Rituais e simbolismo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES – SCHLA
DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA
EMENTA DE DISCIPLINA
Código
Disciplina
Ementa
HS 124
Rituais e Simbolismo
Carga Horária
A (in)definição do ritual. Mito e ritual. As origens rituais da
sociedade. Eficácia simbólica e ritual. Perspectivas lévistraussianas do ritual. Abordagens e etnografias do ritual
clássicas e contemporâneas.
Teóricas
60
Pré-Req.
Curso
Práticas
-
Estágio
-
Total
60
Ciências Sociais (/ Outros)
DOCENTE(S)
Professor(a)
Assist/Monitor
Miguel Naveira
VALIDADE
Validade
Horário
Turma D
Turma E
1º semestre / 2013
Terça-feira
10h30 – 12h30
Quinta-feira
7h30 – 9h30
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Objetivos
Os usos mais frequentes da palavra “rito” oferecem uma oportunidade especialmente apropriada para
pensar os modos de significação e experiência sociais. Às vezes, utiliza-se rito como sinônimo de ‘hábito’ ou
‘costume’, para significar as ações executadas de forma mecânica ou certa tradição. Em outras ocasiões, usamos
essa palavra para nos referir às cerimônias de um modo geral (religiosas, políticas, festivas, familiares, etc.), com
ênfase no aspecto marcadamente simbólico e semântico das ações rituais. É comum também, que os ritos sejam
interpretados em referência a uma realidade externa à própria ação ritual; por exemplo, quando dizemos que o
totem representa o clã, que os ritos sacrificiais diferem a violência social latente, ou quando se afirma que o ritual
é o ‘corolário sensível da crença’ (Maisonneuve). Também é habitual se referir ao ritual como um modo de atuar
que enfatiza a forma e oculta ou despreza o sentido, uma espécie de parêntese no processo habitual de
significação, como quando se ouve falar das etapas acadêmicas (qualificações, defesas de dissertação, etc.) como
rituais. Desse ponto de vista, as semelhanças entre rito e teatro se evidenciam, já que ambos podem ser
interpretados obedecendo a um script de realidade bifurcada. Às vezes, sublinha-se o aspecto inconsciente, não
voluntário, do ritual, ou pelo contrário se definem os ritos como ‘técnicas sociais simbólicas’ – como diria Chiva –,
se destacando justamente a execução cuidadosa e consciente típica dos comportamentos rituais: objetos,
movimentos, cores, todas as ações parecem possuir um sentido concreto. No ritual, é o detalhe que importa.
Embora os termos ‘símbolo’ e ‘simbólico’ possuam um campo semântico mais alargado que ‘rito’ e
‘ritual’, podemos reconhecer – para expressá-lo em termos durkheimnianos – uma solidariedade mecânica (ou
‘maquínica’) entre eles. Explorar de uma forma crítica essa ‘solidariedade’ é um dos objetivos gerais deste curso.
A escolha da bibliografia de referência, que inclui autores clássicos e contemporâneos, foi pensada com o
objetivo de proporcionar uma perspectiva panorâmica e diversa das principais conceitualizações antropológicas
do ritual. Nesse sentido, é também um percurso, condensado e ritualmente motivado, pela história da
antropologia. A seleção bibliográfica visa também a familiarização com a etnografia - clássica e contemporânea de diversos processos rituais (religiosos, festivos, políticos, históricos...).
Programa
I. Da indefinição do ritual
A. TEMAS E PROBLEMAS
II. Mito e ritual
III. As origens rituais da sociedade
IV. Eficácia simbólica e ritual
V. Perspectivas lévi-straussianas do ritual.
B.
VI. ABORDAGENS E ETNOGRAFIAS DO RITUAL CLÁSSICAS E CONTEMPORÂNEAS
VII. Rito, história e transformação.
VIII. Exibição de material audiovisual sobre rituais. A data desses dois seminários será decidida no decorrer das
aulas, não sendo eles necessariamente o número XXVII e XXVIII.
IX Elaboração discussão dos trabalhos dos alunos.
Procedimentos
didáticos
Aula expositiva
Leitura e interpretação de texto – debates
Motivação participativa
Prova teórica
Trabalhos e seminários de alunos
Apresentação e discussão de filmes e documentários.
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SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES – SCHLA
DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA
Bibliografia
Básica
e
Bibliografia
Complementar
I. Da indefinição do ritual
Na primeira aula exporemos alguns dos paradoxos do conceito de ‘ritual’ e será apresentado o programa da
matéria: textos escolhidos, autores, organização temática, objetivos e sistema de avaliação.
A. TEMAS E PROBLEMAS
II. Mito e ritual
SMITH, Robertson. Religion of the Semites. (fragmentos a definir)
FRAZER, James. 1982. “Balder o belo”. Em: O ramo de ouro. Rio de Janeiro: Zahar editores, pp. 203-247.
Leitura complementar:
HOCART, Arthur. 1985 (1935). “El mito como fuente de vida”. Em: Mito, ritual y costumbre – Ensayos
heterodoxos. Madrid: Siglo XXI, pp. 13-38.
III. As origens rituais da sociedade
DURKHEIM, Émile. 2002 (1912). “Introdução”; “Definição do fenômeno religioso e da religião”. Em: As formas
elementares da vida religiosa. São Paulo: Martin Fontes, pp. III-XXVII; pp. 3-32.
IV
MALINOWSKI, Bronislaw. “Características essenciais do Kula”. Em: Argonautas do Pacífico Occidental – Um relato
do empreendimento e da aventura dos nativos nos arquipiélagos da Nova Guiné Melanésia. São Paulo: Abril
cultural, pp. 71-86.
V
MAUSS, Marcel.1974. “Introdução”; “As dádivas trocadas e a obrigação de retribuí-las” (Polinésia). Em: Sociologia
e Antropologia (Ensaio sobre a dádiva). São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, pp. 39-67.
VI
VAN GENNEP, Arnold. 2011. “Classificação dos ritos” e “A passagem material”. Em: Os ritos de passagem.
Petrópolis: Editora Vozes, pp. 23-32; pp. 13-44.
VII. Eficácia simbólica e ritual
LÉVI-STRAUSS, Claude. 1996 [1958]. “A eficácia simbólica” em Antropologia estrutural. Rio de Janeiro: Tempo
Brasileiro. Pp. 215-236.
VIII
BOURDIEU, Pierre. 1996 (1975). “A linguagem autorizada – As condições sociais da eficácia do discurso ritual”.
Em: A economia das trocas lingüísticas. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, pp. 85-96.
____ 1982. “Os ritos de instituição”. Em: A economia das trocas lingüísticas. São Paulo: Editora da Universidade
de São Paulo, pp. 97-106.
IX
GIOBELLINA, Fernando. 1999. A escada de Wittgenstein: ou como deixar de quebrar a cabeça com a eficácia
simbólica. Ilha, vol. 1, num. 0, pp. 7-34.
Leitura complementar:
ISLA VILLAR, Pablo. “La ritualisation de l’ ‘inquiétante étrangeté’ dans le chamanisme multiculturel de Salas
(Pérou). Em: La politique des esprits – Chamanismes et religions universalistes, Denise Aigle, Bénédicte de la
perrière e Jean-Pierre Chaumeil (orgs.). Nanterre: Société d’ethnologie, pp. 227-238.
X. Perspectivas lévi-straussianas do ritual.
LÉVI-STRAUSS, Claude. “Relações de simetria entre ritos e mitos de povos vizinhos”. Em: Antropologia Estrutural
II. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, pp. 244-260.
XI
LÉVI-STRAUSS, Claude. 1991 (1971). “Finale”. Em: Mitológicas IV - El hombre desnudo. Madrid: Siglo XXI, pp. 602-
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SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES – SCHLA
DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA
628. (Há tradução em portugués).
XII. A crítica moderna do ritual.
DOUGLAS, Mary. 1988 [1970] “El rechazo del ritual”. Símbolos naturales. Madrid: Alianza Editorial, pp. 20-38.
XIII. Prova escrita.
B. Abordagens e etnografias do ritual clássicas e contemporâneas.
XIV
BATESON, Gregory. 2008. “As cerimônias do Naven”; “Estrutura e função”. Em: Naven – Um exame dos
problemas sugeridos por um retrato compósito da cultura de uma tribo da Nova Guiné, desenhado a partir
de três perspectivas. São Paulo: Edusp, pp 73-97.
XV
GLUCKMAN, Max. 2011 (1954). Rituais de rebelião no sudoeste de África. Série textos de aula, Antropologia 4,
Brasília: Editora da UnB, 34 p.
XVI
LEACH, Edmund. 1983 (1958). “Cabelo mágico”. Em: Antropologia. São Paulo: Ática, pp. 139-169.
XVII
GEERTZ, Clifford. 2001 (1973). “Ritual y cambio social: el caso javanés”. In: La interpretación Culturas. Barcelona:
Gedisa, pp.131-151.
XVIII
TURNER, Victor. 1974. “Liminaridade e ‘Communitas’”. Em: O processo ritual. Petrópolis: Editora Vozes, pp: 116159.
XIX
PÉREZ, Léa. 2013. Dionísio nos trópicos: festa religiosa e barroquização do mundo – por uma antropologia das
efervescências coletivas. Disponível em http://www.antropologia.com.br/arti/colab/a12-lfreitas.pdf.
XX
DA MATTA, Roberto. 1980. “Carnavais, paradas e procissões”. Em: Carnavais, malandros e heróis. Rio de Janeiro:
Zahar, pp. 35-66.
XXI
CHAVES, Christine. 2002. “A Marcha Nacional dos Sem-terra: estudo de um ritual político. Em: O dito e o feito –
Ensaios de antropologia dos rituais, Mariza Peirano (org.), Rio de Janeiro: Relume Dumará, pp. 133-148.
XXII
TURNER, Victor. 2012 (1982). “Liminal ao liminoide: em brincadeira, fluxo e ritual. Um ensaio de simbologia
comparativa”. Mediações, vol. 17, num. 2, pp. 21-57. (Este ensaio foi originalmente publicado em From
Ritual to Theatre: The Human Seriousness of Play. New York, PAJ Publications, 1982).
XXIII
SCHECHNER, Richard. 2012 (2002). “Ritual”. Em: Performance e antropologia de Richard Schechner. Rio de
Janeiro: Mauad X, pp. 49-89.
XXIV. Rito, história e transformação.
CARNEIRO DA CUNHA, Manuela e Eduardo Viveiros de Castro. 1985. “Vingança e temporalidade: os Tupinambá”.
Journal de la Société des Américanistes, vol. 71, pp. 191-208.
XXV
GORDON, Cesar. 2006. “Fazer o belo: consumo”. Em: Economia selvagem – Ritual e mercadoria entre os índios
Xikrin-Mebêngôkre. São Paulo: Editora da UNESP: ISA; Rio de Janeiro: Nuti, pp. 301-350.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES – SCHLA
DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA
XXVI
PÉREZ GIL, Laura, Miguel Naveira e Oscar Calavia (orgs). 2013. “Ritual, historia y transformación: Los Pano”.
Revista española de antropología americana, 43/1, no prelo.
XXVII e XXVIII
Exibição de material audiovisual sobre rituais. A data desses dois seminários será decidida no decorrer das aulas,
não sendo eles necessariamente o número XXVII e XXVIII.
XXIX
Entrega dos trabalhos de todos os alunos e apresentação e debate da metade da turma.
XXX
Apresentação e debate dos trabalhos da outra metade da turma.
Formas de
Avaliação
Apresentação de seminários
Prova dissertativa
Produção de trabalho escrito
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(Nome)
Professor responsável
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(Nome)
Chefe de Departamento
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