infectado, ao sugar o sangue de uma pessoa com gametócitos circulantes. Os gametócitos surgem, na corrente sanguínea, em períodos que varia de poucas horas para o P. vivax, e de 7 a 12 dias para o P. falciparum. A pessoa pode ser fonte de infecção, para malária, causada por P. falciparum, por até 1 ano; P. vivax, até 3 anos; e P. malariae, por mais de 3 anos. Susceptibilidade e imunidade: A susceptibilidade humana é universal. A imunidade absoluta é desconhecida; no entanto, a diminuição da intensidade da infecção e da incidência, observada em idosos residentes em áreas endêmicas, tem sido atribuída ao desenvolvimento de resistência contra o agente. Apesar disso, o desenvolvimento de imunidade, como conseqüência à infecção, ainda não está bem definido. Aspectos Clínicos e Laboratoriais Manifestações Clínicas - Tríade febre - Dor de cabeça - Mialgia - Calafrio - Mal-estar - Náusea - Sudorese - Tontura - entre outros. Diagnóstico Diferencial Febre tifóide, febre amarela, leptospirose, hepatite infecciosa, calazar e outros processos febris. Na fase inicial, principalmente na criança, a malária confunde-se com outras doenças infecciosas dos tratos respiratórios, urinário e digestivo, quer de etiologia viral ou bacteriana. No período de febre intermitente, pode ser confundida com infecções urinárias, tuberculose, salmoneloses septicêmicas, calazar, endocardite bacteriana e leucoses. Figura 4 - Figura enfatiza do Dia da malária nas Américas Diagnóstico Laboratorial É realizado pela demonstração do parasito, ou de antígenos relacionados, no sangue periférico do paciente, através dos métodos diagnósticos especificados. Como a Gota espessa, que é adotado oficialmente no Brasil para o diagnóstico da malária. Observatório Epidemiológico | 18ª Semana Epidemiológica 3 Centro de Ensino Unificado de Teresina – CEUT Faculdade de Ciências Humanas, Saúde, Exatas e Jurídicas de Teresina Coordenação do Curso de Bacharelado em Enfermagem Prevenção e Tratamento A prevenção inclui: erradicação do mosquito, drogas profiláticas, e prevenção de picadas de mosquitos. Ainda não existe vacina mais o melhor tratamento da malária visa principalmente à interrupção da esquizogonia sangüínea, responsável pela patogenia e manifestações clínicas da infecção. Entretanto, pela diversidade do seu ciclo biológico, é também objetivo da terapêutica proporcionar a erradicação de formas latentes do parasita no ciclo tecidual (hipnozoítos) do P. vivax, evitando assim as recaídas tardias. OMS quer melhorar eficácia do diagnóstico de malária. A Organização Mundial da Saúde (OMS) quer analisar todos os testes de diagnósticos de malária presentes no mercado para determinar a efetividade e lutar de forma mais efetiva contra a doença no Dia Mundial da Malária (25 de abril) [que foi instituído pela Assembléia Mundial da Saúde, na sua sessão de 60 maio 2007, para reconhecer o esforço global para que o controle da malaria seja eficaz]. A OMS quer destacar a importância dos testes de diagnósticos e como estes revolucionaram a luta contra uma das doenças mais mortíferas. "Estes testes rápidos representaram um salto qualitativo no controle de malária. Permitem diagnósticos em pessoas que não têm acesso a um microscópio porque vivem em áreas rurais, onde são registrados os casos de malária", disse em comunicado Robert Newman, diretor do Programa Mundial contra a Malária da OMS. Recentemente, a Agência Sanitária das Nações Unidas acaba de realizar uma avaliação de 29 testes de diagnóstico e 16 deles não cumprem os critérios necessários. A malária mata anualmente 860 mil pessoas, a maioria crianças africanas (vide figura 5). Figura 5- Distribuição global da malária, OMS/OPAS, 2009 Situação atual da Malária no Brasil O quadro epidemiológico da malária no Brasil é preocupante nos dias atuais. Embora em declínio, o número absoluto de casos no ano de 2008 ainda foi superior a 300.000 pacientes em todo o país. Desses, 99,9% foram transmitidos nos Estados da Amazônia Legal, sendo o Plasmodium vivax a espécie causadora de quase 90% dos casos. No entanto, a transmissão do P. falciparum, sabidamente responsável pela forma grave e letal da doença, tem apresentado redução importante Observatório Epidemiológico | 18ª Semana Epidemiológica 4 Centro de Ensino Unificado de Teresina – CEUT Faculdade de Ciências Humanas, Saúde, Exatas e Jurídicas de Teresina Coordenação do Curso de Bacharelado em Enfermagem nos últimos anos. Além disso, a frequência de internações por malária no Brasil também vem mostrando declínio, ficando em 0,09% no ano de 2008. A distribuição espacial do risco de transmissão da doença no Brasil é apresentada na Figura 3. Figura 6 – Classificação das áreas de risco para malária segundo a Incidência Parasitária Anual (IPA). SVS/MS, 2009 Até a década de 80, houve relativa equivalência entre as espécies parasitárias (P. vivax e P. falciparum) inclusive com um período de inversão parasitária de 1983 a 1988 com predominância de P. falciparum. A partir de então, nota-se um distanciamento no número de registro das duas espécies, que culminou com a predominância do P. vivax, responsável por quase 85% dos casos notificados em 2008 (figura 7). Figura 7 - Registro de casos de malária e espécies parasitárias (P. falciparum e P. vivax), Brasil, 1960-2008. . Observatório Epidemiológico | 18ª Semana Epidemiológica 5 Centro de Ensino Unificado de Teresina – CEUT Faculdade de Ciências Humanas, Saúde, Exatas e Jurídicas de Teresina Coordenação do Curso de Bacharelado em Enfermagem SESAPI realiza curso de diagnóstico de Malária em Valença Servidores estaduais de Valença, Bom Jesus, Paulistana e Uruçuí participaram em fevereiro de 2006, do curso de Diagnóstico Hemocóspico da Malária, realizado na sede da 7ª Gerência Regional de Saúde em Valença, por profissionais da Secretaria de Saúde do Estado (SESAPI). A malária havia sido erradicada na década de 80 e em 2000 reapareceu e houve um surto da doença em 2004 no Piauí com o aparecimento de casos em seis municípios. Mauro Fernando (coordenador do Programa de Controle da Malária do Estado) informou que o Governo está tentando descentralizar as ações de laboratório para mais rápido fazer o diagnóstico e o tratamento. O médico Zacarias Delmonte explicou que quando há reincidência da doença, a febre é em dias alternados. Pessoas que chegam das Guianas Francesa e Inglesa, dos Estados do Pará, Amazonas e Mato Grosso são os maiores portadores da doença provocada por um mosquito ou por transfusão de sangue. “Os garimpeiros são os maiores portadores da doença. ”Isso porque a pessoa chega com a malária e infecta o mosquito. Referências GILLES, H. M. Tratamento da Malária Grave e Complicada: Condutas Praticas. Distrito Federal, Editora Brasil, 2006. Brasil. Ministério da Saúde. Guia para profissionais de saúde sobre prevenção da malária em viajantes. – Brasília - DF, 2008. ______. Ministério da Saúde. Guia de Vigilância Epidemiológica. 7 ed. Brasília - DF, 2009. ______. Ministério da Saúde. Guia de Vigilância Epidemiológica. 6 ed. Brasília – DF, 2005. ______. Ministério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde - Departamento de Vigilância Epidemiológica - DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS - GUIA DE BOLSO - 4ª edição ampliada http://www.pdamed.com.br/doeinfpar/pdamed_0001_0047.php. Acessado em: 21/04/2010. _______, Ministério da Saúde. Distribuição da malária no Brasil e no mundo. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/area.cfm?id_area=1526. Acessado em 21/04/2010. _______, Ministério da Saúde de Vigilância em Saúde - Malaria no Brasil , Coordenação Geral do Programa Nacional de Controle da Malária, Brasília – DF. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/situacao_da_malaria_site_svs_28_12.pdf. Publicado em: 28/12/2009. Acessado em 21/04/2010. SESAPI, Sesapi realiza curso de diagnóstico de Malária em Valença. Disponível em http://www.pi.gov.br/materia.php?id=17494. Acesso em 06 mai.2010. TORTORA, G. J; FUNKE, B. R; CASE, C. L. Microbiologia. 8 ed. Porto Alegre: Artumed, 2005. Observatório Epidemiológico | 18ª Semana Epidemiológica 6