ÍNDICE 8 Festival Internacional de Teatro: a arte e a cultura numa dimensão universal por Maria Emília Neto de Sousa, presidente da Câmara Municipal de Almada 9 Uma obra colectiva por Joaquim Benite, director do Festival de Almada 10 Homenagem 2007: Carmen Dolores ESPECTÁCULOS La estupidez | Rafael Spregelburd Living Costa Brava | Criação colectiva | Marcel Tomàs Uma peça de teatro | Erland Josephson | Solveig Nordlund Concerto de Rabih Abou-Khalil | Letras de Jacinto Lucas Pires História de amor (últimos capítulos) | Jean-Luc Lagarce | José Maria Vieira Mendes Sizwe Banzi est mort | Athol Fugard, John Kani e Winston Ntshona | Peter Brook Nada, ou o silêncio de Becket | João Paulo Seara Cardoso Anathema | José Luis Peixoto | Encenação colectiva Cabaret Molotov | João Paulo Seara Cardoso Recital Fernando Lopes-Graça | Vários autores Les paradis aveugles | Duong Thu Huong | Gilles Dao Burgher King Lear |A partir de Shakespeare | João Garcia Miguel Sete contra Tebas | Ésquilo | Diogo Dória Maestra palabra | Nicolás Buenaventura Vidal Gulliver | Segundo Jonathan Swift | Jaime Lorca Romeu and Juliet | Mauro Bigonzetti e Fabrizio Plessi | Mauro Bigonzetti O cerejal | Anton Tchecov | Rogério de Carvalho Ifigeneia | Finn Iunker | Fredrik Hannestad Los cuentos del espíritu | Nicolás Buenaventura Vidal Romeu and Juliet | William Shakespeare | Oskaras Koršunovas Marionetas de água do Vietname | Vuong Duy Bien | Ung Duy Thinh A charrua e as estrelas | Sean O’Casey | Bernard Sobel Cavaterra | André Braga e Cláudia Figueiredo | André Braga ACTOS COMPLEMENTARES Exposições de Artes Plásticas Exposições Documentais Encontros da Cerca Colóquios | Debates | Leituras Workshop Cinema Música na Esplanada 12 13 14 15 16 17 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 36 38 41 48 50 54 55 56 24º festival de almada Festival Internacional de Teatro: A Arte e a Cultura numa Dimensão Universal O Festival Internacional de Teatro de Almada integra, há quase um quarto de século e ininterruptamente, o calendário das grandes iniciativas artísticas e culturais que se realizam no nosso País, assumindo lugar cimeiro no âmbito das mais importantes realizações da Arte milenar de representar a vida, os sentimentos e os anseios mais profundos dos homens. É para nós, Almadenses, um privilégio e uma honra poder contribuir todos os anos, para uma sempre renovada oportunidade de viver o Teatro numa dimensão verdadeiramente universal, reunindo nos palcos de Almada – mas também de outros lugares – um amplo leque de experiências, vivências e formas de expressão oriundas dos cinco continentes da Terra, assim procurando contribuir também para unir os Homens em laços de Amizade e Solidariedade. O Festival Internacional de Teatro de Almada contribui com mestria, nesta sua vocação universalista, para a concretização de um dos principais objectivos que prosseguimos desde há três décadas em Almada: a construção de uma sociedade assente no conhecimento, na cultura, no saber, aberto e acessível a todos os cidadãos, assumindo-se no presente enquanto pilar fundamental na prossecução do Desenvolvimento Sustentável e Solidário que os Almadenses elegeram como objectivo estratégico, na primeira década do novo milénio. A presença entre nós de mulheres e homens do Teatro com origens geográficas e culturais tão distintas como a Argentina, Bélgica, Chile, Colômbia, Espanha, França, Itália, Lituânia, Noruega, Vietname e, naturalmente, Portugal - representando a mais alta qualidade do Teatro feito nestas nações e por estes povos, e reflectindo diferentes sensibilidades artísticas, culturais e estéticas através dos seus actores, autores e técnicos - é garantia de que esta nova edição do Festival representará um novo êxito para o seu público fiel, e para todos quantos irão participar, assistindo às 21 representações integradas no Programa. A 24ª Edição do Festival Internacional de Teatro de Almada presta este ano homenagem a uma grande e ilustre Senhora da Arte de Representar em Portugal, não apenas no Teatro mas igualmente no Cinema e na Rádio, onde se deu a conhecer ao público português com apenas 12 anos de idade: Carmen Dolores. Uma justíssima homenagem a toda uma vida dedicada à arte de representar, um dos nomes que a tornam grande e a enriquecem. A devida homenagem, e o profundo reconhecimento, à vida e carreira desta grande actriz portuguesa, acontece na nossa terra, o que muito honra Almada e os almadenses. A todos quantos dão corpo a esta grande Festa do Teatro, especialmente à Companhia de Teatro de Almada, e em particular ao Joaquim Benite, seu director de sempre, pelo permanente trabalho de promoção, divulgação e valorização cultural e artística que muito tem prestigiado o nosso Município; aos actores, encenadores, coreógrafos e técnicos; às Companhias de Teatro portuguesas e estrangeiras; e ao público deste Festival, a todos dirijo as mais calorosas saudações pelo contributo que sabem e querem dar à promoção da cultura e do teatro. O mais vivo aplauso e agradecimento do nosso Município pelo que nos têm dado, ajudando a construir e fortalecer o projecto autárquico de Almada “Cidade Educadora, da Cultura e do Conhecimento”. Bem hajam. Viva o Teatro. A Presidente da Câmara Municipal de Almada Maria Emília Neto de Sousa 24º festival de almada uma obra colectiva N a sua 24ª edição, apesar das dificuldades dos contextos em que lhe tem sido possível sobreviver (e da própria marca genética particular, o que também, e muito, conta) o Festival de Almada apresenta uma programação que pode considerar-se de qualidade excepcional. O conjunto de espectáculos que em 2007 se oferece ao público, na diversidade das respectivas propostas, traduz uma visão a um tempo alargada e profunda do estado actual do teatro e das diferentes formas de questionamento do Mundo em que ele se situa e com o qual se confronta. Mas é o resultado, também, por outro lado, de uma rara confluência de valores estéticos, sem os quais a intervenção artística não pode atingir verdadeiramente a desejada funcionalidade social. Muitas das realizações deste ano abordam o problema da relação entre o indivíduo e o colectivo. Uma sociedade feliz não pode existir sem indivíduos felizes. Mas pode um indivíduo ser feliz no seio da infelicidade geral? Esta é a questão. Em termos de tragédia ou de comédia, a partir da seiva inesgotável de Ésquilo, Eurípides, Shakespeare ou Tchecov, das sibilinas e impiedosas reflexões de Swift, ou com o recurso a novas linguagens, inovadoras das estruturas narrativas, e até ao texto que a técnica do clown escreve sem palavras, o que, no teatro que este ano vamos ver, todos os artistas procuram é ajudar-nos a reflectir sobre esta questão central. O indivíduo, como a personagem de Sizwe Banzi est mort que, no contexto do apartheid e das townships, pergunta “O que é que se passa com este mundo de merda? O que é que querem de mim? O que é que eu tenho de mal?”, está, numa sociedade ironicamente construída com o pretexto dos seus direitos legítimos, isolado e confuso. O teatro, bem entendido, não nos dá as respostas de que precisaríamos. Mas faz-­nos reflectir. A liberdade, que é a própria natureza do teatro, convoca-nos à celebração do pensamento e à inquietude. Durante quinze dias, correndo de espectáculo para espectáculo, participando em colóquios, convivendo com diversas expressões artísticas que consubstanciam o desejo do homem de se elevar acima de um destino linear e banal, partilharemos a experiência, que todos os anos se renova, da festa da reflexão, do inultrapassável prazer do encontro com os outros no quadro da vivência artística. Creio que tem sido visível o esforço desenvolvido em cada ano (já estamos quase a alcançar o quarto de século) para atingir sucessivos objectivos, como um comboio que tendo percorrido quilómetros de vias tivesse sempre mais uma estação a que chegar. Este esforço foi sendo partilhado, ao longo desta aventura, por um número cada vez maior de pessoas. O Festival de Almada, pode dizer-se, é, hoje, uma obra colectiva. Os parceiros com quem temos vindo a trabalhar, os artistas, as companhias, os estudiosos, o público que fielmente acompanha o Festival, todos os que, em Portugal e no Estrangeiro (onde conquistámos muitos Amigos), reflectem connosco, nos aconselham e nos ajudam, fazem parte do Festival, participam na sua organização. Almada tornou-se, em Portugal e lá fora, uma marca: de diálogo, de cooperação, de tolerância e respeito pelos outros — de fraternidade, em suma. Esta é uma das mais belas consequências destes quase 25 anos. Joaquim Benite Director do Festival de Almada 24º festival de almada A primeira peça que representou chamava-se A mensageira dos deuses, o primeiro filme que interpretou foi Amor de Perdição, ambos em 1943, e dirigidos por dois irmãos que marcaram o teatro e o cinema portugueses do século passado: Francisco Ribeiro e António Lopes Ribeiro. Há sessenta e quatro anos que Carmen Dolores é uma das personalidades destacadas da vida artística portuguesa, e esse facto justifica que seja a personalidade homenageada na edição deste ano do Festival de Almada. Carmen Dolores, que nasceu em Lisboa em 1924, atravessa a vida teatral portuguesa na segunda metade do século XX ligando o seu nome a alguns dos momentos mais marcantes da história do teatro e do cinema portugueses. A sua peça de estreia, da autoria de Jean Giraudoux, aconteceu na companhia Comediantes de Lisboa, pela mão de mestre Francisco Ribeiro (Ribeirinho); depois, esteve oito temporadas no Teatro Nacional D. Maria II (companhia Rey Colaço-Robles Monteiro), seguindo-se o Teatro Estúdio do Salitre, dirigido por Gino Saviotti, e o Teatro Nacional Popular, onde voltou a trabalhar com Ribeirinho. No início dos anos sessenta, Carmen Dolores, com outros seus companheiros de profissão (de que é justo destacar Armando Cortez, Rogério Paulo e Fernando Gusmão), fundou o Teatro Moderno de Lisboa – um dos projectos teatrais mais estimulantes da história do teatro português, e que pode ser considerado como precursor, dez anos antes, dos grupos de teatro independentes. Este projecto durou cinco anos, e extinguiu-se face às dificuldades e entraves continua e insistentemente erguidos pela Censura. Até à queda da ditadura em 1974, Carmen Dolores trabalhou, sobretudo, na Casa da Comédia. Depois do 25 de Abril, Carmen Dolores participou na peça de inauguração do Teatro Aberto (O círculo de giz, de Brecht), em produções do Teatro Experimental de Cascais e do Teatro Nacional D. Maria II, e no novo Teatro Aberto onde, em 2005, fez o que é, até agora, o seu último trabalho como actriz – Copenhaga. Na última representação desta peça, Carmen Dolores foi condecorada, em cena, pelo então Presidente da República, Jorge Sampaio, com o grau de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique. São inúmeros os autores que representou, os encenadores e realizadores com quem trabalhou, as criações teatrais, e produções cinematográficas e televisivas a que ligou o seu nome de intérprete de qualidade excepcional. Representou Giraudoux, Marcel Achard, Tolstoi, Shakespeare, D. João da Câmara, Anouilh, Romeu Correia, Gil Vicente, Alejandro Casona, Luís Francisco Rebello, Molière, José Cardoso Pires, Adamov, Lorca, Tennessee Williams, Ibsen, Tchekov, Garrett, Pirandello, António Patrício, Strindberg, Brecht, Weingarten, Durenmatt, Alves Redol. Foi dirigida por encenadores como Ribeirinho, Amélia Rey Colaço, Robles Monteiro, Pedro Lemos, Maria Matos, Palmira Bastos, Fernando Gusmão, António Pedro, Paulo Renato, Rogério Paulo, Jorge Listopad, Carlos Avillez, Mário Viegas, João Lourenço e Diogo Infante, e por realizadores como António Lopes Ribeiro, Jorge Brum do Canto, Arthur Duarte, António Macedo e José Fonseca e Costa. Esta trajectória artística é suficientemente rica e diversificada para que Carmen Dolores seja uma das personalidades marcantes da vida teatral portuguesa dos últimos sessenta anos, e justifica amplamente a homenagem que o Festival de Almada lhe decidiu prestar neste ano de 2007. Mas Carmen Dolores deve também ser celebrada porque foi uma das impulsionadoras de uma obra ímpar na vida nacional – a Casa do Artista. De facto, a nossa homenageada deste ano juntou o seu nome, e o seu esforço, dedicação e empenhamento, àqueles que – como Raul Solnado e Armando Cortez – transformaram em espaço físico concreto uma ideia de solidariedade empenhada. 24º festival de almada 10 Carmen Dolores em Virginia, de Edna O’Brien, enc. de Carlos Avilez, 1985, Teatro Experimental de Cascais (foto de Pedro Soares). Homenagem 2007: Carmen dolores ESPECTÁCULOS teatro la estupidez A estupidez Texto e encenação de RAFAEL SPREGELBURD El Patrón Vázquez Buenos Aires (argentina) Co-apresentação: Teatro Nacional D. Maria II / Festival de Almada A estupidez sonda os limites do conceito de argumento: a cadeia causal das cenas é tão complexa que estas se tornam inexplicáveis. Nas estradas poeirentas de Las Vegas, deparamo-nos com um cientista que descobriu a fórmula do Apocalipse e se recusa a revelá-la; dois peritos em Arte que assassinam uma deficiente com um candeeiro; um casal de polícias que vive um dilema amoroso, que passa pela compra de uns ténis Nike e o roubo de meio milhão de dólares; um empresário japonês que persegue um quadro que pertencia à sua família; etc. Sobre Rafael Spregelburd, o diário La Prensa salientou que “escreve obras que são ‘monumentos’, ou que poderiam definir-se como ‘objectos de colecção’”. A companhia El patrón Vázquez foi fundada em Buenos Aires em 1994, pelo duo de actores, dramaturgos e encenadores Andrea Garrote e Rafael Spregelburd, com o objectivo de reflectir sobre linguagens dramáticas, inovar as estruturas narrativas dramáticas, e procurar uma encenação que privilegiasse o actor como ponto de partida para entender o teatro contemporâneo. A estupidez, escrita a pedido do Teatro Nacional de Hamburgo, já teve uma versão alemã na Schaubühne de Berlim e uma inglesa no National Theatre de Londres. Esta produção realizou uma larga digressão na Europa e na América Latina e recebeu mais de uma vintena de prémios, entre os quais o Prémio Tirso de Molina, em Espanha, o Prémio Maria Guerrero para melhor dramaturgia, e o Prémio Trinidad Guevara para melhor actor. 24º festival de almada 12 Intépretes Cenografia Figurinos Luz Música Fotografia Assistência de encenação Língua Duração Escola D. António da Costa Hector Díaz Andrea Garrote Mónica Raiola Rafael Spregelburd Alberto Suárez Óscar Carballo Julieta Alvarez Diego Angeleri Nicolás Varchausky Patricia Di Pietro Juan Pablo Gómez espanhol, legendado em português 3h00, com intervalo Palco Grande (Almada) 21h30Qua 4 teatro living costa brava Criação colectiva de cascai teatre Encenação de marcel tomàs Cascai Teatre girona (espanha) L iving Costa Brava é um espectáculo de humor que foge ao cliché turístico e se inspira naquelas personagens da Costa Brava que ao longo dos anos foram submetidas a algumas rotinas e costumes que as levaram a desenvolver um universo muito particular. Estas personagens são o motor do espectáculo, que assenta no trabalho gestual do clown contemporâneo, que já não usa o nariz vermelho e que perdeu as roupas coloridas. Esta personagem foi humanizada e integrada na nossa sociedade: qualquer um dos protagonistas desta comédia poderia ser o nosso vizinho do lado, um conhecido, ou um parente afastado. Estamos perante personagens obsessivas e primárias, mas que nos são próximas. Living Costa Brava, o quinto espectáculo da companhia catalã Cascai Teatre, estreou-se em 2005 em Girona, e desde aí tem realizado uma digressão em Espanha e França que obteve um enorme êxito junto do público e da crítica: “Em resumo: humor sem vulgaridade, humor inteligente. Um espectáculo que merece ser visto e aplaudido” (in Notícias Teatrales de Madrid); “Marcel Tomàs é um excelente actor, com uma expressão verbal e (sobretudo) gestual excepcionais. O espectáculo tem momentos geniais, com uma composição cénica original, atractiva e ágil” (in Diari de Mallorca); “Rimo-nos de tudo: tanto das situações como dos efeitos especiais. É um verdadeiro momento de descompressão, tão benéfico como uma cura de rejuvenescimento” (in L’Indenpendant). Intérpretes Figurinos Som Carles Amalrich Marcel Tomàs David Estany Susanna Lloret Jean Pierre Belmondo Albert Mosoll Duração 1h20 Escola D. António da Costa Palco Grande (Almada) 22h00Qui 5 13 24º festival de almada teatro uma peça de teatro de erland josephson Encenação de Solveig Nordlund criação no festival Companhia de Teatro de Almada e âmbar Filmes almada (portugal) Com o apoio da Embaixada da Suécia U ma peça de teatro passa-se no camarim de Leo, um velho actor que vê a sua carreira aproximar-se do fim. Vânia, a directora do teatro, oferece-lhe o papel de Rosencrantz em Hamlet, oferta que ele considera humilhante, mas que acaba por aceitar. Só que Leo virá a ser substituído por um actor mais jovem. Esta é uma peça sobre o teatro e a profissão de actor, cheia de reflexões sobre a arte de representar. Uma peça cheia de ironia e sarcasmo, onde paira a tragédia do envelhecimento, do esquecimento, do sair definitivo de cena, a aproximação da morte. Tudo impregnado de um amor profundo ao teatro e à vida. Solveig Nordlund Erland Josephson E rland Josephson nasceu em Estocolmo em 1923 e em 1956 entrou para o Royal Drama Theater de Estocolmo, do qual foi director artístico. Sob a sua direcção, esta companhia realizou várias digressões por toda a Europa. Enquanto actor Josephson participou em espectáculos de Peter Brook, e em filmes de Ingmar Bergman (de quem tem sido colaborador e amigo nos últimos cinquenta anos), Istvan Szabo, Andrej Tarkovskij, Liliana Cavani e Theo Angelopoulos. Para além da sua actividade como actor, Josephson é também poeta, dramaturgo e realizador de cinema. Durante vários períodos de tempo foi Presidente do Drama Institute, da Swedish Theater Association e da Swedish Actor’s Association. 24º festival de almada 14 Intérpretes Tradução Cenografia e figurinos Luz Língua Duração Teatro Municipal de Almada Rogério Vieira Teresa Gafeira Nuno Nunes Solveig Nordlund Joana Frazão Ana Paula Rocha Acácio de Almeida português 1h00 Sala Experimental (Almada) 19h00Qui 5 19h00Sex 6 17h00Sáb 7 16h00 Dom 8 19h00Ter 10 19h00Qua 11 19h00Qui 12 19h00Sex 13 17h00Sáb 14 16h00 Dom 15 19h00Seg 16 música concerto de rabih abou-khalil criação no festival Letras de jacinto lucas pires Teatro Nacional de S. João porto (portugal) Co-apresentação: São Luiz – Teatro Municipal / Festival de Almada D as sessões de trabalho entre Rabih Abou-Khalil, músicos da sua banda e os fadistas Ricardo Ribeiro e Tânia Oleiro, resultou um número de songs, com as letras que Jacinto Lucas Pires escrevera para um espectáculo de cruzamento com o Fado. A sofisticação do canto destes nossos artistas conduziu o músico libanês a um território que se autonomiza a olhos vistos e que passa a excluir a presença convencional do Fado. Rabih Abou-Khalil Não teria sido necessário que a guerra civil tivesse obrigado Rabih Abou-Khalil a trocar o Líbano pela Alemanha, em 1978, para que ele se tornasse num compositor e intérprete musicalmente poliglota e multicultural. Beirute era já uma cidade cosmopolita, onde se ouvia jazz, rock e um pouco de tudo o que, no resto do Mundo, ia surgindo. Foi no entanto em Munique que Rabih se entregou ao estudo da flauta transversal e da composição clássica europeia/ocidental. Na sua vasta discografia existe um traço comum: a elasticidade formal que convida os solistas à improvisação, e à partilha de identidades musicais. Glenn Moore, Charlie Mariano, Jakob Wertheim, Michael Riessler ou a World Music Orchestra foram alguns desses “partners in crime” que Rabih escolheu para continuar hoje aquilo que fazia em jovem no Líbano quando, entre duas aulas de oud, se emocionava com a música de Thelonious Monk ou dos Rolling Stones. Intérpretes Músicos Língua Duração São Luiz Teatro Municipal Ricardo Ribeiro Tânia Oleiro Rabih Abou-Khalil Jarrod Cagwin Michel Godard Luciano Biondini português 1h30 Sala Principal (Lisboa) 21h00Qui 21h00Sex 5 6 15 24º festival de almada teatro história de amor (últimos capítulos) criação no festival de Jean-Luc Lagarce Encenação de José Maria vieira mendes Artistas Unidos lisboa (portugal) Co-apresentação: Instituto Franco-Português / Festival de Almada U m homem escreveu uma peça. Um outro homem e uma mulher aparecem e vão ler o texto. Talvez venham a representar o texto, são actores. Ou apenas o descobrem como se descobre o texto de um amigo. Aquilo que conta a peça escrita pelo primeiro homem é a recordação, pedaços da vida que foi a deles, quando eram mais novos. Aquilo que conta a peça que eles descobrem é a versão do primeiro homem do que foi a história de amor que viveram e de como ela se desfez. É a ficção que ele construiu. O segundo homem e a mulher trazem os seus comentários – ou as suas recordações. História de amor é o ensaio, a recordação e a construção de uma história. Jean-Luc Lagarce Jean-Luc Lagarce J ean-Luc Lagarce nasceu em Héricourt, França, em 1956. No final dos anos 70 cria o Théâtre de la Roulotte, onde apresenta os seus primeiros textos. No final dos anos 80 o seu teatro começa a interessar Paris, e na década de 90 as suas peças são dirigidas por encenadores como Joël Jouanneau, Jean-Pierre Vincent, Alain Fromager, François Berreur, Philippe Delaigue, Philippe Sireuil e Stanislas Nordey. A apresentação da sua peça Estava em casa e esperava que a chuva viesse, em 1998, no Teatro do Noroeste, em Viana do Castelo, numa encenação de José Martins, marca a sua estreia em Portugal. Jean-Luc Lagarce morreu em 1995, apenas com 39 anos. 24º festival de almada 16 Intérpretes Tradução Cenografia e Figurinos Som Língua Duração Instituto Franco-Português Paulo Pinto Pedro Lacerda Sylvie Rocha Alexandra Moreira da Silva Rita Lopes Alves André Pires português 1h20 Auditório (Lisboa) 21h00Qui 21h00Sex 19h00Sáb 21h00Seg 19h00Ter 19h00Qua 21h00Qui 21h00Sex 21h00Seg 19h00Ter 5 6 7 9 10 11 12 13 16 17 teatro sizwe banzi est mort Sizwe Banzi Morreu de athol fugard, john kani e winston ntshona Encenação de peter brook Centre International de Créations Théâtrales Théâtre des Bouffes du Nord Paris (França) F oi em New Brighton, uma township perto de Port Elisabeth (África do Sul), que nasceu Sizwe Banzi morreu. Athol Fugard já tinha montado várias peças com a sua companhia de actores negros, quando se lhes juntaram mais dois actores: John Kani e Winston Ntshona, com quem Fugard criou esta peça em conjunto. Nessa altura Athol Fugard escreveu o seguinte: “O campo mais estimulante e mais rico para o desenvolvimento do nosso teatro situa-se nas townships das nossas cidades, onde florescem talentos e onde existem uma autenticidade e uma vitalidade verdadeiramente excepcionais, nunca vistas até hoje”. Esta declaração foi recebida, como pode imaginar-se, com bastante cepticismo. Mas o passar do tempo acabou por demonstrar até que ponto Fugard tinha razão. “Será que um homem negro pode nunca vir a ter problemas?”, pergunta Sizwe ao seu amigo Buntu, acabando por concluir: “Impossível! O nosso problema é a nossa pele!”. O teatro das townships U m verdadeiro momento de teatro só pode ocorrer nesse exacto momento – não ontem nem amanhã. O público está sempre presente. Este aspecto funcional distingue o teatro das outras formas de arte. O teatro das townships da África do Sul é um exemplo precioso daquilo que o imediato pode trazer ao teatro. Este teatro nasceu da vida nas ruas, nas cidades que não são como as outras, nas townships, esses guetos do apartheid. Este teatro tem uma natureza bem específica: aquilo que nos vem do passado toca-nos ainda hoje em dia, dada a exactidão da sua irrisão magnífica, e bastante premonitória. Peter Brook uma peça premonitória O teatro de Fugard encontra-se historicamente ligado ao período do apartheid na África do Sul. Trata-se de um teatro da necessidade, escrito e representado de forma a permitir ao espectador reapropriar-se da sua própria vida; um teatro do ridículo e do riso, um riso cruel, que lute contra a crueldade da vida corrente, fora dos muros do teatro. Através da procura que Sizwe Banzi, a personagem principal, leva a cabo para ficar com “os papéis em ordem”, os autores descrevem a violência do sistema inumano do apartheid, tornando-o ridículo e fútil, e anunciando de forma premonitória a sua queda. “O que é que se passa com este Mundo de merda? O que é que querem de mim? O que é que eu tenho de mal?”: quantos Sizwe Banzi não se põem hoje em dia estas perguntas? Jean-François Perrier 17 24º festival de almada Peter Brook P eter Brook, um dos maiores encenadores do Mundo, tem-se distinguido em diferentes áreas artísticas, tais como o teatro, a ópera, o cinema e a escrita. Encenou textos de Shakespeare para a Royal Shakespeare Company, e posteriormente fundou em Paris o Centre International de Créations Théâtrales. As suas criações têm obtido uma grande repercussão internacional. Entre os seus espectáculos mais célebres contam-se: Marat/Sade, Timon d’Athènes, Ubu aux Bouffes, La conférence des oiseaux, La cerisaie, Le Mahabharata, La tempête, Je suis un phénomène (apresentado no XV Festival de Almada), La tragédie d’Hamlet, L’homme qui prenait sa femme pour un chapeaux, etc. Tem dirigido várias óperas, nomeadamente no Convent Garden de Londres, no Métropolitan de Nova Iorque, no Théâtre des Bouffes du Nord, e no festival de Aix-en-Provence. Os seus livros mais significativos são L’espace vide, Point de suspension, Le diable c’est l’ennui, Avec Shakespeare e, recentemente, Oublier le temps. No cinema, realizou os filmes : Sa Majesté des mouches, Marat Sade, Le Roi Lear, Moderato cantabile, Le Mahabharata e Rencontres avec des hommes remarquables. Athol Fugard N asceu em 1932 na África do Sul. Depois dos estudos secundários entrou na Universidade de Cape Town, acabando por abandonar o curso e lançar-se em várias viagens à volta do Mundo, a trabalhar em navios cargueiros. De regresso a Joanesburgo emprega-se como funcionário de um tribunal, onde contacta com as injustiças do apartheid e com as dificuldades das populações negras sob este regime. A partir desta altura funda uma companhia de actores negros (entre os quais John Kani 24º festival de almada 18 e Winston Ntshona) e monta várias peças de cariz político, que lhe custaram várias represálias por parte do Governo, como a confiscação do passaporte. As primeiras peças de Fugard eram apresentadas nas áreas em que viviam as populações negras, normalmente num pequeno adro de igreja ou um centro social, e o público era constituído por trabalhadores migrantes pobres e pelas pessoas que viviam nas townships. Entre as principais peças de Fugard encontram-se Blood knot, The island, Statments after an arrest under the Immorality act, Boesman and Lena e My children! My Africa!. Em 2006 o filme Tsotoi, baseado no seu romance com este nome, venceu o Óscar para Melhor Filme Estrangeiro. Intérpretes Adaptação Francesa Elementos Cénicos Luz Produção Agradecimentos Língua Duração Teatro Municipal de Almada Habib Dembélé Pitcho Womba Konga Marie-Hélène Estienne Abdou Ouologuem Philippe Vialatte Marko Rankov Peter Sacks francês (legendado em português) 1h10 Sala Principal (Almada) 21h30Sex 21h30Sáb 19h30 Dom 21h30Seg 6 7 8 9 teatro nada, ou o silêncio de beckett Texto e encenação de joão paulo seara cardoso Teatro de Marionetas do Porto porto (portugal) espectáculo de honra 2007 C riado a partir do universo beckettiano, Nada ou o silêncio de Beckett é como um sonho difuso em que vagueiam personagens como Winnies, Didis e Gogos, bem como toda uma galeria de homens e mulheres impregnados de um silêncio vazio. Têm em comum um objectivo: fazer-nos sentir, através da poesia, que um mundo mais luminoso é possível. Nada, ou o silêncio de Beckett é o Espectáculo de Honra desta edição do Festival, uma vez que A mata, pelos Artistas Unidos, que foi em 2006 o espectáculo mais votado pelo público, não pode realizar-se este ano. João Paulo Seara Cardoso J oão Paulo Seara Cardoso tem formação nos domínios da animação sócio-cultural, do teatro e do teatro de marionetas, tendo frequentado os cursos do Institut International de la Marionnette, em França. Trabalhou com João Coimbra, Marcel Violette, Jim Henson e Lopez Barrantes. Em 1982 iniciou o estudo e divulgação do Teatro Dom Roberto – fantoches tradicionais portugueses, que já efectuou cerca de 1.500 representações. É fundador e director artístico do Teatro de Marionetas do Porto, tendo já dirigido várias encenações com esta companhia. Intérpretes Cenografia Marionetas e figurinos Música Luz Produção Pintura de marionetas Op. de luz e som Ass. de produção Sec. de produção Dir. de montagem Const. do cenário Confecção de figurinos Colaboração Fotografia de cena Ilustração Língua Duração Escola D. António da Costa Edgard Fernandes Sara Henriques Sérgio Rolo João Paulo Seara Cardoso Júlio Vanzeler Roberto Neulichedl António Real Mário Moutinho Emília Sousa Rui Pedro Rodrigues Paula Anabela Silva Sofia Carvalho Igor Gandra Abílio Silva Filipe Garcia Vítor Silva Branca Elíseo Patrícia Falcão Isabel Leite da Silva Henrique Delgado Júlio Vanzeler português 1h00 Palco Grande (Almada) 22h00Sáb 7 19 24º festival de almada teatro anathema Anátema de José Luís Peixoto Encenação de Jolente de Keersmaeker Tiago Rodrigues e Thomas Walgrave tg STAN antuérpia (bélgica) Co-apresentação: Culturgest / Festival de Almada J osé Luís Peixoto publicou o seu primeiro romance, Nenhum olhar, em 2002, e no ano seguinte ganhou o prémio José Saramago. É considerado um dos mais importantes jovens autores europeus. O grupo STAN convidou este autor a escrever Anátema, o seu primeiro texto dramático, para Jolente De Keersmaeker e Tiago Rodrigues, que tem colaborado frequentemente com esta companhia. Para este texto, ao contrário de Nenhum olhar, não foi às narrativas da infância que o autor foi buscar o tema. O objecto da peça é a questão do terrorismo, do medo e da violência. Até onde se pode ir em defesa de um ideal? Que meios podem ser postos ao serviço de uma causa? Como responder à violência que é exercida sobre nós? São perguntas como estas que motivam os criadores deste espectáculo. tg STAN A companhia belga tg STAN foi fundada por Jolente De Keersmaeker, Damiaan De Schrijver, Waas Gramser e Frank Vercruyssen. “tg” quer dizer “toneelspelersgezelschap” (companhia de actores) e “STAN” “Stop Thinking About Names”. Com mais de dez anos de existência, a companhia tem como princípio fundamental a respon­sabilidade do actor num contexto de criação colectiva. No Festival de Almada os STAN apresentaram O inimigo público, de Ibsen, em 1997, e Tudo está calmo, mestre, de Thomas Bernhard, em 2003. 24º festival de almada 20 Co-produção Théâtre de la Bastille, Festival de Outono de Paris. Intérpretes Tradução francesa Cenografia Figurinos Luz e Imagem Assistente para a versão francesa Agradecimentos Língua Duração Culturgest Jolente De Keersmaeker Tiago Rodrigues Carlos Batista Jolente De Keersmaeker Tiago Rodrigues Thomas Walgrave An D’Huys Thomas Walgrave Laurence d’Hondt Martine Bom Sien Van den Hoof francês (legendado em português) 1h15 Grande Auditório (Lisboa) 21h30Sáb 21h30 Dom 21h30Ter 21h30Qua 7 8 10 11 teatro cabaret molotov Texto e encenação de joão paulo seara cardoso Teatro de Marionetas do Porto porto (portugal) E streado a 7 de Dezembro do ano passado no Convento de S. Bento da Vitória, no Porto, Cabaret Molotov revelou-se imediatamente um êxito junto do público e da crítica. Jorge Louraço Figueira, crítico do Público, considerou este espectáculo “ideal para encerrar mais um ano de teatro no Porto, fazendo uma revista sublime de todos os encantamentos teatrais da cidade” e Marta Neves, do Jornal de Notícias, sublinhou o “excelente trabalho de actores”. Intérpretes C abaret Molotov é um espectáculo que resulta de um trabalho de experimentação em que tentamos levar o nosso modo de fazer teatro ao encontro de uma certa poética associada ao circo. Também está presente nesta criação uma aproximação ao teatro musical com marionetas, que teve grande expressão na Europa nos meados do século passado. Trata-se pois de um cabaret melancólico que se inspira nas nossas memórias, mas iluminado pela nossa visão contemporânea do teatro e do mundo. Em Cabaret Molotov deambulam coristas apaixonadas, trapezistas, clowns absurdos, músicos de sete instrumentos, homens-coelho, homens-bala, ursos ciclistas, caniches cantores, dançarinos e bailarinas que dançam ao som de valsas, tangos, polkas, tarantelas e velhas canções de Kurt Weil. Terá o Cabaret Molotov existido, ou tudo não passará de um lugar inventado por Vladimir, o Russo, para cenário do seu amor à trapezista Matrioska? Teatro de Marionetas do Porto Texto da corista Cenografia Marionetas Figurinos Coord. coreográfica Luz Produção Op. de luz e som Ass. de encenação Ass. de produção Montagem de Luz Design gráfico Fotografia de cena Apoio Língua Duração Escola D. António da Costa Edgard Fernandes Sara Henriques Sérgio Rolo Shirley Resende (instrumentista) Pablo Neruda João Paulo Seara Cardoso Erika Takeda Pedro Ribeiro Isabel Barros António Real Rui Pedro Rodrigues Sofia Carvalho Rui Pedro Rodrigues Pedro Ribeiro Pedro Miguel Castro Rui Maia Daniel Marques Paulo Barata Orquestra Nacional do Porto português 1h15 Palco Grande (Almada) 22h30 Dom 8 21 24º festival de almada música recital fernando lopes-graça (canções Heróicas) Música de fernando lopes-graça lisboa (portugal) E streado a 30 de Outubro do ano passado no Teatro Nacional de S. Carlos, este Recital é composto pelas Canções heróicas de Fernando Lopes-Graça, escritas a partir de poemas de José Terra, Arquimedes Silva Santos, José Gomes Ferreira, Afonso Duarte, Mário Cesariny de Vasconcelos, Guerra Junqueiro, Sophia de Mello Breyner Andresen, Miguel Torga, Louis Aragon, Enrique Amorín, Fiama Hasse Pais Brandão, Armindo Rodrigues, Joaquim Namorado, João José Cochofel, e de poesia tradicional. Do Recital faz também parte a leitura de poemas dos mesmos poetas, e de Carlos de Oliveira, Miguel Torga, Manuel da Fonseca, Álvaro Feijó, Ruy Belo e Ramos Rosa. J untamente com João José Cochofel, e “nas vésperas do grande frémito nacional desencadeado pelo Movimento de Unidade Democrática”, Fernando Lopes-Graça tinha tido a ideia de solicitar a um grupo de poetas, associados ao movimento neo-realista do Novo Cancioneiro, pequenos versos de sabor e métrica Vozes Luis Miguel Cintra populares mas de óbvia intenção social e Luísa Cruz política. A música que os acompanharia Duarte Guimarães tentaria ser igualmente acessível e adeMário Redondo quada ao seu carácter. Assim nasceram Piano João Paulo Santos estas Canções heróicas, não com o intuito de constituírem obras para concerto mas Língua português Duração 1h00 sim “fornecer um esquema poético-musical, que se desenvolverá ou completará consoante as necessidades ou os meios Fórum Romeu Correia Auditório Fernando Lopes-Graça de quem das canções se servir”. E esta (Almada) sua intenção não escapou aos dirigentes da ditadura: o volume foi apreendido pela polícia política por ordem da censura. 17h30 Dom 8 João Paulo Santos 24º festival de almada 22 teatro les paradis aveugles Os paraísos cegos de duong thu huong Encenação de Gilles Dao Compagnie M-G Pessoa paris (França) N os anos oitenta uma mulher, Hàng, vai de uma pequena cidade da Rússia a Moscovo, de comboio, para visitar o seu tio Chinh, gravemente doente. Desta travessia nascerá uma outra, uma viagem à sua infância, ao seu Vietname natal, com os seus cheiros, as suas imagens, e a recordação constante do rosto da sua mãe. Surgem então as figuras que povoam a história familiar da pequena Hàng: a tia Tâm, o tio Chinh, o pai ausente, e Quê, a sua mãe. Gilles Dao e Duong Thu Huong G illes Dao formou-se com Didier George Gabili, Ariane Mnouchkine, Christian Benedetti e Maguy Marin. Em 1996 fundou a Compagnie M-G Pessoa, cujos espectáculos tem dirigido. Esta companhia dedica-se à divulgação de autores contemporâneos, tais como Bernard-Marie Koltès, os brasileiros Nélson Rodrigues e Plínio Marcos, Dear Loher, Ingrid Mitterecker e Emmanuel Darley. D uong Thu Huong nasceu no Vietname em 1947 e desde cedo começou por levar uma vida junto do perigo: aos quinze anos alistou-se para a frente de guerra contra os EUA. Autora de uma quarentena de romances, obtém o reconhecimento da crítica e do público em 1985 com Au-delà des illusions. Os romances seguintes, Vies égarées e Les paradis aveugles consagraram-na como uma das principais autoras vietnamitas contemporâneas. Intérpretes Tradução francesa Adaptação cénica Cenografia Figurinos Criação de vídeo Música Língua Duração Fórum Romeu Correia Marysa Commandeur Juliette Croizat Flor Lurienne Nicolas Pirson Aurélia Puchault Phan Huy Duong Philippe Malone Gilles Dao Christophe Ouvrard Fabienne Desflèches Rémy Rychter Stéphane Oertli, em colaboração com Jean-Christophe Potvin francês (legendado em português) 1h20 Auditório Fernando Lopes-Graça (Almada) 19h00Seg 9 23 24º festival de almada teatro Burgher King Lear de joão garcia miguel, a partir de shakespeare Encenação de joão garcia miguel João Garcia Miguel lisboa (portugal) T raduzi e esquartejei o texto de Shakespeare, criando uma versão bilingue para dois actores: um australiano e um português. Trabalhei ao mínimo o que me pareceu substancial: a história do pai e das suas três filhas! A história de um homem que por um acaso dos homens é rei; a história de um rei que se sente velho e quer voltar a ser homem! A história de um homem que pede às suas filhas que lhe digam qual delas o ama mais! Em troca da sua confissão dar-lhes-á um terço do seu reino. João Garcia Miguel Co-produção e acolhimento Casa d’os Dias da Água Intérpretes João Garcia Miguel J oão Garcia Miguel foi fundador do grupo Canibalismo Cósmico, da Galeria Zé dos Bois, do grupo OLHO, e organiza o Festival X (evento multi-disciplinar). Como actor destacou-se em À espera de Godot, de Beckett, encenação de João Fiadeiro, e A fuga, de Gao Xingjiang, encenação de Carlos Pimenta. Escreveu, criou e encenou Especial nada (2003), Ruínas (2005), A entrega (2006), a partir de Strindberg, e A história de um mentiroso (2006), a partir do Peer Gynt de Ibsen. No ano passado participou no Festival Fringe de Edimburgo com o espectáculo Especial nada. Trad. e adaptação Cenografia e Figurinos Luz e Dir. Técnica Caracterização Produção executiva Op. de luz e montagem Ass. de produção Vídeo Música Design gráfico Web site Agenciamento internacional Residência artística Língua Duração Escola D. António da Costa Anton Skrzypiciel Miguel Borges João Garcia Miguel Ana Luena Mário Bessa Jorge Bragada Marta Vieira Daniel Verdades Ana Lamim Jaime Gonçalves Rui Lima Sérgio Martins Paulo Pires Mantos CAMPAI vzw Bruno Heynderickx Convento da Saudação, Montemor-o-Novo português 1h53 Palco grande (Almada) 22h00Ter 24º festival de almada 24 10 teatro SETE CONTRA TEBAS de ÉSQUILO Encenação de DIOGO DÓRIA criação no festival LISBOA (portugal) Co-apresentação: Culturgest / Festival de Almada S ete contra Tebas (467 a.C.) é a única tragédia conhecida de uma tetralogia de Ésquilo que incluía ainda Laio, Édipo e o drama satírico A esfinge. Nesta peça do mais antigo dos três tragediógrafos, a figura do herói Etéocles ergue-se graças à força grave e superior da sua conduta viril, sobre um fundo de terror e medo. A tragédia grega, mais do que uma acção, é aqui a expressão de um sofrimento. Num texto onde o confronto entre o herói e os deuses é estruturalmente de uma enorme clareza, Etéocles afirma a sua liberdade, apesar da maldição que pesa sobre a raça dos Labdácidas. Para além da poesia do texto, o que nos fica hoje de uma tragédia assim? Diogo Dória Intérpretes Diogo Dória D iogo Dória estreou-se como actor em 1975, tendo desde então trabalhado com encenadores como Osório Mateus, Luis Miguel Cintra, Filipe La Féria, José Luis Gómez, Solveig Nordlund, Carlos Fernando, Dominique Ducos, Miguel Guilherme e Bruno Bravo. No cinema participou em filmes de João Botelho, João Canijo, Jorge Silva Melo, Raoul Ruiz, Wim Wenders e Manoel de Oliveira. Dirigiu vários espectáculos, nomeada­mente com textos de Samuel Beckett, Nathalie Sarraute, Robert Pinget e Almeida Faria. Versão Cenografia Língua Duração Culturgest Andreia Estrada Beatriz Martins Diogo Dória Pedro Ribeiro Raquel Matos Sabina Delgado Susana Madeira Tânia Diniz Manuel Resende Elsa Bruxelas português 1h30 Pequeno Auditório (Lisboa) 21h30Ter 10 21h30Qua 11 21h30Qui 12 21h30Sex 13 21h30Sáb 14 17h00 Dom 15 25 24º festival de almada teatro maestra palabra Palavra mestra de nicolás buenaventura vidal CAli (colômbia) Co-apresentação: Casa da América Latina / Festival de Almada P alavra mestra consiste numa antologia de contos sem uma estrutura fixa. A selecção e a ordem dos relatos não se anunciam previamente, e os contos vão surgindo segundo os seus desejos mais secretos. Chegam, apresentam-se e dizem: aqui estou eu, lembras-te de mim? Conta-me esta noite. O contador converte-se no instrumento do conto, no meio através do qual ambos decidem tomar essa forma efémera e compartilhada com outros prazeres exclusivamente humanos. Nicolás Buenaventura Vidal Nicolás Buenaventura Vidal L icenciado em Arte Dramática pela Universidad del Valle, Colômbia, Nicolás Buenaventura Vidal provém de uma família de artistas de várias gerações, sendo filho do escritor e encenador Enrique Buenaventura. Realizador de cinema, guionista e contador de histórias, Nicolás tem visto, desde 1989, a sua obra ser distinguida com vários prémios na Colômbia e na Europa. É autor dos livros Cuando el hombre es su palabra (1996), Mitos de creación op. 7 sonata en catorce movimientos (1998), Amaranta porqué (1998), A contracuento (1999) e Cuando el hombre es su palabra e otros cuentos (2002). Nicolás Buenaventura Vidal já contou histórias nos cinco continentes, perante audiências de todas as idades. Este ano participou no primeiro Encontro Internacional de Narração Oral, organizado no TMA 24º festival de almada 26 Intéprete Nicolás Buenaventura Vidal Língua Duração espanhol 1h00 Casa da América Latina (Lisboa) 22h00Qua 11 teatro gulliver de jaime lorca, segundo jonathan swift Encenação de jaime lorca Companhia Jaime Lorca Santiago do chile (Chile) D epois de dezoito anos de trabalho na companhia chilena La Troppa (que no Festival de Almada apresentou Viagem ao Centro da Terra – Espectáculo de Honra em 1996 –, Pinóquio e Gémeos), Jaime Lorca lança-se agora numa aventura cénica com a sua própria companhia. Trabalhando a partir da criação colectiva, reuniu o poeta Pablo Jerez, a actriz Teresita Iacobelli e a equipa criativa das duas últimas peças dos La Troppa: Gémeos e Jesus Betz. O engenhoso colectivo chileno inspirado por Jaime Lorca continua, com a história de Gulliver, a pesquisa de uma linguagem desenvolvida em torno da poesia da imagem e da arte da prestidigitação cénica. Este é um teatro da esfera do maravilhoso. E scolhi esta maravilhosa história de Gulliver, o viajante, para criar, a partir dela, o labirinto imaginário percorrido pelo nosso herói. Quais são as suas etapas? Quantas são? Quantas vezes será preciso seguir os seus passos? A viagem humana, o seu estudo e a sua fiel representação são a minha bússola. E tendo Jonathan Swift como guia, sinto-me optimista e seguro, assim como Dante, creio, descendo às profundezas do inferno acompanhado pelo sábio Virgílio – na devida proporção, claro. Swift acrescenta algo de muito importante à viagem humana: acentua o aspecto ético e político de cada acto individual. O ser humano nunca está só, mesmo quando se isola. Somos um elo de uma cadeia, numa espiral infinita. E cada acto individual condiciona o colectivo. Jaime Lorca Co-produção com Scène Nationale et du Bassin de Thau, Office Départemental d’Action Culturelle du Calvados, La Rive Gauche Scène Conventionnée de Saint Etienne du Rouvray, Maison de la Culture de Nevers et de la Nièvre, Le Carreau – Scène Nationale de Forbach, Théâtre 71, Scène Nationale de Malakoff, Théâtre de la Manufacture – Centre Dramatique National Nancy Lorraine Com o apoio de ONDA (Office National de Diffusion Artistique), Departamento Hérault do Ministério Chileno dos Negócios Estrangeiros, e Centro Cultural Matucana 100 – Santiago do Chile Intérpretes Marionetistas Texto Cenografia Figurinos Luz Música Som Marionetas Ass. de encenação Língua Duração Escola D. António da Costa Teresita Iacobelli Jaime Lorca Enrique Gómez Alicia Quesnel Pablo Jerez David Coydan Carlos Rivera Maya Mora Juana Cid Tito Velásquez Daniel Tijero Robert Díaz Zapallo de Troya (Rivera-Coydán-GómezFernández) Matías González Teresita Iacobelli espanhol 1h20 Palco Grande (Almada) 22h00Qui 12 27 24º festival de almada dança romeo and juliet Romeu e Julieta Uma ideia de Mauro Bigonzetti e Fabrizio Plessi Coreografia de Mauro Bigonzetti Cenografia e figurinos de Fabrizio Plessi Montagem musical a partir de Sergei Prokofiev Fondazione Nazionale della Danza Compagnia Aterballetto reggio emilia (Itália) Co-apresentação: Instituto Italiano de Cultura, São Luiz – Teatro Municipal e Festival de Almada N ão existe outra história que tenha sido tão narrada e difundida como a de Romeu e Julieta. Hoje em dia este mito atravessa todas as possíveis categorias sociais do Homem ocidental. Mais do que as personagens e o contexto, são os próprios sentimentos que determinam a estrutura principal desta tragédia, e que nos tocam profundamente nas nossas sensibilidades ocidentais. Co-produção com Reggio Emilia Danza / Reggio Parma Festival, Theather im Pfalzbau Ludwigshafen e Marella Gruppo Max Mara. Com o apoio de Kuopio Dance Festival (Finlândia) e Lucent Danstheater / Holland Dance Events (Holanda) Intérpretes Mauro Bigonzetti e fabrizio plessi M auro Bigonzetti diplomou-se na Scuola del Teatro dell’Opera de Roma. Coreografou o seu primeiro espectáculo no Aterballetto (Sei in movimento) em 1990. Seguem-se colaborações com várias companhias internacionais: English National Ballet, Deutsche Oper, Ballet Teatro Argentino, Ballet da Cidade de S. Paulo, Ballet Gulbenkian, New York City Ballet, State Ballet de Ankara, etc. É desde 1997 director artístico e principal coreógrafo da Compagnia Aterballetto. F abrizio Plessi diplomou-se na Accademia delle Belle Arti de Veneza. Em 1972 a sua apresentação na Bienal de Veneza inicia-o numa carreira que o levará aos principais museus do Mundo: o Museo Español de Arte Contemporáneo, o Museu Ludwi, o Palau Solleric, a Fundaciò Joan Miro, o Louisiana Museum, etc. Em 1998 o Guggenheim de Nova Iorque organizou uma ampla retrospectiva das suas vídeo-instalações mais significativas. 24º festival de almada 28 Luz Consultoria musical Technical gear Broadcasted by Duração São Luiz Teatro Municipal Alice Bellagamba Adrien Boissonnet Caterina Bonasia Ina Broeckx Vincenzo Capezzuto Thibaut Cherradi Macha Daudel Dario Dinuzzi Stefania Figliossi Valerio Longo Marco Magrino Francesco Mariottini Lisa Martini Walter Matteini Dejalmir Melo Beatrice Mille Kihako Narisawa Bryna Pascoe Francesca Peniguel Giuseppe Spota Carlo Cerri Bruno Moretti Dainese 3SAT/ZDF 1h30 Sala Principal (Lisboa) 21h00Sex 13 21h00Sáb 14 teatro o cerejal de anton tchecov Encenação de rogério de carvalho Ensemble - Sociedade de Actores porto (portugal) O cerejal foi a última criação de Anton Tchecov estreada no Teatro de Arte de Moscovo, pouco antes de o autor morrer. No fim do século XIX vivia-se intensamente o progresso industrial e assistia-se a mudanças económicas e sociais profundas. Esta peça reflecte a realidade dessa época e conta a história de uma família da aristocracia confrontada com uma crise financeira que a faz perder a sua propriedade, onde se encontrava um cerejal muito valioso. Neste texto assistimos à passagem inexorável do Tempo, à máquina do Mundo que não pára, e à nova ordem das coisas, à qual é preciso dar resposta. Ensemble Intérpretes Ensemble – Sociedade de Actores O Ensemble é uma unidade de produção e investigação teatral do Porto. Lançado em 1996 por um grupo de actores portuenses e professores das escolas superiores de teatro, o projecto obteve de imediato o reconhecimento do Estado e das instituições culturais. Para além das produções próprias, o grupo trabalhou desde o início em parceria com os Teatros Nacionais D. Maria II e São João, o Rivoli – Teatro Municipal e outras estruturas do Porto, Lisboa e Viseu. Entre os espectáculos mais marcantes deste grupo contam-se Hamlet, dirigido por Ricardo Pais (em co-produção com os teatros nacionais e o CAEV) e A Tragédia de Coriolano, de Shakespeare, dirigido por Jorge Silva Melo, co­-produção com a Culturporto. Tradução Cenografia Figurinos Luz Sonoplastia Ass. de produção Língua Duração Escola D. António da Costa Emília Silvestre Jorge Pinto Ivo Alexandre Laura Barbeiro Laurinda Chiungue Bernardo de Almeida Jorge Vasques Miguel Sopas Clara Nogueira Isabel Queirós Miguel Eloy Alexandre Falcão António Pescada João Mendes Ribeiro Bernardo Monteiro Jorge Ribeiro Francisco Leal Liliana Caetano português 2h30 com intervalo Palco grande (Almada) 22h00Sáb 14 29 24º festival de almada teatro ifigeneia Ifigénia de Finn Iunker Encenação de fredrik hannestad Verk Produksjoner Oslo (noruega) Com o apoio do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Noruega I figénia é uma farsa política escrita a partir de Ifigénia em Aulida, de Eurípides, uma peça na qual Agamemnon sacrifica a filha em troca de vento, para que os gregos possam navegar até Tróia. O aspecto mais importante desta produção é a crítica da irracionalidade da guerra, e a sua completa falta de sentido. Misturando o vaudeville com a representação épica, um grupo de clowns trágicos reconstrói os acontecimentos em Aulis, usando uma atmosfera trash e satírica, com conotações políticas. Co-produção Black Box Teater Finn Iunker e Verk Produksjoner F inn Iunker é norueguês e vive em Bergen. Escreve para teatro desde 1994 e tem visto as suas peças serem produzidas por várias companhias europeias, como a companhia belga STAN. Em 2004 a sua peça Alter Nativa foi apresentada no Centro Cultural de Belém, numa produção dirigida por António Simão. O Intérpretes Cenografia Luz Música Dramaturgia Assistência de vídeo Fotos Verk Produksjoner, criado em Oslo em 1998, é um colectivo de actores oriundos dos países nórdicos. A estética deste grupo consiste na mistura do texto dramático com a dança e a música, Língua apoiando-se numa forte interacção com Duração a audiência. As suas produções pretendem questionar o teatro e o Mundo. Este é um dos aspectos que marcam Fórum Romeu Correia Ifigénia. Nesta produção evidenciou-se especialmente a ridicularização que Iunker faz de alguns dos grandes heróis da literatura ocidental. Anders Mossling Saila Hyttinen Hakon Mathias Vassvik Thea Danielsen FjØrtoft Solveig Laland Mohn Per Platou Signe Becker e Verk Nora Hagen Per Platou Anders Paulin Joachim Hamou Solveig Laland Mohn norueguês, legendado em português 1h20 Auditório Fernando Lopes-Graça (Almada) 19h00Sáb 24º festival de almada 30 14 teatro los cuentos del espíritu Os contos do espírito de nicolás buenaventura vidal cali (colômbia) O ponto de partida para um espectáculo é difícil de definir. Talvez não haja um ponto de partida, mas sim vários pontos de partida e um de chegada. Trabalhamos a partir dos nossos medos, das nossas obsessões, do Mundo em que vivemos, do país que nos magoa… Se me perguntam quando é que comecei a escrever Os contos do espírito, teria de responder que desde que comecei a fazer uso da razão, e que os escrevi com toda a minha vida. Se me perguntarem porquê, direi que não tinha outra alternativa: alguém teria de contar estes contos, e agora tocou-me a mim. Uma vez o meu pai, Enrique Buenaventura, dramaturgo e encenador, viu este espectáculo e o seu comentário foi: “É uma forma teatral cujo segredo reside em resistir à tentação de representar”. Creio que estas palavras definem a busca estética em que se inscreve este espectáculo. Nicolás Buenaventura Vidal Intérprete Cenografia Luz Língua Duração Fórum Romeu Correia Nicolás Buenaventura Vidal Meyby Ríos María del Pilar López espanhol 1h00 Auditório Fernando Lopes-Graça (Almada) 16h00 Dom 15 31 24º festival de almada teatro romeo and juliet Romeu e Julieta de william shakespeare Encenação de oskaras Koršunovas Oskaras Koršunovas Theatre Vilnius City Theatre vilnius (lituânia) Co-apresentação: Teatro Nacional D. Maria II / Festival de Almada A peça Romeu e Julieta, de Shakespeare, é normalmente entendida como uma celebração do amor romântico. Mas na realidade trata-se de um drama social. O que me interessa nesta tragédia é a forma como o amor pode surgir e afirmar-se numa atmosfera de ódio ou guerra, como em Verona. Nesta produção, quis analisar a forma como o ódio estabelece diferenças e se transforma num território comum. O amor nega a diferença. Apenas o amor pode mostrar que no fundo não existe um conflito entre os dois clãs. O amor cria liberdade, e em liberdade não existem oposições. Romeu e Julieta só encontram a sua liberdade na morte. Ambos eram filhos únicos. Quando morrem, as suas famílias morrem com eles. O sacrifício da liberdade arruína não só a liberdade criada por estas crianças, mas também a tradição que os seus pais procuram proteger. Oskaras Koršunovas Oskaras Koršunovas V encedor do Prémio Europeu de Teatro - Novas Tendências no ano passado, Oskaras Koršunovas formou-se na Academia Musical de Vilnius e iniciou a sua carreira no Teatro Nacional da Lituânia. Em 1999 fundou o Oskaras Koršunovas Theater, uma companhia independente que se tornou no grupo mais importante da Lituânia, apresentando várias criações de grande qualidade, algumas das quais co-produzidas com instituições como o Festival de Avignon e o Goethe Institut. 24º festival de almada 32 Co-produção com Festival d’Avignon (França), Hebbel Theatre (Alemanha), Arts and Ideas (EUA), Theorem, Fundação Lituana para o Apoio à Cultura e ao Desporto, Ministério da Cultura da Lituânia Intérpretes Tradução para lituano Cenografia Luz Figurinos Movimento Dramaturgia Língua Duração Teatro Nacional D. Maria II Giedrius Savickas Rasa Samuolyte (ou Rasa Marazaite) Dainius Kazlauskas Tomas Zaibus Dainius Gavenonis Vaidotas Martinaitis Dalia Micheleviciute Egle Mikulionyte Vesta Grabstaite Remigijus Vilkaitis Darius Gumauskas Arunas Sakalauskas Aleksys Churginas Jurate Paulekaite Eugenijus Sabaliauskas Jolanta Rimkute Vesta Grabstaite Leonidas Donskis lituano, legendado em português 3h00, com intervalo Sala Garrett (Lisboa) 21h30Seg 16 21h30Ter 17 teatro marionetas de água do vietname Direcção de vuong duy bien Coreografia de ung duy thinh Teatro Nacional de Marionetas do Vietname Hanói (vietname) Co-apresentação: Centro Cultural de Belém / Festival de Almada O teatro de marionetas é uma arte performativa que se desenvolveu junto dos grupos étnicos vietnamitas e surgiu na altura em que a dinastia Hung fundou o país. Um marco da dinastia Ly, datado de 1121, tem inscrito que o primeiro espectáculo de marionetas foi dado em honra da longevidade do rei. Graças às condições naturais do país e à actividade agrícola, o povo vietnamita tem vivido perto da água, o que levou a que os camponeses desenvolvessem especialmente a arte das marionetas de água. No passado estes espectáculos ocorriam geralmente quando terminava o trabalho nos campos, na Primavera, ou em festas de aldeia. Os franceses chamavam a estas festas “a alma dos campos de arroz”, e consideravam que “as marionetas de água podem rivalizar, em criatividade e inovação, com as formas mais importantes de teatro de marionetas”. Guião Cenografia Música Poema de Marionetistas O Teatro Nacional de Marionetas do Vietname, fundado em 1956 e considerado um dos principais teatros de marionetas do país, reúne um conjunto de artistas experientes e talentosos em diferentes áreas, tais como a encenação, a escrita, as belas artes, as artes plásticas, a luz e os efeitos sonoros. Este Teatro desenvolve ainda um importante trabalhado de formação junto de outras companhias vietnamitas. Desde 1979 o Teatro Nacional de Marionetas do Vietname já realizou mais de 40 digressões no estrangeiro, que atravessaram 27 países, sendo calorosamente recebido pelos mais diversos públicos. Duração Centro Cultural de Belém Vuong Duy Bien Vuong Duy Bien Quoc Trung Phan Huyen Thu Bich Mao Le Hong Phong Nguyen Quoc Hung Nguyen Thi Chanh Nguyen Thi Hang Duong Thu Dung Dang Thuy Trang Nguyen Tien Dung Nguyen Trung Thanh Dam Van Tien Nguyen 00h55 Praça do Museu (Lisboa) 22h00 Dom 15 22h00Seg 16 22h00Ter 17 33 24º festival de almada teatro a charrua e as estrelas criação no festival de sean o’casey Encenação de bernard sobel com a colaboração de Francis Seleck e assistência de Sophie Vignaux Companhia de Teatro de Almada e Teatro dos Aloés almada (portugal) A charrua e as estrelas relata o Levantamento da Páscoa de 1916, liderado por Pádraic Pearse (Comandante dos Irish Volunteers) e James Connolly (Comandante do Irish Citizen Army), e que redundou numa revolta falhada. No total, não participaram no Levantamento contra a ocupação britânica mais de 2.000 homens. Esta tomada de posição, heróica mas insensata, marcada pela indecisão, falta de comunicações, falta de poder de fogo e falta de apoio geral, foi facilmente esmagada pelas forças britânicas no espaço de uma semana. Pearse, Connolly e treze outros líderes foram sumariamente executados. Estas execuções marcaram a alteração do clima político na Irlanda e precipitaram a guerra de guerrilha pela independência, que conduziu à assinatura do Tratado entre a Bretanha e a Irlanda, em 1921, e ao estabelecimento de um Estado livre no Sul. Christopher Murray Olá, artistas S e é verdade que com A charrua e as estrelas O’Casey faz um ajuste de contas com uma página da História do seu país e da sua cidade, a “Páscoa sangrenta de 1916”, em Dublin, hoje em dia esta peça fala-nos de outra coisa: a história de seres humanos que, num momento de desordem, são arrancados às suas vidas normais e cujos fundamentos das suas existências ficam transtornados. Seres humanos que tentam, de uma forma dolorosa, escapar a qualquer preço às consequências desta desordem. Fazem-no construindo papéis para si próprios, pondo máscaras, alucinando ideias, como se fossem artistas. Resistem, antes que se desencadeie a violência que pesa sobre eles a cada instante, na sua miséria e na sua pobreza. Resistem através da presença quotidiana da morte, que lhes serve de quadro de vida. Funâmbulos de uma arte de viver que consiste em segregar fantasmas, são cegos relativamente à miséria da sua condição. Se a violência vier a rebentar, essas construções desmoronam-se, sem que tenham no entanto consciência disso. Desnorteados, atiram-se sobre tudo o que lhes vier à mão, durante uma pilhagem generalizada. Os despojos fazem-nos esquecer por um instante a perda do heroísmo dos papéis que tinham construído para si próprios. Sonho e avidez, teatro e embriaguez: entre estes dois extremos perde-se o instinto vital de aproveitar a possibilidade, que qualquer desordem oferece, de agarrar o seu destino. Bernard Sobel 24º festival de almada 34 Bernard Sobel F ormado no Berliner Ensemble, de Brecht, Bernard Sobel, uma das figuras mais destacadas do teatro francês, fundou em 1963 o Théâtre de Gennevilliers (um Teatro Nacional de uma cidade nos arredores de Paris), que dirigiu até ao ano passado. Durante este período montou mais de oitenta peças, divulgando em França o repertório russo e alemão, sempre com critérios de excelência. Encenou textos de, entre outros, Vichnevski, Koplov, Volokhov, Erdman, Heiner Müller, Kleist, Schiller, Lessing, Lenz, Heinrich Mann, Grabbe e, naturalmente, Brecht. Especialista em Molière, de quem encenou várias peças, dirigiu também textos de muitos outros autores clássicos e modernos, tais como Eurípides, Marlowe ou Sarah Kane. Bernard Sobel já dirigiu óperas no Festival d’Avignon, no Théâtre du Chatelet, na Ópera Cómica de Paris, e na Ópera do Reno. A companhia de Bernard Sobel apresentou no Festival de Almada, em 2002, O refém, de Paul Claudel, e no ano passado Dom, mecenas e adoradores, de Ostrovski. Sean O’Casey S ean O’Casey, um dos mais importantes escritores irlandeses, nasceu em 1880, nos subúrbios de Dublin. A sua saúde debilitada não o impediu de estudar afincadamente os clássicos e a Bíblia. O idealismo e um forte sentido de justiça marcaram desde sempre a sua obra, tendo sido influenciado pelos ideais socialistas de Jim Larkin, que defendia os interesses da classe operária irlandesa. Aos quarenta anos de idade, ainda a trabalhar como operário, escreveu três peças acerca dos subúrbios de Dublin: The shadow of a gunman, Juno and the paycock, e A charrua e as estrelas, representadas no Abbey Theatre entre 1923 e 1926. Estas peças cau- saram escândalo junto do público, uma vez que O’Casey se recusava a glorificar a violência do movimento nacionalista. A estas peças realistas seguiram-se outras, mais simbólicas e expressionistas, que foram rejeitadas por Yeats, então director do Abbey Theatre. Esta recusa fez com que O’Casey se mudasse para Inglaterra, onde morreu em 1964, nunca tendo regressado à Irlanda. Intérpretes Tradução Cenografia Figurinos Som Luz Alberto Quaresma Bruno Martins Catarina Ascensão Catarina Guimarães Cecília Laranjeira Elsa Valentim Francisco Costa Jorge Silva Luís Ramos Maria Frade Mário Jacques Miguel Martins Pedro Walter Teresa Mónica Tiago Barbosa Helena Barbas Jacqueline Bosson Mina Lee Bernard Vallery Vincent Millet Língua Duração português 3h00 (aprox.) Teatro Municipal de Almada Sala Principal (Almada) 21h00Ter 17 19h00Qua 18 35 24º festival de almada teatro cavaterra de André Braga e Cláudia Figueiredo Direcção de André Braga Circolando porto (portugal) E spectáculo transdisciplinar (teatro físico, dança, circo, marionetas, vídeo), Cavaterra é a primeira criação da Circolando pensada especificamente para salas de espectáculos. Tratando-se de um teatro dançado e de imagens, Cavaterra conta, sem palavras, histórias das profundezas da terra. Longe das abordagens realistas e politizadas do universo das minas, Cavaterra faz o elogio poético de matérias, cores e sensações. A terra, a pedra, o carvão. O preto, o castanho e o ocre. A noite e a luz. A solidão, a exaustão e a deformação de um corpo de trabalho. Cavaterra inventa o sonho de homens-toupeiras. Traz a beleza e o espanto ao mundo do medo, do cansaço e da exploração. Circolando D esenvolvendo a sua actividade desde 1999, a companhia Circolando tem vindo a afirmar-se com a criação dos espectáculos Caixa Insólita, Giroflé, Charanga, Cavaterra e Quarto Interior. O teatro resultante destas produções é um teatro de pesquisa, de experimentação e de work in progress: um teatro que submete continuamente os seus projectos a novos questionamentos. As estreias, em vez de constituírem o tradicional encerramento do processo criativo, indicam sempre o seu relançamento. Fora de Portugal a companhia tem-se apresentado regularmente em Espanha, França, Bélgica, Holanda, Reino Unido, Alemanha, Áustria, Eslovénia, Coreia do Sul e China. 24º festival de almada 36 Co-produção Teatro Viriato e Teatro Aveirense Apoios Fundação Calouste Gulbenkian, IEFP/ /Cace Cultural do Porto e Théâtre National de Toulouse Intérpretes Dramaturgia Vídeo Const. de marionetas Luz Som Coord. técnica Direcção de cena Maquinaria Operação de luz Operação de som Palco e montagem Const. do cenário e adereços Dir. de produção Ass. de produção Fotografia Duração Escola D. António da Costa Alberto Carvalhal André Braga João Vladimiro Patrick Murys Cláudia Figueiredo João Vladimiro com extractos de São Pedro da Cova (Rui Simões) e de Lousal nos anos 50 (Mateus Júnior) João Calixto (1ª fase) e Duarte Costa (2ª fase) Anatol Waschke Cristóvão Cunha Pedro Feitais Cristóvão Cunha Ana Carvalhosa António Quaresma Cristóvão Cunha Harald Kuhlmann Duarte Costa Hugo Almeida Circolando e Tudo Faço/ Américo Castanheira Ana Carvalhosa Rita Guimarães Edward Stachini Pedro David Sara Nogueira 1h20 Palco Grande (Almada) 22h30Qua 18 ACTOSCOMPLEMENTARES 3 24º festival de almada exposições artes plásticas costa pinheiro – Aspectos de uma retrospectiva. Obra gráfica 1953-2007 Em colaboração com: Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea A exposição Costa Pinheiro – Aspectos de uma Retrospectiva. Obra Gráfica 1953-2007, realizada no âmbito do Festival de Almada e organizada pela Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea, apresenta alguns aspectos particulares da obra deste artista. No conjunto, encontram-se patentes 60 obras, entre linóleos, gravuras, serigrafias, posters e cartazes, abrangendo um período de trabalho do autor, de 1953 aos nossos dias. Bernardo Pinto de Almeida Costa Pinheiro N ascido em Moura a 6 de Janeiro de 1932, Costa Pinheiro inicia os estudos artísticos na Escola de Artes Decorativas António Arroio. Expõe individualmente pela primeira vez em Lisboa em 1956, na Galeria Pórtico. Em 1957, faz a sua primeira viagem a Munique, com René Bertholo, Lourdes Castro e Gonçalo Duarte, participando com eles em duas exposições colectivas, na Galeria 17 e na Internationales Haus, Munique. Bolseiro do Ministério da Cultura da Baviera, estuda na Academia de Belas Artes de Munique. Entre 1960/62 está em Paris, como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian. Membro fundador do Grupo KWY – com René Bertholo, Lourdes Castro, Jan Voss, João Vieira, Christo, José Escada e Gonçalo Duarte –, e importante agente de renovação das artes plásticas em Portugal na década de 60, Costa Pinheiro desligar-se-ia do meio parisiense e acabaria por dividir a sua vida profissional entre Munique e o Algarve. A sua obra (com criação relevante no domínio da ilustração) encontra-se representada em várias colecções públicas e privadas, tanto em Portugal como no estrangeiro. Mantendo sempre uma linguagem crítica e lúdica de atenção à tradição e história nacionais, que representa de modo irónico, Costa Pinheiro foi várias vezes premiado. Entre os vários Prémios com que foi distinguido, destacam‑se o Prémio Burda de Pintura, na Haus der Kunst (Munique, 1966) e o Grande Prémio Amadeo de Souza-Cardoso (2001). ___________________________________________ De 22 de Junho a 2 de Setembro De Terça a Sexta das 10h00 às 18h00, e Sábados e Domingos das 13h00 às 18h00 (encerra às segundas e feriados) Galeria do Pátio da Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea 24º festival de almada 38 exposições artes plásticas Homenagem a Mestre Lagoa Henriques P rofessor e mentor de várias gerações de artistas, Mestre Lagoa Henriques é um dos mais destacados escultores portugueses e um dos grandes artistas plásticos do nosso tempo. A exposição de três dos seus mais conhecidos trabalhos — o célebre Fernando Pessoa, que se tornou um ex-libris de Lisboa, a estátua de Camões, que fez para Constância, e a Ilha dos Amores, uma belíssima alusão aos Lusíadas, constituem três momentos de uma obra que ocupa um lugar cimeiro na Arte Portuguesa do século XX. A exposição na Escola D. António da Costa destes três monumentos de Lagoa Henriques tem implícita a ideia da consagração das duas maiores referências da literatura portuguesa, e da poesia, que é a expressão mais alta da identidade de uma nação. Mas, ao mesmo tempo, ela constitui uma homenagem ao labor criativo de Lagoa Henriques e um pretexto para a reflexão sobre o papel do teatro como lugar de encontro, de cruzamento, e de exaltação das diferentes expressões artísticas. ___________________________________________ De 4 a 18 de Julho Das 15h00 às 24h00 Escola D. António da Costa (Almada) vera castro Pintura U m olhar, muitos olhares… Quem vê? Quem é visto? Poder-se-ia contar uma história, muitas histórias, quantas as que se quiser imaginar. Assim, para começar… Sentada na plateia “x” foca um pequeno quadrado de pano que não é exactamente o que ainda agora focou, ou não parece, ou qualquer coisa de imperceptível mudou. Aguarda, e há alguma expectativa para que chegue o momento de a luz se apagar e do ruído de fundo também. Enfim, a memória de um ritual que sabe reconhecer desde há muito. Do outro lado do quadrado que ainda agora focou, “y” pode espreitar sem ser vista por um pequeno buraco, os olhares que não tarda muito se irão cravar sobre si, e isso cria-lhe uma certa tensão. Se calhar, aquele ali vai morrer de tédio, mas talvez aquele outro até a vá desejar e o do lado esboce um certo sorriso. Ah, se 39 24º festival de almada exposições artes plásticas pudesse ver como a vão olhar… mas ainda bem que não, pois seria um desastre. Lá fora, o cheiro intenso de um jasmim e o espectáculo de um céu que se transfigura a cada instante, imenso e avassalador. Vera Castro Vera Castro P intora, cenógrafa, e professora da Escola Superior de Teatro e Cinema, Vera Castro participou em várias exposições e está representada na colecção do Ministério da Cultura e em colecções particulares. Como cenógrafa e figurinista trabalhou em espectáculos de Teatro e Ópera com encenadores como Ricardo Pais, José Wallenstein, João Lourenço, Ana Tamen, Jorge Listopad, Rogério de Carvalho, Mário Feliciano, Gastão Cruz, Nuno Carinhas, João Canijo, Filipe La Féria, A. Gutkin, Rui Mendes, Miguel Guilherme, Alberto Lopes, Paulo Ferreira de Castro, Diogo Infante, Ana Luísa Guimarães e Paulo Filipe. Criou ainda figurinos para obras de Olga Roriz, Paulo Ribeiro, Né Barros e Rui Lopes-Graça. Obteve em 1993 o Prémio da Crítica de Cenografia (por Estrelas da Manhã) e o prémio Sete de Ouro para os melhores figurinos, em 1992 (por Estrelas da Manhã e A Gaivota). ___________________________________________ De 2 de Junho a 31 de Julho e de 1 a 30 de Setembro Das 14h30 às 20h00 (em dias de espectáculo entre as 20h30 e as 23h00) Galeria do Teatro Municipal de Almada 24º festival de almada 40 exposições documentais carmen dolores Comissário: Fernando Filipe C armen Dolores, a figura homenageada este ano pelo Festival de Almada, é uma das actrizes mais destacadas do teatro português contemporâneo. A exposição apresentada nesta edição do Festival, comissariada por Fernando Filipe, consiste numa retrospectiva dos 62 anos da sua carreira teatral: um percurso repleto de êxitos e reconhecimento por parte da crítica e das instituições públicas. Entre outros prémios, Carmen Dolores recebeu o Prémio da Crítica para Melhor Actriz em 1959 (na peça Seis personagens em busca de um autor, de Pirandello) e em 1985 (na peça Virgínia, de Edna O’Brien); o Prémio de Teatro Casa da Imprensa em 1998 (na peça Jardim zoológico de Cristal, de Tenessee Williams); e o Globo de Ouro para Melhor Actriz de Teatro em 2003 (na peça Copenhaga, de Michael Frayn). Foi agraciada com a Condecoração da Ordem de Santiago de Espada (1959) e a Condecoração de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (2005), atribuída por Jorge Sampaio, então Presidente da República. Foi ainda condecorada com as Medalhas de Mérito Cultural da Secretaria de Estado da Cultura, do Município de Oeiras e do Município de Cascais. Carmen Dolores C armen Dolores Cohen Sarmento nasceu em Lisboa em 1924 e deu-se a conhecer ao público através da rádio, onde se iniciou aos 12 anos. Aos 19 anos estreia-se no cinema, como protagonista de Amor de perdição, adaptação de António Lopes Ribeiro do romance de Camilo Castelo Branco. Seguir-se-ão Um homem às direitas (1945), de Jorge Brum do Canto, A vizinha do lado (1945), de Lopes Ribeiro, e Camões (1946), de Jorge Leitão de Barros. Estreia-se no teatro em 1945, integrada nos Comediantes de Lisboa, e em 1951 passa para o palco do Teatro Nacional de D. Maria II, sob a direcção de Amélia Rey Colaço, onde obtém diversos sucessos entre os quais se salienta Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett. Criou, com outros actores, o Teatro Moderno de Lisboa, no palco do Império, onde desenvolveu um projecto que levou à cena novas encenações de peças de autores consagrados, como Dostoievski, Shakespeare, Strindberg e José Cardoso Pires. Após este período viveu sete anos em Paris. Na década de 80 trabalhou no cinema com José Fonseca e Costa, em A mulher do próximo (1988) e Balada da praia dos cães (1987). Em 1998 foi dirigida por Diogo Infante em Jardim Zoológico de Cristal, de Tennessee Williams, no Teatro Nacional. ___________________________________________ De 4 a 18 Julho Das 15h00 às 24h00 Escola D. António da Costa 41 24º festival de almada exposições documentais teatro moderno de lisboa [1961/65] sociedade de actores Organizada em colaboração com o Museu do Teatro O despertar de uma geração “A jovem ‘sociedade de actores’ que no fim de 1961 se constituiu, adoptando o nome de Teatro Moderno de Lisboa – TML é um dos casos mais sérios de companhias portuguesas, tanto pelos intuitos que se propõe, como pelos elementos de que dispõe”, podia ler-se na revista Vértice de Fevereiro de 1962. Esta “sociedade de actores”, coisa nova na nossa vida teatral de então, propunha, com efeito, uma séria renovação do teatro português, desde a forma (autónoma) de se constituírem como companhia, até à concepção total do espectáculo, com uma marcante intervenção de criadores de outras artes, e da escolha dos reportórios. Constituída por um excepcional grupo de jovens actores (Carmen Dolores, Rui de Carvalho, Rogério Paulo, Costa Ferreira, Armando Cortez, Fernando Gusmão, Morais e Castro, Armando Caldas, entre outros), quase todos vindos do Teatro Nacional Popular de Francisco Ribeiro, esta companhia assumiu-se claramente, desde o seu início, como um agrupamento verdadeiramente independente, sendo por todos considerada como a fundadora dessa forma de teatro em Portugal. A este propósito, lia-se ainda naquele número da revista Vértice que “os anseios do Autor, Actor e Encenador, formam”, nos espectáculos do TML, “um verdadeiro ‘triângulo de juventude’ que é interessante fixar para que se desenhe com verdade um característico aspecto de renovação do teatro em Portugal”. Nas sábias palavras de Carmen Dolores, o que de facto se passou nas idas e (infelizmente) curtas temporadas de 1961/62, 1962/63 e 1964/65 foi o “despertar de uma geração”. Procurando reunir-se tudo o que restou do TML (fotografias, programas, cartazes, maquetas de cenário, documentos, objectos, recortes de imprensa e a memória de quem o viu em cena ou nele trabalhou), esta exposição documental nasceu através de uma série de reuniões e (proveitosas) conversas entre mim, Carmen Dolores, Morais e Castro, Armando Caldas, às vezes Tito Lívio, e com o imprescindível apoio de Fernando Filipe (aposentado do Museu do Teatro desde Setembro de 2006, mas com um contributo voluntário e fundamental para a realização desta iniciativa), de Vasco Guerra (na montagem) e de Frederico Corado (em tudo o que foi produção multimédia). A exposição Teatro Moderno de Lisboa (1961/65) – Sociedade de Actores tem pois, como objectivo, evocar 24º festival de almada 42 exposições documentais e dar a conhecer (ou relembrar) a importância e o significado “desta campanha de dignificação do espectáculo teatral” (Luiz Francisco Rebello) e deste momento ímpar na História do Teatro Português. José Carlos Alvarez ___________________________________________ De 4 a 18 de Julho Das 15h00 às 24h00 Sala Polivalente - Escola D. António da Costa pablo nedura Organizada em colaboração com a Casa da América Latina O Festival de Almada organiza, uma exposição documental sobre a vida e a obra de Pablo Neruda, de quem, há três anos, se comemorou o centenário do nascimento. Nesta exposição constam também documentos alusivos à produção de O carteiro de Neruda, de Antonio Skarmeta, com adaptação dramatúrgica de Carlos Porto e encenação de Joaquim Benite, que a Companhia de Teatro de Almada estreou em 1997 e que ainda mantém disponível para digressão. No dia da inauguração da exposição o actor André Gomes fará um recital de poemas de Pablo Neruda. Pablo Neruda F ilho de José Morales, ferroviário, e de Rosa Opazo, professora primária, Pablo Neruda (nascido Neftalí Ricardo Reyes Basoalto) nasceu em 1904 em Santiago do Chile. Em 1921 radicou-se em Santiago e estudou pedagogia na Universidade do Chile. Em 1923 publica Crespusculário, que é reconhecido por escritores como Alone, Raul Silva Castro e Pedro Prado. No ano seguinte surgem os Vinte poemas de amor e uma canção desesperada, de influência modernista. Em 1927 inicia a sua longa carreira diplomática, sendo nomeado cônsul na Birmânia. Em 1935 é nomeado director da revista Cavalo verde para a poesia, na qual é companheiro dos poetas da geração de 27. Em 1945 é eleito senador e obtém o Prémio Nacional de Literatura. Em 1950 publica Canto geral, onde adopta uma intenção social, ética e política. Seguem-se Os versos do capitão (1952), As uvas e o vento e Odes elementares (1954). Em Outubro de 1971 recebe o Prémio Nobel de Literatura. Durante as eleições presidenciais, nos anos 70, renunciou à sua candidatura em favor de Salvador 43 24º festival de almada exposições documentais Allende, também ele marxista. Allende viria, no entanto, a ser assassinado durante o golpe de Estado militar liderado por Augusto Pinochet. Pablo Neruda morreu em Santiago do Chile a 23 de Setembro de 1973. O seu funeral foi uma das primeiras e emotivas manifestações públicas contra o golpe de Pinochet. Postumamente foram publicadas suas memórias, com o título Confesso que vivi. ___________________________________________ De 3 a 18 de Julho, de segunda a sexta Das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00 Casa da América Latina (Av. 24 de Julho, 118-B Lisboa) os meus colóquios Fotografias de Xico Braga C ada fotografia é um particular momento que a emulsão fotográfica fixa. Olhar a imagem de acontecimentos que vivemos é trazer à memória uma variedade de sentimentos e emoções que nos enriquecem. As imagens desta exposição, homenagem do fotógrafo ao Festival, são a manifestação do seu regozijo pela existência dos Colóquios – partilha das histórias dos espectáculos e dos seus criadores com o Público, e da Esplanada – lugar de encontro e de discussão dos amigos que são o Público do Festival. Aqui, nestas fotos soltas, se recordam amigos e conhecidos, que a todos nos representam, e pequenas vivências desse modo de ser Festival, e ser no Festival: público frequentador dos Colóquios e da Esplanada. O fotógrafo não pretendeu documentar, para que a posteridade tenha os seus registos. Ao fotografar, a partir do seu lugar de assistente convicto dos Colóquios, quis saudar os outros que, como ele, gostam de ouvir falar “quem sabe”, do que sabe. Xico Braga Xico Braga N asceu em 1950 e é professor do Ensino Secundário. Dificilmente chegará a titular. Tem desenvolvido actividades de divulgação da fotografia nas escolas onde tem trabalhado. É autor do livro de fotografia Seixal – Memórias com futuro, em parceria com a fotógrafa Rosa Reis. Publicou alguns livros de poesia e um livro de histórias para crianças. ___________________________________________ De 4 a 18 de Julho Das 15h00 às 24h00 Pátio da Escola D. António da Costa 24º festival de almada 44 exposições documentais Erland Josephson Organizada em colaboração com a Sfi e Dramaten, e com o apoio da Embaixada da Suécia em Portugal H á anos na Suécia, realizei para a rádio uma adaptação de Os autonautas da cosmopista, de Júlio Cortázar. E trabalhei com Erland Josephson. Os dias de gravação foram de puro prazer. O texto de Cortázar já é cheio de achados e subtilezas, mas interpretado por Erland Josephson tornava-se simultaneamente hilariante e profundamente belo. E ele, actor com grande carreira no teatro e no cinema, era de uma generosidade impressionante. Não parava de experimentar novas maneiras de dizer, procurar novas entoações, para me surpreender. E era uma fonte inesgotável de histórias acerca de teatro, da arte e da vida. As suas palavras cheias de espiritualidade e sabedoria fixaram-se na minha memória como conselhos a seguir na carreira artística. Quando li Uma peça de teatro foi como ouvir a sua voz de novo. Ri alto ao ler o texto no computador e não descansei até conseguir traduzir e encená-lo. Infelizmente, Erland Josephson não poderá estar presente na estreia em Almada, conforme estava previsto. A sua doença, a de Parkinson, piorou e já não pode deslocar-se ao estrangeiro. Ficam as suas palavras cheias de humanidade e humor. Solveig Nordlund Erland Josephson E rland Josephson nasceu em 1923 em Estocolmo e começou a trabalhar como actor no Teatro Municipal de Helsingborg, onde Ingmar Bergman era director. Manteve-se no Teatro Municipal de Gothenburgo e em 1956 entrou para o Teatro Nacional, o Dramaten, onde interpretou mais de sessenta papéis. Participou também num grande número de filmes, realizados por Ingmar Bergman, Mai Zetterling, Andrej Tarkovskij, Istvan Szabo, Theodor Anglopoulos e Liv Ullman. Publicou um grande número de romances e livros autobiográficos, duas colectâneas de poesia e escreveu cerca de quarenta peças para o palco, rádio e televisão, sendo as suas últimas peças Uma peça de teatro, de 2004, e Os apanhadores de flores, de 2006. Entre 1966-75 foi Director do Dramaten e em 1988 interpretou Gajev numa encenação de Peter Brook na Brooklyn Academy of Music, em Nova Iorque, vencendo um Orbie para Melhor Actor. ___________________________________________ De 5 a 29 de Julho (após o período do Festival a exposição encerra às segundas) Das 14h30 às 22h00 Foyer do Teatro Municipal de Almada 45 24º festival de almada exposições documentais Irlanda, lugar de jornada (de “Eyre”-land, do francês antigo “erre”, do latim “iter”: “jornada, caminho, viagem”) Organizada em colaboração com a Embaixada da Irlanda e a Irish Association M ostrar uma ilha surpreendente é o objectivo desta exposição sobre a Irlanda e os Irlandeses, a sua história, cultura e modos de vida. Pretende-se mostrar a diversidade e riqueza de um país e de um povo que foram, no século XX, protagonistas da História contemporânea, em diversas das suas vertentes. Sob as estrelas da Irlanda desenrolaram-se alguns dos acontecimentos mais marcantes do século passado: a luta pela independência contra a Inglaterra, a emigração em massa para os Estados Unidos, a guerra civil no Ulster, a oposição entre católicos e protestantes, entre republicanos e monárquicos, entre partidários da independência e lealistas fiéis ao Reino Unido. Ilha fortemente marcada pela emigração, nomeadamente no século XIX, há mais descendentes de irlandeses em todo o Mundo do que Irlandeses na própria Irlanda. São três milhões e meio na República da Irlanda, um milhão e meio na Irlanda do Norte, os primeiros maioritariamente católicos, os segundos maioritariamente protestantes. Hoje, a Irlanda são duas realidades politicamente distintas: a norte, seis condados integram a Irlanda do Norte, que faz parte do Reino Unido; a maior parte da ilha integra a República da Irlanda, independente desde 1921, após um longo e por vezes sangrento processo de independência. Dublin, Corke e Waterford são as principais cidades da República; Belfast e Londonderry são os centros urbanos mais importantes do Norte, até há bem pouco tempo palcos de violência que parece ter sido ultrapassada após um difícil processo de paz protagonizado pelo IRA. Mas a Irlanda é mais do que isso; é a ilha onde nasceram dramaturgos e escritores da envergadura de Wilde e Shaw, de Beckett e Joyce, de Synge e Yeats. É a ilha onde nasceu Sean O’Casey, a ilha onde decorre a acção das suas peças. Três destes autores (Shaw, Beckett e Yeats) e ainda Seamus Heaney ganharam o Prémio Nobel da Literatura. Mas é também a ilha onde cresceu e se desenvolveu uma forte cultura musical urbana e suburbana que conquistou o Mundo, e cujos protagonistas se chamam Bono e os U2, Bob Geldolf e os Boomtown Rats, os Corrs, os Cramberries, Sinnead O’Connor. ___________________________________________ De 5 a 18 Julho Das 14h30 e as 22h00 Livraria do Teatro Municipal de Almada 24º festival de almada 46 exposições documentais Lagarce visto por Jorge Gonçalves Organização: Artistas Unidos, em colaboração com o Instituto Franco-Português A propósito da apresentação, no Instituto Franco-Português, da peça História de amor (últimos capítulos), de Jean-Luc Lagarce, Jorge Gonçalves apresenta um conjunto de trinta e três fotografias das peças do dramaturgo francês que os Artistas Unidos produziram desde 2004: Tão só o fim do Mundo, As regras da arte de bem viver na sociedade moderna, Music-hall e História de amor (últimos capítulos). Cumplicidade e proximidade. jorge gonçalves J orge Gonçalves nasceu em 1967. Em 1992 fez o curso de Fotografia Geral na E.T.I.C., sob orientação de José Fabião e Daniel Blaufuks. Mais tarde frequenta os Workshops I e II dos MauMaus, com orientação de Álvaro Rosendo, Daniel Blaufuks e Adriana Freire. Em Maio de 1994, conjuntamente com Rui Palma, cria o Projecto Amnésia Dança, que continua sozinho a partir de 1996. Fotografa os espectáculos dos Artistas Unidos desde 1998. ___________________________________________ De 5 a 17 de Julho Segunda a Sexta das 9h00 às 21h00 e Sábados das 9h00 às 13h00 (em dias de espectáculo a exposição fica aberta até ao final da sessão). Instituto Franco-Português (Lisboa) 47 24º festival de almada encontros da cerca seminário internacional de críticos de teatro Organizado em colaboração com a Associação Portuguesa de Críticos de Teatro N o contexto do 24º Festival de Almada, a Associação Portuguesa de Críticos de Teatro, em colaboração com o Festival, organiza um Seminário de Críticos no quadro da iniciativa “Pontes culturais” – promovida pela Associação Internacional de Críticos de Teatro (AICT/IATC) – com a participação de críticos de vários países membros desta Associação. O tema central deste encontro é Ficções dramatúrgicas e cénicas: Convergências / Confrontações, e é em torno desta questão que decorrerão as sessões de trabalho agendadas para os dias 5, 6 e 7 de Julho. No sábado, dia 7 de Julho, haverá uma sessão aberta a todos os participantes do Festival, artistas, críticos e público em geral, na qual, para além de se dar conta das questões abordadas nos dias anteriores, Aleks Sierz (autor do célebre livro In-Yer-Face Theatre) fará uma conferência sobre a mais recente dramaturgia britânica: A nova escrita na Grã-Bretanha: como se define o contemporâneo? Para além dos críticos portugueses, estarão em Almada Aleks Sierz (Reino Unido, Secretário do Associação de Críticos britânica), Don Rubin (Canada, CoPresidente da Associação de Críticos Canadiana), Hervé Guay (do Quebeque), Ian Herbert (Reino Unido, Presidente da AICT/IATC), Juan Antonio Hormigón (Espanha, Secretário-Geral da ADE/Asociación de Directores de Escena de España), Yun Cheol Kim (Coreia do Sul, Presidente da Associação Coreana e Reitor da Universidade das Artes da Coreia), Steve Capra (crítico norte-americano de Nova Iorque), Ludmila Patlanjoglu (Roménia, Presidente da Associação de Críticos da Roménia) e Jean-Pierre Han (França, Presidente da Associação de Críticos Francesa). Programa do Seminário 5 de Julho (quinta-feira) 10h00 Abertura dos trabalhos. 10h15 Conferência de Maria Helena Serôdio e Rui Pina Coelho: O Festival de Almada: um percurso em imagens. 11h00 Apresentações dos participantes no seminário e debate. 6 de Julho (sexta-feira) 10h00 Conferência de Manuel Graça Dias e Egas José Vieira: Sobre o Teatro Municipal de Almada e outras ‘ficções cénicas’. 11h00 Apresentações dos participantes no seminário e debate. 24º festival de almada 48 encontros da cerca 7 de Julho (sábado) 10h00 Sessão Pública: conferência de Aleks Sierz: A nova escrita na Grã-Bretanha: como se define o contemporâneo?, seguida de debate. 11h30 Resumo das questões debatidas nos dois dias anteriores e debate. ___________________________________________ Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea Uma nova leitura histórica: Portugal, Espanha e Marrocos Com José Monleón e um grupo de escritores e estudiosos de Marrocos, Portugal e Espanha Em colaboração com o Instituto Internacional de Teatro do Mediterrâneo J á no ano passado recordámos em Almada os movimentos islâmicos que, longe de seguir as tentações do integrismo, afirmavam a necessidade de uma nova leitura do Corão e da sharia, como textos submetidos à interpretação que corresponde a cada época, contrariamente à ideia da sua congelação nas interpretações do passado. Estaríamos, então, como homens de teatro e democratas, no dever de construir novas interpretações como expressão de um respeito recíproco, de uma nova visão planetária. Frente à ideia das verdades superiores, levantadas contra qualquer divergência, frente às convicções assumidas como imutáveis — quando, na realidade, são fruto das circunstâncias históricas de cada tempo e lugar — impõe-se a elaboração colectiva de uma nova cultura. Uma cultura onde a arte desempenhe um papel fundamental como caminho para a construção de um novo imaginário. Porque, afinal de contas, a guerra e a injustiça não têm só os seus paladinos, tem também os seus poemas e os seus heróis. O inferno foi inventado para assustar os rebeldes; o papel da arte é precisamente encerrar o inferno. ___________________________________________ Sábado, 14 de Julho, às 10h30. Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea (Almada). José Monleón 49 24º festival de almada colóquios/debates/leituras Introdução à literatura contemporânea do Vietname Por Jean-Pierre Han e Kim Lefèvre Leitura de textos de Nguyên Huy Thiêp, Phan Huyen Thu e Vu Bao pelos actores André Gomes, Joana Brandão e José Martins I ntegrada no ciclo que o Festival organiza este ano sobre o teatro do Vietname — e que inclui os espectáculos Les paradis aveugles, de Duong Thu Huong e a apresentação do Teatro Nacional de Marionetas do Vietname — realiza-se uma sessão na qual Jean-Pierre Han e Kim Lefèvre fazem uma conferência de introdução à literatura contemporânea daquele país asiático. Seguem-se leituras de textos de escritores contemporâneos vietnamitas. Jean-Pierre Han é jornalista, crítico de teatro, romancista, editor e professor, nascido em França, com ascendência vietnamita. Como crítico de teatro colaborou no jornal Monde de l’éducation, no La Croix e na revista Nouvelles littéraires, tendo também escrito para várias revistas de cultura, como a Avant-scène théâtre, a Théâtre/public, a Ubu, etc. Foi redactor-chefe da revista Lettres françaises e na Nouvel Afrique-Asie é responsável por todas as questões culturais relacionadas com o Vietname. Foi responsável pela publicação de vários números da revista Europe sobre teatro e é fundador e director da revista frictions/théâtres-écritures. É professor no Institut d’Études Théâtrales da Sorbonne e é responsável pelo Mestrado em jornalismo da Universidade Paris/Nanterre. É desde 2003 Presidente do Sindicato dos críticos de teatro, música e dança de França. Kim Lefèvre é a tradutora em França de Nguyên Huy Thiêp e de Duong Thu Huong. Romancista e actriz, deixou o Vietname aos 20 anos de idade, tendo dado conta dos anos passados nesse país com o romance Métisse blanche. Nguyên Huy Thiêp, nascido em 1950 e autor de O coração do tigre é considerado o mais importante escritor vietnamita, tendo a sua reputação ultrapassado largamente as fronteiras do seu país. Para além de escritor, é também pintor e escultor. Phan Huyen Thu, autora de A peste e nascida em 1972, é poeta, contista, cenógrafa, e vive em Hanoi. Foi precisamente este conto, escrito aos 22 anos de idade, que a tornou célebre no seu país. Vu Bao vive no Vietname. O seu conto O herói que mijava nas calças foi publicado no seu país nos anos 90. ___________________________________________ Quinta-feira, 5 de Julho às 18h00. Fórum Romeu Correia (Almada). 24º festival de almada 50 colóquios/debates/leituras Encontro sobre Lagarce Com Alexandra Moreira da Silva, François Berreur, Jean-Pierre Han e Jean-Pierre Thibaudat Organização: Artistas Unidos, em colaboração com o Instituto Franco-Português J ean-Luc Lagarce (1956-1995) é um dos mais importantes dramaturgos franceses contemporâneos e as suas peças têm sido montadas por encenadores como Joël Jouanneau, Jean-Pierre Vincent, Alain Fromager, François Berreur, Philippe Delaigue, Philippe Sireuil e Stanislas Nordey. No 22º Festival de Almada os Artistas Unidos apresentaram Music hall, deste autor, com encenação de François Berreur. A propósito da estreia de História de amor (últimos capítulos), os Artistas Unidos organizam, em colaboração com o Instituto Franco-Português um colóquio sobre este dramaturgo francês. Alexandra Moreira da Silva é investigadora de Estudos Teatrais e Estudos de Tradução. De Lagarce traduziu para português, para além da peça agora apresentada, Estava em casa e esperava que a chuva viesse, As regras de bem viver na sociedade moderna e Somente o fim do Mundo. François Berreur, encenador e editor, fundou, juntamente com Lagarce, o Théâtre de la Roulotte e posteriormente, em 1992, a editora Les Solitaires Intempestifs, tornando-se no colaborador artístico mais próximo deste autor. Estreou-se na encenação com Le voyage a la Haye, de Lagarce. Jean-Pierre Thibaudat é ensaísta, crítico de teatro e autor da biografia Le roman de Jean-Luc Lagarce. Durante mais de dez anos colaborou igualmente no jornal Libération. ___________________________________________ Sexta-feira, 6 de Julho às 18h30. Instituto Franco-Português (Lisboa). Encontro com Rafael Spregelburd R afael Spregelburd, autor de La estupidez (ver pág. 12), é também actor e encenador. Na sua formação participou em seminários orientados por José Sanchis Sinisterra e numa residência artística no Royal Court Theatre de Londres. Em 1994 fundou a companhia argentina El Patrón Vázquez, com quem tem desenvolvido um trabalho que já lhe rendeu vários prémios, tais como o Prémio Nacional de Dramaturgia da cidade de Buenos Aires, o Prémio Nacional 51 24º festival de almada colóquios/debates/leituras de Dramaturgia, o Prémio Argentores para as Novas Dramaturgias e o Prémio do Fundo Nacional das Artes. As suas obras têm sido produzidas em países como Espanha, França, Itália, Holanda, República Checa, Alemanha e Suécia. ___________________________________________ Sexta-feira, 6 de Julho, às 19h00. Escola D. António da Costa (Almada). Encontro com Harriet Andersson H arriet Andersson, uma das mais célebres actrizes suecas de teatro e cinema, que por diversas vezes filmou com Ingmar Bergman, estará em Almada para assistir à estreia da peça Uma peça de teatro, do dramaturgo e seu colega actor Erland Josephson (ver pág. 14). Harriet Andersson participará num colóquio no TMA sobre Erland Josephson. Harriet Andersson Harriet Andersson nasceu em Estocolmo em 1932 e conheceu Ingmar Bergamn em 1950, que escreveu para ela o filme Mónica e o desejo, que a tornou célebre. Da colaboração com este realizador resultaram filmes como Sorrisos de uma noite de Verão (1955), Through a glass darkly (1961), Lágrimas e suspiros (1972) e Fanny e Alexandre (1982). Ao longo da sua carreira Harriet Andersson tem recebido vários prémios e distinções, entre os quais o Prémio Guldbagge (Suécia), o Prémio Amanda (Noruega) o Prémio do Festival de Veneza (1964) para melhor actriz, e o Prémio do Festival Internacional de Cinema de Moscovo (1975). O último filme que rodou foi Dogville, em 2003, com realização de Lars von Trier. ___________________________________________ Sábado, 7 de Julho, às 18h30. Cafetaria do Teatro Municipal de Almada. Encontro com João Garcia Miguel O encenador de Burgher King Lear conversa com o público sobre o seu trabalho (ver biografia na pág. 24). ___________________________________________ Quarta-feira, 11 de Julho, às 19h00. Esplanada da Escola D. António da Costa (Almada). 24º festival de almada 52 colóquios/debates/leituras Encontro com Jaime Lorca J aime Lorca, fundador da extinta companhia chilena La Troppa (que no Festival de Almada apresentou Viagem ao centro da Terra, Pinóquio e Gémeos) apresenta­-se agora com a sua própria companhia no Festival com Gulliver, segundo Jonathan Swift (ver pág. 27). ___________________________________________ Sexta-feira, 13 de Julho às 19h00. Escola D. António da Costa (Almada). Encontro com Finn Iunker e Fredrik Hannestad F inn Iunker (ver biografia na pág. 30) e Fredrik Hannestad são, respectivamente, o autor e o encenador de Ifigeneia. Fredrik Hannestad, fundador do grupo norueguês Verk Produksjoner, estudou no Istituto di Arte Scenica, em Itália, sob a orientação de Ingmar Lindh, e na Nordic Theatre School de Aarhus. A estética deste grupo caracteriza-se pela mistura do texto dramático com a música e a dança. ___________________________________________ Domingo, 15 de Julho às 17h30. Fórum Romeu Correia (Almada). 53 24º festival de almada workshop corpo pensante workshop de movimento para actores e bailarinos coordenado por Jean Paul Bucchieri O lugar do corpo no teatro contemporâneo O trabalho a desenvolver no workshop baseia-se essencialmente na possibilidade do corpo do actor e do bailarino poderem trabalhar no mesmo plano para uma construção cénica. O seu objectivo é investigar as possibilidades metamorfósicas do corpo do actor e do bailarino, dentro de uma mesma confrontação. Questionar a percepção da consciência do intérprete em cena a partir da compreensão do próprio movimento. Reflectir sobre a responsabilidade do intérprete e sobre as suas escolhas a partir do corpo. Corpo entendido aqui como meio de contextualização e como território dramatúrgico. O corpo como escrita cénica. Como habitar o corpo em cena e que perspectiva dar-lhe. Jean Paul Bucchieri Jean Paul Bucchieri C oreógrafo, encenador, pedagogo e investigador, nasceu em Itália em 1967 e reside em Portugal desde 1993, tendo-se formado com Frederich Jahn na ópera de Paris. No Balletto di Toscana (sob a direcção artística de Cristina Bozzolini) interpretou coreografias de Mauro Bigonzetti, Virgilio Sieni, Fabrizio Monteverdi, Hans van Manen e Vasco Wallenkamp, tendo ainda participado no filme La luna incantata, premiado com a Palma de Ouro do Festival de Cannes 1993. Em Portugal colaborou com a Companhia de Dança de Lisboa, com a coreógrafa Olga Roriz, com a pianista Maria João Pires, e com os encenadores Jorge Listopad, Joaquim Benite, Vladislav Pazi, Ana Luísa Guimarães e Cláudio Hochman. Colaborou ainda com Bob Wilson, como coreógrafo e intérprete, em Death, Destruction and Detroit e Corvo Branco. ___________________________________________ Dias 11, 12, 13, 14 e 15 de Julho Informações e inscrições 212739360 Sala de Ensaios do Teatro Municipal de Almada 24º festival de almada 54 cinema Os filmes de Carmen Dolores Em colaboração com a Cinemateca Portuguesa, a MGN, José Fonseca e Costa e Animatógrafo. D esde Amor de perdição, que foi o seu primeiro filme, em 1943, a carreira de Carmen Dolores desenvolveu-se paralelamente no teatro e no cinema. No ciclo Os filmes de Carmen Dolores apresentam-se cinco exemplos da sua filmografia, com trabalhos dirigidos por António Lopes Ribeiro, Leitão de Barros e Fonseca e Costa. As sessões, todas no Fórum Romeu Correia, constituem uma oportunidade para rever na tela a grande actriz que o Festival este ano homenageia. Amor de Perdição, de António Lopes Ribeiro (1943) Qua 11 às 21h30 (duração 2h20) A vizinha do lado, de António Lopes Ribeiro (1945) Qui 12 às 19h00 (duração 1h50) Camões, de Jorge Leitão de Barros (1946) Dom 15 às 18h00 (duração 1h55) Balada da praia dos cães, de José Fonseca e Costa (1986) Dom 15 às 21h30 (duração 1h30) A mulher do próximo, de José Fonseca e Costa (1988) Seg 16 às 21h30 (duração 1h25) ___________________________________________ Fórum Romeu Correia (Almada) 55 24º festival de almada música na esplanada A ntecedendo os espectáculos apresentados no Palco Grande da Escola D. António da Costa, o Festival de Almada apresenta um conjunto de concertos de vários estilos musicais, com entrada livre, no palco da Esplanada. Quarteto João Falcato | 21h00 Qua 4 João Falcato, pianista especializado em música latino-americana, está de volta a Portugal após um período de 12 anos a viver na Holanda. A sonoridade do seu quarteto engloba vários estilos musicais, tais como a rumba, o samba e o cha-cha-cha. Line | 21h00 Qui 5 O Line é um projecto musical acústico de covers, que tem como referência os estilos soul, jazz e pop. Este trio é composto por Kátia Moreira (voz), Guilherme Marinho e Nuno Peleira (guitarras). Chauffeur Navarrus | 21h00 Sáb 7 O repertório dos Chauffeur Navarrus assenta no pop-blues cantado em português, dadas as diferentes características dos seus músicos. Este grupo musical é o ponto para onde convergiram os distintos percursos profissionais dos músicos que o compõem. Trio Paulo Bandeira | 21h30 Dom 8 O trio Paulo Bandeira procura encontrar uma conciliação entre o estilo clássico e a modernidade, na definição do seu percurso estético. A sua actuação divide-se entre a interpretação de temas clássicos do jazz e originais dos membros da banda. Quarteto Roger Freitas | 21h00 Ter 10 As músicas deste quarteto, com autoria de Roger Freitas, assentam essencialmente na bossa nova, no fusion e no jazz. O Maestro Emílio Robalo, o baixista Niky Neves e o baterista Carlitos Moçambique são os restantes elementos deste grupo. Quarteto Raspa de Tacho | 21h00 Qui 12 Este grupo, formado em 2002, tem como objectivo apresentar aquilo que a música popular instrumental brasileira tem de melhor e mais genuíno, isto é, aquilo que lhe confere o seu valor universal, desde o choro à valsa, passando pela bossa nova. 3 o’clock | 21h00 Sáb 14 Os 3 O’Clock são um grupo formado há 5 anos por jovem músicos originários de Fátima. Com um repertório assente em covers de temas da música portuguesa, a banda tem actuado em vários circuitos de bares com música ao vivo. World Beat | 21h30 Qua 18 A World Beat nasceu em 2005. Nos concertos deste agrupamento são interpretados temas de jazz, música brasileira e afrobeat, sob a influência de compositores tão distintos como Sun Ra ou Toninho Horta. 24º festival de almada 56 Director Administração Director técnico Director de produção Adjunto de produção Cartaz imagem e comunicação Colaboração editorial Público e assinaturas Acolhimento equipa técnica central Assistentes de produção traduções responsáveis técnicos Centro Cultural de Belém Culturgest Fórum municipal romeu Correia Palco Grande da escola D. António da Costa teatro municipal de Almada são luiz - teatro municipal teatro nacional D. maria ii JoAquim Benite maria laita José Carlos nascimento Paulo mendes Filipe Brandão Costa Pinheiro rodrigo Francisco, Ana rita Fernandes e sónia Benite José martins susana Fernandes, Diana queiroz, Joana Fernandes e miguel martins rui Pires, Carla D’ávila, rui Gaspar susana Pires e sandra ramos Carlos Galvão (chefe técnico), António Cipriano, Guilherme Frazão, marco Jardim e Paulo Horta (técnicos) João noronha e nuno Góis David Pais, eduardo Brandão e lucy Delbreil Paulo Graça eugénio sena manuel mendonça José Carlos nascimento Carlos Galvão Hernâni saúde José Carlos nascimento sov informações úteis Assinatura para todos os espectáculos ADULTO | 65€ Assinatura para todos os espectáculos JOVEM | 35 € Assinatura para todos os espectáculos SÉNIOR | 35€ O título de assinatura garante a entrada nos espectáculos realizados no Palco Grande, na Sala Principal do Teatro Municipal de Almada, no Centro Cultural de Belém, na Culturgest, no Teatro Nacional D. Maria II e no São Luiz – Teatro Municipal. Nos restantes espaços a entrada é condicionada pela existência de lugares disponíveis. Para os espectáculos realizados nestes espaços, os bilhetes devem ser levantados pelos assinantes na véspera ou no próprio dia do espectáculo. A distribuição de bilhetes pelos assinantes termina meia hora antes do início das sessões. Local Bilhete normal Palco Grande 13€ Teatro Municipal de Almada 13€ Fórum Romeu Correia 10€ CCB (Praça do Museu) 12€ Teatro Nacional D. Maria II 12,5€ a 15€ Culturgest 12€ São Luiz – Teatro Municipal 12€ a 25€ Instituto Franco-Português 10€ Casa da América LatinaEntrada livre Bilhete com desconto 1 7€ 1 7€ 1 5€ 2 25% 1 30% 1 3 5€ 30% 4 50% 1 5€ Informações Teatro Municipal de Almada Av. Professor Egas Moniz Telf. 212739360 [email protected] www.ctalmada.pt _____________________________ 1 Jovens até 25 anos e adultos com mais de 65 anos. 2 Jovens até 30 anos. 3 Adultos com mais de 65 anos e Profissionais do espectáculo. 4 Estudantes, maiores de 65 anos, pessoas com deficiência e acompanhante, desempregados, profissionais do espectáculo, funcionários da CML e Empresas Municipais. www.ctalmada.pt