Curso completo - Centro Científico Conhecer

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MANEJO DE PLANTAS OLEAGINOSAS PROMISSORAS PARA A
PRODUÇÃO DE BIODIESEL NO BRASIL
Elaboração: Felipe Pianna Costa, Engenheiro Agrônomo, [email protected].
Lima Deleon Martins, Engenheiro Agrônomo, [email protected].
Wagner Nunes Rodrigues, Eng. Agrônomo, Mestre em Produção Vegetal,
[email protected].
PREFÁCIO
Este curso tem como objetivo elucidar de forma clara, eficiente e
econômica, o manejo de plantas oleaginosas promissoras para a produção de
biodiesel no Brasil.
Esta apostila é composta por três capítulos englobando as principais
técnicas para o manejo de plantas oleaginosas promissoras para a produção
de biodiesel no Brasil.
Ao fim do curso, haverá um pequeno teste para verificação da sua
aprendizagem. Boa leitura e bons estudos.
Sucesso nos estudos!
1.
DEFINIÇÃO E IMPORTÂNCIA DO BIODIESEL
O conhecimento e a atual divulgação do efeito ambiental causado pela
utilização dos combustíveis fósseis indicam a necessidade da criação de um
modelo energético baseado no aproveitamento de fontes de energia
alternativas. As fontes de energia renováveis ou energia limpa são
combustíveis que usam elementos renováveis para a natureza como matériaprima, ao exemplo da energia eólica, biomassa, energia hídrica e energia solar.
A humanidade tem sido movida a custa de recursos esgotáveis que levaram
milhões de anos para se formar. Desta forma, o uso de combustíveis fósseis,
que apresentam grande eficiência de produção de energia, ocasionou uma
dependência do petróleo em larga escala, que tem acarretado uma mudança
na composição da atmosfera e do balanço térmico do planeta.
Considerando-se a reabsorção pelas plantas, o biodiesel pode reduzir
em 78% as emissões líquidas de gás carbônico, comparado ao diesel derivado
de petróleo. Além disso, as emissões de fumaça podem ser reduzidas em 90 %
e as emissões de óxido de enxofre praticamente são eliminadas. É importante
salientar que o biodiesel pode ser usado em qualquer motor de ciclo diesel com
pouca ou nenhuma necessidade de adaptação (HOLANDA, 2004).
A produção do biodiesel no Brasil ainda é recente, portanto, a formação
dos arranjos estruturais e planejamentos integrados ainda estão sendo
processados. A utilização de rotas alternativas de produção de energias
renováveis em substituição aos combustíveis fósseis, como o Biodiesel é viável
e vantajosa (PAULILLO et al, 2007).
O Brasil é um dos países que reúnem as maiores vantagens
comparativas para liderar a agricultura de energia. A primeira vantagem
comparativa que se destaca é a perspectiva de incorporação de áreas à
agricultura de energia, sem competição com a agricultura de alimentos, e com
impactos ambientais circunscritos ao socialmente aceito. O segundo aspecto a
considerar é a possibilidade de múltiplos cultivos dentro do ano calendário
(EMBRAPA, 2005).
Nesse contexto, Segundo a Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005,
Biodiesel é um “biocombustível derivado de biomassa renovável para uso em
motores a combustão interna com ignição por compressão ou, conforme
regulamento, para geração de outro tipo de energia, que possa substituir
parcial ou totalmente combustíveis de origem fóssil”. Desta forma, visando
colocar no mercado a produção de Biodiesel o Governo Federal lançou o
Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel, que prevê a
obrigatoriedade da adição de 2% de Biodiesel ao petrodiesel, a partir de 2008 e
de 5% a partir de 2012. Estima-se que o piso do mercado de Biodiesel será
superior a 2 bilhões de litros, em 2012.
Segundo Miragaya (2005), a área plantada necessária para atender ao
percentual de mistura de 2% de biodiesel ao diesel de petróleo é estimada em
1,5 milhões de hectares, o que equivale a 1% dos 150 milhões de hectares
disponíveis para a agricultura no Brasil, não incluídas aqui as regiões ocupadas
por pastagens e florestas.
O Biodiesel é um combustível derivado de fontes renováveis que pode
ser produzido a partir de óleos vegetais, gorduras animais e até sobras de
óleos de frituras, podendo ser obtido por diferentes processos tais como o
craqueamento, a esterificação ou pela transesterificação.
O Biodiesel substitui total ou parcialmente o óleo diesel de petróleo em
motores de ciclodiesel automotivos (de caminhões, tratores, camionetas,
automóveis, etc) ou estacionários (geradores de eletricidade, calor, etc). Pode
ser usado puro ou misturado ao diesel em diversas proporções. A mistura de
2% de Biodiesel ao diesel de petróleo é chamada de B2 e assim
sucessivamente, até o Biodiesel puro, denominado B100. Estudos realizados
nos Estados Unidos revelam que um óleo B100, ou seja, totalmente composto
por Biodiesel, permite reduzir em 48% as emissões de monóxido de carbono
dos motores de veículos, quando comparado com o diesel convencional. Fora
isso, há a redução de 47% na emissão de partículas inaláveis e quase a
eliminação das emissões de enxofre, muito prejudiciais à saúde.
No momento em que a demanda por fontes alternativas de energia se
torna expressiva em todas as partes do mundo, criam-se novas perspectivas
para os países pobres e de sustentabilidade para os países ricos intensificando
a busca por informações técnico-científicas para a produção de Biodiesel a fim
de contribuir e viabilizar a implantação de culturas que forneçam esta matéria
prima.
O fomento ao desenvolvimento das tecnologias para o aproveitamento
das fontes renováveis poderá beneficiar comunidades rurais e regiões
afastadas bem como a produção agrícola através da autonomia energética e
conseqüente a melhoria global da qualidade de vida dos habitantes. Deve-se
ressaltar que o fomento para a produção de Biodiesel pode ser realizada
razoavelmente bem em zonas áridas e em solos degradados de utilidade
marginal para a agricultura, não utilizando áreas propicias para a produção de
alimentos e nem utilizando alimentos para a produção de energia como é o
caso da mamona, pinhão manso e outros.
O desenvolvimento de projetos de produção e comercialização do
Biodiesel no Brasil deverá levar em consideração a produção e a oferta de
matéria-prima (oleaginosas), tanto com relação à quantidade necessária
quanto à possibilidade de uso de espécies regionais; o desenvolvimento de
mercados para os subprodutos (ou derivados) do processo; as resoluções
quanto à emissão de poluentes; a redução na dependência de petróleo e
derivados; e a exportação de créditos de carbono relativos ao Protocolo de
Kyoto (Efeito Estufa), com conseqüente reserva do fluxo de capitais no setor de
combustível para motores do ciclo diesel (IVIG, 2005). Deve-se destacar a
agricultura familiar como um importante agente na cadeia produtiva do
Biodiesel, considerando os benefícios dados pelo Programa Nacional de
Produção e Uso do Biodiesel às empresas que adquirem matéria-prima desse
segmento. A agricultura familiar assentada, por sua vez, apresenta vantagens
no que diz respeito à concentração de produtores em uma dada região, o que
reduz custos de transportes e de transação, como coleta de informações e
estabelecimento de contratos.
No Brasil, as discussões sobre biodiesel têm priorizado as oleaginosas
que venham a gerar maior emprego de mão-de-obra e que possam incluir
regiões que estão à margem do processo de desenvolvimento econômico. A
produção de oleaginosas em lavouras familiares faz com que o biodiesel seja
uma alternativa importante para erradicação da miséria no País, pela
possibilidade de ocupação de enormes contingentes de pessoas (AMORIM,
2005).
Com o fomento da (Petrobras), do Programa Nacional de Produção e
Uso de Biodiesel e do projeto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em
pinhão manso (Jatropha curcas L.) para a produção de Biodiesel, coordenado
pela Embrapa Agroenergia e outros as plantas oleaginosas estão se
consolidando como uma alternativa cada vez mais vantajosa para a produção
de biodiesel.
Enumeras são as vantagens da produção do Biodiesel de acordo com o
Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel, coordenado pela
Embrapa Agroenergia como: oportunidades de expansão do emprego, apoiar a
mudança na matriz energética nacional, subsidiar políticas públicas, redução
das emissões de gases poluentes (enxofre, aromáticos e monóxido de
carbono), redução da contribuição para o aquecimento global, produção de
energia limpa e renovável, fortalecimento do agronegócio a partir de novos
investimentos, desenvolvimento regional sustentado, balanço de pagamentos
através da redução de importações de diesel, fixação do homem no campo,
desenvolvimento da agricultura em áreas degradadas ou secas, melhoria da
distribuição de renda, geração de novos empregos na cadeia produtiva,
geração de emprego e renda no campo, reduzindo o êxodo rural.
Com uma elevada extensão territorial o Brasil é um continente, com
cinco macro regiões bem definidas, com características discrepantes de solos,
clima e regime de chuvas específicos. Desta forma, agronomicamente seria
imprudente definir uma oleaginosa para o Brasil inteiro, se destacando assim
com uma diversidade de condições edafoclimáticas o Brasil é considerado
como um dos países mais propícios para a exploração de biomassa para fins
alimentícios, químicos e energéticos.
1.2
PLANTAS OLEAGINOSAS
Diversas são as alternativas para a produção de óleos vegetais no
Brasil, o que constitui num dos muitos diferenciais para a estruturação do
programa de produção e uso do biodiesel no país. Todavia o desafio é do
aproveitamento da vocação agrícola de cada região neste país com dimensões
continentais e da utilização de espécies não alimentar para a produção do
Biodiesel. Lembrando que as diversidades sociais, econômicas e ambientais
geram distintas motivações regionais para a sua produção e consumo.
Segundo Bilich e DaSilva, (2008), as principais fontes para extração de
óleo vegetal com potencialidade para o uso na produção de biodiesel são: baga
de mamona, amêndoa do coco de dendê, amêndoa do coco de babaçu,
semente de girassol, amêndoa do coco da praia, caroço de algodão, grão de
amendoim, semente de canola, semente de pinhão manso, semente de
maracujá, polpa de abacate, semente de linhaça e de nabo forrageiro e entre
as plantas nativas pode se contar com o pequi, o buriti e a macaúba entre
outras que apresentaram resultados relevantes nos testes laboratoriais.
A mamona (Ricinus communis L.) vem se tornando um atraente mercado
em razão de sua enorme aplicabilidade em mais de 400 produtos industriais,
destacando-se principalmente em matéria prima da biomassa para a produção
de energia renovável. Diversas são as vantagens da utilização da mamona
para o fornecimento de matéria prima para o biodiesel como a sua
adaptabilidade a diversos climas, solos, manejos, possibilidade de consorciá-la
com a maioria das culturas, além de uma maior rusticidade do que outras
culturas.
O pinhão-manso (Jatropha curcas) é considerado uma cultura rústica,
adaptada às mais diversa condições edafoclimáticas, que sobrevive bem em
condições de solos marginais de baixa fertilidade natural sendo altamente
promissora como fonte energética renovável sob o ponto de vista econômico e
social, (ARRUDA et al., 2004; SATURNINO et al., 2005; DIAS et al., 2007). O
pinhão-manso pode ser considerado uma das mais promissoras oleaginosas
do Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do Brasil para substituir o diesel de
petróleo (BIODIESELBR, 2008).
O dendê (Elaeis guineensis) é produzido a partir do fruto de uma
palmeira perene de grande porte conhecida como Dendezeiro. A importância
econômica do azeite-de-dendê vai além do seu uso culinário, como é mais
conhecido no Brasil. É empregado como biocombustível, como proteção de
folhas-de-flandres e chapas de aço, na fabricação de sabão, vela, graxas,
lubrificantes e artigos vulcanizados, e na produção de gorduras vegetais e
margarinas. As práticas culturais adotadas no seu cultivo constituem-se de um
sistema de produção agroindustrial, com aceitável estabilidade ecológica e
baixos impactos negativos ao ambiente, sendo de grande importância para
projetos de colonização e desenvolvimento da agricultura familiar.
O girassol (Helianthus annus L.) é uma planta com características muito
rústica,
principalmente
no
que
diz
respeito
ao
seu
potencial
para
aproveitamento econômico na produção de biodiesel. Com raízes profundas e
um porte alto é uma planta tolerante às variações climáticas, e às variações de
do solo. Utilizando-se as mesmas máquinas de plantio e de colheita do milho,
com pequenas adaptações o girassol pode ser usado com sucesso na rotação
de culturas, pois diminui a incidência de pragas, doenças e ervas daninhas
podendo ser incorporado ao solo favorecendo o plantio direto. A prensagem
das sementes produz um teor de óleo que pode oscilar entre 38 e 48%,
dependendo do solo, do clima e do tipo de adubação usada.
O coco de babaçu é o principal produto do extrativismo vegetal do
estado do Maranhão, tendo em vista que um quarto do território maranhense é
coberto por esta palmeira nativa (Orbignya martiana). As atividades envolvidas
com o coco babaçu geram cerca de 300 mil empregos, desde a coleta
(quebradeiras de coco) até o refino do óleo (PENSA/USP, 2000). Para fins de
produção de biodiesel, o óleo de babaçu extraído das amêndoas, por ter
composição predominante de triacilglicerídeos de ácidos láuricos, possui
excelentes qualidades para a transesterificação devido à sua cadeia curta que
interage mais efetivamente com o agente transesterificante, obtendo-se um
biodiesel com excelentes características físico-químicas (LIMA et al., 2007).
A canola (Brassica napus) está inserida na categoria de plantas
oleaginosas. Dela se extrai o óleo de canola, que vem a ser o produto mais
saudável para esta categoria pelos baixos teores de gordura saturada
(RENARD et. al, 1994 e TOMM, 2000). Além disso, o óleo de colza era
conhecido por ter alto teor de ácido eicosanóico e erúcico (Óleos e Gorduras
de Varias Procedências, 2000). A canola cultivada no Brasil (Pará e Rio Grande
do Sul, principalmente) é uma seleção geneticamente modificada da colza
(Brassica napus). É uma oleaginosa da família crucífera que possui de 40-46%
de óleo no grão, e de 34-38% de proteína no farelo. Além do alto teor de óleo,
apresenta excelente qualidade pela composição em ácidos graxos. O interesse
dos produtores no plantio de canola tem crescido em função da garantia de
compra e preço pago, constituindo-se alternativa de cultura de inverno (TOMM,
2000).
O crambe (Crambe abyssinica) surge como planta com grande potencial
para a produção de matéria-prima para biodiesel. A planta tem despertado
interesse dos produtores de soja, porque todo seu cultivo é mecanizado e
principalmente, por ser uma cultura de inverno (mais uma alternativa para a
safrinha), plantada após a colheita da soja em março/abril e ter baixo custo de
produção. A extração do óleo pode ser feita mecanicamente com o uso de
extrusora e prensa, com percentual de óleo total entre 26% e 38% (VEDANA,
2007).
Figura . Plantas oleaginosas descritas acima.
2 RECOMENDAÇÃO TÉCNICA PARA A CULTURA DA MAMONA
2.1 PLANTA
A mamona (Ricinus communis L.) pertence à família Euphorbiaceae, é
uma planta que se destaca no Brasil e no mundo pelo seu grande potencial
produtivo oleaginoso. Matéria prima de aplicações exclusivas, devido a
características peculiares que a torna o único óleo vegetal hidroxilado
naturalmente, além de uma composição com predominância de um ácido
graxo, ricinoléico, o qual lhe confere propriedades químicas atípicas
(GONÇALVES et al., 2007). Devido suas inúmeras aplicações industriais a
mamoneira vem se destacando como uma cultura de relevante importância
econômica e social. A mamona depois de industrializada origina dois produtos:
A torta, que é geralmente empregada como fertilizante orgânico devido à sua
composição de nutrientes (em média de 4,37% de nitrogênio, 1,85% de fósforo
e 1,39% de potássio); o óleo, entre as diversas utilidades, é empregado na
indústria de plástico, siderurgia, saboaria, perfumaria, curtume, tintas e
vernizes, além de ser excelente lubrificante para motores de alta rotação e
carburante de motores a diesel (EMBRAPA, 2006).
A mamoneira é uma espécie composta por uma grande variabilidade de
variações em diversas características. São encontrados tipos botânicos com
portes que variam do anão ao arbóreo, caule e folhas de coloração verde,
vermelho ou rosa, com presença ou não de cera, frutos inermes ou com
espinhos, deiscentes ou indeiscentes, sementes de vários tamanhos e
colorações, diferentes teores de óleo, variações no número e tipos de flores
nas inflorescências e outros.
Em geral, o sistema radicular da planta é vigoroso, do tipo pivotante e
profundo (MAZZANI, 1983; WEISS, 1983). Ao longo das raízes ocorre grande
emissão de radícelas, o que confere maior eficiência na absorção de água e
nutrientes. Segundo Amorim Neto et al. (2001) trata-se de uma planta xerófila
altamente resistente à seca.
As folhas da mamoneira são alternas, exceto para as duas folhas
opostas
que
surgem
no
nó
imediatamente
acima
dos
cotilédones,
palmatiformes com limbo peltado, com cinco a onze lóbulos, glabras, verdes,
sendo que existe o tipo de folhas vermelho-escura com nervuras de tom um
pouco mais claro, porém essa coloração raramente é encontrada no Brasil
(SALUNKHE & DESAI, 1986; RODRIGUES et al., 2002).
A principal característica de desenvolvimento da parte aérea da
mamoneira é o crescimento de ramos laterais logo após a emissão da
inflorescência primária na haste principal; cada ramo termina em uma
inflorescência, sendo a planta normalmente monóica e a inflorescência,
também denominada racemo ou cacho, composta de uma ráquis. O racemo
monóico é composto por flores femininas na parte superior e masculinas na
inferior.
Figura 2. Ilustração das diferentes partes da espécie Ricinus communis.
(Fonte: John Poulakis).
2.2
Latitude e altitude
A mamoneira vegeta bem em climas tropicais e subtropicais e é
explorada comercialmente entre as latitudes 40o N e 40o S. No Brasil ela é
encontrada como planta silvestre desde o Rio Grande do Sul até a Amazônia.
Apesar de serem encontradas mamoneiras em altitudes variando desde o nível
do mar até 2.300 m, para a produção comercial recomenda-se o cultivo em
áreas com altitude na faixa de 300 a 1.500 m acima do nível médio do mar.
Quando cultivada em regiões com altitude abaixo de 300 m há maior produção
de massa verde em detrimento da produção de cachos (EMBRAPA, 2006).
2.3
Pluviosidade
A mamoneira por ser considerada planta tolerante à seca, resiste a
pouca quantidade de chuva, provavelmente devido ao seu sistema radicular
bem desenvolvido, que busca água em grandes profundidades, chegando a
alcançar, nos tipos comerciais, até três metros de profundidade. A precipitação
anual deve estar na faixa de 500 a 1.500 mm, com ótimo em torno de 800 mm.
Principalmente na fase de maturação dos frutos a falta de umidade no solo,
favorece a produção de sementes pouco pesadas e com baixo teor de óleo,
proveniente da síntese de carboidratos (EMBRAPA, 2006).
Pluviosidade entre 600 e 700 mm proporcionam rendimentos superiores
a 1500 kg/ha, associadas à outras técnicas de manejo, sendo viável
economicamente em áreas onde a precipitação pluvial mínima esteja entre 400
e 500 mm (AZEVEDO & GONDIM, 2010).
2.4
Temperatura
A mamona é uma planta de clima tropical e por isso prefere locais de
temperatura do ar que variam entre 20 e 30
oC.
Sendo que iniciada a
germinação, a temperatura precisa manter-se acima de 12 ºC, pois baixas
temperaturas na ocasião do plantio retardam a germinação das sementes,
prolongando a permanência das mesmas no solo, o que favorece o ataque de
microrganismos e insetos.
No cultivo da mamona a temperatura pode variar de 20 a 35
o
C para
que haja produções que assegurem valor comercial, estando a temperatura
ótima para a planta em torno de 28
o
C. Temperaturas muito elevadas,
superiores a 40 º C, provoca aborto das flores, reversão sexual das flores
femininas em masculinas e redução do teor de óleo nas sementes (ARAÚJO et
al., 2007).
2.5
Fotoperíodo
A mamoneira é considerada uma planta de dias longos, embora se
adapte bem às regiões com fotoperíodos curtos, desde que não inferiores a
nove horas. Seu melhor desenvolvimento ocorre em áreas com boa insolação,
com pelo menos 12 horas de sol/dia (NETO et al, 2001).
2.6
Produtividade
O Brasil já foi o maior produtor mundial de mamona, todavia atualmente
ocupa a terceira posição, com uma produção estimada na safra de 2006/07 de
152,3 mil toneladas, numa área de 209,1 mil hectares, sendo superado pela
Índia e pela China. Dados da Conab (2007) revelam que a produtividade na
Bahia é extremamente baixa, visto que o rendimento médio dos últimos cinco
anos foi de 730,1kg ha-1, bem inferior, por exemplo, a média da Região
Sudeste para o mesmo período (1377 kg ha-1).
2.7
Solo
A mamoneira não é muito exigente em solo, desenvolvendo e
produzindo em vários tipos de solo, de preferência solos de textura média, não
muito argilosos, planos ou de relevo suave ondulado, sem perigo de
encharcamento ou inundação. Desta forma, solos profundos, com boa
drenagem, de textura franca e bem balanceados quanto aos aspectos
nutricionais, favorecem o seu desenvolvimento.
O sistema radicular da mamona é do tipo pivotante, com uma raiz
principal que atinge grandes profundidades, apresentando grande quantidade
de raízes laterais, responsáveis pela nutrição da planta, permitindo esta
explorar as camadas mais profundas do solo, que normalmente não são
atingidas por outras culturas anuais, como soja, milho e feijão, promovendo o
aumento da aeração e da capacidade de retenção e distribuição da água no
solo, principalmente em períodos de escassez de chuva.
De uma forma geral, pode-se dizer que a mamoneira é exigente em
fertilidade, devendo ser cultivada em solos com teores médios a alto de
nutrientes. Segundo Weiss (1983), a mamoneira é capaz de crescer em uma
grande variedade de solos, com teores de nutrientes bastante variáveis; mas
em solos inférteis, a produtividade é baixa e a tolerância da planta a pouca
chuva é freqüentemente confundida com tolerância à baixa fertilidade.
Para a mamoneira produzir 1.700 kg ha -1 de sementes, estima-se que
ela extraia do solo o equivalente a 50 kg ha-1 de N, 20 kg ha-1 de P2O5 e 16 kg
ha-1 de K2O, sem contar as quantidades absorvidas para compor outras
estruturas como raízes, caules, cascas e folhas (WEISS, 1983).
A cultura prefere solos com pH entre 5 e 6,5, produzindo em solos de pH
até 8,0. Para a conservação do solo deve-se fazer cobertura vegetal, em
função da topografia do terreno, dos tratos culturais utilizados e do
espaçamento. As curvas de nível devem ser utilizadas para ajudar na
conservação, retenção da umidade do solo, contenção de água da chuva,
como também a calagem, a rotação de cultura e a adubação adequada
(ARAÚJO et al., 2007).
2.8
Variedade
Existe uma gama de variedades de mamoneira disponíveis para o
plantio. Eles diferem em porte, deiscência dos frutos, tipo dos cachos,
produtividade, entre outras características. Com isso, deve-se verificar entre os
vários genótipos existentes qual o mais adaptado a determinada região
(AMARAL, 2002).

O cultivar IAC-80 é uma cultivar de porte alto, com altura média
de 3,00 - 3,50 m apresentando o ciclo vegetativo de 240 dias com
frutos semi-deiscentes (quatro para cinco colheitas parceladas),
com um potencial produtivo de 1.500 a 4.000 kg/ha, 47% de óleo
nas sementes (SAVY FILHO, 2005; MATOS, 2007).

O cultivar IAC-226 é de porte alto, podendo atingir uma altura
média 3,50 m com um ciclo vegetativo de 180 a 200 dias, com um
potencial produtivo de 1.500 a 4.000 kg/ha apresentando frutos
indeiscentes (colheita única), 48% de óleo nas sementes (SAVY
FILHO, 2005; MATOS, 2007).

O cultivar Guarani é de porte médio, com altura de 1,80 - 2,00 m
com um ciclo vegetativo de 180 dias apresentando frutos
indeiscentes com um potencial produtivo de 1.500 a 4.000 kg/ha
com aproximadamente 47% de óleo nas sementes (SAVY FILHO,
2005; MATOS, 2007).

O cultivar IAC - 2028 é de elevado potencial produtivo, ciclo
precoce com florescimento aos 75 dias e frutos indeiscentes, com
altura de 1,50 - 1,80 m (SAVY FILHO, 2005; MATOS, 2007).
Desta forma, cada condição climática e nível tecnológico exigem a
escolha de uma cultivar apropriada, pois há grande variação nas características
das variedades plantadas no Brasil.
2.9
Escolha do local
Na escolha do local para implantação do plantio de mamona é
recomendável que este seja bem drenado, pois a planta é extremamente
sensível ao encharcamento, mesmo que temporário, cerca de três dias pode
provocar morte das plantas. O solo para o plantio não deve apresentar alta
salinidade, pois a presença de alta concentração de sais pode prejudicar o
crescimento da planta. Lembrado que o cultivo da mamoneira por apresentar
uma pequena habilidade de proteção ao solo pode acarretar num sério fator de
degradação dos solos de uma região, pois esta cultura permite a exposição do
solo aos agentes erosivos, como chuva, raios solares e ventos.
2.10 Preparo do solo
O preparo do solo é fundamental na exploração racional da mamoneira.
Essa prática tem alguns objetivos como: controlar plantas daninhas, aumentar
a aeração do solo e aumentar a proteção do solo. Ambos os fatores são de
grande importância, na conservação do solo e no desenvolvimento da
mamoneira, pois a mamoneira é muito sensível à concorrência com as plantas
daninhas e muito exigente em aeração do solo, e por não produzir cobertura
vegetal densa, em função da arquitetura da planta esta cultura oferece uma
menor proteção ao solo. Desta forma, alguns procedimentos deverão ser
adotados para minimizar o problema de erosão do solo cultivado com a
mamoneira, como: utilização de cobertura vegetal, realização de um preparo
adequado do solo, usando-se curvas de nível no sentido perpendicular ao
escoamento das águas, rotação de culturas, consorciação com outras culturas.
2.11 Espaçamentos
O espaçamento no qual a mamoneira é explorada no Brasil é definido
em função da fertilidade do solo e da variedade cultivada. Não podendo ser
pequeno ao ponto de promover estiolamento devido à ausência de luz e nem
tão grande ao ponto de favorecer crescimento de plantas daninhas. Desta
forma, a mamoneira é cultivada no Brasil em dois sistemas distintos de
cultivo: isolado e consorciado (EMBRAPA, 2006).
 Sistema Isolado
De acordo com estudo de cultivares de porte médio da Embrapa Algodão
para as áreas de sequeiro e nas condições de cultivo isolado, recomendam-se
os seguintes espaçamentos:
2.11.1 Material de porte médio
Solos de Baixa
Solos de Média
Solos de Alta
fertilidade
fertilidade
fertilidade
2x1m
3x1m
4x1m
Fonte: Embrapa,(2006).
2.11.2 Material de porte anão
Solos de Baixa
Solos de Média
Solos de Alta
fertilidade
fertilidade
fertilidade
1 x 0,5 m
1 x 0,7 m
1,5 x 0,5 m
Fonte: Embrapa, (2006).
Utilizando sistemas de cultivo mecanizado, com variedades de porte
baixo e precoce, o cultivo solteiro é feito em combinações de espaçamentos e
densidades de semeadura com populações de plantas variando de
aproximadamente 9 mil plantas/ha a 15 mil plantas/ha, como se segue:
Espaçamento (m)
Densidade (m)
Área (m2/planta)
Número de plantas/ha
0,80
0,90
1,35
1,35
1,35
0,80
0,64
15.625
0,80
0,72
13.888
0,70
0,95
10.582
0,75
1,01
9.876
0,80
1,08
9.256
Fonte: Savy Filho (2005).
Sob condições de sequeiro, plantas de mamoneira precoce (ciclo de 120
a 140 dias), com populações entre 15 mil plantas/ha e 45 mil plantas/ha,
produziu 898 kg/ha e 1538 kg/ha, respectivamente (GONDIM et al., 2004).
 Sistema Consorciado
O consórcio de culturas é prática tradicional de produção de alimentos e
biomassa nas regiões tropicais, onde pequenas propriedades e operações
intensivas predominam. No trópico semi-árido do Nordeste brasileiro esta
prática tem sido uma das formas de aumento da produção de culturas entre os
pequenos agricultores (BEZERRA NETO et al., 1991; BEZERRA NETO &
ROBICHAUX, 1996, BEZERRA NETO & ROBICHAUX, 1997). A associação de
culturas tem como principal objetivo maximizar a utilização dos recursos
ambientais da área, além de reduzir o uso de mão-de-obra nas diversas
operações com aplicação de insumos e tratos culturais, reduzindo assim o
custo de produção.
O arranjo das culturas dentro do consórcio vai depender do sistema de
plantio a ser usado. De acordo com Embrapa (2006), no consórcio da
mamoneira com culturas alimentares e oleaginosas dois sistemas de plantio
podem ser usados:
2.11.3 Plantio em fileiras simples
Mamoneira
Solos de Baixa fertilidade Solos de Média fertilidade Solos de Alta fertilidade
4 x 0,5 m
4 x 0,8 m
4x1m
Fonte: Embrapa, (2006).
Culturas Consortes
Solos de Baixa
fertilidade
Solos de Média
fertilidade
Solos de Alta
fertilidade
Algodoeiro
3 linhas(1,0 x 0,1 m)
3 linhas(1,0 x 0,2 m)
3 linhas (1,0 x 0,25 m)
Caupi
3 linhas(1,0 x 0,4 m)
3 linhas(1,0 x 0,4 m)
3 linhas (1,0 x 0,6 m)
5 linhas( 0,1 x 0,25 m)
5 linhas (0,5 x 0,25 m)
Feijão ou amendoim 5 linhas(0,5 x 0,2 m)
Fonte: Embrapa, (2006).
Figura 3. Consórcio da mamoneira com o algodoeiro anual, milho ou
caupi.
(Fonte: Azevedo et al., 1997).
Figura 4. Consórcio da mamoneira com o feijoeiro ou amendoim.
(Fonte: Azevedo et al., 1997).
2.11.4 Plantio em fileiras duplas
Mamoneiras
Solos de Baixa fertilidade Solos de Média fertilidade Solos de Alta fertilidade
1 x 0,8 x 4 m
(Fonte: Embrapa, 2006).
1x1x5m
1 x1 x 6 m
Culturas consortes
O número de fileiras variará de acordo com os espaçamentos entre
fileiras duplas da mamoneira (4,0m; 5,0m ou 6,0m) e os espaçamentos e
densidades de plantio das culturas consortes serão idênticos ao do sistema de
fileiras simples.
Figura 5. Consórcio da mamoneira em fileiras duplas com culturas alimentares e
algodão. (Fonte: Azevedo et al., 1997).
Figura 6. Consórcio da mamoneira em fileiras duplas com culturas alimentares e
algodão. (Fonte: Azevedo et al., 1997).
Figura 7. Consórcio da mamoneira em fileiras duplas com culturas alimentares e
algodão. (Fonte: Azevedo et al., 1997).
Figura 8. Consórcio da mamoneira em fileiras duplas com culturas alimentares e
algodão. (Fonte: Arquivo Embrapa Algodão).
2.12 Plantio
A profundidade indicada é de 8 a 10 cm no início da estação chuvosa
(novembro a dezembro) após pelo menos, 30 mm de chuva. Essa profundidade
é indicada para solos de textura média a arenosa que retém pouca água, pois a
profundidade de semeadura deverá fixar-se em função da capacidade de
armazenamento de água do solo, de forma que, quanto maior a capacidade de
retenção de água do solo, menor a profundidade de plantio. Dependendo da
germinação e do vigor das sementes, deixa-se cair três ou mais sementes por
cova. Utilizando de 5 a 15 quilos de sementes por ha. Quando a planta
alcançar 10-12 cm é realizado o desbaste deixando 1 ou 2 plantas por cova,
(SAVY FILHO, 2005).
Figura 9. Germinação de plantas de mamona.
(Fonte: Arquivo Embrapa Algodão).
2.13 Época de plantio
A época de plantio da mamoneira se inicia na estação chuvosa, no final
de setembro e inicio de outubro de forma a aproveitar ao máximo o período
chuvoso, mas sendo a colheita feita em época seca. Na escolha da melhor
época de plantio, deve-se observar o ciclo da cultivar a ser plantada, afim de
que a colheita seja realizada em uma época seca e este período deve também
está relacionado à uma menor incidência de pragas, doenças, plantas daninhas
com finalidade de aumentar a viabilidade da cultura e a renda do produtor.
2.14 Sementes
A qualidade final da semente a ser utilizada para o plantio deve ser
monitorada desde quando esta é obtida no campo, tomando o cuidado em
manter, durante o beneficiamento e o armazenamento as condições
necessárias, evitando principalmente as injúrias mecânicas
A capacidade de uma semente de produzir uma planta normal pode ser
reduzida ou anulada por injúrias mecânicas causadas durante o beneficiamento
(GREGG et al., 1970). A injúria mecânica é causada por choques e/ou
abrasões das sementes contra superfícies duras ou contra outras sementes,
resultando em sementes quebradas, trincadas, fragmentadas, arranhadas e
inteiramente danificadas. Não só o aspecto físico da semente é atingido, pois
sementes
mecanicamente
danificadas
dificultam
as
operações
de
beneficiamento e apresentam menor germinação e vigor (ANDREWS, 1965;
DELOUCHE, 1967).
O uso de sementes de boa qualidade e de uma cultivar adaptada à
região é uma das tecnologias mais simples, baratas e possibilitando a obtenção
de produtividades mais altas. A semente deve ser adquirida de um produtor
idôneo e detentor de Registro no Ministério da Agricultura. A produção de uma
semente de qualidade deve ser feita com diversos cuidados para impedir a
mistura genética com outras variedades, principalmente com as mamonas
asselvajadas, e garantir a germinação e vigor das plantas. Por essa razão, não
se recomenda que a semente colhida na propriedade seja utilizada para
plantio, pois se o produtor não tiver o cuidado necessário nesse processo, a
semente irá se contaminar geneticamente, provocando perda de produtividade
ou surgimento de problemas como deiscência dos frutos e aumento da
susceptibilidade a doenças (MATOS, 2007).
Figura 10. Sementes de diferentes genótipos de mamona.
(Fonte: http://www.mfrural.com.br).
2.15 Adubação e calagem
A mamoneira é uma planta exigente em nutrientes, e responde bem à
aplicação de fertilizantes, tanto químicos quanto orgânicos. Desta forma, as
sementes possuem elevadas concentrações de óleo e proteínas, acarretando
em uma demanda razoável por nutrientes essenciais, como o nitrogênio,
potássio, fósforo, cálcio e magnésio.
A análise química do solo é de fundamental importância, no qual
permitirá também a identificação de barreiras químicas, a exemplo do alumínio,
que poderão prejudicar o desenvolvimento do sistema radicular das plantas e o
conhecimento dos teores de nutrientes disponíveis no solo que forneceram
base para as formulações das recomendações mais acertadas para a
adubação das plantas, diminuindo assim o desperdício e o uso inadequado de
adubos e corretivos e prejuízo, que haveria tanto nas despesas com adubação
como na redução das colheitas.
Para a recomendação dos corretivos é sugerido o método de saturação
por bases, elevando a para 60% conforme recomendação proposta por Prezotti
et al., (2007). A adubação mineral recomendada para a mamona segundo o
manual de recomendação de calagem e adubação para o Estado do Espírito
Santo (5ª aproximação) segue abaixo:
Adubação
Nitrogênio
de
Plantio
Kg/ha de N
15
Fósforo
Baixo
Médio
Alto
-----------kg/ha de P2O5------------70
50
30
Potássio
Baixo
Médio
-----------kg/ha de K2O------------40
30
Fonte: Prezotti et al., (2007).
2.16 Controle das Plantas daninhas
É recomendado o controle das plantas espontâneas até os primeiros 60
a 70 dias, quando representa o período critico de competição, pois a planta da
mamoneira é sensível a alelopatia. Quando é feito esse controle há uma
diferença significativa na produção do primeiro cacho (AZEVEDO & BELTRÃO,
2007).
O método químico consiste no uso de produtos químicos denominados
herbicidas para controle de plantas daninhas. Os herbicidas recomendados
para o controle de plantas daninhas em mamoneira são: Alachlor, Diuron,
Linuron, Eptc, Norea, Simazine e Trifluralin (AZEVEDO et al., 2001).
2.17 Rotação de Cultura
A disponibilidade de água e nitrogênio são fatores importantes na
agricultura. Práticas agrícolas, como rotação de cultura, plantio direto e uso de
cultura de cobertura, usados na melhoria do armazenamento de água e no
aumento do nitrogênio do solo, devem ser recomendadas como estratégia na
estabilização de produção de culturas exploradas em condições de sequeiro,
como é o caso da mamoneira (EMBRAPA, 2006).
A rotação de culturas pode ser citada como benéfica para a melhoria das
condições físicas, químicas e biológicas do solo, ao controle de plantas
daninhas, bem como ao de doenças e pragas, à reposição de restos orgânicos,
e à proteção do solo contra a ação dos agentes climáticos; é recomendável
usar espécies das plantas fixadoras de nitrogênio com sistema radicular
profundo ou abundante, espécies capazes de aproveitar os fertilizantes
residuais das culturas comerciais; para o Paraná, indica-se como cobertura
vegetal o lab-lab, mucunas, crotalárias e guandu para cultivos de verão (IAPAR,
1995). O manejo da matéria orgânica mediante rotação de culturas, adubação
verde e consorciação de culturas pode proporcionar melhor aproveitamento de
adubos químicos e possibilitar redução nos custos com adubação nitrogenada
mineral, uma vez que propicia aumento da atividade biológica do solo
(HERNANI et al., 1995).
2.18 Combate a doenças
Mofo cinzento – Amphobotrys ricini
O mofo cinzento, causado pelo fungo Amphobotrys ricini, encontrada no
Brasil desde 1932, sendo considerada hoje a doença mais importante da
mamoneira, devido à rápida e completa destruição dos cachos, principalmente
quando as condições climáticas são favoráveis (MASSOLA JR & BEDENDO,
1995). O fungo ataca a inflorescência e os frutos da mamoneira em qualquer
fase de desenvolvimento, começando como manchas de coloração azulada
com exsudação amarela nas folhas, caules e cachos, e em condições
climáticas ideais (temperaturas próximas de 25 oC e umidade elevada) o fungo
continua a sua colonização podendo envolver todo o cacho com sua massa
micelial olivácea (MASSOLA JR & BEDENDO,1995).
O uso de cultivares resistentes é o método mais adequado para controle
da doença. No entanto, não existem, ainda, cultivares da mamoneira
exploradas economicamente que possuam alto nível de resistência a este
patógeno (LIMA et al, 2001).
A tática recomendada é quando as condições climáticas são favoráveis
ao desenvolvimento dos patógenos e os níveis de infecção são baixos, de
preferência antes que ocorra a sua esporulação. O controle dessa doença pode
ser feito com aplicação dos fungicidas carbendazim (0,5 L/ha) e tebuconazole
(0,25 L/ha) no início do aparecimento sintomas da doença (ARAÚJO et al.,
2007).
Controles alternativos são citados na literatura como controle utilizando
Trichoderma harzianum sobre cachos de uva, no Chile, controlando de maneira
satisfatória a incidência de Botrytis cynerea e ainda diminuindo a indução de
resistência à fungicidas no patógeno (CONCHA & ENRIQUE,1995; PINTO &
DANIEL-ALEXANDRO, 2001) .
Testes comerciais na América do Sul e pesquisa no Canadá e nos EUA
sugerem que Clonostachys rosea é uma alternativa viável ao uso de fungicidas
para o controle de Botrytis sp. (SURGEONER, 1998).
Outro método de controle bastante interessante seria o uso de
compostos secundários presentes no extrato bruto ou em óleo essencial de
plantas medicinais, podendo constituir em mais uma potencial forma de
controle
alternativo
de
doenças
em
plantas
(SCHWAN-ESTRADA &
STANGARLIN, 2000).
Murcha-de-Fusarium - Fusarium oxysporum f. ricini
A murcha de fusarium é uma doença bastante comum, causada pelo
fungo Fusarium oxysporum f.sp. ricini (Wr.) Snyd e Hans, ocorrendo em
praticamente todo o Brasil, porém em Santa Catarina não há relatos da
ocorrência deste patógeno. Dependendo das condições edafoclimáticas, da
densidade do inóculo do patógeno nos restos culturais ou no solo e do nível de
resistência da cultivar, esta doença pode causar sérios danos à cultura da
mamona (MASSOLA JR & BEDENDO, 2005).
Um sintoma típico da doença é o escurecimento dos vasos da planta. A
dispersão de F. oxysporum f. sp. ricini ocorre por meio do transporte de
partículas de solo contaminado. Em função do agente causal da doença ser
transmitido por sementes, é aconselhável o tratamento das sementes com o
intuito de eliminar ou reduzir o inóculo associado às sementes, evitando-se,
desta forma, a introdução do patógeno em áreas isentas; recomenda-se
também a rotação de culturas e a eliminação dos restos culturais para reduzir a
densidade de inóculo do patógeno no solo (EMBRAPA, 2006).
Podridão de Macrophomina – Macrophomina phaseolina (Tassi) Goid
No estágio inicial caracteriza-se pelo amarelecimento das folhas e
murcha da planta, assemelhando-se externamente à murcha causada por
Fusarium, distingue-se deste por não apresentar enegrecimento dos vasos do
caule e da planta. No inicio dos primeiros sintomas observa-se ao arrancar uma
planta, a necrose total ou parcial da raiz a qual pode evoluir para o caule,
tornando-o total ou parcialmente enegrecido, a qual apresenta abundantemente
micélio escuro do fungo a ela aderente. Para o seu controle recomenda-se o
uso de variedades resistentes e a rotação de cultura. Baixa umidade do solo e
alta temperatura são as condições mais favoráveis à ocorrência da podridão de
macrophomina (LIMA et al., 2001).
O controle da doença se inicia antes do plantio por meio de medidas de
exclusão, destacando-se a utilização de sementes sadias, provenientes de
campos de produção isentos da doença. Outro importante aspecto é a rotação
de culturas, tendo em vista a sobrevivência do patógeno na forma de
escleródios no solo, o que possibilita o aumento do nível de inóculo de uma
safra para outra. A eliminação de restos de cultura constitui uma medida eficaz
para a redução do inoculo primário, contribuindo para reduzir a incidência da
doença na safra subseqüente.
Mancha-de-Cercospora - Cercospora ricinella
É mais freqüente em regiões que registram precipitações pluviais
elevadas, a doença não tem causado prejuízos à produção; entretanto, quando
incide em plântulas pode ser fatal. Alta umidade do ar e temperaturas elevadas
favorecem o desenvolvimento da doença (KIMATI et al., 1997).
Os principais sintomas são manchas circulares, com centro pardo,
margens escuras, algumas com halo amarelado; algumas áreas amarelecidas.
A medida mais eficiente de controle é a utilização de cultivares
resistentes genéticamente. Diversos fungicidas podem ser usados no controle
da cercosporiose, mas é uma prática de custo elevado. Um método bastante
eficaz já citado anteriormente para outras doenças é a rotação de culturas com
espécies não suscetíveis, que é uma forma eficiente para reduzir a fonte de
inóculo primário.
Mancha Foliar Bacteriana - Xanthomonas campestris pv. Ricini
A Mancha Foliar Bacteriana é causada pela bactéria Xanthomonas
axonopodis pv. ricini . Os sintomas se caracterizam por pequenas manchas nas
folhas, inicialmente de aspecto aquoso e coloração verde-escura, evoluindo
para marrom-escura, de formato, geralmente, angular, e, algumas vezes,
circular. A coalescência de lesões, em alguns casos, causa necrose de áreas
extensas da folha, induzindo sua queda prematura. Os pecíolos e ramos jovens
podem apresentar lesões escuras e alongadas. Frutos e racemos também
podem ser afetados (EMBRAPA, 2006).
A medida mais eficiente de controle é o uso de cultivares resistentes
constituindo no método mais eficaz para controle desta doença, tendo em vista
a ineficiência e alto custo do controle químico.
A utilização de sementes sadias também é uma medida que deve ser
considerada, tendo em vista a transmissão da bactéria através desta via de
disseminação.
Mancha-de-Alternaria - Alternaria ricini
A mancha-de-alternária, causada pelo fungo Alternaria ricini, tem
ocorrido de forma generalizada nas regiões produtoras de mamona no Brasil,
porém não é de grande importância econômica; entretanto, nos Estados
Unidos e na Índia tem ocasionado perdas de até 85% na produção (Embrapa ,
2006).
Os sintomas da mancha-de-alternária são manchas foliares de coloração
parda que, de formato irregular, podendo formar anéis concêntricos que podem
coalescer com a evolução da doença. Pode ocorrer desfolha total com a
evolução da doença e os frutos afetados tornam-se marrom-escuro e podem
murchar, havendo necrose do pedicelo e má formação da semente, podendo
também causar tombamento de plântulas. A doença pode reduzir a população
de plantas em função da morte das sementes ou tombamento das plântulas
(KIMATI et al., 1997). O agente causal pode ser disperso por meio do vento, da
chuva e de sementes contaminadas (EMBRAPA, 2006).
No manejo dessa doença podem ser empregadas algumas táticas como,
maior espaçamento entre plantas, uso de sementes sadias, tratamento das
sementes com fungicidas. Porém ainda não há fungicidas registrados para o
cultivo da mamoneira no Brasil (ARAÚJO et al., 2007).
Figura 11. Doenças importantes na cultura da mamona.
(Fonte: Bernardo Ueno).
2.19 Colheita
Na colheita da mamona podem ser utilizadas máquinas adaptadas na
plataforma de milho para a colheita mecanizada, pois os fabricantes de
colheitadeiras ainda não produzem uma máquina exclusiva para colheita de
mamona. Uma medida para uma maior eficiência da colheita mecanizada é a
utilização de uma cultivar indeiscente (que não solta as sementes quando o
fruto seca), o que possibilita que a colheita seja feita apenas uma vez quando
todos os cachos da lavoura estiverem secos. A cultivar também deve ter porte
baixo e pouca ramificação lateral para permitir a passagem da máquina
(EMBRAPA, 2006).
A colheita manual é indicada para pequenas e médias propriedades, em
que a mão-de-obra disponível for abundante. Os cachos são quebrados ou
cortados pela base, com canivete, podão ou tesoura (AZEVEDO & BELTRÃO,
2007).
Na colheita manual recomenda-se que a planta apresente frutos semideiscentes e tenha porte variando de médio a alto, e vários cachos. A fim de
diminuir os custos, deve-se procurar fazer o menor número possível de
passagens na lavoura, observando-se na lavoura se os frutos estão se abrindo
e derrubando as sementes. Desta forma, a colheita pode ser um pouco adiada,
reduzindo custos com mão-de-obra na operação de colheita, possibilitando o
menor numero de passagens (EMBRAPA, 2006).
Figura 12. Colheita da mamona para a produção de Biodiesel.
(Fonte: Flickriver; http://flickriver.com/photos/maisbrasil2009/tags/brasil/).
2.20 Secagem
A secagem natural é o processo de secagem mais utilizado para
mamona no Brasil. É recomendada para pequenas produções e feita expondose os frutos ao sol, após o seu desprendimento do cacho, em terreiros
cimentados ou de alvenaria. As sementes de mamona devem ser espalhadas
em camadas de no máximo 10 cm e revolvidas várias vezes durante o dia.
Durante o dia recomenda-se fazer o revolvimento várias vezes, para
uniformizar a secagem e, à tardinha, amontoá-los e cobri-los com lona plástica,
para evitar a umidade da noite. O mesmo procedimento deve ser adotado se
houver ameaça de chuva. Para o dimensionamento do terreiro, deve-se
considerar uma área de aproximadamente 200 m² para a secagem da
produção de 1 ha de mamona. A principal desvantagem desse sistema é o alto
tempo de processamento e a exposição a intempéries (EMBRAPA, 2006).
Figura 13. Secagem de mamona em terreiro.
(Fonte: http://www.plantemamona.com.br/colheita.html).
2.21 Descascamento
O descascamento é muito importante para obtenção de um produto de
boa qualidade.
A operação de descascamento pode ser realizada por diversos modelos
de máquinas, podendo variar o princípio de funcionamento, a mobilidade e a
necessidade ou não de retirada dos talos. Algumas máquinas podem ser
acopladas ao trator, sendo levadas para dentro da lavoura e evitando o
transporte dos frutos para um ponto específico. Muitos modelos também
dispensam a necessidade de separação dos talos do cacho, diminuindo a
necessidade de mão-de-obra e reduzindo os custos de produção (MATOS,
2007).
Para obter uma boa eficiência no descascamento, é preciso que os
frutos estejam bem secos e a máquina descascadora esteja bem regulada.
Muitas vezes, além de estar seco, o fruto precisa ser exposto ao sol antes de
ser colocado para descascar. As sementes de mamona têm tamanhos muito
variados entre diferentes cultivares e as máquinas geralmente são reguladas
para um único tamanho. Por isso, é importante não haver mistura de sementes
de diferentes tamanhos na hora de descascar (MATOS, 2007).
Figura 14. Batedora de mamona em operação e chicote com borrachas para o
batimento (descascamento) dos frutos da mamona..
(Fonte: Arquivo Embrapa Algodão).
2.22 Armazenagem
No armazenamento da mamona existem alguns aspectos que devem ser
considerados, sementes danificadas têm menor longevidade que as intactas,
as injúrias servem para entrada e disseminação de fungos e a presença destes
acelera o processo de deterioração, afetando diretamente a germinação e o
vigor das sementes prejudicando a qualidade do óleo.
O principal cuidado necessário ao armazenamento é que a umidade do
grão seja mantida baixa, sendo desejável também que se tenha baixa
temperatura, baixa umidade do ar e boa aeração. Quando a semente de
mamona é bem armazenada, pode permanecer até 1 ano quando se trata de
sementes para plantio ou até 2 anos para os grãos destinados à indústria. O
óleo
das
sementes
quebradas
se
acidifica
rapidamente
durante
o
armazenamento, portanto, se as sementes tiverem sido muito quebradas
durante o descascamento deve-se evitar armazenar o produto por muito tempo
(MATOS, 2007).
Após o descascamento e limpeza das sementes, procede-se ao
ensacamento, utilizando-se sacos de aniagem com capacidade para 50 a 60
kg. Caso a mamona não seja imediatamente comercializada, os sacos deverão
ser empilhados em depósitos ou armazéns arejados, secos e isentos de
insetos e roedores (RIBEIRO FILHO, 1966).
2.23 Comercialização
A comercialização da mamona se dá principalmente por intermédio da
indústria de extração de óleo, seja para produção de biodiesel ou para atender
ao mercado de ricinoquímica, que é a indústria à base de óleo de mamona.
O preço de venda da mamona é definido a cada dia pelo mercado,
podendo ser influenciado pela produção mundial (principalmente da Índia que é
o principal produtor), pela cotação do dólar (já que a maior parte do óleo é
exportada) e por condições locais, como distância até a indústria e impostos. A
comercialização é um dos passos mais importantes que o agricultor toma, pois
pode definir entre o lucro ou prejuízo. Portanto, recomenda-se que o produtor
procure contatar os prováveis compradores e, se possível, acertar o preço
antes do plantio para reduzir estes problemas (MATOS, 2007).
A semente de mamona geralmente é vendida pelo produtor já
descascada e ensacada (sacos de 60 kg). A venda do óleo da mamona
diretamente pelo produtor é muito rara, pois o processo de extração em
pequena escala é ineficiente, sendo viável apenas para indústrias de maior
porte (MATOS, 2007).
3
Recomendação técnica para a cultura do Pinhão manso
3.1
Planta
Segundo Laviola & Dias (2008), a cultura do pinhão manso (Jatropha
curcas) é uma espécie perene, originária da América Latina pertencente à
família das Euforbiáceas, a mesma da mamona, mandioca e seringueira.
É um arbusto grande, de crescimento rápido, cuja altura normal é dois a
três metros, mas pode alcançar até cinco metros em condições especiais. O
diâmetro do tronco é de aproximadamente 20 cm, este possui raízes curtas e
pouco ramificadas, caule liso, de lenho mole e medula desenvolvida, mas
pouco resistente. O tronco ou fuste é dividido desde a base, em compridos
ramos, com numerosas cicatrizes produzidas pela queda das folhas na estação
seca, as quais ressurgem logo após as primeiras chuvas (CORTESÃO, 1956;
BRASIL, 1985).
Segundo Cortesão (1956) e Brasil (1985), as folhas do pinhão são
verdes, esparsas e brilhantes, largas e alternas, em forma de palma com três a
cinco lóbulos e pecioladas, com nervuras esbranquiçadas e salientes na face
inferior.
A planta é monóica, com flores masculinas e femininas na mesma
inflorescência. As masculinas surgem em maior numero, nas extremidades das
ramificações, e as femininas na base delas. Estas flores são amareloesverdeadas e diferenciam-se também pela ausência de pedúnculo articulado
nas femininas, as quais são largamente pedunculadas. A polinização é
realizada por insetos (abelhas, formigas, trips e moscas) e da flor ao fruto
maduro são decorridos cerca de 60 dias (DIAS et al., 2007).
O fruto é capsular, ovóide, com diâmetro de 1,5 a 3,0 cm, trilocular, com
uma semente em cada cavidade, formado por um pericarpo ou casca dura e
lenhosa, indeiscente, inicialmente verde, passando a amarelo, castanho e por
fim preto, quando atinge o estádio de maturação. Contém de 53 a 62% de
sementes e de 38 a 47% de casca, pesando cada uma de 1,53 a 2,85 g. A
semente é relativamente grande; quando secas medem de 1,5 a 2 cm de
comprimento e 1,0 a 1,3 cm de largura, apresenta tegumento rijo, quebradiço
de fratura resinosa. Debaixo do invólucro da semente existe uma película
branca cobrindo a amêndoa, albúmen abundante, branco, oleaginoso,
contendo o embrião provido de dois largos cotilédones achatados. A semente
de pinhão, que pesa de 0,551 a 0,797 g, pode ter, dependendo da variedade e
dos tratos culturais, de 33,7 a 45% de casca e de 55 a 66% de amêndoa
(HELLER, 1996; SWOT, 2002; ARRUDA et al., 2004; SATURNINO et al., 2005).
O teor de óleo na semente varia de 30 á 35% com relação ao peso da
semente. Este óleo contém muito poucos componentes e tem uma excelente
qualidade para queima, sendo muito adequado para a transesterificação do
biodiesel (SATURNINO et al., 2005).
Sua fase reprodutiva inicia-se a partir do décimo mês após o plantio,
período em que ocorre aumento progressivo de produção até o terceiro ou
quarto ano, quando se estabiliza, podendo chegar a quatro metros de altura e
manter o período produtivo até 40 anos (ARRUDA ET AL., 2004; MARTINS et
al., 2008; OLIVEIRA et al., 2007).
Figura 15. Diferentes partes da planta de pinhão manso.
(Fonte: Arquivo Embrapa Agroenergia; http://www.uff.br).
3.2
Zoneamento agrícola
Conforme Santos (1999) o zoneamento agrícola constitui uma tarefa de
fundamental importância na organização dos programas de trabalho e suporte
do planejamento da agricultura. Ele se baseia no levantamento dos fatores que
definem as aptidões agrícolas, encontradas em diferentes faixas da região
estudada.
Com base nas exigências hídricas (HENNING, 1996) e de temperatura
(SATURNINO et al., 2005), Gonçalves e Sentelhas (2008) propuseram as
seguintes classes de aptidão climática para a cultura do pinhão manso: a) Apta
- temperatura média anual entre 18 e 28,5 oC e chuva anual maior que 1000
mm; b) Restrito por deficiência hídrica - temperatura média anual entre 18 e
28,5 oC e chuva anual entre 600 e 1000 mm; c) Restrito por deficiência térmica
- risco de geadas ou temperatura média anual menor que 18,5 oC; d) Restrito
por excesso de temperatura - temperatura média anual maior que 28,5 oC; e)
Inapta - chuva anual menor do que 600 mm. Desta forma, no estado da Bahia,
quase que a totalidade do território apresenta temperatura média anual
superior a 18°C, essa característica permite o desenvolvimento do pinhãomanso sem restrições de ordem térmica. Por outro lado, a grande variação no
total anual das chuvas, faz com que haja a existência de três zonas distintas de
favorabilidade ao cultivo dessa oleaginosa, sendo uma favorável na faixa
litorânea e no extremo oeste (20,89% do estado), uma marginal em grande
parte da região central e sul do (63,95% do estado), e uma desfavorável no
norte (15,16% do estado).
De acordo com Saturnino et al. (2005) e Andrade Júnior et al. (2006),
Toledo et al., (2009) identificaram, respectivamente, para a cultura do pinhãomanso no estado do Espírito Santo um área apta de 6513,54 Km² no estado,
distribuída em frações nos 34 dos 78 municípios do estado, principalmente na
macrorregião Sul e Metropolitana, e ainda abrangindo uma pequena parte do
Nordeste do estado.
3.3
Latitude e altitude
Segundo Cortesão (1956), sua distribuição geográfica é bastante vasta
devido a sua rusticidade, resistência a longas estiagens, bem como às pragas
e doenças, sendo adaptável a condições edafoclimáticas muito variáveis,
desde o Nordeste até São Paulo e Paraná. Segundo estes autores o pinhão
manso se desenvolve bem tanto nas regiões tropicais secas como nas zonas
equatoriais úmidas, assim como nos terrenos áridos e pedregosos, podendo,
sem perigo, suportar longos períodos de secas.
A Planta nasce praticamente em todo tipo de terreno e altitude, tanto em
terrenos de encosta como áridos e úmidos, apresentando as melhores
condições entre altitudes de 500 m a 800 m (SATURNINO et al., 2005).
Desta forma, a planta pode se desenvolver economicamente viável
praticamente em diversas regiões do Brasil, entretanto em virtude das
diferenças de latitude e altitude, é necessário adaptar e ajustar tecnologias à
essas condições.
3.4
Pluviosidade
Essa planta cresce bem com chuvas anuais acima de 600 mm, sendo,
entretanto, tolerante ao longo período de estiagem, porém, com precipitações
inferiores a 600 mm, ela paralisa seu crescimento (HENNING, 1999). Segundo
Severino et al. (2006) o pinhão manso desenvolve-se sob condições climáticas
diversas, desde regiões tropicais muito secas à úmidas, tolerando precipitações
pluviométricas entre 600 e 1.500 mm ano-1.
O desenvolvimento do pinhão manso é favorecido em regiões tropicais
onde a precipitação anual esteja acima de 600 mm, sendo acima dos 1000 mm
anuais o nível ideal de precipitação para que se atinja altas produtividades.
Avaliando a primeira colheita, Drumond et al. (2007) obtiveram produtividade de
871 kg ha-1 em plantas irrigadas e, em regime normal de chuvas (sequeiro),
246 kg ha-1. A produção é drasticamente afetada com valores anuais inferiores
a 600 mm (HENNING, 1996).
3.5
Temperatura
Saturnino
et
al.
(2005)
consideraram
que
a
faixa
ótima
de
desenvolvimento para o pinhão-manso situa-se entre 18 ºC e 28,5 ºC, sendo
que a espécie não tolera geadas fortes (temperaturas de abrigo abaixo de 0 ºC)
e pode sobreviver a geadas fracas (temperaturas de abrigo acima de 2 ºC),
perdendo, entretanto todas as folhas, o que provavelmente reduzirá a produção
de sementes.
Já Heller (1996) indicou temperaturas médias anuais entre 20 e 28°C
como uma faixa de temperatura ideal para um desenvolvimento adequado da
cultura.
3.6
Produtividade
A produtividade da planta está condicionada ao número de frutos,
número de sementes por frutos e peso de sementes, portanto, quanto maior o
período de tempo disponível para a planta com condições ambientais
favoráveis, maior será o número de lançamentos de frutos e, portanto, maior a
produtividade (AVELAR et al., 2006).
A produtividade da cultura no primeiro ano pode alcançar até 500 kg por
hectare, dependendo das condições locais, de clima e de solo. No segundo
ano a produtividade aumenta para cerca de 1.500 kg por hectare, passando
para aproximadamente 3.000 kg no terceiro ano, subindo para cerca de 5.000 a
partir do quarto ano (BIODIESELBR, 2008).
De acordo com informações mais atuais, a planta produz, em média,
100, 500, 2.000 e 4.000 g planta-1de sementes no primeiro, segundo, terceiro e
quarto anos de cultivo, respectivamente (TOMINAGA et al., 2007).
Dependendo do espaçamento, a produtividade pode passar dos 6.000
kg ha-1 de sementes. Com essa produtividade, é possível produzir mais de
2.000 kg ha-1 de óleo. No entanto, com o melhoramento genético e
aprimoramento do sistema de produção, acredita-se que o pinhão manso
possa produzir acima de 4.000 kg ha-1 de óleo (LAVIOLA & DIAS, 2008).
3.7
Solo
A planta deve ser cultivada, preferencialmente, em solos profundos, bem
estruturados e não compactados, com pH em torno de 6 a 9, para que o
sistema radicular possa se desenvolver e explorar maior volume de solo.
Devem ser evitados os solos muito argilosos, com umidade constante, pouco
arejados e de difícil drenagem, sendo os solos drenados e de textura média os
mais ideais. Solos muito arenosos e solos muito argilosos são aceitáveis,
todavia a drenagem é essencial. A planta não tolera áreas encharcadas ou
alagadiças, podendo o solo encharcado por mais de 4 dias levar a planta a
morte (DIAS et al., 2007).
Segundo Foidl et al. (1996), a cultura desenvolve-se em todos os solos,
exceto em Vertissolos, por preferir solos arenosos.
Adicionalmente à capacidade de produzir óleo vegetal, ele é tido como
uma espécie com excelente capacidade de recuperação de áreas degradadas
em função de suas raízes profundas, crescendo em solos de baixa fertilidade
(TEIXEIRA, 2005).
3.8
Escolha do local
Apesar de uma distribuição geográfica bastante vasta devido a sua
rusticidade, adaptabilidade e resistência a longas estiagens, alguns pontos
devem ser observados e seguidos na escolha de um local de plantio, visando
uma maior longevidade da cultura. Devem ser evitadas áreas em baixadas com
um histórico de alagamento, áreas de inclinação impedindo à mecanização,
áreas sujeitas à ação prolongada de ventos no qual podem vim ser prejudiciais
na época de floração. Áreas planas ou levemente inclinadas são mais ideais
para o cultivo, sem impedimento a mecanização com tendência a apresentar
uma maior fertilidade natural do solo.
3.9
Preparo do solo
O preparo do solo é importante para permitir condições idéias de
desenvolvimento para o plantio das mudas ou semeadura das sementes. De
acordo com Dias et al., (2007) deve-se realizar uma aração com no mínimo 60
dias de antecedência do plantio e em profundidade de (25 a 30 cm), sendo
recomendado duas gradagens para incorporação do calcário e marcação das
covas.
Segundo Arruda et al. (2004), o solo deve ser limpo, preparado com
arado, de preferência de aiveca, devido ao melhor revolvimento e diminuição
da propagação das plantas daninhas, sendo em seguida nivelado por uma
grade leve. O solo pode ser preparado seco ou no ponto de friabilidade,
dependendo de sua textura e estrutura.
Abreu et al. (2006), em experimento acerca do crescimento aéreo e
radicular do pinhão-manso, sob diferentes níveis de compactação do solo,
concluíram que a espécie é sensível à compactação do solo, sendo, portanto,
necessário o prévio preparo em áreas com tais condições.
3.10 Espaçamentos
Diversos são os fatores que podem vim a influenciar nos espaçamentos
utilizados na cultura, tendo como principais o relevo, a fertilidade do solo e a
possibilidade de consórcio com outras culturas. Todavia a escolha de um
determinado espaçamento pode ser convertido em outro por diminuição da linha
de plantio, caso ocorra a redução da produtividade por competição entre plantas.
Saturnino et al. (2005) sugerem o uso de espaçamentos de 3 x 3 m e de
3 x 4 m, com covas de 30 x 30 x 30 cm em solos arenosos e de 50 x 50 x 50 cm
em solos mais firmes, e 75 cm de profundidade em terrenos acidentados e muito
compactados, como pastagens degradadas.
Como os espaçamentos ideais para cada situação ainda estão sendo
pesquisados, serão dadas algumas sugestões de espaçamentos (Tabela 1) de
acordo com Dias et al., (2007).
Tabela 1. Espaçamentos sugeridos para o plantio de pinhão.
Situação de
cultivo
Espaçamento
(m x m)
Estandes
(plantas/há)
Consórcio com
4x2
1250
culturas anuais
4x3x3*
952
3x3
1111
3x2
1667
Consórcio com
6 x 1,5
1111
pastagem
6x2x2*
1250
Plantio Solteiro
Fonte: Dias et al., (2007).
Dependendo do espaçamento utilizado podem-se selecionar plantas,
arrancando as de baixa produtividade para aumentar a área de exploração das
demais ou enxertando com material das mais produtivas. O plantio pode ser
em xadrez, quadrado ou em outra forma. Segundo literatura, no modelo cercas
vivas, o espaçamento deve ser de 20 a 50 cm entre as sementes ou estacas
que são preferíveis (BIODIESELBR, 2006).
3.11 Plantio
O pinhão manso inicia a produção já no segundo ano. É aconselhável
fazer suas mudas em viveiro nos primeiros meses do ano e fazer o transplante
para o local definitivo no início das chuvas na primavera. A melhor época para o
plantio é no início das primeiras chuvas, para assegurar bom desenvolvimento
das plantas. No entanto, quando se dispõe de água para irrigação, o plantio
pode ser feito em qualquer época (BIODIESELBR, 2006).
Figura 16. Mudas de pinhão manso prontas para o plantio.
(Fonte:http://www.mfrural.com.br).
3.12 Adubação e calagem
No plantio deve- se realizar adubação suplementar na cova de plantio,
com a aplicação de pelo menos 10 L de esterco, 200 gramas de calcário e 300
gramas do formulado 06-30-06, para que as mudas tenham um bom
desenvolvimento, pois na fase de muda o sistema radicular apresenta baixa
eficiência de absorção (DIAS et al., 2007).
Arruda et al. (2004), relataram que em solos ácidos, com pH abaixo de
4,5, as raízes do pinhão-manso não se desenvolvem, sendo necessária a
realização de calagem com base em análise química do solo. A calagem deve
ser realizada cerca de três meses antes do plantio, com o calcário incorporado
a profundidade de até 20 cm do solo, em duas aplicações, antes da aração e
quando da gradagem específica para a correção do solo.
Segundo Saturnino et al. (2005), a correção do solo, realizada quanto a
seu teor de alumínio livre, pela calagem, tem efeito positivo sobre o
desenvolvimento do pinhão-manso. Foidl et al. (1996), por sua vez, citaram a
espécie como demandante de grandes quantias de nitrogênio e fósforo, devido
à alta produção de biomassa.
Openshaw (2000) relatou que a cultura necessita do uso de fertilizantes
e que em situações de altos níveis de nitrogênio, ocorre aumento de
produtividade. Arruda et al. (2004) indicaram solos com altos teores de matéria
orgânica, sendo recomendado o uso de adubação verde com leguminosas,
pois, de modo geral, fornecem altos rendimentos por unidade de área plantada,
fixando o nitrogênio atmosférico e transferindo aos solos, por decomposição
orgânica, os nutrientes essenciais como fósforo, cálcio ou enxofre, além do
nitrogênio.
3.13 Tratos culturais
Sabendo que o Brasil possui a capacidade de expandir sua produção de
oleaginosas de forma sustentável para a produção de biodiesel a partir de
recuperação de áreas já degradadas ou em áreas cujo processo de
degradação já se iniciou, em substituição as áreas de pastagem, o manejo da
cultura do pinhão manso é de elevada importância.
Apesar de se tratar de uma planta rústica, deve-se manter o terreno
sempre livre de plantas daninhas, principalmente em volta das plantas, pois a
concorrência daquelas em água, ar, luz e nutrientes pode prejudicar e atrasar o
desenvolvimento do pinhão, além de abrigar pragas e/ou insetos transmissores
de doenças. O espaçamento ideal permite que sejam feitas capinas
mecanizadas ou com tração animal, até mesmo quando em consórcio com
outras culturas, o que deve ser feito com a finalidade de reduzir custos com a
cultura principal (SATURNINO, 2006).
A recomendação da poda do pinhão manso ainda esta sob pesquisa,
todavia o manejo da planta com porte baixo, para facilitar a colheita, e
aumentar o numero de ramos é importante para se obter um maior numero de
fruto. Desta forma, a produção parece estar relacionada com a multiplicação do
numero de frutos pelo numero de ramos.
Segundo Dias et al., (2007), o produtor deve praticar a poda sempre que
as suas plantas, de quatro a seis meses de campo, apresentarem tendência de
crescimento de caule único. Neste caso é denominada poda de formação e
deve ser realizada recepando-se o tronco a 60 centímetros de altura do solo. A
poda de produção deve ser realizada no inverno, logo após o fim da colheita,
com objetivo de aumentar a ramificação da planta.
O pinhão é uma planta, até o momento, pouco infestada por parasitas,
as doenças e os insetos raramente a atacam, pois ela secreta um leite
prejudicial a seus parasitas. Atualmente, têm-se verificado algumas ocorrências
de ataques com formigas, cupins, ácaros e tripes (SATURNINO, 2006).
3.13.1 Combate a Pragas

Formigas
As formigas cortadeiras do gênero Atta e Acromyrmex podem ser
consideradas as pragas mais importantes nesta cultura, causando uma
desfolha e corte de brotos e ramos secundários. Visando obter sucesso no
empreendimento, as formigas precisam ser combatidas em todas as fases de
desenvolvimento da cultura. Segundo pesquisas, os cuidados maiores devem
ser tomados antes da implantação e, também, na fase inicial de brotação
(PELLICANO, 2005).
Existem três fases distintas de combate às formigas, o combate inicial
que é realizado em toda a área a ser plantada, em seguida realiza-se o
repasse, que é a operação que visa combater os formigueiros que não foram
totalmente extintos no combate inicial, bem como aqueles que não foram
localizados na primeira operação, e a realização de rondas durante todo o
período de formação e maturação do plantio (PELLICANO, 2005).
O controle das formigas deve ser realizado antes da instalação da
cultura no local e em áreas vizinhas principalmente com o uso de iscas, gases
formicidas, pós e líquidos.

Cupins
Os cupins representam um grande inimigo do pinhão quando novo,
podendo esta praga matar a planta em qualquer idade de desenvolvimento da
mesma por dessecação, destruindo a casca na região basal do caule e das
raízes das mudas e das plantas adultas.
Segundo Dias et., (2007) no controle do cupim recomenda-se arrancar
toda a planta atacada, inclusive raízes, e providenciar sua retirada da área de
cultivo, devendo aplicar cupinicida no local. Após a eliminação da praga, podese efetuar o plantio. O controle químico pode ser efetuado com alguns
cupinicidas como carbofuran, imidacloprid, terbufós, fipronil.

Ácaros
O acaro é uma praga polífaga e de elevada importância para a cultura
do pinhão manso. O ataque desta praga geralmente causa a morte do
meristema apical das plantas e conseqüentemente a brotação lateral
excessiva. A maior intensidade de ataque desta praga ocorre no período de
seca.
O ácaro branco (Polyphagotarsonemus latus) é uma das principais
pragas que atacam o pinhão manso, esta paralisa o crescimento da planta
atacada, ficando suas folhas brancas prateadas e aparecendo em focos,
formando reboleiras. A aplicação de enxofre em pó nas plantas afetadas, logo
que a planta aparece, controla-a bem. Esta aplicação deve ser feita ao
amanhecer, sem ventos, ou molhando-se as plantas primeiramente com
pulverização de água pura, principalmente os brotos terminais da planta
(BIODIESELBR, 2006).
Esses ácaros-praga são eficientes controlados por ácaros-predadores
da família Phytoseiidade. Normalmente as espécies comuns a vários
agroecossistemas são Neoseiulus ideaus, N. californicus e Amblyseius
herbicolus. Estudos ainda precisam comprovar a sua ação na cultura do pinhão
manso (DIAS et al., 2007).

Trips
O trips tem como preferência de ataque folhas jovem do primeiro terço
superior da planta. Em função do ataque intenso, as folhas ficam com uma
coloração acinzentada, ocorrendo desfolha precoce e mumificação dos frutos.
O uso de adubação adequada, a melhoria da aeração das plantas, a
eliminação dos restos de poda e o controle de plantas daninhas auxiliam no
controle cultural do trips. O controle biológico, por sua vez, é realizado por
percevejos predadores, ácaros predadores da família Phytoseiidae que se
alimentam das fases imaturas, e por joaninhas.
A aplicação de inseticida de ação sistêmica, assim como o corte e
queima das partes infestadas da plantas, é apresentada como ações de
controle (BIODIESELBR, 2006).
3.13.2 Combate a Doenças

Oídio
Conhecido por uma massa pulvurulenta de cor branca que ataca na
forma de manchas isoladas cobrindo a superfície de diferentes órgãos das
plantas (folhas na superfície adaxial, ramos novos, gemas e frutos). O ataque
severo pode provocar queda de folhas e frutos podendo causar redução na
produtividade.
A aplicação de fungicidas específicos a base de enxofre é uma boa
medida de combate (BIODIESELBR, 2006). A utilização de 1 litro de leite cru
misturado com 19 litros de água apresenta-se como uma eficiente forma de
controle natural.

Ferrugem
Pode ser identificada através da presença de lesões amareladas, de
aspecto ferruginoso, que emergem do tecido vegetal atacado, geralmente as
folhas. No pinhão manso é o agente etiológico é o fungo Phakopsora arthuriana
que afeta principalmente as folhas causando na parte de cima pequenas
pontuações necróticas amareladas com a presença de um halo necrótico e na
parte de baixo da folha lesões acinzentadas. O controle da ferrugem pode ser
efetuado com produtos cúpricos protetores.
3.14 Colheita
A maturação dos frutos é muito desuniforme, o que obriga os produtores
a realizar inúmeras passagens na lavoura durante a fase de produção, no qual
pode-se observar em um mesmo cacho, frutos em diferentes estágios de
maturação, verdes, amarelos, castanhos e pretos.
A colheita é realizada principalmente de forma manual com colhedores
utilizando uma sacola com alça, onde os frutos maduros de coloração amarela
são colhidos e depositados. A fim de facilitar o recolhimento dos frutos pode-se
adaptar uma lona sobre o solo para tornar a colheita mais simples por baixo da
planta, como os utilizados na colheita do café.
Embora a produção se distribua entre janeiro e julho, sua colheita pode
ocorrer somente uma vez, em condições de desenvolvimento espontâneo da
planta para uma única floração (PLANTEBIODIESEL, 2006).
Figura 17. Frutos de pinhão manso evidenciando a maturação desuniforme.
(Fonte: http://www.reporterbrasil.org.br/exibe.php?id=1604; Foto: Verena Glass).
3.15 Beneficiamento
Posteriormente a colheita a carga de fruto colhida deverá passar por um
processo inicial de secagem, podendo ser ao sol, e em terreiro pavimentado ou
lona para em seguida serem debulhadas. Para o debulhamento e o
armazenamento das sementes secas é necessário que estas atinjam a
umidade de 11 a 13%.
No debulhamento manual, as sementes são extraídas com o auxilio de
varas de madeira (varas de bater feijão), sendo os frutos envolto em uma lona
e em seguida bate-se a vara para quebrar a cascas e soltar as sementes. Este
sistema é recomendado para pequenas áreas de plantio de pinhão manso, com
no máximo dois hectares. Para áreas maiores recomenda-se o uso de
máquinas (DIAS et al., 2007).
3.16 Armazenagem
As sementes poderão ser armazenadas na propriedade, para posterior
comercialização, ou na indústria. Em qualquer das duas situações, deverá ser
armazenadas em ambiente limpo, arejado, livre de focos de umidade, com
ausência de insetos e roedores. É recomendada a utilização de sacos de pano
ou de ráfia, empilhados sob estrados de madeira, com pouca luminosidade
sem incidência direta da luz, quando armazenado na própria propriedade (DIAS
et al., 2007).
3.17 Comercialização
O Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA), por intermédio da
Agência Nacional de Petróleo (ANP), promove leilões eletrônicos para a
aquisição de biodiesel, destinados para adição a 2% ao diesel mineral. As
empresas aptas a concorrência devem ter seus projetos enquadrados ao Selo
Combustível Social, que consiste em certificação outorgada pelo MDA para
produtores de biodiesel e projetos de produção que atendam a critérios
voltados à integração de agricultores familiares na cadeia produtiva do
biodiesel, contendo três requisitos básicos exigidos pelo MDA para concessão
do Selo Combustível Social; 1 - adquirir de agricultor familiar matéria prima
para a produção de biodiesel em uma quantidade mínima definida pelo MDA; 2
- celebrar contratos com os agricultores familiares, negociados com a
participação de uma representação dos agricultores familiares, especificando
as condições comerciais que garantam renda e prazos compatíveis com a
atividade; e 3 - assegurar assistência e capacitação técnica aos agricultores
familiares (MDA, 2006).
Certas partes da planta possuem características apreciadas pela
indústria medicinal, tais como as folhas, que têm ação anti-sifilítica, a seiva com
propriedades hemostáticas (cura e cicatrizam feridas) e as raízes com
propriedade antileucêmica (PLANTEBIODIESEL, 2006).
3.18 Produção de Biodiesel
O biodiesel pode ser usado puro ou em mistura com o óleo diesel
mineral. Tem aplicação singular quando em mistura com o óleo diesel de baixo
teor de enxofre, porque confere a este, melhores características de lubricidade.
Este pode ser usado em motor de ignição a compressão (ciclo diesel) sem
necessidade de modificação mecânica ou, conforme regulamento, para
geração de outro tipo de energia, que possa substituir parcial ou totalmente
combustíveis de origem fóssil (Macedo, 2006).
Atualmente com a evolução tecnológica na produção do biodiesel a
transesterificação é utilizada como o principal processo de obtenção, que
consiste numa reação química em meio alcalino, onde se fazem reagir óleos
vegetais (ou gorduras animais) e um álcool (etanol ou metanol) (Macedo,
2005).
Este processo gera dois produtos: ésteres e a glicerina. Essa reação tem
como produto preponderante o biodiesel (éster de ácidos graxos). Todavia a
glicerina tem aplicações na indústria química, e possui alto valor agregado.
Além deste, a cadeia produtiva do biodiesel gera dois importantes co-produtos
agrícolas (torta, farelo), que podem agregar valor e se constituir em uma fonte
de renda alternativa para os produtores agrícolas.
Hoje, no Brasil, existem algumas empresas que detêm tecnologia para
construção de usinas de biodiesel com alta tecnologia agregada,
comercializando usinas com capacidade de produções em torno de 1000
litros/dia, a preços finais superiores a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), o
que deixa impraticável aquisição desses equipamentos pelos pequenos
produtores rurais e assentamentos (Nascimento, 2006).
Entretanto para iniciar a produção de biodiesel em menores escalas por
pequenos produtores, é necessária a criação de usinas de baixo custo e
adaptado às suas necessidades e potencialidades. Outro ponto a se destacar
quanto à utilização do biodiesel é a mistura deste ao óleo diesel no
abastecimento de tratores agrícolas, que possibilita uma maior economia de
combustível e maior lubricidade do motor.
Testes realizados mundialmente, com várias formas de biodiesel,
comprovam que há viabilidade técnica para o uso em motores diesel
convencionais. Acrescenta-se, no entanto, que qualquer alteração no
combustível ou mesmo a adoção de combustíveis alternativos, diferentes do
óleo diesel, pode exigir adaptações no motor. Contudo, no caso de misturas de
óleo diesel com biodiesel, não há necessidade de modificação do motor, sendo
necessário que o biodiesel tenha padrão de qualidade (HOLANDA, 2004).
A utilização de biodiesel do tipo destilado em trator agrícola, na
operação de escarificação, resultou em aumento de 15,5% no consumo horário
volumétrico, 18,1% no consumo horário ponderal, 16% no consumo
operacional (ha h-1) e 18% no consumo específico de combustível em relação
ao diesel (B0). Ressalva-se que este biodiesel (B100), foi resultante de uma
mistura de 50% de metílico e 50% de etílico, produzido à base de óleo residual
de frituras (SORANSO et al., 2008).
CORTEZ et al. (2007) avaliaram biodiesel etílico, filtrado de óleo residual
de soja, em trator agrícola Valtra BM100, 4 x 2 TDA (tração dianteira auxiliar),
73,6 kW (100 cv) de potência no motor, com 2.000 rotações no motor. Foi
acoplada à barra de tração uma grade aradora de arrasto com as seguintes
características: Marchesan/Tatu, 16 discos recortados com diâmetro de 24”. Os
autores observaram que, nessa condição, o aumento da proporção de biodiesel
no diesel bem como o aumento da velocidade resultam em aumento no
consumo de combustível.
Desta forma, o desenvolvimento, a montagem e a utilização de uma
micro usina de biodiesel de baixo custo e de fácil operação, utilizando qualquer
tipo de óleo vegetal com metanol ou etanol, abre caminho para novos projetos
que permitirá que pequenos produtores iniciem a produção de biodiesel em
pequenas escalas podendo obter uma fonte de renda diferenciada agregando
valores financeiros.
A micro usina de produção de biodiesel é basicamente constituída por
quatro tanques, sendo um reator para a preparação do catalisador; um reator
principal com aquecimento e agitação por reciclo; um tanque decantação e
lavagem com aquecimento e sistema de lavagem por borbulhamento e um
tanque para a recepção do álcool destilado sob pressão reduzida.
Atualmente já surgem algumas opções para a montagem de micro
usinas de biodiesel no Brasil, todavia deve se atentar para a correta instalação
e funcionamento da mesma, pois o processo de obtenção do biodiesel utiliza o
metanol que é um derivado do petróleo, o qual deve ser controlado evitando
possíveis dispersões deste gás no local das instalações causando impacto no
meio ambiente.
Assim, a produção de biodiesel a partir de micro usinas, está centrada
em uma menor produção principalmente para o auto-consumo, utilizando um
equipamento que propicie a diminuição dos custos de produção da propriedade
com a aquisição de combustíveis não renováveis, redução de impactos
ambientais, aumento de renda com a diversificação de culturas e
consequentemente fixação do agricultor no campo.
Para refletir sobre a produção agrícola brasileira, veja o vídeo que foi feito
pela BASF, em reconhecimento ao progresso do Brasil:
http://www.youtube.com/watch?v=aoiP-WK3V8o
REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS:
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