Artigo Técnico

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Alergologia – Junho / 2007
Meta-análise da eficácia de ebastina 20mg comparada a loratadina 10mg e
placebo no tratamento sintomático da rinite alérgica sazonal.
Esta meta-análise comparou a eficácia da ebastina versus loratadina no tratamento de
pacientes com rinite alérgica sazonal. Os resultados confirmaram que a ebastina apresenta
bom perfil de eficácia, induzindo uma maior diminuição dos escores de rinite alérgica que
loratadina ou placebo.
Fármaco em
estudo:
Autoria:
ebastina
RATNER, P., FALQUÉS, M., CHUECOS, F., et al. Meta-Analysis of the
Efficacy of Ebastine 20 mg Compared to Loratadine 10 mg and Placebo
in the Symptomatic Treatment of Seasonal Allergic Rhinitis. Int Arch
Allergy Immunol;138:312–318. 2005.
Resumo
Introdução
Ebastina é um antagonista dos receptores de histamina H1 de segunda geração, avaliado como
primeira linha de tratamento de rinite alérgica em mais de 40 países no mundo. Sua eficácia tem
sido demonstrada em alguns estudos comparativos placebo-controlados, no tratamento da rinite
alérgica perene e sazonal (RAS). Loratadina é outro antagonista dos receptores de histamina
H1 de segunda geração, avaliado no mundo todo para RAS.
Entretanto poucos estudos randomizados compararam a eficácia destes dois fármacos no
tratamento sintomático da RAS.
Objetivos
O objetivo desta meta-análise, baseada em dados de quatro estudos clínicos, foi confirmar se a
ebastina 20mg ao dia é clinicamente e estatisticamente diferente da loratadina 10mg ao dia, no
tratamento da RAS, assim como obter uma estimativa precisa do efeito do tratamento, medida
pela redução em sintomas totais e individuais em uma grande população de pacientes.
Pacientes e Métodos
Desenho do estudo
Inicialmente oito estudos foram selecionados para meta-análise, mas apenas quatro deles
preenchiam o mesmo protocolo e puderam ser avaliados. Todos eram multicêntricos,
randomizados, duplo-cego, placebo-controlados, com grupos paralelos, comparando eficácia e
segurança de ebastina 20mg uma vez ao dia versus loratadina 10mg uma vez ao dia no
tratamento sintomático da RAS. Todos os estudos foram conduzidos nos Estados Unidos durante
a estação polínica. O período de tratamento foi de quatro semanas, porém por orientação do FDA
(Food and Drug Administration), os dados avaliados foram obtidos das duas primeiras semanas
de tratamento.
População de estudo e Variáveis de eficácia
A população de estudo consistiu de todos os pacientes randomizados incluídos nos quatro
estudos que apresentavam dados de escores diários basais para todos os sintomas de rinite
1
(coriza, obstrução, prurido nasal, espirros e sintomas oculares como prurido e lacrimejamento),
e no mínimo dados de escores diários de alguns dias após o início do tratamento.
Antes da dose da manhã e antes de dormir o paciente anotava os cinco sintomas de rinite e os
classificava em uma escala de 0 a 3, onde 0 = ausência de sintomas, 1 = leves, 2 = moderados,
3 = graves. Em cada caso o paciente anotava os sintomas das 12 horas prévias (sintomas
reflexivos) e no momento da classificação (snapshot score).
A variável de eficácia primária foi a média de variação do escore de sintomas totais reflexivos
diários (soma dos 5 escores de sintomas de rinite) das duas primeiras semanas de tratamento
comparadas aos escores basais.
A variável de eficácia secundária foi a alteração da linha de base na média global dos
sintomas comparando dados basais, após a primeira semana, após 3 semanas de tratamento e
após o período todo de tratamento (4 semanas), assim como as mudanças nos escores de
sintomas individuais reflexivos e snapshot score.
Análise Estatística
Para cada estudo as variáveis de eficácia primária e secundária foram analisadas pelo modelo
ANOVA.
Resultados
População de Estudo
Um total de 2114 pacientes foi selecionado dos quatro estudos usados para esta meta-análise.
Destes, porém, 25 foram excluídos por falta de dados. Portanto um total de 2089 pacientes foi
analisado sendo que: 749 pacientes foram tratados com ebastina 20mg, 739 com loratadina
10mg e 601 com placebo. Nenhuma diferença significativa em outros aspectos foi encontrada
entre os grupos.
Alteração nas Variáveis de Eficácia Primária
Mudanças na média dos escores das variáveis de eficácia primária basais, nas primeiras 2
semanas de tratamento foram –3.61 (redução de 35.4% da linha de base) no grupo ebastina, –
3.05 (redução de 29.0%) no grupo loratadina e –2.30 (redução de 22.7%) no grupo placebo.
Diferenças estatisticamente significativas foram encontradas na variação de médias entre
ebastina e loratadina (p<0.001), ebastina e placebo (p<0.001) e loratadina e placebo
(p<0.0001).
O efeito global, definido como a diferença na média global de sintomas reflexivos diários, de
ebastina comparado a loratadina no tratamento da RAS nas duas primeiras semanas de
tratamento foi –0.56 (95% IC, –0.86 a –0.26). Este efeito global da ebastina 20 mg comparada
a loratadina 10 mg sobre o escore foi sustentado durante as quatro semanas de estudo.
Adicionalmente o efeito global da ebastina 20mg comparado ao placebo foi –1.3 (95% IC, –1.61
a –0.99) e o efeito global da loratadina 10mg comparada ao placebo foi de –0.74 (95% IC, –1.05
a –0.43).
Pela análise estatística ANOVA os resultados da meta-análise foram considerados consistentes
(fig. 1).
A favor da Ebastina
A favor da Loratadina
20 mg
10 mg
Figura 1: Diferença na média global entre ebastina e loratadina no tratamento da RAS nas 4
semanas de estudo.
2
Alteração nas Variáveis de Eficácia Secundária
Nas primeiras 2 semanas de tratamento, ebastina mostrou uma redução significativamente mais
alta sobre os escores comparada a loratadina para cada um dos 5 sintomas avaliados: coriza
(–0.14, p< 0.0001), obstrução nasal (–0.10, p = 0.0047), espirros (–0.12, p = 0.0012), prurido
nasal
(–0.09, p = 0.0117) e sintomas oculares (–0.11, p = 0.0046). Os
sintomas nos quais a ebastina teve menor e maior efeito, comparada a loratadina, foram prurido
e coriza, respectivamente. Ambos os tratamentos mostraram-se significativos em relação ao
placebo. A análise dos snapshot scores nas duas primeiras semanas foi semelhante às
encontradas nos escores reflexivos.
A análise dos escores reflexivos das semanas 1, 3 ou 4 de tratamento mostrou resultados
similares àqueles encontrados na segunda semana.
Discussão
Há poucos estudos comparando os efeitos de ebastina 20mg e loratadina 10mg no tratamento da
RAS.
A presente meta-análise provê uma avaliação segura (com intervalo de confiança de 95%) sobre
o efeito global da ebastina e loratadina, ambas em dose única diária. A população avaliada é a
maior entre os estudos realizados até hoje. O efeito global da ebastina 20mg comparada a
loratadina 10mg sobre o escore total de sintomas reflexivos nas duas primeiras semanas de
tratamento foi de –0.56 (com IC de 95% –0.86 a –0.26), i.e. uma redução de 35.4% nos
escores para ebastina e 29% para loratadina. O escore total de sintomas snapshot nas duas
primeiras semanas de tratamento apresentou resultados similares. Após 4 semanas de
tratamento, a avaliação de ambos os escores confirmaram a maior eficácia da ebastina 20mg
(38,3% de redução) sobre a loratadina 10mg (31,7%) e placebo (26,5% de redução). De modo
interessante a obstrução nasal, sintoma de difícil tratamento em pacientes com RAS, apresentou
significativa redução com ambos os fármacos ebastina e loratadina. O mecanismo deste efeito
descongestionante é provavelmente antiinflamatório, mas são necessários estudos adicionais.
Conclusão
Esta meta-análise confirmou que a ebastina 20mg apresenta bom perfil de eficácia,
produzindo maior diminuição nos escores da RAS que loratadina 10mg ou placebo.
Exemplificação de Fórmula
01. Ebastina cápsula
Ebastina................................20 mg
Excipiente qsp..................1 cápsula
Mande.....cápsulas.
Posologia: 1 cápsula ao dia ou a critério médico.
A exemplificação de formulação contida neste artigo é apresentada como sugestão, podendo ser modificada a critério médico.
3
Fármaco
Classe
Terapêutica
Indicações
Principais
Interações
Medicamento
sas Principais
Ebastina
Anti-histamínico H1 altamente seletivo, que não apresenta efeitos sobre o SNC ou
efeitos anticolinérgicos.
• Alívio sintomático das reações de hipersensibilidade, incluindo rinite e alergias
cutâneas.
• Rinite alérgica (sazonal ou perene) associada ou não à conjuntivite alérgica.
• Urticária idiopática crônica.
1. Pode potencializar os efeitos de outros anti-histamínicos.
2. A administração simultânea com cetoconazol ou eritromicina aumenta
significativamente as concentrações plasmáticas de ebastina e carebastina.
3. Não usar concomitante com: antifúngico azóis e antibióticos macrolídeos.
4. Quando administrada com alimentos ocorre um incremento de 1,5 a 2 vezes nos
níveis plasmáticos, embora não cause modificação nos seus efeitos clínicos
Reações
Adversas
Principais
Mais freqüentes:
Cefaléia
Boca seca
Sonolência
Menor freqüência:
Faringite
Dor abdominal
Dispepsia
Astenia
Epistaxe
Rinite
Sinusite
Náusea
Insônia
Precauções
de Uso
Ebastina não deve ser administrada em caso em doença alérgica aguda que necessite
que necessite de atenção urgente (anafilaxia), pois o efeito só ocorre de 1 a 3 horas
após administração.
Não pode ser administrado em crianças menores de 2 anos de idade, pois os parâmetros
de segurança não foram estabelecidos para esta faixa etária.
Deve-se ter cautela para uso em paciente com: síndrome de prolongamento do intervalo
QT, hipocalemia, tratamento com qualquer medicamento que provoque aumento do
intervalo QT ou inibição dos sistemas enzimáticos CPY3A4, tais como antifúngico azóis e
antibióticos macrolídeos.
Deve ser usado com muita cautela em pacientes com insuficiência hepática ou renal
(leve a moderada).
Não administrar durante a gravidez e amamentação a menos que o benefício para a
mãe justifique o risco potencial para a criança
Referências:
1.
Martindale; The Complete Drug Reference; 33a edição; Pharmaceutical; Massachusetts, 2002.
2.
Mosby´s. Drug Consult ™. An Imprint of Elsevier Science. St. Louis, EUA; 2002.
3.
P.R. Vade Mécum; Brasil, 10a edição; Câmara Brasileira do Livro. São Paulo-SP, 2005.
4.
Rang, H. P.; Dale, M. M.; Ritter, J. M.; Farmacologia; 5a edição (3ª revisão); Editora Guanabara
Koogan; Rio de Janeiro, 2005.
5.
Goodman & Gilman. The pharmacological basis of therapeutics, 11th ed. Bruton, Lazo and Parker
editors; Mc Graw Hill Ed. USA, 2006.
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