assistência de enfermagem ao portador de

Propaganda
Gésica Kelly da Silva Oliveira
Graduanda do curso de enfermagem da Faculdade do Vale do Ipojuca, Caruaru, PE.
E-mail: [email protected]
Emanuela Rozeno de Oliveira
Enfermeira pela FUNESO. Especialista em saúde pública e Enfermagem do trabalho. Docente do Curso de Graduação em
enfermagem da FAVIP, nas disciplinas de Saúde Pública e Ambiental e Saúde da Mulher e neonatal. Enfermeira da Estratégia
Saúde da Família do município de Recife.
E-mail: [email protected].
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PORTADOR DE DIABETES MELLITUS:
UM ENFOQUE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE
R ESUMO
Este artigo se propõe a revisar na literatura a assistência de enfermagem aos portadores de diabetes mellitus
na atenção primária em saúde que funciona como porta de entrada para o indivíduo na atenção básica. O Diabetes
mellitus é uma doença endócrino-metabólica que afeta significativamente a qualidade de vida de seu portador podendo levar a incapacidades. Neste sentido o enfermeiro através da consulta de enfermagem proporciona educação
em saúde para esses usuários, ensinando práticas de auto cuidado, orientações quanto ao estilo de vida, controle da
glicemia, administração de insulina, estimulando adesão ao tratamento, realizando o exame físico minucioso, monitorando fatores de riscos e minimizando complicações, medidas que ajudam o paciente a conviver melhor com a
sua condição crônica.
Palavras-chave: Assistência de enfermagem. Diabetes Mellitus. Saúde da família.
A BSTRACT
This article is to review the literature regarding nursing care to patients with diabetes mellitus in primary health care
that serves as gateway to the individual in primary care. Diabetes mellitus is an endocrine-metabolic disease that
significantly affects quality of life of its bearer can lead to disability. In this sense the nurse through the nursing
consultation provides health education for these users, teaching self-care practices, guidance on lifestyle, control
of blood glucose, insulin, encouraging adherence to treatment, performing the physical examination, monitoring
risk factors and minimizing complications, measures to help the patient to live better with their chronic condition.
Keywords: Nursing care. Diabetes Mellitus. Family health.
VEREDAS FAVIP - Revista Eletrônica de Ciências - v. 3, n. 2 - julho a dezembro de 2010
Assistência de enfermagem ao portador de diabetes mellitus: um enfoque na atenção primária...
1 INTRODUÇÃO
sérias complicações que esta doença pode acarretar no
indivíduo. Complicações como retinopatia, nefropatia
O diabetes mellitus é uma síndrome endócrino- e neuropatia, doença arterial coronariana, cetoacidose
metabólica que se caracteriza pelo aumento da glicose metabólica, doença cerebrovascular e vascular periférica
circulante no sangue resultando em hiperglicemia. Esta são responsáveis por considerável morbi-mortalidade
diretamente relacionada com a deficiência na produção em indivíduos diabéticos (BRASIL Ministério da Saúde,
de insulina, devido à falta desta ou incapacidade de 2006a).
exercer sua função com sucesso (FAEDA; LEOAN,
2006).
Segundo a Organização Pan-Americana da
saúde (OPAS, 2008) existem no Brasil aproximadamente
As funções metabólicas da insulina consistem 600.000 portadores de DM tipo I e cerca de 7.290.748
em aumentar a captação de glicose e sua utilização de portadores de DM tipo II. O grande número de
para a produção de energia; armazenar a glicose portadores de diabetes e a gravidade de suas complicações
sob a forma de glicogênio e estimular a captação de exprimem porque esta doença é um grande problema de
aminoácidos e a síntese protéica. Portanto os integrantes saúde pública, que acarreta um grande ônus para o país,
metabólicos do diabetes mellitus caracterizam-se não além dos custos inatingíveis como perda da qualidade de
só pela hiperglicemia, mas também por alterações no vida, ansiedade, inconveniências e outras limitações que
metabolismo de lipídios e proteínas (ALMINO et. al., provocam grande impacto nos indivíduos portadores e
2009).
em seus familiares.
De origem multifatorial, o diabetes mellitus pode
ser classificado em dois tipos: diabetes mellitus tipo I –
ocorre devido à destruição das células β pancreáticas
das ilhotas de Langherans produtoras de insulina,
consequentemente tem-se uma redução da produção de
insulina e uma diminuição da captação da glicose pelas
células. E o diabetes mellitus tipo II que decursa da
resistência a insulina pelos receptores dos órgãos-alvos
e redução da ação da mesma nos tecidos periféricos o
que provoca um aumento compensatório da produção
deste hormônio resultando na progressiva diminuição
da tolerância a glicose (CORRÊA et. al, 2007).
Visando minimizar as complicações através do
tratamento, controle, diagnóstico precoce e prevenção
do diabetes mellitus o ministério da saúde possui
estratégias efetivas que se fundamentam nos princípios
do Sistema Único de Saúde (SUS) no qual possui um
conjunto de ações de promoção, prevenção, detecção
pela vigilância epidemiológica e recuperação da saúde
todas estas, pactuadas, articuladas e executadas pelas três
esferas de governo: federal, estadual e municipal, além
de outras responsabilidades que compete ao Sistema
único de Saúde e se encontra disposta na Lei 8080 de 19
de setembro de 1990.
O estado hiperglicêmico provocado pela
deficiência da insulina faz com que haja um desarranjo
no metabolismo do organismo produzindo uma série
de sintomas específicos, como: polifagia, polidpsia,
poliúria, glicosúria, perda de peso, tonturas, entre outros,
que devem ser identificados precocemente para evitar as
Segundo o ministério da saúde as ações de
assistência prestada a esses pacientes são por meio da
rede básica de saúde que tem como estratégia prioritária
a saúde da família. Compete ao enfermeiro realizar
assistência integral as pessoas e famílias na unidade de
saúde da família (USF) e , quando indicado ou necessário,
VEREDAS FAVIP - Revista Eletrônica de Ciências - v. 3, n. 2 - julho a dezembro de 2010
41
Gésica Kelly da Silva Oliveira
- Emanuela Rozeno de Oliveira
no domicílio ou nos demais espaços comunitários;
realizar consultas de enfermagem, solicitar exames
complementares e prescrever medicações, observadas as
disposições legais da profissão e conforme os protocolos
ou outras normativas técnicas estabelecidas pelo
Ministério da Saúde, entre outras atribuições (BRASIL
Ministério da Saúde, 2006b).
(Scientific Eletronic Library Online) e LILACS
(Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências
da Saúde), consultados livros de importantes obras,
importantes sites científicos e dois manuais relacionados
à temática. A mesma foi realizada no mês agosto de
2010. Foram identificados 19 artigos, dos quais após
análise pelas autoras, selecionou-se 12 artigos por
terem uma abordagem melhor do tema escolhido para
A assistência de enfermagem ao paciente alcançar o objetivo proposto neste estudo. Os critérios
portador de diabetes deve estar voltada a prevenção de de inclusão de artigos foram: estudos que enfocavam a
complicações, avaliação e monitoramento dos fatores assistência de enfermagem ao paciente com diabetes,
de risco, orientação quanto à prática de autocuidado. as suas complicações, fatores de risco e o autocuidado
Sendo de competência do enfermeiro realizar a consulta frente a esta doença crônica.
de enfermagem, solicitar exames e realizar transcrição
de medicamentos de rotina de acordo com protocolos 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
ou normas técnicas estabelecidas pelo gestor municipal,
desenvolver estratégias de educação em saúde e fazer A consulta de enfermagem é entendida como
encaminhamentos quando necessário.
um agregado de ações que o enfermeiro realiza, em
sucessões ordenadas, para avaliar o estado de saúde do
Este artigo tem como objetivo realizar uma paciente e tomar as decisões cabíveis quanto à assistência
revisão da literatura sob o diabetes mellitus e a assistência a ser prestada a este indivíduo. É um processo de
do enfermeiro a estes pacientes nas Unidades de interação entre o profissional enfermeiro e o assistido
Saúde da Família (USF) que funcionam como porta de (MACHADO, et.al, 2005).
entrada para o paciente na atenção básica, o enfermeiro
presta assistência qualificada através da consulta de Durante a consulta de enfermagem compete ao
enfermagem, no qual possui um papel imprescindível na profissional: examinar; orientar sobre fatores de riscos
atenção a esses indivíduos, realizando acompanhamento para prevenir complicações; sobre o autocuidado e estilo
individualizado e integral com caráter científico e de vida.
respaldo legal.
3.1 EXAME FÍSICO NO PACIENTE DIABÉTICO
2 METODOLOGIA
O exame físico e a anamnese são processos
A revisão da literatura consiste em uma análise insubstituíveis durante a consulta a pacientes diabéticos
crítica, meticulosa e ampla das publicações correntes em principalmente para delimitar fatores de riscos e evitar
uma determinada área do conhecimento. Este artigo complicações.
trata-se de uma revisão da literatura sobre o Diabetes
mellitus e as intervenções de enfermagem na atenção A anamnese é o passo inicial da consulta que
primária a saúde. O levantamento de artigos científicos consiste em entrevistar o paciente com o intuito de facilitar
foi realizado através das bases de dados SCIELO na descoberta do problema. O exame físico consiste em
42
VEREDAS FAVIP - Revista Eletrônica de Ciências - v. 3, n. 2 - julho a dezembro de 2010
Assistência de enfermagem ao portador de diabetes mellitus: um enfoque na atenção primária...
um conjunto de manobras realizada pelos profissionais
de saúde com o intuito de detectar problemas e prevenir
agravos à saúde do paciente (TIMBY, 2007).
Os vários eixos a serem abordados na orientação
incluem: administração de insulina (em pacientes
portadores de DM tipo I), importância do controle
de medicamentos prescritos e seus efeitos, controle da
Segundo o protocolo de enfermagem de glicemia, estilo de vida, complicações da doença, além
Campinas (2006), o exame físico durante a consulta de outras práticas de autocuidado.
deve ser o de rotina com uma atenção maior para:
IMC; pressão arterial (o DM aumenta a viscosidade do 3.2.1 EDUCAÇÃO EM SAÚDE UMA ESTRATÉGIA
sangue); freqüência cardíaca e respiratória; avaliar a pele
PARA O AUTOCUIDADO
quanto a sua integridade, turgor, coloração e manchas;
ausculta cardiopulmonar; avaliação renal; durante a A estratégia de educação em saúde, ajudar o
avaliação ginecológica deve-se estar atento a presença de paciente a conviver melhor com a doença; proporciona
cândida albicans; nos membros superiores e inferiores uma interação no qual o conhecimento de cada paciente
devem ser observados: edema, dor, unhas, lesões, atrofia é valorizado. As ações visam o controle metabólico, que
ferimentos, sensibilidade e articulações.
dependem de alimentações regulares e de exercícios
físicos. Este autocontrole é uma forma do paciente torna
Durante a entrevista com o paciente devem se co-responsável com o seu tratamento (GRILLO,
ser investigados seus hábitos alimentares, uso de 2005).
álcool, diminuição de peso, sedentarismo, antecedentes
O modelo de educação em saúde
pessoais de hipertensão, diabetes, doença renal, cardíaca,
que promove o empoderamento
e diabetes gestacional.
das pessoas está centrado não só no
3.2 IMPORTANTES ORIENTAÇÕES FRENTE AO
PACIENTE PORTADOR DE DM
A consulta de enfermagem exige do profissional
uma comunicação eficaz para que haja um direcionamento
correto da informação que será recebida pelo paciente.
Durante a consulta é de grande importância a participação
do assistido para o profissional entender a realidade do
indivíduo e não querer impor-lhe a sua, saber ouvir e
intervir com ações compreensíveis e humanizadas.
A orientação de enfermagem a pacientes diabéticos
implica em medidas que possibilite o indivíduo conviver
melhor com a sua condição crônica, além do reforço
para a percepção dos riscos a saúde e o desenvolvimento
de habilidades para superá-los (PACE, et.al, 2006).
conhecimento profissional, mas também
no conhecimento e nas experiências
dos usuários e valoriza, sobretudo, a
participação ativa das pessoas no controle
de sua saúde (TRENTINI, 2008).
A educação para o autocuidado compreende
aspectos psicossociais e culturais, sendo de grande
relevância para informar, motivar e proporcionar para
o paciente e sua família uma melhor convivência diante
desta condição crônica, reforçando em cada consulta
a percepção de risco à saúde, o desenvolvimento de
habilidades e a motivação para superar esse risco (PACE,
et.al, 2006). O autocuidado é a prática de atividades que
as pessoas desempenham em seu próprio benefício, no
sentido de manter a vida, a saúde e o bem-estar, envolve a
responsabilidade do paciente em melhorar sua qualidade
de vida e evitar complicações.
VEREDAS FAVIP - Revista Eletrônica de Ciências - v. 3, n. 2 - julho a dezembro de 2010
43
Gésica Kelly da Silva Oliveira
Ao enfermeiro cabe educar os pacientes para
que eles obtenha conhecimento sobre sua condição e
os riscos a saúde, incentivando a aceitação da doença e a
implementação das medidas de autocontrole, tais como:
Controle dos níveis glicêmicos através de mudança
nutricional (conforme pirâmide alimentar), prática de
exercícios físicos, terapêutica medicamentosa, além
das medidas preventivas como cuidados com os pés,
aferição da pressão arterial regularmente e evitar maus
hábitos, como alimentos ricos em gordura, tabagismo
e etilismo. O enfermeiro deve informar ao paciente
dobre a sintomatologia da hipoglicemia e hiperglicemia
para o mesmo saber como agir diante dessas situações
(GRILLO, 2005).
Para Brunner; Suddarth (2008), no cuidado
com os pés o enfermeiro deve orientar os pacientes
a inspecionarem diariamente os pés, para detectar
cortes, bolhas, manchas avermelhadas e inchação; lavar
os pés todos os dias; secar bem os pés; não ficar com
os pés úmidos; nunca andar descalço; usar calçados
confortáveis que se adaptem bem e protejam os pés;
manter as unhas cortadas e limpas; não cruzar as pernas
por longos períodos; entre outros cuidados que devem
ser efetivados diariamente.
Para Grossi; Pascalli (2009) as mudanças
comportamentais não podem ser impostas, o indivíduo
deve reconhecer e compreender a necessidade das
mudanças. É preciso que os profissionais de saúde
fiquem atentos em relação às queixas ocultas e expressas,
para que a decisão clínica seja compartilhada, de modo
a fortalecer o vínculo profissional e cliente, peça chave
para a aquisição e manutenção de atitude positiva frente
à doença.
3.2.2 CONTROLE DE MEDICAMENTOS
44
- Emanuela Rozeno de Oliveira
incapacidade para realização de atividades rotineiras
e diminuição da qualidade de vida. Seu tratamento
acarreta um grande ônus para o Sistema de saúde que
fornece gratuitamente, para a rede básica de saúde, os
medicamentos essenciais para o controle do diabetes
financiados e pactuados pelas três esferas de governo
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). As classes de
medicamentos que ajudam no controle do DM tipo II são:
sulfoniluréias, glinidas, biguanidas e tiazolidinadionas.
Para gestantes diabéticas o tratamento inicial
consiste numa dieta equilibrada para controlar a glicemia
da mãe e fornecer um aporte de nutrientes adequados
para o feto. A realização de exercícios físicos aeróbicos
de moderada intensidade deve ser incentivada caso não
haja contra-indicações obstétricas. Caso a dieta e os
exercícios não sejam suficientes para manter os níveis
glicêmicos adequados o uso da insulina deve ser instituído.
O emprego de anti-diabéticos orais está contra-indicado
devido aos efeitos em longo prazo desconhecidos
destas drogas após a gestação. (MONTENEGRO Jr;
et. al, 2000). As sulfoniluréias (ou hipoglicemiantes) são
fármacos que tem como ação estimular as células β das
ilhotas de Langherans a secretarem insulina, também
reduz a sua depuração hepática.
Biguanidas são agentes anti-hiperglicêmicos que
reduzem os níveis de glicose primariamente ao diminuir
a produção hepática de glicose e aumentar a ação da
insulina no músculo e no tecido adiposo. As glinidas
tem efeitos semelhantes as sulfoniluréias e não aditivos,
causam menor ganho de peso. Tiazolidinadionas São
fármacos anti-hiperglicêmicos que exercem seus efeitos
ao diminuir a resistência a insulina no tecido periférico
ocasionando maior entrada de glicose nas células e
reduzindo a produção hepática de glicose (GOODMAN;
GILMAN, 2006).
As complicações do diabetes mellitus causam Nas unidades básicas de saúde o enfermeiro deve
VEREDAS FAVIP - Revista Eletrônica de Ciências - v. 3, n. 2 - julho a dezembro de 2010
Assistência de enfermagem ao portador de diabetes mellitus: um enfoque na atenção primária...
estimular o paciente a aderir com êxito ao tratamento,
explicar as formas de uso, os efeitos colaterais, efeitos
adversos e interações medicamentosas com outros
agentes terapêuticos.
da reutilização de agulhas e o planejamento de rodízio
dos locais de aplicação para evitar lipodistrofia. Além da
importância da manutenção do tratamento.
4 ABORDAGEM DE FATORES DE RISCO
3.2.3 - ADMINISTRAÇÃO DE INSULINA
A insulina é um hormônio de eficiente ação
frente às incapacidades do pâncreas ela é necessária para
reverter o estado catabólico, prevenir a cetoacidose,
reduzir o excesso de glucagon e da glicose sanguínea
(SOUZA; ZANETTI, 2000).
Existem vários tipos de insulina que são prescritos pelo
médico conforme a necessidade de cada paciente. Sua
aplicação mais utilizada no cotidiano ocorre no tecido
subcutâneo devido a sua lenta absorção pela extensa
rede de capilares nesse tecido.
Segundo Koch (2002), os locais mais adequados
para aplicação são aqueles afastados das articulações,
nervos e grandes vasos sanguíneos, tais como: face
posterior do braço (em média 4 a 8 cm abaixo da axila
e acima do cotovelo), quadrante superior lateral externo
das nádegas, face anterior e lateral externa da coxa (quatro
dedos abaixo da virilha e acima do joelho) e região lateral
direita e esquerda do abdome distantes três a quatro
dedos da cicatriz umbilical. Quando o comprimento da
agulha for adequado para o tipo físico e região escolhida
para aplicação recomenda-se um Ângulo de 90°, deve
ser feita uma prega subcutânea (nos locais de aplicação)
antes da introdução da agulha para prevenir aplicação
intramuscular, e ser desfeita antes da agulha ser retirada.
Após a administração da insulina deve - se manter por
alguns segundos a agulha no subcutâneo a fim de evitar
a saída da insulina; a aspiração antes de injetar a insulina
é desnecessária (GROSSI; PASCALI, 2009).
Considerando que o Diabetes Mellitus tem
etiologia multifatorial e que muitos desses fatores de
risco são potencialmente modificáveis principalmente
falando de DM tipo 2, os profissionais de saúde devem
dar maior ênfase na atenção primária para intervir
precocemente nestes fatores que em sua maioria estão
relacionados com o estilo de vida ( ORTIZ; ZANETTI,
2001).
Segundo Grossi; Pascali (2005) os eixos
etiológicos dos fatores de risco são: genéticos que
contemplam o histórico familiar de DM tipo 2, DM
gestacional, síndrome do ovário policístico, etnia e
macrossomia fetal; estilo de vida que corresponde a
obesidade, sedentarismo, hipertensão arterial sistêmica,
hipertrigliceridemia, hiperglicemia e histórico de doença
vascular; e o aspecto relacionado ao envelhecimento
que segundo os autores contemplam a falência funcional
do pâncreas com início após os 45 anos de idade.
Compete ao enfermeiro identificar precocemente
os fatores de riscos, vulnerabilidade do indivíduo e
o ambiente em que ele está inserido, através disto o
profissional pode intervir de forma sistematizada para
minimizar os riscos e os agravos a saúde. A intervenção
de enfermagem consiste na educação em saúde,
com incentivo para mudanças no estilo de vida, nos
hábitos alimentares e proporcionando ao indivíduo o
conhecimento sobre sua patologia (VASCONCELOS,
et. al, 2000).
5 COMPLICAÇÕES DO DIABETES MELLITUS
É importante informar ao cliente sobre o risco
VEREDAS FAVIP - Revista Eletrônica de Ciências - v. 3, n. 2 - julho a dezembro de 2010
45
Gésica Kelly da Silva Oliveira
Para o Ministério da saúde (2006a) as
complicações do diabetes mellitus podem ser divididas
em macrovasculares que comporta a doença arterial
coronariana, doença cerebrovascular e vascular periférica;
e as microvasculares como a retinopatia, nefropatia e
neuropatia. Complicações que apresentam um elevado
índice de morbi-mortalidade e que são potencializadas
por outros fatores como hipertensão arterial, tabagismo
e dislipidemias. Outra complicação potencialmente letal
é a acidose metabólica que acomete principalmente os
portadores de DM tipo 1 levando a um desequilíbrio
ácido-básico podendo levar o paciente a óbito. A
tríade composta pela neuropatia (disfunção dos nervos
periféricos), doença vascular periférica e infecção leva ao
pé diabético, condição comum entre os portadores do
diabetes e que pode causar gangrena e amputação dos
membros (VASCONCELOS, 2000).
- Emanuela Rozeno de Oliveira
holística do indivíduo prestando assistência qualificada
através da consulta de enfermagem, no qual possui um
papel imprescindível na atenção a esses indivíduos com
caráter cientifico e respaldo legal. A consulta exige do
enfermeiro uma comunicação eficaz para que se obtenha
um direcionamento correto da informação que será
recebida pelo paciente, o profissional deve saber ouvir,
compreender a realidade de cada individuo e orientar o
paciente para que ele possa conviver melhor com a sua
condição crônica.
Ao enfermeiro cabe identificar precocemente as
complicações que acometem o individuo conhecendo
a sintomatologia de cada complicação, identificandoas e intervindo precocemente e principalmente atuar
na prevenção evitando que estas aconteçam, através
da educação em saúde e do enfoque no autocuidado.
Além disso, é muito importante que o enfermeiro preste
assistência familiar já que os membros desta podem
contribuir para o cuidado do paciente com doenças
crônicas e, dessa maneira, prevenir ou diminuir as
complicações dela decorrentes (PACE, et. al, 2003).
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O grande número de pessoas portadoras
de Diabetes Mellitus exprime porque esta doença é
um grande problema de saúde pública que acarreta
um grande ônus ao país e custos inatingíveis para os
indivíduos e suas famílias. Neste contexto, o enfermeiro
deve prestar assistência na atenção primaria em saúde
de forma humanizada e integralizada, tendo uma visão
46
VEREDAS FAVIP - Revista Eletrônica de Ciências - v. 3, n. 2 - julho a dezembro de 2010
Assistência de enfermagem ao portador de diabetes mellitus: um enfoque na atenção primária...
REFERÊNCIAS
ALMINO, M. A. F. B; QUEIROZ, M. V. O; JORGE, M.
S. B.; Diabetes mellitus na adolescência: uma experiência
e sentimentos dos adolescentes e das mães com a
doença. Revista escola de enfermagem da USP, São
Paulo, 2009.
terapêutica. Editora Mcgraw–Hill, 2006.
GRILLO, M. F. F. Caracterização e práticas de
autocuidado de pessoas com diabetes mellitus tipo
2 de uma unidade básica de saúde. Dissertação de
mestrado. Porto Alegre, 2005.
BRASIL. Ministério da Saúde. Caderno de atenção
básica nº 16. Brasília; 2006a.
GROSSI, S. A. A; PASCALI, P. M. Cuidados de
enfermagem em diabetes mellitus. Sociedade brasileira
BRASIL. Ministério da Saúde. Política nacional de de diabetes, São Paulo, 2009.
atenção básica, Brasília; 2006b.
KOCH, R. M; PALOSCHI, I. M; HORIUCHI, L. N. O;
BRASIL. Secretaria de Saúde do Município de Campinas: MOTTA, H. S; RIBAS, M. L. R; WALTER, R. Técnicas
Protocolo sobre Diabetes. Campinas, 2006.
básicas de enfermagem. Curitiba: Editora Martinari,
2002.
BRASIL. Presidência da República. LEI 8080 de 19 de
setembro de 1990. Disponível em <www.planalto.gov. MACHADO, M. M. T; LEITÃO, G. C.M; HOLANDA,F.
br> acesso em 08/08/2010 às 11h10min.
U. X. H. O conceito de ação comunicativa: uma
contribuição para a consulta de enfermagem. Revista
BRUNNER; SUDDART. Tratado de enfermagem Latino Americana de enfermagem. São Paulo; 2005.
médico-cirúrgica; 11ª edição; Rio de Janeiro: Editora
Guanabara Koogan, 2008.
MONTENEGRO Jr, R. M; PACCOLA, G. M. G. F;
FOSS, M. C; TORQUATO, M. T. C. G; YANOS, R. K;
CÔRREA, V. G. N; BEVILÁCQUA, M. F; GOMES, FILHO, F. M; NOGUEIRA, A. A; BEREZOWSKI,
M. B. Avaliação da secreção e resistência insulínica em A. T; DUARTE, G.; ORTIZ, M. C. A; ZANETTI, M.
indivíduos com diferentes graus de tolerância a glicose L. Protocolo de detecção, diagnóstico e tratamento
– do metabolismo normal ao diabetes mellitus. Arquivo de diabetes mellitus na gravidez; Revista medicina;
brasileiro de endocrinologia metabólica. São Paulo, Ribeirão Preto; 2000.
2007.
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE.
FAEDA, A.; LEON, C. G. R. M. P. Assistência de Diabetes Mellitus. Brasília, 2008. Disponível em <WWW.
enfermagem a um paciente portador de diabetes opas.org.br> acesso em 02/08/2010 as 8h30 minutos.
Mellitus. Revista brasileira de enfermagem. Distrito
Federal, 2006.
ORTIZ, M. C. A; ZANETTI, M. L. Levantamento
dos fatores de risco para diabetes mellitus tipo 2 em
GOODMAN; GILMAN; As bases farmacológicas da
uma instituição de ensino superior. Revista Latino
VEREDAS FAVIP - Revista Eletrônica de Ciências - v. 3, n. 2 - julho a dezembro de 2010
47
Gésica Kelly da Silva Oliveira
Americana de enfermagem; São Paulo; 2001.
- Emanuela Rozeno de Oliveira
TIMBY, B. K. Conceitos e habilidades fundamentais no
atendimento de enfermagem. 8ª edição, Porto Alegre:
Editora Artmed, 2007.
PACE, A. E; NUNES, P. D; VIGO, K. O. O
conhecimento dos familiares acerca da problemática
do portador de diabetes mellitus. Revista Latino TRENTINI, M.; SILVA, D. G. V; BOMETTI, A;
Americana de enfermagem. São Paulo; 2003.
SCHLINDWEIN, B. H. Cuidado de enfermagem
as pessoas em condições crônicas: concepção de
PACE, A. E; VIGO, K. O; CALIRI, M. H. L; profissionais de enfermagem recém formados. Revista
FERNANDES, A. P. M. O conhecimento sobre diabetes texto contexto enfermagem, Florianópolis, 2008.
mellitus no processo de autocuidado. Revista Latino
Americana de enfermagem. São Paulo, 2006.
VASCONCELOS, L. B; ADORNO, J.; BARBOSA,
M. A; SOUZA, J.T; Consulta de enfermagem como
SOUZA, C. R.; ZANETTI, M. L; Administração de oportunidade de conscientização em diabetes. Revista
insulina: uma abordagem fundamental na educação em Eletrônica de Enfermagem. Goiás, 2000.
diabetes. Revista Escola de enfermagem da USP, São
Paulo, 2000.
48
VEREDAS FAVIP - Revista Eletrônica de Ciências - v. 3, n. 2 - julho a dezembro de 2010
Download