INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA - IBRATI SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA - SOBRATI MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM TERAPIA INTENSIVA ROSILENE DE OLIVEIRA FARIA CUIDADOS PALIATIVOS ONCOLÓGICOS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA E FUNÇÃO DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR: uma revisão integrativa Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Tadine SÃO PAULO – SP 2015 ROSILENE DE OLIVEIRA FARIA CUIDADOS PALIATIVOS ONCOLÓGICOS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA E FUNÇÃO DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR: uma revisão integrativa Tese de Mestrado apresentado à Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva- SOBRATI como requisito final para conclusão do mestrado profissionalizante em terapia intensiva. Orientador: Professor Dr. Rodrigo Tadine São Paulo 2015 FARIA, O. R. Cuidados Paliativos Oncológicos em Unidade de Terapia Intensiva e Função da Equipe Multidisciplinar: uma revisão integrativa. 19 Págs. Tese de Mestrado, orientado pelo professor Dr. Rodrigo Tadine. Mestrado Profissionalizante. São Paulo, 2015. RESUMO Introdução: a prática da assistência terminal humanizada na perspectiva das fases do luto e da terminalidade, são questões relevantes aos cuidados paliativos e à bioética, apresentando como desafio real aos serviços e equipes de saúde, o que indica a necessidade de novas investigações para o aprimoramento contínuo de sua prática e o proporcionar uma morte com dignidade, sem propor a eutanásia. Dentro deste contexto, os Cuidados Paliativos (CP), se inserem como uma medida extremamente necessária, com a certeira abordagem de promover a qualidade de vida, de prevenir e aliviar o sofrimento de indivíduos e de seus familiares diante de doenças que ameaçam a continuidade da existência. o enfoque terapêutico visa o alivio dos sintomas que comprometem a qualidade de vida , prioriza uma equipe multiprofissional , que deve ser composta por enfermeiro , psicólogo , médico , assistente social , farmacêutico , nutricionista , fisioterapeuta , fonoaudiólogo , terapeuta ocupacional e dentista , uma vez que trata-se de uma abordagem complexa que necessita compreender todas as dimensões do ser cuidado e de sua família , exigindo uma postura reflexiva dos profissionais de saúde em relação as práticas de cuidado. A unidade de terapia intensiva (UTI) é um local em que a tecnologia é utilizada para salvar a vida ou restabelecer o estado funcional do paciente, consequentemente aumentando o controle sobre a morte e prolongando a existência do enfermo. Objetivos: Analisar as evidências disponíveis na literatura sobre cuidados paliativos oncológicos na Unidade de Terapia Intensiva e descrever a atuação da equipe multidisciplinar no âmbito da Unidade de Terapia Intensiva. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa qualitativa, utilizando como metodologia a revisão integrativa explorando as seguintes bases de dados: Base de Dados de Enfermagem (BDENF), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (SCIELO). Resultados: Foram identificados nas Bases de dados 27 artigos, sendo deste selecionado 12 artigos pertinentes a temática. Conclusão: Com a inserção dos cuidados paliativos oncológicos na UTI, o importante, juntamente com os recursos farmacológicos e tecnológicos, é sempre pensar no bem-estar do doente e de sua família, requer prioritariamente um trabalho interdisciplinar, que prima pela complementação dos saberes, partilha de responsabilidades, tarefas e cuidados e negação da simples sobreposição entre as áreas envolvidas. Palavras-chaves: neoplasias, cuidados paliativos, unidade de terapia intensiva, equipe multidisciplinar. FARIA, O.R. Oncology Palliative Care in the Intensive Care Unit and function of the multidisciplinary team: an integrative review. 19 Pages. Master's thesis, directed by Instructor Dr. Rodrigo Tadine. Professional Masters. São Paulo, 2015. ABSTRACT Introduction: the practice of humane terminal care in view of the stages of grief and terminally are relevant issues to palliative care and bioethics, showing how real challenge to health services and teams, indicating the need for further research to improve continued its practice and provide a death with dignity, without proposing euthanasia. Within this context, Palliative Care (PC), are inserted as an extremely necessary measure, with accurate approach of promoting the quality of life, prevent and alleviate the suffering of individuals and their families facing diseases that threaten the continuity of existence. The therapeutic approach aimed at relief of symptoms that compromise the quality of life, emphasizes a multidisciplinary team, which must include nurse, psychologist, doctor, social worker, pharmacist, dietitian, physiotherapist, speech therapist, occupational therapist and dentist, since it is a complex approach that need to understand all the dimensions of the care and his family, demanding a reflexive posture of health professionals regarding the care practices. The intensive care unit (ICU) is a place where the technology is used to save the life or restore the functional status of the patient, thereby increasing the control over death and prolonging the existence of the patient. Objectives: Analyze the available evidence in the literature on cancer palliative care in the intensive care unit and describe the work of the multidisciplinary team within the Intensive Care Unit. Methodology: This is a qualitative study using as methodology the integrative review exploring the following databases: Nursing Database (BDENF), Latin American and Caribbean Health Sciences (LILACS) and Scientific Electronic Library Online (SCIELO). Results: We identified in Databases 27 articles, and 12 relevant articles selected this theme. Conclusion: With the inclusion of cancer palliative care in the ICU, important along with the pharmacological and technological resources, is always thinking of the welfare of the patient and his family, primarily requires an interdisciplinary work, which strives for complementation of knowledge, sharing responsibilities, tasks and care and denial of the simple overlap between the areas involved. Keywords: cancer, palliative care, intensive care unit, multidisciplinary team. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................06 2. OBJETIVOS..............................................................................................................07 3. METODOLOGIA......................................................................................................08 4. REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................10 5. CONCLUSÃO............................................................................................................17 REFERENCIAS..........................................................................................................18 1 INTRODUÇÃO O Ministério da Saúde, Instituto Nacional do Câncer (INCA) afirmam que, o câncer é o nome geral dado a um conjunto de mais de 100 doenças, considerado uma neoplasia maligna tendo em comum o crescimento desordenado de células, podendo invadir outras estruturas orgânicas. As células cancerosas ao invés de sofrer a apoptose, continuam crescendo incontrolavelmente, formando outras células anormais, acarretando transtornos funcionais, em muitas vezes, resistente ao tratamento e causa morte ao hospedeiro (INCA, 2011). A carga global em 2030 será de 21,4 milhões de casos novos de câncer e 13,2 milhões de mortes por câncer, em consequência do crescimento e envelhecimento populacional bem como da redução na mortalidade infantil e nas mortes por doenças infecciosas em países em desenvolvimento. No Brasil a estimativa para o ano de 2014, que será valida para o ano de 2015, aponta para a ocorrência de aproximadamente 576 mil casos novos de câncer (INCA, 2014). Segundo a Organização Mundial de saúde (OMS), cuidados paliativos (CP), são abordagens que promovem a qualidade de vida de pacientes e seus familiares, que enfrentam doenças que ameacem a continuidade da vida, através da prevenção e alívio do sofrimento. Requer a identificação precoce, avaliação e tratamento da dor e outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual (MATSUMOTO, 2012). Paiva, Almeida Junior e Damásio (2014) consideram a prática da assistência terminal humanizada na perspectiva das fases do luto e da terminalidade, questões relevantes aos cuidados paliativos e à bioética, apresentando como desafio real aos serviços e equipes de saúde, o que indica a necessidade de novas investigações para o aprimoramento contínuo de sua prática e o proporcionar uma morte com dignidade, sem propor a eutanásia; portanto muitos profissionais de saúde desconhecem técnicas de paliação e são escassas as publicações dirigidas para esta área de atuação. Conforme Silveira et al. (2014), o enfoque terapêutico visa o alivio dos sintomas que comprometem a qualidade de vida, prioriza uma equipe multiprofissional, que deve ser composta por enfermeiro, psicólogo, médico, assistente social, farmacêutico, nutricionista, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional e dentista, uma vez que trata-se de uma abordagem complexa que necessita compreender todas as dimensões do ser cuidado e de sua família, exigindo uma postura reflexiva dos profissionais de saúde em relação as práticas de cuidado. A unidade de terapia intensiva (UTI) é um local em que a tecnologia é utilizada para salvar a vida ou restabelecer o estado funcional do paciente, consequentemente aumentando o controle sobre a morte e prolongando a existência do enfermo. Entretanto, quando se trata de pacientes terminais, há a imperiosa necessidade de se estabelecer limites entre a melhor qualidade possível de vida e o prosperar desta (CARDOSO, 2013). Nos últimos anos, avanços nos cuidados dos pacientes com câncer possibilitaram maior probabilidade de controle ou cura da doença. Entretanto, os usos de tratamentos quimioterápicos e cirúrgicos mais agressivos implicam diretamente na maior utilização de leitos da Unidade de Tratamento Intensivo, por conseguinte, se torna imprescindível proporcionar uma atenção específica e contínua ao enfermo e à sua família, evitando uma morte caótica e com grande sofrimento (SILVA, 2013). 2 OBJETIVOS Objetivo Geral Analisar as evidências disponíveis na literatura sobre cuidados paliativos oncológicos na Unidade de Terapia Intensiva. Objetivo específico Descrever a atuação da equipe multidisciplinar no âmbito da Unidade de Terapia Intensiva. 3 MATERIAIS E MÉTODOS A Prática Baseada em Evidências (PBE) é uma abordagem de solução dos problemas para a realização do cuidado em saúde (MELNYK et al., 2010). Para Dicenso, Ciliska e Guyatt (2005), a PBE é a integração da melhor evidência oriunda de pesquisa com a expertise clínica do profissional e os valores do paciente para facilitar a tomada de decisão na prática clínica. Na PBE, há necessidade de elaboração de métodos de revisão, os quais têm como principal propósito buscar, avaliar criticamente e sintetizar as evidências disponíveis do tópico investigado. A revisão integrativa (RI) é um método de revisão que permite a busca, a avaliação crítica e a síntese das evidências disponíveis do tópico investigado, sendo o seu produto final o estado atual do conhecimento do tema estudado, bem como a identificação de lacunas que direcionam para o desenvolvimento de futuras pesquisas. Trata-se do método de revisão mais amplo, uma vez que permite a inclusão de estudos com diferentes delineamentos de pesquisa (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008). 3.1 Busca de estudos primários nas bases de dados Na presente revisão integrativa, foram extraídos artigos nas bases de dados de Enfermagem (BDENF), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (SCIELO), utilizando os descritores “neoplasia” and “cuidados paliativos” and “unidade de terapia intensiva” and “equipe multidisciplinar” ,artigos publicados entre os anos de 2010 à 2015, a qual resultou um total de 27 (vinte e sete) documentos, destes, 12 (doze) foram excluídos por não estarem dentro do período de tempo estipulado nesse estudo (2010-2015). 3.2 Critérios de Inclusão e Exclusão Os critérios de inclusão delimitados para a condução da revisão integrativa foram: estudos primários que abordavam sobre cuidados paliativos em oncologia na Unidade de Terapia Intensiva e equipe multidisciplinar, publicados em português, no período entre 2010 a 2015. Os artigos em inglês foram posteriormente traduzidos e bibliografias que correspondem a pesquisa por serem considerados grandes clássicos no tratamento de Unidade de Terapia Intensiva. Os critérios de exclusão foram: publicações incompletas ou que não atendam a necessidade da pesquisa. 4 REFERENCIAL TEÓRICO Enormes progressões ocorreram no tratamento das neoplasias nos últimos vinte anos, principalmente devido às novas drogas quimioterápicas, à radioterapia e aos transplantes de medula óssea. No entanto, essas novas terapias podem provocar uma série de efeitos colaterais, comprometendo quase todas as funções orgânicas. A própria neoplasia pode ocasionar complicações clínicas com risco imediato de vida, como o tamponamento cardíaco, aumento da pressão intracraniana, convulsões, síndrome da veia cava superior, síndrome de lise tumoral espontânea, ou devido à compressão tumoral, causando insuficiência respiratória, renal ou obstrução intestinal (INCA, 2014). No âmbito hospitalar é na Unidade de Terapia Intensiva, que se concentra o maior número de pacientes críticos e dentre estes há pacientes com situações clínicas reversíveis, do mesmo modo pacientes com doenças crônicas, sem perspectiva terapêutica de cura e que evoluem para estágio de terminalidade (BARROS et al, 2012). O Cuidado Paliativo não se baseiam em protocolos, mas em princípios. Indica-se o cuidado desde o diagnóstico que se constituem em conhecimentos inerentes às diversas especialidades, possibilidades de intervenção clínica e terapêutica nas diversas áreas de conhecimento da ciência médica e de conhecimentos específicos (Matsumoto, 2012). Os princípios dos CP são: 1. Promover o alívio da dor e outros sintomas desagradáveis; 2. Afirmar a vida e considerar a morte como um processo normal da vida; 3. Não acelerar nem adiar a morte; 4. Integrar os aspectos psicológicos e espirituais no cuidado ao paciente; 5. Oferecer um sistema de suporte que possibilite o paciente viver tão ativamente quanto possível, até o momento da sua morte; 6. Oferecer sistema de suporte para auxiliar os familiares durante a doença do paciente e a enfrentar o luto; 7. Abordagem multiprofissional para focar as necessidades dos pacientes e seus familiares, incluindo acompanhamento no luto; 8. Melhorar a qualidade de vida e influenciar positivamente o curso da doença; 9. Deve ser iniciado o mais precocemente possível, juntamente com outras medidas de prolongamento da vida, como a quimioterapia e a radioterapia e incluir todas as investigações necessárias para melhor compreender e controlar situações clínicas estressantes. O cuidado paliativo é tradicionalmente objeto de ação na área oncológica, embora possa ser utilizado em qualquer situação de terminalidade. Isso se deve ao fato de que 70% dos pacientes diagnosticados com câncer no mundo irão morrer em decorrência da doença que, normalmente, é acompanhada de sofrimentos (CARDOSO, 2013). É notório que a assistência paliativa, por se tratar de uma abordagem complexa e que objetiva atender todas as dimensões do ser cuidado e de sua família, prioriza uma equipe multidisciplinar para alcançar esse propósito, tornandose fundamental que o profissional adote uma postura reflexiva em relação às práticas de cuidado, de modo que as instituições hospitalares ressaltam a importância da formação de recursos humanos qualificados nas unidades de terapia intensiva que visem à dignidade e totalidade do ser humano (ARAUJO e LINCH, 2011; CARDOSO, 2013). Sendo assim, torna-se imprescindível a inserção dos cuidados paliativos na unidade de terapia intensiva. De acordo com CONSOLIM et. al (2012), para que o trabalho em equipe dê os frutos que dele se esperam, é muito importante que cada um de seus integrantes saiba muito bem aquilo que é de sua área de conhecimento e, além disso, saiba inteirar-se com os outros profissionais das diferentes especialidades; conforme demonstrado abaixo: 1. A função do médico na equipe: Dentro da sua especificidade, o médico paliativista deve realizar os diagnósticos clínicos, os tratamentos medicamentosos ou não, que sejam compatíveis com o momento de vida do paciente, qual a evolução da doença que seria esperada para aquele paciente de forma a garantir não só alívio de sintomas desconfortáveis, mas também a dignidade de vida até o fim. Evitando, dessa forma, procedimentos que poderiam aumentar a angustia e dor do paciente. Igualmente a função de coordenar a comunicação entre a equipe, paciente e sua família. Sendo elemento facilitador para que toda a equipe trabalhe e ajude o paciente a exercer sua autonomia. 2. A função do Enfermeiro na equipe: Nesta prática ações objetivas de cunho pragmático como o controle da dor, domínio da técnica de hipodermóclise, curativos nas lesões malignas cutâneas frequentemente ditas “feridas tumorais”, técnicas de comunicação terapêutica, cuidados espirituais, zelo pela manutenção do asseio, da higiene, medidas de conforto, gerenciamento da equipe de enfermagem, e o trabalho junto às famílias e comunicação com a equipe multidisciplinar, são requisitos fundamentais para a melhor atuação do enfermeiro em Cuidados Paliativos. As habilidades do enfermeiro deverão estar voltadas para a avaliação sistemática dos sinais e sintomas. 3. A função do psicólogo na equipe: O trabalho em equipe, um dos pressupostos dos Cuidados Paliativos, demanda do psicólogo a habilidade de comunicar-se com profissionais de outras áreas do conhecimento. A finalidade comum é o de garantir que necessidades possam ser reconhecidas e atendidas pela articulação das ações de diferentes naturezas. Do ponto de vista da teoria psicanalítica, a doença e todo o contexto que a envolve é concebida pelo doente à luz de sua alocução, isto é, de seu sistema de afetos e crenças (conscientes e inconscientes). Considerando isso, o psicanalista oferece a sua escuta clínica aos que desejam falar, buscando por esse meio favorecer a elaboração das vivências associadas ao adoecimento. Estimulando o doente, família e equipe a pensarem, falarem livremente sobre sua situação. A experiência com situações de adoecimento e morte pode, dependendo do contexto em que se dá ser favorecedora da aceitação de nossos limites ou ser importante fonte geradora de inquietude. 4. A função do assistente social na equipe: Orienta-se pela atuação junto ao paciente, familiares, rede de suporte social, instituição na qual o serviço encontra-se organizado e junto às diferentes áreas atuantes na equipe. É inerente a este profissional o conhecimento a abordagem sobre a realidade socioeconômica da família, bem como sobre os aspectos culturais que compõem este universo. Avaliando a rede de suporte social dos envolvidos, para junto a estes acioná-la em situações apropriadas; conhecer e estabelecer uma rede intrainstitucional, no intuito de garantir atendimento preciso ao paciente, além de constituir-se como interlocutor entre paciente/família e equipe nas questões relacionadas aos aspectos culturais e sociais que envolvem o cuidado de forma geral. Soma-se a isso a importância da escuta e da acolhida em momento tão especial, que é o do enfrentamento de uma doença incurável e em fase final de vida. 5. A função do nutricionista na equipe: Considerando que o alimento exerce papel essencial na vida de todos nós, pois está relacionado às recordações aprazíveis e prazerosas que determinadas preparações alimentares despertam em nossa vida. Porém, em condição de impossibilidades, o alimento acaba sendo mais notado pela sua ausência ou pelas dificuldades na sua ingestão do que pela sua presença e o prazer proporcionados, é comum o paciente apresentar inapetência, desinteresse pelos alimentos e recusa àqueles de maior preferência. Consequentemente, podem ocorrer: baixa ingestão alimentar; perda ponderal de medidas antropométricas. Portanto, a prática assistencial deve compreender o cuidado nutricional necessário em todos os estágios da doença e na estratégia terapêutica. Em Cuidados Paliativos, a nutrição tem especial papel preventivo, possibilitando meios e vias de alimentação, reduzindo os efeitos adversos provocados pelos tratamentos, retardando a síndrome anorexiacaquexia e ressignificando o alimento. 6. A função do fisioterapeuta na equipe: Como processo terapêutico, a fisioterapia lança mão de seus conhecimentos e recursos próprios, com os quais considerando as condições sociais, psíquicas e físicas iniciais do cliente, busca promover, aperfeiçoar ou adaptar principalmente as condições físicas do indivíduo, numa relação terapêutica que envolve o paciente, e recursos físicos e naturais. O programa de tratamento deve ser elaborado de acordo com o grau de dependência e progressão do paciente ou seja: a) pacientes totalmente dependentes; b) pacientes dependentes, porém com capacidade de deambulação; c) pacientes independentes, porém vulneráveis. Em presença de dispnéia ou desconforto respiratório, utilizar técnicas que favoreçam a manutenção de vias aéreas pérvias e ventilação adequada, além de relaxamento dos músculos acessórios da respiração, diminuindo o trabalho respiratório, quando possível. Associar a cinesioterapia respiratória com mobilização e alongamento dos músculos da caixa torácica, com melhora de sua complacência, em posturas adequadas que facilitem a ação dos músculos respiratórios e até mesmo o uso de incentivadores respiratórios (estimulando tanto a inspiração quanto a expiração) e ventilação não invasiva como auxiliares para melhora ventilatória. 7. A função do terapeuta ocupacional na equipe: A atuação em terapia ocupacional nos Cuidados Paliativos é fundamental, possibilitando a construção de potencialidades, criação e singularidade, em um cotidiano por vezes empobrecido e limitado pela doença. A vida não pode perder seus sentidos e significados até seu último momento, promovendo-se de fato a dignidade ao paciente fora de possibilidade de cura. Portanto o terapeuta ocupacional auxilia na manutenção das atividades significativas para o doente e sua família; promove estímulos sensoriais e cognitivos para enriquecimento do cotidiano; orienta e realiza medidas de conforto e controle de outros sintomas; treina de atividades de vida diária para autonomia e independência; cria possibilidades de comunicação, expressão e exercício da criatividade e espaços de convivência, interação, pautados nas potencialidades dos sujeitos apoiando, escutando e orientando tanto aos familiares e /ou cuidador. 8. A função do dentista na equipe: Pode ser definido como o manejo de pacientes com doenças progressivas ou avançadas devido ao comprometimento da cavidade bucal pela doença ou seu tratamento, direta ou indiretamente, e o foco do cuidado é melhorar a qualidade de vida. Talvez um dos mais relevantes cuidados odontológicos aos pacientes em Cuidados Paliativos é o controle das infecções buco-dentais através de prevenção ou tratamento curativo, pois são fontes potenciais de complicações locais e sistêmicas devido à bacteremia. O tratamento sintomático da dor e cuidados locais, como higiene bucal e limpeza de feridas, contribuem para reduzir a dor, desconforto e infecções oportunistas, portanto cuidados como: 1. Orientação de higiene oral: mecânica e medicamentosa; 2. Limpeza e proteção de feridas bucais e extra bucais: medicações tópicas antissépticas; 3. Orientação dietética: evitar alimentos cítricos, condimentados quentes para proteção da mucosa oral xerostômica /ulcerada; 4. Infecções oportunistas (candidíase oral): antifúngicos sob a forma de bochechos e higiene das próteses dentárias; 5. Xerostomia: hidratante oral/saliva artificial; 6. Dor: eliminação de focos dentários e periodontais; 7. Focos infecciosos (doença periodontal e cárie): restauração/extração dentária e alisamento corono-radicular; 8. Traumatismo mucoso: alisamento de superfícies dentárias pontiagudas, ajuste de próteses traumáticas, hidratação da mucosa bucal; 9. Prótese desadaptada: reembasamento com adesivos e condicionadores teciduais, ajuste de prótese. 9. A função do fonoaudiólogo na equipe: Cabe ao fonoaudiólogo contribuir com seus conhecimentos específicos para maximizar a deglutição, adaptá-la e ou preservar com segurança o prazer da alimentação por via oral, bem como ajudar o paciente a restabelecer ou adaptar sua comunicação, visando a uma maior integração social e familiar. Depois de tomada a decisão junto aos demais profissionais da equipe, o fonoaudiólogo orienta o paciente e seus familiares a fim de desenvolver suas potencialidades, de uma maneira humanizada, respeitando suas expectativas e os limites da doença avançada (CALHEIROS, 2012). O enfoque maior dos cuidados paliativos não é a “cura” da doença, e sim acrescentar qualidade de vida para os pacientes em fase terminal na terapia intensiva. Dessa maneira, são evitados tratamentos que prolonguem a vida desnecessariamente, tais como: procedimentos invasivos, dolorosos e exames desnecessários. Os profissionais envolvidos nesse cuidado devem dar toda a assistência necessária aos pacientes amenizando a dor, melhorando os sintomas e diminuindo o sofrimento, tanto do doente quanto da família (FALCO et al, 2012). 5 CONCLUSÃO Com a inserção dos cuidados paliativos na UTI, o importante, juntamente com os recursos farmacológicos e tecnológicos, é sempre pensar no bem-estar do doente e de sua família, requer prioritariamente um trabalho interdisciplinar, que prima pela complementação dos saberes, partilha de responsabilidades, tarefas, cuidados e negação da simples sobreposição entre as áreas envolvidas. A prática de cuidados paliativos oncológicos na terapia intensiva deve sempre considerar o interesse da pessoa doente, o respeito aos seus sentimentos e aos desejos da família, sendo ainda dado ênfase na comunicação adequada entre todos os envolvidos. A percepção das necessidades múltiplas do indivíduo em Cuidados Paliativos e a certeza de que somente uma área não oferecerá respostas necessárias fazem crescer e se consolidar a busca inegável por um trabalho efetivamente em equipe interdisciplinar. 6. REFERENCIAS 1. ARAÚJO, D. de. LINCH, G. F. C. Cuidados Paliativos Oncológicos: tendências da produção cientifica. Rev. Enferm. UFSM, v. 1, n. 2, p. 238245, 2011. 2. BARROS, N.C.B.; OLIVEIRA, C. D. B.; ALVES, E.R.P.; FRANÇA, I.S.X.; NASCIMENTO, R.M.; FREIRE, M.E.M. Cuidados Paliativos na Uti: compreensão, limites e possibilidades por enfermeiros. Rev. Enferm. UFSM, Set-Dez, 2012. 3. BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. O que é câncer. 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