Nome: _____ Data:___/___/2009 Professor Joemir / Série:1º. E

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Nome:________________________________________________________nº_______ Data:___/___/2009
Professor Joemir / Série:1º. E.Médio / Disciplina: FILOSOFIA/SOCIOLOGIA
Mitologia, religião, ciência, filosofia, senso comum
Há muitos modos de se conhecer o mundo, que dependem da situação do sujeito diante do objeto do conhecimento.
Ao olhar as estrelas no céu noturno, um índio caiapó as enxerga a partir de um ponto de vista bastante diferente do
de um astrônomo.
O caiapó vê nas estrelas as fogueiras que alguns de seus deuses acendem no céu para tornar a noite mais clara. O
cientista vê astros que têm luz própria e que formam uma galáxia. O índio compreende e conhece as estrelas a partir
de um ponto de vista mitológico ou religioso. O astrônomo as compreende e conhece a partir de um ponto de vista
científico.
A mitologia, a religião e a ciência são formas de conhecer o mundo. São modos do conhecimento, assim como o
senso comum, a filosofia e a arte. Todos eles são formas de conhecimento, pois cada um, a seu modo, desvenda os
segredos do mundo, explicando-o ou atribuindo-lhe um sentido. Vamos examinar mais de perto cada uma dessas
formas de conhecimento.
O mito e a religião
O mito proporciona um conhecimento que explica o mundo a partir da ação de entidades - ou seja, forças, energias,
criaturas, personagens - que estão além do mundo natural, que o transcendem, que são sobrenaturais.
Veja, por exemplo, o mito através do qual os antigos gregos explicavam a origem do mundo:
No princípio era o Caos, o Vazio primordial, vasto abismo insondável, como um imenso mar, denso e profundo, onde
nada podia existir. Dessa oca imensidão sem onde nem quando, de um modo inexplicável e incompreensível,
emergiram a Noite negra e a Morte impenetrável. Da muda união desses dois entes tenebrosos, no leito infinito do
vácuo, nasceu uma entidade de natureza oposta à deles, o Amor, que surgiu cintilando dentro de um ovo
incandescente.
Ao ser posto no regaço do Caos, sua casca resfriou e se partiu em duas metades que se transformaram no Céu e na
Terra, casal que jazia no espaço, espiando-se em deslumbramento mútuo, empapuçados de amor. Então, o Céu
cobriu e fecundou a Terra, fazendo-a gerar muitos filhos que passaram a habitar o vasto corpo da própria mãe,
aconchegante e hospitaleiro.
Assim como o mito, a religião, ou melhor, as religiões também apresentam uma explicação sobrenatural para o
mundo. Para aderir a uma religião, é obrigatório crer ou ter fé nessa explicação. Além disso, é uma parte fundamental
da crença religiosa a fé em que essa explicação sobrenatural proporciona ao homem uma garantia de salvação, bem
como prescreve maneiras ou técnicas de obter e conservar essa garantia, que são os ritos, os sacramentos e as
orações.
Antes de seguir em frente, convém esclarecer que não vem ao caso discutir aqui a validade do conhecimento
religioso. Em matéria de provas objetivas, se a religião não tem como provar a existência de Deus, a ciência também
não tem como provar a Sua inexistência. E, a propósito disso, vale a pena apresentar uma outra narrativa filosófica:
Certa vez, um cosmonauta e um neurologista russos discutiam sobre religião. O neurologista era cristão, e o
cosmonauta não. “Já estive várias vezes no espaço”, gabou-se o cosmonauta, “e nunca vi nem Deus, nem anjos”. “E
eu já operei muitos cérebros inteligentes”, respondeu o neurologista, “e também nunca vi um pensamento”. O mundo
de Sofia, Jostein Gaardner, Cia. das Letras, 1995
A ciência
A ciência procura descobrir como a natureza "funciona", considerando, principalmente, as relações de causa e efeito.
Nesse sentido, pretende buscar o conhecimento objetivo, isto é, que se baseia nas características do objeto, com
interferência mínima do sujeito. Veja, por exemplo, a seguinte descrição científica:
O coração é um músculo oco, em forma de cone achatado com a base virada para cima e a ponta voltada para baixo,
do tamanho aproximado de um punho fechado. O músculo cardíaco é chamado de miocárdio. Sua superfície interna
é recoberta por uma membrana delgada, o endocárdio. Sua superfície externa tem um invólucro fibro-seroso, o
pericárdio. Grande Enciclopédia Larousse Cultural, 1998
Quando se fala em "mínima interferência do sujeito", quer se dizer que a descrição de coração proposta acima é
válida independentemente do estudioso de anatomia que a formulou.
A definição tradicional de ciência pressupõe que ela seja um modo de conhecimento com absoluta garantia de
validade. A ciência moderna já não tem a pretensão ao absoluto, mas ao máximo grau de certeza.
Quanto à garantia de validade, ela pode consistir:
Finalmente, é importante esclarecer que a aplicação da ciência resulta na tecnologia, ou no conhecimento
tecnológico.
O senso comum
O senso comum ou conhecimento espontâneo é a primeira compreensão do mundo, baseada na opinião, que não
inclui nenhuma garantia da própria validade. Para alguns filósofos, o senso comum designa as crenças tradicionais
do gênero humano, aquilo em que a maioria dos homens acredita ou devem acreditar.
A mais completa tradução do senso comum talvez sejam os ditados populares. A título de exemplo, eis alguns:
A filosofia
Para Platão, a filosofia é o uso do saber em proveito do homem. Isso implica a posse ou aquisição de um
conhecimento que seja, ao mesmo tempo, o mais válido e o mais amplo possível; e também o uso desse
conhecimento em benefício do homem. Essa definição, porém, exige a uma definição de benefício, que por sua vez
exige uma definição de Bem. Para saber o que é o Bem, entretanto, também é necessário descobrir o que é a
Verdade.
Alguns filósofos,definem a filosofia como a busca do Bem, da Verdade, do Belo e de como os homens podem
conhecer essas três entidades. Portanto, a filosofia toma para si a árdua tarefa de debater problemas ou especular
sobre problemas que ainda não estão abertos aos métodos científicos: o bem e o mal, o belo e o feio, a ordem e a
liberdade, a vida e a morte.
Vamos a um exemplo de texto filosófico, em que um filósofo norte-americano, John Dewey, procura refletir
justamente sobre o que é senso comum:
Visto que os problemas e as indagações em torno do senso comum dizem respeito às interações entre os seres vivos
e o ambiente, com o fim de realizar objetos de uso e de fruição, os símbolos empregados são determinados pela
cultura corrente de um grupo social. Eles formam um sistema, mas trata-se de um sistema de caráter mais prático
que intelectual. Esse sistema é constituído por tradições, profissões, técnicas, interesses e instituições estabelecidas
no grupo. As significações que o compõem são efeito da linguagem cotidiana comum, com a qual os membros do
grupo se intercomunicam. Lógica, VI, 6, J. Dewey
Tradicionalmente, a filosofia se divide em cinco áreas:
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Lógica, que estuda o método ideal de pensar e investigar;
Metafísica, que estuda a natureza do Ser (ontologia), da mente
(psicologia filosófica) e das relações entre a mente e o ser no
processo do conhecimento (epistemologia);
Ética, que estuda o Bem, o comportamento ideal para o ser
humano;
Política, que estuda a organização social do homem;
Estética, que estuda a beleza e que pode ser chamada de filosofia
da Arte.
Convém concluir lembrando que a ciência e o pensamento científico se originaram com a filosofia na Grécia da
Antigüidade. Com o passar do tempo, certas áreas da especulação filosófica, como a matemática, a física e a
biologia ganharam tal especificidade que se separaram da filosofia.
A arte
O conhecimento proporcionado pela arte não nos dá o conhecimento objetivo de uma coisa qualquer, mas o de um
modo particular de compreendê-la, um modo que traduz a sensibilidade do artista. Trata-se, portanto, de um
conhecimento produzido pelo sujeito e pela subjetividade.
Veja por exemplo o seguinte soneto, escrito pelo poeta bahiano do século 17, Gregório de Matos, no qual ele dá a
sua "visão" do braço de uma imagem do Menino Jesus que havia sido quebrada por holandeses protestantes,
quando da invasão da cidade de Salvador:
O todo sem a parte não é todo;
A parte sem o todo não é parte;
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo o todo.
Em todo sacramento está Deus todo,
E todo assiste inteiro em qualquer parte,
E feito em partes todo em toda a parte
Em qualquer parte sempre fica todo.
O braço de Jesus não seja parte,
Pois que feito Jesus em partes todo,
Assiste cada parte em sua parte.
Não se sabendo parte deste todo,
Um braço que lhe acharam, sendo parte,
Nos diz as partes todas deste todo.
Antonio Carlos Olivieri- Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
O mito da caverna e a visão além das aparências
Quando pensou em demonstrar a cegueira dos homens diante de um mundo de aparências, o filósofo grego Platão
contou uma história. Ou melhor, fez com Sócrates - o personagem central da obra "A República" - contasse uma
história a seu companheiro Glauco.
Os homens estão presos por argolas no fundo de uma caverna escura. Sempre viveram ali, sem poder ao menos
virar o pescoço. Por trás deles, um fogo arde, a certa distância, irradiando uma luz que se projeta no interior da
caverna. Nas paredes, formas humanas, formas que se movem.
Os homens que estão no interior da caverna pensam que o vêem é a realidade. Mas não é, eles vêem apenas suas
próprias sombras. Pensam assim porque não conhecem outro mundo.
Com essa alegoria, Platão compara a caverna ao mundo sensível onde vivemos, que é o mundo das aparências.
Reflexos da luz verdadeira (as idéias) projetam as sombras (coisas sensíveis que tomamos por verdadeiras).
Estamos agrilhoados. No entanto, é possível quebrar esses grilhões, e quem é capaz de fazer isso é o filósofo.
O filósofo é capaz de escalar o muro para a contemplação da luz plena. Essa luz é o Ser, o Bem; é essa a luz que
ilumina o mundo inteligível (que se pode conhecer).
"Pois, segundo entendo, no limite do cognoscível é que se avista, a custo, a idéia do Bem; e, uma vez avistada,
compreende-se que ela é para todos a causa de quanto há de justo e belo; que , no mundo visível, foi ela que criou a
luz, da qual é senhor; e que, no mundo inteligível, é ela a senhora da verdade e da inteligência, e que é preciso vê-la
para se ser sensato na vida particular e pública." ("A República". 3ª ed. Fundação Calouste Gulbenkian, trad. Maria
Helena da Rocha Pereira)
A imagem apresentada por Platão é uma das mais belas e mais conhecidas de toda a história da filosofia. O mito da
caverna faz parte do Livro 7 da obra "A República". Esse livro foi escrito entre os anos 385-380 a.C. Obra de
maturidade de Platão, é um diálogo entre Sócrates e seus amigos, que apresenta o método dialético de investigação
filosófica. Através de aproximações sucessivas, o mestre discute a organização da sociedade, a natureza da política,
o papel da educação e a essência da justiça.
Heidi Strecker- Especial para
Página 3 - Pedagogia &
Comunicação
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