Protocolo 064

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CRESCIMENTO DO PIMENTÃO HÍBRIDO AMARELO
SOB DIFERENTES AMBIENTES E DOSAGENS DE
BIOFERTILIZANTE
J. W. A. Guimarães1; F. R. M. Borges2; L. G. Pinheiro Neto3; T. V. A. Viana4; I. G. M. Sales5
RESUMO: O objetivo do trabalho foi avaliar a influência de diferentes ambientes e de cinco
dosagens de biofertilizantes aplicadas via irrigação no pimentão amarelo. O experimento foi
realizado no período de agosto a dezembro de 2010 na área experimental da Estação
Agrometeorológica pertencente à Universidade Federal do Ceará (UFC), em Fortaleza. O
delineamento experimental foi blocos ao acaso, com quatro repetições, instalado em parcelas
subdivididas, sendo a parcela constituída por três ambientes (campo aberto, latada e estufa) e a
subparcela por cinco doses de biofertilizante (0, 400, 800, 1200 e 1600 L ha-1 semana-1) via água
de irrigação. Foram analisadas as variáveis altura das plantas, diâmetro do colo do caule e área
foliar. O ambiente estufa apresentou resultados superiores aos demais ambientes para as
variáveis analisadas. As doses de biofertilizante utilizadas sob as variáveis em questão não
foram suficientes para nutrir a planta.
PALAVRAS-CHAVE: Capsicum annuum L., ambiente protegido, agricultura orgânica.
ENERGIZATION WATERS AND DOSES OF
BIOFERTILIZER THE PRODUCTION OF
YELLOW HYBRID PEPPER
SUMMARY: The objective of this study was to evaluate the influence of different environments
and five doses of biofertilizers applied through irrigation in the yellow pepper. The experiment was
conducted from August to December 2010 in the experimental area of the weather station belonging
to the Federal University of Ceará (UFC) in Fortaleza. The experimental design was randomized
blocks with four replications, installed in a split plot, and the portion consisting of three
environments (open field, trellis and greenhouses) and the subplot of biofertilizers for five doses(0,
400, 800, 1200 and 1600 L ha-1 week-1) via irrigation water. The variables analyzed were plant
height, stem diameter of the stem and leaf area. The greenhouse environment showed superior
results to other environments for the variables analyzed. Biofertilizer doses used in the variables in
question were not enough to nourish the plant.
KEYWORDS: Capsicum annuum L., protected environment, organic agriculture
1
Doutorando em Engenharia Agrícola, UFC, Depto. Engenharia Agrícola, Bloco 804, Av. Mister Hull s/n, 60450760 Fortaleza-CE. Fone: (85) 3366-9766.
2
Mestranda em Engenharia Agrícola, UFC, Fortaleza, CE. Email: [email protected];
3
Doutor em Fitotecnia/Pesquisador;
4
Doutor/Professor Engenharia Agrícola – DENA/UFC.
5
Doutoranda em Engenharia Agrícola, UFC, Fortaleza, CE.
J. W. A. Guimarães et al.
INTRODUÇÃO
No Ceará a área plantada de pimentão em 2010 foi de 725 ha, sendo a região da Ibiapaba
responsável por 98,5%. Deste total 66 ha foram produzidos organicamente (EMATERCE, 2011).
Em cultivo protegido tem se plantado o pimentão tanto no solo, predominando frutos coloridos,
como também em hidroponia. Darezzo et al. (2004) reporta que a tecnologia do cultivo protegido
sob estufa vem a somar às novas tecnologias empregadas na agricultura, com a finalidade de buscar
respostas ao desafio de produzir alimentos de maneira competitiva e sustentável.
O uso de biofertilizante pelo agricultor familiar vem crescendo, por ser uma alternativa
barata para o cultivo de hortaliças, em substituição aos insumos convencionais. Esses compostos
são ricos em enzimas, antibióticos, vitaminas, toxinas, fenóis, ésteres e ácidos, inclusive de ação
fito-hormonal e apresentam macro e micronutrientes assimiláveis pelo vegetal, tais como:
nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, sódio, ferro, cloro, sílica, molibdênio,
boro, cobre, zinco e manganês.
Neste sentido, objetivou-se com este trabalho avaliar a influência de diferentes ambientes
(campo aberto, latada e estufa) e de cinco dosagens de biofertilizantes aplicadas via irrigação no
pimentão amarelo (Capsicum annuum L.) sob variáveis de crescimento.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na área experimental da Estação Agrometeorológica
pertencente à Universidade Federal do Ceará (UFC), em Fortaleza período de agosto a
dezembro de 2010. O delineamento experimental foi blocos ao acaso, em parcelas subdivididas
sendo que as parcelas foram constituídas por condições de três ambientes: estufa, latada e
campo aberto (ao ar livre) e as subparcelas por doses de biofertilizante (0, 400, 800, 1200 e
1600 L ha-1 semana-1), sendo que a dose 800 L ha-1 semana-1 é mais utilizada por agricultores de
base familiar da região da Ibiapaba no Estado do Ceará.
Os três ambientes em estudo apresentavam área de 76,8m² com dimensões 6,4m de largura e
12,0m de comprimento. O ambiente estufa agrícola apresentava perfis em aço galvanizados,
telas laterais antiafídeas confeccionadas com mono filamentos de polietileno de alta densidade e
o ambiente latada apresentava calhas de 150 mm de largura, 90 mm de altura e 4,5m de altura
no centro do módulo, perfis em aço galvanizados.
O biofertilizante foi produzido na Estação experimental em um recipiente com agitador mecânico, a
partir de 250 L de esterco bovino, 120 L de água, 2,8 L de leite de vaca, PT-4-O (acelerador), farinha
de osso, pó de pedra, bem como ingredientes para acelerar o metabolismo das bactérias.
O sistema de irrigação utilizado foi gotejamento constituído com uma linha de emissores por fileira
de planta e um emissor por planta com vazão média por emissor de 8 L h-1, com fornecimento diário.
As mudas foram transplantadas para vasos de 40 L com substrato contendo uma parte de esterco
bovino, uma parte de areia e três partes de solo local aos 28 DAP (dias após o plantio), quando
estavam emitindo três ou quatro pares de folhas definitivas.
As avaliações de crescimento iniciaram-se 15 dias após o transplantio, e as demais
aconteceram em intervalos de 15 dias até o início da colheita, onde eram mensuradas as
seguintes características: altura da planta (com o uso de uma trena graduada em centímetros),
J. W. A. Guimarães et al.
área foliar (pelo método do planímetro) e diâmetro da base do colo da planta (com o uso de um
paquímetro digital).
As análises estatísticas dos dados foram realizadas no programa Sisvar da Universidade
Federal de Lavras (FERREIRA, 2000).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Conforme a análise de variância apresentado na Tabela 1 apenas os ambientes exerceram
efeitos significativos ao nível de 1% e 5% sobre as variáveis altura de plantas (AP), diâmetro do
colo das plantas (DCP) e área foliar (AF), não sendo observadas diferenças entre as dosagens de
biofertilizante e suas interações. Provavelmente a ausência de diferenças significativas entre as
crescentes doses de biofertilizante sob as variáveis em questão são indicativas de que as mesmas
não foram suficientes para nutrir a planta. Esses resultados corroboram com Santos et al. (2003)
ao verificarem que o cultivo em estufa plástica foi superior ao campo em 278% na área foliar e
98% na altura das plantas, e as doses de fertilizante aplicadas não influenciaram no crescimento
e na produção de pimentão verde.
Com relação à altura de planta (aos 72 DAT), observa-se que o ambiente estufa apresentou
resultados superiores aos demais. Isso porque a estufa provoca significativa redução da entrada de
radiação solar direta, mas com aumento da radiação indireta (energia difusa) que aumenta a
eficiência fotossintética das plantas. No ambiente telado, a energia difusa é menos eficiente. O
ambiente de campo aberto não tem atenuação da radiação solar e obteve resultados inferiores
explicado pela exposição das plantas aos efeitos do clima. Maiores valores de altura em ambiente
protegido também foram encontrados por Araújo et al. (2006) em experimentos com mamoeiro.
Para a variável diâmetro do colo das plantas, o ambiente estufa também mostrou-se superior em
28,91% em relação à latada e 36,09% em relação ao campo aberto. O diâmetro da base do colo foi
superior no ambiente de estufa em decorrência de ter alcançado maiores alturas do que em latada e
ambiente aberto, pela melhor eficiência nutricional.
Os valores médios para as variáveis altura das plantas, diâmetro do colo das plantas e área
foliar ao longo do ciclo podem ser visualizados na Figura 1. Na comparação entre os três
ambientes de cultivo para a variável área foliar, a estufa diferiu estatisticamente dos demais
ambientes pelo teste de Tukey ao nível de 5% de acordo com a Tabela 2.
CONCLUSÕES
O ambiente estufa apresentou resultados superiores aos demais ambientes para as variáveis
altura de planta, diâmetro do caule e área foliar do pimentão híbrido amarelo.
As doses de biofertilizante utilizadas sob as variáveis em questão não foram suficientes para
nutrir a planta
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAUJO, J. R. G.; ARAÚJO JÚNIOR, M. M.; MENEZES, R. H. N.; MARTINS, M. R.; LEMOS, R. N.
S.; CERQUEIRA, M. C. M. Efeito do recipiente e ambiente de cultivo sobre o desenvolvimento de mudas
de mamoeiro cv. Sunrise solo. 2006. Revista Brasileira de Fruticultura, 28: 526-529.
DAREZZO, R. J.; AGUIAR, R. L.; AGUILERA, G. A. H.; ROZANE, D. E.; SILVA, D. J. H. da. Cultivo
em ambiente protegido: histórico, tecnologias e perspectivas. UFV. Viçosa-MG, 2004, 332p.
EMATERCE. Relatório da safra 2010 no Estado do Ceará. Fortaleza, 2011. 15p.
J. W. A. Guimarães et al.
FERREIRA, D. F. Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windows versão 4.0. In...45a Reunião
Anual da Região Brasileira da Sociedade internacional de Biometria. UFSCar, São Carlos, SP, Julho de
2000. p.255-258.
SANTOS, R. F.; KLAR, A. E.; FRIGO, E. P. Crescimento da cultura de pimentão cultivado na estufa
plástica e no campo sob diferentes doses de nitrogênio e potássio. Revista Irriga, v.8, p.250-264, 2003.
Tabela 1 - Resumo da análise de variância para altura de planta (AP), diâmetro do colo da planta (DCP) e
área foliar (AF). Fortaleza, Ceará, 2012.
Quadrados médios
AP
DCP
AF
Bloco
32,59ns
0,51ns
559947,3ns
Ambiente
10556** 73,4** 64305601**
Resíduo (a)
43,80
0,69
695136,9
Bio
57,9 ns
0,02ns
196112,8ns
Ambiente xBio
77,6 ns
0,35ns
541324,7ns
Resíduo(b)
62,45
0,78
393501,5
CV(a) (%)
13,57
10,64
36,62
CV(b) (%)
16,21
11,27
27,55
GL = Grau de liberdade; CV= Coeficiente de variação; * = Significativo a 1%, ** Significativo a 5% e ns = não
significativo.
FV
Gl
3
2
6
4
8
36
Tabela 2 - Valores médios de altura de Plantas (AP), Diâmetro do Colo das Plantas (DCP) e Área Foliar
(AF), nos três ambientes em estudo. Fortaleza, UFC, 2010
Ambientes
Estufa
Latada
AP (cm)
74,75 a
40,36 b
DCP(cm)
10,03 a
7,13 b
AF(m²)
4323,8 a
1520,8 b
Campo aberto
31,16 c
48,76
6,41 b
7,86
985,0 b
1520,8
Média
B
A
C
Figura 1. Efeito dos ambientes sobre as variáveis de crescimento: altura das plantas (A), diâmetro do colo
das plantas (B) e área foliar (C). Fortaleza, UFC, Ceará, 2012.
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