Intervenções sobre Olavo de Carvalho Pe. Achylle, Pio, Luiz Cioccari et alii Para voltar ao assunto do Olavo de Carvalho, primeiro fui buscar da correspondência recente nossos comentários sobre ele, para atualizar o tema. Não sei se esqueci de alguma. Primeira: do Pe Achylle Amigos Luiz, Carvalho, Celito, Plinio, Pio... e todos Acabo de ler todos os vossos e-mail, com grande interesse. Primeiro nosso heróico Luiz, mediação entre todos, pelo que devemos agradecer muito a ele. Ele foi um instrumento fiel da Providência. Difícil explicar com razões naturais o fenômeno dessa união fraternal tão sólida entre nós. Primeiro: Favor, Luiz, mandar a crônica do Carvalho sobre o Pe. Caetano para o seguinte e-mail: [email protected] / Carvalho, a tua crônica é excelente. Eu já disse que as minhas crônicas perdem de corpo inteiro frente as tuas. Luiz, a parábola da Rã é outra coisa excelente. Vejo nela a necessidade de se cultrivar um "senso crítico", diante das ondas avassaladoras das ideologias. Sem o senso crítico não saltaremos em tempo para fora da "panela". Seremos todos cozinhados. A "Caverna" de Platão ensina também a mesma coisa. Celito, obrigado pela citação de meu e-mail a respeito das demarcações...Acompanhei com interesse as reflexões do Pio, (Pio, você é muito inteligente), Mas o Oscar que escreveu sobre o consumismo não fica atrás. Nos faltam "intelectuais católicos". Já escrevi que na morte de Jean Guitton um jornaliste escreveu: "Morreu o último intelectual católico". Onde um Alceu Amoroso Lima, um Gustavo Corção? Aliás, o atual Olavo de Carvalho pode ser indicado como o Corção moderno. Bem haja quem nos mandou um artigo do Corção... Abraços e Bênçãos com um enorme FELIZ NATAL para todos! Pe. Achylle. Segunda: de Celito Pe.Achylle, qualquer dia desses escolho um artigo de Corção para enviar-lhe. Mas, com sua devida licença, acho que não dá para considerar Olavo de Carvalho ( de mesmo nome, e não mesma cepa do nosso) sucessor de Corção. Algumas coisas por aí tenho lido de Olavo de Carvalho, e em nenhuma ocasião desconfiei que fosse católico; nada do que diz, comenta ou raciocina é coisa de cristão: é apenas um reacionário. E se o senhor, por acaso, ouvir o que ele blasfema e diz de palavrão pela internet, se apavorará. A menos que alguém, sósia, o imite nos gestos, na voz, ou utilize sua imagem, dublando-o. E qualquer dias desses, também, escolho um de Olavo de Carvalho para compará-lo ao Corção. ( E é claro, vou escolher a que atenda minha tese.) Abraços e suas bênçãos, como de sempre. Celito Terceira : de Pe Achylle Alô Celito, nunca ouvi falar coisa semelhante do Olavo de Carvalho e olha que li bastante dele. Consta-me que ele é um convertido do marxismo. Haverá algum equivoco nesse nome? Pe. Achylle. Quarta: de Cioccari Ao meu ver, Celito, o pensamento de esquerda, com Frei Beto e cia., também piorou muito sobre a redação límpida de um Alceu Amoroso Lima, Tristão de Ataíde, o opositor do Gustavo Corção. Olavo de Carvalho me parece um bom pensador, filósofo aristotélico, se é que um leigo, em filosofia um apedeuta como o Lula no geral, pode se atrever a subir acima das chinelas. Ainda que Olavo não seja um Machado de Assis na linguagem. Claro que em momento nenhum justifico que ele tenha usado blasfêmias ou palavrões, como lhe atribuis. Deveria mirar-se em nosso grupo, em que opiniões diametralmente opostas são sustentadas com todo o respeito aos adversários. Abraços, luiz Quinta : de Celito Pe. Achylle e Cioccari; Como prometera, fui em arquivo, peguei um artigo de Corção de época de Natal, a que aguardamos nessa época de Advento, e anexei. Está um pouco escura a cópia, mas não tive como aclarála. Um dia ainda vou aprender como se utilizam as ferramentas da computação. Quanto ao Olavo de Carvalho, ainda quero copiar algum texto dele para veres, Cioccari, que ele tem um raciocínio ilógico; confunde as coisas, nem sabe bem o que é causa e o que é efeito, e às vezes inventa a roda ou moto-contínuo. Abraços do Celito Sexta : de Pio Prezados P. Achylle, Cioccari, Celito et alii: Não mereço o elogio do P. Acylle, sou apenas um da turma de 56, divisor de eras históricas, segundo conceituados 'experts' (da referida turma, aliás). Parece ser constatação geral que toda e qualquer geração acredita ser um divisor de eras históricas, por isso, há espaço para todas as turmas...). Ao Celito, o Olavo de Carvalho não me chamou a atenção até agora, nem o vejo na minha praia, não sei onde navega, vou buscar alguns textos dele para opinar, eventualmente. Ainda ao Celito uma provocação: mão pesada a do racional Bento XVI no episódio de Medjugorge? E aí, como é que fica? Abraços. Pio Cervo. Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Celito respondendo: Do fim para o início, para não esquecer a provocação do Pio; se Bento XVI anda com mão pesada sobre Medjugorje, deve mesmo andar e fica bem, acho; e só para acalmar tua impaciência, quando das vezes estivemos na terra dos pais da Anna, Slovenia, a duas ou três horas de carro de Medjugorje, nunca me deu comichão de ir até lá. Era boa oportunidade de visitar o local de tanta peregrinação, mas...mas... Agora sobre Olavo de Carvalho. Falei que iria procurar alguma coisa sobre Olavo de Carvalho, de quem não tenho bom conceito como pensador, crítico ou pessoa respeitosa. Ele anda, ou andava, publicando algumas crônicas nos jornais daqui, principalmente Zero Hora, talvez para preencher espaço disponível do jornal. Seu texto sempre me pareceu nebuloso, insistente em situações minúsculas, valorizando assunto sem importância nenhuma, enfim, um “enchedor” de lingüiça. Mesmo em assuntos polêmicos, é muito personalista, e sem a linearidade de Corção nos argumentos. Não há como compará-los, Pe. Achylle. Andei na internet à cata de assunto, e de lá trouxe algumas referências; elas vão catalogadas conforme os itens numerados a seguir. Não imaginava encontrar tanta coisa em seu desabono. Eu que a respeito dele tinha um conceito um tanto adverso, confirmou-se ele nessa pesquisa. Quem não tiver tempo e paciência para este monótono assunto, passe de lado. Eu mesmo não tive paciência com ele, e não li tudo, ninguém é obrigado a tamanho sacrifício. È muito educativa, contudo, e elucidativa sua participação na astrologia, o ítem 5 – Olavo, o astrólogo. Não utilizava todos os astros, descartava os mais afastados do sistema por terem sido descobertos recentemente ( ele detesta coisas modernas, mesmo que sejam descobertas modernas) ou porque lhe causavam um certo desconforto mental, sentimental, ideológico e quem sabe religioso, pois que, alguém disse : Urano representa revolução e quebra de valores?! Netuno representa coletivismo e ideais socialistas?! Plutão representa as coisas ocultas e foi descoberto durante os anos 30?! Mas isso é puro comunismo! Ideal revolucionário!!! Por isso Olavo recusa-se desde então a usar os últimos 3 planetas do sistema solar, pois eles são nada mais nada menos que parte de algum plano maléfico dos comunistas gaysistas da Comissão Trilateral da Rua de Baixo para espalhar suas ideologias atrasas e retrógradas na insuspeita civilização ocidental. E o Pio que não se converta para essa nova doutrina, da corrente astrológica. Vão então os itens pesquisados e assim enumerados 1 – Amabilidades entre “parentes” literários 2 – Elogio sobre o escritor Olavo de Carvalho 3 – Desgostoso com Olavo de Carvalho 4 - Entrevista com Celina Côrtes, da IstoÉ 5 - Olavo, o astrólogo 6 – Olavo retorna à astrologia 7 - Olavo, o crítico literário 8 - Olavo, o meio-filósofo, ou meio filósofo, dá na mesma 1 – Amabilidades entre “parentes” literários: Sujeitinho petulantemente arrogante e detestável. Suas crônicas são sempre de teor pessimista. Honestamente, se eu o visse na rua eu cuspiria na cara dele! Diogo Mainardi sobre Olavo de Carvalho Diogo, eu sou seu pai, porra!!! Ah, quer saber? Vai tomar no cu! Olavo de Carvalho sobre Diogo Mainardi 2 – Elogio sobre o escritor Olavo de Carvalho (Não assinada a informação - Deve ser propaganda de sua editora) Olavo de Carvalho (1947). O filósofo e professor Olavo de Carvalho é o mais importante pensador brasileiro da atualidade. Olavo conquista o leitor por suas idéias vigorosas, expressas numa eloquência franca e contundente que alia o rigor lógico e a erudição ao mais temível senso de humor. Nas palavras do poeta Bruno Tolentino, "a capacidade de desenterrar, do pensamento antigo, novas idéias aptas a lançar luz sobre o presente é a marca do verdadeiro erudito; a capacidade de encarar os problemas do presente com aquela coragem radical apta a trazer à luz os fundamentos últimos do conhecimento é a marca de algo mais que o mero filósofo-padrão de hoje em dia." Olavo de Carvalho é um iconoclasta de incontornável honestidade intelectual que tomou para si a tarefa ingrata de por a nu os falsos prestígios acadêmicos e expor as falácias do discurso político e intelectual vigente. A tônica de sua obra é a defesa da interioridade humana contra a tirania da autoridade coletiva, sobretudo quando escorada numa ideologia "científica". Para Olavo de Carvalho existe um vínculo indissolúvel entre a objetividade do conhecimento e a autonomia da consciência individual. 3 – Desgostoso com Olavo de Carvalho Olavo Carvalho: o pastor de babacas!!! Por Beto 03/07/2004 às 16:50 Olavo Carvalho é o pastor dos reacionários de plantão, os quais são desprovidos de inteligência e a favor de medidas totalitárias e fascistas. Aliás, Olavo é um típico racista neo-liberal e pseudo-intelectual. O governo de Sharon junto com seus fiéis apoiadores como os EUA e mercenários do Oriente Médio promovem a brutalidade e demência racista contra os palestinos e aqueles que se opõem a suas barbáries como os próprios israelenses e não dão a mínima para órgãos de justiça internacionais, opinião pública e para o resto do mundo. O governo fascista de Sharon nem sequer dá justificativa real para tais ações e sempre repete o bla-bla-bla de que todos são terroristas até que estes provem o contrário. O pior é ver a mídia reportar essas coisas sem nenhum constrangimento e passam como normal as "incursões" do exército israelense. Do lado Palestino há os extremistas que se explodem e matam civis inocentes em Israel o que é um absurdo, mas o que acontece na mídia e alguns boçais conservadores é a generalização do povo palestino. Assim como não podemos generalizar todo povo israelense e judeu de apoiar as barbáries cometidas pelo governo de Israel. o problema de boa parte da mídia e principalmente os reacionários desprovidos de capacidade mental para analisar as situações. Aqui no Brasil há sites ridículos com conteúdos racistas e totalmente elitistas que são: mídia sem máscara e de olho na mídia. Pra quem tem o mínimo de senso e sabe o que realmente acontece na Palestina dá muitas gargalhadas e pasma diante dos enormes absurdos infundados veiculados nesses sites. Olavo de Carvalho é praticamente o pastor desses boçais, pois ele e alguns idiotas pensam que ele é um intelectual e dão razão paras as babaquices escritas por ele. Olavo é um tremendo defensor das causas e interesses de uma elite branca e adora e sonha com o Brasil anexado aos EUA. No caso Israelense seu site veicula idéias e opiniões que parecem ser tiradas de membros da Klu-KluxKlan, o que acho que alguns dos colaboradores devam ser. E o pior, tentam justificar as torturas no Iraque, as intervenções norte-americanas em todo o mundo mesmo matando e humilhando milhões de pessoas e apóiam as ações fascistas na Palestina. O que importa para Olavo e seus cachorrinhos é a supremacia dos mais ricos, brancos e o uso da força extrema contra qualquer um que se oponha a eles e tb são totalmente contra os direitos humanos e a favor da volta da escravidão para aumentar o poder de seus ídolos (empresários judeus e norte-americanos). Mas depois no site vc vê eles abismados e denunciando as bárbaries cometidas por governos comunistas do passado. A hipocrisia e a falta de humanismo de Carvalho e seus cachorrinhos raivosos adestrados se mostra inclusive aqui no CMI, pois muitos vêm aqui encher o saco para repetir as palavras do pastor. Email:: [email protected] 4 - Entrevista com Celina Côrtes, da IstoÉ Olavo de Carvalho tem muito poucos amigos no meio acadêmico brasileiro. A razão é simples. O escritor, astrólogo, jornalista e filósofo autodidata adora uma polêmica. Ele fala o que pensa. E o que pensa, logo escreve. Seu mais recente e oitavo livro, O imbecil coletivo - atualidades inculturais brasileiras (Faculdade da Cidade Editora, 384 págs. R$ 32), lançado na quinta-feira 22, no Rio de Janeiro, é uma coletânea de seus escritos publicados entre 1992 e 1996 na imprensa brasileira cujo título agressivo não guarda nenhuma semelhança com sua primeira obra, o opúsculo astrológico Astros e símbolos, de 1985. Paulista de Campinas, Olavo de Carvalho, 49 anos, costuma discorrer sobre os mais variados temas. Mas agora seu alvo principal é a intelectualidade brasileira que, segundo ele, estão em franca decadência. Em O imbecil coletivo o autor n�o deixa pedra sobre pedra no seu trabalho de demoli-lo. Numa linguagem direta e cheia de veneno, ele ataca monstros sagrados da música brasileira como Chico Buarque de Hollanda e Caetano Veloso. Dispara contra os filsofos Leandro Konder e Jos�é Arthur Giannotti - amigo do presidente Fernando Henrique Cardoso - e o cientista pol�tico Emir Sader, e não poupa nem o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho. Ele acusa o meio intelectual tupiniquim de estar perdendo a capacidade de refletir criticamente. Afirma que a cultura nacional se tornou subserviente da cultura americana e que há uma troca de papéis nas funções desempenhadas pelos meios acadêmicos e pelo show business. Nesta entrevista a ISTO� tamb�m ataca os movimentos negros, a milit�ncia gay e diz que a ditadura militar n�o foi t�o ruim quanto a esquerda a pintou. ISTOÈ - Ja que nunca cursou uma faculdade de filosofia, como o sr. se autodenomina filósofo? Carvalho - Na verdade cursei três anos no Conjunto de Pesquisa Filos�fica na PUC, dirigido pelo padre Stanislavs Ladus�ns, curso extinto em 1991. Meu primeiro interesse foram as religiões comparadas. A partir daí, estudar filosofia ficou mais fácil. Estudei Platão e Aristóteles e me tornei um autodidata. Procurei cursos de filosofia e vi que n�o teria paci�ncia de escutar tudo aquilo de novo. Os alunos eram de uma arrog�ncia absurda e eu j� conhecia muito mais que essa gente, me senti humilhado. ISTO� - Por que o sr. não seguiu a ordem natural das coisas, ou seja, cursou uma universidade e uma p�s-gradua��o para acentuar seu esp�rito cr�tico? Carvalho - Por mais de dez anos fiquei isolado. Quando voltei � civiliza��o preparei um curso de filosofia para grupos privados, provenientes das universidades. Tive a ilus�o de que seriam frequentados por gente de alto n�vel. Mas constatei que ignoravam quase tudo. Vi ent�o que havia algo de errado com o ensino superior. O Brasil tem a pior escola de filosofia do mundo. Fui convidado ent�o para instalar o semin�rio de filosofia na Faculdade da Cidade. Mas para mim tanto faz dar aulas na faculdade ou embaixo da ponte. N�o tenho pretens�es acad�micas. ISTO� - Com que autoridade, ent�o, o sr. opina sobre temas t�o diversificados? Carvalho - Se opino � por absoluta necessidade. Os ensaios que publico em meu livro s�o notas que fui tomando. O que mais me surpreende � que s� eu percebia essas coisas. Como as pessoas mais qualificadas n�o falaram, acabou sobrando para mim. ISTO� - O sr. se define como de direita ou de esquerda? Carvalho - Como um alienado militante. Sou radicalmente contr�rio a analisar o que quer que seja a partir de uma posi��o pol�tica. Quem fala em pol�tica fala em nome de uma coletividade, para essa mesma coletividade. Sou um indiv�duo falando para outro indiv�duo. Estou convicto de que s� a consci�ncia individual e nunca o consenso coletivo pode dar acesso � verdade. Para mim, a id�ia de Antonio Gramsci de que a consci�ncia individual � um eco da coletiva � uma das maiores monstruosidades que algu�m j� pensou. No momento a intectualidade � de esquerda, por isso tem o monop�lio do besteirol. ISTO� - A campanha contra a fome, promovida pelo soci�logo Betinho, seria uma destas rea��es emocionais? Carvalho - Sou radicalmente contra esse tipo de coisa. Cria um estado de esp�rito contr�rio � capacidade privada de fazer caridade. Betinho � um dos grandes estrategistas da esquerda mundial. Em poucos anos, conseguiu criar uma identifica��o entre as reivindica��es de esquerda e a caridade. Faz a imagem de um santo, quando se trata de um homem superficial. Ele aceitou o dinheiro dos banqueiros do bicho e todos os condenaram. Mas ele estava certo e foi v�tima de seus advers�rios. Se mostrou inseguro e fez uma rid�cula meaculpa. Se conhecesse S�o Tom�s de Aquino, saberia que estava cert�ssimo. Uma pesquisa da Globo mostrou que 93% da popula��o � contra dar esmolas. Isso � fruto da campanha do Betinho. ISTO� - Nesta rela��o manique�sta, por que o sr. afirma que os homossexuais, que se dizem oprimidos, foram opressores no passado? Carvalho - Sugiro a eles que leiam a Hist�ria dos 12 C�sares, de Suet�nio, um cl�ssico romano. O livro mostra como os homossexuais no poder podem ser b�rbaros e opressores. A SA de Hitler era maci�amente composta de homossexuais. Eles n�o s�o mais ou menos opressivos que as demais pessoas. Mas pretendem obter direitos espec�ficos por serem homossexuais. E se mudarem de id�ia? O que ser� feito desses direitos? Alegam que s�o v�timas de uma fatalidade biol�gica? Ent�o � doen�a! O contr�rio da discrimina��o � aceita��o, que se d� atrav�s da emo��o, e n�o das leis 5- Olavo, o astrólogo Olavo e a Astrologia Durante os anos 80, Walter Mercado foi o maior adversário de Olavo, após os comunistas é claro Olavo durante vários anos foi astrólogo profissional, escrevendo para renomadas revistas tais como: Capricho, Veja, G Magazine, Almanaque astrólogico do ano 19XX, Almanaque da Mônica, Cães & Companhia entre outras. Novamente os comunistas, esses comedores de criancinhas maléficos, atrapalhariam a vida de nosso heroíco e martirizado protagonista Olavo. Olavo descobriu, após 20 anos de estudos, que existem planetas transaturninos Urano representa revolução e quebra de valores?! Netuno representa coletivismo e ideais socialistas?! Plutão representa as coisas ocultas e foi descoberto durante os anos 30?! Mas isso é puro comunismo! Ideal revolucionário!!! Olavo de Carvalho sobre Astrologia Por isso Olavo recusa-se desde então a usar os últimos 3 planetas do sistema solar, pois eles são nada mais nada menos que parte de algum plano maléfico dos comunistas gaysistas da Comissão Trilateral da Rua de Baixo para espalhar suas ideologias atrasas e retrógradas na insuspeita civilização ocidental. Olavo tentou em vão imitar seu concorrente A pá de cal na carreira de astrólogo de Olavo viria nos anos 80, quando surgiu como seu concorrente um estranho porto-riquenho de fala engraçada e capas luxuosas, sendo que este concorrente usava todos os planetas em suas previsões e dava consultas feitas por computador pelo telefone, algo muito mais moderno que as antíguadas previsões feitas à mão e desenhadas em quadrados que Olavo oferecia. Olavo tentou, em vão como foi constatado posteriormente, modernizar-se, começou a oferecer horóscopos feitos por computador e adotou o visual de seu adversário. Foi um fracasso retumbante, porém para sua satisfação, Walter não consegui se manter no Brasil após o fim do 0900 (você sabe não é? É só ligar, 0900-39-39-39-39, ligue, que estou esperando toda molhadinha por você!) Olavo desistiu de vez de astrologar profissionalmente, mas é notório que sua falta de educação foi um grande fator na sua queda, ele batia boca e espantava toda sua clientela. Uma gravação da época relata isso: Olavo criando mapas astrais durante sua carreira como astrólogo Cliente: Então seu Olavo? Ele volta pra mim? Eu vou dar certo no meu novo emprego? Olavo: Não. Seu mapa só me mostra que você vai se foder lindamente, será demitida e ainda vai levar um processo nas costas na hora em que sair do emprego. Quanto ao seu namorado, não, ele não vai voltar mas você vai arranjar outro. Cliente: Menos mal, apesar que a história do emprego me assustou! Olavo: Menos mal? Nada disso. Veja bem, seu mapa diz que seu novo namorado vai traí-la em uma orgia com 12 mulheres, 16 homens, 2 anões, 6 travestis e 1 orangotango albino! Cliente: O quê?! Mas o meu outro astrólogo disse que Urano me torna inovadora no meu trabalho, Netuno ajuda a minha vida amorosa e Plutão trará riquezas ocultas! Olavo: Vá à merda! Esse porto-riquenho do caralho não sabe nada! Eu estudo essa porra de astrologia há quarenta anos! Vai estudar mulher! Você só lê horóscopo de jornal! Esse monte de lixo revolucionário! Isso tudo é coisa do Voltaire e do Gramsci, porra! 6 – Olavo retorna à astrologia A VOLTA DA ASTROLOGIA. Texto de Olavo de Carvalho Ainda hoje, quando falamos em astrólogos, muita gente pensa em homens sinistros de chapéus pontudos, a contemplar o céu de suas altas torres e a interpretá-lo segundo seus delírios. E, no entanto, eles já estão penetrando nos gabinetes e laboratórios da ciência, misturando-se entre químicos, biólogos, meteorologistas, médicos e financistas. . . No século passado, Carl Gustav Jung anunciou a volta da astrologia às cátedras universitárias. Na época, isso era verdade apenas em algumas raras escolas de psicologia na Suíça, onde pioneiros corajosos, como o próprio Jung, incentivavam ou promoviam cursos semi-oficiais de astrologia, à noite, para os futuros clínicos, sob os olhos complacentes dos velhos reitores. Hoje, a Universidade de Stanford, a Escola Técnica Superior de Zurique e mais sete universidades em todo o mundo promovem estudos regulares sobre a astrologia. Na Universidade de Paris (e a França é o pais mais conservador face a astrologia), o professor Robert Jaulin, no curso de etnologia, concede "créditos" suplementares aos alunos que frequentam aulas de astrologia, e outro etnólogo, Jacques Halbronn, fundos o Movimento Astrológico Universitario, que reúne centenas de estudantes e professores da mesma universidade, e promoveu o último Congresso de Astrologia, em Paris. Desse congresso participaram figuras do porte de um Eric Weil, professor de filosofia em Louvain e pensador de renome universal. Que é que houve? Mudou a astrologia ou a opinião maciça dos intelectuais está realizando um 'mea culpa' coletivo perante a arte de Ptolomeu e Kepler, que ainda há algumas décadas era considerada apenas uma diversão de excêntricos amalucados ou prática excusa para iludir a boa fé popular? De onde proveio essa revolução, transformando o que ontem era engodo e ilusão no que hoje é pesquisa profunda e reflexão grave? Em 1666, expulsa das cátedras universitárias Para começo de conversa, quem expulsou a astrologia das cátedras universitárias não foi o avanço da ciência, como normalmente se supõe, mas uma interpretação apressada das descobertas de Copérnico. A expulsão foi decretada em 1666, por Colbert, ministro de Luís XIV, com a alegação de que a astrologia não tinha fundamento cientifico. Na realidade, a ciência da época não tinha condições mínimas para averiguar isso realmente, e a primeira pesquisa estatística sobre o assunto foi feita só trezentos anos depois. O que Colbert supôs foi que, como os horóscopos eram desenhados geocentricamente - isto é, com a Terra no meio, e o Sol, a Lua, os signos e os Planetas em torno - não podiam funcionar, já que Copérnico havia demonstrado que o que estava no centro era o Sol e não a Terra. Colbert simplesmente não percebeu que o horóscopo não era propriamente geocêntrico mas antropocéntrico, isto é, que representava o universo centralizado não na Terra enquanto realidade física, mas no Homem, no indivíduo. O horóscopo não era um mapa físico do universo (embora fosse também isto), mas um mapa do seu significado, um mapa do sentido do universo, tal como este se apresentava para determinado indivíduo na hora e no local em que este nascia. Para esses fins, o centro do universo, o centro da experiência individual, continuava a ser obviamente a Terra (excetuando-se a hipótese de o consulente ter nascido em Marte ou na Estrela Vega), e o próprio Kepler, que calculou as órbitas heliocêntricas dos planetas, continuou a desenhar horóscopos geocentricamente até o fim dos seus dias. Enquanto o mapa astronômico era inteiramente objetivo e material, o mapa astrológico era ao mesmo tempo objetivo e subjetivo, tal como as mandalas tibetanas, que representam ao mesmo tempo o círculo do universo exterior e o interior do homem. Esta sutileza escapou a Colbert. As universidades alemãs e suíças, mais sensatas, preferiram deixar abertas suas cátedras de astrologia, embora sem ocupantes, e foi esta brecha que permitiu a Jung anunciar uma volta triunfal. Em 1945, reabilitada pelas provas estatísticas Essa volta não seria nada triunfal, entretanto, se não se houvesse descoberto, pouco depois, provas eloqúentes de que a relação astroHomem não é uma pura fantasia. Essa descoberta veio quando, em 1950, o pesquisador francês Michel Gauquelin resolveu tirar a limpo, pela estatística (sua especialidade acadêmica), a questão das "influências astrais". Desde o começo do século, o grande astrólogo Paul Choisnard pedia aos estatísticos que fizessem isso. Mas era muito difícil, porque um único mapa astrológico (feito para a hora, data e local de nascimento de um indivlduo) tem mais de mil fatores a serem levados em ponta. Por volta de 1945, outro astrólogo, Léon Lasson, conseguiu finalmente formular um bom método de aplicar a estatística à astrologia. Gauquelin aperfeiçoou esse método e o empregou numa pesquisa que abrangeu cinco mil mapas astrológicos. A pesquisa submeteu à prova uma única doutrina astrológica, porém antiga e fundamental: a de que não só determinados planetas estão associados a determinadas profissões (Júpiter à política e ao teatro, Saturno à ciência, Marte aos esportes e artes militares, Lua à literatura), como também tais planetas exercerão uma influência mais intensa, se no instante do nascimento do indivíduo estiverem colocados em determinados pontos privilegiados do céu. Esses pontos são, segundo a doutrina, o ascendente, que é a parte mais oriental da linha do horizonte, e o meio-do-céu, que é o ponto mais alto do Zodíaco (faixa dos signos) em relação a determinado lugar da Terra. Se a teoria estivesse certa, pensou Gauquelin, determinados planetas estariam com maior frequência no ascendente e no meio-do-céu no nascimento das pessoas cujas profissões estivessem relacionadas com esses planetas, do que no nascimento das outras pessoas. Saturno estaria com mais freqüência no ascendente e meio-do-céu dos cientistas, Marte no dos militares, Júpiter no dos políticos e atores, etc. Inversamente, seria raro um Saturno no ascendente ou meio-do-céu dos esportistas ou atores, e assim por diante. Mais ainda: seria preciso que essa freqüência ultrapassasse a média do acaso (no jargão dos estatísticos: feeqüência teórica) de maneira significativa, para se poder acreditar que o fenômeno fosse algo mais do que mera coincidência. Do ponto de vista cientifico, a hipótese a ser testada era um absurdo completo, mas as estatisticas foram mais favoráveis ao absurdo do que ao ponto de vista científico. Com uma freqüência que só seria possível atribuir ao acaso com uma possibilidade de 1 contra 10 milhões (isso mesmo), os planetas estavam lá onde os astrólogos diziam que estariam: Júpiter no ascendente e meio-do-céu dos atores e políticos, Saturno no dos cientistas, Marte no dos esportistas e militares, Lua no dos escritores. Inversamente, a Lua não estava no ascendente nem no meio-do-céu de quem não era escritor, Marte no de quem não era militar, etc. Embora tudo isso parecesse uma trama diabólica dos astros para confundir o bom senso dos pobres cientistas, Gauquelin, com exemplar honestidade intelectual, publicou os resultados da pesquisa, que se tornaram imediatamente motivo de escândalo e protestos gerais. O diretor do Instituto Nacional de Estatística da França, Jean Porte, convidado pelos adversários de Gauquelin a desmascarar a farsa toda, refez os cálculos e informou depois de algum tempo: lamentavelmente, os cálculos estavam certos. Ainda assim, Gauquelin refez a pesquisa, desta vez reunindo nada menos que 25.000 mapas, na França, na Bélgica, na Holanda, na Itália e na Alemanha, e chegou novamente aos mesmos resultados. Novamente Jean Porte refez as contas, e novamente elas estavam impecáveis. Recentemente, nos Estados Unidos, a revista The Humanist publicou um abaixoassinado de 186 cientistas contra a astrologia. Em resposta, vieram centenas de cartas a favor, e The Humanist resolveu arbitrar a questão promovendo uma pesquisa igual à de Gauquelin, com amostragem menor mas controle estatístico maior. Os resultados, pela terceira vez, foram os mesmos. (No Brasil, durante um debate na TV, o abaixo-assinado de The Humanist foi exibido como o sumo argumento antiastrológico por um psiquiatra, que obviamente não contou a continuação da história . . .) Agora, resta saber qual e natureza do fenómeno Todos os debates que houveram serviram para mostrar que a astrologia é um assunto infinitamente mais completo do que seus opositores jamais imaginaram. Exemplo. Quando não pôde mais negar os resultados da pesquisa, o mais feroz adversário francês da astrologia, o astrônomo Paul Couderc, então chefe do Observatório de Paris, julgou ter descoberto um argumento fulminante ao declarar que uma correlação era uma coisa, e um mecanismo de causa e efeito, outra; que a pesquisa Gauquelin havia estabelecido uma correlação entre os astros e o Homem, mas não havia de modo algum provado que os astros causam as ações humanas, "como pretendem os astrólogos". Os astrólogos limitaram-se a exibir os textos clássicos da sua arte, desde a Tábua de Esmeralda de Hermes Trimegisto (milênios anterior a Cristo) e as Enéadas de Plotino (século 39) até os tratados de Paracelso (século 15), Kepler (século 16) e Robert Fludd (século 17), em que por toda parte se explica a relação entre os astros e os homens como um processo de semelhança, de analogia, de simpatia, de correlação, de sincronismo, e nunca de causa e efeito. E completaram: nenhum astrólogo jamais disse que os astros causam as ações humanas, pela simples razão de que o principio de causa e efeito, tão importante para o cientista materialista, é, para os astrólogos, um principio menor e secundário. O princípio maior é a lei de analogia, mediante a qual o grande e o pequeno, o macrocosmo e o microcosmo, a matéria e a consciência, têm uma estrutura e uma dinâmica semelhante, já que são apenas faces diversas do mesmo fenômeno. O pobre Couderc jamais imaginou que estivesse mexendo num vespeiro tão grande. Desde essa época, praticamente cessou a polêmica rasteira tipo pró-econtra a astrologia, e desencadeou-se um debate teórico de alto nível sobre a natureza do fenômeno revelado pela pesquisa Gauquelin. Se não se tratava de uma relação de causa e efeito, que relação era então? Um sincronismo, como pretendia Jung? Ou, como afirmava o próprio Gauquelin, tenaz estudioso dos biorritmos, existe em cada ser vivo um "relógio cósmico" que o torna receptivo a todos os ritmos do universo ao seu redor? Qual era precisamente o sentido com que os antigos falavam em "analogia"? Não seria a analogia um instrumento mental utilizável pela ciência, para a análise de fenômenos demasiado grandes e complexos, como a dinâmica da vida social e política, os grandes sistemas ecológicos, a economia das grandes nações? Não teriam os antigos astrólogos tido, milênios atrás, a intuição de um método cientifico para a abordagem de grandes problemas? Não teriam feito, como disse Lucien Malavard, "ciências humanas avant Ia lettre"? Esse é hoje o grande debate astrológico, que envolve algumas das questões mais contundentes e vivas da cultura contemporânea e ocupa alguns dos melhores cérebros da atualidade. Os astros na religião, na biologia, nas finanças . . . Paralelamente, prosseguiram as pesquisas. No campo da história, foi possível obter uma vasta coleção de evidências em favor da tese da astróloga Marcelle Senard (e de todos os astrólogos tradicionalistas), segundo a qual o Zodíaco é uma espécie de chave universal de todas as religiões. Aplicando um método estrutural a praticamente todas as religiões e mitologias do mundo, o historiador Jean-Charles Pichou descobriu que existem apenas doze mitos básicos em todos os povos e lugares, e que esses mitos se sucedem segundo uma ordem mais ou menos regular. Essas estruturas básicas são nada menos que os doze signos do Zodíaco. O trabalho de Pichou é demasiado revolucionário e demasiado volumoso para poder ser endossado ou contestado em bloco, mas certamente permanecerá como um clássico na historiografia das religiões. Os biólogos também descobriram algumas coisas agradáveis aos astrólogos. Primeiro, simples correlações entre ciclos planetários e o metabolismo de animais e plantas estabelecidas por Frank A. Brown, da Northwestern University, EUA (o que não tem valor astrológico direto, mas constitui indicio favorável ao tipo de interdependência postulado pelos astrólogos, e que até 40 anos atrás era considerado mera ficção). Depois, um vendaval de confirmações da antiga correlação - esta, puramente astrológica - entre a lua e a fertilidade. Um pesquisador tcheco, Eugen Jorias, médico e astrólogo, chegou a estabelecer um processo astrológico de previsão de períodos de fertilidade das mulheres pela posição da Lua no instante do seu nascimento. Uma pesquisa feita pelo governo tcheco encontrou 94 por cento de acerto no método Jonas. Em seguida, o neurologista Leonard Ravitz, da Duke University, descobriu que mudanças marcantes de potencial elétrico emitido pelo corpo humano ocorriam segundo as fases da Lua e, mais ainda (coerente com a doutrina astrológica de que a Lua está relacionada com as doenças mentais, donde a palavra lunático), que nos pacientes psicóticos tais mudanças eram nitidamente mais agudas do que nas pessoas mentalmente sadias. Mais recentemente o economista norte-americano L. Peter Cogan procurou averiguar em que medida os ciclos de pessimismo e otimismo dos investidores, com reflexos nítidos na bolsa de valores, coincidiam com posições planetárias. Abarcando o período de 1873 a 1966, seu estudo concluiu que tais ciclos respondiam simetricamente às posições do Sol com relação a Saturno e Urano (planetas que, segundo a astrologia, regem o capitalismo). Os ciclos de pessimismo correspondiam às relações de 180 e 90 graus (ângulos "maléficos", segundo a tradição astrológica). "Bem-aventurado aquele que pode ler no céu estrelado" Ao lado disso, o médico holandês Nicholas Kollerstrom, pesquisador do Medical Research Hospital de Londres, refazendo uma experiência do filósofo Rudolf Steiner, de monstrou que certas reações químicas com tons metálicos têm seu resultado alterado quando realizadas sob determinadas conjunções planetárias. Kollerstrom observa que os planetas que tiveram o poder de alterar essas reações foram precisamente aqueles que, segundo a tradição astrológica, estão relacionados com os metais que, em solução, ele usou na experiência. Saturno, cujo metal tradicional é o chumbo, alterava as reações com sulfato de chumbo, e ficava indiferente às demais; a Lua, cujo metal é a prata, só mexia com o nitrato de prata; Vênus só alterava o sulfato de cobre, já que seu metal é o cobre; e Marte, que rege o ferro, alterava as reações de sulfato de ferro. Paralelamente, médicos e biólogos de todo o mundo vêm estudando, até sob o patrocínio da Unesco, as relações entre os ciclos planetários e os ritmos biológicos e emocionais humanos, sob o nome de biometeorologia ou de biopsicometeorologia. Diante da convergência de tantos caminhos em direção a um fenômeno que há algumas décadas era negado em bloco, os entusiastas da conexão entre homens e astros exultam de alegrias e esperanças. Mas o que importa não é isso, e sim estudar esse fenômeno, aprender a contempla-lo e a compreendê-lo. Épocas inteiras o ignoraram. Kant e sua época viam acima de si o céu estrelado e dentro de si a lei moral. Viam um universo dividido, onde a necessidade interior do homem, a lei moral, não tinha nenhuma relação com a realidade objetiva. Até muito recentemente foi assim. Assim no inicio do século XX, entre os horrores da Grande Guerra, o pensador materialista Georg Lukacs dizia: "Bem-aventuradas as épocas que podem ter no céu estrelado o mapa dos caminhos que lhe estão abertos! Bem-aventuradas as épocas cujos caminhos são iluminados pela luz das estrelas! Para elas, tudo é novo, e entretanto familiar! Tudo é aventura, e tudo lhe pertence, pois o fogo que arde em suas almas é da mesma natureza das estrelas". Ao redescobrir a pista das relações entre o cosmo e o Homem, nossa época recomeça a ver, depois de uma longa escuridão, a lei moral no céu estrelado e as estrelas no coração do Homem. 7- Olavo, o crítico literário Olavo como crítico ( partes) Mais fez pela brasilidade do romance um Machado de Assis, criando com assunto urbano e em português castiço a fórmula inédita das Memórias Póstumas (não há por que exgerar a influência de Sterne), do que dezenas de imitadores de Zola narrando histórias de escravos com sintaxe de cangaceiro. Uma nova fórmula vale mil assuntos. Ser brasileiro, para um romancista, é integrar a experiência — local ou mundial, pouco importa — numa chave intelectual e estética criada por nós segundo as nossas necessidades, e não integrar materiais locais e trejeitos lingüísticos regionais numa tradição narrativa francesa ou inglesa. É uma simples questão de quem come quem. Reincide no engano —só para dar um exemplo recente — o livro de Marcos Bagno, Preconceito Lingüístico. O Que É, Como Se Faz (1), ao assumir a defesa do mais entrópico laissez-faire gramatical contra toda tentativa de conservar a unidade da norma culta, abominada como mecanismo de exclusão social e opressão dos pobrezinhos. Adornando de terminologia técnica uma argumentação que no fundo não passa do habitual apelo ao ressentimento populista contra os adeptos do purismo vernáculo, supostamente também senhores do capital — ai, meu Sacconi! —, o autor nem de longe dá sinal de perceber que, afrouxada a norma portuguesa, o que haverá de predominar não será o democratismo igualitarista das falas populares, autoneutralizantes por sua multiplicidade mesma, e sim a influência ordenadora da norma anglo-americana, ocupando substitutivamente — e usurpatoriamente — o lugar da regra vernácula. Isso aliás já vem acontecendo, como se vê pela alarmante disseminação do uso de palavras portuguesas montadas segundo uma sintaxe inglesa — "amanhã estarei indo viajar" —, o que já não é mais a corriqueira assimilação de vocábulos estrangeiros e sim precisamente o contrário de uma assimilação: é uma adaptação do material nacional à forma dominante estrangeira, é ser assimilado, é fazer o papel da alface na fisiologia do coelho. Toda cultura nacional é um vasto sistema de incorporações, no qual manifestações isoladas e locais vão se integrando numa unidade superior, e isto acontece com a língua tanto quanto com as idéias. Se, no topo, esse movimento não encontra um critério de unidade que lhe seja próprio, ele logo se amolda a um de fora, preferindo antes ser assimilado do que voltar à dispersão de onde partiu. Se o prof. Bagno fosse um agente consciente do imperialismo, pretendendo dissolver a nossa unidade lingüistica para lhe sobrepor a americana, seu livro seria obra de inteligência, mista de maquiavelismo. Mas não: ele é apenas mais um esquerdista doido, desses que, ansiosos para expressar sua miúda revolta imediatista e cega, não sabem a quem servem em última instância e aliás não querem nem saber: falam o que lhes dá na telha e, de tempos em tempos, constatam, mais revoltados ainda, que tudo deu errado e seu mundo caiu. Para cúmulo de inconsciência, o prof. Bagno, citando indevidamente Aristóteles, proclama que sua obra é política, quando a política para o Estagirita é o cuidado do bem comum, isto é, a vigilância sobre os rumos da sociedade como um todo, e nunca a adesão parcialista a exigências de grupos ou classes, defendidas como se valessem por si e sem o mínimo exame das conseqüências que seu atendimento possa produzir sobre o corpo da sociedade integral. Para os meninos da Febem ou para o lavrador de Ponta Grossa, pode ser bom ou pelo menos cômodo, a curto prazo, que os deixem escrever como falam, sem subjugá-los à uniformidade da norma. Subjetivamente, eles talvez se sintam, assim, menos excluídos. Mas, objetivamente, aí sim é que estarão excluídos, aprisionados na sua particularidade e sem acesso à conversação das classes cultas. Tudo depende de saber se preferimos enfraquecê-los pela lisonja ou fortalecê-los pela disciplina. Há nisso uma escolha moral que os amigos do povo preferem não enxergar. E se, levando as opiniões do prof. Bagno às últimas conseqüências, as próprias classes cultas desistirem da norma unitária e, para não passar por preconceituosas ante o olhar malicioso dos ressentidos, adotarem como obrigatória a entropia populista, então das duas uma: ou a entropia arrastará na sua voragem o pouco de possibilidade de diálogo racional que ainda resta neste país, ou então uma norma substitutiva acabará por se impor, e ela certamente virá da rede das telecomunicações, cujo idioma e padrão é o inglês. Qualquer das duas coisas será indiscutivelmente boa, mas para os Estados Unidos. E, se me perguntarem se o que é bom para os Estados Unidos não é bom para o Brasil, direi, de novo, que é uma simples questão de quem come quem. (2) 8- Olavo, o meio-filósofo, ou meio filósofo, dá na mesma Humanismo e totalitarismo Seminário de Filosofia, 23 de novembro de 1999 Ou há uma realidade absoluta e eterna acessível ainda que parcialmente ao indivíduo humano, ou não há. Na primeira hipótese, todo vislumbre dela que tenha sido experimentado, ainda que fugazmente, tem uma importância universal objetiva como realização das supremas possibilidades humanas, mesmo que essa experiência tenha acontecido a um indivíduo solitário e desconhecido, e mesmo que dela nada tenha se registrado para a "posteridade" e integrado no legado "cultural". Tal é o caso dos "santos anônimos", como os wally'ullahi ("amigos de Deus") do islamismo, referidos, ao lado dos homens espirituais famosos e em escala de valor não inferior ao deles, por todas as tradições religiosas e sapienciais. A História da sabedoria, aí, não passa do registro de uns quantos exemplos notáveis, escolhidos ao sabor da acidentalidade que os tornou famosos. A fama e o conseqüente registro histórico não significa nem que esses casos sejam os mais elevados no que diz respeito à qualidade e quantidade dos conhecimentos obtidos, nem que entre eles, tomados em conjunto na sua sucessão histórica, exista a unidade identificável de um processo, de vez que, como Deus protege da notoriedade muitos dos que Lhe são próximos, muitos elos decisivos dessa cadeia, se é que ela existe, têm de permanecer desconhecidos da "cultura" humana e da história. Na Bíblia, por exemplo, a figura misteriosa, evanescente e perfeitamente a-histórica de Melquisedec, da qual pouco se sabe além de que é o nome do fundador da ordem sacerdotal em que se insere o próprio Cristo, não é menos decisiva, espiritualmente, do que um personagem da relevância pública e histórica de Moisés. A história, aí, não é senão o mostruário mais ou menos casual e fragmentário de uma unidade transcendente, a qual só se realiza numa meta-história que permanece acessível - paradoxalmente, para o gosto moderno - a indivíduos sem importância histórica nenhuma. Praticamente todas as civilizações conhecidas assentaram-se nessa hipótese. Na outra hipótese, não há unidade transcendente alguma, nem meta-história, nem vislumbres esparsos dessa suprema realidade. Só resta então duas alternativas: ou cada indivíduo isolado se perde e se anula na sua subjetividade empírica fatalmente cega, ou os homens se reúnem para construir, pela redução de seus discursos individuais à unidade de uma doutrina ou ao menos de um diálogo racionalmente formulável, o único tipo de universalidade doravante possível, a universalidade de uma linguagem válida para todos os membros da espécie. Seria um exagero dizer, como René Guénon, que "a civilização ocidental moderna" apostou maciçamente nesta segunda hipótese, sendo o único exemplo conhecido disso. Pois, de um lado, dentro dessa mesma civilização subsistem poderosos núcleos de resistência fortemente apegados à aposta na meta-história, núcleos sem cuja presença a história moderna seria totalmente inconcebível (como o prova aliás a própria influência de René Guénon, que nem por discreta é menos decisiva, do que, se fosse preciso demonstrá-lo, seria exemplo bastante a prodigiosa expansão do esoterismo islâmico entre as elites dominantes européias). No entanto é fato que em nenhuma outra civilização conhecida a pretensão de suprimir a meta-história e de construir uma universalidade ao nível da pura história foi tão destacada como no Ocidente moderno. Por isto, ainda que parcial, problemática e rodeada de resistências que crescem em vez de diminuir, a mencionada aposta pode legitimamente ser encarada como o principal traço diferenciador dessa civilização. Por sua eliminação dos fatores sobre-humanos e sua ênfase no papel exclusivo da humanidade na criação do novo padrão de universalidade, esse traço recebeu o nome de humanismo. Entre as conseqüências que essa aposta atrai inevitavelmente, há uma que tem passado despercebida àqueles que a defendem. É que ela, para se manter, deve substituir ao mero dogmatismo autoritário das antigas tradições a nova forma de tirania muito mais abrangente e cerrada que, por não deixar nada da conduta humana mesmo íntima e secreta escapar ao seu controle, se denominou, com muita propriedade, totalitarismo. As relações de implicação recíproca de humanismo e totalitarismo são o tabu em que se assenta, como sobre a conspiração para ocultar um crime originário, a parte mais pública e hegemônica da cultura moderna. Dois fatores contribuem para manter intocado esse tabu. De um lado, o prestígio mesmo, quase mágico, da palavra "humanismo". Originariamente designando apenas a aposta na autonomia da humanidade em relação a todo sobre-humano, o termo humanismo, tardiamente, veio a ser usado para designar, na retórica e na propaganda política, a defesa dos seres humanos contra as tiranias desumanas, obscurecendo assim aos olhos da multidão o fato historicamente inegável de que nenhuma das grandes tiranias modernas se assentou na devoção ao suprahumano, mas, ao contrário, todas elas nasceram da adesão professa ao humanismo, da aposta no universal histórico. De outro lado, toda a história moderna se desenrola ao fio das lutas entre duas facções dos construtores do universal histórico: os adeptos da doutrina universalmente válida e os adeptos do diálogo em aberto (por exemplo, os marxistas e os liberais; ou os nazistas e os socialdemocratas). Como cabe aos primeiros representar a opção totalitária ostensiva, a periódica vantagem a favor dos segundos e a hegemonia que desfrutam ao longo do tempo dão a impressão de que o ciclo moderno vai na direção da vitória sobre o totalitarismo e de que portanto este não pertence à natureza mesma desse ciclo e só pode ser explicado como "resíduo" de eras passadas. Assim, a invenção tipicamente moderna do totalitarismo vai sendo cada vez mais atribuída a épocas que o desconheceram por completo e que não poderiam sequer imaginá-lo, ao mesmo tempo que o totalitarismo mais expansivo pode perpassar de cabo a rabo todo o ciclo moderno sem jamais ser percebido como fenômeno caracteristicamente dele e só dele, que é o que de fato ele é. Embora só a modernidade tenha conhecido regimes totalitários, a imagem dela permanece limpa de todo contágio com a horrenda figura do totalitarismo na medida mesma em que as épocas que não o conheceram são sacrificadas como bodes expiatórios no altar da auto-lisonja moderna. No entanto, a perpetuidade ao menos cíclica do totalitarismo - e da luta contra ele por parte dos adeptos do diálogo - na época moderna, bem como a ausência de ambos esses fenômenos em outras épocas, sugere, por si, mais que a conveniência, a imperiosa obrigatoriedade lógica e moral de não caracterizar a época moderna por um desses traços apenas - e muito menos pelo mais bonito deles tomado isoladamente - e sim pela coexistência de ambos. É errado, pois, associar o tempo do humanismo apenas com a defesa da liberdade e do diálogo, pois o totalitarismo está presente nele com a mesma constância da ideologia dialogal e o singulariza tanto quanto ela. O totalitarismo não é a sombra de épocas passadas que obscurece as luzes da civilização humanista: é a sombra da própria civilização humanista, com que ela obscurece injustamente a nossa visão das épocas passadas. Porém, há mais quatro itens que devem ser levados em consideração nesse exame impiedoso da era moderna. Primeiro, se o totalitarismo está associado ao humanismo ao menos tanto quanto o está a ideologia dialogal, a revelação desse fato suprimiria no mesmo instante boa parte do prestígio dessa ideologia que, não podendo subsistir sem a sombra que por contraste a faz parecer luminosa, se dissiparia instantaneamente na hipótese de ausência dele. Eis aí por que a queda do Muro de Berlim não inaugurou no mundo a anunciada era de liberdade, mas um estado crônico de intervenção policial. Em segundo lugar, se o totalitarismo não pode ser separado da época humanista e se esta só consegue afirmar sua superioridade sobre as épocas passadas projetando sobre elas a sua própria sombra de modo a fazê-las parecer totalitárias, cabe perguntar se também esta projeção e esta mentira histórica não estão na própria natureza da era humanista e se esta poderia subsistir um só instante se tal mentira fosse universalmente revelada como tal. Em terceiro lugar, é preciso perguntar-nos, com toda a firmeza requerida para isso, se a ideologia dialogal, com todos os seus encantos, é efetivamente algo mais do que pura ideologia, no sentido depreciativo de Ideenkleid, "vestido de idéias" com que o humanismo encobre sua face totalitária, e se, considerada na densa realidade concreta de sua cumplicidade congênita com o totalitarismo, essa ideologia não se desfaria em miserável pó de palavras. Em quarto e último lugar, restaria examinar se o próprio diálogo, nas condições concretas em que se exerce e não no seu mero conceito abstrato idealizado, não consegue se instalar e manter apenas por meios discretamente totalitários, pronto a convertê-los em totalitarismo ostensivo ao menor sinal de perigo para os fundamentos da sua existência, isto é, ao menor sinal de desmascaramento do pacto humanista entre totalitarismo e diálogo. Se as doutrinas da liberdade política, da democracia e do diálogo não puderem subsistir a esse exame, é porque não têm substância nenhuma fora desse pacto.